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ANATOMIA 
AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Stephanie Warnavin 
 
 
 
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CONVERSA INICIAL 
O sistema endócrino é um sistema regulatório interno que regula inúmeras 
funções do corpo humano, ajudando a manter o equilíbrio e a normalidade do 
organismo (McArdle; Katch; Katch, 2003; Marieb; Wilhelm; Mallatt, 2014). Sua 
anatomia e histologia são próprias e estão adequadas ao seu trabalho, 
permitindo que esse sistema desempenhe as suas funções (Seeley; Stephens; 
Tate, 2011). Além disso, é um sistema de comunicação e coordenação que atua 
em parceria com o sistema nervoso, secretando hormônios para a circulação e, 
dessa forma, controla as necessidades fisiológicas do organismo (Peate; 
Holmes, 2014). 
Os hormônios são moléculas mensageiras secretadas pelas glândulas 
pertencentes ao sistema endócrino e enviam sinais fisiológicos para células 
distantes no corpo. Por meio desses sinais hormonais, o sistema endócrino 
controla e integra as funções de outros sistemas orgânicos (Marieb; Wilhelm; 
Mallatt, 2014). Entre essas funções, pode-se destacar: a regulação iônica; o 
volume sanguíneo; o controle da glicose e de nutrientes no sangue; a 
reprodução; o equilíbrio hídrico; a regulação do sistema imunológico; a regulação 
da pressão arterial e frequência cardíaca; e a maturação dos tecidos (Lehninger; 
Nelson; Cox, 2000; Seeley; Stephens; Tate, 2011). Nesta aula, vamos estudar a 
anatomia e as funções das principais glândulas pertencentes ao sistema 
endócrino (Figura 1). 
 
 
 
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Figura 1 – Representação das glândulas do sistema endócrino 
 
Crédito: Double Brain/Shutterstock. 
TEMA 1 – GLÂNDULAS SUPRARRENAIS 
As glândulas suprarrenais, também chamadas de adrenais, localizam-se 
no interior da região abdominal (Van de Graaff, 2003) e são as principais 
reguladoras do equilíbrio mineral, diferenciação sexual (devido ao córtex adrenal 
que é responsável pela produção de hormônios esteroidais), resposta imediata 
ao estresse (através da medula adrenal e córtex adrenal que produz 
catecolamina e cortisol, respectivamente) e metabolismo da glicose 
(Papathomas et al., 2019). 
O corpo humano possui duas glândulas suprarrenais: uma localizada no 
lado esquerdo e outra no lado direito, na parte superior de cada rim (Figura 2). A 
 
 
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glândula suprarrenal esquerda se encontra no seguimento anterior à parte do 
pâncreas, estomago e, às vezes, do baço. Já a suprarrenal direita antecede o 
seguimento do lobo direito do fígado e veia cava inferior. Região do diafragma 
se encontra posteriormente às duas glândulas. Essas glândulas apresentam-se 
circundadas pela fáscia renal e gordura perirrenal, apartadas por um septo 
delgado dos respectivos rins. A adrenal esquerda apresenta formato piramidal, 
enquanto a adrenal direita possui formato semelhante com uma meia-lua; ambas 
são altamente vascularizadas por pequenas artérias suprarrenais (Peate; 
Holmes, 2014). 
Figura 2 – Glândula suprarrenal/adrenal, localizada na porção superior dos rins 
 
Crédito: Medical Art Inc/Shutterstock. 
 
 
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As artérias suprarrenais são divididas em três grupos: (a) as artérias 
suprarrenais inferiores, oriundas da artéria renal; (b) as artérias suprarrenais 
superiores, originadas da artéria frênica inferior; (c) as artérias suprarrenais 
médias, da parte abdominal da aorta. A veia suprarrenal esquerda drena o 
sangue para a veia renal, enquanto a veia suprarrenal direita drena o sangue 
para a cava inferior. 
Cada glândula suprarrenal é dividida em duas partes: medula e córtex; 
ambas controladas pelo hipotálamo por meio de diferentes mecanismos (Peate; 
Holmes, 2014). Córtex e medula secretam hormônios diferentes, mas todos os 
hormônios suprarrenais auxiliam o corpo humano a defrontar com situações que 
provocam estresse (Van de Graaff, 2003; Marieb; Wilhelm; Mallatt, 2014). A 
medula suprarrenal é a parte central das glândulas adrenais, sendo formada, 
quase exclusivamente, por fibras simpáticas. Essa medula, semelhante a um 
agrupamento de neurônios, deriva da crista neural e atua na parte simpática do 
Sistema Nervoso Autônomo. 
O córtex suprarrenal é a maior porção da glândula suprarrenal e envolve 
toda medula suprarrenal. Ele é dividido em três zonas: (a) glomerulosa; (b) 
fascicular; (c) reticular (Figura 3). Cada uma dessas zonas é responsável pela 
produção hormônios diferentes (Peate; Holmes, 2014). 
Figura 3 – Estruturas internas da glândula suprarrenal e zonas pertencentes ao 
córtex adrenal 
 
Crédito: Shanvood/Shutterstock. 
 
 
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Na região mais externa, chamada zona glomerulosa, são produzidos os 
mineralocorticoides. A aldosterona é o hormônio mais produzido nessa região e 
sua principal função é a reabsorção de sódio e excreção de potássio e 
hidrogênio. A região medial, denominada zona fascicular, é responsável por 
secretar glucocorticoides, que atuam em diversas células alvos gerando 
respostas ao metabolismo. O principal hormônio produzido nessa zona é o 
cortisol (Seeley; Stephens; Tate, 2011). Na região mais interna do córtex adernal, 
a zona reticular, são produzidos os hormônios sexuais (gonadocorticoides), 
como os androgênios e estrogênios (Peate e Holmes, 2014). 
Na medula suprarrenal, somente são produzidos dois hormônios: 
noradrenalina (norepinefrina) e adrenalina (epinefrina). O vínculo entre esses 
dois hormônios é fundamental, uma vez que a noradrenalina é um precursor da 
formação de adrenalina (Peate; Holmes, 2014). Vale ressaltar que a medula 
adrenal é originada pelas mesmas células dos neurônios simpáticos pós-
ganglionares, por esse motivo, secreta também neuro-hormônios (Seeley; 
Stephens; Tate, 2011) que são produzidos em resposta ao estresse, através de 
nervos simpáticos (Peate; Holmes, 2014). 
TEMA 2 – AS GÔNADAS 
As gônadas são órgãos sexuais primários, sendo também a fonte principal 
de produção de hormônios esteroides sexuais (Marieb; Wilhelm; Mallatt, 2014). 
Na puberdade, por exemplo, essa secreção hormonal contribui para desenvolver 
as características sexuais secundárias, resultando em mudanças cíclicas nos 
órgãos sexuais secundários (Van de Graaff, 2003). Cada ser humano possui 
duas gônadas que se diferenciam de acordo com o sexo da pessoa: no sexo 
feminino são chamadas de ovários e no sexo masculino são chamadas de 
testículos (Figura 4). 
Apesar das diferenças específicas, as gônadas masculina e feminina 
apresentam semelhanças básicas. Observa-se que ambas produzem gametas 
e hormônios sexuais; ambas as gônadas secretam hormônios sexuais que 
influenciam no desenvolvimento e amadurecimento dos órgãos genitais e suas 
respectivas características sexuais; e por fim, os órgãos genitais de ambos os 
sexos são homólogos, ou seja, desenvolve-se a partir de tecidos embrionários 
semelhantes (Van de Graaff, 2003). 
 
 
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Figura 4 – Diferença do sistema endócrino feminino e masculino. Observar os 
ovários (feminino) e os testículos (masculino) 
 
Crédito: Vecton/Shutterstock. 
2.1 As gônadas femininas – Ovários 
As gônadas femininas – os ovários – atuam na produção de gametas, 
conhecidos como ovócitos, além de produzir e secretar hormônios sexuais 
esteroides. Os ovários apresentam forma de amêndoa e estão localizados 
próximos às paredes laterais da cavidade pélvica (fossa ovárica). A extremidade 
superior do ovário se conecta com a parede posterior do abdômen, que contém 
vasos ováricos, resultado do ligamento suspensor do ovário. Já a extremidade 
inferior está ligada ao útero pelo ligamento útero-ovárico (Figura 5). Diferente 
dos órgãos pélvicos, os ovários não são revestidos por peritônio, apenas o 
mesovário (borda medial do ovário) está preso a ele. Além disso, o ovário é uma 
glândula mista, ou seja, realiza secreções exócrinas (óvulos) e endócrinas 
(estrogênios e progesterona) (Silva Filho; Leitão; Bruno, 2009). 
 
 
 
 
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Figura 5 – Localização dos ovários dentro do sistemareprodutor feminino 
 
Crédito: Suwin/Shutterstock. 
O ovário produz hormônios androgênios, que são convertidos em 
estrogênio através de células foliculares ovarianas que, por sua vez, também se 
relacionam com a produção de progesterona. Depois da ovulação (Figura 6), os 
folículos ovarianos remanescentes continuam secretando progesterona e 
estrogênios. A progesterona aponta ao útero para se preparar para a gravidez, 
enquanto os estrogênios mantêm os órgãos reprodutores e as características 
sexuais secundárias femininas (Marieb; Wilhelm; Mallatt, 2014). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Figura 6 – Anatomia do ovário e estágios da ovulação 
 
Crédito: Tefi/Shutterstock. 
2.2 As gônadas masculinas – Testículos 
As gônadas masculinas – os testículos – são responsáveis pela secreção 
de hormônios androgênicos, sendo o principal deles a testosterona; essa 
secreção acontece através das células endócrinas intersticiais – células de 
Leydig – que estão entre os túbulos formadores de espermatozoides (Silva Filho; 
Leitão; Bruno, 2009; Marieb; Wilhelm; Mallatt, 2014). Essa glândula está 
localizada externamente na região pélvica, no saco escrotal. Este apresenta 
parede com musculatura lisa (dardos) capaz de manter a temperatura correta 
para que ocorra a produção, armazenamento e amadurecimento dos 
espermatozoides no epidídimo (Silva Filho; Leitão; Bruno, 2009). A testosterona 
é responsável por manter os órgãos reprodutores e as características sexuais 
secundárias masculinas, além de ajudar na produção de espermatozoides. 
O testículo possui formato ovoide e está suspenso no saco escrotal pelo 
funículo espermático, uma estrutura em forma de cordão. Assim como o ovário, 
é uma glândula mista, pois apresenta secreções exócrina (produção de 
espermatozoides) e endócrina (seus respectivos hormônios promovem as 
características sexuais secundárias masculinas). 
 
 
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O testículo é envolvido por três túnicas: (a) vaginal do testículo, envolve 
parcialmente o epidídimo e o testículo, é a túnica mais externa; (b) albugínea, 
camada fibrosa densa, intermediária, branco-azulada, esta emite septos para o 
parênquima do testículo que divide a glândula em lóbulos, os quais contêm 
túbulos seminíferos; (c) vascular, é a porção mais interna, esta que constitui o 
plexo vascular da glândula (Figura 7). Vale ressaltar ainda que o os septos da 
túnica albugínea convergem para o mediastino do testículo, uma região onde os 
túbulos retos (continuação dos túbulos seminíferos) se juntam, formando a rede 
testicular, que é de onde partem os ductos eferentes, que penetram na cabeça 
do epidídimo. Os espermatozoides percorrem esse caminho através dos ductos, 
desde os túbulos seminíferos até chegar ao epidídimo. A vascularização do 
testículo é feita através do mediastino do testículo. A rafe do escroto é uma 
estrutura que separa o testículo esquerdo do direto, gerando dois 
compartimentos (Silva Filho; Leitão; Bruno, 2009). 
Figura 7 – Anatomia do testículo 
 
Crédito: Designua/Shutterstock. 
TEMA 3 – GLÂNDULA HIPÓFISE 
A hipófise é uma glândula situada em região anatômica bem delimitada e 
conhecida como sela turca, localizada na base do crânio, no osso esfenoide, 
abaixo do hipotálamo (Figura 8) (Moore; Persaud; Torchia, 2012). Essa glândula 
já foi denominada de “glândula mestra” por secretar hormônios que regulam 
 
 
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algumas outras glândulas endócrinas. Entretanto, não é mais chamada dessa 
maneira, uma vez que a secreção de seus hormônios é controlada pelo 
hipotálamo (Van de Graaff, 2003). 
Assim como o encéfalo, essa glândula é envolvida por meninges. Embora 
seja um órgão único, é composta pela neuro-hipófise e adeno-hipófise, que 
liberam hormônios diferentes e são controlados por sistemas distintos (Van de 
Graaff, 2003). O lobo posterior, chamado neuro-hipófise ou hipófise posterior, 
origina-se do neuroectoderma do encéfalo em desenvolvimento. O lobo anterior, 
chamado de adeno-hipófise ou hipófise anterior, é derivada do ectoderma oral 
que migra cranialmente até junto ao infundíbulo primitivo (Moore; Persaud; 
Torchia, 2012; Van de Graaff, 2003). As diferenças embriológicas entre essas 
duas partes da hipófise faz com que as funções sejam distintas entre elas (Van 
de Graaff, 2003). 
Figura 8 – Localização da glândula hipófise na região da sela turca, que está 
abaixo do hipotálamo. Retrato da região posterior (neuro-hipófise) e anterior 
(adeno-hipófise) da hipófise e também o infundíbulo 
 
Crédito: medicalstocks/Shutterstock. 
 
 
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A neuro-hipófise divide-se em duas partes: (a) nervosa, que se encontra 
na região inferior; e (b) infundíbulo que apresenta projeções axonais de 
neurônios, onde os seus corpos celulares encontram-se no hipotálamo (Marieb, 
Wilhelm e Mallatt, 2014). Essa glândula é responsável, principalmente, por 
secretar ocitocina e arginina-vasopressina (AVP) (Kelberman; Dattani, 2006; 
Silva Filho; Leitão; Bruno, 2009); a arginina-vasopressina também é chamada de 
hormônio antidiurético (ADH). Pela ação do hipotálamo, a ocitocina atua 
principalmente durante o parto e lactação e a ADH controla o balanço 
hidroeletrolítico (Van de Graaf, 2003). Quando há a ingestão de bebidas 
alcoólicas, a hipófise inibe a secreção de ADH; isso resulta na eliminação de 
grandes quantidades de urina diluída e desidratação, e essa desidratação é 
responsável pelos efeitos da ressaca (Marieb; Hoehn, 2008). 
O hipotálamo está localizado na região superior à hipófise madura e tem 
projeções neuronais no córtex cerebral e eminência média. Os hormônios do 
hipotálamo são transportados pelo sistema vascular portal para os lobos 
intermediário e anterior da hipófise. É pelo infundíbulo que as projeções 
neuronais para a hipófise e o sistema sanguíneo portal são conduzidos. Dessa 
forma, qualquer dano que haja nessa região pode provocar algum tipo de 
disfunção na glândula (Kelberman; Dattani, 2006). Histologicamente, a neuro-
hipófise possui células dispostas em cordões e colunas demarcadas por lâmina 
basal envolvidas por fibras reticulares e extensa rede de capilares (Lloyd, 1993). 
A adeno-hipófise, que é composta por tecido granular, possui três 
subdivisões: (a) parte distal; (b) parte intermédia; (c) parte tuberal. A distal está 
na região mais anterior e é a maior parte da adeno-hipófise. A parte intermédia 
está posteriormente à distal. Na porção superior, encontra-se a parte tuberal, 
que envolve o infundíbulo como um tubo (Marieb; Wilhelm; Mallatt, 2014). Os 
principais hormônios produzidos na adeno-hipófise são: a gonadotrofos 
(hormônio luteinizante, LH e hormônio foliculoestimulante, FSH); corticotrofos 
(hormônio corticotrófico, ACTH); tireotrofos (hormônio estimulador da tireoide, 
TSH); somatotrofos (hormônio do crescimento, GH); lactotrofos (prolactina, PRL) 
(Ikeda et al., 1988; Drummond et al., 2003; Silva Filho; Leitão; Bruno, 2009). 
A hipófise de um adulto possui aproximadamente 12 a 15 mm de diâmetro 
e pesa cerca de 600 mg, sendo mais pesada na mulher (Lloyd, 1993; Youmans, 
1996). Possui formato semelhante a uma ervilha e, por muitas vezes, é descrita 
como “uma ervilha em uma haste” (Marieb; Hoehn, 2008). Situa-se na caixa 
 
 
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craniana e está ligada ao hipotálamo através do infundíbulo – uma haste por 
onde passa o sistema porta-hipofisário unindo os capilares da adeno-hipófise 
aos do hipotálamo – além disso, é pelo infundíbulo que passam as fibras 
nervosas que se estendem até a neuro-hipófise, mostrando a relação do 
hipotálamo na liberação hormonal (Figura 9) (Silva Filho; Leitão; Bruno, 2009). 
O infundíbulo apresenta uma forma parecida com um funil (Marieb; Hoehn, 
2008). A haste da hipófise é composta de três partes: (a) porção neutral, haste 
infundibular da neuro-hipófise; (b) porção granular, pars tuberalis da adeno-
hipófise; (c) porção vascular, sistema trato/porta hipotálamo-hipofisário citado 
anteriormente (Drummondet al., 2003). 
Figura 9 – A hipófise posterior armazena e secreta seus hormônios produzidos 
nos corpos dos neurônios presentes no núcleo óptico e paraventricular do 
hipotálamo, que são levados para a neuro-hipófise através de fibras nervosas do 
trato hipotálamo-hipofisário 
 
Fonte: Van de Graaff, 2003. 
TEMA 4 – GLÂNDULA TIREOIDE 
A glândula tireoide é a maior glândula puramente endócrina do corpo 
(Marieb; Hoehn, 2008), pesando entre 20 e 25 g (Van de Graaff, 2003), e possui 
um papel muito importante no metabolismo durante o crescimento, 
 
 
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desenvolvimento corpóreo e maturação do sistema nervoso central (Silva Filho; 
Leitão; Bruno, 2009). 
A glândula da tireoide possui um formato semelhante ao de uma 
borboleta, é extremamente vascularizada e está localizada na parte 
anteromedial do pescoço. Seu formato se deve a presença de dois lóbulos, de 
aproximadamente 5 cm de altura, que se encontram ligados pelo istmo, uma 
estreita ponte de tecido tiroideu. Estes lóbulos estão justapostos lateralmente à 
porção superior da traqueia, logo abaixo da laringe (Figura 10) (Ellis, 2003; Silva 
Filho; Leitão; Bruno, 2009). 
Figura 10 – Estruturas que circundam a glândula da tireoide, que se encontram 
logo abaixo da Laringe (Larynx) e acima da traqueia (Trachea). Presença dos 
dois lóbulos em formato de borboletas e interligados pelo istmo (Isthmus) 
 
Crédito: sciencepics/Shutterstock. 
A tiroide está alocada no espaço visceral, na região anterior ao espaço 
pré-vertebral e posterior aos músculos do esterno e esternotireóideo, em torno 
da traqueia, o que faz com que se mova com a laringe no processo de deglutição 
(Ellis, 2003; Policeni; Smoker; Reede, 2012). Essa glândula é irrigada por um par 
de artérias tireóideas superiores, ramos da artéria carótida externa e outro de 
artérias tireóideas inferiores, ramos das artérias subclávias e volta com sangue 
venoso por pares de veias tireóideas superiores e médias que drenam para a 
veia jugular interna e desembocam nas veias braquicefálicas, por intermédio de 
 
 
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veias tireóideas inferiores, além de vários pequenos vasos sanguíneos (Figura 
11) (Van de Graaff, 2003). Contém folículos tiroideus com paredes formadas por 
camada de células epiteliais cúbicas; esses folículos são diversas esferas 
pequenas, e entre cada uma delas existe uma rede delicada de tecido conjuntivo 
frouxo com vários capilares. As células parafoliculares ficam dispersas entre os 
folículos e as células de suas paredes (Young et al., 2007). 
Figura 11 – Vascularização e ramos principais de irrigação da glândula da 
tireoide 
 
Crédito: Blamb/Shutterstock. 
 
 
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Essa glândula produz dois hormônios principais: tiroxina (T4) e 
triiodotironina (T3); adjunto a estes produz, secundariamente, a calcitonina 
(tireocalcitonina). Grande parte da tiroxina presente no sangue, está fixa em 
proteínas transportadoras. Somente a minoria que está livre no plasma 
sanguíneo consegue entrar nas células-alvo, e é nessas células que a tiroxina é 
convertida em triiodotironina e fixada em proteínas nucleares receptoras. 
O TSH (Hormônio Estimulante da Tireoide) e o hipotálamo controlam a 
liberação de T4 e T3, que estão armazenados nos folículos tireoidianos e são 
liberados quando é preciso manter o controle do metabolismo. Esses hormônios 
atuam aumentando a taxa de liberação da energia pelos carboidratos e a síntese 
de proteínas (Van de Graaff, 2003). A carência desses hormônios pode resultar 
em certo grau de déficit intelectual, que pode ser confundido com doenças 
relacionadas a alterações cromossômicas (Silva Filho; Leitão; Bruno, 2009). 
A calcitonina é produzida por células parafoliculares e é um hormônio 
polipeptídeo. Sua ação é realizada com o hormônio da glândula paratireoide, 
chamado paratormônio (Van de Graaff, 2003), ação essa que está relacionada 
ao metabolismo do cálcio (Silva Filho; Leitão; Bruno, 2009). Essa combinação 
regula os níveis de sangue através do rim. A calcitonina atua inibindo a liberação 
de cálcio presente no tecido ósseo, estimulando a excreção do cálcio através 
dos rins. Essas ações ocasionam a diminuição dos níveis de cálcio no sangue 
(Van de Graaff, 2003). 
A tireoide é uma glândula única, com algumas características particulares, 
como a capacidade de armazenamento de grande quantidade de hormônios 
inativos, no centro dos seus folículos (compartimentos extracelulares), sendo 
que outras glândulas conseguem armazenar apenas pequenas quantidades e 
em compartimentos intracelulares (Ellis, 2003). 
TEMA 5 – APLICAÇÕES PRÁTICAS 
É válido ressaltar a importância do entendimento sobre o funcionamento 
do sistema endócrino e suas adaptações ao exercício. A prática de exercícios 
físicos causa diversas adaptações metabólicas e funcionais ao corpo. O 
organismo reage para manter seu equilíbrio e a ação hormonal nesse processo 
é evidente. Não se sabe o motivo das alterações nos ritmos de secreção 
hormonal em todas as glândulas, mas é evidente que o exercício físico é um 
estímulo para a secreção e/ou inibição de alguns hormônios (Gould, 1989). 
 
 
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Os ovários nas mulheres e os testículos nos homens são órgãos 
responsáveis por produzir gametas, mas também são as glândulas responsáveis 
por liberar hormônios imprescindíveis para o desenvolvimento sexual e 
reprodutivo, sendo os principais hormônios os estrogênios, a progesterona e a 
testosterona (Berne; Levy, 1996). 
Hipertireoidismo é quando há produção excessiva dos hormônios da 
tireoide, o que acelera o metabolismo, provocando maior frequência e 
irregularidades dos batimentos cardíacos, perda de peso, sudorese e 
irritabilidade. Em contrapartida, o hipotireoidismo é a deficiência na produção dos 
hormônios da tireoide, gerando mudança nos batimentos cardíacos (lentos e 
irregulares), aumento de peso, fadiga, sensibilidade ao frio, constipação, 
enfraquecimento das unhas e dos cabelos. 
A menopausa consiste em um declínio natural nos hormônios 
reprodutivos femininos e costuma acontecer a partir dos 40 ou 50 anos; os 
ovários param de produzir hormônios e não ocorre mais a menstruação. É 
comum fazer uso de reposição hormonal para aliviar os sintomas e os 
incômodos, principalmente ondas de calor, secura vaginal, alteração de humor, 
perda de libido, insônia e palpitações. No sexo masculino, a baixa produção de 
testosterona em decorrência do envelhecimento é chamada de Distúrbio 
Androgênico do Envelhecimento Masculino (DAEM). Os sintomas mais 
frequentes são: disfunção erétil, diminuição de libido, ejaculação retardada, 
diminuição da força e massa muscular, fadiga, irritabilidade, sonolência, 
aumento da gordura visceral. Assim como na menopausa, uma forma de aliviar 
os sintomas é fazer uso da reposição hormonal, neste caso, de testosterona. 
O pâncreas é um órgão que mede aproximadamente 15 cm e pesa cerca 
de 100 g. Em condições normais, está na porção superior do abdômen, abaixo 
do estômago e interligado por um canal ao duodeno. Possui função exócrina 
(síntese do suco pancreático e auxílio na digestão) e a função endócrina 
(produção de insulina). Uma das principais funções desse órgão é o controle e o 
equilíbrio do açúcar presente no corpo. 
A diabetes é uma doença causada pela falta ou má absorção de insulina, 
que é o hormônio responsável por promover o aproveitamento da glicose como 
energia. A diabetes tipo 1 é o resultado da destruição autoimune das células 
produtoras desse hormônio. Seu diagnóstico normalmente é precoce, 
principalmente durante a infância e a adolescência. Outro tipo de diabetes, o tipo 
 
 
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2, é quando o pâncreas consegue produzir insulina, porém, as células adiposas 
e musculares são incapazes de absorvê-la. Esse tipo de diabetes ocorre, na sua 
grande maioria, em pessoas com mais de 40 anos, com condições sistemas 
comprometidas, por exemplo, sedentarismo, sobrepeso e obesidade, 
alimentação inadequada e outros.NA PRÁTICA 
1. Elabore uma tabela relacionando cada glândula (porção) com os 
hormônios produzidos e sua função no organismo. 
2. Pesquise quais as consequências do uso contínuo de contraceptivos no 
corpo feminino. 
3. O hipogonadismo é uma doença que ocorre quando as gônadas não 
produzem quantidades adequadas de hormônios sexuais (testosterona e 
estrogênio), afetando homens e mulheres de diferentes idades. Pode ser 
decorrente de distúrbios hormonais não tratados (como hipotireoidismo), 
mau funcionamento das gônadas ou problema na hipófise. Pesquise os 
principais sintomas dessa doença, formas de tratamento e quais as 
consequências dela para o indivíduo. 
FINALIZANDO 
Nesta aula, foi possível observar as principais glândulas endócrinas do 
corpo humano, entender suas estruturas, sua localização e suas principais 
funções. As glândulas do sistema endócrino são especializadas em produzir e 
secretar hormônios, que vão para a corrente sanguínea, a fim de chegar nas 
células-alvo de todos os tecidos. As principais glândulas são: hipófise; tireoide; 
suprarrenal e gônadas, sendo essas últimas glândulas mistas. As células-alvo 
possuem em sua membrana ou em seu interior, receptores especiais para um 
tipo de hormônio específico. Dessa forma, os hormônios trabalham como 
mensageiros, transmitindo ordens para destinatários corretos. 
Os hormônios são substâncias produzidas pelas glândulas que pertencem 
ao sistema endócrino, que vem do grego endos, que significa “dentro”, e krynos, 
que significa “secreção”, ou seja, secreção de dentro. Cada hormônio desse 
sistema possui uma função diferente, entretanto, para que o organismo funcione 
 
 
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de forma adequada, é preciso que as glândulas endócrinas e seus hormônios 
trabalhem em conjunto e de forma harmoniosa. 
 Por exemplo, quando levamos um susto são os hormônios produzidos 
nas glândulas suprarrenais – adrenalina e noradrenalina – que fazem com que 
nosso corpo produza uma resposta, aumentando o ritmo cardíaco e respiratório, 
nos preparando para uma ação. Além disso, os hormônios, também são os 
encarregados por regular e equilibrar níveis de substâncias importantes no 
nosso organismo – açúcar e cálcio, por exemplo –, evitando a carência ou o 
excesso em nosso corpo. Também são os hormônios que promovem o 
amadurecimento e mudanças corporais importantes, além de regular ações do 
cotidiano – como o sono e apetite – e de afetar o humor e atividades sexuais. 
A hipófise é a glândula que está localizada no cérebro e funciona como 
comandante de outras glândulas. Além de produzir e secretar seus próprios 
hormônios, estimula outras glândulas na fabricação de outros hormônios. Alguns 
hormônios produzidos pela hipófise têm como função sinalizar para outras 
glândulas que necessitam produzir hormônios. 
Observamos que suprarrenais recebem esse nome justamente por 
estarem na região superior dos rins e serem as principais reguladoras do 
equilíbrio mineral, diferenciação sexual, resposta imediata ao estresse e 
metabolismo da glicose. 
Também vimos que a produção de hormônios esteroides sexuais 
masculinos e femininos acontece nas gônadas e, além disso, essas glândulas 
também são incumbidas de promover importantes alterações e maturação 
características sexuais. 
A tireoide, a maior glândula do corpo, é fundamental para a ativação e a 
manutenção do metabolismo durante o crescimento e o desenvolvimento 
corpóreo. Além disso, a tireoide também é indispensável para maturação do 
sistema nervoso central. 
O desequilíbrio hormonal pode resultar em estresse, depressão, fadiga, 
alteração de humor, dificuldades de controlar o peso, insônia, entre outros 
problemas. É de extrema importância observar e acompanhar esse 
desequilíbrio, o qual pode gerar doenças que podem ser fatais. 
 
 
 
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