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Curso: Letras Disciplina: Semântica da Língua Portuguesa Docente: Lucia Regiane Lopes Damasio Discentes: Charlie Krauskoph Rodrigues e Kauan Ferreira do Nascimento MARQUES, M.H.D. Iniciação à Semântica. Rio de Janeiro: Zahar, 1990, p. 07-57 Na introdução, a autora expõe as dificuldades da semântica no campo da investigação científica, essas ligadas a variação e complexidade dos eventos relativos ao significado; e ao tipo da visão que tal área de estudo tem recebido. Nas últimas cinco décadas a evolução rápida da linguística se deu pelos princípios teóricos e metodológicos formais, porém que não chegaram a dar conta da semântica com igual rigor e coerência. O estudo da área se restringiu a tentativas iniciais de integrar o semântico ao gramatical, enquanto em outros desenvolveu- se como um domínio extralinguístico. Na década de 60, segundo a autora, especialistas relatam a inexistência de trabalhos abrangentes, colocando essas dificuldades em diretrizes semelhantes a sintaxe e fonologia. Citando Fodor e Katz, a autora evidencia a variedade de metodologias e teorias propostas para o tratamento do significado. De acordo com Weinreich, forma uma escassez de estudos semânticos teóricos e práticos, que são por si, sem coerência. Na década seguinte, seguindo as orientações de Leech (1975): “Nenhum autor tem condições de fazer um levantamento global do campo de conhecimento da semântica - ou, pelo menos, se o fizer, vai terminar com um levantamento superficial sobre “o que os outros pensaram” acerca do significado.” Pela complexidade e diversidade, trabalhos teóricos recentes são escassos, a maioria se encontram em coletâneas de artigos usados para registrar o avanço na área. Muitos possuem em suas introdução toda essa ressalva sobre a semântica e seus problemas. Nota-se uma preocupação em ao menos separá-los por temas relacionados. É de admitir que a simples constatação da língua como veículo de informação de sinais sonoros com sentido não é igualmente evidente e coerente quanto ao modo de estudá-lo. Apesar de sua inegável importância, pouco se sabe sobre o significado (cientificamente). No Brasil o estudo linguístico tem acompanhado as tendências gerais na área, cuja característica marcante é a tentativa de tê-la como campo definido da ciência, passível de métodos de análise e pesquisa rigorosos. A princípio houve uma ampliação nos conhecimentos relativos a sintaxe, morfologia e fonologia pouco acrescentando ao semântico. Evidenciou-se, porém, a necessidade dos processos da semântica para investigar os demais aspectos gramaticais, apenas após isso o significado foi colocado como componente de estudo moderno. A aplicação de técnicas apropriadas, revelaram aspectos de maior importância para o conhecimento de mecanismos semântico-gramatical na teoria da linguagem, mesmo que as questões definitivas ainda sejam de difícil resolução. De acordo com a autoria, muitos estudos se dão por uma linha evolutiva que disserta o papel da gramática a que explicita os artifícios usados na formação os sons falados pelo indivíduo e a semântica como responsável os que tornam possível produzir e interpretá-los, predominando no portugues ainda os estudos tradicionais que não tem levado em conta a linguística moderna que os considera superados. A semântica foi marginalizada assim como é em outras línguas, diluída (no âmbito do portugues) no tratamento de outras faces da língua a partir da competência linguística e comunicativa dos falantes. Abandona-se de certa forma a parte fundamental do estudo pois não se vê possível tê-lo como científico. A autora conclui a introdução explicando que o propósito deste trabalho é contribuir para a iniciação à semântica, insistir na importância da área com o interesse em evidenciar que as questões semânticas constituem um domínio específico do conhecimento da língua, mostrar a abrangência e as inter-relações dos fenômenos do significado porém inevitavelmente deixando de lado vários do problemas para estudos futuros prezando por estabelecer um caminho guia para iniciação à semântica. No primeiro capítulo, se tratando do objeto da semântica. Expõem a escritora que não há consenso quanto às definições e objetos de estudo da semântica, porém, algumas definições são frequentemente colocando a semântica como: estudo do significado, disciplina linguística responsável pelos elementos formais, morfemas, vocábulos, sentenças e locuções. Um estudo mais aprofundado mostra tal definição como insuficiente para esclarecer o que é fundamental o estudo do significado sendo a falta de uma definição precisa um grande empecilho. Toda essa abrangência e imprecisão são a causa e consequência de tantas definições e conflitos sobre o estudo, se diversificando em diversas facetas. Uma dessas por exemplo se atém a um sentido que se aprende a outras disciplinas como a psicologia, a filosofia e a lógica além de muitas outras. Podendo servir como na psicologia como um iluminador no funcionamento da mente humana de forma mais profunda em como se adquire, usa e compreende o conhecimento. Assim como na filosofia, ainda mais na elaboração de símbolos objetiva e subjetivamente. A lógica pode se aventurar nas predicações e condições de verdade proposicional, avaliações, determinação valores simbólicos, entre outros. No plano linguístico estrito, há três domínios básicos: semântica lexical, semântica das sentenças e a semântica do texto. Como cada uma é tratada de maneira diferente a depender do período, métodos e escola de pensamento, uma maneira de dar conta de tanta diversidade é levantar e historiar o que se tem estudado no campo semântico em todas as variações, procedimento que novamente enfatiza a multiplicidade e heterogeneidade doestudo, servindo como levantamento de teorias, além de evidenciar as limitações no desenvolvimento. Alternativamente temos o procedimento que busca discorrer uma teoria isolada com o maior número de dados. O que tem revelado aspectos da semântica que têm sido ignorados. No entanto, o conflito de diretrizes continua e o objeto de estudo ainda não se define claramente. Ainda existe o procedimento que examina o maior número de questões semânticas possível, visando construir uma teoria semântica tendo de base fatos científicos observados. Em síntese dos argumentos para tal, de acordo com Katz, temos de pressuposto que a marginalização da semântica se dá pela existência de diversas teorias para o estudo, levando em conta fatos semânticos muito diferentes. Uma teoria semântica só poderá se constituir com base na real utilidade explicativa do conceito de significado. É preciso estabelecer um conceito com a finalidade de originar e justificar uma teoria semântica. A definição precisa dar-se através de dados empíricos, sem levar em conta conceitos preestabelecidos. De vários exemplos comuns, nenhum deles abrange a totalidade dos fenômenos de natureza semântica, ademais complicam um tema que já é complexo por si. Convém também utilizar do processo que busca solucionar questões parciais antes das gerais, de parte em parte como a “multiplicidade dos significados”, “o que é igualdade de significados”, entre outros. Resolver estas respostas parciais e as questões que se desdobram disso seria o mais correto. Todos os três procedimentos citados anteriormente são formas parciais e fragmentadas de compreender e explicar a semântica. O estudo ultrapassou os limites que competem a gramática dos falantes, gerando no contemporâneo avanços de extrema importância no estudo do significado cognitivo, não tendo tantos assim na área associativa. Muitos fenômenos tradicionais ainda não têm espaço atual nas pesquisas, porém, aos poucos a reintegração deles torna-se visível, como os processos desviantes, efeitos especiais de significado, hipersemantização e dessemantização. A conclusão do capítulo 1, é que não se vê possíveldelimitar precisamente o objeto da semântica e que para os próximos manuscritos o foco será na exploração de alguns desses aspectos para servir como estímulo a desenvolvimentos futuros. O segundo capítulo do livro de Maria Helena Duarte Marques intitulado “Tradição e Evolução dos Estudos Semânticos”, é dividido em cinco tópicos: A visão tradicional, ‘Semântica’: A ciência das significações, Outras Diretrizes, A visão dos estruturalistas e por fim A visão dos gerativistas. A autora inicia expondo que a semântica, área dedicada ao estudo do significado na linguagem, foi negligenciada por muito tempo, não possuindo um campo definido de investigação científica, porém que existem diversas propostas para consolidá-la como tal. Mesmo diante dessa marginalização, há registro de documentos antigos que já demonstravam uma preocupação com a linguagem humana e dedicavam-se a seu estudo, contribuindo para a formação de doutrinas de suma importância no campo. No plano lógico-filosófico, o estudo da língua se divide entre sua origem e como o significado era aplicado a determinados significantes, ainda procurava saber se as palavras eram associadas de forma natural aos substantivos físicos ou se existia uma interação entre a convenção da intercomunicação social. Essa distinção pode ser observada entre o pensamento analogista, que se baseia no campo fônico e nos significantes, e o ponto de vista anomalista, que diverge ao sugerir que as palavras se moldavam em contexto para serem estabelecidas de formas flexivas movidas por referências. Os estudos mostram ter uma forte motivação no que diz respeito à perspectiva anomalista, em questão de variações flexionais, estudos fonológicos e lógicas de emprego através das variações de sons. As palavras empregadas podem mudar de sentido, sendo analisadas por estudos etimológicos seus significados e, consequentemente, suas anomalias. Dessa forma, é possível notar alterações derivadas principalmente de sentidos ‘figurativos’, na qual há uma diferenciação entre a interpretação da palavra por si e sua associação conceitual, na qual, a priori, deveria ser direcionada a somente um elemento já pré-estabelecido. Dessa forma, a semântica é uma forma abstrata de compreensão, moldável como a associação das palavras. O nascimento dos sinônimos pode se dar pela noção fônica das interpretações abstratas de tais conceitos, como uma pluralidade de palavras pode ter uma raiz básica de significado. Ainda existe a noção conceitual da oposição, chamada de antônimos. Essa análise se estende ao uso figurado de adjetivos e figuras de linguagem como metonímia, catarse e sinédoque, rumando em complexas correlações tipológicas e a necessidade de classificar palavras. Logo, a semântica nasce como a ciência das significações, nomeada por Michel Bréal, que ao nomear a área, a definiu com base na forma e musculatura do corpo estrutural das palavras que precisam de seus significados. Essa estrutura passou de algo literal e organizacional para um rumo psicológico, atravessando mudanças e uma evolução que, para Meillet, atribuiu à semântica três causas gerais: linguísticas, históricas e sociais. Portanto, quaisquer adventos sociais podem ser associados à semântica em sua complexidade como uma evolução particular, uma vez que são providas de um conjunto social e de processos mentais em fenômenos psíquicos que se cristalizam em seu marco temporal e dão origem à difusão de línguas. A língua passa a ser estudada como a troca de informações, mas também na eloquência da fala, esta que altera o sentido do que está sendo dito e sua transposição de sentido, deixando ainda margens para a semântica. O significado passa a se tornar um fator importante para a língua, sendo esta adaptável a diversos contextos históricos dominados pelas relações sociais, familiares, de cores, conceitos estéticos e intelectuais, na qual se estabelece um nível abstrato- intelectual. Dessarte, conclui-se distinguir a semântica, não como uma fatorial, mas como um todo que se sustenta de forma mutável, na qual poderá ser analisada pelo campo, tanto lógico quanto filosófico, na qual ganha forma a cada advento social, propagando desde com conjunto de indivíduos até a complexidade particular de cada emprego da língua.