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Sistema Único de Saúde - SUS: Diretrizes e Princípios Sistema Único de Saúde (SUS) • É um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo. • Abrange desde o simples atendimento ambulatorial até o transplante de órgãos, garantindo acesso integral, universal e gratuito para toda a população do país. •É uma nova formulação política e organizacional para o reordenamento dos serviços e ações de saúde estabelecidas pela Constituição de 1988. •O Sistema Único de Saúde – SUS é formado pelo conjunto das ações e serviços de saúde sob gestão pública • Por que Sistema Único? Porque ele segue a mesma doutrina e os mesmos princípios organizativos em todo território nacional, sob a responsabilidade das três esferas autônomas de governo: federal, estadual e municipal. •Baseado nos preceitos constitucionais, o SUS se norteia pelos seguintes princípios O SUS Princípios do SUS Doutrinários Organizativos • Universalidade • Equidade • Integralidade • Participação popular • Descentralização e Comando Único • Regionalização e hierarquização Princípios Doutrinários do SUS Universalidade • É a garantia de atenção à saúde por parte do sistema, a todo e qualquer cidadão. Com a universalidade, o indivíduo passa a ter direito de acesso a todos os serviços públicos de saúde, assim como aqueles contratados pelo poder público • Saúde é direito de cidadania e dever do Governo: municipal, estadual e federal. • Atender gratuitamente a todos, sem distinções ou restrições • Torna os serviços acessíveis a toda a população. Para isso, é preciso eliminar barreiras jurídicas, econômicas, culturais e sociais que se interpõem entre a população e os serviços Integralidade • Cada pessoa é um todo indivisível e integrante de uma comunidade. As ações de promoção, proteção e recuperação da saúde formam também um todo indivisível e não podem ser compartimentalizadas. • As unidades prestadoras de serviço, com seus diversos graus de complexidade, formam também um todo indivisível configurando um sistema capaz de prestar assistência integral. • Oferecer a atenção em qualquer nível de complexidade, gerando ações de promoção da saúde, prevenção de riscos e agravos, assistência e recuperação. Princípios Doutrinários do SUS Integralidade • Dispõe de unidades de prestação de serviços, pessoal capacitado e recursos necessários à produção de ações de saúde que vão desde as ações inespecíficas de promoção da saúde em grupos populacionais definidos, às ações específicas de vigilância ambiental, sanitária e epidemiológica dirigidas ao controle de riscos e danos, até ações de assistência e recuperação de indivíduos enfermos, sejam ações para a detecção precoce de doenças, sejam ações de diagnóstico, tratamento e reabilitação. • Enfim: "O homem é um ser integral, biopsicossocial, e deverá ser atendido com esta visão integral por um sistema de saúde também integral, voltando a promover, proteger e recuperar sua saúde.“ Princípios Doutrinários do SUS Equidade • Necessidade de se “tratar desigualmente os desiguais” de modo a se alcançar a igualdade de oportunidades de sobrevivência, de desenvolvimento pessoal e social entre os membros de uma dada sociedade • Todo cidadão é igual perante ao SUS e deve ser atendido conforme suas necessidades, até o limite do que o Sistema pode oferecer. • Disponibilizar recursos e serviços com justiça, de acordo com as necessidades de cada um, canalizando maior atenção aos que mais necessitam • É assegurar ações e serviços de todos os níveis de acordo com a complexidade que cada caso requeira, assim como aqueles contratados pelo poder público. Princípios Doutrinários do SUS Descentralização • Redistribuição das responsabilidades quanto às ações e serviços de saúde entre os vários níveis de governo, a partir da ideia de que quanto mais perto do fato a decisão for tomada, mais chance haverá de acerto. • Processo de transferência de responsabilidades de gestão para os estados e municípios, atendendo às determinações constitucionais e legais que embasam o SUS e que definem atribuições comuns e competências específicas à União, estados, Distrito Federal e municípios. • A abrangência de um município deve ser de responsabilidade do governo municipal; o que abrange um estado ou uma região estadual deve estar sob responsabilidade do governo estadual; e, o que for de abrangência nacional será de responsabilidade federal. – 27 Unidades da Federação (26 Estados e 1 DF) – 5570 municípios (2014) Princípios Organizativos do SUS • Regionalização e hierarquização Regionalização - A população deve estar vinculada a uma rede de serviços hierarquizados, organizados por região, com área geográfica definida. É um processo de articulação entre os serviços existentes, com comando unificado. A oferta de serviços deve ser planejada de acordo com os critérios epidemiológicos Hierarquização - Os serviços devem ser organizados em níveis de complexidade crescente. Além de dividir os serviços em níveis de atenção, deve incorporar os fluxos de encaminhamento (referência) e de retornos de informações ao nível básico do serviço (contrarreferência). Princípios Organizativos do SUS 11 • Regionalização e hierarquização Os serviços devem ser organizados em níveis de complexidade tecnológica crescente, dispostos numa área geográfica delimitada e com a definição da população a ser atendida - população adscrita. Princípios Organizativos do SUS Participação Social • Direito da sociedade de participar das gestões públicas – é dever do poder público garantir as condições para essa participação • É a garantia constitucional de que a população, através de suas entidades representativas, participará do processo de formulação das políticas de saúde e do controle da sua execução, em todos os níveis, desde o federal até o local. l. Princípios Organizativos do SUS Participação Social • Uma forma de participação são as conferências de saúde, periódicas, para definir prioridades e linhas de ação sobre a saúde. • Deve ser também considerado como elemento do processo, participativo o dever das instituições oferecerem as informações e conhecimentos necessários para que a população se posicione sobre as questões que dizem respeito à sua saúde Princípios Organizativos do SUS Conferências Nacionais de Saúde Participação Social Conselho Municipal de Saúde • É um órgão colegiado de caráter permanente, deliberativo, consultivo, normativo e fiscalizador das ações e serviços de Saúde no âmbito do SUS, no município. • Atua na formulação e proposição de estratégias e no controle da execução das políticas de Saúde, inclusive em seus aspectos econômicos e financeiros. • Constituído por participação paritária de usuários (50%), trabalhadores de saúde (25%), representantes do governo e prestadores de serviços (25%), cujas decisões devem ser homologadas pelo chefe do poder legalmente constituído. • Os usuários são escolhidos por membros de sua classe, com direito à voz e voto e sua participação é voluntária e não- remunerada. • As reuniões do Conselho são mensais e abertas para toda a população, com direito à voz. Princípios Organizativos do SUS 16 • Resolubilidade • É a exigência de que, quando um indivíduo busca o atendimento ou quando surge um problema de impacto coletivo sobre a saúde, o serviço correspondente esteja capacitado para enfrentá-lo e resolvê-lo até o nível da suacompetência. Princípios Organizativos do SUS 17 Complementariedade do setor privado • Ocorre quando por insuficiência do setor público, for necessária a contratação de serviços privados • Deve se dar sob três condições: • 1ª - a celebração de contrato, conforme as normas de direito público, ou seja, interesse público prevalecendo sobre o particular; • 2ª - a instituição privada deverá estar de acordo com os princípios básicos e normas técnicas do SUS. Prevalecem, assim, os princípios do SUS, como se o serviço privado fosse público, uma vez que, quando contratado, atua em nome deste; • 3ª - a integração dos serviços privados deverá se dar na mesma lógica organizativa do SUS, em termos de posição definida na rede regionalizada e hierarquizada dos serviços. Princípios Organizativos do SUS 18 Os gestores do SUS são entidades encarregadas de fazer com que o SUS seja implantado e funcione adequadamente dentro das diretrizes doutrinárias e da lógica organizacional, e seja operacionalizado dentro dos princípios citados. Os gestores do SUS 19 OS GESTORES DO SUS Nível federal Nível estadual Nível municipal Ministério da Saúde Ministro da Saúde Secretaria Estadual de Saúde Secretário Estadual de Saúde Secretaria Municipal de Saúde Secretário Municipal de Saúde CONASS – Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde CONASSEMS – Conselho Nacional de Secretários municipais de Saúde 20 PRINCIPAIS RESPONSABILIDADES DOS GESTORES DO SUS Nível federal Ministério da Saúde Ministro da Saúde • Liderar as ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, identificando riscos e necessidades nas diferentes regiões para a melhoria da qualidade de vida da população brasileira. • Planejamento, financiamento, cooperação técnica e controle macroestratégico do SUS 21 PRINCIPAIS RESPONSABILIDADES DOS GESTORES DO SUS • Coordenação das ações de saúde do seu estado. • Consolidar as necessidades propostas de cada município. • Corrigir distorções. • Induzir municípios ao desenvolvimento das ações. • Executar ações de saúde que os municípios não forem capazes de executar. Nível estadual Secretaria Estadual de Saúde Secretário Estadual de Saúde 22 PRINCIPAIS RESPONSABILIDADES DOS GESTORES DO SUS • Programar, executar e avaliar as ações de promoção, proteção e recuperação da saúde. • Ele deve ser o 1º e o maior responsável pelo planejamento, execução e controle das ações de saúde na sua própria área de abrangência. Nível municipal Secretaria Municipal de Saúde Secretário Municipal de Saúde 23 • O principal responsável deve ser o município. Quem é o responsável pelo atendimento ao doente e pela saúde da população? 24 • É a população, o poder legislativo e cada gestor na sua esfera de governo. Quem deve controlar se o SUS está funcionando bem? 25 • Das 3 esferas de governo: federal, estadual e municipal. De onde vem o dinheiro para pagar as ações do SUS? 26 ESFERAS DE PACTUAÇÃO DOS GESTORES DO SUS Comissões Intergestores Tripartite - CIT Comissões Intergestores Bipartite - CIB Ministro da Saúde + CONASS + CONASSEMS Secretário Estadual de Saúde + CONASSEMS 27 • Métodos que não dependem exclusivamente da participação do indivíduo. Ex.: suplementação alimentar, educação em saúde, saneamento básico em comunidades, etc. • Ações de prevenção individual. Ex.: imunização, orientação de higiene bucal, preservativos contra a AIDS, etc. Ações que visam à redução dos fatores de risco 28 Vigilância epidemiológica • Ações que visam obter informações necessárias para conhecer, perceber e prevenir o aparecimento de doenças. • Estas informações são obtidas através de coleta e análise de dados. • A interpretação dos dados obtidos subsidiam a formulação de estratégias de controle e de planejamento. Ações que visam à redução dos fatores de risco 29 Vigilância sanitária • Ações que visam garantir a qualidade de produtos que são consumidos, a qualidade do meio ambiente e dos serviços utilizados pela população, para prevenção e controle dos fatores adversos à saúde. Ações que visam à redução dos fatores de risco 30 Educação em saúde • Criação e fortalecimento de mecanismos individuais de prevenção dos agravos e proteção da saúde. Ex.: alimentação, exercício físico, higiene, etc. Ações que visam à redução dos fatores de risco 31 Legislação específica • Regulamentar fatores que influenciam a saúde da população, como trânsito, funcionamento de fábricas e empresas, comercialização de produtos e combate à criminalidade e violência. Ações que visam à redução dos fatores de risco 32 • Atendimento nos estabelecimentos prestadores de serviços ambulatoriais e hospitalares para prevenção, detecção precoce, tratamento e reabilitação, que devem ser organizados de formar a oferecer resolutividade. • Ações exercidas tipicamente na comunidade e no meio ambiente - Vigilância Epidemiológica, Vigilância Sanitária e Controle de Vetores. Ações que visam à redução dos fatores de risco 33 Programas de Saúde • Existência de grupos de risco, detectados por dados de morbimortalidade, por exemplo; • Respeito aos aspectos de cada doença, como tuberculose, câncer, hanseníase, AIDS, etc; • Programas especiais para situações de risco; • Respeito as condições sociais e epidemiológicas, culturais, microrregionais, etc. Ações que visam à redução dos fatores de risco 34 Leis e Diretrizes do SUS LEI 8080/90 • Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. • Art. 3º A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais; os níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do País. • Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações que, por força do disposto no artigo anterior, se destinam a garantir às pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico, mental e social. LEI 8080/90 • Art. 4º. O conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da Administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público, constitui o Sistema Único de Saúde (SUS). • § 1 º . Estão incluídas no disposto neste artigo as instituições públicas federais, estaduais e • municipais de controle de qualidade, pesquisa e produção de insumos, medicamentos, inclusive de sangue e hemoderivados, e de equipamentos para saúde. • § 2 º . A iniciativa privada poderá participar do SUS, em caráter complementar. LEI 8080/90 • Art. 6º Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema Único de Saúde (SUS): • I - a execução de ações: • a) de vigilância sanitária; • b) de vigilância epidemiológica; • c) de saúde do trabalhador; e • d) de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica; LEI 8080/90 • II - a participação na formulação da política e na execução de ações de saneamento básico; • III - a ordenação da formação de recursos humanos na área de saúde; • IV - a vigilância nutricional e a orientação alimentar; • V - a colaboração na proteção do meio ambiente, nelecompreendido o do trabalho; • VI - a formulação da política de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos e outros insumos de interesse para a saúde e a participação na sua produção; LEI 8080/90 • VII - o controle e a fiscalização de serviços, produtos e substâncias de interesse para a saúde; • VIII - a fiscalização e a inspeção de alimentos, água e bebidas para consumo humano; • IX - a participação no controle e na fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; • X - o incremento, em sua área de atuação, do desenvolvimento científico e tecnológico; • XI - a formulação e execução da política de sangue e seus derivados. LEI 8142/90 • Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências. • Art. 1° - O Sistema Único de Saúde (SUS), de que trata a Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990, contará, em cada esfera de governo, sem prejuízo das funções do Poder Legislativo, com as seguintes instâncias colegiadas: • I - a Conferência de Saúde; e • II - o Conselho de Saúde. § 1° - A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada quatro anos com a representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a situação de saúde e propor as diretrizes para a formulação da política de saúde nos níveis correspondentes, convocada pelo Poder Executivo ou, extraordinariamente, por esta ou pelo Conselho de Saúde. § 2° - O Conselho de Saúde, em caráter permanente e deliberativo, órgão colegiado composto por representantes do governo, prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na formulação de estratégias e no controle da execução da política de saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe do poder legalmente constituído em cada esfera do governo § 3° - O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems) terão representação no Conselho Nacional de Saúde. LEI 8142/90