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11/2/2016 1 MICROBIOLOGIA Aula 8: Microbiota, patogenicidade e virulência Microbiologia AULA 8: MICROBIOTA, PATOGENICIDADE E VIRULÊNCIA Conteúdo desta aula PATOGENICIDADE X VIRULÊNCIA 1 MECANISMOS DE PATOGENICIDADE 2 FATORES DE VIRULÊNCIA 3 MICROBIOTA RESIDENTE 4 MICROBIOTA TRANSITÓRIA 5 PRÓXIMOS PASSOS 11/2/2016 2 Microbiologia AULA 8: MICROBIOTA, PATOGENICIDADE E VIRULÊNCIA Patogenicidade x virulência PATOGENICIDADE VIRULÊNCIA Um organismo é patogênico quando, ao entrar em um organismo, causa sinais e sintomas clínicos. Portanto.... ... patogenicidade é a capacidade do microrganismos em causar doença em um hospedeiro. Quanto maior a capacidade de um microrganismo em causar casos graves, mais virulento ele é. Portanto... ... virulência é a capacidade de um microrganismo ser mais agressivo e causar maior número de casos graves e óbitos. Denomina-se infecção à presença de um microrganismo ou parasita em um organismo hospedeiro e depende de fatores relacionados à patogenicidade e à virulência do agente etiológico. Microbiologia AULA 8: MICROBIOTA, PATOGENICIDADE E VIRULÊNCIA Infecção x colonização Nem sempre a presença de um microrganismo no organismo humano significa doença. O controle de contaminação é importante para evitar infecção. CONTAMINAÇÃO COLONIZAÇÃO INFECÇÃO Presença e crescimento de microrganismos em superfícies do corpo, sem causar doença. Presença e multiplicação de microrganismos com invasão à sítios do corpo e manifestação de doença ou não. Presença transitória de microrganismos em superfícies, sem invasão de tecidos do corpo. 11/2/2016 3 Microbiologia AULA 8: MICROBIOTA, PATOGENICIDADE E VIRULÊNCIA Mecanismos de Patogenicidade Os mecanismos de patogenicidade iniciam quando o microrganismo consegue transpassar as barreiras físicas e químicas do organismo, causando infecção. Nem todas as infecções obedecem a todas as etapas do mecanismo de patogenicidade. ENTRADA DO PATÓGENO FIXAÇÃO TECIDUAL MULTIPLICAÇÃO DANOS AO HOSPEDEIRO DISSEMINAÇÃO A infecção pode resultar em quadro agudo ou inaparente. Alguns microrganismos possuem mecanismos de escape e burlam as defesas imunológicas, levando à infecção persistente (crônica ou latente). Microbiologia AULA 8: MICROBIOTA, PATOGENICIDADE E VIRULÊNCIA Mecanismos de Patogenicidade ENTRADA DO PATÓGENO FIXAÇÃO TECIDUAL MULTIPLICAÇÃO DANOS AO HOSPEDEIRO DISSEMINAÇÃO 11/2/2016 4 Microbiologia AULA 8: MICROBIOTA, PATOGENICIDADE E VIRULÊNCIA Bacteremia x sepse x choque séptico • Bacteremia → presença de bactérias na corrente sanguínea por forma direta (entrada direta) ou secundária (hematogênica ou linfática). • Sepse → a partir de uma bacteremia, bactérias invadem órgãos, promovendo um quadro inflamatório sistêmico (dispersão de microrganismos). A sepse difusa, que acomete múltiplos órgãos, com disfunção orgânica, é classificada como sepse grave. • Septicemia → termo menos usado. Infecção sistêmica resultante da multiplicação de patógenos no sangue. • Choque séptico → choque circulatório causado pela presença de bactérias no sangue (sepse grave) em função da diminuição da pressão sanguínea. Há redução da função dos órgãos, aumentando a probabilidade de óbito por falência múltipla dos órgãos. http://www.jcnet.com.br/banco_imagem/images/sa%C3%BAde/Uremia.jpg Microbiologia AULA 8: MICROBIOTA, PATOGENICIDADE E VIRULÊNCIA Fatores de virulência Os fatores de virulência são estruturas ou substâncias produzidas por microrganismos, que aumentam sua capacidade de danos. Cada espécie bacteriana apresenta fatores de virulência específicos, entre eles: FATORES DE VIRULÊNCIA BACTERIANA http://www.facmed.unam.mx/deptos/microbiologia/bacteriologia/images/adhesinas.jpg TOXINAS Podem ser endotoxinas ou exotoxinas que aumentam os danos ao hospedeiro. ADESINAS Estruturas bacterianas que facilitam a adesão à superfícies. INVASINAS Provocam alterações no citoesqueleto da célula- alvo e protegem o microrganismo das defesas imunológicas do hospedeiro. https://pt.wikipedia.org/wiki/Transfer%C3%AAncia_horizontal_de_genes#/media/File:E_coli_at_10000x.jpg BIOFILME Crescimento de bactérias aderidas a superfícies, formando um agregado, conferindo auto- proteção e colonização. 11/2/2016 5 Microbiologia AULA 8: MICROBIOTA, PATOGENICIDADE E VIRULÊNCIA Fatores de virulência ADESINAS São moléculas responsáveis pela aderência a superfícies celulares específicas 1. Pilus simples (fímbria) Escherichia coli (aderência ao epitélio urinário) 2. Camada limosa Staphylococcus epidermidis (aderência a cateteres) Streptococcus mutans (aderência ao esmalte do dente) Microbiologia AULA 8: MICROBIOTA, PATOGENICIDADE E VIRULÊNCIA Fatores de virulência TOXINAS EXOTOXINA ENDOTOXINA • Produzidas por bactérias Gram-positivas e Gram-negativas, dependendo da espécie. • São polipeptídeos produzidos dentro da bactéria e secretados • A maioria é destruída rapidamente a 60ºC. • Apenas bactérias Gram-negativas possuem na sua parede celular. • São lipopolissacarídeos • São liberadas e têm efeito quando a bactéria morre ou quando há quebras na parede celular. • Estável a 100ºC por 1h. 11/2/2016 6 Microbiologia AULA 8: MICROBIOTA, PATOGENICIDADE E VIRULÊNCIA Fatores de virulência TOXINAS Lipopolissacarídeo = lipídeo A + polissacarídeos (Antígeno O) Efeitos mais importantes: • Febre • Hipotensão • Choque Microbiologia AULA 8: MICROBIOTA, PATOGENICIDADE E VIRULÊNCIA Fatores de virulência EVASÃO DAS DEFESAS IMUNOLÓGICAS Cápsula →→→→ impede a fagocitose Inibição da fusão fagossomo-lisossomo (fago-lisossomo) → evita a ação de enzimas lisossomais. Escape do fagossomo → rompimento da membrana do fagossomo ausência de enzimas lisossomais no citoplasma. 11/2/2016 7 Microbiologia AULA 8: MICROBIOTA, PATOGENICIDADE E VIRULÊNCIA Fatores de virulência ENZIMAS Hialuronidase →→→→ degrada ácido hialurônico, permitindo a disseminação da bactéria pelo tecido subcutâneo. Fibrinolisina (quinase) →→→→ degrada coágulo que isolaria patógenos e limitaria a infecção, permitindo a disseminação. Coagulase →→→→ forma coágulo a partir do fibrinogênio, protegendo a bactéria contra a fagocitose Microbiologia AULA 8: MICROBIOTA, PATOGENICIDADE E VIRULÊNCIA Microbiota Os microrganismos que habitam um corpo constituem a microbiota. A microbiota pode ser residente ou transitória. A presença de microrganismos pode caracterizar quadro benéfico ou que traga riscos para o organismo. O uso de antibióticos, antimicóticos ou antiparasitários pode alterar a microbiota normal e trazer problemas para o organismo. http://i2.wp.com/asaudesimples.files.wordpress.com/2014/05/gutbtra.jpg 11/2/2016 8 Microbiologia AULA 8: MICROBIOTA, PATOGENICIDADE E VIRULÊNCIA Microbiota residente A microbiota residente também é chamada de microbiota anfibiôntica normal, microbiota normal, microbiota indígena, microbiota autóctone ou “flora” normal. http://4.bp.blogspot.com/- imWdz7nRsk0/U6iUEWr6AnI/AAAAAAAABqc/1S4gSL7z24w/s1600/Microbiota+intestinal.jpg É caracterizada por bactérias, fungos e/ou protozoários que estão, habitualmente, no organismo e, primariamente, não causam danos ao organismo. A microbiota normal produz substâncias importantes para o organismo, impede a colonização por outros microrganismos patogênicos, degradam produtos tóxicos etc. Um microrganismo da microbiota normal pode se comportar como oportunista, em condições de desequilíbrio do hospedeiro, e causar doença. Microbiologia AULA 8: MICROBIOTA, PATOGENICIDADE E VIRULÊNCIAPrincipais microbiotas • A microbiota intestinal é formada por bactérias diversas. Estas protegem de colonização de outras bactérias patogênicas, fazem a síntese de vitaminas B e K, degradam toxinas, produzem bacteriocinas (atuam contra patógenos) etc. MICROBIOTA P EL E UROGENITAL INTESTINAL R ESP IR A TÓ R IO • A microbiota da pele alberga uma gama de microrganismos que, em geral, não são patogênicos. Porém, lesões na continuidade da pele (corte, arranhão etc.) promovem a invasão destes. • A microbiota do trato respiratório apresenta diversidade de microrganismos, como bactérias e fungos que podem acometer boca, nariz, faringe, até os pulmões. • A microbiota vaginal é composta por lactobacilos (Bacilos de Döderlein). Estes mantêm o pH vaginal e impedem a colonização por outras bactérias. 11/2/2016 9 Microbiologia AULA 8: MICROBIOTA, PATOGENICIDADE E VIRULÊNCIA Principais microbiotas http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2014/01/desequilibrio-na-flora-intestinal-ou-vaginal-da- sintomas-veja-como-evitar.html Microbiologia AULA 8: MICROBIOTA, PATOGENICIDADE E VIRULÊNCIA Microbiota transitória A microbiota transitória também é chamada de microbiota alóctone ou microbiota exógena. Os microrganismos que colonizam o corpo por pouco tempo fazem parte da microbiota transitória e, em geral, são adquiridos por contato direto ou indireto, como por fômites. Em algumas situações, bactérias da microbiota transitória podem causar doença ao terem acesso e invadir o organismo. As mãos, no dia a dia, adquirem a maior gama de microrganismos transitórios. Por este motivo, a higienização das mãos é essencial. http://beneditasaudavel.com.br/wp-content/uploads/2013/12/germs-on-hands-150x150.jpg 11/2/2016 10 Assuntos da próxima aula: 1. Sujidade X contaminação; 2. Assepsias; 3. Processos de validação assépticos; 4. Infecções hospitalares; 5. Preparo de conservação de alimentos.