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CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ AFRFB - 2009 PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI E SÉRGIO MENDES www.pontodosconcursos.com.br 68 AULA 3 Finanças Públicas para AFRF Caros (as) Concursandos (as), Gostaria de reprisar neste início de aula as palavras escritas aos alunos do curso de Economia, uma vez que entendo que estas possam ser pertinentes a alguns de vocês. Antes de qualquer coisa gostaria de fazer alguns comentários relativos a estes momentos finais de preparação para a prova de Auditor que se avizinha. Acredito que vocês devam estar bastante preocupados e ao mesmo tempo ansiosos com a proximidade da prova, especialmente pelo fato da série de alterações ocorridas nos conteúdos programáticos de muitas disciplinas. A esse respeito, gostaria de dizer-lhes que vocês devem tirar um ponto bastante positivo de todas estas mudanças. O que é novo para um é novo para todos, ou seja, vocês chegarão na prova com o mesmo tempo que todos os demais candidatos tiveram para estudar as novas matérias. Isso sendo fato consumado, digo a vocês que só resta na verdade é “baixar o queixo” e se dedicar a cada novo ponto, deixando de lado a tristeza, que muitas vezes se transforma em raiva, até porque cada minuto a mais de indignação é um minuto a menos de estudo. Sei que pode até parecer bobagem para alguns este comentário logo no início da aula de economia, mas essa é a verdade. Mãos a obra! Nossa aula de número três abordará os conceitos mais importantes referentes à incidência tributária. Trata-se pois de entendermos de que forma se dá o impacto da tributação sobre consumidores e produtores. Veremos que a principal espécie de tributo, o imposto, gera resultados perversos sobre a alocação dos recursos econômicos, o que, em sentido prático, significa a piora do bem-estar dos agentes econômicos. CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ AFRFB - 2009 PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI E SÉRGIO MENDES www.pontodosconcursos.com.br 69 Quanto à incidência desta matéria em prova, especialmente para Auditor, adianto que é muito grande a probabilidade de cobrança de questão que aborde o tema. Vamos em frente, sempre concentrados (as) e com os objetivos traçados. Um abraço, Francisco CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ AFRFB - 2009 PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI E SÉRGIO MENDES www.pontodosconcursos.com.br 70 Incidência Tributária Os impactos pertinentes à tributação sobre o consumidor e a indústria geram resultados diretos na eficiência do sistema econômico. Para que possamos analisar os impactos da tributação sobre consumidores e produtos torna-se importante o prévio conhecimento da estrutura da oferta de bens e serviços produzidos pela indústria em uma economia e, ao mesmo tempo, a composição da demanda dos consumidores por estes mesmos bens e serviços. Oferta e Demanda A curva de demanda A Curva de demanda ou procura pode ser definida como as várias quantidades de um determinado bem ou serviço que os consumidores estarão dispostos e aptos a adquirir, em função dos vários níveis de preços possíveis. Podemos ainda dizer que a demanda é a correlação entre as diversas quantidades procuradas de um bem, com os diversos níveis de preços apresentados. A lei da demanda diz que há uma correlação inversa entre preços e quantidades demandadas, coeteris paribus (expressão latina que significa tudo o mais constante, como a renda do consumidor, os preços de outros bens e as preferências dos consumidores). Quanto maior for o preço, menor será a quantidade demandada do bem que o consumidor estará disposto a adquirir, valendo o contrário caso o preço tenda a diminuir. Vejamos o gráfico abaixo: CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ AFRFB - 2009 PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI E SÉRGIO MENDES www.pontodosconcursos.com.br 71 A relação inversa existente entre preço e quantidade leva a afirmação de que a curva de demanda apresenta inclinação (declividade) negativa. Distinção entre demanda e quantidade demandada Embora tais termos tendam a serem utilizados como sinônimos, estes possuem interpretações diferentes. Por demanda entendemos toda a escala ou curva que relaciona os diferentes preços e quantidades dos bens transacionados na economia. Por quantidade demandada devemos entender um ponto da curva que relaciona o preço e a quantidade demandada de um determinado bem. No gráfico a seguir, a curva de demanda esta indicada pela letra D, sendo que a quantidade demandada é relacionada ao preço P0 e a quantidade Q0. Caso o preço aumentasse para P1, haveria uma diminuição na quantidade demandada e não na demanda. Ou seja, as alterações da quantidade demandada ocorrem ao longo da mesma curva de demanda. P Q 20 40 Quanto maior o preço, menor a quantidade demandada 20 5 10 P Q 20 40 20 5 10 D CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ AFRFB - 2009 PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI E SÉRGIO MENDES www.pontodosconcursos.com.br 72 Obs: Como vocês podem perceber estou chamando uma reta de curva de demanda. Isto ocorre pelo fato de estarmos utilizando uma aproximação, o que torna mais fácil a análise existente entre preços e quantidades demandas. O mesmo será feito para o caso da oferta e da quantidade ofertada. No gráfico abaixo, a curva da demanda inicial está indicada por D0. Caso houvesse um aumento na renda dos consumidores, coeteris paribus, a demanda irá se deslocar para a direita D1, indicando que o consumidor estaria disposto a adquirir maiores quantidades de bens e serviços. Verificamos que movimentos da quantidade demandada ocorrem ao longo da mesma curva de demanda (D0), devido somente a mudanças no preço do bem. Quando a curva de demanda se desloca (devido a variações da renda ou de outras variáveis, que não o preço do bem), temos um deslocamento da demanda (e não somente da quantidade demandada). A curva de oferta Pode-se conceituar a curva de oferta como sendo as várias quantidades de bens e serviços que produtores estão dispostos a oferecer no mercado aos mais variados níveis de preços. Ao contrário da função demanda, a função oferta representa a correlação positiva (direta) entre quantidade ofertada e nível de preços. P Q 20 40 20 5 10 D0 D1 CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ AFRFB - 2009 PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI E SÉRGIO MENDES www.pontodosconcursos.com.br 73 A oferta de bens e serviços também é alterada por diversos fatores. Imaginemos o caso de um aumento na produção de bens de consumo duráveis (geladeira, carro, etc.). Neste caso ocorre o deslocamento da curva de oferta para a direita e não ao longo da curva de oferta (O1). Equilíbrio entre demanda e oferta Determinação do Preço de Equilíbrio de Mercado A interação entre a demanda e a oferta por bens e serviços determina o preço e a quantidade de equilíbrio no mercado. P Q 10 5 20 40 O P Q 10 5 20 40 O0 O1 P Q 10 5 20 40 O D CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ AFRFB - 2009 PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI E SÉRGIO MENDES www.pontodosconcursos.com.br 74 A demanda e a oferta por bens e serviços transacionados no mercado são sensíveis a variações nos preços. Esta sensibilidade pode ser medida através do conceito de elasticidade. Genericamente, a elasticidade reflete o grau de reação ou sensibilidade da demanda ou da oferta diante de alterações nos preços dos bens e serviços. Elasticidade preço da demanda A elasticidade preço de demanda é a resposta relativa da quantidade demandada de um bem X às variações dos preçosdo bem X. Em outras palavras, é a variação percentual na quantidade procurada do bem X em relação a uma variação percentual no preço do bem X. Como a correlação entre preços e quantidade demandada é inversa, o resultado encontrado é negativo (lembre-se que a inclinação da curva de demanda é negativa), sendo seu resultado expresso em módulo. Podemos expressar simbolicamente tal conceito da seguinte forma: EPD = ΔQ/Q(média) ΔP/P(médio) Em termos gráficos temos: 50 100 4 5 Se realizarmos a simples divisão demonstrada acima, variação da quantidade (ΔQ/Qmédio) dividida pela variação no preço (ΔP/Pmédio), chegaremos a seguinte resposta: Quantidade final – Quantidade Inicial/ Preço final menos preço inicial [(50 – 100/ 75) / (5 – 4/4,5)] = - 3 = 3 A B CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ AFRFB - 2009 PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI E SÉRGIO MENDES www.pontodosconcursos.com.br 75 A elasticidade igual a “3” serve de referência para analisarmos qual é a sensibilidade da demanda às variações nos preços dos bens e serviços. A curva de demanda pode ser classificada como: Totalmente Inelástica: Independentemente de variações nos preços, não ocorre qualquer alteração na quantidade demandada. EPD = 0 Inelástica: Quando a variação na quantidade demandada é menor do que a variação nos preços dos produtos. EPD < 1 Exemplos de produtos inelásticos: (sal, remédios de uso controlado) Elástica Unitária: Quando a variação na quantidade demandada é igual à variação nos preços dos produtos. EPD = 1 Exemplos de produtos de elasticidade unitária, exatamente, são difíceis de se classificar. Elástica: Quando a variação na quantidade demandada é maior do que a variação nos preços dos produtos. EPD > 1 Exemplos de produtos elásticos: (bens supérfluos) Totalmente Elástica: Qualquer variação nos preços – ex: para cima – leva a redução total na quantidade. EPD = ∞ CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ AFRFB - 2009 PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI E SÉRGIO MENDES www.pontodosconcursos.com.br 76 Fatores que influenciam o grau de elasticidade - preço da demanda Disponibilidade de Bens Substitutos Quanto mais substitutos existirem para um bem, mais elástica será sua demanda, pois pequenas variações em seu preço, para cima, por exemplo, farão com que o consumidor passe a adquirir seu substituto, provocando uma queda na demanda mais que proporcional à variação do preço do bem. Essencialidade do Bem Se o bem é essencial, será pouco sensível a variação de preço, tendo portanto uma demanda inelástica. Elasticidade preço da oferta O mesmo raciocínio aplicado para a demanda também se aplica para a oferta, observando-se, no entanto, que o resultado da elasticidade será positivo, pois a correlação entre preço e quantidade ofertada é direta. Quanto maior o preço, maior a quantidade que o empresário estará disposto a ofertar. EPO = ΔQ/Q(média) ΔP/P(médio) Médio = Média aritmética das quantidades e dos preços 100 50 4 5 O A B Q P CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ AFRFB - 2009 PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI E SÉRGIO MENDES www.pontodosconcursos.com.br 77 Sendo a demanda por bens e serviços representada pelos consumidores e a oferta dos mesmos bens e serviços representada pela indústria, podemos, a partir de agora, mensurar como a imposição de tributos pelo Estado afeta o preço e a alocação da renda da economia. A incidência tributária e os impostos específico (ad-rem) e ad-valorem (alíquota) A tributação realizada pelo governo impacta não somente os consumidores mas também a produtores de bens e serviços. Se pensarmos que o simples fato da incidência tributária tende a aumentar o preço dos bens, os consumidores procurarão diminuir suas compras diante de preços mais altos. Ressalta-se que os preços elevados não representam ganhos extras para produtores mas, tão somente, repasse do ônus tributário. Ao analisarmos os impactos dos impostos sobre a oferta e a demanda por bens e serviços, temos que distinguir a forma de incidência destes na formação dos preços dos produtos. O imposto específico Este imposto é representado por um valor fixo em reais para cada unidade de produto vendido, independente do valor da mercadoria. Exemplo, o valor do imposto é de R$ 100,00, devendo ser agregado ao valor do produto sem imposto, por exemplo, R$ 1000,00. Anteriormente à incidência do imposto, teríamos o seguinte equilíbrio entre a oferta (indústria) e a demanda (consumidores), com os preços em P0 e Q0 sendo transacionados. CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ AFRFB - 2009 PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI E SÉRGIO MENDES www.pontodosconcursos.com.br 78 Com a incidência do imposto específico ocorre um deslocamento da curva de oferta para cima, especialmente porque a imposição do imposto é feita pelo governo sobre a indústria, por mais que esta última repasse parte da tributação aos consumidores. Podemos compor o novo preço do produto vendido da seguinte forma: P2 = P1 - T; ou P1 = P2 + T Vejamos o novo equilíbrio entre preços e quantidades conforme o gráfico abaixo: D0 O0 P0 Q P D0 O0 (SEM IMPOSTO) P0 Q P Q0 Q0 Q1 P1 P2 O1 (COM IMPOSTO) CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ AFRFB - 2009 PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI E SÉRGIO MENDES www.pontodosconcursos.com.br 79 Perceba que o novo equilíbrio entre consumidores e a indústria ocorre em P1 e Q1. P1 é o preço pelo qual o produto foi vendido (adquirido pelo consumidor) mas não o preço recebido pela indústria. O preço recebido foi, na verdade, P2, abaixo do preço de equilíbrio P0. Para entendermos o porque desse resultado, com um nível maior de preço do produto sendo cobrado (P1 > P0) mas com uma menor oferta de bens (Q1 < Q0) é importante que relembremos dos conceitos anteriormente aprendidos. Com a incidência do tributo ocorre uma imperfeição nas relações entre consumidores e produtores. Esta imperfeição é devida ao imposto específico, que faz alterar o equilíbrio representado pela combinação de preço P0 e quantidade Q0. Como o valor recebido pelo produtor agora é P2, menor do que P0, menos ele oferta de bens e serviços (Q1). O imposto devido é repartido entre consumidores e produtores na diferença entre o novo preço do produto (P1) e o preço inicial (P0) para os consumidores. Para a indústria, é devido na diferença entre o preço do produto antes da incidência do imposto (P0) e o novo valor recebido (P2). Assim temos: Valor do imposto pago pelos consumidores = P1 – P0 Valor do imposto pago pela indústria= P0 – P2 Cabe destacar que a arrecadação tributária do governo será composta pelo diferencial pago pelos consumidores com a compra do bem, multiplicado pelo número de unidades demandadas. Adicionada a esta arrecadação tem-se o valor não recebido pelos produtores, que é o resultado do preço anteriormente recebido pelos produtores com a venda dos produtos menos o novo preço recebido, por conta da incidência tributária. Valor total de impostos pagos pelos consumidores = ((P1 – P0) * Q1) Valor total de impostos pagos pelos produtores = ((P0 – P2) * Q1) CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ AFRFB - 2009 PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI E SÉRGIO MENDES www.pontodosconcursos.com.br 80 Considerando que o ônus tributário recai sobre consumidores e produtores, importa-nos saber como essa incidência é repartida entre os agentes. O conceito da elasticidade procura demonstrar a reação de consumidores e produtores a alterações nos preços dos bens e serviços. O que parece razoável de pensar é que para todo produto em que seusconsumidores são mais elásticos às variações nos preços, estes tendem a ter a demanda amplamente diminuída. Traduzindo-se de outra forma, podemos dizer que com a imposição do ônus tributário, que tende a elevar o preço dos produtos, consumidores acabam por diminuir em grande percentual a procura pelo bem, deixando nas mãos do produtor a necessidade de arcar com a maior parte do ônus do tributo. De forma inversa, caso a demanda pelo produto seja inelástica, variações nos preços tendem a ser mais bem aceitas pelos consumidores, ou seja, eles aceitam arcar com a maior parte do ônus da tributação, possibilitando, por conseqüência, maior margem ao produtor de poder transferir ao consumidor o máximo de imposto possível. Estas conclusões estão expressas no gráfico abaixo: É importante destacar que com a incidência tributária ocorre um deslocamento da curva de oferta para a esquerda, sem que haja mudança na inclinação da reta (coeficiente angular). D (INELÁSTICA) D (ELÁSTICA) O (SEM IMPOSTO) O (COM IMPOSTO) (inelástica) P1 (elástica) P1 (equilíbrio) P0 (inelástica) P2 (elástica) P2 Q1 (elástica) Q1 (inelástica) Q0 (equilíbrio) CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ AFRFB - 2009 PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI E SÉRGIO MENDES www.pontodosconcursos.com.br 81 A parte hachurada em preto representa o chamado peso morto dos impostos, que seria a perda de bem estar econômico e social proveniente da imposição da tributação pelo Estado. Trata-se do chamado custo social dos impostos. Vejamos um exercício que aborda o assunto: (AFRF/SRF – ESAF/2003) Com base na imposição de um imposto, assinale a única opção falsa: a) Quando um imposto é aplicado num mercado, há dois preços de interesse: o que o demandante paga e o que o ofertante recebe. b) O imposto sobre a quantidade é uma taxa cobrada por cada unidade vendida ou comprada do bem. c) O imposto sobre o valor é uma taxa expressa em unidades percentuais. d) A parte de um imposto que é repassada aos consumidores independe das inclinações relativas das curvas de oferta e demanda. e) A produção perdida é o custo social do imposto. Resposta: a) Nos mercados taxados pela incidência tributária, consumidores e produtores realizam trocas. Diante da tributação deste mercado as trocas não ocorrem de forma eficiente, devido ao fato do ônus tributário recair diretamente sobre o bem ou serviço vendido, alterando por conseqüência o preço pago pelo consumidor e recebido pelo produtor. Destaca-se, conforme vimos, que o preço pago pelo consumidor é diferente do preço recebido pelo produtor, isto pelo fato de que no valor do bem vendido está incluída a tributação. Conforme o gráfico acima, o valor que o demandante paga é maior que o recebido pelo produtor. Assertiva Correta b) Para cada unidade comprada ou vendida (quantidade) é cobrada uma taxa percentual na forma de tributação. CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ AFRFB - 2009 PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI E SÉRGIO MENDES www.pontodosconcursos.com.br 82 Assertiva Correta c) O imposto sobre o valor, também chamado de imposto ad valorem, incide sobre o preço pago pelo consumidor. Assim, temos que: Preço recebido pelo produtor P2 = P1 (preço pago pelo consumidor) – t * P1 = P1 * (1 – t). O cálculo desse imposto é feito pelo método “por dentro”. O valor pago de tributação é T = P1*t. Com isso podemos dizer que o cálculo do imposto “por dentro” se utiliza do preço do produto já com a contabilização do imposto. Assertiva Correta d) Os impactos da incidência tributária sobre os bens e serviços adquiridos pelos consumidores estão diretamente relacionados à elasticidade das curvas de oferta e de demanda. Quanto mais elásticos forem os consumidores, menor a aceitação de variações positivas nos preços dos bens adquiridos. De forma inversa, quanto mais inelásticos forem os consumidores, maior a aceitação de variações positivas nos preços dos bens. Assertiva Incorreta (Gabarito) e) A diminuição da produção por parte dos ofertantes de bens e serviços está relacionada à perda que estes têm com a diminuição dos valores provenientes das vendas dos produtos. É o chamado custo social dos impostos. Assertiva Correta Apenas para fins de esclarecimento, o imposto cobrado pelo governo pode ser imposto diretamente aos consumidores, o que no entanto levará a um deslocamento da curva de demanda para baixo. CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ AFRFB - 2009 PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI E SÉRGIO MENDES www.pontodosconcursos.com.br 83 Adendo: O imposto ad-valorem Conforme já tivemos oportunidade de destacar na questão anterior, os impostos do tipo ad-valorem são comumente calculados levando em consideração como base de cálculo o valor de venda do bem, na forma percentual, ou seja, já incluído o valor do imposto. Trata-se assim do chamado imposto “por dentro”. Dessa forma, o valor recebido pelo produtor será: P2 = P1 (preço pago pelo consumidor) – t * P1 = P1 * (1 – t) Uma outra forma de cobrança do imposto ad-valorem é feita pelo chamado conceito “por fora”, em que o imposto é calculado a partir do preço do bem antes da incidência tributária. P1 = P2 + t * P2 = P2 *(1 + t) Esta forma de incidência tributária (ad valorem), diferentemente do imposto específico, altera a inclinação da curva de oferta, pois a medida que aumenta o valor do bem, maior será a fatia recolhida pelo governo (valor arrecadado). Vejamos esta conclusão através do gráfico seguinte: D0 O0 P1 (equilíbrio) P0 P2 Q P Q1 Q0 Veja que a incidência tributária altera a inclinação da curva de oferta. Perceba também que quando a oferta de bens e serviços é “zero”, a arrecadação tributária também é igual a zero. O1 Peso morto dos impostos. CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ AFRFB - 2009 PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI E SÉRGIO MENDES www.pontodosconcursos.com.br 84 Os impactos dos impostos sobre firmas competitivas e em regime de monopólio A incidência tributária exerce impactos diferenciados nas diversas estruturas de mercado existentes na economia. Os mercados de compra e venda de bens e serviços são em sua maioria divididos em mercado de perfeita competição (muitas empresas atuantes), monopolizado (uma única empresa) e oligopolizado (poucas empresas). Para a nossa análise, vamos nos deter rapidamente aos impactos da tributação sobre os mercados de concorrência perfeita e monopólio, normalmente solicitados nas questões de concurso. As empresas no regime de concorrência perfeita Inicialmente, e como forma de definir o nosso resultado, podemos dizer que no regime de concorrência perfeita, o impacto de um imposto tipo lump-sun tax (imposto por unidade fabricada) sobre as empresas, se dará na forma do aumento de custos (inicialmente no custo fixo, sendo repassado ao custo total). A repartição da tributação sobre consumidores e produtores será diretamente dependente das elasticidades da demanda e da oferta. Empresas que atuam em mercados competitivos trabalham no regime em que cada unidade adicional produzida é vendida ao preço “P”, sendo este preço igual à receita marginal (receita adicional com cada unidade adicional de produto vendida). O mercado de concorrencial é o tipo de mercado em que há um grande número de vendedores (empresas), de tal sorte que uma empresa, isoladamente, não afeta os níveis de oferta de bens e serviços do mercado e, conseqüentemente, o preço de equilíbrio. Trata-se do conceito de mercado atomizado (muitas empresas). Alguns conceitos adicionais ajudam a melhor compreender o mercado concorrencial, tais como: • não-diferenciação entre produtos ofertados pelas empresasconcorrentes (conhecida como hipótese da homogeneidade); CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ AFRFB - 2009 PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI E SÉRGIO MENDES www.pontodosconcursos.com.br 85 • atomicidade, que representa o mercado com infinitos vendedores e compradores, de forma que um agente isolado não tem condições de afetar o preço de mercado. Assim, o preço de mercado é único, sendo “fixado” para empresas e consumidores (price-takers ou tomadores de preço); • não-existência de barreiras para o ingresso de empresas no mercado, ou seja, as empresas podem entrar e sair livremente do mercado; • Transparência de mercado (todas as informações sobre lucros, preços, etc., são conhecidas por todos). As empresas atuantes no mercado de concorrência perfeita visam à maximização dos seus lucros. O resultado de suas vendas é representado pela Receita Total de vendas. pxqRT = O resultado da Receita Média será igual à receita total dividido pela quantidade de bens vendidos. p q pxqRMe == Conforme podemos constatar, a Receita Média (Rme) obtida pela empresa é igual ao preço do produto (p). Se estamos falando de receitas, podemos nos perguntar: Qual seria a Rmg de cada unidade adicional vendida? Considerando a hipótese de que as firmas são tomadoras de preços, já que existem uma série de empresas que atuam no mercado, o preço do produto CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ AFRFB - 2009 PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI E SÉRGIO MENDES www.pontodosconcursos.com.br 86 oferecido pela empresa será sempre o mesmo. Como a Receita Marginal (ou adicional) representa o quanto a empresa ganha com cada unidade adicional vendida, podemos concluir que a RMg de cada unidade adicional vendida será igual ao preço do bem ou serviço que, conseqüentemente, será igual a Rme da empresa. RMg = p = Rme Conforme vimos no início da aula, a curva de demanda é negativamente inclinada, ou seja, quanto maior for o preço, menor será a quantidade demandada e vice-versa. Esta interpretação é válida para os consumidores, inclusive no mercado concorrencial. Destaca-se no entanto que, conforme vimos, que no mercado concorrencial o preço é sempre o mesmo, independente da quantidade vendida. Devido a isso, as empresas terão uma curva de oferta do bem horizontal, representando sempre a manutenção do preço do bem vendido no mercado de concorrência perfeita. Vejamos o gráfico abaixo: A curva de demanda, do ponto de vista da empresa perfeitamente competitiva, é dada conforme o gráfico acima, ao nível do preço estabelecido pelas forças de mercado. A esse preço, toda a produção da empresa será absorvida pelo O D P = Rme = RMg Q(mercado) Q q Oferta do bem X P P CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ AFRFB - 2009 PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI E SÉRGIO MENDES www.pontodosconcursos.com.br 87 mercado. Não há interesse em operar abaixo desse nível e não há possibilidade de praticar preço superior a “p”, pelo simples fato de que a empresa seria expulsa do mercado, já que não conseguirá vender qualquer unidade do bem. A interligação do resultado da empresa concorrencial e o Custo Marginal (CMg) Toda empresa busca maximizar o seu lucro, procurando, para isso, aplicar a regra na qual a RMg com a venda da última unidade vendida seja exatamente igual ao CMg com a última unidade produzida. Veja que quando isto ocorre não há porque a empresa querer produzir mais, uma vez que está não conseguirá aumentar o seu lucro. Neste sentido, se sabemos que no mercado concorrencial a RMg é igual ao preço “p”, que também é igual a RMe, podemos dizer que o Custo Marginal (CMg) igualar-se-a a esta duas, chegando a seguinte equação: RMe = p = RMg = CMg Para que melhor possamos entender esta idéia, interpretamos abaixo a seguinte tabela: Tabela 1 Preço (P) Quant. (Q) Receita Total (RT=PxQ) Custo Total (CT) Custo Médio Lucro (RT-CT) Receita Marginal RMg Custo Marginal CMg $6,00 1 $6,00 $5,00 $5,00 $1,00 $6,00 $2,00 $6,00 2 $12,00 $8,00 $4,00 $4,00 $6,00 $3,00 $6,00 3 $18,00 $13,00 $4,30 $5,00 $6,00 $4,00 $6,00 4 $24,00 $18,00 $4,50 $6,00 $6,00 $5,00 $6,00 5 $30,00 $25,00 $5,00 $5,00 $6,00 $6,00 $6,00 6 $36,00 $30,00 $5,00 $6,00 $6,00 $7,00 $6,00 7 $42,00 $38,00 $5,40 $4,00 $6,00 $8,00 $6,00 8 $48,00 $47,00 $5,90 $1,00 $6,00 $9,00 Se plotarmos inicialmente o gráfico referente a estrutura de custos médio e marginal da empresa e posteriormente o gráfico referente à tabela acima, teremos o seguinte equilíbrio: CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ AFRFB - 2009 PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI E SÉRGIO MENDES www.pontodosconcursos.com.br 88 De acordo com o que vimos acima, no mercado concorrencial, para que uma empresa maximize seus lucros, no curto prazo, a última unidade fabricada gerará um custo marginal (adicional) que é exatamente igual à receita marginal com a venda do produto. Um outro ponto é que no curto prazo o custo médio de produção é menor do que a receita médio, o que garante o lucro da empresa. Obs: Vale apenas uma informação, a curva de custo médio acima representada pode ser superior ao preço de venda do produto, mas não no exemplo dado por nós na tabela acima. Em situações como esta a empresa estará tendo prejuízo, o que não será objeto de análise nossa neste material. CMg p = RMg = RMe = CMg p* = 6 q* = 5 q Cmg, Cme CMe Q CMg CMe P, Cmg, Cme Cme = 5 CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ AFRFB - 2009 PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI E SÉRGIO MENDES www.pontodosconcursos.com.br 89 A incidência tributária no mercado concorrencial Verifica-se a partir das informações dispostas acima que em um mercado concorrencial o equilíbrio se dará na igualdade entre a receita marginal com a última unidade vendida e o custo marginal com a última unidade vendida. Neste equilíbrio temos ainda a igualdade com o preço no qual e vendido o bem, afinal de contas as empresas atuantes neste mercado são tomadoras de preço. O que importa saber agora para fins de análise é como se dará a imposição do ônus da tributação (imposto específico) sobre consumidores e produtores no mercado concorrencial. Para isso teremos que voltar a considerar a elasticidade da demanda pelo bem ora taxado. Sabendo que a imposição do ônus da tributação recai sobre a curva de oferta, e que a própria incidência tributária leva ao aumento do preço do bem, derivado do aumento do custo (custo marginal) podemos verificar qual será o novo equilíbrio em termos de quantidade e preço. Vejamos a interpretação pelo gráfico abaixo: A curva de oferta desloca-se para cima (O2), visto que o produtor deve adicionar ao preço do bem o custo do ônus da tributação. Este deslocamento leva ao aumento do preço e a conseqüente redução da quantidade demandada. A imposição do ônus da tributação gerará novamente o peso morto dos impostos, conforme demonstrado pela parte hachurada do gráfico. O1 D P0 = Rme0 = RMg0 q1 Q q O0 P P O2 q2 P1 = Rme1 = RMg1 O1 D q1 q2 Cmg0 Cmg1 CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ AFRFB - 2009 PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI E SÉRGIO MENDES www.pontodosconcursos.com.br 90 O resultado do ônus da tributação será maior ou menor em função das elasticidades de demanda e de oferta pela bem tributado. No caso do mercado concorrencial, como o produto já é vendido a um preço mínimo, e como a curva de oferta e totalmente elástica, a incidência do imposto se dará totalmente sobre os consumidores. Com a conclusão acima podemos inferir que a tributação imposta em um mercado concorrencial não será uma boa política, independentemente se o fato for o aumento da arrecadação tributária.Conforme vimos no começo de nossos estudos, o mercado de concorrência perfeita reflete o mercado que mais se aproxima do ótimo de pareto. Políticas tributárias devem sempre buscar a tributação de mercados em que a necessidade do bem pela sociedade é baixa, ou seja, de produtos considerados supérfluos. Infelizmente não é isso que ocorre no nosso país, sendo a tributação imposta aos mais diferentes bens e serviços, quase que sem levar em consideração o grau de essencialidade destes. A empresa Monopolista No regime de monopólio o produtor exerce grande influência sobre a formação do preço do produto, estabelecendo o seu ganho a partir da composição dos custos, neste incluído o imposto. Ressalta-se ainda que o produtor monopolista estabelece o preço a ser cobrado pelo bem ou serviço oferecido da mesma forma que no mercado concorrencial, partindo da igualdade existente entre a receita marginal e o custo marginal de produção. Vejamos o funcionamento da empresa monopolista. No regime de monopólio o comprador se submete às condições impostas pelo vendedor ou simplesmente deixará de consumir o produto1. No Brasil os exemplos de monopólio mais comuns são aqueles referentes ao regime de 1 Ressaltamos que é sempre válida a relação da demanda, ou seja, mesmo que o monopolista sendo o único vendedor, ele não poderá estabelecer qualquer preço, sob pena de não conseguir vender nenhuma unidade do bem ou serviço produzido. CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ AFRFB - 2009 PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI E SÉRGIO MENDES www.pontodosconcursos.com.br 91 monopólio natural, tais como produção e transmissão de energia elétrica (em hidroelétricas), fornecimento de água e esgoto bem como o refino de petróleo2. Obs: Não entraremos em maiores detalhes neste material, especialmente por não constar tal ponto no edital do concurso, mas cabe o comentário a respeito do regime monopsonista ou também chamado de monopsônio, que se trata da questão inversa ao monopólio, ou seja, a existência de apenas um comprador para vários vendedores. Voltando ao nosso tema, no mesmo sentido do exposto no mercado concorrencial, destacamos algumas características dos monopólios: • Apenas uma única empresa é a produtora de bens ou serviços; • O produto oferecido não apresenta substitutos próximos (tais como os vistos na análise da aula 1); • Existência de barreiras à entrada de outras empresas, o que aumenta o seu poder de mercado. Cabe-nos ainda destacar que não no regime monopolista não existe uma curva de oferta que se oriente de acordo com as variações nos preços dos bens e serviços oferecidos por este. Como ele é o único oferecedor do bem, a definição do preço é feita de acordo com a sua intenção de venda no mercado. É o que definimos como discriminação de preços. Para que o monopolista aumente a sua receita de vendas ele terá que obrigatoriamente reduzir o preço do bem. Analisemos isto cuidadosamente. A demanda pelo produto oferecido pelo Monopolista (RT, RMe, RMg e o Preço) No monopólio, a curva de demanda da empresa é a própria curva de demanda do mercado como um todo. Ao ser exclusiva no mercado, a empresa não estará sujeita aos preços vigentes. Pode a empresa estabelecer o preço que 2 Existem exceções, mas que não merecem maiores comentários para fins deste material. CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ AFRFB - 2009 PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI E SÉRGIO MENDES www.pontodosconcursos.com.br 92 melhor lhe convenha. Veja que esta situação é exatamente o inverso do regime de concorrência onde, a existência de muitas firmas, impede que o preço seja manipulado. A liberdade do monopolista não significa que este pode estabelecer o preço do jeito que bem entender. Ele deve sempre considerar a elasticidade- preço dos consumidores onde a empresa atua. A receita total auferida pelo monopolista é dada pelo preço que este vende cada produto no mercado, multiplicado pelo preço de cada produto. Assim temos que: PxQRT = , sendo Q a quantidade de mercado, já que o monopolista é o único oferecedor. Vejamos ainda que a receita média é o próprio preço do bem vendido: P Q PxQ Q RTRMe === Veja que estando o monopolista sujeito à lei da demanda, ou seja, quanto menor o preço maior será a quantidade demandada, ele deve saber qual será o comportamento da demanda do consumidor toda vez que diminuir o preço do bem. Se com a queda do preço ele conseguir aumentar a sua receita, ele continuará a discriminar preços. p q D A demanda de mercado é a própria curva de demanda do monopolista. CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ AFRFB - 2009 PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI E SÉRGIO MENDES www.pontodosconcursos.com.br 93 Diante desta consideração, percebe-se uma importante definição do mercado monopolista. Como para vender cada unidade adicional de produto a empresa necessita reduzir o preço do produto, conclui-se que a receita marginal (que é a receita ADICIONAL com cada unidade vendida) será menor do que o próprio preço do produto. Vejamos um exemplo simples: Um monopolista vende apenas uma unidade de produto ao preço de R$ 10,00, auferindo assim uma receita total igual a R$ 10,00. Para que ele venda duas unidades, terá que reduzir o preço do produto para R$ 9,00. A receita total dos produtores será igual R$ 18,00. Veja no entanto que a receita marginal (adicional) foi apenas de R$ 8,00 (R$ 18,00 (da venda de duas unidades) – R$ 10,00 (da venda de uma unidade)) enquanto a receita média com a venda de dois produtos foi igual a R$ 9,00 (18/2). Essas informações levam a uma importante conclusão a respeito do regime monopolista. A receita marginal no regime de monopólio é sempre inferior à receita média obtida com a venda do bem. Em termos gráficos temos a seguinte disposição entre a receita média (que é a própria curva de demanda) e a receita marginal: P, RMg, RMe Q Rme = Demanda RMg CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ AFRFB - 2009 PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI E SÉRGIO MENDES www.pontodosconcursos.com.br 94 Mas qual será a relação existente entre a Receita Média (RMe) e a Receita Marginal (RMg). E como se comporta a relação entre receita marginal e custo marginal? Para que esta pergunta possa ser respondida, precisamos novamente nos valer dos gráficos que demonstram a estrutura de custos de uma empresa, independentemente do fato de ela estar trabalhando no mercado concorrencial ou no mercado monopolista. Adicionalmente, iremos plotar a estrutura de custos da empresa monopolistica junto a sua estrutura de receitas, interpretando assim o resultado da interação existente da igualdade entre a receita marginal e o custo marginal. O preço de venda que maximiza o lucro do monopolista será aquele obtido a a partir da igualdade entre a RMg e o CMg. De acordo com o gráfico, o preço maximizador do lucro de curto prazo é obtido a partir do encontro da linha pontilhada (que demonstra a igualdade entre RMg e CMg) com a curva de demanda do monopolista. P* Cme* CMe Q O ponto maximizador do lucro do monopolista é aquele no qual a RMg é igual ao custo Marginal. O lucro do monopolista dependerá da diferença existente entre o Custo Médio e o preço de venda do bem ou serviço oferecido. CMg P, Cme, Cmg, Rmg Lucro do Monopolista RMg Rme = P CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ AFRFB - 2009 PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI E SÉRGIO MENDES www.pontodosconcursos.com.br 95 Perceba que no mercado monopolista o lucro auferido pelo produtor é maior do que o lucro auferido pelo produtor atuante no mercado de concorrência. De qualquermaneira, o que nos interessa saber neste mercado é justamente qual será o impacto da incidência tributária sobre consumidores e produtores. A incidência tributária no monopólio Com a imposição do ônus da tributação irá ocorrer o aumento do custo de produção (custo médio), o que naturalmente reflete-se no aumento do custo marginal de produção. Lembrando-se que uma empresa ao maximizar o seu lucro iguala a receita marginal ao custo marginal, com a subida deste teremos um resultado do aumento do preço do bem, isto pelo simples fato de que o produtor não arcará com a integralidade do imposto devido. Logicamente, lembrando-se que o monopolista se depara com a curva de demanda do consumidor, quanto mais elásticos forem estes, menor será a sua margem de ganho, até porque menos ele poderá repassar do imposto para o demandante do seu bem. P1 P0 Cme1 Cme0 Cme0 Q Com a imposição da tributação o produtor monopolista repassa parte do ônus aos consumidores, gerando impactos negativos na quantidade e o conseqüente aumento nos preços. O repasse do ônus da tributação dependerá do quão necessário é o produto para o consumidor, o que representamos por elasticidade da demanda. CMg0 P, Cme, Cmg, Rmg RMg Rme = P Cme1 CMg1 CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ AFRFB - 2009 PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI E SÉRGIO MENDES www.pontodosconcursos.com.br 96 A transferência da tributação ( a repartição dos impostos) Conforme verificamos, a repartição dos tributos entre consumidores e produtores está diretamente vinculada ao grau de elasticidade destes ao bem ou serviço oferecido. Ocorre no entanto que transferência tributária pode se comporta de diversas maneiras, conforme analisamos abaixo: Transferência para frente: A chamada transferência “para frente” ocorre quando os produtores conseguem transferir senão plenamente, a maior parte da carga tributária ao consumidor final, ficando assim assegurado a estes a perfeitamente mensuração da sua rentabilidade com a produção e venda dos produtos ofertados. A transferência “para frente” é muito comum em mercados monopolizados (apenas uma empresa vendedora) e oligopolizados (poucas empresas vendedoras). Transferência para trás A transferência “para trás” ocorre quando o comprador da matéria-prima ou do produto consegue impor ao seu fornecedor a redução do preço do bem ou serviço por ele consumido, uma vez que associado a este preço, encontra-se a tributação indireta incidente sobre o produto. É comum a existência da transferência “para trás” nos mercados monopsônicos (apenas um comprador) ou oligopsônicos (poucos compradores). Com a conclusão deste tópico, podemos passar agora para a resolução de questões de provas anteriores. Um grande abraço a todos e boa resolução. Francisco CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ AFRFB - 2009 PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI E SÉRGIO MENDES www.pontodosconcursos.com.br 97 Exercícios: 31 – (AFRF/SRF – ESAF/2003) Sob o ponto de vista da distribuição da incidência tributária, indique a opção errada: a) Um imposto sobre os vendedores desloca a curva de oferta para cima, em montante maior ao do imposto. b) Quando um bem é tributado, compradores e vendedores compartilham o ônus do imposto. c) A única diferença entre tributar o consumidor e tributar o vendedor está em quem envia o dinheiro para o governo. d) A incidência tributária depende das elasticidades-preço da oferta e da demanda. e) O ônus do imposto tende a recair sobre o lado do mercado que for menos elástico. 32 – (AFRF/SRF – ESAF/2002) Modelos simples de oferta e demanda podem ser utilizados para analisar uma ampla variedade de políticas governamentais. Com base no impacto de um imposto, aponte a única opção falsa: a) O impacto de um imposto depende das elasticidades da oferta e da demanda. b) Se a demanda for muito inelástica em relação à oferta, a carga fiscal recairá principalmente sobre os compradores. c) Se a curva de oferta for horizontal, nenhuma parcela do imposto será repassada aos consumidores. d) Se a demanda for muito elástica em relação à oferta, a carga fiscal incidirá principalmente sobre os vendedores. e) O ônus de um imposto é a perda líquida excedente dos consumidores e produtores resultante da aplicação do imposto. 33 – (AFRF/SRF – ESAF/2003) Suponha uma alíquota tributária de 50%, incidente sobre um produto que agrega valor a matérias-primas, sem o uso de outros produtos que tenham passado previamente por algum processo de transformação. O valor por CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ AFRFB - 2009 PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI E SÉRGIO MENDES www.pontodosconcursos.com.br 98 unidade do produto é de R$100,00. O preço do produto quando o imposto é calculado “por dentro” será: a) R$ 125,00 b) R$ 175,00 c) R$ 150,00 d) R$ 155,00 e) R$ 200,00 34 – (AFRF/SRF – ESAF/2005) Com relação à incidência tributária de um imposto, assinale a única opção incorreta. a) Quando o governo cria um imposto ou subsídio, o preço geralmente não reflete elevação ou queda igual ao valor total do imposto ou subsídio. b) A incidência de um imposto ou de um subsídio é, normalmente, compartilhada por produtores e consumidores, sendo que a fração que cada um acabará pagando, dependerá das elasticidades da oferta e da demanda. c) A intervenção governamental resulta, geralmente, em um peso morto. d) O peso morto é uma forma de ineficiência econômica que deve ser levada em consideração quando políticas são elaboradas e implementadas. e) Se o governo impõe um imposto sobre vendas de determinada mercadoria, esse imposto terá por efeito deslocar a curva de demanda dessa mercadoria para cima. 35 – (AFRF/SRF – ESAF/2000) Considere que o governo, num mercado em concorrência perfeita, lança um imposto sobre a venda de determinada mercadoria, sendo estabelecido um imposto por unidade vendida. Com relação aos impactos sobre o consumidor e sobre o produtor desse tipo de imposto, não é correto afirmar que: a) se a demanda for menos elástica que a oferta, quem deve arcar com a menor parcela do imposto é o consumidor. b) a parcela do imposto paga pelo produtor é a diferença entre o que receberia sem o imposto menos o que recebe após o imposto, multiplicada pela quantidade vendida. CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ AFRFB - 2009 PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI E SÉRGIO MENDES www.pontodosconcursos.com.br 99 c) a parcela do imposto paga pelo consumidor é a diferença entre o que paga com o imposto menos o que pagaria sem o imposto, multiplicada pela quantidade comprada. d) se a demanda for mais elástica que a oferta, a maior parte do imposto incidirá sobre os produtores. e) a arrecadação total do governo é a soma da parcela do imposto paga pelo consumidor mais a parcela do imposto paga pelo produtor. 36 – (APO/MPOG – ESAF/2002) Existem várias modalidades de impostos sobre vendas de mercadorias e serviços. No tocante à incidência de um imposto sobre vendas, indique a opção incorreta a) Os impostos sobre as vendas são impostos indiretos, pois incidem sobre o preço das mercadorias. b) Afirma-se que o imposto específico apresenta um valor fixo, em unidades monetárias, por unidade vendida, independente do valor da mercadoria. c) Diz-se que, no imposto ad valorem, se aplica uma alíquota fixa sobre o valor, em unidades monetárias, de cada unidade de mercadoria vendida. d) A incidência do imposto específico depende das elasticidades das curvas de oferta e demanda da mercadoria. e) O estabelecimento de um imposto sobre vendas funciona como custo adicional para o produtor, deslocando a curva de oferta para baixo e para a direita. 37 - (APO/MPOG – ESAF/2003) No que concerne àincidência tributária, aponte a única opção incorreta. a) A análise da incidência de impostos sobre vendas preocupa-se em examinar as condições em que o ônus do pagamento do tributo pode ser transferido para terceiros. b) Diz-se que ocorre transferência “para frente”, quando o imposto, incorporado ao preço da mercadoria, é transferido para o consumidor final. c) Afirma-se que ocorre transferência “para trás”, no caso em que o ônus do imposto é transferido para os fornecedores dos principais insumos utilizados pela empresa CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ AFRFB - 2009 PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI E SÉRGIO MENDES www.pontodosconcursos.com.br 100 via redução na remuneração de mão-de-obra e/ou no preço pago pelas matérias- primas utilizadas no processo de produção. d) A transferência do imposto depende da forma pela qual o poder de influenciar os preços se distribui entre produtores, fornecedores e consumidores. e) Em um mercado de concorrência perfeita, a possibilidade de transferência do imposto sobre vendas é total para o consumidor, quando a demanda for perfeitamente elástica. CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ AFRFB - 2009 PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI E SÉRGIO MENDES www.pontodosconcursos.com.br 101 Gabarito Comentado: Questão 31 – letra “a” Um imposto sobre vendedores desloca a curva de oferta para cima, em montante no máximo igual ao valor do imposto. Questão 32 – letra “c” Se a curva de oferta for horizontal, ou seja, totalmente elástica, o total dos impostos será repassado aos consumidores. Questão 33 – letra “e” Para o cálculo do imposto por dentro, temos: Pconsumidor = Preço Produtor / (1 – t) = 100/(1-0,5) = 200 Questão 34 – letra “e” O imposto sobre vendas desloca a curva de oferta para cima e não a curva de demanda. Questão 35 – letra “a” Se a demanda for menos elástica do que a oferta, ou seja, mais inelástica, quem deve arcar com a maior parcela do imposto é o consumidor. Questão 36 – letra “e” Desloca na verdade a curva de oferta para cima e para a esquerda. Questão 37 – letra “e” CURSO ON-LINE – FINANÇAS PÚBLICAS P/ AFRFB - 2009 PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI E SÉRGIO MENDES www.pontodosconcursos.com.br 102 Será na verdade quando a curva de demanda for totalmente inelástica, ou seja, o consumidor aceita toda a imposição do imposto. Questão 38 – letra “a” Trata-se da afirmação do efeito Patinkin. Questão 39 – letra “a” O ponto ótimo é aquele em que a arrecadação tributária é máxima. Aumentando a alíquota, a receita tributária diminui. Questão 40 – letra “d” O efeito deslocamento refere-se ao efeito substituição, em que este afirma que as famílias terão mais lazer quando ficarem mais pobre (relativamente).