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Bem estar, saúde, doença e deficiência

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Bem estar, Saúde, Doença e Deficiência 
Perspectivas Africanas dos Fenómenos Psicológicos 
Estrutura 
Definição dos Conceitos; 
Teorias explicativas dos conceitos; 
Relação entre bem estar, saúde, doença e deficiência;
Causas e diagnóstico de doenças e deficiências;
Tratamento de doenças e deficiências; 
Perspectiva Africana do bem estar, saúde, doença e deficiência;
Relação do tema e da cadeira;
Conclusão;
Referências Bibliográficas.
Bem estar – o que será?
A palavra bem-estar pode ser definida como satisfação pessoal ou felicidade influenciados pela adaptação ou nível de aspiração, que engloba as experiências do passado, comparações com outros, valores pessoais e outros factores. (Galinha & Ribeiro,2005)
Saúde 
O que é Saúde?
A OMS conceitua o termo “saúde” como o estado completo de bem-estar físico, mental e social e não meramente a ausência de doença. (Castillo & Tirado, 2004, p. 223) 
Pereira (2001, p. 223) define saúde como resultado do equilíbrio dinâmico entre o indivíduo e o seu meio ambiente. 
Perante estes dois conceitos, compreende-se que o termo “saúde” é de carácter complexo, pois não engloba apenas a ausência de enfermidade fisiológica, mas também uma satisfação nas várias vertentes da vida bio psico e social. Devendo, para a sua existência, haver no indivíduo o funcionamento pleno do seu organismo, uma boa interação com o meio circundante, boas condições sócioeconómicas e também um estado interior de paz.
O que é Doença ?
O termo doença pode ser definido como um desequilíbrio biológico-ecológico e social, fracasso dos mecanismos de adaptação do organismo ou falta de reação aos estímulos exteriores, que resulta em pertubações da fisiologia ou anatomia do indivíduo. (San Martin, 1985) citado por (Castillo & Tirado, 2004, p. 223)
E o que é deficiência?
Perda ou anormalidade de estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatómica, temporária ou permanente. Podendo ser sob a forma de uma anomalia, defeito ou perda de um membro, órgão, tecido ou qualquer outra estrutura do corpo, inclusive das funções mentais (Amiralian, Pinto, Ghirardi, Lichting, Masini, & Pasqualin, 2000, p. 98)
A ONU(1999) refere que é deficiente toda pessoa que tiver impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efectiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas (Montanari, 2002).
...
Mediante estes dois conceitos, compreende-se que a deficiência apresenta-se no indivíduo através da ausência ou diminuição de algumas capacidades, que podem ser física, mental, sensorial ou anatómica, recaindo numa alteração da vida quotidiana do indivíduo.
Teorias explicativas do Bem estar 
Bem estar subjectivo: referente a avaliação que o indivíduo faz da sua própria vida (satisfação globais com a vida, trabalho, casamento), experiência de emoções positivas e negativas. (Diener, Suh & Oishi, 1997)
Bem estar psicológico: é um construto cujas suas dimensões são autoaceitação, relações positivas com outros, autonomia, domínio sobre o ambiente, propósito na vida e crescimento pessoal (Ryff, 1989; Ryff &Keyes,1995; Ryff & Singer, 2008) citados por (Machado & Bandeira, 2012)
Teorias da Saúde-Doença
Concepção fisiológica
Concepção Ontológica 
Barreto & Carmo (1994) citados por Oliveira & Egry (2000) interpretam o surgimento das doenças sob quatro teorias:
Teoria do germe
Teoria dos estilos de vida
Teoria ambiental
Teoria da Genética
Teorias da Deficiência 
Teorias racionalistas :
Explicação mágico-religiosa;
Explicação de classificação;
Explicação pela rotulação.
Teorias materialistas : 
Explicação pela população excedentária;
Explicação pela competição incorporada; 
Explicação pelo modo de produção.
Relação bem-estar, saúde, doença e deficiência
A saúde e a doença envolvem dimensões subjectivas e não apenas biologicamente científicas e objectivas, e a normatividade que define o normal e o patológico varia. 
As variações das doenças podem ser verificadas historicamente, em relação ao seu aparecimento e desaparecimento, aumento ou diminuição de sua frequência, da menor ou maior importância que adquirem em variadas formas de organização social. A promoção da saúde e bem-estar, tanto para doentes bem como portadores de deficiência, envolve escolhas relacionadas a valores e processos que não se expressam por conceitos precisos e mensuráveis.
 Nesse sentido, termos novos vêm sendo desenvolvidos atualmente, tais como: empowerment e vulnerabilidade, permitindo abordagens transdiciplinares, envolvendo outras áreas do conhecimento e muitos significados que se originam das diferenças, da subjetividade e da singularidade do que acontece na esfera individual e colectiva. (Backes, Rosa, Fernandes, Backer, Meirelles & Santos,2009 p. 113)
Causas e diagnóstico de doenças e deficiências
Na Antiguidade, acreditava-se que as doenças poderiam ser causadas por elementos naturais ou sobrenaturais. As causas eram relacionadas à filosofia religiosa, ao ambiente físico, aos astros, ao clima, aos insectos e aos animais. (Backes, Fernandes, Backer, Santos, & Meirelles, 2009, p. 112)
Actualmente, criou-se a CIF que se baseia numa abordagem biopsicossocial que incorpora os componentes de saúde nos níveis corporais e sociais. Assim, na avaliação de uma pessoa com deficiência, esse modelo destaca o biomédico e incorpora as dimensões psicológica (dimensão individual) e social. 
Tratamento de doença e deficiência
O tratamento de doenças e deficiências não só deve-se limitar a administração de fármacos pois há necessidade de se conhecer o que acontece com os pacientes após o diagnóstico, com o decorrer do tempo, principalmente em relação às doenças crónicas e aos acidentes. 
Nos dias actuais surge um novo paradigma para pensar e trabalhar a deficiência e a incapacidade: estas não são apenas uma consequência das condições de saúde/doença, mas são determinadas também pelo contexto do meio ambiente físico e social, pelas diferentes percepções culturais e atitudes em relação à deficiência, pela disponibilidade de serviços e de legislação. 
Devendo por isso incluir no seu tratamento itens referentes à aprendizagem e aplicação do conhecimento; tarefas e demandas gerais, comunicação, mobilidade, cuidados pessoais, actividades e situações da vida doméstica, relações e interações interpessoais; educação e trabalho; autossuficiência económica; vida comunitária e familiar. (Farias & Buchalla,2005, p. 188)
Perspectiva Africana do bem estar, saúde, 
doença e deficiência
O africano como ser humano é constitiuido de forma peculiar dos demais seres humanos dos restantes continentes, pois este além de apresentar a sua parte física (corpo) possue um alma (força espiritual) fortemente ligada aos seus antepassados, o que faz com que o seu modus vivendi seja fortemente influenciado pelos seus espíritos. 
Perspectiva africana da doença 
A perspectiva africana interpreta-a baseando-se em causas espirituais, isto é,faz uma conexão entre as causas materiais (como aconteceu) e os factores sociais ou espirituais (porque aconteceu àquela pessoa). (Granjo, 2009, p. 568)
O mesmo autor refere ainda que o processode cura não se esgota no debelar da enfermidade, implicandotambém a resolução do problema social doqual ela é uma manifestação – o que constitui uma dasespecialidades dos terapeutas denominados tinyanga.
A praticante de medicina tradicional (PMT) entrevistada, considera saúde a falta de doença, pois na sua óptica, doença é uma dor espiritual resultante de algum comportamento ou condição, que se reflecte no corpo. Bem-estar é um estado pleno de saúde, boas condições fisicas, psicológicas, sociais e económicas e a deficiência é uma anormalidade fisica visível.
 O diagnóstico é feito com base nos sintomas apresentados pelo paciente, em casos mais complexos faz-se um teste tradicional específico mediante os sintomas apesentados
sob orientação do espírito M’nguni que toma posse da PMT. 
No que concerne ao tratamento, este varia de acordo com a origem da doença. Se for de meramente física o M`guni orientará a medicação necessária, caso seja de origem ancestral o PMT é possuído pelo espírito M’ndzau que irá consultar os oráculos (tinlholó) e em seguida fazer o kufemba de modo a entrar em contacto com o ancestral do utente e retirar o espírito que o apoquenta através de medicações e rituais específicos. 
Em relação à dosagem de medicamentos e o tempo de tratamento não há uma medida exacta, entretanto, o M’nguni estima a dosagem e o tempo de tratamento de acordo com o seu julgamento e o paciente só deverá parar quando se verificar a melhoria desejada.
Relação entre o tema e a cadeira 
A actividade do psicólogo é bastante sensível na medida em que não age apenas sobre o que é visível, mas também sobre uma complexidade de factores que envolvem o indivíduo, neste contexto as perspectivas africanas dos fenómenos psicológicos englobam a abordagem que compreende o contexto africano no qual nos encontramos, os fenómenos decorrentes e as adverssidades que resultam do contacto do homem africano com o seu meio, procurando igualmente perceber a variedade de significações biopsicossociais do mesmo. 
É neste contexto que existe a preocupação de perceber a concepção sobre saúde, bem estar, doença e deficiência de modo a identificar os significados, conceitos, causas e diagnóstico, formas de tratamento no contexto africano e peculiriadades de cada cultura pois estas exercem grande influência sobre a vida do homem e consequentemente sobre o seu comportamento. 
Conclusão 
O bem estar, saúde, doença e deficiência tem concepções divergentes entre os contextos africano e ocidental. No contexto africano, a doença é concebida como ausência de saúde derivada pela acção espiritual, enquanto que no contexto ocidental a doença é concebida como ausência de saúde derivada pela exposição aos factores de risco concernentes a mesma doença. 
Outro aspecto divergente entre estas culturas refere-se à forma de diagnóstico e tratamento das doenças e deficiências, pois a cultura africana adopta o tratamento tipicamente tradicional executado pelos tinyanga, onde são evocados espíritos para o seu diagnóstico e por fim administrada a medicação baseada em plantas e ervas; enquanto que a cultura ocidental adopta essencialmente método biomédico, isto é, o diagnóstico é feito por meio de exames e por fim pode ser administradas a medicação por meio de fármacos, fisioterapias (no caso de deficiências físicas reversiveis), próteses, entre outros.
Entretanto, culturas ocidental e africana convergem nos factores causadores da deficiência, pois ambas consideram que esta pode surgir devido a uma anomalia genética, castigo de Deus por alguma atitude negativa dos pais, ou ainda por acção dos espíritos. 
Após a realização do trabalho, pudemos compreender que o homem africano além de fazer uso da biomedicina para o tratamento de uma enfermidade ou deficiência prioriza a medicina tradicional, por esta ser uma componente presente na sua essência e versando-se sobre esta realidade ou condição é importante que o psicólogo africano e moçambicano tenha em conta estes aspectos, por forma a melhor compreender o comportamento dos outros e executar o seu trabalho sem causar divergências/questionamentos sobre a cultura dos seus clientes. 
Referências Bibliográficas 
Amiralian, M., Pinto, E., Ghirardi, M., Lichting, I., Masini, E., & Pasqualin, L. (Fevereiro de 2000). Conceituando deficiência. Obtido em Fevereiro de 2016, de Revista de Saúde Pública: www.fsp.usp.br/rsp
Backes, M. T., Fernandes, G. C., Backer, S. G., Santos, S. M., & Meirelles, B. H. (2009). Conceitos de saúde e doença ao longo da história sob o olhar epidemiológico e antropológico. Obtido em 21 de Fevereiro de 2016, de www.facenf.uerj.br
Castillo, A. F., & Tirado, J. L. (2004). Necessidades Educativas Especiales : Manual de evaluácion e intervencion psicológica. Espanha : Mc Graw Hill.
Farias, N., & Buchalla, C. M. (2005). A classificação internacional da funcionalidade, incapacidade e saúde da Organização Mundial de Saúde : Conceitos, Usos e Perspectivas . Obtido em 21 de Fevereiro de 2016, de Scileo : www.scielosp.org/pdf 
Granjo, P. (2009). Saúde e Doença em Moçambique. Obtido em 20 de Fevereiro de 2016, de Saúde Social: www.scielo.com.br
Machado, W. L., & Bandeira, D. R. (Dezembro de 2012). Bem-estar psicológico : definição, avaliação e principais correlatos. Obtido em 22 de Fevereiro de 2016, de Scielo: www.scielo.com.br/pdf
Montanari, F. A. (2002). O conceito da deficiência na Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência . Obtido em 18 de Fevereiro de 2016, de Revista Reação : www.revistareacao.com.br/website/edicoes.php
Oliveira, M. A., & Egry, E. Y. (Março de 2000). A Historicidade das Teorias Interpretativas do Processo de Saúde-doença. Obtido em 19 de Fevereiro de 2016, de Rev. Esc. USP: www.scielo.com.br 
Pacheco, E. (s.d.). Incapacidade e Deficiência . Obtido em 21 de Fevereiro de 2016, de www.slides.br/incapacidade
Pereira, M. G. (2001). Epidemiologia - Teoria e Prática . Rio de Janeiro: Guanabara Koogan .
Siqueira, M. M., & Padovam, V. A. (2008). Bases Teóricas de Bem-Estar Subjetivo, Bem-Estar Psicológico e Bem-Estar. Obtido em 18 de Fevereiro de 2016, de Scielo: www.scielo.com.br
Vianna, L. A. (s.d.). Processo de Saúde-Doença . Obtido em 22 de Fevereiro de 2016, de UnaSus : www.unasus.unifesp.br/unidade-6
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