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Trabalho de Pensamento político no ocidente

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Trabalho de Pensamento político no ocidente
Aluno: Bernardo Miguel Medina Gomez Soutinho
Matrícula: 1210104979
Curso: História
Enquanto ainda estudante de direito, Karl Marx começa a circular entre os jovens hegelianos de Berlim, essa aproximação se mostraria essencial para definir a direção de seu pensamento nos anos seguintes. O pensamento do jovem Marx pode ser compreendido como uma superação do idealismo hegeliano e culminando na formulação das concepções básicas do materialismo histórico.
Por superação, não se quer dizer total negação do sistema anterior. Isso seria contrário à dialética hegeliana, mantida por Marx em vários aspectos. O próprio Hegel afirma, em relação a este tipo de ceticismo, que este não pode avançar e nem construir nada, pois está muito ocupado em destruir o que é feito por diferentes sistemas, sendo que, após destruir tudo, fica ocioso, esperando até que algo de novo seja construído para ele novamente destruir. 
Marx aprofundou a lógica de Hegel e continuou a elaboração do método dialético, retomando o esforço empreendido pelo mesmo de esboçar uma história geral da Consciência Humana, retendo, principalmente, a noção de alienação. Um dos elementos desenvolvidos por Hegel e continuado no pensamento de Marx é a constatação de que a análise aprofundada da realidade atinge elementos contraditórios. A importância da contradição escapou de Descartes e até de Kant. Só Hegel a tinha percebido, tendo Marx aplicado posteriormente a hipótese hegeliana às condições sociais, econômicas e políticas.
1-Apesar de a dialética hegeliana ter chamado a atenção para a importância primordial da contradição em todos os planos da natureza e da história, Hegel acreditou, poder definir abstratamente a contradição em geral. Em seguida, se utilizou dessa definição lógica para reconstruir as contradições reais, os movimentos reais, de maneira puramente especulativa, metafísica, apesar da reconstrução do real empreendida por Hegel analisar números de conhecimentos adquiridos e outros tantos fatos concretos.
Marx,ao contrário, afirma que a ideia geral, o método, não dispensa de capturar cada objeto em sua essência. Em outras palavras, o método é apenas um guia, uma orientação para a razão no processo de conhecimento de cada realidade. Desta feita, a lógica se submete ao conteúdo. Ele chega assim à conclusão de que as ideias que se tem sobre as coisas e o mundo são apenas o mundo material refletido na cabeça das pessoas, ou seja, são construídas a partir do contato com o mundo exterior por meio de um processo complexo de que participa toda a cultura. Tais desenvolvimentos de Marx sobre o método hegeliano criaram a base do materialismo histórico.
Marx rompe com a problemática do sujeito e da essência na sua forma especulativa, sendo para ele qualquer forma de sociedade uma estrutura composta de certos níveis objetivos, estrutura no interior da qual o nível econômico tem sempre um papel dominante, na determinação do todo.
2-Marx afirma que seu método dialético é, fundamentalmente, não apenas diferente do de Hegel, mas exatamente o seu oposto. Para Hegel, o processo de pensamento é o criador do mundo real, e o mundo real é a aparência externa da ideia. Já para Marx, o que acontece é o oposto: o ideal não é nada além do mundo refletido na mente do homem, e traduzido nas formas do pensamento.
Para Marx, a realização do idealismo alemão e de sua crítica materialista seria “a compreensão do homem como autor de suas representações e como ser genérico a se realizar enquanto gênero humano." Essa realização, segundo Marx, teria lugar no comunismo, sendo negação da propriedade privada, a qual, por sua vez, é a negação da verdadeira essência do homem no seio do mundo material. Ou seja, o comunismo seria a negação da negação.
Marx efetua uma síntese de Hegel e Feuerbach. Hegel, ao pensar o movimento histórico ou a natureza humana como algo que se faz na história, teria pensado o que faltava ao materialismo feuerbachiano, a dimensão histórica, a qual é pensada pela dialética hegeliana, só que de forma idealista. Marx achava que mesmo que Hegel não compreendesse a história real do homem, pelo menos encontraria nele a perspectiva do pensamento histórico. 
A teoria da alienação, trazida até nós pela metafísica e pela religião, foi retomada na modernidade por Hegel, mas foi Marx quem lhe atribuiu seu sentido dialético, racional e positivo. Os metafísicos definiam o ser humano através de um único de seus atributos: o conhecimento ou a razão. Desse modo, todos os outros aspectos do homem eram considerados desumanos. 
Na religião, tanto o humano quanto o desumano aparecem como uma alienação da verdade eterna, como uma queda da condição divina. Essa ideia foi superada pelo homem moderno, que pensava que o humano pode ser discernido do desumano. No entanto,essa demarcação não era prova de que eles pudessem ser definidos abstratamente, e menos ainda que se possa negar o desumano por meio de um ato de pensamento ou de condenação moral.
A aplicação da dialética à história humana feita por Marx demonstra que o humano precisou se desenvolver ao longo da história, e que isso não foi feito de forma harmoniosa. O desumano através da história é um fato, assim como o humano, e ambos estão indissociavelmente misturados até o emergir da consciência moderna. Tal constatação, explicada pela dialética e elevada à posição de verdade racional conclui portanto que o homem só poderia ter se desenvolvido através de contradições,portanto o humano só poderia ter se formado em oposição ao desumano, que início estava misturado com ele, sendo enfim diferenciado através de um conflito, e sendo dominado através da resolução desse conflito. Marx traz, um sentido preciso à confusa teoria da alienação, liberta das interpretações místicas e metafísicas, separandoa de toda hipótese fantasiosa sobre a queda do homem, o pecado, a decadência, o mal, etc.
Pode-se dizer que o pensamento de Marx é, de certa forma, uma evolução e uma ruptura da filosofia de Hegel ao mesmo tempo. Em contato com os círculos de pensadores hegelianos desde a época de estudante de direito, a influência de Hegel pode-se fazer sentir principalmente nas obras do jovem Marx. 
3-Ao tomar de empréstimo o método dialético hegeliano e categorias como a de alienação, a novidade trazida por Marx nestes campos consistiu em aplicar ao domínio da vida material e das relações de produção o que antes se encontrava circunscrito apenas ao pensamento ou à consciência. As contradições que Hegel identificava na consciência, Marx as identificou como vindas do mundo material.

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