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Reflexão Crítica sobre Teorias da Personalidade e História da Psicologia

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1ª Reflexão Crítica - 2018/2
Trabalho de Daniel Lofego Estevam (18/0015133) para a matéria Psicologia da Personalidade 1 orquestrada pela orientadora Dr.ª Valeska Zanello juntamente com a mestranda Daniele Fontoura Leal e oferecida pelo Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília.
Resumo
Neste trabalho, dou meu parecer sobre o que foi estudado nos Módulos I e II da disciplina, agregando o meu conhecimento prévio e o meu ponto de vista para fazer um relato da minha experiência pessoal com a matéria. Primeiro, com base no primeiro módulo e com intenção de situar o resto do trabalho, faço uma revisão histórica do pensamento psicológico dentro da filosofia e situo o contexto em que se dá a formação da Psicologia como disciplina de graduação. Em seguida, enfoco duas teorias que foram essenciais para minha transformação de ponto de vista e que exemplificam minha relação com as demais teorias. Foram elas a Psicanálise e a Teoria da Gestalt. Ao fim, abordo a questão principal que rodeou meus pensamentos durante o estudo da personalidade neste semestre, que particularmente, está presente na minha vida e que, acredito eu, seja uma questão deste século. Que é o preconceito e a discriminação existente dentro da sociedade, comparando minhas experiências prévias com o saber adquirido na disciplina.
Em suma, o estudo da disciplina me proporcionou uma visão completamente nova sobre as questões da vida. Uma visão mais centrada no indivíduo e menos na sociedade, como era antes centrada a minha visão. Foi uma experiência importante para mim no sentido de ter contato com outras áreas do conhecimento humano, algo que vejo ser imprescindível na minha formação não só como museólogo, mas também como pessoa que busca atingir a maioridade filosófica.
Introdução: a História da Psicologia
Ao estudar a história da psicologia moderna no módulo I e as teorias da personalidade no módulo II da disciplina, deve-se naturalmente elaborar uma correlação mental entre o que está sendo visto e as fases da epistemologia e do pensamento humano nos períodos da história da sociedade ocidental documentária e sua influência no pensamento individual de cada autor.
A Psicologia esteve presente desde os primórdios do pensamento filosófico. Assim que Sócrates moveu o interesse da filosofia de achar a essência da vida para achar a essência do ser humano e o que o diferenciava da natureza. Foi esse olhar egocêntrico e narcisista que fundamentou todo o conhecimento ocidental encontrado na academia atualmente, e a Psicologia não estaria adversa da influência disso. Assim, a Psicologia encontrou na visão de separação do corpo e alma, de Platão, e no olhar sobre a dependência estrita da vida e da psyche, de Aristóteles, as teorias que primeiro esboçaram um rascunho do que depois se tornaria seu objeto de estudo.
Com a ascensão do império Romano e a consolidação da era cristã, o pensamento humano se embasou numa metafísica religiosa que seria abominada e combatida nos movimentos sócio-político-epistemológicos futuros. Santo Agostinho, um defensor ferrenho da cristandade desta época, adaptou o pensamento platônico para enfatizar a dependência divina do homem. Já São Tomás de Aquino, atuando como um diplomata da religião e da razão que viveu a revolução francesa e a revolução industrial, explicou os dogmas cristãos por meio de argumentos racionais, com base no pensamento aristotélico.
Depois destas duas grandes revoluções e com o estabelecimento do capitalismo, surge o Renascimento, um movimento que abdica e demoniza a visão teísta da humanidade, reinaugurando o narcisismo grego por meio do racionalismo filosófico e criando bases de um pensamento cientificista ainda moralmente descompromissado. Neste período descobre-se o Heliocentrismo por meio de Copérnico, desvenda-se terras por meio do colonialismo e da escravidão e se consolida uma cultura da arte erudita. O filósofo René Descartes traz de volta a importância da separação entre corpo e espírito, e de como o primeiro se torna inútil sem o segundo.
No século XIX, o racionalismo se agravou. Nasce o Positivismo de Comte e o cientificismo exacerbado se encontra em sua era de ouro. Foi neste século que se consolidaram características do capitalismo, como o individualismo, o objetivismo e a busca de um método para a produção em massa, na produção de conhecimento ocidental, surgindo assim a academia científica e as várias ciências que coexistem até hoje como a Sociologia e a própria Psicologia.
Foi neste contexto que nasce a Psicanálise de Sigmund Freud, uma das mais renomadas e revisadas teorias da Psicologia e a que mais me marcou pessoalmente.
Primeiro contato: Psicanálise, migrando do Social para o Individual
O primeiro autor estudado na disciplina foi Freud, e foi o primeiro contato direto que tive com sua teoria. Estava acostumado a olhar o indivíduo pela perspectiva sociológica e antropológica, às vezes com um olhar filosófico existencialista, mas não me era comum pensar profundamente nos dilemas entre consciente e inconsciente ou no que traumas passados e desvios de crescimento afetavam na vida presente de cada um. Semestre passado estive lendo “Sincronicidade” de Jung, mas era por um interesse mais metafísico e social que propriamente psicológico. Portanto, a minha visão a respeito da mente e do comportamento continuava longe da individualização.
Indo contra o cientificismo emergente de sua época, Freud elaborou uma teoria da personalidade sem se preocupar com falseabilidade ou empirismo, baseando-a em suas observações clínicas. O inconsciente, por exemplo, só podia ser comprovado de forma indireta, pois este conversa com o consciente desta forma, onde lembranças devem se modificar para passar por censores que existem entre as duas fases mentais. Para ele existiam três instâncias da mente: O Id, representando nossos impulsos primários do prazer; o Ego, que representa a parte real e racional da mente; e o Superego, representando aspectos morais e ideais que reprimem nossos impulsos. A relação entre essas três instâncias reflete nossa personalidade e podem resultar em momentos de recalque, isto é, memórias e/ou comportamentos retidos no inconsciente por algum motivo ou trauma. O recalque é um dos vários mecanismos de defesa descobertos por Freud e aprimorados por sua filha Anna.
A parte da teoria Freudiana que permeia os mecanismos de defesa foi a que mais me fascinou. Depois desta aula de Freud, fiquei a semana inteira analisando a mim e às pessoas que me rodeavam, imaginando traumas de infância e a quais mecanismos de defesa que o nosso ego se apoiou para que nos comportemos do jeito que nos comportamos hoje, perante a acontecimentos singulares do dia a dia. Como o jeito agressivo de se comunicar de uma amiga pode significar o jeito que ela achou para sobreviver em uma relação hostil com os pais na infância, por exemplo.
Gestalt, das Artes para a Psicologia
Quando estava lendo a ementa da matéria pela primeira vez, conceito nenhum me trouxe mais espanto e reconhecimento imediato do que a palavra “Gestalt”. Semestre passado tinha feito uma matéria do Instituto de Artes chamada Fundamentos da Linguagem Visual, e nela havia um módulo inteiro dedicado ao estudo da teoria Gestalt. E, por já ter visto a matéria nas Artes, subestimei o que a visão psicológica poderia acrescentar no conhecimento já adquirido. Obviamente, rever a Gestalt por um ponto de vista psicológico foi ótimo, pois é da psicologia que vinha sua origem e a maioria de seus autores, tanto é que alguns autores que vi semestre passado estavam presentes nessa disciplina.
No campo das Artes, a Gestalt é voltada para a representação visual das formas. Ela se preocupa em entender o processo de fechamento, simetria e regularidade unicamente no espaço amostral visual. O maior desafio dentro da Gestalt, para as artes, é reduzir algo existente na forma mais simples possível e de forma que seja de reconhecimento rápido, a chamada Pregnância. Os logos de grandes empresas como a Nike,a Coca-Cola ou o Mcdonalds são exemplos clássicos da prática na Gestalt Visual.
Para a Psicologia, o campo da Gestalt ganha um espaço mais intangível que o campo visual, mesmo usando o segundo como ilustração prática para a teoria. Ela agora trata da relação de como entendemos o mundo ao nosso redor e de como nos comportamos perante à isso. Ao conjunto de determinantes do comportamento é dado o nome de Meio Ambiental, o ambiente em si é denominado Meio Geográfico e a nossa relação com ele, Meio Comportamental. A Gestalt na Psicologia diz que buscamos encontrar a boa-forma.
O estudo da Gestalt desde o semestre passado até este semestre me fez ter um insight - palavra que, para a Gestalt, significa um entendimento interno - sobre a carga de importância e certa dependência que colocamos na visão e na percepção do mundo ao nosso redor. Como disse Arnheim Rudolf em seu livro “Arte e percepção visual”: “Toda a percepção é também pensamento, todo o raciocínio é também intuição, toda a observação é também invenção.”.
O Preconceito numa visão Psicológica
Um dos maiores problemas enfrentados na sociedade atual é a discriminação presente nas formas de xenofobia, racismo, machismo e homofobia. Uma das explicações lógicas mais comuns para esse tipo de comportamento de grupo é feita por uma abordagem histórica, política e social. Tendo o seu ápice durante os regimes autoritários da Segunda Guerra Mundial, onde ficou evidente a necessidade de humanização do pensamento social. Essa ideia de que o preconceito foi construído ao passar dos milênios, dentro de um contexto em que classes dominantes se utilizam de repressão para manter-se em evidência era o suficiente para explicar a situação para mim. O trabalho de base, consistindo em um enfoque na divulgação de informação sobre questões sociais, em busca de uma emancipação por meio da consciência de classe na sociedade me parecia ser o suficiente para se combater a discriminação como um todo. Porém, existia ainda um ponto de vista a se levar em conta que ainda não havia passado por minha mente, o ponto de vista do indivíduo e da Psicologia.
Durante os primeiros dois módulos desta disciplina tive contato com uma visão completamente inovadora, de um ponto de vista pessoal, sobre essas questões sociais. O preconceito não é fruto exclusivo da história e da forma de organização da sociedade, ele também está ligado com traumas e desvios de comportamentos encontrados em cada indivíduo. Algo que pode não sustentar a discriminação por si só, porém que certamente atua como um catalizador dessas doenças sociais. A questão psicológica não deve ser deixada de lado ao se pensar em meios de combate ao preconceito. E é por carregar esta importância que a Psicologia deve sempre estar em constante revisão no âmbito teórico, para que os sintomas da discriminação não penetrem as estruturas da possível cura por meios psicológicos, e não a leve a reproduzir e reforçar instâncias preconceituosas dentro da sociedade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS:
Arnheim, R. Arte e percepção visual: uma psicologia da visão criadora. São Paulo: Pioneira e EDUSP, 1980.
Bock, A. M. B., Furtado, O., & Teixeira, M. D. L. T. (1999). Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia.
Feist, J., Feist, G. J., & Roberts, T.-A. (2015). Teorias da Personalidade (8th ed.). Porto Alegre: AMGH Editora Ltda. Introdução à Teoria da Personalidade.

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