Buscar

Atividade de Reposição de Direito Tributário

Prévia do material em texto

AO JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DO MUNICÍPIO DE ARACAJU, ESTADO DE SERGIPE.
Nathalia Morena da Silva, nacionalidade, estado civil casada, funcionária pública aposentada do Município de Aracaju-Se, portador do RG nº. 000.001-2 e CPF nº 123.456.789-00, residente e domiciliado à Av. Augusto Franco, 3506 – Casa 126 – Condomínio Morada das Mangueira 127, endereço eletrônico nathaliaprocuradora@bol.com.br, representada por seu advogado que esta subscreve (procuração anexa), com escritório profissional sediado à Praça Fausto Cardoso, 69 – Centro – Itabaiana- Se,CEP: 49.500-203, vem à presença de Vossa Excelência, com fulcro no art. 19, I, CPC, art. 165, I, CTN e arts. 327 e 300, ambos do CPC, promover AÇÃO DECLARATÓRIA QUANTO AO MODO DE SER DE RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA C/C RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO FISCAL E PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA, em face da UNIÃO – FAZENDA NACIONAL, pessoa jurídica de direito público, CNPJ nº 00.394.460/0216-53, com sede à R. Francisco Portugal, 40 - Grageru, Aracaju - SE, 49020-390 eletrônico, motivo pelo qual o faz observando as seguintes razões de fato e de direito que passa expor.
1. SÍNTESE FÁTICA: 
A autora requereu sua aposentadoria por invalidez em 05/06/2016, em decorrência de ser portadora de neoplasia maligna devidamente comprovada pela perícia técnica municipal de Aracaju-Se, respectivamente. Entretanto, deixou de constar em seu benefício a consequente isenção de pagamento de Imposto de Renda, infringindo a disposição do art. 523, III, c, 2, da IN77/15, descontando-lhe na fonte o imposto indevido.
Convém salientar que não há necessidade de novo processo administrativo perante o segundo Requerido para solicitação da isenção do Imposto de Rendo, tendo em vista que é dever da administração pública conceder o melhor benefício ao Segurado e lhe repassar todas as informações necessárias para cumprimento deste dever.
Outrossim, quando da solicitação de referido benefício, o Requerente já era portador de referidas patologias, de forma que a isenção do Imposto de Renda é devida desde à data de entrada do requerimento administrativo de aposentadoria por invalidez.
Conforme se observa do laudo datado de 15/05/2016, a Requerente foi afastada de suas atividades laborativas definitivamente desde então, ocasionando sua aposentadoria por invalidez em 06/2016.
DO DIREITO
É de mister esclarecer que, o pedido de isenção do imposto de renda postulado pela Requerente é regulada pela Lei 7.713/1988. Deveras, a requerente faz jus a isenção do imposto de renda, como bem se verifica pela legislação vigente que regula a matéria, “in verbis”:Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguinte rendimentos percebidos por pessoas físicas: (...) XIV – os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma; (Redação dada pela Lei nº 11.052, de 2004) (Vide Lei nº 13.105, de 2015). Grifos nossos. Sendo assim, não restou alternativas ao contribuinte senão promover a presente demanda judicial para reaver o que lhe é de direito, na forma do art. 19, I, CPC, art. 165, I, CTN e arts. 327 e 300, ambos do CPC. 2. DO CABIMENTO E DA TEMPESTIVIDADE – ART. 19, I, CPC e ART. 168, I, CTN: Com base no art. 19, I, do CPC é cabível ação declaratória para declarar, dentre outros, o modo de ser de relação jurídica material, no caso, da relação de isenção sobre o crédito tributário, sendo inclusive possível a sua restituição diante de pagamento indevido e exercida tal pretensão no prazo de 5 anos contados do indébito, tal como disposto no art. 165, I e art. 168, I, ambos do CTN. No presente é justamente o que ocorre tendo em vista que o requerente é pessoa que deveria estar fruindo de regra isentiva, uma vez que portador de moléstia grave, de modo que os descontos mensais à título de IR são indevidos, razão de ser do pedido de sua restituição, de modo que até a presente data ainda não fruiu o prazo prescricional de 5 anos conferido no art. 168, I, CTN. Sendo assim, cabível e tempestiva é a presente demanda, conforme art. 19, I, CPC e arts. 165, I e art. 168, I, CTN. 3. DA LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL – SUMULA 447, STJ E ART. 157, I, CF/88: Com base no art. 157, I, CF/88, é sabido que 100% do Imposto de Renda retido na fonte de funcionário público do Estado, será direcionado à própria Fazenda Pública que a remuneração, não sendo portanto, tal valor, conferido à União, de modo que a Justiça Competente para o julgamento desse tipo demanda é a Justiça Estadual, uma vez que no polo passivo deste litígio será configurado Estado, tal como Sumula 447, STJ. No presente caso, é justamente o que acontece, tendo em vista que a autora é funcionária pública municipal, de modo que os seus rendimentos são tributados diretamente na fonte à título de IR e tais valores são incorporados ao patrimônio da Fazenda Pública Estadual. Sendo assim, não restou alternativas ao requerente senão inserir no polo passivo da presente demanda o Estado de Sergipe, tal como disposto no art. 157, I, CF/88 e Súmula 447, STJ. 4. DA ISENÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA PARA PORTADOR DE MOLÉSTIAS GRAVES E DA RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO FISCAL – ART. 6º, XIV, LEI Nº. 7.713/88 e ART. 165, I, CTN: Com base no art. 6º, XIV, da lei nº. 7.713/88, é cabível isenção de imposto de renda para portadores de moléstias graves, de modo que os valores eventualmente pagos à título de IR retido na fonte de aposentadorias, são concebidos como pagamentos indevidos, razão de ser de sua restituição, na forma do art. 165, I, CTN. No presente caso é justamente o que ocorre, tendo em vista que o requerente é pessoa portadora da síndrome da imunodeficiência adquirida – HIV – desde o ano de 2013, conforme documentos devidamente instruídos na presente demanda, motivo pelo qual reitera pela sua isenção tributária e consequente restituição dos valores indevidamente constritos em seu contracheque. Sendo assim, reitera desde já pela concessão da isenção de imposto de renda, uma vez que portador de moléstia grave, na forma do art. 6º, XIV, Lei nº .7713/88 e consequente restituição do indébito fiscal, na forma do art. 165, I, CTN. 5. DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA – ART. 300, CPC: Com base no art. 300, CPC há possibilidade de ser deferida a tutela de urgência em casos que são evidenciados a probabilidade do direito, o perigo de dano e risco ao resultado útil do processo. Conforme retratado nos autos do processo e nas provas documentais anexadas aos autos, o autor padece da síndrome da imunodeficiência adquirida – HIV – e que conforme art. 6º, XIV, da Lei nº. 7.713/88, goza da isenção tributária relativa ao imposto de renda, não sendo justo que o contribuinte seja obrigado a suportar esses descontos em seu contracheque mensalmente até o trânsito em julgado. Sendo assim, requer a concessão dos efeitos da tutela de urgência para suspensão imediata da cobrança do imposto de renda retido na fonte, na forma do art. 300, CPC. 6. DOS PEDIDOS: Diante do exposto, requer: - Que seja concedida a tutela provisória no sentido de suspensão dos descontos obrigatórios de imposto de renda retido na fonte, na forma do art. 300, CPC; - A PROCEDÊNCIA da presente demanda no sentido de DECLARAÇÃO quanto ao modo de ser de relação jurídica tributária, tendo vista a isenção de imposto de renda aqui perquirida, com fulcro no art. 19, I, CPC e art. 6º, XIV, da lei nº. 7.713/88 e a RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO FISCAL, relativamente aos últimos 5 anos de descontos indevidos, conforme art. 165, I, CTN e art. 1º,Decreto 20.910/36; - A citação do ESTADO DE SERGIPE/FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL, para responder a presente demanda, se julgar necessário, sob os efeitos da revelia, informando desde já que não possui interesse na realização de audiência de conciliação, conforme art. 319, VII, CPC; - A condenação da Fazenda Pública Estadual nas custas processuais e honorários de sucumbência, na forma do art. 82 a 85, CPC, mais precisamente, art. 85, §3º, CPC; - Protesta provar o alegado nas provas documentais já constituídas e anexadas ao presente peticionamento, na forma do art. 319, VI e art. 320, do CPC. Dá à causa ao valor de R$ 100.000,00 (art. 292, I, CPC). 
Nestes termos, pede deferimento. 
Aracaju/Se, 20 de maio de 2021
Marcelo de Albuquerque Negromonte
ADVOGADO – OAB nr quase 001 .

Mais conteúdos dessa disciplina