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Os planos do negócio jurídico
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇADIREITO PRIVADONEGÓCIO JURÍDICO VÁLIDOTJ-SPCONTRATOS
Os planos do negócio jurídico
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Publicado por Michele Vilas Boas
há 6 anos
Primeiramente, negócio jurídico é uma manifestação de vontade que visa produzir determinado efeito jurídico.
Nesse sentido, Marcos Bernardes de Mello leciona:
"Negócio jurídico é o fato jurídico cujo elemento nuclear do suporte fáctico consiste em manifestação ou declaração consciente de vontade, em relação à qual o sistema jurídico faculta às pessoas, dentro dos limites predeterminados e de amplitude vária, o poder de escolha de categoria jurídica e de estruturação do conteúdo eficacial das relações jurídicas respectivas, quanto ao seu surgimento, permanência e intensidade no mundo jurídico" (BERNARDES DE MELLO, Marcos. Teoria do fato jurídico: Plano da existência. 18 ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p.225)
Antônio Junqueira de Azevedo conceitua negócio jurídico nos seguintes termos:
"Negócio jurídico é todo fato jurídico consistente em declaração de vontade, a que o ordenamento jurídico atribui os efeitos jurídicos designados como queridos, respeitados os pressupostos de existência, validade e eficácia impostos pela norma jurídica que sobre ele incide."(AZEVEDO, Antônio Junqueira de. Negócio Jurídico: Existência, Validade e Eficácia. 4 edição. São Paulo: Saraiva, 2013, p.15)
Partindo dessa premissa, é possível compreender que negócio jurídico não é uma simples manifestação de vontade, mas sim uma manifestação de vontade qualificada, isto é, uma manifestação que é vista socialmente como destinada a produzir efeitos jurídicos, porém levando em consideração as circunstâncias sociais e econômicas que a cercaram.
Este tema encontra-se lastreado no artigo 112 do Código Civil:
"Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem."
O artigo citado acima contempla o primado da intenção dos contratantes sobre o que está literalmente escrito no contrato. Em outros termos, ao interpretar o negócio celebrado, deve-se levar mais em conta o que as partes pretendiam com o mesmo e não à forma como se expressaram.
Diante do exposto, é notório que o sistema brasileiro adotou a teoria da vontade como elemento de interpretação do negócio jurídico, porquanto pressupõe que para sua invalidade é necessário investigar a vontade interna das partes.
Não é seguro limitar a interpretação do negócio ao exame gramatical dos termos do contrato, pois estes muitas vezes são vagos, obscuros e podem ensejar interpretações diversas e injustas.
O principal elemento para a existência de um negócio é a vontade. A título de esclarecimento, a doutrina cita como exemplo alguém que comparece a um leilão de gado apenas para acompanhar um amigo, mas essa pessoa não entende nada de leilão e levanta a mão para chamar o garçom no momento da oferta. O leiloeiro, equivocadamente, bate o martelo informando que esta pessoa comprou, mas não houve vontade e, portanto, o negócio inexiste.
Posto isso, podemos adentrar nos planos do negócio jurídico.
Plano da existência
Neste plano devem estar presentes os elementos mínimos de um negócio jurídico (elementos estruturais), ou seja, agente, objeto, forma e vontade exteriorizada.
Plano da validade
Aqui os pressupostos de existência ganham verdadeiros adjetivos (elementos essenciais).
O agente deve ser capaz (capacidade de fato, isto é, capacidade para praticar os atos da vida civil). O objeto deve ser lícito, isto é, conforme a lei e não contrariar a ordem pública, a moral ou os bons costumes, por exemplo, é ilícito a compra e venda de objeto roubado. Ademais, o objeto deve ser possível (é impossível alienar um terreno em Marte ou vender herança de pessoa viva consoante veda o artigo 426 do Código Civil), determinado ou determinável (características mínimas para individualizar o objeto).
Quanto a forma deverá obedecer a prescrita em lei ou não adotar a que a lei proíbe. Em regra, a forma é livre, todavia há casos excepcionais que a lei estabelece uma forma que deve ser cumprida, como no artigo 108 do Código Civil que dispõe que os contratos sobre direito real de bem imóvel deverão ser celebrados por instrumento público se o valor exceder a 30 vezes o maior salário mínimo vigente:
"Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País."
Tal regra integra a substância do ato, isso quer dizer que se não for respeitada o negócio será nulo.
A vontade deverá ser livre e desembaraçada, ou seja, sem vícios de consentimento.
Preenchidos os requisitos da validade, o negócio jurídico estará apto a produzir efeitos
Plano da eficácia
As partes podem controlar os efeitos do negócio de acordo com suas vontade. São denominados elementos acidentais, pois subordinam a eficácia (a execução, não a existência) do negócio a certos acontecimentos determinados pelas partes contratantes.
Oportuno se torna dizer que tanto a condição como o termo constituem fatores de eficácia que podem suspender ou extinguir os efeitos do negócio celebrado.
A condição subordina os efeitos do negócio a um evento futuro e incerto, como, por exemplo, uma loja compra roupas de uma fábrica, mas só pagará se vender aos consumidores, do contrário devolverá as roupas ao fabricante. Por outro lado, no termo o evento é futuro e certo. Já o encargo ou modo consiste na imposição de um ônus nos negócios jurídicos gratuitos, por exemplo, doação de um imóvel com o ônus de construir uma creche.
Vale frisar, tais fatores de eficácia são considerados elementos extrínsecos do negócio que apenas contribuem para que o mesmo possa atingir o resultado pretendido.
Os planos apresentados compõem a chamada escada ponteana, criada por Pontes de Miranda.

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