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MANDADO DE SEGURANÇA EM MATÉRIA PENAL – Lei n.º 12.016/09 O Mandado de Segurança trata-se de uma ação autônoma de impugnação proposta com vistas a tutelar direito líquido e certo, violado ou ameaçado em decorrência de abuso de poder ou ilegalidade, cometidos por autoridade pública ou quem lhe faça as vezes, desde que referidos atos não sejam salvaguardados por Habeas Corpus ou Habeas Data (critério da exclusão). Está previsto no artigo 5º, inciso LXIX, da Constituição Federal de 1988, a saber: LXIX - conceder-se-á Mandado de Segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público; Apesar de não raro fazer as vezes de recurso no âmbito do direito processual penal, o mandado de segurança tem evidente natureza de ação impugnativa mandamental, com expressa previsão constitucional, com vistas a impedir que ato ilegal seja praticado ou prolongue seus efeitos. O Mandado de Segurança, consequentemente, pela localização de sua disposição legal, é considerado direito e garantia fundamental do cidadão, que visa amparar os direitos individuais contra abusos do Estado. No âmbito penal, têm suas hipóteses de cabimento, normalmente atreladas aos seguintes casos: - para garantir o direito de vista dos autos fora do cartório da vara criminal; - para garantir o direito de o advogado conversar com seu cliente preso; - para o advogado ser admitido como assistente de acusação, quando indeferido o pleito pelo juízo; - contra apreensão de objetos para instruir a ação penal nos crimes contra a propriedade material; - para emprestar efeito suspensivo ao recurso de agravo em execução e ao recurso em sentido estrito; - para se obter a restituição de coisas apreendidas; - para evitar a alienação antecipada de coisas no âmbito das medidas assecuratórias; - contra a decisão que denegou a produção antecipada de prova material considerada urgente, na forma do art. 366 do Código de Processo Penal; - para assegurar a permanência de presidiária com filho lactante, na forma do art. 5º, inciso L da CF/88. Apresenta-se fundamental o entendimento que direito líquido e certo é aquele comprovado de plano, sem a necessidade de prova futura. Assim, a comprovação deste direito dar-se-á unicamente através da prova documental. Nesta trilha, por direito líquido e certo deve se entender aquele que não necessita de dilação probatória para ser comprovado, porque está demonstrado através de provas pré- constituídas. Perceba-se que o titular do direito líquido e certo infringido é o sujeito ativo na ação mandamental - e deve ser chamado de impetrante -, podendo ser qualquer pessoa, física ou jurídica, desde que tenha capacidade de direito e seja titular do direito violado, observando sempre as exceções definidas em lei. A Lei n.º 12.016/2009, em seu artigo 3º, menciona: “Art. 3º. O titular de direito líquido e certo decorrente de direito, em condições idênticas, de terceiro poderá impetrar mandado de segurança a favor do direito originário, se o seu titular não o fizer, no prazo de 30 (trinta) dias, quando notificado judicialmente.” A possibilidade da concessão de liminar no mandado de segurança está prevista art. 7º, III, da Lei n.º 12.016/09. A liminar, como uma medida antecipatória, exige os requisitos do fumus boni juris e do periculum in mora e pode ser, na forma do CPC, revogada pelo próprio Juiz que a concedeu. Portanto, para viabilizar a concessão da medida liminar em sede de mandado de segurança faz-se imperiosa a presença de dois requisitos, quais sejam: prova inequívoca que convença o magistrado da verossimilhança da alegação e o perigo na demora da prestação jurisdicional. A competência para julgar o Mandado de Segurança vem firmada na Constituição Federal de 1988, levando-se em conta duas circunstâncias, quais sejam: a qualificação da autoridade coatora – federal ou estadual – e a hierarquia. Quando o ato ilegal for praticado por Juiz do Juizado Especial Criminal o mandado de Segurança deve ser impetrado perante a Turma Recursal. E nos casos da autoridade coatora ser a Turma Recursal, o Mandado de Segurança deve ser impetrado perante o Tribunal de Justiça. O procedimento pelo qual deverá tramitar o Mandado de Segurança está previsto na Lei n.º 12.016/09, sendo que, a autoridade coatora será notificada para prestar informações e oferecer os documentos necessários no prazo legal de 10 dias. Ressalte-se que as referidas informações são facultativas, pois, com ou sem elas o mandado de segurança será julgado. Após, será aberto vista ao órgão acusatório, no prazo legal de 05 (cinco) dias, para que ele apresente sua manifestação - cota ministerial – e, então, em seguida será proferida decisão final. Da decisão do mandado de segurança, que denegar direito, caberá o recurso de apelação, conforme disposto na Lei que regula o mandado de segurança em seu artigo 14. Por fim, conforme o artigo 23 o direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado.