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Leitura Digital - Aspectos Fisiopatológicos e Metabólicos da Obesidade nos ciclos da vida


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WBA1279_v1.0
Aspectos fisiopatológicos e 
metabólicos da obesidade nos
ciclos da vida
Mecanismos de fome e 
saciedade, regulação central e 
periférica do balanço de peso, 
neuromodulação e 
determinantes endócrinos da 
obesidade
Regulação central do balanço energético
Bloco 1
Carolina Lane Alves Farias
Vamos refletir?
Você sabia que nosso corpo possui um 
mecanismo interno de controle da fome 
e da saciedade?
Isso mesmo, nosso corpo possui e 
produz sinais que avisam quando o 
estoque de energia está adequado ou 
faltando.
Grande parte desse mecanismo é 
realizado por uma estreita ligação entre 
hormônios e neurotransmissores. 
Balanço energético
Balanço energético = equilíbrio entre a ingestão 
calórica e o gasto energético.
Núcleo arcado do hipotálamo.
Núcleo paraventricular
do hipotálamo.
Área lateral do hipotálamo.
Figura 1 - Localização do hipotálamo
Fonte: Shutterstock.com.
(HALL, 2017)
Controle da ingestão alimentar
Figura 2 - Ciclo da ingestão alimentar
Fonte: Morton; Schwartz (2014, p.367).
Regulação da fome e saciedade
Figura 3 - Regulação da fome e saciedade
Fonte: adaptada de Sales (2016); Shutterstock.com.
NPY
AgRP
POMC
CART
Ingestão alimentar
VIA OREXIGÊNICA
Ingestão alimentar
VIA ANOREXIGÊNICA
Núcleo arqueado
POMC/CART
POMC (pró-opiomelanocortina):
POMC
Peptídeos bioativos
Pró-hormônio
corticotrofina (ACTH)
melanocortinas (MSHα, β e γ) 
β-endorfina
Receptores de 
melanocortina
MCR3 MCR4
Gasto
energético
Ingestão
alimentar
CART (transcrito regulado pela cocaína e anfetamina):
• Expresso nos mesmos neurônios que expressam a POMC.
• Sofre ação direta da leptina.
• Inibem o apetite e aumentam a taxa metabólica.
(SALES et al., 2016; HALL, 2017)
NPY/AgRP
NPY (Neuropeptídeo Y)
Ingestão alimentar Gasto energético Lipogênese
Ativado pelos baixos níveis de leptina e insulina. 
AgRP (proteína relacionada a agouti):
• Antagoniza o MC4R.
• Ação mais prolongada em relação ao NPY.
• Correlação com obesidade visceral.
MCH (hormônio concentrador de melanina):
Estimulado pelos nerônios NPY/AgRP.
(CUPPARI, 2009; SALES et al., 2016; HALL, 2017)
Mecanismos de fome e 
saciedade, regulação central e 
periférica do balanço de peso, 
neuromodulação e 
determinantes endócrinos da 
obesidade
Regulação periférica do balanço energético
Bloco 2
Carolina Lane Alves Farias
Sinalização periférica
Insulina e glucagon
Amilina
Polipeptídeo
pancreático
GLP-1
Peptídeo YY
Oxintomodulina
Grelina
CCK
Secretina
Motilina
Leptina
Adiponectina
IL-6
Figura 4 - Sinalização periférica do balanço energético
Fonte: adaptada de Shutterstock.com.
Sinais pancreáticos
Insulina:
• Papel intermediário entre o controle da adiposidade e o controle imediato da 
fome.
• Sinaliza a presença de glicose (energia).
• Estimula a expressão da POMC, inibe a expressão de NPY e aumenta gasto 
energético.
Amilina:
• Armazenada e liberada juntamente com a insulina, em resposta à ingestão 
energética. 
• Inibe a liberação de NPY. 
• Inibe o esvaziamento gástrico e a secreção de glucagon. 
Polipeptídeo pancreático (PP):
• Liberado após a refeição → seu nível circulante permanece alto, horas após a 
refeição → saciedade.
• Gastrina, CCK e secretina também estimulam a liberação de PP. 
Sinais intestinais
Colecistoquinina (CCK):
• Liberado em resposta à presença de proteínas e gorduras.
• Provoca saciedade e finalização da refeição.
• Induz liberação da secreção pancreática e biliar.
Peptídeo YY (PYY):
• Sinalizador da saciedade.
• Obesos →menores níveis de PYY.
• Inibe os neurônios produtores de NPY/AgRP e ativa os POMC/CART.
Peptídeo glucagon like 1 (GLP-1):
• Reduz esvaziamento gástrico e a motilidade intestinal.
• Estimula secreção pancreática de insulina em casos de hiperglicemia. 
• Sinaliza via POMC/CART e inibe a do NPY/AgRP. 
• Indivíduos obesos apresentam valores reduzidos de GLP-1.
(MANCINI, 2015; SALES et al., 2016; HALl, 2017)
Grelina e leptina
Grelina:
• Único hormônio sinalizador orexigênico.
• Funciona como um iniciador da refeição → estimula neurônios 
NPY/AgRP.
• Jejum → grelina.
Leptina:
• Gene ob/ob.
• Sinalizador de adiposidade.
• Reduz o apetite e aumenta a taxa metabólica. 
(MANCINI, 2015; SALES et al., 2016; HALl, 2017)
Resistência à leptina
Figura 5 - Mecanismo molecular da resistência à leptina
Fonte: Cui ; López (2017).
a. Normal b. Obeso
Mecanismos de fome e 
saciedade, regulação central e 
periférica do balanço de peso, 
neuromodulação e 
determinantes endócrinos da 
obesidade
Determinantes endócrinos da obesidade
Bloco 3
Carolina Lane Alves Farias
Causa ou consequência?
• Correspondem a cerca de 2% dos casos de obesidade. 
DISTÚRBIOS
ENDÓCRINOS.
Figura 6 - Obesidade e distúrbios endócrinos
Fonte: adaptada de Shutterstock.com.
Hipotireoidismo
• Hormônios tireoidianos: Tetraiodotironina (tiroxina, T4) e Triiodotironina (T3) 
→ ação e liberação controladas por TSH.
• Ação no balanço energético por: aumentar a taxa metabólica, potencializar 
ação da insulina, estimular lipólise e a secreção de GH.
Hipotálamo TRH Hipófise
TSH
Aumento do 
metabolismo
T3 e T4
inibição inibição
Figura 7 - Liberação dos hormônios tireoidianos
Fonte: adaptada de Shutterstock.com; Mancini (2015).
Hipercortisolismo (Síndrome de Cushing)
• Hiperprodução crônica de cortisol.
• Obesidade presente em 90% dos pacientes → obesidade centrípeta e giba 
de búfalo.
• Aumento da densidade de receptores de glicocorticoides no tecido adiposo 
visceral ou maior atividade da isoenzima 1 da 11ß-hidroxiesteroide 
desidrogenase (11β-HSD 1) → converte cortisona em cortisol.
Hipotálamo
Hipófise 
anterior
Córtex 
adrenal
CRH ACTH
Cortisol
Figura 8 - Eixo hipotálamo-Hipófise-Adrenal
Fonte: elaborada pela autora.
(MANCINI, 2015; SALES et al., 2016; HALL, 2017)
Deficiência do GH
• GH → efeito lipolítico e anabólico, aumenta a oxidação de ácidos graxos. 
• Redistribuição do tecido adiposo→maior gordura visceral e menor
massa magra.
• Obesidade→ redução de GH.
Hipotálamo Hipófise 
Aumenta glicogênio 
Hepático.
Estimula síntese proteica.
GH
Inibe captação de glicose 
no tecido adiposo.
Aumenta oxidação de AG.
Figura 9 - Eixo GH
Fonte: elaborada pela autora.
(MANCINI, 2015; SALES et al., 2016; HALL, 2017)
Hipogonadismo
• Redução na produção de testosterona.
• Testosterona massa gorda (visceral).
• Obesidade → testosterona.
Figura 10 - Eixo hipotálamo-hipófise-testículo
Fonte: elaborada pela autora.
Hipotálamo
Hipófise 
anterior
Testículo
GnRH LH
Testosterona
(MANCINI, 2015; SALES et al., 2016; HALL, 2017)
A
B
C
D
Quiz
Existe um mecanismo complexo envolvendo, que controla 
a ingestão alimentar em humanos. Em relação ao controle 
da fome e saciedade, podemos afirmar que:
A leptina é um hormônio produzido no tecido adiposo, que age 
no hipotálamo como anorexígeno.
A grelina é um peptídeo anorexígeno liberado pelo estômago.
GLP-1 é um peptídeo produzido no pâncreas, que age como um 
orexígeno no hipotálamo.
A adiponectina é um peptídeo orexigeno produzido no pâncreas.
A
B
C
D
Quiz
Existe um mecanismo complexo envolvendo, que controla 
a ingestão alimentar em humanos. Em relação ao controle 
da fome e saciedade, podemos afirmar que:
A leptina é um hormônio produzido no tecido adiposo, que age 
no hipotálamo como anorexígeno.
A grelina é um peptídeo anorexígeno liberado pelo estômago.
GLP-1 é um peptídeo produzido no pâncreas, que age como um 
orexígeno no hipotálamo.
A adiponectina é um peptídeo orexigeno produzido no pâncreas.
Quiz - Resolução
Resposta correta: a) A leptina é um hormônio 
produzido no tecido adiposo que age no hipotálamo 
como anorexígeno.
A leptina é um hormônio produzido, principalmente, 
pelo tecido adiposo. Seu nível sanguíneo é aumentado
em períodos pós-prandiais, levando à redução do 
apetite. Em situações de privação energética, os níveis
de leptina reduzem como forma de estimular o 
apetite, reduzir o gasto energéticoe, dessa forma, 
proteger o organismo contra a desnutrição.
Teoria em Prática
Bloco 4
Carolina Lane Alves Farias
Mecanismos de fome e 
saciedade, regulação central e 
periférica do balanço de peso, 
neuromodulação e 
determinantes endócrinos da 
obesidade
Reflita sobre a seguinte situação
A cirurgia bariátrica é uma das modalidades de tratamento para a 
obesidade, em que, por meio de alterações anatômicas e fisiológicas 
no estômago e/ou intestino, ocorre a redução do peso corporal. 
Diversos fatores hormonais produzidos pelo estômago, intestinos, 
pâncreas e tecido adiposo, regulam o apetite e gasto energético, 
atuando como sinalizadores no hipotálamo, o centro de controle da 
fome e saciedade.
Conhecendo os locais de produção desses fatores e seus efeitos na 
regulação do balanço energético, descreva as possíveis alterações 
que pode ocorrer nesse balanço após a cirurgia bariátrica e como 
isso contribui para a perda de peso. Pense nos seguintes hormônios 
e peptídeos: grelina, leptina, peptídeo YY e GLP-1. 
Norte para a resolução
Figura 11 - Tipos de cirurgia bariátrica
Fonte: Shutterstock.com.
Sinalização periférica do balanço energético
Figura 12 - Sinalização periférica do balanço energético
Insulina e glucagon
Amilina
Polipeptídeo
pancreático
GLP-1
Peptídeo YY
Oxintomodulina
Grelina
CCK
Secretina
Motilina
Leptina
Adiponectina
IL-6 Fonte: adaptada de Shutterstock.com.
E após a cirurgia bariátrica?
Grelina: produzida no estômago, logo, cirurgias que removem 
especialmente o fundo gástrico, resultarão em menor produção 
de grelina→ redução do apetite. 
Leptina: produzida pelos adipócitos, logo, perda de peso →
menor quantidade de TA →menor liberação de leptina →
melhora a resistência à leptina.
PYY: cirurgia bariátrica → aumento do esvaziamento gástrico →
estimula liberação de PYY → redução do apetite. 
GLP-1: cirurgia bariátrica → aumento do esvaziamento gástrico 
→ estimula liberação de GLP-1 → redução do apetite. 
Dicas do(a) Professor(a)
Bloco 5
Carolina Lane Alves Farias
Mecanismos de fome e 
saciedade, regulação central e 
periférica do balanço de peso, 
neuromodulação e 
determinantes endócrinos da 
obesidade
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Leitura Fundamental
Indicação de leitura 1
Esta publicação apresenta uma revisão 
sobre controle neorendócrino da fome e 
saciedade sua relação com a obesidade. 
Referência: 
DA SILVA, S. S. et al. A atuação neuroendócrina no 
controle da fome e saciedade e sua relação com a 
obesidade. Research, Society and Development, [s. l.], v. 
11, n. 2, p. e33311225621-e33311225621, 2022.
Indicação de leitura 2
Este trabalho sintetiza a relação da obesidade 
como etiologia de hipogonadismo secundário e 
suas consequências. 
Referência: 
DE OLIVEIRA, V. H. M. et al. Relevância da obesidade como 
etiologia de hipogonadismo secundário: uma revisão 
integrativa. Research, Society and Development, [s. l.], v. 11, 
n. 14, p. e456111436689-e456111436689, 2022.
Dica do(a) Professor(a)
Figura 13 - Capa do livro Ciência do comportamento alimentar
Fonte: 
https://manole.vtexassets.com/arquiv
os/ids/258194-800-
auto?v=637540194567030000&width
=800&height=auto&aspect=true. 
Acesso em: 27 mar. 2023.
Referências
CUI H.; LÓPEZ M.; RAHMOUNI K. The cellular and molecular bases of
leptin and ghrelin resistance in obesity. Nat Rev Endocrinol., [s. l.], v. 13, 
n. 6, p. 338-351, 2017. 
CUPPARI, L. Nutrição nas doenças crônicas não-transmissíveis. Barueri: 
Manoel, 2009. 
DA SILVA, S. S. et al. A atuação neuroendócrina no controle da fome e 
saciedade e sua relação com a obesidade. Research, Society and
Development, [s. l.], v. 11, n. 2, p. e33311225621-e33311225621, 2022.
DE OLIVEIRA, V. H. M. et al. Relevância da obesidade como etiologia de 
hipogonadismo secundário: uma revisão integrativa. Research, Society 
and Development, [s. l.], v. 11, n. 14, p. e456111436689-
e456111436689, 2022.
HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 
2017. 
MANCINI, M. C.; Tratado de obesidade. 3. ed. Rio de Janeiro: Grupo 
Guanabara Koogan, 2021.
Referências
MORTON, G. J.; MEEK, T. H.; SCHWARTZ, M. W. Neurobiology of food 
intake in health and disease. Nat Rev Neurosci., [s. l.], v. 15, n. 6, p. 367-
78, 2014. 
SALES, P.; HALPERN, A. E.; CERCATO, C. O essencial em endocrinologia. 1. 
ed. Rio de Janeiro: Roca, 2016.
Bons estudos!