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Essencia de Deus em Santo Agostinho


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1
Alírio Mendes Página 1
Essência de Deus em Santo Agostinho
RESUMIDO
2
Alírio Mendes Página 2
INTRODUÇÃO
A procura de Deus foi e tem sido um dos, se não o objectivo da nossa existência. Contudo,
são muitos os que dizem conhecer a Deus, e muitos ainda são os que dizem amar a Deus, e
esses que afirmam tais ideias podem estar a cometer, por mais que seja por ignorância, um
grave equívoco. Pois, da pouquíssima informação que temos de Deus é aque Ele é inefável,
inteligível, imutável, mesmo sem saber os porquês de tais atributos.
Como podemos amar algo que de todo se desconhece? Se queremos amar a Deus, primeiro é
necessário conhecê-Lo, porém é preciso ter em conta que tal conhecimento não é grande
coisa, mas é o suficiente para poder amá-Lo.
Para se ter noção da essência de Deus tomamos como referência três obras de Santo
Agostinho, a Trindade, a Cidade de Deus e as Confissões. Na Cidade de Deus, embora de
forma propedêutica, Agostinho fala da relação entre o Pai e o Filho, mas o mais interessante é
a forma que ele explica o Espírito Santo. Mas para falar dessas três pessoas que consistem em
um só Deus, Agostinho reservou um lívro específico intitulado a Trindade, lá é onde
encontramos o verdadeiro pensamento de Agostinho em relação a essência de Deus como o
Sumo Ser, a Verdade Fontal e o Sumo Bem. E nas Confissões Agostinho fala de como
procurar esse Deus que é Trindade.
Com o trabalho poderemos saber onde devemos procurar a Deus, e também ter alguma ideia
daquilo que Ele é, para não cair no erro de pensar e dizer de Deus aquilo que Ele não é, mas
pensando que é. Teremos mais facilidades de encontá-Lo e amá-lo, uma vez que já teremos
alguma noção Dele.
Conhecer a natureza de Deus constitui um problema, pois muitos procuram à Deus em lugares
errados, e alguns pensam que Deus pode ser encontrado através dos sentidos. O trabalho
pretendo reflectir sobre a possibilidade de compreensão da natureza de Deus; de que modo se
pode exprimir por palávras aquilo que Deus é; e caracterizar a Trindade divina. Pois bem, a
investigação irá se orientar na pesquisa bibliográfica e na comparação de várias obras de
Santo Agostinho orientadas pelas escrituras sagradas.
3
Alírio Mendes Página 3
Essência de Deus em Santo Agostinho
Todo filosofar agostiniano gravita em torno da alma e Deus, porém, nós, nos iremos centrar
na parte de Deus, concretamente naquilo que Deus é, isto é, na sua essência. Entretanto, para
falar da essência de Deus, Agostinho toma como base as escrituras sagradas, e para ele, dizer
que se conhece a Deus é uma perigosa presunção, o correcto é dizer que é conhecido por Ele.
“Quem pensa que conhece muito bem qualquer coisa, ainda não a conhece como deve ser.
Mas, se alguém ama a Deus, esse é conhecido por ele” (I CORÍNTIOS; 8: 2-3).
Para Agostinho a nossa inteligência não tem capacidade de compreender aquilo que Deus é.
Só quem tem alguma noção daquilo que Deus é, sabe que seu conhecimento sobre Ele não é
grande coisa. Por isso, não se pode dizer muito daquilo que Ele realmente é, pelo contrário,
seria mais fácil saber aquilo que Ele não é do que saber aquilo que Ele é.
1.1. Os atributos essenciais de Deus
Para Agostinho, Deus é caracterizado por três atributos essenciais: Deus é o Sumo Ser, a
Verdade Fontal e o Sumo Bem (ou Amor). “Óh, eterna verdade e verdadeiro amor e
amorosa eternidade! Tu és meu Deus...” (AGOSTINHO; 2008b: 33).
Na concepção de Agostinho (2008b: 37), Deus é suprema substância, que transmitiu o seu Ser
às criaturas no processo da criação, mas não transmitiu o Sumo Ser que é Ele. Deus transmitiu
o seu Ser às criaturas, mas isso não alterou a sua essência porque Ele é imutável. Com efeito,
só Deus pode ser chamado de essêcia, e só Ele verdadeiramente é, porque é imutável. “Deus
disse então a Moisés: EU SOU AQUELE QUE É...” (ÊXODO; 3: 14).
A verdade é Deus. Ela é ao mesmo tempo interior ao homem e transcendente. O homem só
pode procurá-la entrando em seu íntimo mais profundo (na interioridade da consciência) com
o intuíto de se conhecer a sí mesmo e confessar-se com total sinceridade, guiado pela luz
imutável (Deus) que é superior a todas as coisas, porque ela própria as fez. “... O Verbo,
Deus, é que é a luz verdadeira, que ilumina todo o homem que vem a este mundo...”
(AGOSTINHO; op.cit; P. 30).
Deus é Amor, portanto, amar a Deus significa amar o Amor; e, Deus é Amor porque ama.
Agostinho apresenta o amor fraterno entre os homens como sendo algo derivado de Deus, e
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Alírio Mendes Página 4
não só, mas tal amor é o próprio Deus. O homem só pode amar a Deus, que é Amor, quando
ele passar a amar o outro homem, porque Deus oferece-se como Amor só a quem ama.
“Aquele que não ama, não conhece a Deus, uma vez que Deus é amor” (I JOÃO; 4: 8).
1.2. Como explicar Deus através de seus atributos
Para explicar aquilo que Deus é através de seus atributos, e sem correr o risco de dizer de
Deus aquilo que Ele não é, mas pensando que é, Agostinho formulou a teologia negativa. Ela
tem como ponto de partida os atributos de Deus: grande, bom, sábio, bem-aventurado e todos
os outros atributos positivos que se possam citar Dele. Para caracterizar Deus com tais
atributos deve-se eliminar ou negar o negativo dos limites definidos que os acompanham;
sendo Deus, toda a parte positiva de seus atributos, tirando os limites dos mesmos:
‘concebemos Deus (...) bom sem qualidade, grande sem quantidade, criador
sem necessidade (daquilo que cria), o primeiro lugar sem colocação,
contendo todas as coisas mas sem exterioridade [...], autor das coisas
mutáveis mesmo permanecendo imutável e sem sofrer qualquer coisa’
(AGOSTINHO apud ANTÍSERI; REALE; 1990: 447).
1.3. A Trindade
Deus é trindade, uma e mesma essência ou substância, três pessoas (Pai, Filho, Espírito
Santo). Chama-se Trindade por causa da propriedade de pessoas que engloba, porém, é Deus
único, isto devido a sua inseparável substância. Diz Agostinho: “... o Pai não é o Filho, e que
o Espírito Santo não é o Pai nem o Filho, mas são Trindade de pessoas em relação mútua, e
são unidade na igualidade da essência” (AGOSTINHO; 2008a: 42).
Sendo Deus um bem imutável e simples, criou todos os bens que por não serem simples como
Ele, são portanto mutáveis. A Trindade é um só Deus e não deixa de ser simples por ser
Trindade. Ela (a Trindade) chama-se simples porque ela é o que tem, salvo que cada pessoa
da Trindade se diz pessoa em relação a cada uma das outras duas: o Pai tem um Filho, mas
não é o Filho; o Filho tem um Pai, mas não é o Pai. Tirando isso, e considerando em sí mesmo
e não em relação com o outro, Deus é o que tem: se diz vivo em relação a sí mesmo porque
tem evidentemente a vida e essa vida é Ele próprio.
5
Alírio Mendes Página 5
É necessário ter o cuidado de não considerar somente o Pai como sendo Deus por escelência,
mas sim considerar Deus como Pai e Filho e Espírito Santo, e que cada um é Deus
omnipotente; e, os três juntos são um só Deus omnipotente.
... se alguém se interrogar acerca de cada um, deve contentar-se em saber
que cada um é Deus e omnipotente; e se se interrogar acerca dos três
conjuntamente, a resposta será que não há três deuses ou três omnipotentes,
mas um só Deus omnipotente... (AGOSTINHO; 1993: 1047).
1.3.1. O Pai e o Filho
O Verbo (a Sabedoria pela qual tudo foi feito), que coincide com o Filho, não foi criado mas
sim gerado pelo Sumo Ser de Deus; e, sendo o Filho gerado de um ser simples é simples e o
mesmo que aquele que o gerou. “... O Verbo, Deus, não nasceu da carne, nem do sangue,
nem da vontade do homem, nem da vontade da carne, mas sim de Deus” (AGOSTINHO;
2008b: 30).
Fala-se do Pai e do Filho segundo a sua relação: o Pai só é dito Pai em relação ao Filho, e o
Filho só é dito Filho em relação ao Pai. Mas não se pode chamar o Pai em relação a sí mesmo
ou o Filho em relação a sí mesmo porque se assim for, um seria chamadoPai e o outro Filho
em sentido substancial (estariamos a diferenciar as suas substâncias). Nem um nem outro
referi-se a sí mesmo, mas um ao outro em relação mútua.
1.3.2. O Espírito Santo
O Espírito Santo é o Espírito do Pai e do Filho, porém, distinto do Pai e do Filho, pois não é
nem o Pai nem o Filho. Ele é distinto do Pai e do Filho mas não é outra coisa, porque também
Ele é igualmente simples, igualmente imutável e coeterno. Ele é a santidade dessas duas
pessoas, mas também é substância e terceira pessoa na Trindade.
O que mais provavelmente me leva a esta opinião é o seguinte: o Pai é
espírito e o Filho é espírito, o Pai é santo e o Filho é santo – todavia, o
Espírito Santo é que é propriamente assim chamado como sendo a Santidade
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Alírio Mendes Página 6
substâncial e consubstancial de ambos (AGOSTINHO; 1993: 1047-
1048).
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Alírio Mendes Página 7
CONCLUSÃO
O que nos é permitido concluir acerca daqueles que dizem conhecer a Deus é que dizer isso
não é aceitável, pois estaria a tirar a superioridade de Deus omnipotente, o certo é dizer que é
conhecido por Ele. Quem tem alguma noção de Deus sabe que não faz Dele grande ideia. Em
contrapartida, só podemos amar algo que pelo menos temos alguma ideia do que seja, então
torna-se necessário procurar ter essa escassa noção de Deus.
Em relação aos vários atributos de Deus, vimos que todos acabam se resumindo a três: Deus é
Sumo Ser, Verdade Fontal e Suma Essência. Se pretendemos caracterizar Deus através de
seus atributos devemos negar os limites definidos dos mesmos, sendo Deus toda parte positiva
e sem limites.
Deus é Trindade, três pessoas com mesma essência. Nenhuma das três pessoas da Trindade é
maior que o outro porque partilham da mesma essência e por isso operam inseparavelmente.
Constatamos que o Pai não é o Filho mas tem o Filho, que o Filho não é o Pai mas tem o Pai,
e que o Espírito Santo é o espírito do Pai e o do Filho mas não é o Pai nem o Filho, mas
também é substância e terceira pessoa na Trindade.
Contudo, pudemos ver uma forma simples de caracterizar Deus que é dizer que Deus é o que
tem, e porque é o que tem Ele é de natureza simples e imutável. Só um ser simples se
identifica com aquilo que tem. É importante salientar que de Deus é mais facil saber o que Ele
não é do que o que Ele é.
Em última análise vimos que Deus, por ser inteligível deve ser procurado no nosso interior, na
interioridade da consciência de nós mesmos e o encontraremos se nós nos confessarmos com
absoluta sinceridade. Mas isso só será possível se formos guiados pela luz iluminante que é
Ele próprio. É importante salientar que Agostinho eleva tudo o que pensamos e dizemos de
Deus a um grau superlativo absoluto.

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