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Nos quatro poemas da sequência, que retornam àquele Drummond mais introspectivo, novamente preocupado com os absurdos da existência, o sentido misterioso da vida em sua relação com o amor e a ausência, a divindade e a morte. "O par libertado" figura o casal que consegue manter-se imune à ação constrangedora do mundo ao redor pelo silêncio que liberta; "A falta que ama" é a vontade, a necessidade de amar para superar a solidão, necessidade tão forte que o locutor confunde sua origem, se ela está no ser humano ou simplesmente na própria falta, no buraco cavado pela ausência. Comparece nesse poema uma temática reducionista contida na metáfora do inseto (presente também no poema anterior, "O par libertado"), que revela a insignificância e a fragilidade do ser humano diante da complexidade da vida e do tempo: O inseto petrificado na concha ardente do dia une o tédio do passado a uma futura energia. A imagem do inseto aparece também no poema "Rola mundo", de A rosa do povo (1945) e presente nesta Antologia : E vi minha vida toda contrair-se num inseto. Em "O deus mal informado" presenciamos a banalização da divindade criada pelo homem, que ao homem retorna; e em "Comunhão" o poeta descreve o momento de união com os mortos, a entrada no além e a lenta e tranquila assimilação do ambiente da morte. Os três poemas seguintes são encontrados em "Conversa informal com o menino", o eu lírico dirige-se ao menino Jesus, e lhe fala da industrialização do tema do Natal, refletido nos pomposos textos sobre o assunto que proliferam aqui e ali. Ele se recusa então a participar desse circo natalino de publicações e se propõe a ter uma conversa com Jesus, mas uma conversa íntima, informal, silenciosa. "Visões" Em "Visões", o profeta do apocalipse, São João, é apresentado como um poeta extraordinário. Sua visão de destruição do mundo, entretanto, é recusada pela voz poética do texto. Considerando-se um visionário menor, o poeta abandona por instantes seu habitual pessimismo obscuro e profere uma mensagem de claro e branco otimismo em seu antiapocalipse. Ele não quer o fim do mundo, mas um eterno recomeço, com alegria, com manhãs claras, com integração à natureza, com muito amor e muita paz: (Clique aqui e veja o verso) (CLIQUE AQUI E VEJA O VERSO) Oráculo paroquial, a meus amigos e aos amigos de outros ofereço o doce instante, a trégua entre cuidados, um brincar de meninos na varanda que abre para alvíssimos lugares 123