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Estudo Dirigido – Disciplina de Terapia Cognitivo-Comportamental 01. Definindo a Terapia Cognitivo-Comportamental a) O que é Terapia Cognitivo-Comportamental? É uma abordagem terapêutica estruturada, diretiva, com metas claras e definidas pelo psicólogo e paciente, focada no momento presente e utilizada para tratar desde problemas emocionais diversos (Transtornos Psicológicos), como comportamentos disfuncionais (TOC), dificuldades relacionais e aprendizagem de novas habilidades. Tem como pensamento ou teoria e entendimento em ver como o ser humano interpreta, percebe e interpreta os fenômenos que ocorrem a sua volta e como isso pode afetar a sua vida b) Como e quando ela surgiu? Em meados da década de 1950, o Dr. Beck, Professor de Psiquiatria da Universidade da Pennsylvania em Philadelphia e um eminente Psicanalista, conduziu estudos empíricos para comprovar princípios psicanalíticos. A partir de seus estudos, propôs um modelo de depressão, que, evoluindo em seus aspectos teórico e aplicado, constitui-se em um novo sistema de psicoterapia, que ele denominou inicialmente de Terapia Cognitiva e que hoje é mais amplamente conhecida como Terapia Cognitivo-Comportamental. c) Quem são os seus dois principais representantes/autores? Aaron Beck e Albert Ellis d) Quais os pressupostos comuns às terapias cognitivo-comportamentais? - A atividade cognitiva influencia o comportamento. - A atividade cognitiva pode ser monitorada e alterada. - O comportamento desejado pode ser influenciado mediante a mudança cognitiva. 02. Explique o que é modelo cognitivo. Crenças nucleares Pressupostos subjacentes Uma interação recíproca de pensamentos, sentimentos, comportamentos, fisiologia e ambiente. Situação Pensamentos automáticos Reações Emocional Comportamental Física É reconhecido que as emoções podem influenciar os processos cognitivos e que os comportamentos também podem influenciar a avaliação de uma situação pela modificação da própria situação 03. Apresente os 10 princípios da Terapia Cognitivo-Comportamental. Princípio 1: A terapia cognitiva se baseia em uma formulação em contínuo desenvolvimento do paciente e de seus problemas em termos cognitivos. Princípio 2: A terapia cognitiva requer uma aliança terapêutica segura Princípio 3: A terapia cognitiva enfatiza a colaboração e participação ativa Princípio 4: A terapia cognitiva é orientada em meta e focalizada em problemas Princípio 5: A terapia cognitiva inicialmente enfatiza o presente Princípio 6: A terapia cognitiva é educativa, visa ensinar o paciente a ser seu próprio terapeuta e enfatiza prevenção da recaída Princípio 7: A terapia cognitiva visa ter um tempo limitado Princípio 8: As sessões de terapia cognitiva são estruturadas Princípio 9: A terapia cognitiva ensina os pacientes a identificar, avaliar e responder a seus pensamentos e crenças disfuncionais Princípio 10: A terapia cognitiva utiliza uma variedade de técnicas para mudar pensamento, humor e comportamento 04. Qal o objetivo do tratamento cognitivo-comportamental? Identificar padrões de comportamento, pensamento, crenças e hábitos que estão na origem dos problemas, indicando, a partir disso, técnicas para alterar essas percepções de forma positiva e produzir mudanças nos pensamentos e nos sistemas de crenças dos clientes, evocando uma transformação emocional e comportamental duradoura e não apenas um decréscimo momentâneo. 05. Definindo a Terapia Racional-Emotivo-Comportamental Trata-se de um método de psicoterapia breve que tem a intenção de ajudar as pessoas a conseguir uma intensa mudança profunda, especialmente a nível emocional. Ellis sugeriu que as pessoas erroneamente culpam eventos externos para a infelicidade. Ele argumentou, no entanto, que é a nossa interpretação desses eventos que realmente se situa na causa do nosso sofrimento psíquico. Para explicar este processo, Ellis desenvolveu o que ele se referiu como o modelo ABC. A Terapia Racional Emotiva (TRE) é uma terapia cognitivo -comportamental que tem como base a ideia de que as nossas emoções e os nossos comportamentos são resultantes das crenças do indivíduo, da interpretação que fazemos da nossa realidade. A TRE examina tanto as inferências que fazemos sobre nós mesmos, sobre os outros e sobre o mundo em geral como também a nossa filosofia básica. a) Segundo Ellis, o que estaria por trás do adoecimento psicológico de seus pacientes? Para a TRE, o transtorno psicológico se dá em função da avaliação irracional que o indivíduo faz da realidade. A avaliação irracional deriva das exigências, do s pensamentos absolutistas “ tenho que” e “devo” sobre si mesmo, sobre os outros e sobre a vida em geral. b) Explique cada elemento do modelo A-B-C. A (“Activanting Event” ou Situação Ativadora) – representa o evento causador: a situação na qual você se encontra. Pode ser um gatilho ambiental, um estimulo, qualquer coisa que dê início a um processo de reação B (“Belief” ou Crenças/Pensamentos) – representa cognições, crenças e atitudes. É a forma como nós interpretamos/julgamos/concluímos sobre “A”. É a maneira como o nosso cérebro processa a informação bruta vinda de “A” e a organiza em padrões, esquemas, temáticas e histórias. Qase todas as nossas emoções podem ser entendidas a partir dessa fórmula. Assim, ao invés de apenas perceber o “A”, procure perceber como o está interpretando. C (“Consequences” ou Consequências) – representa tanto as suas emoções, suas reações fisiológicas, como o seu comportamento c) Explique as duas tendências psicológicas básicas do funcionamento dos indivíduos. 06. Defina e dê dois exemplos de: a) Pensamentos automáticos: “os pensamentos automáticos são um fluxo de pensamentos que coexistem com um fluxo de pensamentos mais manifesto” (Beck apud Beck, 2013, p. 159) Temos milhares de pensamentos diariamente, a grande maioria dos quais não é percebida conscientemente, pois acontece de forma rápida, involuntária e automática (daí o nome). Pensamentos automáticos que são exagerados, distorcidos, equivocados, irrealistas ou disfuncionais têm um papel importante na psicopatologia, porque moldam tanto as emoções como as ações do indivíduo em resposta aos eventos da vida. Exemplos: Nada do que eu faço dá certo”, “ Se eu me separar nunca mais serei feliz” b) Crenças intermediárias; As crenças intermediárias se baseiam na crença central. O mesmo leitor que tem a crença central de que é burro pode ter a atitude de que odeia ser incompetente e uma regra de que deve se esforçar muito para se superar, ou, talvez, a regra inversa de que não adianta se esforçar já que não irá compreender nem memorizar o que está sendo dito ou lido. c) Crenças centrais. As crenças centrais são normalmente desconhecidas pelo próprio sujeito e consistem em ideias gerais, globais, rígidas e generalizadas para centenas de situações que a pessoa vivencia em seu dia-a-dia. O último exemplo, acima, do sujeito que se considerava pouco inteligente para compreender o livro poderia ter uma crença de que não era capaz de compreender nada, de que era burro, de que não tinha inteligência suficiente para entender os conceitos do autor. 07. Apresente as principais distorções cognitivas. Personalização: Qando nos sentimos 100% responsáveis pelos acontecimentos. Por exemplo, o filho do António fez um exame e não passou. O António pensa logo ter fracassado na educação do seu filho, acha que cometeu algum erro, porque se tivesse feito tudo bem feito, seu filho teria aprovado. Filtro mental: Consiste em focarmo-nos nos aspectos negativos e ignorar o resto da informação. O negativo é filtrado e absorvido, enquanto o positivo é esquecido. Exemplo: A Maria preparou umprato para um jantar e convidou nove amigas. Qase todas adoram a refeição da Maria, à excepção da Cristina, que disse que o prato estava um pouco salgado. Maria sente-se mal por isso e passa a achar que cozinha terrivelmente mal - Ela só absorveu o negativo, ignorando totalmente os aspectos positivos. Esta distorção também está presente quando acreditamos que se algo aconteceu uma vez, acontecerá em todas as outras vezes. Por exemplo: O João terminou com a Sónia depois de dois anos e meio de relação. A Sónia pensa “ninguém vai gostar de mim”, “nunca mais encontrarei alguém que queira ficar comigo”. Maximização e minimização: Essa distorção cognitiva consiste em maximizar os nossos próprios erros e os acertos dos outros e, minimizar os próprios acertos e os erros dos outros. “Não importa quantas coisas fiz correctamente no passado, elas não têm importância. O que importa agora é que cometi um erro gravíssimo.” Pensamento dicotómico: Consiste na extrema valorização dos acontecimentos, sem levar em conta os aspectos intermediários. Classificar as coisas como brancas ou pretas, verdadeiras ou falsas. Por exemplo: “Se este trabalho não ficar perfeito, o meu esforço não terá valido para nada”, ou quando uma pessoa não encontra emprego e pensa “sou completamente inútil!”. Catastrofização: Ocorre quando prevemos o futuro negativamente sem considerar outros resultados mais prováveis. Exemplo: “O meu filho ainda não chegou, deve ter acontecido alguma coisa horrível. Vou esperar um pouco, mas não vou conseguir dormir.” Outros exemplos: “O meu namorado não me atende o telemóvel, deve estar com outra”. Generalização: Ocorre quando generalizamos de um caso, para todos os casos, mesmo que seja apenas ligeiramente idêntico. Se uma vez foi verdade, será sempre assim: “A mim nada nunca corre bem”; “Nunca me vou casar”; “Eu nunca termino o que começo”; “Eu jamais vou conseguir deixar de fumar”; “Não dormi bem ontem, a minha insónia vai durar para sempre” ou “Nunca mais vou conseguir ter um emprego bom como este”. Raciocínio emocional: Refere-se à suposição de que as nossas emoções reflectem as coisas como elas são. É acreditar que o que sentimos no momento é o correcto e verdadeiro. “Estou-me a sentir uma incompetente, logo sou totalmente incompetente!” ou “Eu sinto que é assim, consequentemente isso tem que ser verdade.” Afirmações como “deveria fazer isso…”: São crenças rígidas e inflexíveis de como nós ou os demais deveríamos ser. As exigências concentradas em nós próprios favorecem a autocrítica, enquanto as dirigidas aos outros favorecem a raiva, a ira e a agressividade. Alguns exemplos podem ser: “Deveria ter dado mais atenção ao meu marido, assim ele não me teria deixado”, “Não devo cometer erros”, “Os outros devem-se portar bem comigo” ou “Preciso gostar de todos.” Leitura da mente: Consiste em afirmar que determinadas suposições são certas, mesmo que não exista nenhuma evidência que a comprove. Acreditar que se sabe o que os outros pensam e o motivo de se comportarem como se comportam. “O que ele quer é pôr-me nervoso!”, “O que ele quer é rir-se de mim!”, “Eles sentem pena de mim!” ou “Ela só está comigo por dinheiro!” Predição do Futuro: Consiste em afirmar que determinadas suposições são certas, mesmo que não exista nenhuma evidência para as comprovar, é esperar que nada dê certo, sem sequer permitir a possibilidade de que seja razoável ou positiva. “Tenho certeza de que vou reprovar.”,“Ninguém me vai dar atenção na festa”. Rotulagem: Utilizar rótulos pejorativos para nos descrevermos, ao invés de descrever os nossos actos e qualidades com objectividade e exactidão. Por exemplo: “Sou um inútil!” ao invés de “Cometi um erro, mas nem sempre faço isso.” 08. A relação terapêutica é um elemento importante do processo terapêutico em Terapia Cognitivo-Comportamental. Apresente os elementos que merecem atenção na relação do terapeuta com seus pacientes. Uma das características atraentes da terapia cognitivo-comportamental (TCC) é o emprego de um estilo de relação terapêutica colaborativa, simples e voltada para a ação. Na relação terapêutica, a TCC caracteriza-se por um tipo específico de aliança de trabalho, o empirismo colaborativo, que é direcionado para a promoção da mudança cognitiva e comportamental. Trabalhando através da empatia, afeto e autenticidade. 09. Qais os elementos que compõem a estrutura da sessão de psicoterapia em Terapia Cognitivo-Comportamental? 1. Revisão do humor 2.Ponte com a última sessão 3. Revisão das tarefas 4. Fazer a agenda 5. Trabalhar itens da agenda 6. Resumos periódicos e resultado final 7. Feedback da sessão 10. Apresente o processo de avaliação inicial, identificando as etapas e principais elementos investigados. A Estrutura da Primeira Sessão Padrão na TCC 1. Estrutura • Estrutura é essencial • Primeira sessão – Definição de agenda – Verificação objetiva do humor – Revisão do problema apresentado – Identificação de áreas problemas – Definição de metas – Educação do modelo cognitivo – Levantamento e correção das expectativas em relação à terapia – Definição de tarefa de casa – Resumo final da sessão – Solicitação de feedback ao paciente 2. Agenda • Definição colaborativa • Lista finita de tópicos que serão abordados durante a sessão • Sem ela, a discussão pode ser improdutiva • Encoraja colaboração ativa • Contribui para senso de controle • Contribui para bom gerenciamento do tempo da sessão • Ajuda a identificar e priorizar problemas e metas • Dificuldades do cliente para estabelecer a agenda • Acolher empaticamente sugestões do cliente e incluir assuntos relevantes 3. Avaliação do humor • Rápida ideia de como o cliente se sentiu na última semana • Avaliar progresso clínico • Lista de emoções • Escala de 0 a 100% • Nota de 0 a 10 • Afetivograma • Inventário de Beck 4. Lista de estados de Humor Deprimido- Triste- Inseguro -Nervoso- Irado- Ansioso- Constrangido- Orgulhoso- Aborrecido -Assustado -Zangado -Excitado- Furioso -Magoado- Feliz- Culpado- Apavorado -Em pânico -Alegre -Amoroso -Envergonhado- Irritado- Frustrado- Desapontado -Humilhado 5. Afetivograma – Humor • Manhã, tarde, noite – Evento importante – Adesão à medicação – Regularidade nas refeições • Café, almoço, janta – Horário que foi dormir – Tempo que demorou para dormir – Horário de despertar 6. Revisão • Revisar brevemente o problema presente para atualização da avaliação • Primeira sessão • Decompor em partes manejáveis 7. Identificação de problemas • Identificação de problemas • Estabelecimento de metas • Colaborativo • Baseado na queixa principal e demais dados coletados • Habilidades de solução de problemas – Escolha um alvo – Defina de modo preciso – Gere soluções – Escolha a mais razoável 8.Orientar Modelo • Modelo cognitivo • Relação entre cognição, emoção e comportamento • Instalar esperança • Promove colaboração • Compreender para manejar processos cognitivos e comportamentais 9.Expectativas • Identificar expectativas do cliente em relação à terapia • Crenças infundadas – Não funciona – Falar só do passado – Monologo – Aconselhamento – Tempo longo para efeitos – Milagre • Modelo objetivo, estruturado, melhoram por aprenderem sobre si, desenvolvem habilidades, promove autonomia, e estratégias. 10.Tarefas • Termos comportamentais • Claras, objetivas, mensuráveis • Baseada na problemática do cliente • Relacionada aos itens discutidos na sessão • Reforça aspectos abordados • Testar novas habilidades • Explicar sentido das tarefas • Evitar atividades extensas e cansativas • Clássico: registro de pensamentos automáticos 11. Promover Resumo • Resumo final da sessão • Reforça pontos importantes abordados • Com progressão da terapia, clientevai participando mais ativamente do resumo 12.Obter feedback • Pedir feedback • Fortalece o vínculo • Demonstra que profissional se importa com o que o cliente pensa • Oportunidade do cliente se expressar, falar de obstáculos e mal entendidos • Perguntar se algo incomodou • Vários momentos da sessão • Verificar compreensão da sessão 13. Dar feedback • Feedbacks que ajudem a – Se manter na agenda – Melhora a organização – Produtividade – Criatividade • Verdadeiro • Limites aos elogios • Construtivos – Identifiquem pontos fortes, ganhos – Sugerir maiores oportunidades de mudança