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Patologias do TGI – Patologia e Dietoterapia nas Doenças Intestinais Profa. Dra. Cristiane da Silva Marciano Grasselli Prof. Associada da Fac. de Nutrição da Unifal-MG csmgrasselli@gmail.com Anatomia e Fisiologia do Intestino Delgado • O intestino delgado é um tubo com pouco mais de 6 m de comprimento por 4cm de diâmetro; • Dividido em três regiões: duodeno (cerca de 25 cm), jejuno (cerca de 5 m) e íleo (cerca de 1,5 cm); • Órgão primário de absorção – área absortiva de cerca de 250 m2 considerando a combinação de dobras, projeções de vilosidades e borda com micro vilosidades; • O conteúdo intestinal se movimenta a 1 cm/min levando 3 a 8 hs para percorrer todo o cumprimento até a válvula ileocecal; • Válvula ileocecal regula a passagem do bolo para dentro do cólon. Características Anatômicas Histologia e Fisiologia FORMADO POR 3 CAMADAS: • MUSCULAR: perfurada de vasos e nervos que irrigam e inervam as outras camadas; • SUBMUCOSA: na porção inicial do duodeno e do jejuno são encontradas as glândulas duodenais ou de Brunner. Encontram-se também nódulos linfáticos (placas de Peyer) e componentes nervosos; • MUCOSA: superfície com projeções especializadas em absorção (vilosidades). Histologia e Fisiologia Funções do ID PRINCIPAIS FUNÇÕES: • Motora, • Secretora, • Digestiva e absortiva, • Protetora, • Reguladora. Função Motora Tipos de movimentos: segmentar (de mistura), pendular (oscilação do quimo para frente e para trás – de mistura) e peristáltico (de propulsão); O controle da motilidade do intestino é exercido por fatores humorais e neurais, desencadeados por estímulos químicos, térmicos e mecânicos. Fatores que regulam a motilidade: volume do quimo, temperatura (frio passa rápido), composição química (celulose, ácidos orgânicos, lactose). Função Secretora • O suco entérico é isosmótico em relação ao plasma e sua composição e quantidade varia ao longo do intestino (água e eletrólitos usuais: Na+, K+, Ca++, Cl-, bicarbonato). O pH no duodeno de 4,5 a 6,5 progressivamente chega a 7,3 no íleo; • Glândulas de Brunner – secreta bicarbonato e muco; Forma uma camada protetora de muco aderente à mucosa que retém bicarbonato, criando microambiente alcalino; • Glândulas intestinais – mais superficiais, com função secretora. Principais Hormônios Secretados no ID Hormônio FUNÇÃO Secretina Secreção pancreática alcalina Polipeptídeo Inibidor gástrico (GIP) Inibe HCl no estomago CCK Enzimas pancreáticas e contração da vesícula Motilina, Serotonina e Substancia P motilidade intestinal Polipeptídeo Intestinal Vasoativo (VIP) motilidade intestinal Eliminação de água e íons Função Digestiva e Absortiva VITAMINAS E MINERAIS • São absorvidos simultaneamente através da mucosa; • Maioria das vitaminas: difusão passiva; • Minerais: depende do estágio intraluminal, translocação (passagem através da membrana da célula da mucosa) e mobilização da célula mucosa para a corrente sanguínea. Função Digestiva e Absortiva Função Protetora Recursos não imunitários: • proteases intestinais, secreção da mucosa intestinal, capa de água não removível, ácidos biliares (Clostridium perfringens), peristalse (contaminação bacteriana e substâncias nocivas); Imunitários: • Ag captados pela placa de Peyer apresentados aos Linfócitos; • IgG, IgA, IgM e IgE, linfócitos, complemento, mastócitos, etc culminando em reação inflamatória. Função Reguladora • Mensageiros químicos para: regular a digestão, garantir metabolização e regular meio interno; • Hormônios: liberados na corrente sangüínea, atuam distantes do sítio de produção – secretina, CCK; • Revestimento epitelial substituído semanalmente. A rápida renovação favorece a capacidade de reparo mas torna-o vulnerável a agentes interferentes da reprodução celular. Anatomia e Fisiologia do Intestino Grosso Características Gerais • O IG inicia-se onde termina o íleo e estende-se até o ânus; Para a Coloproctologia, é dividido em: • ceco (com seu apêndice); • colo ascendente, transverso, descendente; • colo sigmóide; • reto e canal anal; • ânus – abertura externa do canal anal. Anatomia do Intestino Grosso Características Gerais • Possui de 1,20 a 2,0 m de extensão e é mais largo no ceco, diminuindo progressivamente de calibre até o reto, onde novamente se dilata para ser uma vez mais estreitado pelo canal anal; • Principais diferenças entre ID e IG: maior calibre, seu aspecto sacular e a presença dos apêndices epiplóicos e tênias; • TÊNIAS – concentração de sua camada muscular longitudinal em faixas de tecido esbranquiçado. As tênias formam as haustrações do intestino grosso por serem mais curtas do que este. A Conexão Intestino – Cérebro • Da saúde do intestino depende a saúde do cérebro; • O intestino tem mais neurônios que a medula espinhal – cerca de 100 milhões – perdendo apenas para o cérebro em número de neurônios; • O intestino fabrica muito mais serotonina que o cérebro - 95% da serotonina é fabricada e armazenada no intestino; • Além da serotonina, o intestino fabrica e utiliza mais de 30 neurotransmissores. Sintomas Comuns nas Disfunções Intestinais Gases Intestinais Volume de gás no TGI: 100 a 150 mL; Gás eliminado pelo reto: 200 a 3700 mL/dia; Gases encontrados no estômago: N2, O2 e CO2. N2 e O2 igual ao da atmosfera e CO2 é superior. Possível origem: ar deglutido; Gases encontrados no Intestino: N2 é o principal, O2 e CO2 são variáveis e presença de H2 e CH4 (não encontrados na atmosfera); Principal origem: produção intraluminal e da difusão de gases a partir do sangue (N2) por gradiente de concentração. Gases Intestinais Aerofagia: a maior deglutição de ar é acentuada por ansiedade, fumar, beber, mascar chiclete, etc...; Maior parte dos gases deglutidos não passa para o intestino sendo regurgitada; CO2: se origina pela fermentação bacteriana, metabolismo bacteriano e liberação pela interação bicarbonato ácido clorídrico; Produção de gases será dependente da quantidade de substratos para a flora bacteriana (oligossacarídeos não digeridos e outros). CONSTIPAÇÃO INTESTINAL Constipação Intestinal Definição: O hábito intestinal varia entre as pessoas, sendo difícil o estabelecimento de padrões de normalidade. Duas evacuações por dia é o que se considera normal; O mecanismo da defecação é controlado pelo SNC; Para o aumento da pressão intra-abdominal é preciso o fechamento da glote, abaixamento do diafragma, contração da musculatura da parede abdominal e contração da musculatura do assoalho pélvico. No reto, ocorre relaxamento dos esfíncteres e contração peristáltica da parede do reto. Todos os movimentos são, em parte, voluntários e, em parte, involuntários, e são desencadeados por estimulação de mecanorreceptores na área anorretal. Constipação Intestinal O movimento de massa é freqüentemente associado com a alimentação; A freqüência dos diferentes movimentos do cólon depende do seu conteúdo, em relação à presença de fibras, água, eletrólitos e restos alimentares. Tratamento: Tratamento da Constipação Intestinal INGESTÃO ADEQUADA DE LÍQUIDOS. INGESTÃO ADEQUADA FIBRAS FRACIONAMENTO. PREFERÊNCIA A ALIMENTOS LAXATIVOS. EVITAR ALIMENTOSCONSTIPANTES. PRÉ E PRÓBIÓTICOS TRANQUILIZAR O PACIENTE. GINÁSTICA ABDOMINAL. USO CONTROLADO DE MEDICAMENTOS. CORREÇÃO DE AFECÇÕES ANO-RETAIS. ATENDER SEMPRE AO REFLEXO RETAL. DIARRÉIA Diarréia É definida como um sintoma e não como uma doença. Significa mudança no hábito intestinal do indivíduo, que implica em aumento do peso das fezes, da quantidade da parte líqüida e da freqüência de evacuações. Geralmente, mais de uma dessas características estão presentes; A diarréia ocorre quando há excesso de fluido nas fezes, por anormalidades na secreção ou na absorção, e é classificada como: Diarréia osmótica Ocorre quando há grande quantidade de moléculas hidrossolúveis no lúmen intestinal, levando à retenção osmótica de água. Tem como causa mais freqüente o uso de laxativos e a má-absorção intestinal de carboidratos. Diarréia Diarréia secretória A mucosa intestinal tem a capacidade de secretar fluidos isotônicos. Dentre os estímulos que provocam aumento da secreção estão vírus, enterotoxinas bacterianas, como Vibrio cholerae e E.coli, neoplasias que produzem hormônios gastrointestinais(VIP), síndrome de Zollinger-Ellinson, AGs de cadeia longa (esteatorréia), ác.biliares (ressecção ileal) e catárticos, derivados da antraquinona; Diarréia exsudativa Exsudação de proteínas do soro, sangue, muco ou pus, a partir de áreas inflamadas, de doenças ulcerativas ou infiltrativas, aumenta o volume fecal e causa diarréia. Nesse grupo, estão incluídas as doenças inflamatórias intestinais, neoplasias intestinais, a colite induzida por antibióticos e a parasitose(giardíase). Diarréia Diarréia motora Os mecanismos envolvidos na diarréia motora são o trânsito acelerado, causando inadequada mistura do alimento com as enzimas digestivas, e o pouco contato com a superfície absortiva, por ressecção intestinal ou fístulas enteroentéricas; É freqüente a existência de mais de um mecanismo envolvido no desencadeamento da diarréia. Cuidado Nutricional O jejum prolongado atualmente é contra indicado; a prática atual é de repouso de 4-6 horas; É de extrema importância a reposição de líquidos e eletrólitos como sódio, potássio, e mesmo água, presentes nos alimentos e preparações como sucos de frutas, caldos de legumes, água de côco, etc; A glicose, o ác. Ascórbico e as vitaminas do complexo B tbém são empregados para minimizar o processo de depleção de proteínas e vitaminas; Cuidado Nutricional A alimentação deve ser normalizada tão logo esteja restabelecido o equilíbrio hídrico. São consensuais as seguintes práticas no tocante à alimentação: Manter uma dieta adequada à idade, peso e estatura do pcte c/ volume reduzido e fracionada em 5 vezes; No período inicial é normal observar intolerância do pcte em relação à alimentação. A qtde de alimentos oferecidos deve ser gradualmente aumentada até a sua total aceitação; Reduzir ou retirar temporariamente as fibras vegetais insolúveis por apresentarem fator laxativo;. SIMBIOSE E DISBIOSE INTESTINAL As Bactérias Intestinais • As bactérias intestinais que habitam nosso TGI hoje são reconhecidas como constituintes de um órgão funcionalmente ativo, chamado de microbiota intestinal; • O número de bactérias aumentam progressivamente do estômago para o cólon, alcançando neste último a concentração de 1012 CFU/mL (unidades formadoras de colônia/ mL de conteúdo luminal); • Ao todo convivemos com 100 trilhões de bactérias (1014) que exercem importantes funções no organismo. Microbiota Intestinal • A microbiota intesinal colônica divide-se em; Microbiota dominante (109 e 1012) – Bifidobacterium; Microbiota subdominante (107 e 108) – Lactobacillus; Microbiota residual (<107) – onde são incluídas as bactérias potencialmente patogênicas como Clostridium, Pseudomonas e Klebsiella. Classificação da Microbiota Intestinal de acordo com sua relação c/ o organismo Humano • Esta classificação se dá pela ação exercida pelas bactérias no organismo humano e não pelo seu número. Assim, a microbiota pode ser dividida em: Simbiontes: organismos com reconhecidas ações benefícas para o organismos, como ex.: bifidobactérias e lactobacilos; Comensais: residentes permanentes que não trazem benefícios, pelo menos reconhecidos, ou prejuízo para o organismo, ex.: Escherichia coli e Enterococcus; Patobiontes: são bactérias potencialmente patogênicas, ex.: Clostridium, Pseudomonas, Klebisiela, Veilonella e Enterobacter. Funções da Microbiota Intestinal para a sobrevivência do Ser Humano a) Proteção: a microbiota intestinal dominante impede a colonização e a proliferação de bactérias patogênicas por competição por nutrientes e produção de quimiocinas; b) Imunomodulação: a interação da microbiota com o TLEA (tec. linfóide enteroassociado) gera um “ estado de alerta” fazendo com que céls. Imunocompetentes responda de forma pronta, eficaz e equilibrada frente a elementos antigênicos, nocivos ao organismo; c) Benefícios nutricionais: as bactérias intestinais são fonte de vitaminas e agem sobre os carboidratos não digeridos no TGI formando AG de cadeia curta (butirato, acetato e propionato) que constituem a principal fonte energética da cél. epitelial colônica. Conceito de Simbiose e Disbiose SIMBIOSE: “É O EQUILÍBRIO ENTRE MICRORGANISMOS SIMBIONTES, COMENSAIS E PATOBIONTES, CRUCIAL PARA A SAÚDE HUMANA”. DISBIOSE: “ É O DESEQUILÍBRIO DESTE ECOSSISTEMA MICROBIOLÓGICO”. Simbiose x Disbiose (adaptado de Lanniti et al., 2010) Situações/Doenças associadas à DISBIOSE: SII, Doença diverticular do cólon, DII, Halitose, Doenças Autoimunes, Obesidade, Câncer de Cólon, Supercrescimento Bacteriano, Irradiação. SIMBIOSE (EQUILÍBRIO) DISBIOSE (DESEQUILÍBRIO) Alterações Inflamatórias Alterações Imunológicas Diarreia Dor abdominal Flatulência Meteorismo Borborigmos • Fatores genéticos • Estilo de vida (dieta, estresse) • Infecções • Higiene/Alergia • Antibióticos Prebióticos, Probióticos e Simbióticos PREBIÓTICOS: São definidos como alimentos não hidrolisáveis no TGI superior, que promovem o crescimento preferencial de certas bactérias como bifidobactérias e lactobacilos; São classificados, do ponto de vista nutricional, como fibras dietéticas solúveis e constituídos de CHOs pouco absorvidos no TGI superior, como a inulina e a oligofrutose; Alguns alimentos ricos são: banana, trigo, cevada, centeio, aspargo, alcachofra, tomate, cebola, alho e chicória; O consumo diário na Europa atinge 11g/dia e nos EUA não passa de 4g/dia. Acredita-se que no Brasil o consumo seja semelante ao dos EUA; Estima-se que uma ingestão saudável seja em torno de 5 a 15g/dia de prebióticos. Roberfroid, MB. Functional Foods: concepts and aplication to inulin and oligofructose. Brit J Nutr 2002; Benefícios do Uso de Prebióticos a) Reduzem a ativação de xenobióticos b) Modulam a produção de muco e estimulam o sistema imune c) Aumentam a excreção de nitrogênio d) Induzem a produção de hormônios intestinais e) Reduzem o pH facilitando a absorção de cátions (ex: cálcio) f) Induzem a apoptose; g) Modulam a produção de lipídios e glicose pelo fígado h) Modulam a microbiota intestinal (aumento dos simbiontes) Meyer D, Stasse-Wolthuis M. The bifidogenic effect of inulin and oligofructose and its consequences for gut health. Eur J Clin Nutr 2009; PROBIÓTICOS São definidos comopreparações ou produtos contendo microrganismos viáveis, bem definidos, e em quantidade suficiente para alterar a microbiota intestinal, exercendo assim efeitos saudáveis no organismo. A Organização Mundial de Saúde define probióticos como “organismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefício à saúde do hospedeiro” (FAO/WHO, 2001) Prebióticos, Probióticos e Simbióticos Efeitos Fisiológicos dos Probióticos 1) Inibição de bactérias intestinais indesejáveis Pode ocorrer por produção de substâncias bactericidas: Os lactobacilos podem produzir peróxido de hidrogênio, substância inibidora da Escherichia coli, salmonela, etc. Adesão à mucosa e multiplicação - este termo se refere à capacidade dos probióticos de aderirem nas vilosidades intestinais competindo e inibindo a fixação de patogênicos, como por exemplo, escherichia coli. 2) Ativação da imunidade humoral e celular Os Lactobacilos acidófilo, bulgárico e casei parecem aumentar a atividade fagocitária, a síntese de imunoglobulinas (IgA) e a ativação dos linfócitos T e B. 3) Aumento da digestibilidade da lactose Os Lactobacilos produzem a enzima beta galactosidase que facilita a digestão da lactose Características do Probiótico Ideal 1) Ser de natureza humana 2) Ser não patogênico, seguro 3) Ser resistente ao ácido e à bile 4) Aderir ao epitélio intestinal (maior interação com o sist. Imune) 5) Colonizar o trato gastrointestinal 6) Exercer atividade antimicrobiana – via metabólitos bacterianos (ácidos orgânicos, peróxido de hidrogênio, diacetil) ou bacteriocinas (ex: nisina, reuterina). Iannitti T, Palmieri B. Therapeutics use probiotic formulation in clinical pratice. Clin Nutr 2010. SIMBIÓTICOS: São produtos compostos pela união de prebióticos e probióticos que têm sido utilizados com resultados muito animadores; Em algumas situações, como na restauração da microbiota intestinal em pacientes internados em UTI e na prevenção de infecção neste grupo de pacientes, os resultados com simbióticos foram mais promissores do que os obtidos com prebióticos e probióticos isoladamente. Prebióticos, Probióticos e Simbióticos Bengmark S. Synbiotics to strengthen gut barrier function and reduce morbidity in critically ill patients. Clin Nutr 2004. Principais Ações descritas para os Prebióticos, Probióticos e Simbióticos SIMBIÓTICOS PROBIÓTICO PREBIÓTICO • Inibe aderência de bact. Gram(-) • Secreta inibidores de bact. Patog. • Reduz pH colônico • Indução de fatores de crescimento • Aumento prod. de mucina Aumento do butirato; Ação sobre a motilidade GI Efeito nutricional Aumento da lactase Reduz citocinas Inflamatórias; Aumenta IL-10; Induz Apoptose Aumenta síntese de IgA secretora Modula macrófagos, cél. NK, proliferação de linfócitos Reduz a permeabilidade intestinal Aplicações Clínicas dos Prebióticos, Probióticos e Simbióticos Indicações Tradicionais (Apoiados pela Literatura Científica) 1) Prevenção e tratamento da diarreia aguda 2) Prevenção da diarreia pós-antibiótico 3) Constipação intestinal 4) Prevenção de infecções respiratórias e gastrointestinais em creches 5) Doença inflamatória intestinal (Crohn, RCU, “ pouchitis”) 6) Recomposição da microbiota intestinal em idosos 7) Aumento da absorção intestinal (cólon) de sais minerais (cálcio) – adolescentes, mulheres na menopausa, prevenção da osteoporose. 8) Intolerância à lactose. Aplicações Clínicas dos Prebióticos, Probióticos e Simbióticos Indicações Potenciais (Estudos iniciais promissores ou experimentais) 1) Gastroenterologia Dispepsia funcional; Infecção por H. pilori; Prevenção do câncer de cólon; Esteatose hepática; Prevenção de cálculo biliar de colesterol; Prevenção de diarreia pós-radioterapia (enterocolite actínica). 2) Imunologia e Alergia Prevenção e tratamento do eczema atópico Melhora da condição imunologica em idosos; 3) Endocrinologia Redução do colesterol e triglicérides em hiperlipidêmicos leves/moderados 4) Reumatologia Artrite reumatóide. Formulação Básica de Simbiótico • Lactobacillus Acidophillus .................. 2 bilhões • Lactobacillus Bulgaricum .................. 2 bilhões • Lactobacillus Bifidum .................. 2 bilhões • Lactobacillus Rhamnosus.................. 2 bilhões • Frutooligossacarídeos ....................... 200 mg Doença Inflamatória Intestinal • As doenças inflamatórias do intestino incluem a Retocolite Ulcerativa (RCU) e a Doença de Crohn (DC). São de etiologia desconhecida; • Por definição a RCU limita-se ao cólon e reto. Já a DC pode ocorrer em qquer segmento do tubo digestivo; em cerca de 50% dos casos, estão envolvidos o ID e o cólon, 20% localiza-se no íleo terminal, 20% difusamente no ID e 10% no cólon isoladamente. Em cças, sua localização mais freqüente é na região do íleo e cólon direito; Doença Inflamatória Intestinal • Etiologia: ambas são consideradas idiopáticas, pois não se identificou um agente patológico específico p/ as duas ou p/ cada doença isoladamente; • Atualmente, aceita-se que a origem dessas doenças seja multifatorial, envolvendo agentes genéticos, imunes, ambientais (possivelmente microbiológico), alimentares e alterações na permeabilidade da barreira do epitélio colônico; Doença Inflamatória Intestinal Fisiopatologia Na DC, a inflamação da mucosa, pode provocar diferentes fenômenos disabsortivos, que dependendo da extensão e da localização anatômica da lesão determinam o grau de má absorção, assim como o tipo de nutriente envolvido; A dor abdominal na RCU é decorrência do comprometimento da mucosa colônica, surgindo a diarréia com muco e/ou sangue e eventualmente pus. A inflamação transmural, lesa terminações nervosas, intensificando e perpetuando a dor c/ a evolução da doença; Doença Inflamatória Intestinal • Comprometimento do duodeno e jejuno proximal leva a má absorção de folatos, vitaminas, ferro, glicídios e lipídios; • Comprometimento do íleo distal provoca má absorção de gorduras e AAs e comprometimento do íleo terminal, má absorção de vit. B12 e lipídios; • Depleção de K ocorre c/ certa frequência por falta de ingestão e por perda excessiva através das fezes. Hipocalcemia, acompanhada às vezes de hipomagnesemia, pode ser observada em alguns pctes em consequência à hipoalbuminemia, à esteatorréia e à má absorção de vit. D Doença Inflamatória Intestinal Epidemiologia: • Acomete ppmente adultos jovens entre 20 a 40 anos; • Na literatura, a incidência de cças menores de 10 anos c/ DC, p/ alguns autores varia entre 2-17% e entre 1,5-3% p/ RCU; Quadro Clínico: • É mto variado pois, depende da duração, localização, extensão, atividade da doença e da presença ou não de complicações; • A dor abdominal é acompanhada de diarréia de baixa ou alta frequência, variando de aspecto líquido até a presença de muco e sangue Doença Inflamatória Intestinal Quadro Clínico: • A hemorragia digestiva baixa é um sinal mto presente, podendo ser isolada, discreta ou maciça nos casos mais graves; • A dor abdominal é acompanhada de urgência p/ evacuar, forçando o pcte a procurar várias vezes o sanitário, c/ eliminação mtas vezes de apenas sangue e pus; • Nas cças menores, a dor abdominal é interpretada pelo intenso choro, inconsolável, acompanhado de contração da parede abdominal, vômitos, náuseas e anorexia; • A dor pode piorar após a ingestão de alimentose às vezes melhora após defecação. Em relação à duração, periodicidade e freqüência, varia conforme a evolução da doença. Doença Inflamatória Intestinal Diagnóstico • Ainda depende da experiência clínica do gastroenterologista combinada ao patologista por meio de dados objetivos da biopsia seriada do TGI alto e baixo e exclusão de todas as outras possibilidades diagnósticas; Tratamento • O ttmento da RCU e da DC varia conforme o grau de gravidade de cada uma das doenças. Esta gravidade pode ser classificada por meio da graduação preconizada por Lloyd-Still e Green, 1979, p/ classificar a gravidade das doenças inflamatórias intestinais em cças. Pontuação Total de Pontos Atividade Geral menos de 3 evacuações/dia. Freqüência à escola 10 3-5 evacuações/dia. Ausência Escolar < 4 sem/ano 5 Mais de 5 evacuações/dia, febre, inatividade 1 Exame físico: abdome normal – massa - distensão 10 – 5 – 1 Períneo normal 10 Proctoscopia friabilidade 5 Úlcera, pseudopólipo, sangramento, fístula, várias fissuras 1 Artrite ausente 5 Uma articulação/artralgia 3 Múltiplas articulações 1 Pele normal 5 Estomatite leve 3 Estomatite intensa, uveíte, eritema nodoso 1 Nutrição: Altura normal 10 Pontuação Total de Pontos Reduzida entre 1° e 2° DP – reduzida além do 2° DP 5 - 1 Peso: Normal – reduzido entre 1° e 2° DP – reduzido além do 2° DP 10 – 5 - 1 Radiografia: Normal 15 Ileíte, retocolite até ângulo esplênico 10 Colo total ou ileocolo – obstrução ou megacólon 5 - 1 Laboratório: Hematócrito mais de 40 5 Entre 25 - 35; menor de 24 3 – 1 Hemossedimentação: normal 5 Entre 20 – 40; acima de 40 3 – 1 Leucócitos normais; menos de 20.000; acima de 20.000 5 – 3 - 1 Albumina Normal 10 3g% 5 Menos de 2,5% 1 Tratamento Clínico Na forma grave (pontuação menor que 40): • Em surto inicial ou reagudizado, c/ hemorragia maciça ou megacólon tóxico, o pcte deve ser mantido em cuidados intensivos a fim de monitorar e corrigir a anemia aguda, hipotensão, distúrbios eletrolíticos, especialmente o potássio; • Hidratação correta, transfusões de sangue e plasma, reposição de albumina, pausa alimentar, NPT, sondagem nasogástrica contínua e repouso são medidas essenciais; • O pcte deve ser vigiado constantemente, pois conforme a evolução torna-se obrigatória a indicação cirúrgica de urgência; Tratamento Clínico • Simultaneamente a esses cuidados a terapêutica medicamentosa é iniciada usando-se hidrocortizona EV na dose de 100-200 mg/dia e na ausência de resposta clínica, ciclosporina EV 1-2 mg/kg/dia, em duas tomadas; Nas formas moderadas (pontuação entre 40-80) • Desde o início ou em sequência a um surto grave, mas superado, as bases terapêuticas são repouso relativo, isenta de lactose, sacarose e hipoalergência na DC, e reduzida em fibras vegetais em ambas as doenças; • O corticóide indicado nesta fase é prednisona, por via oral Tratamento Clínico Na forma leve (quando a pontuação é superior a 80) • O tratamento é dietético, com retirada de lactose, sacarose e dieta hipoalergênica na doença de Crohn e diminuição de fibra vegetal nos dois tipos de doença intestinal; • O ttmento medicamento é feito com a sulfasalazina na RCU, sempre associado ao ácido fólico. Tratamento Nutricional • Alimentação oral (suplementos nutricionais); • Dietas por sondas; • Dieta parenteral: periférica ou central; • O método de alimentação ideal é aquele que permite atingir a oferta calórico-protéica adequada por via oral; Tratamento Nutricional Características da Nutrição Oral na Fase Aguda • Dieta hipercalórica, hipogordurosa, hiperprotéica, normoglicídica; • Dieta sem lactose; • Dieta fracionada; • Isenta de fibra; • Dieta antifermentativa (isenta de açúcares simples e restrição de pães e massas; Tratamento Nutricional Características da Nutrição Oral nos Períodos de Remissão • Dieta hipercalórica, hipogordurosa, hiperprotéica, hiperglicídica; • Evoluir progressiva p/ conteúdo normal em fibras; • OBS: a melhor maneira de melhorar a ingestão oral é evitar grandes restrições dietéticas e estimular a utilização de alimentos que sejam da preferência do pcte; • Entretanto algumas restrições são obrigatórias; Tratamento Nutricional • Deve-se evitar a ingestão de gorduras e frituras, que pioram a diarréia por exercerem efeito irritativo no TGI; • Nas crises agudas suprimem-se as fibras e o leite; • Devem ser evitados os açúcares e massa, porque, sendo alimentos fermentativos, produzem gases e aceleram o ritmo intestinal; Tratamento Nutricional • Admite-se que cerca de 50% dos doentes portadores de DC apresentem aumento da permeabilidade intestinal, sendo observado redução desde processo pela administração de Glutamina, na alimentação por via oral ou parenteral; • Portanto, recomenda-se a adição de 20 a 30g deste AA reconhecidamente essencial p/ o metabolismo do ID, sobretudo em condições de estresse e na doença; Nutrição Enteral • Nos casos mais graves que cursam c/ desnutrição importante e qdo não se consegue manter o pcte satisfatoriamente c/ dieta oral, a NE ou NP constitui um recurso importante; • A NE, além de fornecer nutrientes p/ a recuperação e manutenção do EN, oferece outras vantagens como: • Promoção de repouso intestinal relativo; • Redução de antígenos dietéticos; • Maior oferta de glutamina; • Isenção de lactose; • Modulação na síntese de prostaglandinas Nutrição Enteral • De modo geral a dieta deverá ser: Hipercalórica, com cerca de 40 kcal/kg/dia; Hiperprotéica, 1,5 a 2,0 g/kg/dia; Hipolipídica, 20-25% VCT; • No caso de esteatorreia, pode-se usar uma formulação c/ TCM; • A tolerância à fibras e lactose deve ser avaliada individualmente; • Como padrão dietético, deve-se preferir de início, as dietas poliméricas, visto que são mais fisiológicas, apresentam baixa osmolaridade e são palatáveis, podendo ser usadas como complementos por via oral; Nutrição Enteral • Nos casos mais graves, c/ acometimento intestinal mais extenso, deverá ser usado as dietas de padrão oligomérico (constituídas por peptídeos, oligossacarídeos e TCM) ou monoméricas – dietas elementares constituídas por AAs livres, AGs e glicose; • Existe no mercado uma dieta polimérica enriquecida c/ fator de crescimento beta 2 (TGF-2)(Nestlé - Modulen IBD), foi lançada p/ o tratamento específico da DC; • A dieta é de sabor agradável e, portanto, pode ser ingerida por via oral, e a expectativa é de que possa dispensar o uso de medicamento p/ a DC, além de cumprir sua finalidade nutricional; Nutrição Parenteral • Qdo a doença se apresenta de maneira mais grave, com diarréia intensa, dor abdominal importante e sangramento intestinal, faz-se necessário recorrer à NP; • Na RCU de apresentação grave, c/ diarréia intensa e sanguinolenta intestinal, a NP se impõe como recurso de indicação precisa e formal; • A NP pré-operatória tem sido preconizada em pctes c/ DII c/ desnutrição moderada a grave e, consequentemente, c/ maior risco de complicações pós-operatórias; • Nas fístulas entéricas, há indicação formal e precisa para a NP Principais Indicações da NP nas DII • Pctes gravemente desnutridos que não se recuperam por outros meios; • Doença c/ acometimento extenso e difuso do TGI; • Preparo pré-operatório; • Pós-operatório c/ desnutrição; • Na síndrome do intestino curto; • Presença de fístulas intestinais e fissuras retais refratáriasao ttmento convencional; • Retardo de crescimento não responsivo à dieta oral ou NE; • Contra-indicação ao uso da NE (hemorragia digestiva maciça, obstrução ou semi-obstrução intestinal ou megacólon). Principais Indicações Cirúrgicas na DC e RCU Operações eletivas: • Intratabilidade clínica; • Fístulas; • Obstrução intestinal; • Manifestações extra-intestinais; • Abscessos intraperitoneais; • Retardo de crescimento não responsivo ao traatmento clínico; • Suspeita de associação c/ neoplasias; Operações de Urgência: • Hemorragia grave; • Obstrução aguda; • Perfuração c/ peritonite; • Ileíte aguda e megacólon. Tratamento Cirúrgico nas Doenças Inflamatórias Intestinais Tratamento Cirúrgico na DC • Sabe-se que a DC pode se estender desde a boca até o ânus, mesmo na ausência de doença macroscopicamente visível, além de ser comum manifestações extra-intestinais; • A cirurgia não é capaz de interferir na evolução da doença, impedir recidivas ou alterar o prognóstico em longo prazo; • Logo, deve ser reservada a situações especiais, sempre de maneira o mais conservadora possível, uma vez que possui caráter paliativo; • Estima-se que até 50% dos pctes serão operados em algum momento e, destes, 18% serão reoperados; Colectomia Parcial e Total Ileostomia • A ileostomia é uma criação cirúrgica de uma abertura artificial (estoma),mais especificamente no íleo (Intestino Delgado), podendo ser temporária ou permanente; • Essa abertura será o local por onde sairão as fezes que serão armazenadas em uma bolsa coletora; • Na ileostomia, as fezes são mais líquidas uma vez que a absorção da água ocorre no Intestino Grosso. Colostomia • Definição: A colostomia é uma criação cirúrgica de uma abertura artificial (estoma) no cólon, podendo ser temporária ou permanente, fazendo c/ que uma parte do intestino fique exposta no abdome. Esta abertura será o local por onde sairão as fezes, que por sua vez serão armazenadas em uma bolsa coletora; • Dependendo da localização da colostomia, ela pode ser classificada em: Colostomia Ascendente – As fezes são líquidas; Colostomia Transversa – As fezes são semi-líquidas; Colostomia Descendente – As fezes são formadas; Colostomia Sigmóide – As fezes são firmes e sólidas. Colostomia Temporária A colostomia temporária é feita para que as fezes sejam desviadas do baixo cólon e o reto até que estes sejam restaurados. Quando a região encontra-se restabelecida, uma segunda cirurgia é feita para fechar o estoma e normalizar as funções intestinais Colostomia Definitiva A colostomia definitiva é necessária quando o baixo reto é inteiramente retirado. Após a cirurgia, é colocada uma bolsa especial no estoma, a fim de coletar as fezes Estoma Alimentação de Ostomizados • Não existe uma dieta especifica para pessoas ostomizadas, apenas algumas considerações especiais. Logo após a cirurgia recomenda- se a ingestão de alimentos com pouca gordura e resíduos, como por exemplo: Carne bovina sem gordura; Aves sem pele e peixes; Leite e queijo com pouca gordura; Sopa de arroz, massas ou legumes; Arroz, batata cozida ou assada sem casca; Legumes; Frutas e sucos de frutas; Pão e cereais, torradas e biscoitos de água e sal; Gelatinas, sorvetes de frutas; Chás ou café sem cafeína. Alimentação de Ostomizados • Mastigar bem os alimentos para evitar a obstrução ou bloqueio da ostomia. É muito importante o aumento da ingestão de líquidos ( 6 a 8 copos por dia); • Porém certos alimentos apresentam implicações para as pessoas com ostomias e devem ser evitados para prevenir obstruções, gases ou mau cheiro, irritação no cólon ou mudança de cor nas fezes, como: • Alimentos que podem obstruir a passagem de fezes aipo, pratos chineses, grãos (feijão de todos os tipos), nozes e castanhas, legumes crus, frutas secas, milho, pipoca, tirar o coco Alimentação de Ostomizados Produzem mau cheiro: • peixe, cebola, queijos fortes, ovos, alho, aspargos, repolho, creme de amendoim; Produzem gases: • Repolho, cerveja, ervilha, milho, couve-flor, grãos (feijão), cebola, leite integral, espinafre, chicletes, Produzem irritações • legumes crus, leite, frutas secas, cerveja, cereais integrais, ameixas; Alimentação de Ostomizados Provocam alterações na cor das fezes • Morangos, beterraba, gelatina de morango, suplementos de ferro, corantes vermelhos para decoração; Provocam diarréia • Vagem,alimentos apimentados, frutas secas, cerveja, brócolis, espinafre; Fístulas Digestivas FÍSTULA - CONCEITO • Comunicação anormal entre dois órgãos ou entre um órgão e o exterior. • Fístula digestiva envolve órgãos do aparelho digestório. FÍSTULAS Passagem anormal entre dois órgãos internos ou de um interno para a superfície do corpo. FÍSTULA - CONCEITO • As fístulas gastrointestinais representam complicações importantes no período pós operatório, especialmente de cirurgias abdominais e são associadas a altos índices de morbidade e mortalidade. • Permitem o contato de secreções do tubo digestório com o interior do abdome - outra víscera oca intra-abdominal ou em cavidade livre (fístula interna), ou com o meio externo (fístula externa), promovendo grande perda de secreção digestiva; • A ocorrência desta complicação prolonga o tempo de internação hospitalar e conseqüentemente, aumenta os custos financeiros. Classificação das Fístulas do TGI • Não existe uma classificação padronizada, mas na avaliação de um doente portador de uma fístula pós-operatória, considera-se: • Débito da Fístula: admite-se como fístula de alto débito aquela com perde de 500mL ou mais de líquido no período de 24h, c/ o doente em jejum; • Nível da Fístula: pode ser classificada de acordo c/ a sua localização do tubo digestivo, sendo que as de nível mais alto (estômago, duodeno ou jejuno proximal) determinam alterações hidroeletrolíticas e metabólicas mais acentuadas em função do débito mais elevado. Fístulas Digestivas e suas Consequências Mais freqüentes: • Distúrbios hidroeletrolíticos • Infecção • Desnutrição • Impossibilidade absoluta ou relativa de se alimentar; estado hipermetabólico; perda protéica; lesões cutâneas (contato direto c/ secreções digestivas leva a queimadura química, gerando infecção grave). Fístulas Digestivas e suas Consequências • Distúrbios metabólicos; • Falta de absorção de nutrientes; • Déficit nutricional; • Comprometimento da parede abdominal; • Infecção intracavitária; • Sangramento gastrointestinal. Tratamento Geral das Fístulas Digestivas • Cuidados locais c/ a pele e parede abdominal; • Reposição volêmica; • Correção dos distúrbios hidroeletrolíticos e ácido- básicos; • Redução da secreção gastrointestinal; • Terapia nutricional; • Combate à infecção; • Critérios para indicação operatória. Cuidado Nutricional nos Casos de Fístulas OBJETIVO: melhorar o estado nutricional ou impedir que ele se deteriore. Cuidado clássico: NPT para repouso completo do intestino e diminuição das secreções digestivas. Cuidado atual: NPT e NE. Alimentos têm atuação trófica sobre a mucosa. CONSIDERAÇÕES: a) NPT: tratamento inicial em fístulas de alto débito. b) NE: fístulas altas ou baixas, em que se consegue passar sonda distalmente a ela. c) Se o débito aumentar com NE, retornar para NPT. Cuidado Nutricional nos Casosde Fístulas Terapia Nutricional no Doente c/ Fístula • A dieta por via fisiológica normal pode ser utilizada em fístulas distais (íleo terminal ou cólon) de baixo débito e fístulas exclusas do trânsito intestinal, que não apresentam complicações; • A utilização de dieta oral está condicionada ao débito da fístula. Caso o seu emprego aumente muito e de forma persistente a perda de secreção gastrointestinal, o melhor é manter o doente em jejum, evitando a espoliação de líquidos e distúrbios hidroeletrolíticos; Conclusão • As fístulas do aparelho digestivo, uma vez diagnosticadas são de tratamento clínico inicial, exceto quando houver indicação operatória pela presença de complicação; • O repouso do tubo digestivo associado a NP total é a base da terapêutica; • Como princípio, o tratamento operatório deve ser evitado: nos primeiros dias ou semanas após o diagnóstico; qdo estiver ocorrendo redução do débito da fístula, na presença de déficit nutricional; e antes de uma terapêutica clínica adequada. Síndrome do Intestino Curto Introdução • A síndrome do intestino curto (SIC) corresponde a um cjto de sinais e sintomas decorrentes de insuficiência intestinal pela perda da capacidade de absorção, decorrente da redução da superfície absortiva; • Pessoas acometidas por esta síndrome podem desenvolver várias complicações nutricionais e infecciosas, evoluindo c/ diarréia grave, má-absorção, distúrbios metabólicos e hidroeletrolíticos e, mtas vezes incapacidade de manutenção do status nutricional; Etiologia • A causa das ressecções extensas intestinais tem correlação estreita c/ a faixa etária estudada; • Nos adultos jovens, a DC representa a principal causa; a doença vascular mesentérica e as ressecções decorrentes de neoplasias malignas são mto importantes nos idosos; • Cerca de 15% dos pctes que tem intestino ressecado desenvolvem SIC, seja por ressecção maciça (75%), seja por enterectomias múltiplas, como na DC (25%); Etiologia • Ressecções intestinais pequenas (menos de 33% do intestino original) não produzem alterações, enquanto ressecções de mais de 50% podem levar a repercussões clínicas, metabólicas e nutricionais; • Manifestações graves podem ser observadas em pctes c/ menos de 200 cm de intestino (jejuno e íleo). Qdo a mucosa remanescente é normal e o cólon está intacto, o comprimento mínimo p/ manutenção do estado nutricional é de 50 a 70 cm; • Segundo alguns autores, pctes c/ menos de 100 cm de ID e que não tenham o cólon, em geral necessitaram de Nutrição Parenteral; Complicações da SIC • A vit. A importante p/ a diferenciação celular das céls. do epitélio intestinal e p/ a imunidade de resposta celular e humoral, necessitará de reposição parenteral freqüente, em virtude de os sinais de diminuição serem bastante tardia; • As ressecções ileais comprometerão a absorção de vit. B12 , o que poderá favorecer o supercrescimento bacteriano intestinal; • A diminuição da superfície da mucosa e da disponibilidade total de dissacaridases compromete a absorção de CHOs, podendo haver melhora durante o processo de adaptação; Fatores Prognósticos Ajudam a prever a evolução após a ressecção intestinal: • Idade avançada. As cças tem melhor prognóstico, tendo em vista a ausência de co-morbidades; • Extensão do intestino residual; • Local da ressecção. Se mais distal (íleo) que proximal (jejuno); • Ausência de válvula ileocecal (esfíncter fisiológico); • Ausência de cólon (comprometimento da absorção hidroeletrolítica durante a fase de adaptação e prevenção do supercrescimento bacteriano; • Doença do intestino residual (capacidade absortiva reduzida); • Ausência de processo adaptativo intestinal Tratamento Nutricional • Assim que possível, a utilização da via digestiva deverá substituir a via parenteral; • O jejum via oral é mantido por 1 a 2 semanas, p/ evitar a introdução de substâncias osmoticamente ativas no intestino que agravam as perdas de fluidos e eletrólitos; • Alimentação líquida oral (isotônica) poderá ser reintroduzida assim que houver remissão do íleo; • Reidratação, c/ soluções de glicose e eletrólitos deverão ser estimuladas. A oferta de líquidos deverá ser em torno de 500 a 1000 mL/dia (soluções isotônicas); Tratamento Nutricional • A glutamina poderá ser administrada em pequenas doses (10g/3 vezes ao dia); • A partir da fase transicional, deve-se avançar gradualmente a alimentação oral. A NP é descontinuada reduzida lentamente, enquanto a alimentação oral é elevada, sem se permitir piora da diarréia; • O aporte calórico dependerá da aceitação e da necessidade em função da intensidade e volume da diarréia; • Em geral, 30-40 kcal/kg/dia de peso ideal são suficientes p/ pctes que perderam mais de 50% do intestino; Tratamento Nutricional • Esses pctes apresentam uma taxa de absorção em torno de 62% do total ingerido, e, destes, 54% de gorduras, 61% de CHOs e 81% de ptnas; • Pctes mantidos c/ cólon podem apresentar piora da diarréia c/ dieta rica em gordura devido a estimulação na secreção de água e eletrólitos pelos AGs mal digeridos; • Esses pctes se beneficiam c/ dietas ricas em CHOs complexos (50-60% das calorias) e pobres em gorduras (até 30%); • A reposição de vitaminas lipossolúveis e oligoelementos deverá ser feita rigorosamente p/ esses pctes; Tratamento Nutricional • A reposição de vit. D evita a osteomalácea – deve ser feita na dose de 50.000 UI/dia até normalização plasmática e, então semanalmente; • Vitamina A – 10.000 a 50.000 UI/dia; • Vitamina E – 30 UI/dia; • Vitamina K – 5 mg/dia – o controle dessa vitamina deve ser feito através do tempo e atividade de protrombina; • Vitamina B12 – 10-300 mcg/dia ou 1.000 mcg/mês. A reposição desta vitamina deverá ser instituída qdo houver ressecção do íleo terminal; Tratamento Nutricional • Magnésio – 2 mL MgSO4 50%. A reposição de Mg é complicada, já que as preparações orais causam diarréia, por isso deve-se usar a via parenteral; • Zinco – 22 mg/dia. As perdas de Zn se fazem pelas fezes, sondagem nasogástrica e através das fístulas. Sua reposição se faz c/ multivitamínicos que fornecem 22g de Zn elementar; • A falha na reintrodução da dieta oral constitui indicção p/ o estabelecimento de NE contínua (in bolus pode causar diarréia); • Dietas poliméricas isotônicas são mais adequadas e devem incluir maior concentração de ptnas e CHOS, c/ baixo teor de gorduras Tratamento Nutricional • Caso não haja restabelecimento do peso e recuperação do equilíbrio hidroeletrolítico, possivelmente haverá necessidade de NP; • Nos casos de falência intestinal, a NPT pode prover o organismo de recursos nutricionais, pelo tempo que for necessário, p/ que a adaptação intestinal aconteça; • Pcte c/ NPT exclusiva necessitarão de 20 a 30% das calorias por meio das gorduras; 1 a 1,5 g/kg/dia de proteínas e o restante por meio de CHOs; • Vitaminas e oligoelementos serão administrados de modo a manter as concentrações séricas normais. Síndrome do Intestino Irritável Introdução • A Síndrome do Intestino Irritável (SII) é uma doença comum, e caracteriza-se pela alteração do hábito intestinal, podendo estar associada à dor e distensão abdominais; • Em geral, a síndrome está relacionada à ansiedade e ao estresse psicossocial e, afeta 12% das pessoas em todo o Mundo; • A dor abdominal e o desconforto intestinal experimentados pelos pacientes com SII causam a piora na qualidade de vida, e fazem com que estes pacientesprocurem ajuda médica; Introdução • A SII ocorre em idades variáveis, mas é mais freqüente durante a adolescência e na terceira e quarta décadas de vida; • O início dos sintomas após 50 anos de idade é incomum; • As mulheres são duas vezes mais afetadas do que os homens, e a associação com períodos de estresse psicossocial é evidente. Etiologia • As causas da SII são desconhecidas, mas acredita-se que estejam associadas a aumento da sensibilidade intestinal e a alterações motoras do intestino; • A ansiedade e o estresse psicossocial devem ser sempre lembrados, já que são eles que desencadeiam e mantém, na maior parte das vezes, os sintomas intestinais e abdominais; • As alterações de sensibilidade intestinal (hipersensibilidade) caracterizam-se pelo surgimento da dor em cólica em condições em que a pressão intestinal aumenta, como na flatulência e na constipação; Etiologia • O que chama a atenção nos pacientes com SII é que a pressão que seria bem tolerada em uma pessoa sem a doença, causa um imenso desconforto e dor nos pacientes portadores desta enfermidade; • Quanto às alterações motoras intestinais, estas se caracterizam pelo funcionamento anormalmente rápido ou lento do intestino; • Quando o funcionamento intestinal é rápido, a diarréia é o sintoma preponderante, e quando lento, é a constipação que se faz presente; Sintomatologia • Os sintomas da Síndrome do Intestino Irritável são dor abdominal (cólica), distensão abdominal (gases), diarréia e constipação; • A diarréia é um sintoma comum e inconveniente, já que altera o estilo de vida (idas freqüentes ao banheiro), incontinência fecal (perda involuntária de fezes), urgência evacuatória e ansiedade; • A constipação está associada à distensão abdominal, flatulência, dor abdominal e alteração estética. Em alguns casos há alternância dos sintomas, ou seja, em um período o paciente se queixa da diarréia, e em outro, da constipação. Tratamento não Medicamentoso • O tratamento não medicamentoso é adequado para muitos pacientes, e deve ser mantido quando se opta pelo tratamento medicamentoso; • A alteração no estilo de vida deve ser levada em consideração, já que o estresse e a ansiedade são os fatores que desencadeiam e mantém os sintomas intestinais; • Neste aspecto, a realização de exercícios físicos também tem grande valor; • O cuidado c/ a dieta é importante, e deve-se evitar alguns tipos de alimentos, como a cafeína em excesso, alimentos ricos em gordura, excesso de lactose (leite, queijo). Tratamento não Medicamentoso • Nos pacientes com constipação, deve-se estimular a dieta rica em fibras; • Nos casos em que há distensão abdominal devido a gases intestinais, alimentos como feijão, lentilha, brócolis (não cozida) e couve-flor devem ser evitados; • A utilização de suplementos de fibras é estimulada nos pacientes com SII, já que nestes casos, as fezes se tornam mais pastosas, e os movimentos intestinais são mais eficientes, com conseqüente evacuação menos traumática; Tratamento não Medicamentoso • A psicoterapia é utilizada naqueles pacientes em que os fatores emocionais estão fortemente relacionados aos sintomas; • Nos pacientes com diarréia e dor abdominal, a psicoterapia mostra bons resultados; • Infelizmente, o mesmo não se observa nos pacientes com constipação. Em termos Práticos: como Reduzir os Processos Inflamatórios a Partir do Controle da Disbiose? 1. Identificando o aumento da permeabilidade intestinal (aplicar o questionário de hiperpermeabilidade intestinal); 2. Levantando os possíveis gatilhos para sua disbiose e hiperpermeabilidade; 3. Tratando 4. Reavaliando os sintomas Questionário de Hiperpermeabilidade Intestinal 0 = sintoma raramente presente ou ausente 1 = sintoma leve/de vez em quando; 2 = sintoma moderado/frequentemente; 3 = sintoma severo/quase sempre 1) Diarreia ou constipação 0 1 2 3 2) Dor abdominal ou distensão 0 1 2 3 3) Muco ou sangue nas fezes 0 1 2 3 4) Dor articular, inchaço ou artrite 0 1 2 3 5) Fadiga frequente ou crônica 0 1 2 3 6) Alergia ou intolerância alimentar 0 1 2 3 7) Congestão nasal ou de seios nasais 0 1 2 3 8) Inflamações frequentes ou crônicas 0 1 2 3 Questionário de Hiperpermeabilidade Intestinal 9) Eczema ou urticária 0 1 2 3 10) Asma ou alergias aéreas 0 1 2 3 11) confusão, pouca memória, mal humor 0 1 2 3 12) Uso de AINES 0 1 2 3 13) História de uso de antibiótico 0 1 2 3 14) Consumo de álcool ou seu uso lhe faz mal 0 1 2 3 15) RCU, DC ou Doença celíaca 0 1 2 3 1-5 pontos: baixa prioridade / 6-10 pontos: caso leve / 7-19 pontos: moderada prioridade / > 20 pontos: grande prioridade LIPSKY E. Digestive Wellness, 2000.