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Produção de células sanguíneas

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TÍTULO 
DO RESUMO
PRODUÇÃO 
DE CÉLULAS 
SANGUÍNEAS
CURSO: FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR
CONTEÚDO: BEATRIZ FARAVELLI
CURADORIA: ALINE CORDEIRO
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4 PRODUÇÃO DE CÉLULAS SANGUÍNEAS
1 O QUE É O SANGUE?
Em uma abordagem inicial, devemos definir o sangue como um tecido 
conjuntivo composto por uma porção fluida (também chamada de plasma) 
e elementos celulares suspensos (FIGURA 1). 
FIGURA 1
Figura 1: Composição do sangue: plasma e elementos celulares.
Fonte: Imagem de Fisiologia Humana, Silverthorn, 7ª Ed.
O sangue está presente dentro dos vasos sanguíneos e, por isso, é con-
siderado a porção circulante do líquido extracelular, capaz de transportar 
seus componentes para todo o organismo. Como exemplo, observa-se a 
transferência de gases, nutrientes, produtos do metabolismo e hormônios 
ou mesmo a possibilidade de migração de células do sistema imune para 
determinado local de atuação.
Em um homem com 70kg, assume-se que o volume sanguíneo seja equiva-
lente a cerca de 7% do peso total de seu corpo. Assim, 0,07 x 70kg = 4,9kg. 
5PRODUÇÃO DE CÉLULAS SANGUÍNEAS
Partindo desse princípio, também podemos assumir que 1kg de sangue ocupa 
um volume de 1L. Dessa forma, um homem de 70kg tem aproximadamente 
5L de sangue.
De 5L de sangue, 2L são compostos por células sanguíneas, enquanto os 
outros 3L são compostos por plasma.
2 O PLASMA
O plasma é a matriz fluida do sangue. Nele, os elementos celulares se apre-
sentam em suspensão. É composto principalmente por água – cerca de 92% 
de seu peso. Além disso, apresenta partículas como proteínas e moléculas 
orgânicas dissolvidas (aminoácidos, glicose, lipídeos e resíduos nitrogenados), 
íons (Na+, K+, Cl-, H+, Ca2+ e HCO3
-), elementos-traço, vitaminas e oxigênio 
(O2) e dióxido de carbono (CO2) dissolvidos. 
Dessa forma, podemos concluir que sua composição é, na verdade, idêntica 
à composição do líquido intersticial – com exceção de proteínas plasmáticas 
como a albumina, a proteína de maior concentração no plasma. O fígado 
produz a maior parte das proteínas plasmáticas, secretando-as no sangue. 
No caso das imunoglobulinas ou dos anticorpos, a produção ocorre por 
células sanguíneas específicas. 
Como consequência da presença de proteínas plasmáticas, a pressão osmó-
tica do sangue é mais elevada que a do líquido intersticial. Logo, o gradiente 
osmótico provoca a tendência de grande parte do líquido filtrado (que sai 
dos vasos em direção ao interstício) retornar aos capilares. 
2.1 Funções e origem das proteínas 
plasmáticas
 ■ Albuminas (múltiplos tipos) — têm origem hepática. São carreadoras de 
diversas substâncias, como hormônios esteroides, além de serem essen-
ciais para a regulação da pressão coloidosmótica do plasma.
 ■ Globulinas (múltiplos tipos) — originam-se no tecido linfático e no fígado. 
São importantes fatores de coagulação e carreadoras de variadas subs-
tâncias. Podem ser enzimas e anticorpos.
 ■ Fibrinogênio — tem origem no fígado. É responsável por formar filamentos 
de fibrina, fundamentais para a coagulação sanguínea. 
 ■ Transferrina — produzida pelo fígado e por outros tecidos. É responsável 
pelo transporte de ferro.
3 ELEMENTOS CELULARES DO 
6 PRODUÇÃO DE CÉLULAS SANGUÍNEAS
SANGUE
As hemácias, os leucócitos e as plaquetas são conhecidos como os compo-
nentes celulares do sangue.
3.1 Hemácias
Também conhecidas como eritrócitos ou glóbulos vermelhos, são células que 
sofrem a perda do núcleo e de algumas organelas no processo de diferenciação. 
As hemácias possibilitam o transporte de gases no organismo. Há condução 
de O2 dos capilares pulmonares para os capilares sistêmicos dos tecidos e 
de CO2 produzido no metabolismo celular dos tecidos para os capilares 
pulmonares. 
3.2 Leucócitos
Também conhecidos como glóbulos brancos, correspondem a células que 
mantêm o núcleo e as organelas ao longo da diferenciação e da vida adulta, 
diferentemente das hemácias e das plaquetas.
Os leucócitos desempenham um papel fundamental na resposta imune, ou 
seja, defendem o corpo de agentes externos (como parasitas, bactérias e vírus). 
A grande maioria dos leucócitos circula livremente pelo sangue. Entretanto, 
quando estes precisam agir em determinado tecido do organismo, atraves-
sam o endotélio capilar, direcionados por mediadores químicos produzidos 
na inflamação. 
No sangue, podemos encontrar cinco tipos de leucócitos:
 ■ linfócitos;
 ■ basófilos;
 ■ monócitos;
 ■ neutrófilos;
 ■ eosinófilos.
Os monócitos que deixam a circulação e entram nos tecidos são chamados 
de macrófagos. 
Alguns leucócitos como os neutrófilos e os macrófagos apresentam capacidade 
de englobar partículas estranhas e são denominados fagócitos.
Outros leucócitos como os basófilos, os neutrófilos e os eosinófilos podem 
ser agrupados quanto à característica morfológica granular, que indica a 
presença de grânulos no citoplasma. Assim, são chamados de granulócitos. 
7PRODUÇÃO DE CÉLULAS SANGUÍNEAS
3.3 Plaquetas
As plaquetas também são conhecidas como trombócitos e correspondem a 
fragmentos celulares originados de uma célula-mãe, denominada megacariócito. 
Dessa forma, as plaquetas não possuem núcleo, assim como os eritrócitos, 
mas apresentam algumas organelas, como mitocôndrias e lisossomos.
Seu papel fundamental está atrelado à coagulação sanguínea. Nesse pro-
cesso, ocorre a formação de coágulos, que previnem ou corrigem a perda 
de sangue quando há lesão na parede de um vaso.
4 A ORIGEM DAS CÉLULAS 
SANGUÍNEAS
Todas as células sanguíneas, independentemente de sua distinção, são pro-
venientes de uma única célula precursora, a célula-tronco hematopoiética 
pluripotente, encontrada primariamente na medula óssea (contida no interior 
de alguns ossos). Essa célula apresenta grande capacidade proliferativa, ou 
seja, origina outras células, as quais continuam o processo de diferenciação, 
podendo formar vários tipos celulares diferentes (FIGURA 2). 
8 PRODUÇÃO DE CÉLULAS SANGUÍNEAS
FIGURA 2
Figura 2: Célula-tronco hematopoiética pluripotente responsável por originar todos os elementos celulares do sangue 
após sequência de eventos específicos de diferenciação.
Fonte: Imagem de Fisiologia Humana, Silverthorn, 7ª Ed.
Conforme as células seguem o processo de diferenciação, elas se tornam 
cada vez mais especializadas e comprometidas com uma linhagem e tipos 
celulares específicos.
Sabe-se que algumas células-tronco hematopoiéticas podem ser encontra-
das na medula óssea e no sangue periférico. Recentemente, identificou-se 
que o sangue coletado do cordão umbilical no momento do nascimento é 
extremamente rico em células-tronco hematopoiéticas. Estas podem ser 
utilizadas para o tratamento de pacientes com doenças hematológicas, 
como a leucemia.
9PRODUÇÃO DE CÉLULAS SANGUÍNEAS
Já existem programas de bancos de sangue de cordão umbilical nos Estados 
Unidos e em países da Europa. Os países têm uma plataforma com informações 
sobre marcadores genéticos que ajudam a identificar a compatibilidade dos 
pacientes com as células disponíveis armazenadas. No Brasil, esse serviço 
também está disponível no setor privado.
5 HEMATOPOIESE
A hematopoiese pode ser definida como o processo de formação das células 
sanguíneas que se origina no início do desenvolvimento embrionário e se 
mantém durante toda a vida do indivíduo. 
Na terceira semana de gestação, em média, as células especializadas presen-
tes no saco vitelínico do embrião se aglomeram e, posteriormente, formam 
as células sanguíneas e o revestimento endotelial dos vasos sanguíneos. 
Com a progressão da gestação, a produção das células sanguíneas é esten-
dida do saco vitelínico para o fígado, o baço e a medula óssea, sendo que, 
depois do nascimento, o fígado e o baço interrompem essa produção, e a 
hematopoiese continua ocorrendo na medula óssea de todos os ossos do 
esqueleto até os 5 anos de idade. 
Conforme a criança se desenvolve, cresce e envelhece, asregiões ativas da 
medula óssea presente nos ossos diminuem, de forma que, em indivíduos 
adultos, as únicas áreas que produzem células sanguíneas são a pelve, a coluna 
vertebral, as costelas, o crânio e as extremidades proximais dos ossos longos. 
A medula óssea ativa é denominada medula óssea vermelha, devido à presença 
da hemoglobina, definida como a proteína ligadora de O2 nos eritrócitos. Por 
outro lado, a medula óssea inativa é denominada medula óssea amarela, por 
conta da presença de adipócitos, ou seja, células de gordura. 
Nas regiões medulares em que ocorre a produção ativa das células sanguíneas, 
25% desta corresponde aos eritrócitos, enquanto 75% equivale à síntese dos 
leucócitos. Isso acontece porque o tempo de vida dos leucócitos é menor 
do que o dos eritrócitos. Por esse motivo, aqueles precisam ser produzidos 
mais frequentemente.
Vale ressaltar que, em situações de extrema necessidade, o fígado, o baço e 
as outras regiões inativas ou amarelas da medula óssea de indivíduos adultos 
podem voltar a produzir células sanguíneas e contribuir para a hematopoiese, 
mesmo que de forma limitada.
A origem embrionária comum do endotélio e das células sanguíneas é con-
siderada uma possível justificativa para o fato de que algumas citocinas que 
controlam a hematopoiese sejam liberadas pelo endotélio vascular.
10 PRODUÇÃO DE CÉLULAS SANGUÍNEAS
6 ALGUMAS CITOCINAS 
CONTRIBUEM PARA A REGULAÇÃO 
DA HEMATOPOIESE
As citocinas são fatores químicos peptídicos ou proteicos liberados por células 
que afetam a proliferação ou a atividade de outra célula. Também podem ser 
chamadas de fatores, classificados pelo acréscimo de uma nomenclatura que 
diferencia e descreve suas funções, como fatores de crescimento, fatores 
de coagulação e fatores tróficos.
Na hematopoiese, podemos destacar:
 ■ os fatores estimuladores de colônias, moléculas produzidas pelas células 
endoteliais e pelos leucócitos. São responsáveis por influenciar a prolife-
ração e a diferenciação de todos os tipos de células sanguíneas por meio 
do estímulo às células-tronco hematopoiéticas;
 ■ às interleucinas, moléculas liberadas por leucócitos que apresentam papel 
importante no sistema imune. A numeração complementar, como interleu-
cina-3 (IL-3), está associada a sua sequência de aminoácidos identificada;
 ■ à eritropoietina (EPO), considerada citocina e hormônio. É produzida 
principalmente por células renais, sendo sua síntese e sua liberação moti-
vadas na presença de condição de hipóxia no organismo. A EPO circulante 
atinge a medula óssea vermelha e estimula etapas da proliferação e da 
diferenciação dos eritrócitos;
 ■ à trombopoietina (TPO), molécula produzida especialmente pelo fígado 
que influencia a proliferação e a diferenciação dos megacariócitos.
7 LEUCOPOIESE ESTIMULADA POR 
FATORES ESTIMULADORES DE 
COLÔNIA
Os fatores estimuladores de colônia (em inglês, colony-stimulating factors 
[CSFs]) são chamados assim porque pesquisadores descobriram que podem 
estimular a proliferação das colônias dos leucócitos em cultura de laboratório. 
Fisiologicamente, tais fatores são produzidos por células endoteliais, fibro-
blastos medulares e leucócitos e regulam a proliferação e a diferenciação dos 
leucócitos (leucopoiese). Durante o processo de leucopoiese, a produção de 
novos leucócitos é regulada, em parte, por leucócitos que já existem. Isso 
ocorre porque os glóbulos brancos (leucócitos em determinada condição de 
defesa a um agente agressor) liberam fatores que estimulam a produção de 
novos leucócitos. Dessa forma, o desenvolvimento de leucócitos acontece 
conforme a necessidade do organismo. Contudo, os mecanismos envolvidos 
nesse processo ainda precisam ser esclarecidos. 
Além disso, determinadas populações de leucócitos podem aumentar em 
condições específicas de exposição e combate a um agente agressor. Infec-
ções bacterianas, por exemplo, costumam apresentar aumento de neutrófilos 
11PRODUÇÃO DE CÉLULAS SANGUÍNEAS
e monócitos na circulação sanguínea. Por isso, a contagem diferencial de 
leucócitos é muito importante para a conclusão de um diagnóstico.
Há, ainda, patologias nas quais ocorre distúrbio do número e, consequen-
temente, da capacidade atuante dos leucócitos. As leucemias constituem 
doenças caracterizadas pela proliferação e pelo desenvolvimento anormal 
de leucócitos. Já nas neutropenias, os pacientes têm baixa contagem de 
leucócitos e apresentam prejuízo na resposta às infecções bacterianas e virais. 
Dessa forma, a descoberta de como regular a produção de leucócitos seria 
de grande relevância para a ciência e para a saúde de pacientes com algum 
distúrbio nesses processos.
8 A PRODUÇÃO DE PLAQUETAS
Os megacariócitos são as células progenitoras das plaquetas. Eles apresentam 
maturação e desenvolvimento relacionados à ação da TPO, uma glicoproteína 
produzida pelo fígado. Durante um tempo, a TPO farmacológica foi usada em 
pacientes com trombocitopenia, condição na qual os indivíduos apresentam 
poucas plaquetas. Contudo, efeitos adversos retiraram esse fármaco do uso 
clínico, e novos estudos são necessários para o melhor entendimento de 
eventos e alvos da síntese das plaquetas.
9 A PRODUÇÃO DE ERITRÓCITOS
A eritropoiese é regulada pela EPO com a influência de algumas outras 
citocinas. 
A síntese da EPO ocorre nos rins de adultos e é estimulada pela hipóxia, ou 
seja, por baixos níveis de O2 nos tecidos. A hipóxia estimula a produção de 
um fator de transcrição conhecido como fator induzível por hipóxia (em inglês, 
hypoxia-inducible factor 1 [HIF-1]), que, por sua vez, ativará a transcrição do 
gene EPO. Assim, há estímulo à síntese dessa glicoproteína, e sua secreção 
para a circulação é aumentada. Esse estímulo faz a EPO disponibilizar mais 
hemácias e, consequentemente, mais hemoglobina na circulação, o que 
proporciona aumento da capacidade de transporte de O2.
10 REFERÊNCIAS
 1. SILVERTHORN, Dee Unglaub. Fisiologia Humana – Uma Abordagem Inte-
grada. 7ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
 2. GUYTON, A.C. e Hall J.E.. Tratado de Fisiologia Mé-dica. 13ed. Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2017. 
12 PRODUÇÃO DE CÉLULAS SANGUÍNEAS
 3. Fisiologia Cardiovascular – Sangue – Produção de cé-lulas sanguíneas (Pro-
fessor Nelson Paes de Oliveira Junior). Disponível em: < www.jaleko.com.
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