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Funções Quadráticas 0.1 Exerćıcios Recomendados - unidade 10 1. Encontre a função quadrática cujo gráfico é dado em cada figura abaixo: . (1, 9) .(−2, 3) 2 2 8 . . (a) (b) (3, 5) (5, 13) Soluções: (a) Temos f(x) = a x2 + b x+ c. f(3) = 5 =⇒ 9 a+ 3 b+ c = 5 (1) f(5) = 13 =⇒ 25 a+ 5 b+ c = 13 (2) (2)− (1) =⇒ 8 a+ b = 4 (3) O gráfico de f é uma parábola com vértice ( −b 2 a , −∆ 4 a ) = (3, 5); como a abscissa xV do vértice é xV = −b 2 a , temos b = −6 a (4) De (3) e (4), temos a = 2, b = −12 Substituindo em (1) temos c = 5− 9 a− 3 b = 23. Logo, a função quadrática é f(x) = 2x2 − 12x+ 23. outro modo: A forma canônica de f é f(x) = a (x − x0)2 + y0, em que (x0 , y0) é o vértice do gráfico de f . Pela figura, temos x0 = 3 e y0 = 5; assim, f(x) = a (x − 3)2 + 5. Como f(5) = 13, temos a (5− 3)2 + 5 = 13, donde obtemos a = 2. Logo f(x) = 2 (x− 3)2 + 5. (b) Escrevendo f(x) = a x2 + b x+ c, temos: f(1) = 9 =⇒ a+ b+ c = 9 (1) f(−2) = 3 =⇒ 4 a− 2 b+ c = 3 (2) Subtraindo (1) de (2) temos 3 a− 3 b = −6 ou seja a− b = −2 (3) O vértice da parábola é o ponto ( −b 2 a , −∆ 4 a ) ; portanto f(−b 2 a ) = −∆ 4 a . Pela figura, temos f(2− b 2 a )− f(−b 4 a ) = 8. Substituindo na expressão de f , temos a (2− b 2 a )2 + b (2− b 2 a ) + c− [ a (− b 2 a )2 + b (− b 2 a ) + c ] = 8; efetuando as operações nesta relação temos a = 2. Substituindo em (3) temos b = 4 e substituindo em (1) obtemos c = 3. Logo, a função quadrática é f(x) = 2 x2 + 4x+ 3. outro modo: A forma canônica de f é f(x) = a (x−x0)2 +y0. Pela figura vemos que f(x0 +2) = y0 + 8; assim, a (x0 + 2 − x0)2 + y0 = y0 + 8, ou seja, 4 a + y0 = y0 + 8, donde a = 2. Portanto f(x) = 2 (x− x0)2 + y0. Agora, como f(−2) = 3, temos 2 (−2− x0)2 + y0 = 3, ou 2 x2 0 + 8x0 + 8 + y0 = 3, (1) como f(1) = 9, temos 2 (1− x0)2 + y0 = 9, ou 2 x2 0 − 4x0 + 4 + y0 = 9. (2) Subtraindo (2) de (1) temos 12x0 + 6 = −6 ou seja x0 = −1. Substituindo em (1) temos y0 = 1. Logo f(x) = 2 (x+ 1)2 + 1 = · · · = 2x2 + 4x+ 3. 2. Identifique os sinais de a, b e c nos gráficos de funções quadráticas f(x) = a x2 + b x+ c dados abaixo: 1 - 6 - 6 - 6 (i) (ii) (iii) y y x y x x Como em (i) a concavidade é voltada para baixo, temos a < 0. Como em (ii) e (iii) a concavidade é voltada para cima, temos a > 0. A abscissa do vértice é x = −b/(2 a): assim b = −2 a x. Em (i) temos a < 0 e x > 0, portanto b > 0; em (ii) temos a > 0 e x < 0, portanto b > 0; em (ii) temos a > 0 e x > 0, portanto b < 0. Como c = f(0), temos c > 0 em (i) e (iii) e c < 0 em (ii). 3. Para cada uma das funções quadráticas abaixo, escreva-a na forma f(x) = a (x−m)2 + k. A seguir, calcule suas ráızes (se existirem), o eixo de simetria de seu gráfico e seu valor mı́nimo ou máximo a) f(x) = x2 − 8x+ 23 b) f(x) = 8 x− 2x2 (a) Completando o quadrado, temos f(x) = x2 − 8x+ 23 = x2 − 8x+ 16 + 7 = (x− 4)2 + 7 A reta x = 4 é o eixo de simetria; o vértice é o ponto de coordenadas (4, 7). Como f(x) ≥ 7 não existem ráızes (reais). O valor mı́nimo é f(4) = 7, quando x = 4; não tem máximo (b) Fatorando −2, completando o quadrado e identificando o quadrado, temos f(x) = −2x2 + 8x = −2 (x2 − 4x) = −2 (x2 − 4x+ 4) + 8 = −2 (x− 2)2 + 8 A reta x = 2 é o eixo de simetria; o vértice é o ponto de coordenadas (2, 8); as ráızes são 0 e 4 O valor máximo é f(2) = 8; f não tem mı́nimo. 4. Encontre a unidade que deve ser usada nos eixos cartesianos de modo que a parábola abaixo seja o gráfico da função f(x) = 2x2. Solução. A bissetriz do ângulo formado pelos semieixos Ox e O y intercepta o gráfico de f no ponto P ( 1 2 , 1 2 ). Tomamos então como unidade o dobro da projeção de P sobre o eixo Ox. O y x ( 1 2 , 1 2 ) � � � � � 6 - 5. Encontre os valores mı́nimo e máximo assumidos pela função f(x) = x2 − 4x+ 3 em cada um dos intervalos abaixo: a) [1, 4] b) [6, 10] Como f(x) = x2 − 4x + 3 = (x − 2)2 − 1, a função f é decrescente no intervalo (−∞, 2] e crescente no intervalo [2,+∞). (a) Valores máximo e mı́nimo de f(x) = x2 − 4x+ 3 em [1, 4]. Como f é decrescente no intervalo [1, 2] e crescente no intervalo [2, 4] o mı́nimo de f ocorre quando x = 2 e vale f(2) = −1 e o valor máximo de f nesse intervalo ocorre em x = 4 e vale f(4) = 16− 16 + 3 = 3. (b) Valores máximo e mı́nimo de f(x) = x2 − 4x+ 3 em [6, 10] Como f é crescente no intervalo [6, 10] o valor mı́nimo de f ocorre em x = 6 e vale f(6) = 36− 24 + 3 = 15 e o valor máximo de f ocorre em x = 10 e vale f(10) = 100− 40 + 3 = 63. 6. Seja f(x) = a x2 + b x+ c, com a > 0. 2 a) Mostre que f ( x1 + x2 2 ) ≤ f(x1) + f(x2) 2 . b) Mais geralmente, mostre que se 0 < α < 1, então f(αx1 + (1− α)x2) ≤ α f(x1) + (1− α)f(x2) . Interprete geometricamente esta propriedade. (a) f ( x1 + x2 2 ) ≤ f(x1) + f(x2) 2 Já vimos ( no exerćıcio 5 do Caṕıtulo 5) que ( x1 + x2 2 )2 < x2 1 + x2 2 2 . Por- tanto f ( x1 + x2 2 ) = a ( x1 + x2 2 )2 + b x1 + x2 2 + c < a x2 1 + x2 2 2 + b x1 + x2 2 + c = ( a x2 1 + b x1 + c ) + ( a x2 2 + b x2 + c ) 2 = f(x1) + f(x2) 2 - 6 y∗ = f(x1) + f(x2) 2 x∗ = x1 + x2 2 f(x∗) y∗ � � � � � � � x1 x2x∗ y x Interpretação geométrica ( x1 + x2 2 , f(x1) + f(x2) 2 ) é o ponto médio da secante que passa pelos pontos (x1 , f(x1)) e (x2 , f(x2)) e ( x1 + x2 2 , f(x1) + f(x2) 2 ) é ponto da parábola. Quando f é a função f : R→ R, dada por f(x) = x2, para todo x ∈ R, temos a interpretação dada no exerćıcio 5 do Caṕıtulo 5. (b) f(αx1 + (1− α)x2) ≤ α f(x1) + (1− α) f(x2). Mostremos primeiro que (αx1 + (1− α)x2)2 ≤ αx2 1 + (1− α)x2 2. Temos αx2 1 + (1− α)x2 2 − (αx1 + (1− α)x2)2 = = αx2 1 + (1− α)x2 2 − αx2 1 − 2α (1− α)x1 x2 − (1− α)x2 2 = (α− α2)x2 1 − 2α (1− α)x1 x2 − (α− α2)x2 2 = = (α− α2)(x1 − x2)2 ≥ 0 A demonstração da desigualdade proposta é análoga à do item (a). A interpretação geométrica é a seguinte: para cada α ∈ [0, 1], a expressão αx1 + (1 − α)x2 descreve um ponto do intervalo [x1 , x2]; assim (αx1 + (1 − α)x2, f(αx1 + (1 − α)x2) é um ponto da parábola. Analogamente (α f(x1)+(1−α) f(x2), α f(x1)+(1−α) f(x2)) é um ponto da reta secante. A desigualdade acima informa que cada ponto da secante está acima do ponto da parábola que tem mesma abscissa. 0.2 Exerćıcios Suplementares - unidade 10 1. Prove que se a, b e c são inteiros ı́mpares, as ráızes de f(x) = a x2 + b x+ c não são racionais. (Primeira resolução): Escrevendo a = 2 p+ 1, b = 2 q+ 1, c = 2 r+ 1, temos ∆ = b2− 4 a c = 4 q (q + 1)− 16 p r − 8 p− 8 r − 3. Como q (q + 1) é par, temos que 4 q (q + 1)− 16 p r − 8 p− 8 r é diviśıvel por 8. Portanto ∆ é um número que, dividido por 8, dá resto 3. Para um número N ∈ N, denotemos por α o resto da divisão de N por 8 (isto é N = 8 q1 +α) e por β o resto da divisão de N2 por 8, isto é, N2 = 8 q2 + β. Notemos que, como N2 = 64 q2 1 + 16 q1 α + α2 = 8 (8 q2 1 + 2 q1 α) + α2, temos 3 se α = 0, então N2 = 8 (8 q2 1 + 2 q1 α) = 8 (8 q2 1), portanto β = 0; se α = 1, então N2 = 8 (8 q2 1 + 2 q1 α) + 1 = 8 (8 q2 1 + 2 q1) + 1, portanto β = 1; se α = 2, então N2 = 8 (8 q2 1 + 2 q1 α) + 4 = 8 (8 q2 1 + 4 q1) + 4, portanto β = 4; se α = 3, então N2 = 8 (8 q2 1 + 2 q1 α) + 9 = 8 (8 q2 1 + 6 q1 + 1) + 1, portanto β = 1; se α = 4, então N2 = 8 (8 q2 1 + 2 q1 α + 2) = 8 (8 q2 1 + 8 q1 + 2), portanto β = 0; se α = 5, então N2 = 8 (8 q2 1 + 2 q1 α + 3) + 1 = 8 (8 q2 1 + 10 q1 + 3) + 1, portanto β = 1; se α = 6, então N2 = 8 (8 q2 1 + 2 q1 α + 4) + 4 = 8 (8 q2 1 + 12 q1 + 4) + 4, portanto β = 4; se α = 7, então N2 = 8 (8 q2 1 + 2 q1 α + 6) + 1 = 8 (8 q2 1 + 14 q1 + 6) + 1, portanto β = 1. Vemos então que nenhum inteiro quadrado (da forma acima) dividido por 8 tem resto 3. Logo, ∆ não é quadrado perfeito e portanto √ ∆ não é racional. Logo, as ráızes da equação não são racionais. (Segunda resolução): Vamos mostrar que nenhum número racional pode ser raiz de f(x). Seja x ∈ Q: escrevemosx = m/n, com m,n ∈ Z (n 6= 0) na forma irredut́ıvel (isto é, m e n são primos entre si). Escrevemos f (m n ) = 1 n2 (am2 + bmn+ cn2) Vamos mostrar que am2 + bmn+ cn2 nunca é zero. Como m e n são primos entre si (a) m e n não são ambos pares. Além disso, (b) m e n não podem ambos ser ı́mpares: se m e n fossem ambos ı́mpares, teŕıamos que am2 + bmn + cn2 seria ı́mpar e portanto não poderia ser igual a zero, ou seja m/n não poderia ser raiz de f . (c) Resta analisar a possibilidade em que um dos números é par e o outro é ı́mpar: neste caso duas das parcelas de am2 + bmn+ c n2 são pares e a outra é ı́mpar e, portanto, a sua soma é um número ı́mpar e, assim, não pode ser igual a zero. Logo, nenhum número racional pode ser raiz de f(x). 2. Uma pessoa possui um gravador de v́ıdeo dotado de um contador que registra o número de voltas dadas pelo carretel da direita. A fita, de 6 horas de duração, está parcialmente gravada. O contador indica 1750 ao final do trecho gravado e 1900 ao final da fita. O problema é saber quanto tempo de gravação ainda está dispońıvel no final da fita. a) Explique porque não é razoável supor que o tempo de gravação seja proporcional ao número de voltas no contador. b) Considerando que a fita se enrola em cada carretel segundo ćırculos concêntricos igualmente espaçados, mostre que o tempo T (n) de gravação após n voltas é dado por uma função da forma T (n) = αn2 + β n. c) Medindo o tempo de gravação correspondente às primeiras 100, 200, 300 e 400 voltas, foram encontrados os dados abaixo. Estes valores são consistentes com o modelo acima? d) Quanto tempo de gravação resta na fita? Volta Tempo 100 555 200 1176 300 1863 400 2616 Denotemos por a o raio do carretel, por e a espessura da fita e por v a velocidade. Con- forme a fita vai enrolando, os raios serão a, a + e, a + 2 e, . . . e os comprimentos das vol- tas de fita serão 2 π a, 2π (a + e), 2π (a + 2 e), . . . . Os tempos para gravar as voltas serão 2π a v , 2π (a+ e) v , 2 π (a+ 2 e) v , . . . . Logo, o tempo T (n) para enrolar n voltas será 4 T (n) = 2 π a v + 2 π (a+ e) v + 2π (a+ 2 e) v + · · ·+ 2 π (a+ (n− 1) e) v = = 2 π v [ a+ a+ e+ a+ 2 e+ · · ·+ a+ (n− 1) e ] = = 2 π v [ n a+ n (n− 1) 2 e ] = = π e v n2 + π (2 a− e) v n que é da forma T (n) = αn2 + β n. c) Substituindo os valores da tabela na expressão T (n) = αn2 + β n temos T (100) = 555, T (200) = 1176, T (300) = 1863, T (400) = 2616 1002 α + 100 β = 555 =⇒ 100α + β = 5, 55 (1) 2002 α + 200 β = 1176 =⇒ 200α + β = 5, 88 (2) 3002 α + 300 β = 1863 =⇒ 300α + β = 6, 21 (3) 4002 α + 400 β = 2616 =⇒ 400α + β = 6, 54 (4) De (1) e (2) temos α = 0, 0033. Substituindo em (2), temos β = 5, 22. Portanto T (n) = 0, 0033n2 + 5, 22n. Calculando, obtemos T (200) = 1176, T (300) = 1863, T (400) = 2616, logo os valores da tabela são consistentes com o modelo. d) O tempo de gravação que resta na fita é T (1900)−T (1750) ' 21831− 19241 = 2590 segundos, ou 43 min e 10 seg. 3. Dado um conjunto de retas do plano, elas determinam um número máximo de regiões quando estão na chamada posição geral: isto é, elas são concorrentes duas a duas e três retas nunca têm um ponto comum. Seja Rn o número máximo de regiões determinadas por n retas do plano. a) Quando se adiciona mais uma reta na posição geral a um conjunto de n retas em posição geral, quantas novas regiões são criadas? b) Deduza de a) que Rn é dada por uma função quadrática de n e obtenha a expressão para Rn. �� �� �� �� �� � � � � � � � � � � �� �� �� �� �� � � � � � � � � � � HHH HHH HHHH �� �� �� �� �� � � � � � � � � � � HHH HHH HHHH A A A A A A A A A A �� �� �� �� �� � � � � � � � � � � HHH HHH HHHH A A A A A A A A A A a) O plano antes de ser traçada a primeira reta, consiste de uma região, que é o plano todo; quando traçamos uma reta, ela divide o plano em 2 semiplanos: assim, o acréscimo ao número de regiões é de 1. Quando traçamos uma segunda reta, ela divide cada semiplano em 2 regiões: assim, o acréscimo ao número de regiões é de 2. Quando traçamos uma terceira reta, ela não intersecta uma das regiões já existentes, mas divide cada uma das 3 regiões já existentes em 2 partes, de modo que o número de regiões aumenta 3 unidades. Pode-se mostrar, de um modo geral, que quando já temos n retas e traçamos a (n + 1)−ésima reta, ela determina n + 1 novas regiões. b) Pelas observações em (a), o número Rn de regiões determinadas por n retas satisfaz a relação Rn+1 = Rn + n+ 1. Temos então Rn = (Rn −Rn−1) + (Rn−1 −Rn−2) + · · ·+ (R3 −R2) + (R2 −R1) +R1 = = n+ (n− 1) + · · ·+ 3 + 2 +R1 = (n+ 2) (n− 1) 2 + 2 = n2 + n+ 2 2 5 4. No máximo quantos pontos de interseção existem quando são desenhadas n circunferências? Em primeiro lugar, observemos que duas circunferências se intersectam em, no máximo, 2 pontos. Assim: se temos 1 circunferência desenhada e desenhamos uma nova, obtemos, no máximo, 2 pontos de interseção. se temos 2 circunferências desenhadas e desenhamos uma nova, obtemos, no máximo, 4 novos pontos de interseção. se temos 3 circunferências desenhadas e desenhamos uma nova, obtemos, no máximo, 6 novos pontos de interseção. De um modo geral, se temos k circunferências desenhadas e desenhamos uma nova, obtemos, no máximo, 2 k novos pontos de interseção. Denotemos por Pk o número máximo de pontos de interseção de k circunferências. Pelas observações acima, temos: P2 = 2, P3 − P2 = 4, P4 − P3 = 6; mais geralmente, temos Pk − Pk−1 = 2 (k − 1). Logo, temos: Pn = [ Pn − Pn−1 ] + [ Pn−1 − Pn−2 ] + · · ·+ [ P3 − P2 ] + P2 = 2 (n− 1) + 2 (n− 2) + · · ·+ 2× 2 + 2× 1 = 2 [ 1 + 2 + · · ·+ (n− 2) + (n− 1) ] = n (n− 1). 0.3 Exerćıcios de Anos Anteriores Exerćıcio 1.b’: Encontre a função quadrática cujo gráfico é dado na figura abaixo: Temos f(x) = a x2 + b x+ c. f(1) = 9 =⇒ a+ b+ c = 9 (1) f(−2) = 3 =⇒ 4 a− 2 b+ c = 3 (2) (2)− (1) =⇒ 3 a− 3 b = −6 =⇒ a− b = −2 (3) O vértice da parábola é o ponto ( −b 2 a , −∆ 2 a ) ; portanto f(−b 2 a ) = −∆ 4 a . Pela figura, temos f(2− b 2 a )− f(−b 4 a ) = 8. Substituindo na expressão de f , temos . (1, 9) 2 2 8 a (2− b 2 a )2 + b (2− b 2 a ) + c− [ a (− b 2 a )2 + b (− b 2 a ) + c ] = 8; efetuando as operações nesta relação temos a = 2. Substituindo em (3) temos b = 4 e substituindo em (1) obtemos c = 3. Logo, a função quadrática é f(x) = 2 x2 + 4x+ 3. Funções quadráticas - Aplicações 0.4 Exerćıcios Recomendados - unidade 11 1. Um estudante anotou a posição, ao longo do tempo, de um móvel sujeito a uma força constante e obteve os dados ao lado. Calcule a posição do móvel nos instantes 5 s, 15 s e 25 s. 6 Instante Posição 0 17 10 45 20 81 Como o móvel está sujeito a uma força constante, a posição é dada por s(t) = a + b t + c t2. Como s(0) = 17, temos a = 17 s(10) = 45 =⇒ 17 + 10 b+ 100 c = 45 (1) s(20) = 81 =⇒ 17 + 20 b+ 400 c = 81 (2) De (1) e (2) temos 200 c = 8, portanto c = 8 200 = 1 25 . Substituindo em (1) temos 4 + 10 b = 28, donde b = 12 5 . Portanto s(t) = 17 + 12 5 t + 1 25 t2. Logo, s(5) = 17 + 12 5 5 + 1 25 25 = 30 s(15) = 17 + 12 5 15 + 1 25 225 = 62 s(25) = 17 + 12 5 25 + 1 25 625 = 102 2. O motorista de um automóvel aplica os freios de modo suave e constante, de modo a imprimir uma força de frenagem constante a seu véıculo, até o repouso. O diagrama a seguir mostra a posição do véıculo a cada segundo a partir do instante em que os freios foram aplicados.a) Os dados acima são compat́ıveis com o fato de a força de frenagem ser constante? b) Qual a posição do véıculo 5 s após o ińıcio da frenagem? c) Quanto tempo o véıculo demora para chegar ao repouso? d) Qual era a velocidade do véıculo no instante em que o motorista começou a aplicar os freios? 30m 25m 20m 0 s 1 s 2 s 3 s • • • • A posição é dada por s(t) = a+ b t+ ct2. Como s(0) = 0, temos a = 0 e s(t) = b t+ c t2. s(1) = 30 =⇒ b+ c = 30 (1) s(2) = 55 =⇒ 2 b+ 4 c = 55 (2) Resolvendo (1) e (2) obtemos b = 65 2 e c = −5 2 , portanto s(t) = 65 2 t− 5 2 t2. Como s(1) = 65 2 − 5 2 = 30, s(2) = 65 2 2 − 5 2 4 = 55 e s(3) = 65 2 3 − 5 2 9 = 75, vemos que os dados acima são coerentes. Temos s(5) = 65 2 5− 5 2 25 = 100. Resolvendo a equação (para t > 0) 65 2 t − 5 2 t2 = 0, obtemos t = 13. Logo, o véıculo demora 13 s para chegar ao repouso. Na fórmula da posição s(t) = 65 2 t− 5 2 t2, o coeficiente de t dá a velocidade no instante inicial. Portanto v0 = 65 2 . A velocidade média no intervalo de tempo [0, t], (t > 0) é vM([0, t]) = s(t)− s(0) t = 65 2 t− 5 2 t2 t = 65 2 − 5 2 t. À medida que tomamos t cada vez menor, vemos que vM([0, t]) aproxima-se de 65 2 , que é a velocidade no instante t = 0. 7 3. Numa vidraçaria há um pedaço de espelho, sob a forma de um triângulo retângulo de lados 60 cm, 80 cm e 1m. Quer-se, a partir dele, recortar um espelho retangular com a maior área posśıvel. Afim de economizar corte, pelo menos um dos lados do retângulo deve estar sobre um lado do triângulo. HH HHHH HHH HHH HHHH A D E F C B HHH HHH HHH HHH HHHH A C D E G BF As posições sugeridas são as da figura acima. Em cada caso, determine qual o retângulo de maior área e compare os dois resultados. Discuta se a restrição de um lado estar sobre o contorno do triângulo é realmente necessária para efeito de maximizar a área. Na figura, os dados do problema são AB = 80, AC = 60 e BC = 100. Analisemos primeiro o triângulo da esquerda. Denotemos por x o comprimento do segmento DE e por y o comprimento do segmento EF . Como os triângulos ABC e EBF são semelhantes, temos EF AC = FB AB , ou seja, y 60 = 80− x 80 e portanto y = 3 (80− x) 4 . Logo a área é A(x) = 3x (80− x) 4 , que tem seu valor máximo quando x = 40 e vale A(40) = 1200. Analisemos agora o triângulo da direita. Denotemos por x o comprimento do segmento DF e por y o comprimento do segmento EG. Como os triângulos ABC e AEB são semelhantes, temos AE 60 = 80 100 e portanto AE = 48. Como os triângulos ABE e AFG são semelhantes, temos AG AE = GF EB , ou seja, 48− y 48 = GF EB . Analogamente, como os triângulos ACE e ADG são semelhantes, temos AG AE = DG CE , ou seja, 48− y 48 = DG CE . Temos então GF EB = 48− y 48 = DG CE . Como GF BE = DG EC , por uma propriedade das proporções (a saber a b = c d ⇒ a b = a+ c b+ d ) temos GF BE = GF +DG BE + EC = DF BC . Portanto 48− y 48 = DF BC = x 100 . Desta relação temos y = 48 (100− x) 100 . Portanto a área é dada pela função quadrática A(x) = 48 100 x (100−x); seu valor máximo ocorre quando x = 50 e vale A(50) = 1200. 4. Com 80 metros de cerca um fazendeiro deseja circundar uma área retangular junto a um rio para confinar alguns animais. Quais devem ser as medidas do retângulo para que a área cercada seja a maior posśıvel? rio área cercada x Designemos por x comprimento do lado do retângulo paralelo ao rio. Então cada um dos lados perpendiculares ao lado mencionado acima mede 80− x 2 metros. A área do retângulo é A(x) = x 80− x 2 = 1 2 x (80 − x). O vértice da parábola dá o ponto de máximo. A abscissa do vértice é x0 = 40 e o valor máximo é A(40) = 800. 8 0.5 Exerćıcios Suplementares - unidade 11 1. Um grupo de alunos, ao realizar um experimento no laboratório de F́ısica, fez diversas medidas de um certo comprimento. O instrutor os orientou no sentido de tomar a média aritmética dos valores encontrados como o valor a ser adotado. Este procedimento pode ser justificado do modo abaixo. Sejam x1 , x2 , . . . , xn os valores encontrados. É razoável que o valor adotado x seja escolhido de modo que o erro incorrido pelas diversas medições seja o menor posśıvel. Em geral, este erro é medido através do chamado desvio quadrático total, definido por d(x) = (x− x1)2 + (x− x2)2 + · · ·+ (x− xn)2. a) Mostre que d(x) é minimizada quando x é a média de x1 , x2 , . . . , xn, ou seja, x = x1 + x2 + · · ·+ xn n . b) Suponha agora que se deseje utilizar o desvio absoluto total e(x) = |x−x1|+ |x−x2|+ · · ·+ |x− xn| como medida do erro cometido. Mostre que e(x) é minimizado quando x é a mediana de x1 , x2 , . . . , xn. Solução: (a) Vamos escrever d(x) na forma d(x) = a x2 + b x + c. Elevando ao quadrado cada uma das expressões entre parênteses, temos (x− x1)2 = x2 − 2x1 x+ x2 1, (x− x2)2 = x2 − 2x2 x+ x2 2, . . . , (x− xn)2 = x2 − 2xn x+ x2 n e portanto d(x) = nx2 − 2 (x1 + x2 + · · ·+ xn)x+ (x2 1 + x2 2 + · · ·+ x2 n). O valor mı́nimo ocorre quando x = −b 2 a = 2 (x1 + x2 + · · ·+ xn) 2n = x1 + x2 + · · ·+ xn n . (b) e(x) = |x−x1|+ |x−x2|+ · · ·+ |x−xn| é mı́nima quando x é a mediana de x1 , x2 , · · · , xn. Para fixar as idéias, suponhamos x1 ≤ x2 ≤ · · · ≤ xn. Se x ≤ x1, temos |x − x1| = x1− x , |x− x2| = x2− x , · · · , |x− xn| = xn− x e portanto d(x) = −nx+ (x1 + x2 + · · ·+ xn)); note que a inclinação do gráfico de e neste intervalo é −n. Se x1 ≤ x ≤ x2, temos |x−x1| = x−x1 , |x−x2| = x2−x , · · · , |x−xn| = xn−x e portanto e(x) = (−n+ 2)x+ (−x1 + x2 + · · ·+ xn): note que a inclinação do gráfico de e neste intervalo é −n+ 2. Assim, quando s passa por cada xj a inclinação do gráfico aumenta de 2. Quando n é ı́mpar, a inclinação troca de sinal (passando de −1 para +1) quando x = x(n+1)/2 e a função d assume seu valor mı́nimo nesse ponto. Quando n é par, a inclinação é nula no intervalo [ xn/2 , x(n/2)+1 ] e a função d assume seu valor mı́nimo em cada ponto desse intervalo. Veja as figuras abaixo. x1 x2 x3 x4x3x1 x2 x4 x5 2. No instante t = 0 o ponto P está em (−2, 0) e o ponto Q em (0, 0). A partir desse instante, Q move-se para cima com velocidade de 1 unidade por segundo e P move-se para a direita com velocidade de 2 unidades por segundo. Qual é o valor da distância mı́nima entre P e Q? 9 Como P = (−2 + 2 t, 0) e Q = (0, t), temos d(P,Q) = ( − 2 + 2 t, 0)2 + t2 )1/2 = ( 5 t2 − 8 t+ 4 )1/2 . d(P,Q) é mı́nima quando d(P,Q)2 é mı́nima, isto é, quando f(t) = 5 t2 − 8 t + 4 é mı́nima. Como f(t) = 5 (t − 4 5 )2 + 4 5 , seu valor é mı́nimo quando t = 4 5 e esse valor mı́nimo é 4 5 . Logo, o valor mı́nimo de d(P,Q) é 2 √ 5 5 . Outro modo: o valor mı́nimo ocorre quando x = −b/(2 a) = 4/5, e o valor mı́nimo é f(4/5) = 4/5. P (t) Q(t). . 6 - 3. Um avião de 100 lugares foi fretado para uma excursão. A companhia exigiu de cada passageiro R$ 800,00 mais R$ 10,00 por cada lugar vago. Para que número de passageiros a rentabilidade da empresa é máxima? Como o preço de cada passageiro é R$ 800,00 mais R$ 10,00 por cada lugar vago, se viajarem x passageiros, teremos 100−x lugares vagos e cada passageiro paga 800+10 (100−x). Portanto, o total recebido pela companhia se viajarem x passageiros x passageiros será f(x) = [ 800+10 (100− x) ] x = −10x2 + 1800 x = 10x (−x+ 180), que tem seu valor máximo quando x = 90 e esse valor máximo é f(90) = 81000. 4. João tem uma fábrica de sorvetes. Ele vende, em média, 300 caixas de picolés, por R$ 20,00 cada caixa. Entretanto, percebeu que, cada vez que diminúıa R$ 1,00 no preço da caixa, vendia 40 caixas a mais. Quanto ele deveria cobrar pela caixa para que sua receita fosse máxima? Quando João diminui x reais no preço da caixa, vende 40x caixas a mais, isto é, vende 300+40x caixas e recebe 20− x por caixa. Logo, recebe f(x) = (20− x) (300 + 40x) reais. O valor máximo de f(x) = −40x2 + 500x+ 6000 ocorre quando x = −b 2 a = 25 4 = 6, 25. Logo, o preço de cada caixa deve ser R$ 13,75. 5. Uma loja está fazendo uma promoção na venda de balas: “Compre x balas e ganhe x% de desconto”. A promoção é válida para compras de até 60 balas, caso em que é concedido o desconto máximo de 60%. Alfredo, Beatriz, Carlos e Daniel compraram 10, 15, 30 e 45 balas, respectiva-mente. Qual deles poderia ter comprado mais balas e gasto a mesma quantia, se empregasse melhor seus conhecimentos de Matemática? Antes da promoção, o preço de cada bala era p: assim, quem compra x balas pagava p x. Na promoção, há o desconto de x% = x 100 para que compra x balas (com x ≤ 60): assim, o desconto para quem compra x balas é p x x 100 e o comprador de x balas (com x ≤ 60) paga f(x) = p x (1− x 100 ). Como f(x) = p 100 x (100−x), vemos que o valor máximo de f(x) ocorre quando x = 50. 40 . 45 . 60 . 55 . x y 6 - Como f(55) = f(45), Daniel poderia ter comprado mais balas (55) e gastaria a mesma quantia; na verdade, se comprasse 60 balas, pagaria menos. 6. O diretor de uma orquestra percebeu que, com o ingresso a R$ 9,00, em média 300 pessoas assistem aos concertos e que, para cada redução de R$ 1,00 no preço dos ingressos, o público aumenta de 100 espectadores. Qual deve ser o preço do ingresso para que a receita seja máxima? Com o desconto de x reais, cada espectador paga 9 − x e o número de espectadores será 300 + 100x; portanto a renda será f(x) = (300 + 100 x)(9 − x) = −100x2 + 600x + 2700 = 100 (−x2 + 6x + 27). O valor máximo ocorre quando x = −b 2 a = 3. Logo, ao preço de R$ 6,00 a receita será máxima. 7. Determine explicitamente os coeficientes a, b, c do trinômio f(x) = a x2 + b x + c em função dos valores f(0), f(1) e f(2). Temos f(0) = c e portanto f(x) = a x2 + b x+ f(0) f(1) = a+ b+ f(0) ou a+ b = f(1)− f(0) (1) f(2) = 4 a+ 2 b+ f(0) ou 4 a+ 2 b = f(2)− f(0) (2) 10 Resolvendo o sistema (1) e (2) temos a = 1 2 ( f(0)−2 f(1)+f(2) ) e b = 1 2 ( −3 f(0)+4 f(1)−f(2) ) . 8. Um restaurante a quilo vende 100 kg de comida por dia, a 12 reais o quilo. Uma pesquisa de opinião revelou que, por cada real de aumento no preço, o restaurante perderia 10 clientes, com um consumo médio de 500g cada. Qual deve ser o valor do quilo de comida para que o restaurante tenha a maior receita posśıvel? Quando aumenta o preço em x reais, o restaurante perde 10x clientes com um consumo de 5x Kg de comida. A receita é (12 + x) (100− 5x) = −5x2 + 40x+ 1200. O máximo ocorre quando x = −b 2 a = 40 10 = 4. Logo, o preço deve ser R$ 16,00 por quilograma. 9. Um prédio de 1 andar, de forma retangular, com lados proporcionais a 3 e 4, vai ser constrúıdo. O imposto predial é de 7 reais por metro quadrado, mais uma taxa fixa de 2.500 reais. A prefeitura concede um desconto de 60 reais por metro linear do peŕımetro, como recompensa pela iluminação externa e pela calçada em volta do prédio. Quais devem ser as medidas dos lados para que o imposto seja o mı́nimo posśıvel? Qual o valor desse imposto mı́nimo? Esboce o gráfico do valor do imposto como função do lado maior do retângulo. Se os lados medirem 3x e 4x o desconto é 60 (6x+ 8x) = 840x. O imposto é 2500 + 7 · 3x · 4x− 840x. Portanto I(x) = 84x2 − 840x + 2500. Ponto de mı́nimo x = −b 2 a = −840 2 · 84 = 5. Logo, as dimensões devem ser 12 e 15. 10. Determine entre os retângulos de mesma área a, aquele que tem o menor peŕımetro. Existe algum retângulo cujo peŕımetro seja maior do que os de todos os demais com mesma área? Denotando por x e y os lados do retângulo, seu semi-peŕımetro é x+y = p e sua área é x y = a. Em primeiro lugar, procuramos condições sobre p para que exista um tal retângulo: para isto o sistema { x+ y = p (1) x y = a (2) precisa ter (ao menos) uma solução. Da equação (1) temos y = p− x; substituindo esse valor em (2), temos x (p − x) = a, ou seja, x2 − p x + a = 0. Para que esta equação tenha solução, seu discriminante ∆ = p2−4 a precisa ser não negativo: assim, p2−4 a ≥ 0 ou p ≥ 2 √ a. Logo, o menor valor posśıvel de p para que ∆ ≥ 0 é 2 √ a; para este valor de p temos x = y = √ a e o menor valor posśıvel do peŕımetro é 4 √ a. outro modo: Em primeiro lugar, notemos que x + y é o dobro da média aritmética de x e y. Mostremos que x+ y 2 ≥ √x y, isto é, a média aritmética de dois números é sempre maior do que ou igual à média geométrica. De fato, como ( √ x − √y)2 = x + y − 2 √ x y, temos x + y = 2 √ x y + ( √ x − √y)2 ≥ 2 √ x y, donde x+ y 2 ≥ √x y. Além disso, é claro que estas médias são iguais se e somente se x = y. Como x+ y 2 ≥ √x y = √ a, temos 2 (x + y) ≥ 4 √ a, e portanto o valor mı́nimo do peŕımetro é 4 √ a e ocorre quando x = y. 11. Que forma tem o gráfico da função f : [0; +∞)→ R, dada por f(x) = √ x ? O gráfico tem equação y = √ x, que é equivalente a x = y2, x ≥ 0, que descreve a parte superior da parábola. 12. Mostre que a equação √ x+m = x possui uma raiz se m > 0, duas ráızes quando −1 4 < m ≤ 0, uma raiz para m = 1 4 e nenhuma raiz caso m < −1 4 . Chamando y = √ x, a equação √ x + m = x (∗) fica y + m = y2, ou y2 − y − m = 0 (**). Como ∆ = 1 + 4m, temos: (i) se m < −1 4 a equação (**) não tem solução (real) e portanto (*) não tem solução. (ii) se m = −1 4 a equação (**) tem uma única solução, y = 1 2 , que dá a solução x = 1 4 de (*). (iii) se −1 4 < m < 0 a equação (**) tem duas soluções positivas, e portanto (*) tem 2 soluções. (iv) se m > 0 a equação (**) tem uma solução positiva e uma negativa, e portanto (*) tem 1 solução. 11 13. Numa concorrência pública para a construção de uma pista circular de patinação apresentam- se as firmas A e B. A firma A cobra 20 reais por metro quadrado de pavimentação, 15 reais por metro linear do cercado, mais uma taxa fixa de 200 reais para administração. Por sua vez, a firma B cobra 18 reais por metro quadrado de pavimentação, 20 reais por metro linear do cercado e taxa de administração de 600 reais. Para quais valores do diâmetro da pista a firma A é mais vantajosa? Esboce um gráfico que ilustre a situação. Resolva um problema análogo com os números 18, 20 e 400 para A e 20, 10, 150 para B. Para pavimentar uma área circular de raio x a firma A cobra A(x) = 20π x2 + 30 π x + 200 e a firma B cobra B(x) = 18π x2 + 40π x + 600. Temos A(0) = 200 < B(0) = 600. Determinemos o valor positivo de x tal que A(x) = B(x), isto é, tal que 2π x2 − 10 π x − 400 = 0. Temos x1 = 5 π + 5 √ π2 + 32 π 2π . Assim, se 0 < x ≤ x1 temos A(x) ≤ B(x) e a firma A é mais vantajosa; se x > x1 a firma B é mais vantajosa. Na figura ao lado esboçamos os gráficos de A e B. xx1 y = A(x) y = B(x) . y 6 - 14. Dados a, b, c positivos, determinar x e y tais que x y = c e que a x+b y seja o menor posśıvel. O enunciado não menciona, mas x e y devem ser positivos: se admitirmos x < 0, então y = c/x < 0 e a expressão a x + b y não é limitada inferiormente: por exemplo, tomando x = −n e y = −c/n, temos a x+ b y = −a n− b c/n. Agora analisemos o caso x > 0 e y > 0. Como a média aritmética de dois números é sempre maior do que ou igual à média geométrica temos a x+ b y 2 ≥ √ a b x y = √ a b c, donde a x+ b y ≥ 2 √ a b c, e portanto o valor mı́nimo de a x + b y sujeito à restrição x y = c é 2 √ a b c, e este valor mı́nimo ocorre quando x = √ b c/a e y = √ a c/b (verifique). 15. Cavar um buraco retangular de 1m de largura de modo que o volume cavado seja 300m3. Sabendo que cada metro quadrado de área cavada custa 10 reais e cada metro de profundidade custa 30 reais, determinar as dimensões do buraco de modo que o seu custo seja mı́nimo. Sejam x o comprimento e y a profundidade do buraco, a largura é 1. Então o volume cavado é x y = 300 (assim, y = 300/x). O custo é dado por C(x) = 10x+30 y = 10x+30 (300 x ) = 10 x+ 9000 x ; assim C(x) é o dobro da média aritmética de 10x e 9000 x . Como a média aritmética é sempre maior do que ou igual à média geométrica, temos 10x+ 9000 x ≥ 2 √ 10x 9000 x = 600 (∗ ∗ ∗) Logo, o custo mı́nimo é R$ 600,00. Da igualdade (***) temos também x2 − 60x + 900 = 0, ou (x − 30)2 = 0, portanto o custo mı́nimo ocorre para x = 30, que implica y = 300/x = 10 e as dimensõesdo buraco são: comprimento 30m, largura1 m e profundidade 10m. 16. Dois empresários formam uma sociedade cujo capital é de 100 mil reais. Um deles trabalha na empresa três dias por semana e o outro 2. Após um certo tempo, vendem o negócio e cada um recebe 99 mil reais. Qual foi a contribuição de cada um para formar a sociedade? O sócio A investiu capital x e trabalhava 2 dias por semana; o sócio B investiu capital 100− x e trabalhava 3 dias por semana. No final cada um recebeu 99, de modo que o lucro de A foi 99−x e o de B foi 99 − (100 − x) = x − 1. É natural supor que o lucro recebido seja proporcional ao capital investido e ao número de horas trabalhadas. Assim 99− x 2x = x− 1 3 (100− x) Efetuando as operações, obtemos a equação x2 − 595x+ 29700 = 0, que tem as soluções x1 = 55 12 e x2 = 540 (que não serve, pois é maior que o total investido). Logo A investiu R$ 55000,00 e B investiu R$ 45000,00. 17. Nas águas paradas de um lago, Marcelo rema seu barco a 12km por hora. Num certo rio, com o mesmo barco e as mesmas remadas, ele percorreu 12km a favor da corrente e 8km contra a corrente, num tempo total de 2 horas. Qual era a velocidade do rio, quanto tempo ele levou para ir e quanto tempo para voltar? Marcelo rema seu barco a 12km por hora. Denotemos por v a velocidade do rio. Ele rema 12Km a favor da corrente: o tempo gasto nessse percurso é durante 12 12 + v e rema 8Km contra a corrente: o tempo gasto nesse percurso é durante 8 12− v . Como o tempo total é de 2 horas, temos 12 12 + v + 8 12− v = 2 Esta equação conduz à equação quadrática v2− 2 v− 24 = 0, cujas soluções são v = −4 (que não interessa pois estamos considerando v > 0) e v = 6. Logo, a velocidade do rio é 6Km por hora e Marcelo levou 12 12 + 6 = 2 3 (=40 minutos) para ir e 8 12− 6 = 4 3 (=1 hora e 20 minutos) para voltar. 18. Os alunos de uma turma fizeram uma coleta para juntar 405 reais, custo de uma excursão. Todos contribúıram igualmente. Na última hora, dois alunos desistiram. Com isso, a parte de cada um sofreu um aumento de um real e vinte centavos. Quantos alunos tem a turma? Denotemos por n o número de estudantes e por x o quanto cada um pagaria se ninguém desistisse: então nx = 405. Como o preço aumentou R$ 1,20 pela desistência dos 2 alunos, temos (x + 1, 2) (n − 2) = 405, ou seja nx + 1, 2n − 2x − 2, 4 = 405. Substituindo a primeira equação nesta, obtemos x = 0, 6n − 1, 2. Substituindo este valor na primeira equação obtemos 0, 6n2 − 1, 2n− 405 = 0, que tem a solução positiva n = 27. Logo, a turma tem 27 alunos. 19. Prove que a função cont́ınua f : R→ R é quadrática se, e somente se, para todo h ∈ R, h 6= 0, fixado, a função ϕ(x) = f(x+ h)− f(x) é afim e não-constante. Se f é quadrática, f(x) = a x2 + b x + c, então ϕ(x) = a (x + h)2 + b (x + h) − a x2 + b x = 2 a h x+ b h+ a h2 é função afim não constante, qualquer que seja h 6= 0. Reciprocamente, suponhamos que f é cont́ınua e que, para cada h 6= 0, a função ϕ(x) = f(x + h) − f(x) é afim e não-constante. Para simplificar a notação, suponhamos também que f(0) = 0 (isto não acarreta perda de generalidade: note que a função g(x) = f(x)− f(0) tem as mesmas propriedades de f e satisfaz g(0) = 0). Para h = 1, temos que ϕ(x) = f(x + 1) − f(x) é uma função afim, digamos ϕ(x) = Ax + B. Temos ϕ(0) = f(1)−f(0) = f(1), ϕ(1) = f(2)−f(1), ϕ(2) = f(3)−f(2), . . . , ϕ(n−1) = f(n)−f(n−1). Somando membro a membro todas estas parcelas, temos ϕ(0) + ϕ(1) + ϕ(2) + · · ·+ ϕ(n− 1) = = f(1) + [f(2)− f(1)] + [f(3)− f(2)] + · · ·+ [f(n)− f(n− 1)] = = f(n) Assim f(n) = ϕ(0) + ϕ(1) + ϕ(2) + · · ·+ ϕ(n− 1) (1) Por outro lado, como ϕ(x) = Ax+B, temos ϕ(0) = B, ϕ(1) = A+B, ϕ(2) = 2A+B, . . . ϕ(n− 1) = A (n− 1) +B. 13 Somando membro a membro todas estas parcelas, temos ϕ(0) + ϕ(1) + ϕ(2) + · · ·+ ϕ(n− 1) = B + (A+B) + (2A+B) + · · ·+ [(n− 1)A+B] = = [1 + 2 + · · ·+ (n− 1)]A+ nB = (2) = n (n− 1) 2 A+ nB = A 2 n2 + (B − A 2 )n De (1) e (2) temos f(n) = A 2 n2 + (B − A 2 )n, que escrevemos f(n) = a n2 + b n (3) Agora tomamos h = 1 p , p ∈ N, e procedemos analogamente. Para a função afim ψ(x) = f(x+ 1 p )− f(x), temos ψ(0) = f( 1 p ), ψ( 1 p ) = f( 2 p )− f( 1 p ), . . . , ψ( n− 1 p ) = f( n p )− f( n− 1 p ). Procedendo como acima, temos f (n p ) = ψ(0) + ψ (1 p ) + ψ (2 p ) + · · ·+ ψ (n− 1 p ) . Por outro lado, como ψ é função afim, digamos, ψ(x) = A′ x+B′, temos ψ(0) = B′, ψ ( 1 p ) = A′ 1 p +B′, ψ ( 2 p ) = 2 p A′ +B′, . . . , ψ ( n− 1 p ) = n− 1 p A′ +B′. Somando membro a membro todas estas parcelas, temos ψ(0) + ψ (1 p ) + ψ (2 p ) + · · ·+ ψ (n− 1 p ) = = B′ + (A′ p +B′ ) + (2A′ p +B′ ) + · · ·+ [(n− 1)A′ p +B′ ] = = A p [1 + 2 + · · ·+ (n− 1)]A′ + nB′ = (5) = A′ p n (n− 1) 2 + n (B′ − A′ p ) = A′ 2 p n2 + (B′ − A′ 2 )n De (4) e (5) temos f( n p ) = A′ 2 p n2 + (B′ − A′ 2 p )n, que escrevemos f (n p ) = a′ n2 + b′ n (6) Desta igualdade temos f(n) = f (n p p ) = a′ (n p)2 + b′ (n p) = (a′ p2)n2 + (b′ p)n (7) De (3) e (7) vemos que a função F (x) = a x2 + b x coincide com G(x) = (a′ p2)x2 + (b′ p)x em todo x = n ∈ N. Portanto F = G (são duas funções quadráticas que coincidem em mais de 2 pontos). Isto implica a = a′ p2 e b = b′ p e, portanto a′ = a p2 e b′ = b p 14 Portanto temos f (n p ) = a′ n2 + b′ n = a p2 n2 + b p n = a (n p )2 + b (n p ) Isto mostra que a função f coincide com a função a x2 +b x para todo x ∈ Q, x > 0; analogamente tratamos o caso x ∈ Q, x < 0. Portanto, f coincide com a função a x2 + b x para todo x ∈ Q. Como f é cont́ınua, segue-se que f(x) = a x2 + b x para todo x ∈ R. 20. Olhando o gráfico da função quadrática f(x) = x2, vê-se que ele parece uma parábola. Se for, quais serão o foco e a diretriz? Por simetria, o foco deve ser F = (0, t) e a diretriz deve ser a reta y = t. Use a definição de parábola para mostrar que t = 1/4. Como f é uma função par, o seu gráfico é simétrico em relação ao eixo Oy: a simetria do gráfico de f nos dá que F = (0, c) e que a diretriz r tem equação y = −c. Tomemos um ponto P = (x, x2) 6= (0, 0) sobre a parábola. Temos d(P, F )2 = x2 + (x− c)2 = x2 + x4 − 2 c x2 + c2 (1) d(P, r)2 = (x2 + c)2 = x4 + 2 c x2 + c2 (2) Como d(P, r)2 = d(P, F )2 temos x2 + x4 − 2 c x2 + c2 = x4 + 2 c x2 + c2, donde 4 c x2 = x2, ou c = 1 4 . 15