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Aula- história da psiquiatria Estácio REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA- AULA LEITURA: CAPÍTULO 1 "História da Psiquiatria" do livro de MIGUEL, Eurípedes C.; GENTIL, Valentim; GATTAZ, Wagner. F. Clínica Psiquiátrica. A visão do Departamento e do Instituto de Psiquiatria do HCFMUSP. Baueri: SP: Manole, 2011. Disponível no link: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520434406/cfi/26!/4/4@0.00:61.9 8 ANTIGUIDADE A história das primeiras descrições de quadros clínicos tratados atualmente pela psiquiatria ocidental pode começar a ser contada pelas visões mágicas que a doença mental assumia entre assírios, babilônios, egípcios e pela primitiva noção de punição por um deus irado. O Velho testamento está repleto de figuras que são tidas como possuídas por demônios. ANTIGUIDADE GREGA A partir dos gregos a pergunta: “que deus ofendi ou que entidade me pune e pelo quê?” será substituída pela busca do órgão acometido, pela base física da doença. As crenças no sobrenatural e nas possessões como causa das doenças mentais passam a ser confrontadas na medicina grega. Pertence a Hipócrates a ideia de que a histeria afetaria apenas as mulheres, resultado do deslocamento eventual do útero pelos diversos órgãos, incluindo o cérebro, e que poderia ser curada ou prevenida pelo casamento. Trata se de forma bastante criativa a primeira ideia que manifesta a ligação entre a vida sexual, sua frustração e os sintomas mentais. (Histeria, fobias, psicoses puerperais) ANTIGUIDADE GREGA Segundo a teoria hipocrática da doença, o diagnóstico – olhar e ver através – é feito pela observação dos quatro humores, baseado no conceito dos quatro fluidos essenciais: bile, fleugma, sangue e bile negra, correspondendo aos quatro elementos naturais, fogo, água, ar, terra, respectivamente. A ideia de doença e saúde dependia do equilíbrio entre esses fluídos. IDADE MÉDIA A doença e a saúde são representadas, na Idade Média, como uma feroz batalha entre Deus e sua legião de anjos, arcanjos e santos contra Satanás e suas hostes. A alma humana frágil estaria à mercê do resultado dessas batalhas, e sua sanidade mental dependia da vitória das forças benignas. Rezas e rituais deveriam servir para tentar libertar o corpo dos demônios que possuíam o pobre indivíduo. IDADE MÉDIA Em 1486 o abandono do pensamento racional sofreu mais um duro golpe com a publicação do Malleus Malefi-carum (Martelo das bruxas), uma espécie de manual com critérios diagnósticos para o reconhecimento de bruxas e bruxarias dividido em três partes. A primeira seção reafirmava a existência do demônio e sua ação principalmente em casos de sexualidade muito exacerbada (em mulheres, principalmente). A segunda seção descrevia as formas de malefício resultantes da ação do demônio. E a terceira parte dedicava-se ao ensinamento das formas de interrogatório e condenação. Idade média Merece destaque, na Medicina, o trabalho de Paracelsus (1493-1541), famoso médico suíço que rejeitava a teoria humoral, propondo que o ser humano possuía uma alma divina que habitava um corpo animal e que os transtornos psiquiátricos surgiriam quando os instintos suplantavam o espírito. Paracelsus também pode ser considerado precursor da psicossomática ao propor que emoções pudessem causar doenças corporais. RENASCIEMNTO O Humanismo renascentista, livre para pensar, tenta abandonar a antiga postura maniqueísta da mente dividida na constante batalha entre Deus e o diabo e olha com mais atenção não apenas o orgânico, mas a perspectiva filosófica e psicológica do homem que sofre. As explicações, a partir do paradigma orgânico e biológico, vão, lentamente, substituindo as explicações de etiológica religiosa. modernidade A compreensão da racionalidade humana ligada ao esclarecimento do pensamento passa a ganhar força e a tomar corpo nos discursos em torno da loucura e do louco, afinal o que conhece não pode estar louco, assim como o eu que não pensa não existe. Excluída pelo sujeito que duvida, a loucura é a condição de impossibilidade do pensamento. Ou seja, com base no racionalismo moderno, sabedoria e loucura serão cindidas pelas ameaças que a denominada loucura traria no estabelecimento entre os sujeitos e suas verdades. Rapidamente, o louco ganharia um lugar diferente do vivido por ele em sua comunidade, sendo esquadrinhado não mais como desviante, mas como doente a ser reconduzido ao seu “equilíbrio” físico e mental modernidade O século XVII e, particularmente, o XVIII marcam a definitiva (ou quase) superação e o declínio do dogmatismo religioso e a ascensão do racionalismo. A ciência e a tecnologia, pensavam, levariam o homem a controlar as forças naturais, ao progresso social, à prosperidade, ao controle e à cura de todas as doenças e, talvez, à imortalidade. Os séculos XVII e XVIII, na medicina, mostram o conhecimento cada vez mais desenvolvido da anatomia humana. Segundo Friedrich Hoffmann, médico e químico alemão, “medicina é a arte de adequadamente utilizar os princípios físicomecânicos para preservar a saúde do homem e restaurá-la quando ela se perdeu”. “O homem máquina” Modernidade filosofia A partir da segunda metade do século XVIII, as ideias psiquiátricas são profundamente influenciadas pela filosofia empirista de John Locke (1632 1704). Opondo-se ao modelo das ideias inatas de Descartes, identifica apenas as experiências como fontes de conhecimento. O cérebro, afirma, ao nascer é uma tábula rasa, em que o mundo das experiências imprime, gradualmente, suas impressões. O cérebro organizaria ativamente as experiências mediante associação de ideias, chegando ao resultado final, o conhecimento. Modernidade fisiologia e anatomia Franz Joseph Gall ((1758 1828), médico alemão, anatomista e fisiologista, considerava que o cérebro continha diferentes órgãos que ocupavam determinadas áreas. A configuração individual de tais órgãos poderia ser mapeada na superfície do crânio, revelando características da personalidade conforme forma, tamanho e proporção de estruturas faciais e cranianas. O método ficou conhecido como frenologia e permaneceu popular até meados do século XIX. Modernidade fisiologia e anatomia Lombroso, formado em medicina e influenciado desde cedo por teorias materialistas, positivistas e evolucionistas, tornou-se famoso por defender a teoria que ficou conhecida como a do criminoso nato, termo que na rea lidade foi criado por Ferri. Com base no pressuposto de que os comportamentos são biologicamente determinados e ao basear suas afirmações em grande quantidade de dados antropométricos, Lombroso construiu uma teoria evolucionista, na qual os criminosos aparecem como tipos atávicos, ou seja, como indivíduos que reproduzem física e mentalmente características primitivas do homem, Com o atavismo tanto físico como mental, poderia se identificar, valendo-se de sinais anatômicos, os indivíduos que estariam hereditariamente destinados ao crime. Nascimento da psiquiatria frança Da França partiram os primeiros raios da construção da ciência psiquiátrica, a partir do final do século XVIII e início do século XIX, com Pinel, Esquirol, Morel, Magnan Falret, Moreau de Tours, Clérambault e muitos outros. A busca por condições mais humanitárias, em virtude dos escandalosos maus tratos que os doentes sofriam nas instituições asilares. Philippe Pinel (1745 1826) O tratamento moral, “o controle moral”, uma teo ria baseada em métodos psicológicos, pudesse, por meio da atitude médica firme, exemplar (misto de doçura e autoridade), curar o doente. Pinel repudiava a utilidade dos métodos físicos (embora pudesse usá-los se houvesse um intuito terapêutico ulterior) e a restrição dos manicômios e duvidava da insistência na busca de fatores orgânicos e do amplo uso de drogas terapêuticas da época. Nascimento da psiquiatria: alemanha Emil Wilhelm Magnus Georg Kraepelin (1856-1926): A dicotomia kraepeliniana da demência precoce de um lado e da loucura (ou insanidade) maníaco-depressivade outro, proposta no final do século XIX, é ainda o mais forte conceito taxonômico (e certamente o mais antigo) ainda vigente na psiquiatria. Dando continuidade à fenda aberta por Kraepelin, o psiquiatra suíço Eugen Bleuler (18571939), em sua obra principal Demência precoce ou o grupo das esquizofrenias (1911), cunha o termo esquizofrenia, diferenciando tal quadro das demências. Bleuler introduz conceitos como autismo e ambivalência, alteração das associações de ideias, além de descrever a personalidade esquizoide, baseando o diagnóstico de esquizofrenia nos complexos sintomáticos e não priorizando a importância dada por Kraepelin à evolução. Nascimento da psiquiatria: alemanha A fenomenologia de karl Jaspers (1883-1969) se fundamentou na compreensão e na distinção entre o processo mórbido e o desenvolvimento psicológico, único compreensível. A diferenciação entre forma (forma do grego morphe) e conteúdo, aspecto essencial na fenomenologia e no desenvolvimento psicopatológico, surgiu no século XIX. A forma designaria, inicialmente, a configuração exterior, a figura, a estrutura visível de um corpo. Porém, associada a esse sentido, está vincula da uma segunda acepção. A forma, o eidos aristotélico, referia-se à “essência ou caráter comum de um objeto”. A forma representaria o imutável, o que tem caráter universal, o que define o objeto em sua essência independentemente de variações individuais. Em psicopatologia, os aspectos formais do pensamento, da sensopercepção, dos estados afetivos, entre outros. O conteúdo seria, em psicopatologia, o colorido individual sociocultural que o fenômeno assume; a variação in dividual, o mutável, o particular. Terapias biológicas Dietas, terapias corporais e psicofármacos rudimentares são utilizados como métodos terapêuticos para quadros psíquicos desde o início das práticas curandeiristas. Entretanto, situa-se o início dos tratamentos biológicos no começo do século XX, com a observação de que crises epilépticas podiam atenuar sintomas psicóticos e com o uso da febre no combate à “paralisia geral” (sífilis terciária). PRÁTICAS: choque insulínico para provocar crises hipoglicêmicas em pacientes esquizofrênicos, gerando remissão de sintomas psicóticos. Tais métodos eram extremamente ar riscados e agressivos, mas eficientes quando o paciente sobrevivia. TERAPIAS BIOLÓGICAS eletricidade para induzir crises epilépticas controladas, fundando a eletroconvulsoterapia (ECT), que substituiria os choques insulínico e cardiazólico. Ao longo das décadas de 1940 e 1950, a ECT também mostrou-se eficaz no tratamento dos quadros de humor. Ainda hoje, apesar das modernas medicações psiquiátricas, a ECT se mantém como trata mento de escolha em diversas situações. A psicocirurgia permaneceu controversa e polêmica. O tratamento de quadros psicóticos e obsessivo-compulsivos intratáveis por meio da lobotomia. O procedimento consistia na destruição da substância branca dos lobos frontais. Terapias biológicas: psicofármacos A era dos psicofármacos teve início em 1952, quando a clorpromazina foi utilizada com sucesso por psiquiatras franceses para a tranquilização de pacientes com esquizofrenia crônica. Em pouco tempo, diversos estudos com esse antipsicótico foram realizados, e a droga passou a ser chamada de neuroléptico, por reduzir sem paralisar a atividade nervosa. A partir do fim da década de 1980, os antipsicóticos atípicos, ou de segunda geração, passaram a ser utilizados clinicamente, com menores efeitos colaterais e eficácia teórica também contra sintomas negativos da esquizofrenia. Terapias biológicas: psicofármacos O lítio foi descrito como eficaz no controle da mania, em 1949. Até os anos 1970, houve muita discussão sobre a efetividade do lítio como estabilizador de humor. Entre 1960 e 1963, foram lançados os primeiros benzodiazepínicos, o clordiazepóxido e o diazepam, que se riam utilizados contra a ansiedade em pacientes não psicóticos. Terapias biológicas: psicofármacos Os antidepressivos passaram a ser utilizados depois de 1957. No fim dos anos de 1980, o surgimento de uma nova classe de antidepressivos. Os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) surgiram a partir de 1988 com o resulta do de pesquisas de laboratórios farmacêuticos. Fluoxetina, paroxetina, sertralina e citalopram foram os primeiros a serem comercializados e revolucionaram o tratamento psi quiátrico, pois tornaram o uso de psicofármacos mais acessível. O uso de estimulantes oscilaria nas próximas décadas, sendo empregado para diversos propósitos até que, na década de 1980, com o desenvolvimento do diagnóstico de transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, seu benefício encontrou uma finalidade. Psicoterapias: Freud (1900) introduziu o termo “psicanálise” a uma prática que sendo mais do que um novo método de terapia, exibia a nova teoria do psiquismo. Na sua prática do método de livre associação de ideias, em que os pacientes com frequência mencionavam o conteúdo de seus sonhos, os conteúdos foram férteis para a construção do principal conceito da psicanálise, o inconsciente. Pavlov, em 1928, publicou, pela primeira vez, seus trabalhos sobre reflexos incondicionados e condicionados. foi o primeiro a utilizar métodos objetivos de pesquisa para interpretar o comportamento, e seus princípios de trabalho – objetivi dade, avaliação de resultados, além de aplicação e mensuração dos princípios das ciências biológicas sobre o comportamento. A década de 1950 foi importantíssima na história da terapia comportamental psicoterapias Skinner, é o maior nome do Behaviorismo, desenvolveu estudos sobre o con dicionamento operante mediante a relação entre comportamento e reforçamento. São clássicos e válidos, até hoje, seus conceitos de reforço positivo, reforço negativo e condicionamento aversivo. A abordagem cognitiva teve início por volta de 1956. Em 1963, o psicólogo americano Aaron Beck começou a publicar estudos sobre a relação entre o pensamento e a depressão, iniciou-se o que, por volta de 1970, considerou-se a revolução cognitiva na psicoterapia. image2.png image1.png