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1 UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS – LÍNGUA PORTUGUESA RELATÓRIO: ESTÁGIO SUPERVISIONADO Estagiário: Juliana Corrêa Gil Unidade Escolar: Instituto Educacional Piracicabano da Igreja Metodista Coordenadora de Estágio Prof.ª Sônia Cristina Pavanelli Daros Supervisores: Prof.ª Cibele Adriana Perina Aguiar Prof.ª Rita de Cássia A. Nespoli Ramos PIRACICABA DEZEMBRO/2017 2 SUMÁRIO 1. APRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO.........................................................................01 2. APRESENTAÇÃO DA UNIDADE ESCOLAR ONDE O ESTÁGIO FOI DESENVOLVIDO........................................................................................................01 3. ATIVIDADES DESENVIVIDAS NAS DISCIPLINAS DE ESTÁGIO.....................01 3.1.ELABORAÇÃO DO PLANO DE AULA: APRESENTAÇÃO DA METODOLOGIA DE ELABORAÇÃO.....................................................................................................02 3.2.PLANO DE AULA DE LITERATURA......................................................................02 3.3.PLANO DE AULA DE GRAMÁTICA.......................................................................34 3.4.EXPOSIÇÃO ORAL DOS PLANOS DE AULA........................................................57 3.5.REGÊNCIA: RELATO.................................................................................................57 3.6.AVALIAÇÃO DA REGÊNCIA...................................................................................58 3.7.PROJETO......................................................................................................................59 3.8.RELATO DAS PALESTRAS E EVENTOS................................................................80 3.8.1. RODA DE CONVERSA........................................................................................80 3.8.2. RODA DE CONVERSA........................................................................................80 3.8.3. EVENTO.................................................................................................................80 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................80 ANEXO A – DIÁRIOS DE CAMPO ANEXO B – CD 3 1. APRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO Durante a vigência do estágio supervisionado os aluno foram orientados pelos professores supervisores para o desenvolvimento de dois planos de ensino: um plano de Gramática e um plano de Literatura, que depois de pronto foram entregues ao professor regente da escola em que o estagiário realizaria a regência. O estágio na escola possibilitou aos alunos o conhecimento de uma unidade escolar e a sua estrutura pedagógica, visto que alguns alunos nunca haviam tido nenhuma experiência em sala de aula. Dessa forma, o contato com a sala e com o professor regente proporcionou ao estagiário uma nova visão da parte real do cotidiano do professor e do funcionamento da uma sala de aula. 2. APRESENTAÇÃO DA UNIDADE ESCOLAR ONDE O ESTÁGIO FOI DESENVOLVIDO Nome da escola: Instituto Piracicabano da Igreja Metodista Endereço: Rua Rangel Pestana, nº 762 – Centro – Piracicaba/ SP – CEP: 13400-901 Fone: 3124-1881 A escola está vincula à Rede: Particular Metodista de Educação Data da inauguração: 13 de setembro de 1881 3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NAS DISCIPLINAS DE ESTÁGIO Durante as aulas de estágio na universidade, realizamos atividades voltadas para as áreas especificas. Nas segundas-feiras, tivemos o desenvolvimento de um plano multidisciplinar, para assim compreender como é funcionamento desse tipo de projeto destro do ambiente escolar. Nas quintas-feiras, tivemos orientações para a escrita e reescrita dos planos de Gramática e Literatura, os quais seriam entregues na escola que realizamos o estágio. 4 3.1. ELABORAÇÃO DO PLANO DE AULA: APRESENTAÇÃO DA METODOLOGIA DE ELABORAÇÃO Os planos de ensino foram desenvolvidos a partir do resgate de planos das disciplinas anteriores de Prática de Ensino, sendo adaptados conforme as orientações em sala de aula. Os planos foram reescritos e atualizados atendendo melhor os alunos e as necessidades da sala em que o estágio estava sendo realizado. 3.2. PLANO DE AULA DE LITERATURA 1. Identificação Escola: Instituto Educacional Piracicabano Professor Regente: Suzane Estagiária: Juliana Corrêa Gil Assunto: Esse trabalho tem como assunto a leitura da literatura, fazendo uma análise comparativa entre as liras de Tomás Antônio Gonzaga com obras plásticas do Arcadismo. Ano/Série: 1ª série do Ensino Médio Quantidade de aulas: 04 aulas Quantidade de alunos: 28 alunos 2. Proposta e assunto da sequência didática Pretende-se ensinar aos alunos como fazer a leitura da literatura, realizando uma análise comparativa entre as liras de Tomás Antônio Gonzaga com obras plásticas do Arcadismo. Dessa forma, estabelecendo as principais características desse período, assim como sua importância e significação. 3. Justificativa Escolheu-se trabalhar com a 1ª série do Ensino Médio, pois são adolescentes que já possuem maior conhecimento sobre a língua e suas características, tendo sido já trabalhado parte dos aspectos da literatura, sendo então possível o ensino de um período literário tão importante para a história da literatura brasileira 5 Cabe destacar que o período literário foi escolhido pelo professor regente da unidade escolar, visto que o professor tinha de continuar com o conteúdo programado. Além disso, cabe ressaltar a importância desse período literário, pois é a parir desse movimento que a natureza brasileira começa a ter maior relevância na representação artística. Além disso, é importante salientar o contexto histórico, social e cultural que compõem as obras dessa escola. 4. Objetivos 4.1. Objetivos gerais Ao fim dessa sequência didática, espera-se que os alunos sejam capazes de: compreender a importância do período literário do arcadismo; estabelecer uma análise comparativa entre as liras de Tomás Antônio Gonzaga e as obras plásticas desse período; ler com mais frequência obras literárias; refletir sobre a função social da literatura. 4.2. Objetivos específicos Ao termino das aulas, os alunos deverão ser capazes de: Reconhecer as características do Arcadismo, bem como apego aos valores da terra por meio de poesias simples e bucólicas; Refletir sobre a valorização do índio como um “bom selvagem”, com as ideias de que a natureza faz o homem ser feliz e bom, mas que a sociedade o corrompe; Entender a sátira política que falava sobre a exploração portuguesa, a corrupção dos governos coloniais e os tempos difíceis que a sociedade passava relacionado à política; Comparar a valorização da natureza nas liras e nas obras plásticas. 5. Pressupostos Teóricos Uma questão importante para o ensino da Língua Portuguesa é a concepção de linguagem e língua, uma vez que o modo como se concebe a natureza fundamental da língua altera o como se estrutura o trabalho com a língua em termos de ensino. Com isso, a concepção de língua e linguagem é tão importante quanto a postura que se tem frente à educação. 6 Desta forma, a língua pode ser concebida como uma corrente evolutiva contínua, isto é, não pode considera-la apenas um conjunto de normas inalteráveis, pelo contrário, o interlocutor faz uso dessas normas para execuçãoda linguagem. Inclusive, a língua é voltada ao social, consequentemente, só ele pode modifica-la (BAKHTIN, 2009). Para Bakhtin (2009), a linguagem é um fenômeno profundamente social e histórico e, por isso, mesmo ideológico. Sendo a unidade básica de análise linguística, o enunciado, ou seja, os elementos linguísticos produzidos em contextos sociais reais e concretos como participantes de uma dinâmica comunicativa. A linguagem vista dessa forma, cada signo é mais do que um mero reflexo, ou substituto da realidade, é materialmente constituído no sentido de ser produzido dialogicamente no contexto de todos os outros signos sociais. Cada língua assim como cada indivíduo é formada por variantes conflitantes, todas sujeitas à questão do poder. O Arcadismo, também conhecido como Neoclassicismo, caracteriza-se pela busca de restauração dos ideais de sobriedade e equilíbrio da antiguidade clássica em contraposição aos excessos do período anterior, o Barroco. Esse movimento é contemporâneo ao Iluminismo. Associações de letrados como a Arcádia Romana e posteriormente a Arcádia Lusitana foram veículos importantes para a propagação do ideário do movimento na Europa (BOSI, 1974). O marco inicial do estilo árcade no Brasil é a publicação de “Obras”, de Claudio Manuel da Costa, em 1768. Sob a influência de teorias francesas e italianas, os integrantes do movimento empenharam-se em restaurar a simplicidade da língua literária, que estaria contaminada por excessos retóricos e por formas degeneradas da literatura barroca. É possível dizer que a importância dos poetas arcádicos reside no esforço de trazer à pátria aos temas e as técnicas mentais e artísticas do ocidente europeu, dando a nossa literatura um alcance potencialmente universal, antes mesmo que ela tomasse consciência de sua individualidade nacional (CANDIDO, 1985). 6. Parâmetros Curriculares Nacionais Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) são diretrizes elaboradas pelo Governo Federal, tendo como intenção principal a de orientar os educadores por meio da normatização de alguns fatores relativos a cada disciplina. Desta forma, essas diretrizes pretendem criar condições, as escolas, que permitam aos alunos ter acesso ao conjunto de conhecimentos socialmente elaborados e reconhecidos como necessários ao exercício da cidadania. 7 Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa orientam para valorização das diferentes opiniões e informações veiculas nos textos, como possibilidades diferenciadas de compreensão do mundo. Para que assim o professor possa incentivar o aluno ao interesse, iniciativa e autonomia para ler textos diversos adequados a sua condição. Sendo importante o posicionamento critico diante dos textos. Os PCNEM (2006) orientam que o ensino da literatura confronte opiniões e pontos de vista sobre diferentes manifestações da linguagem. Através do estudo literário, recuperar as formas instituídas de construção do imaginário coletivo, o patrimônio representativo da cultura e as classificações preservadas e divulgadas, no eixo temporal e espacial. Considerando a Língua Portuguesa como fonte de legitimação de acordos e condutas sociais, e como representação simbólica de experiências humanas, manifestadas nas formas de sentir, pensar e agir na vida real. 7. Metodologia A seguir, será descrito como as aulas sobre o ensino da leitura da literatura serão conduzidas, com o propósito de que através das liras 01 a 10 e as obras plásticas, os alunos entendam de forma mais leve as características do período literário. Na aula 01 e 02 (aula dupla), a professora, com uso do multimídia, apresentará a primeira lira da primeira parte “Marília de Dirceu” de Tomaz Antônio Gonzaga (Ver anexo A). Pedirá a um aluno que leia. Findada a leitura, ela perguntará o seguinte: Quais sãos as características desse texto?; Qual é o foco literário do texto?; Qual/quem é o objeto de descrição do texto? Após essas perguntas, espera-se que os alunos digam as principais características como bucolismo, a simplicidade e a exaltação da natureza. Depois de respondidas essa questões, a professora retomará a leitura da lira novamente e apontará as características, no texto, do movimento literário. Em sequência, mostrará um texto contendo o contexto histórico do século XIX; as características do período literário e o autor mais conhecido desse movimento – Tomás Antônio Gonzaga (Ver anexo B). 8 Na aula 03 e 04 (aula dupla), a professora entregará uma coletânea (Ver anexo C) de liras de Gonzaga para que os alunos façam análises literárias sobre o movimento literário comparando com obras plásticas em um vídeo (Ver anexo D). Para ajudar os alunos a estabelecerem análises literárias mais aprofundadas, a professora passará o seguinte roteiro na lousa: Qual é o destaque mais evidente nas liras? O que as cores representam? Como que se dá o bucolismo? Como aparecem as características do Arcadismo, bem como apego aos valores da terra por meio de poesias simples e bucólicas?; Como aparece a valorização do índio como um “bom selvagem”, com as ideias de que a natureza faz o homem ser feliz e bom, mas que a sociedade o corrompe?; Como ocorre a sátira política que falava sobre a exploração portuguesa, a corrupção dos governos coloniais e os tempos difíceis que a sociedade passava relacionado à política?; Como se dá a valorização da natureza nas liras e nas obras plásticas? 8. Recursos didáticos A professora utilizará como recursos didáticos os seguintes materiais: multimídia, lousa e giz. 9. Avaliação O aluno será avaliado durante todas as aulas, desde a sua participação, mas principalmente na execução dos exercícios. 10. Bibliografia BOSI, A. História concisa da literatura brasileira. 2. ed. São Paulo: Cultrix, 1974. 9 BRASIL/CNE. Secretaria de Educação Básica. Orientações Curriculares para o Ensino Médio. Brasília: MEC/SEB, 2006. CANDIDO, Antônio; CASTELLO, José Aderaldo. Presença da literatura brasileira. I - das origens ao realismo. São Paulo: Difel, 1985. 10 Anexo A Marília de Dirceu Tomaz Antônio Gonzaga PARTE I Lira I Eu, Marília, não sou algum vaqueiro, Que viva de guardar alheio gado; De tosco trato, d’ expressões grosseiro, Dos frios gelos, e dos sóis queimado. Tenho próprio casal, e nele assisto; Dá-me vinho, legume, fruta, azeite; Das brancas ovelhinhas tiro o leite, E mais as finas lãs, de que me visto. Graças, Marília bela, Graças à minha Estrela! Eu vi o meu semblante numa fonte, Dos anos inda não está cortado: Os pastores, que habitam este monte, Com tal destreza toco a sanfoninha, Que inveja até me tem o próprio Alceste: Ao som dela concerto a voz celeste; Nem canto letra, que não seja minha, Graças, Marília bela, Graças à minha Estrela! Mas tendo tantos dotes da ventura, Só apreço lhes dou, gentil Pastora, Depois que teu afeto me segura, Que queres do que tenho ser senhora. É bom, minha Marília, é bom ser dono De um rebanho, que cubra monte, e prado; Porém, gentil Pastora, o teu agrado 11 Vale mais q’um rebanho, e mais q’um trono. Graças, Marília bela, Graças à minha Estrela! Os teus olhos espalham luz divina, A quem a luz do Sol em vão se atreve: Papoula, ou rosa delicada, e fina, Te cobre as faces, que são cor de neve. Os teus cabelos são uns fios d’ouro; Teu lindo corpo bálsamosvapora. Ah! Não, não fez o Céu, gentil Pastora, Para glória de Amor igual tesouro. Graças, Marília bela, Graças à minha Estrela! Leve-me a sementeira muito embora O rio sobre os campos levantado: Acabe, acabe a peste matadora, Sem deixar uma rês, o nédio gado. Já destes bens, Marília, não preciso: Nem me cega a paixão, que o mundo arrasta; Para viver feliz, Marília, basta Que os olhos movas, e me dês um riso. Graças, Marília bela, Graças à minha Estrela! Irás a divertir-te na floresta, Sustentada, Marília, no meu braço; Ali descansarei a quente sesta, Dormindo um leve sono em teu regaço: Enquanto a luta jogam os Pastores, E emparelhados correm nas campinas, Toucarei teus cabelos de boninas, Nos troncos gravarei os teus louvores. 12 Graças, Marília bela, Graças à minha Estrela! Depois de nos ferir a mão da morte, Ou seja neste monte, ou noutra serra, Nossos corpos terão, terão a sorte De consumir os dois a mesma terra. Na campa, rodeada de ciprestes, Lerão estas palavras os Pastores: "Quem quiser ser feliz nos seus amores, Siga os exemplos, que nos deram estes." Graças, Marília bela, Graças à minha Estrela 13 Anexo B Contexto histórico No Brasil, o século XVIII é considerado o século do ouro, graças à intensa atividade de extração mineral que se desenvolveu na região de Minas Gerais. A prosperidade econômica do período estimulou a organização política, administrativa e dinamizou a vida cultural. A maior agilidade na troca de informações favoreceu a formação de uma consciência comum, de um sentimento nacional que, na literatura, começa aos poucos a substituir o impulso de descrição da natureza e do nativo, dominante até então. Pela primeira vez, é possível verificar no país uma relação sistemática, ainda que incipiente, entre escritor, obra e público, condição fundamental para a formação de uma literatura. O impulso de intelectuais e artistas de se reunirem em academias e sociedades literárias contrapõe-se ao isolamento dos períodos anteriores, em que os escritores se encontravam dispersos, as obras mal circulavam no interior do país, dirigindo-se primordialmente para leitores portugueses. A Europa vivia a efervescência do Iluminismo e transformava-se num polo irradiador de ideias libertárias. Ao mesmo tempo, chegavam ao Brasil as primeiras notícias sobre a independência dos Estados Unidos, conquistada em 1776. Todos esses fatores, associados à insatisfação generalizada com a exploração de Portugal, que se traduzia no aumento dos impostos sobre a extração de minérios, culminaram na Inconfidência Mineira, preparada por um pequeno grupo de letrados, muitos deles ex-estudantes da Universidade de Coimbra, onde entraram em contato com as novas ideias e doutrinas políticas. Em sua maior parte, esse grupo de oposição política era o mesmo que produzia ciência e literatura na época. O marco inicial do estilo árcade no Brasil é a publicação de Obras, de Cláudio Manuel da Costa, em 1768. Sob influência de teorias francesas e italianas, os integrantes do movimento empenharam-se em restaurar a simplicidade da língua literária, que estaria contaminada por excessos retóricos e por formas degeneradas da literatura barroca. O nome Arcadismo é uma alusão à Arcádia Lusitana, associação fundada em 1756 em Portugal que congregava os opositores do maneirismo seiscentista. Inspirada na Arcádia Romana, criada em Roma em 1690, ela também remonta ao romance pastoral Arcádia (1504), do escritor italiano Jacopo Sannazaro. A obra retrata uma lendária região grega chamada Arcádia. Dominada pelo deus Pã, ela seria habitada por pastores cujo modo de vida bucólico e devotado à poesia foi transformado pelos neoclássicos em modelo ideal de convivência entre o homem e a natureza. Daí o fato de os escritores da época denominarem-se pastores e adotarem pseudônimos poéticos, como 14 Glauceste Satúrnio (Cláudio Manuel da Costa), Alcindo Palmireno (Silva Alvarenga) e Termindo Sepílio (Basílio da Gama). Com o propósito de restabelecer o equilíbrio da produção poética, autores do século XVIII empenharam-se na elaboração de manuais que recuperavam regras e padrões do Renascimento, por sua vez consolidados com base em formulações clássicas, principalmente de pensadores como Horácio e Aristóteles. Entre os mais importantes destacam-se o francês Nicolas Boileau, autor da Arte Poética, e o espanhol Luzán, cuja obra central é Poética. Em língua portuguesa, os principais doutrinadores do arcadismo foram Luís Antônio Verney, autor do Verdadeiro Método de Estudar (1747), e Francisco José Freire, que escreveu Arte Poética(1748). Dos escritos desses doutrinadores, derivam duas ideias que contribuem para esclarecer parte da produção poética do século XVIII. A primeira é a ideia de que o poeta não é um sujeito em busca de meios para expressar sua subjetividade, e sim um artífice valorizado pela capacidade de pôr seu conhecimento técnico a serviço de uma causa externa. A segunda, a noção de utilidade da poesia, ou seja, a noção de que ela engrandece à medida que louva, descreve e propaga a verdade, verdade esta que se confundia com os interesses do estado. Arcadismo no Brasil Entre os anos de 1768 a 1836, a elite jovem brasileira passou a ir buscar conhecimento em Coimbra, Portugal, e isso fez com que tendências europeias dos autores árcades chegassem ao Brasil. Com ideais iluministas absorvidos fora do país, os jovens voltavam usando isso como base para agir contra o governo, e também foi a base para a concretização da inconfidência mineira – os escritores destaques da literatura participaram ativamente da Inconfidência O arcadismo chegou ao Brasil, à literatura brasileira, em meio a esse contexto. Com sua chegada, foi rompida a estética barroca no ano de 1768, tendo como marco a publicação de “Obras” de Cláudio Manuel da Costa. Características O movimento teve como marcas principais o dualismo dos escritores que apesar de seguirem as tendências europeias, ainda se interessavam muito pela natureza e pelos problemas da colônia. As ideias iluministas também trouxeram muitas influências para este contexto, e a concentração desta escola artística se deu em Vila Rica. 15 No Brasil, as principais características do arcadismo envolveram o apego aos valores da terra por meio de poesias simples e bucólicas; a valorização do índio como um “bom selvagem”, com as ideias de que a natureza faz o homem ser feliz e bom, mas que a sociedade o corrompe; a sátira política que falava sobre a exploração portuguesa, a corrupção dos governos coloniais e os tempos difíceis que a sociedade passava relacionado à política. Foto: Reprodução História Com as ideias iluministas, muitos escritores da época passaram a desejar a Independência do brasil, mas seus sonhos foram frustrados com o fracasso da Inconfidência Mineira no ano de 1789. Cláudio Manuel da Costa, um dos participantes da Inconfidência junto à Tiradentes, acabou se suicidando na prisão antes de seu julgamento. Alvarenga Peixoto, outro autor, assim como Tiradentes, foram condenados à morte por enforcamento, enquanto Tomás Antônio Gonzaga e muitos outros autores e participantes foram exilados. Autores e obras Entre os principais autores dessa época que também ficou conhecida como Setecentismo ou Neoclassicismo, podemos citar Cláudio Manuel da Costa. Este cultivou a poesia épica e lírica e tinha como temática em suas poesias líricas a desilusão amorosa. Sua poesia apresenta a transição entre o Barroco e o Arcadismo e, de suas obras, destacamos Vila Rica. 16 Tomás Antônio Gonzaga,por sua vez, era um autor português que viveu em Salvador ao final de sua infância e adolescência. Formou-se em direito em Coimbra, e no ano de 1782 voltou ao Brasil. Entre suas obras, Marília de Dirceu é destaque, dividida em três partes correspondentes às fases da vida do autor. Contexto cultural A riqueza gerada pela mineração criou tardiamente obras arquitetônicas, esculturas e pinturas no estilo barroco, como se pode ver ainda hoje nas cidades históricas mineiras. No âmbito das ideias e da literatura, porém, já sopravam os ventos do Iluminismo. O Iluminismo, que valoriza a razão, significava uma ruptura com o Barroco, marcadamente religioso. Nesse sentido, resgatava os ideais do classicismo, inaugurando um neoclassicismo, sob a inspiração da civilização greco-romana. Características do estilo Entre as características que se destacam nas obras árcades brasileiras, uma é a valorização da natureza – que reflete o primeiro desencanto da humanidade com a civilização urbana. Elementos como os campos, rios, vales e flores têm presença constante nas obras desse período. Por esta razão, era comum aos poetas árcades, ficcionalmente, assumirem o papel de pastores da Arcádia – uma região da Grécia antiga. Nos poemas, marcadamente líricos, expressavam o amor por suas pastoras. Finalmente, marcaram o estilo dos autores árcades a simplicidade da vida bucólica, versos simples, que propiciassem a integração da poesia com a música e se contrapusessem ao estilo rebuscado do barroco. Tomás Antônio Gonzaga Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810), português da cidade do Porto, veio morar no Brasil com seu pai, aos sete anos, estudou no Colégio dos Jesuítas de Salvador e depois, estudou Direito em Coimbra. De volta ao Brasil, já como magistrado, foi morar em Vila Rica, hoje Ouro Preto, onde fora nomeado ouvidor-geral. Na ocasião, reencontrou seu companheiro de Coimbra, Alvarenga Peixoto, que morava na cidade vizinha, São João D’el-Rei. Conheceu Claudio Manuel da Costa e muitos outros com que se encontrava nos salões literários promovidos em sua casa. A capitania de Minas Gerais tinha um governador autoritário, Luís da Cunha Meneses, os desmandos e ilegalidades de sua administração, provocaram a ira da população, que sofria 17 com excesso de cobrança de taxas. Gonzaga, mesmo num cargo importante, era desrespeitado pelo capitão-geral. Reagiu e denunciou o governador à rainha, que o substituiu. Ao mesmo tempo escreveu as “Cartas Chilenas”, um poema satírico, sob um pseudônimo de Critilo, no qual denunciava e debochava de “Fanfarrão Minésio”, referência quase direta Cunha Meneses, que ainda estava no poder, quando o poema começou a circular clandestinamente. Por muito tempo não se teve certeza de quem seriam realmente as “Cartas”. Hoje, depois de muitos estudos, não há dúvidas de que foram escritas por Gonzaga. Na mesma época, conheceu a adolescente Doroteia de Seixas, sua eterna musa Marilia, por quem se apaixonou. Depois de alguma resistência da família, devido a diferença de idade e de fortuna, o pai da moça permitiu o casamento. Todavia, não chegou a realizar-se. Com a chegada do novo governador, o visconde de Barbacena, amigo do poeta, foi decretada a “derrama”, isto é, a cobrança de todos os impostos atrasados, causando uma imensa revolta na população, a Inconfidência Mineira, que queria fazer de Minas uma república independente de Portugal. Ainda que Gonzaga não tenha participado diretamente da sublevação, era simpático à causa e todos os seus amigos aderiram ao movimento. Os chamados inconfidentes foram presos e julgados, alguns deportados para a África, como o próprio poeta, que depois de algumas transferências em prisões brasileiras, foi enviado a Moçambique. Tiradentes, um dos líderes, foi morto e esquartejado em praça pública. Enquanto estava preso no Brasil, produziu “Marilia de Dirceu”, obra do Arcadismo foi publicado em Lisboa, por seus amigos. Inspirado em Doroteia, com quem não pode mais casar, Gonzaga escreveu suas liras, onde a natureza vira o locar perfeito, sagrado e ideal para os pastores viverem sua paixão ingênua. Esse poema bucólico, de inspiração clássica, foi publicado em várias língua e é a sua principal obra. 18 Anexo C Lira II Pintam, Marília, os Poetas A um menino vendado, Com uma aljava de setas, Arco empunhado na mão; Ligeiras asas nos ombros, O tenro corpo despido, E de Amor, ou de Cupido São os nomes, que lhe dão. Porém eu, Marília, nego, Que assim seja Amor; pois ele Nem é moço, nem é cego, Nem setas, nem asas tem. Ora pois, eu vou formar-lhe Um retrato mais perfeito, Que ele já feriu meu peito; Por isso o conheço bem. Os seus compridos cabelos, Que sobre as costas ondeiam, São que os de Apolo mais belos; Mas de loura cor não são. Têm a cor da negra noite; E com o branco do rosto Fazem, Marília, um composto Da mais formosa união. Tem redonda, e lisa testa, Arqueadas sobrancelhas; A voz meiga, a vista honesta, E seus olhos são uns sóis. Aqui vence Amor ao Céu, Que no dia luminoso O Céu tem um Sol formoso, 19 E o travesso Amor tem dois. Na sua face mimosa, Marília, estão misturadas Purpúreas folhas de rosa, Brancas folhas de jasmim. Dos rubins mais preciosos Os seus beiços são formados; Os seus dentes delicados São pedaços de marfim. Mal vi seu rosto perfeito Dei logo um suspiro, e ele Conheceu haver-me feito Estrago no coração. Punha em mim os olhos, quando Entendia eu não olhava: Vendo o que via, baixava A modesta vista ao chão. Chamei-lhe um dia formoso: Ele, ouvindo os seus louvores, Com um gesto desdenhoso Se sorriu, e não falou. Pintei-lhe outra vez o estado, Em que estava esta alma posta; Não me deu também resposta, Constrangeu-se, e suspirou. Conheço os sinais, e logo Animado de esperança, Busco dar um desafogo Ao cansado coração. Pego em teus dedos nevados, E querendo dar-lhe um beijo, Cobriu-se todo de pejo, E fugiu-me com a mão. 20 Tu, Marília, agora vendo De Amor o lindo retrato, Contigo estarás dizendo, Que é este o retrato teu. Sim, Marília, a cópia é tua, Que Cupido é Deus suposto: Se há Cupido, é só teu rosto, Que ele foi quem me venceu. Lira III De amar, minha Marília, a formosura Não se podem livrar humanos peitos. Adoram os heróis; e os mesmos brutos Aos grilhões de Cupido estão sujeitos. Quem, Marília, despreza uma beleza, A luz da razão precisa; E se tem discurso, pisa A lei, que lhe ditou a Natureza. Cupido entrou no Céu. O grande Jove Uma vez se mudou em chuva de ouro; Outras vezes tomou as várias formas De General de Tebas, velha, e touro. O próprio Deus da Guerra desumano Não viveu de amor ileso; Quis a Vênus, e foi preso Na rede, que lhe armou o Deus Vulcano. Mas sendo amor igual para os viventes, Tem mais desculpa, ou menos esta chama: Amar formosos rostos acredita, Amar os feios de algum modo infama. Que lê que Jove amou, não lê nem topa, Que ele amou vulgar donzela: Lê que amou a Dânae bela, 21 Encontra que roubou a linda Europa. Se amar uma beleza se desculpa Em quem ao próprio Céu, e terra move: Qual é a minha glória, pois igualo, Ou excedo no amor ao mesmo Jove? Amou o Pai dos Deuses Soberano Um semblante peregrino: Eu adoro o teu divino, O teu divino rosto, e sou humano. Lira IV Marília, teus olhos São réus, e culpados, Que sofra, e que beije Os ferros pesados De injustoSenhor. Marília, escuta Um triste Pastor. Mal vi o teu rosto, O sangue gelou-se, A língua prendeu-se, Tremi, e mudou-se Das faces a cor. Marília, escuta Um triste Pastor. A vista furtiva, O riso imperfeito, Fizeram a chaga, Que abriste no peito, Mais funda, e maior. Marília, escuta Um triste Pastor. Dispus-me a servir-te; 22 Levava o teu gado À fonte mais clara, À vargem, e prado De relva melhor. Marília, escuta Um triste Pastor. Se vinha da herdade, Trazia dos ninhos As aves nascidas, Abrindo os biquinhos De fome ou temor. Marília, escuta Um triste Pastor. Se alguém te louvava, De gosto me enchia; Mas sempre o ciúme No rosto acendia Um vivo calor. Marília, escuta Um triste Pastor. Se estavas alegre, Dirceu se alegrava; Se estavas sentida, Dirceu suspirava À força da dor. Marília, escuta Um triste Pastor. Falando com Laura, Marília dizia; Sorria-se aquela, E eu conhecia O erro de amor. Marília, escuta 23 Um triste Pastor. Movida, Marília, De tanta ternura, Nos braços me deste Da tua fé pura Um doce penhor. Marília, escuta Um triste Pastor. Tu mesma disseste Que tudo podia Mudar de figura; Mas nunca seria Teu peito traidor. Marília, escuta Um triste Pastor. Tu já te mudaste; E a faia frondosa, Aonde escreveste A jura horrorosa, Tem todo o vigor. Marília, escuta Um triste Pastor. Mas eu te desculpo, Que o fado tirano Te obriga a deixar-me; Pois basta o meu dano Da sorte, que for. Marília, escuta Um triste Pastor. Lira V Acaso são estes Os sítios formosos. 24 Aonde passava Os anos gostosos? São estes os prados, Aonde brincava, Enquanto passava O gordo rebanho, Que Alceu me deixou? São estes os sítios? São estes; mas eu O mesmo não sou. Marília, tu chamas? Espera, que eu vou. Daquele penhasco Um rio caía; Ao som do sussurro Que vezes dormia! Agora não cobrem Espumas nevadas As pedras quebradas; Parece que o rio O curso voltou São estes os sítios? São estes; mas eu O mesmo não sou. Marília, tu chamas? Espera, que eu vou. Meus versos alegre Aqui repetia: O eco as palavras Três vezes dizia, Se chamo por ele, Já não me responde; Parece se esconde, 25 Casado de dar-me Os ais, que lhe dou. São estes os sítios? São estes; mas eu O mesmo não sou. Marília, tu chamas? Espera, que eu vou. Aqui um regato Corria sereno Por margens cobertas De flores, e feno: À esquerda se erguia Um bosque fechado, E o tempo apressado, Que nada respeita, Já tudo mudou. São estes os sítios? São estes; mas eu O mesmo não sou. Marília, tu chamas? Espera, que eu vou. Mas como discorro? Acaso podia Já tudo mudar-se No espaço de um dia? Existem as fontes, E os freixos copados; Dão flores os prados, E corre a cascata, Que nunca secou. São estes os sítios? São estes; mas eu O mesmo não sou. 26 Marília, tu chamas? Espera, que eu vou. Minha alma, que tinha Liberta a vontade, Agora já sente Amor, e saudade, Os sítios formosos me agradaram, Ah! Não se mudaram; Mudaram-se os olhos, De triste que estou. São estes os sítios? São estes; mas eu O mesmo não sou. Marília, tu chamas? Espera, que eu vou. Lira VI Oh! Quanto pode em nós a vária Estrela! Que diversos que são os gênios nossos! Qual solta a branca vela, E afronta sobre o pinho os mares grossos; Qual cinge com a malha o peito duro, E marchando na frente das coortes, Faz a torre voar, cair o muro. O sórdido avarento em vão defende Que possa o filho entrar no seu tesouro; Aqui fechado estende Sobre a tábua, que verga, as barras d’ouro. Sacode o jogador do copo os dados; E numa noite só, que ao sono rouba, Perde o resto dos bens, do pai herdados. O que da voraz gula o vício adora, Da lauta mesa os seus prazeres fia. 27 E o terno Alceste chora Ao som dos versos, a que o gênio o guia. O sábio Galileu toma o compasso, E sem voar ao Céu, calcula, e mede Das Estrelas, e Sol o imenso espaço. Enquanto pois, Marília, a vária gente Se deixa conduzir do próprio gosto, Passo as horas contente Notando as graças do teu lindo rosto. Sem cansar-me a saber se o Sol se move; Ou se a terra volteia, assim conheço Aonde chega o poder do grande Jove. Noto, gentil Marília, os teus cabelos. E noto as faces de jasmins, e rosas: Noto os teus olhos belos, Os brancos dentes, e as feições mimosas: Quem faz uma obra tão perfeita, e linda, Minha bela Marília, também pode Fazer os Céus, e mais, se há mais ainda. Lira VII Vou retratar a Marília, A Marília, meus amores; Porém como? Se eu não vejo Quem me empreste as finas cores: Dar-mas a terra não pode; Não, que a sua cor mimosa Vence o lírio, vence a rosa, O jasmim, e as outras flores. Ah! Socorre, Amor, socorre Ao mais grato empenho meu! Voa sobre os Astros, voa, Traze-me as tintas do Céu. 28 Mas não se esmoreça logo; Busquemos um pouco mais; Nos mares talvez se encontrem Cores, que sejam iguais. Porém não, que em paralelo Da minha Ninfa adorada Pérolas não valem nada, E nada valem corais. . Ah! Socorre, Amor, socorre Ao mais grato empenho meu! Voa sobre os Astros, voa, Traze-me as tintas do Céu. Só no Céu achar-se podem Tais belezas, como aquelas, Que Marília tem nos olhos, E que tem nas faces belas. Mas às faces graciosas, Aos negros olhos, que matam, Não imitam, não retratam Nem Auroras, nem Estrelas. Ah! Socorre, Amor, socorre Ao mais grato empenho meu! Voa sobre os Astros, voa, Traze-me as tintas do Céu. Entremos, Amor, entremos, Entremos na mesma Esfera, Venha Palas, venha Juno, Venha a Deusa de Citera, Porém não, que se Marília No certame antigo entrasse, Bem que a Páris não peitasse, A todas as três vencera. Vai-te, Amor, em vão socorres 29 Ao mais grato empenho meu: Para formar-lhe o retrato Não bastam tintas do Céu Lira VIII Marília, de que te queixas? De que te roubou Dirceu O sincero coração? Não te deu também o seu? E tu, Marília, primeiro Não lhe lançaste o grilhão? Todos amam: só Marília Desta Lei da Natureza Queria ter isenção? Em torno das castas pombas, Não rulam ternos pombinhos? E rulam, Marília, em vão? Não se afagam c’os biquinhos? E a prova de mais ternura Não os arrasta a paixão? Todos amam: só Marília Desta Lei da Natureza Queria ter isenção? Já viste, minha Marília, Avezinhas, que não façam Os seus ninhos no verão? Aquelas, com que se enlaçam, Não vão cantar-lhes defronte Do mole pouso, em que estão? Todos amam: só Marília Desta Lei da Natureza Queria ter isenção? 30 Se os peixes, Marília, geram Nos bravos mares, e rios, Tudo efeitos de Amor são. Amam os brutos impios, A serpente venenosa, A onça, o tigre, o leão. Todos amam: só Marília Desta Lei da Natureza Queria ter isenção? As grandes Deusas do Céu Sentem a seta tirana Da amorosa inclinação. Diana, com ser Diana, Não se abrasa, não suspira Pelo amor de Endimião? Todos amam: só Marília Desta Lei da Natureza Queria ter isenção? Desiste, Marília bela, De uma queixa sustentada Só na altivaopinião. Esta chama é inspirada Pelo Céu; pois nela assenta A nossa conservação. Todos amam: só Marília Desta Lei da Natureza Não deve ter isenção. Lira IX Eu sou, gentil Marília, eu sou cativo; Porém não me venceu a mão armada De ferro, e de furor: Uma alma sobre todas elevada 31 Não cede a outra força, que não seja A tenra mão de amor. Arrastem pois os outros muito embora Cadeias nas bigornas trabalhadas Com pesados martelos: Eu tenho as minhas mão ao carro atadas Com duros ferros não, com fios d’ouro, Que são os teus cabelos. Oculto nos teus meigos vivos olhos Cupido a tudo faz tirana guerra: Sacode a seta ardente; E sendo despedida cá da terra, As nuvens rompe, chega ao alto Empíreo: E chega ainda quente. As abelhas nas asas suspendidas Tiram, Marília, os sucos saborosos Das orvalhadas flores: Pendentes dos teus beijos graciosos O mel não chupam, chupam ambrosias Nunca fartos Amores. O Vento quando parte em largas fitas As folhas, que meneia com brandura; A fonte cristalina, Que sobre as pedras cai de imensa altura, Não forma um som tão doce, como forma A tua voz divina. Em torno dos teus peitos, que palpitam, Exaltam mil suspiros desvelados Enxames de desejos; Se encontram os teus olhos descuidados, Por mais que se atropelem, voam, chegam; E dão furtivos beijos. O Cisne, quando corta o manso largo, 32 Erguendo as brancas asas, e o pescoço; A Nau, que ao longe passa, Quando o vento lhe infuna o pano grosso, O teu garbo não tem, minha Marília, Não tem a tua graça. Estima pois os mais a liberdade; Eu prezo o cativeiro: sim, nem chamo À mão de amor impia: Honro a virtude, e os teus dotes amo: Também o grande Aquiles veste a saia, Também Alcides fia. Lira X Se existe um peito, Que isento viva Da chama ativa, Que acende Amor; Ah! Não habite Neste montado, Fuja apressado Do vil traidor. Corra, que o impio Aqui se esconde, Não sei aonde; Mas sei que o vi. Traz novas setas, Arco robusto; Tremi de susto, Em vão fugi. Eu vou mostrar-vos, Tristes mortais, Quantos sinais O impio tem. 33 Oh! Como pé justo Que todo o humano Um tal tirano Conheça bem! No corpo ainda Menino existe; Mas quem resiste Ao braço seu? Ao negro Inferno Levou a guerra; Venceu a terra, Venceu o Céu. Jamais se cobrem Seus membros belos; E os seus cabelos Que lindos são! Vendados olhos, Que tudo alcançam, E jamais lançam A seta em vão. As suas faces São cor de neve; E a boca breve Só risos tem. Mas, ah! respira Negros venenos, Que nem ao menos, Os olhos vêem. Aljava grande Dependurada, Sempre atacada De bons farpões. Fere com estas 34 Agudas lanças Pombinhas mansas, Bravos leões. Se a seta falta, Tem outra pronta, Que a dura ponta Jamais torceu. Ninguém resiste Aos golpes dela: Marília bela Foi quem lha deu. Ah! Não sustente Dura peleja O que deseja Ser vencedor. Fuja, e não olhe, Que só fugindo De um rosto lindo Se vence Amor. 35 Anexo D https://www.youtube.com/watch?v=toOZdsEDlrA 36 3.3. PLANO DE AULA DE GRAMÁTICA 1. Identificação Escola: Instituto Educacional Piracicabano Professor Regente: Suzane Alaíde Lindoso da Silva Estagiária: Juliana Corrêa Gil Assunto: Esse trabalho tem como assunto o Ensino dos verbos por meio das histórias em quadrinhos Ano/Série: 2ª série do Ensino Médio turno Quantidade de aulas: 04 aulas Quantidade de alunos: 28 alunos 2. Proposta e assunto da sequência didática Pretende-se ensinar aos alunos o conceito de “verbo” por meio das histórias em quadrinhos, uma vez que esse gênero é de fácil entendimento, estando presente na vivência da maior parte dos alunos, e com isso pretende-se colaborar com o aluno para a aprendizagem do conceito de verbo. 3. Justificativa Escolheu-se trabalhar com a 2ª série do Ensino Médio, pois são adolescentes que já possuem maior conhecimento sobre a língua e suas características, tendo sido já trabalhado grande parte dos aspectos de gramática, sendo então possível a retomada dos conceitos de verbo para o acréscimo de conhecimento sobre a gramática. Cabe destacar que o gênero escolhido apresenta verbos no presente, pretérito que ajudam a entender temporalidade do verbo, importante questão para ensino médio também na produção de narrativas e textos opinativos. O conceito de verbo foi escolhido por questões metodológicas, uma vez que o verbo se destaca como uma das mais importantes classes de palavras, porque constitui a base das frases, ou seja, da comunicação. Sendo que as histórias em quadrinhos irão auxiliar no ensino desses conceitos, pois são um material de fácil entendimento e de conhecimento de grande parte dos alunos. 37 4. Objetivos 4.1. Objetivo geral Objetiva-se ensinar aos alunos os conceitos de verbo, com o auxílio das histórias em quadrinhos, para que assim eles assimilem com maior facilidade esses conceitos. Pretende-se através das histórias em quadrinhos despertar nos alunos o interesse pela gramática. Ao termino das aulas, os alunos deverão ser capazes de: Ler com mais frequência os jornais, suporte importante para o estudo do gênero; Despertar o interesse pela leitura das histórias em quadrinhos; Refletir sobre a função social do gênero história em quadrinhos; Trabalhar os elementos linguísticos como marcas que ajudam na construção do sentido. 4.2. Objetivo especifico Reconhecer os elementos constitutivos do gênero história em quadrinhos, bem como o seu contudo temático, estilo e forma de composição; Ler histórias em quadrinhos, observando o uso do modo imperativo do verbo; Compreender em quais suportes as histórias em quadrinhos circulam. 5. Pressupostos Teóricos Uma questão importante para o ensino da Língua Portuguesa é a concepção de linguagem e língua. Isto porque o modo como se concebe a natureza fundamental da língua altera em muito o como se estrutura o trabalho com a língua em termos de ensino. Com isso a concepção de língua e linguagem é tão importante quanto a postura que se tem relativamente a educação. O interesse pela linguagem é muito antigo, os primeiros estudos são do século IV a.C., por razões religiosas. No século XIX, com o conhecimento de um número maior de línguas, ocorre o interesse pelas línguas vivas e pelo estudo comparativo dos falares, evidenciando o fato de que as línguas se transformam com o tempo. É a partir do século XX, com Ferdinand de Saussure, que a investigação sobre linguagem passa a ser reconhecida como estudo científico (PETTER, 2004, p. 12-13). Para Bakhtin (2002, p. 106), a linguagem é um fenômeno profundamente social e histórico e por isso mesmo ideológico. Sendo a unidade básica de análise linguística, o 38 enunciado, ou seja, os elementos linguísticos produzidos em contextos sociais reais e concretos como participantes de uma dinâmica comunicativa. A linguagem vista dessa forma, cada signo é mais do que um medo reflexo, ou substituto da realidade, é materialmente constituído no sentido de ser produzido dialogicamente no contexto de todos os outros signos sociais. Cada língua assim comocada indivíduo é formada por variantes conflitantes, todas sujeitas à questão do poder. Travaglia (2001) aponta que a gramática da língua portuguesa sempre foi vista historicamente como uma gramática normativa, isto é, aquela que corresponde as formas de expressão produzidas por pessoas cultas. Nesse aspecto, segundo o autor, o ensino de língua portuguesa nas escolas brasileiras, tradicionalmente, veio sendo baseado na concepção de aplicação das normas ditas pela gramática da língua culta e amparada nos renomados autores de textos literários. Acerca das concepções de gramática, o autor considera que a gramática é o conjunto de condições linguísticas para a significação. A partir disso, Travaglia (2001) pondera que há basicamente três conceitos de gramática. No primeiro a gramática é concebida como um manual com regras de bom uso da língua a serem seguidas por aqueles que querem se expressar adequadamente, sendo normalmente rotulada de gramática normativa. Nesse primeiro sentido afirma-se que a língua é só a variedade dita padrão ou culta e que todas as outras formas de uso da língua são desvios, erros, degenerações da língua e que, por isso, a variedade dita padrão deve ser seguida por todos os cidadãos falantes dessa língua para a não degeneração da língua de seu país. Já a segunda concepção de gramática é a que tem sido chamada de gramática descritiva, porque faz, na verdade, uma descrição da estrutura e funcionamento da língua, de sua forma e função. São representantes dessa concepção as gramáticas feitas de acordo com as teorias estruturalistas que privilegiam a descrição da língua oral e as gramáticas feitas segundo a teoria gerativa-transformacional que trabalha com enunciados ideais, ou seja, produzidos por um falante-ouvinte ideal. Por fim, a terceira concepção de gramática é aquela que, considerando a língua como um conjunto de variedades utilizadas por uma sociedade de acordo com o exigido pela situação de interação comunicativa em que o usuário da língua está engajado, percebe a gramática como um conjunto das regras que o falante de fato aprendeu e das quais lança mão ao falar. O objeto desse tipo de gramática é a descrição, daí porque normalmente é chamada de gramática internalizada. Nessa concepção de gramática não há o erro linguístico, mas a inadequação da variedade linguística utilizada em uma determinada situação de interação comunicativa. 39 Ao desenvolver o ensino de língua materna e trabalhar especificamente com o ensino de gramática, é propicio ter em mente que há diversos tipos de gramática e que o trabalho com cada um desses tipos pode resultar em trabalhos completamente distintos em sala de aula para o atendimento de objetivos bem diversos (Travaglia, 2001). Dessa forma, se faz relevante salientar que a gramatica tradicional é importante, pois auxilia o falante em situações formais, adequando sua fala a norma padrão da língua, uma vez que apesar de existirem posições diferentes em relação a língua como interação e instrumento, para isso escolheu-se utilizar Cegalla (2010) para embasar o estudo teórico. Por uma questão metodológica das classes de palavras foi escolhido o “verbo”. O verbo destaca-se como uma das mais importantes classes de palavras, porque constitui a base das frases, ou seja, da comunicação (Cegalla, 2010). Castilho (2009), por sua vez, afirma que os verbos do ponto de vista semântico expressam os estados de coisas, entendendo-se por isso ações, os estados e os eventos de que precisamos quando falamos ou quando escrevemos. Outra autora que ajuda na compreensão dessa classe de palavras é Basílio (2011) o qual expõe que o verbo é definido semanticamente como uma palavra que corresponde a uma ação ou processo representado no tempo, com a finalidade de predicação. Gramaticalmente, os verbos ocupam o núcleo do predicado verbal, apresentam flexão de tempo, modo, aspecto, número e pessoa e concordam em número/pessoa com o sujeito. Cegalla (2010) então assinala que dentre as classes de palavras, o verbo é a mais rica em flexões. Ao conjunto ordenado das flexões ou formas de um verbo dá-se o nome de conjugação. Com efeito, o verbo reveste diferentes formar para indicar a pessoa do discurso, o número, o tempo, o modo e a voz: Pessoa e número: o verbo varia para indicar o número e a pessoa; Tempos verbais: os tempos situam o fato ou a ação verbal dento de determinado momento (durante o ato da comunicação, antes ou depois dele). São três os tempos verbais: Presente; Pretérito; Futuro. Modos do verbo: os modos indicam diferentes maneiras de um fato se realizar. São três: Indicativo: expressa um fato certo, positivo; 40 Imperativo: exprime ordem, proibição, conselho, pedido; Subjuntivo: enuncia um fato possível, duvidoso, hipotético. Formas nominais: além desses três modos, existem as formas do verbo, que enunciam simplesmente um faro, de uma maneira vaga, imprecisa, impessoal. São formas nominais do verbo: Infinitivo; Gerúndio; Particípio. Voz: quanto a voz, os verbos se classificam em: Ativos; Passivos; Reflexivos. Dessa forma, pretende-se ensinar aos alunos o conceito de verbo por meio das histórias em quadrinhos. Para tanto, faz-se importante apresentar estudos que embasem o futuro plano de aula. As Histórias em Quadrinhos (HQs) segundo Machado (2007) são um gênero adaptável. Dessa forma, qualquer assunto pode ser abordado nelas, uma vez que é considerado um gênero aberto. Geralmente, as tirinhas, seguem o padrão de até quatro quadrinhos, sendo que geralmente, o foco é de cunho humorístico, porem podem, também, abordar política, crenças, etc. As tirinhas, fazem parte dos jornais e revistas, porem se tornaram, também um gênero do universo escolar. Isso se dá devido a plasticidade do gênero que permite ao professor abordarem diversos assuntos de forma mais simples, pois a circulação dos diferentes textos, nesse gênero, torna a leitura mais acessível, na maioria das vezes (MACHADO, 2007). Para entender como as classes gramaticais funcionam no texto, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), funcionam como documentos que orienta o professor, sugerindo o emprego de diversos gêneros. 6. Parâmetros Curriculares Nacionais Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) são diretrizes elaboradas pelo Governo Federal, tendo como intenção principal a de orientar os educadores por meio da normatização 41 de alguns fatores relativos a cada disciplina. Procurando construir referencias nacionais comuns ao processo educativo em todas as regiões brasileiras. Criando condições nas escolas, que permitam aos jovens ter acesso ao conjunto de conhecimentos socialmente elaborados e reconhecidos como necessários para o exercício da cidadania. O objetivo dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa é estabelecer referencias para as discussões curriculares da área e contribuir com técnicos e professores no processo de revisão e elaboração de propostas didáticas. Mais especificamente na área de gramática os PCNs trazem uma reflexão gramatical na pratica pedagógica, na perspectiva de uma didática voltada para a produção e interpretação de textos, a atividade metalinguística deve ser instrumento de apoio para a discussão dos aspectos da língua que o professor seleciona e ordena no curso do ensino-aprendizagem. Contudo, não se justifica tratar o ensino gramatical desarticulado das práticas de linguagem. Este é o caso da gramática que por ensinada de forma descontextualizada, tornou- se emblemática de um conteúdo estritamente escolar, do tipo que só serve para ir bem na provae passar de ano. Devido a isso, discute-se se há ou não necessidade de ensinar gramática. A preocupação não é reconstruir com os alunos o quadro descritivo constante dos manuais de gramática escolar. O que deve ser ensinado não responde as imposições clássicas de conteúdos na gramática escolar, mas aos aspectos que precisam ser tematizados em função das necessidades apresentadas pelos alunos nas atividades de produção, leitura e escuta de textos. A partir disso, os PCNs apresentam o trabalho com o léxico, o qual não se reduz a apresentar sinônimos de conjunto de palavras desconhecidas pelo aluno. Considerando a densidade lexical dos universos especializados, em que a carga de sentidos novos supera a capacidade do receptor de processá-los, o domínio de amplo vocabulário cumpre o papel essencial entre as habilidades do leitor proficiente. A escola deve, portanto, organizar situações didáticas para que o aluno possa aprender novas palavras e empregá-las com propriedade. 7. Metodologia A seguir, será descrito como as aulas sobre verbo com o auxílio das histórias em quadrinho serão conduzidas, com o propósito de que através das HQs os alunos entendam de forma mais leve os conceitos de verbo. 42 Na aula 01 e 02 (aula dupla), a professora, com uso do multimídia, apresentará duas Tirinhas que apresentam verbos no modo imperativo. (Ver anexo A e B). Após a leitura, ela perguntará qual o efeito de sentido que a palavra “nada” exerce na tirinha. Depois de ouvido os alunos, a professora explicará que se trata de um verbo no modo imperativo. Em seguida, ela perguntará qual o efeito de sentido que isso acarreta na tirinha, como isso causa humor e como ocorre a ambiguidade de sentidos. Sobre a Tirinha do anexo B, a professora perguntará aos alunos como ocorre o humor e o porquê da ambiguidade na palavra “Reduza”. Após a leitura e a discussão entre os alunos, a professora dirá que: ocorreu ambiguidade nas tirinhas, pois os verbos no modo imperativo têm a mesma grafia de palavras, porém denotam sentidos diferentes. Em seguida, a professora entregará os anexos C e D contendo as informações sobre o gênero Tirinhas e sobre o conceito de verbo (Ver anexo C e D). Na aula 03 e 04 (aula dupla), a professora entregará uma coletânea de tirinhas para que os alunos façam análises linguísticas sobre os verbos no modo imperativo ou sequência injuntiva. Em seguida, ela escreverá as seguintes perguntas: Qual o efeito de sentido com a leitura imediata? Como que se dá o efeito de sentido? Como ocorre o humor? Como que se dá a crítica à sociedade através dos verbos no modo imperativo, especialmente na Tirinha do anexo? Como que os verbos no modo imperativo ou sequência injuntiva, especificamente no anexo G expressão a ideia de ordem à alguém? Por quê? 8. Recursos didáticos A professore utilizara como recursos didáticos os seguintes materiais: jornais, multimídia, folha impressa, lousa e giz. 43 9. Avaliação O aluno será avaliado durante todas as aulas, desde a sua participação, mas principalmente na execução dos exercícios. 10. Bibliografia BAKHTIN, M. Marxismo e Filosofia da Linguagem. São Paulo: Editora Hucitec, 2009 BASILIO, M. Formação e classe de palavras no português do Brasil. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2011. BRASIL/CNE. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: 3º e 4º ciclos: língua portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 1998. CEGALLA, D.P. Novíssima gramática da língua portuguesa. São Paulo: Editora Nacional, 2010. PETTER, M. Linguagem, lingua, linguística. In: FIORIN, J.L. (Org). Introdução à linguística. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2004. TRAVAGLIA, L.C. Gramatica e interação: uma proposta para o ensino de gramatica no 1º e 2º graus. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2001. 44 Anexo A Disponível em: http://3.bp.blogspot.com/-FFrFl- 1Z5Hw/VaV2LmRblkI/AAAAAAAAAws/rMVExC- 8xWY/s1600/tirinha%2Bverbo%2Bnadar.jpg 45 Anexo B Disponível em: https://pt-static.z-dn.net/files/dfa/1c9f898c1ddcea7db99b16bce0a3bad3.jpg 46 Anexo C As Histórias em Quadrinhos (HQs) são um gênero adaptável. Dessa forma, qualquer assunto pode ser abordado nelas, uma vez que é considerado um gênero aberto. Geralmente, as tirinhas, seguem o padrão de até quatro quadrinhos, sendo que geralmente, o foco é de cunho humorístico, porem podem, também, abordar política, crenças, etc. As tirinhas, fazem parte dos jornais e revistas, porem se tornaram, também um gênero do universo escolar. Isso se dá devido a plasticidade do gênero que permite ao professor abordarem diversos assuntos de forma mais simples, pois a circulação dos diferentes textos, nesse gênero, torna a leitura mais acessível, na maioria das vezes. 47 Anexo D O verbo destaca-se como uma das mais importantes classes de palavras, porque constitui a base das frases, ou seja, da comunicação. Os verbos do ponto de vista semântico expressam os estados de coisas, entendendo-se por isso ações, os estados e os eventos de que precisamos quando falamos ou quando escrevemos. O verbo é definido semanticamente como uma palavra que corresponde a uma ação ou processo representado no tempo, com a finalidade de predicação. Gramaticalmente, os verbos ocupam o núcleo do predicado verbal, apresentam flexão de tempo, modo, aspecto, número e pessoa e concordam em número/pessoa com o sujeito. Dentre as classes de palavras, o verbo é a mais rica em flexões. Ao conjunto ordenado das flexões ou formas de um verbo dá-se o nome de conjugação. Com efeito, o verbo reveste diferentes formar para indicar a pessoa do discurso, o número, o tempo, o modo e a voz: Pessoa e número: o verbo varia para indicar o número e a pessoa; Tempos verbais: os tempos situam o fato ou a ação verbal dento de determinado momento (durante o ato da comunicação, antes ou depois dele). São três os tempos verbais: Presente; Pretérito; Futuro. Modos do verbo: os modos indicam diferentes maneiras de um fato se realizar. São três: Indicativo: expressa um fato certo, positivo; Imperativo: exprime ordem, proibição, conselho, pedido; Subjuntivo: enuncia um fato possível, duvidoso, hipotético. Formas nominais: além desses três modos, existem as formas do verbo, que enunciam simplesmente um faro, de uma maneira vaga, imprecisa, impessoal. São formas nominais do verbo: Infinitivo; Gerúndio; Particípio. 48 Voz: quanto a voz, os verbos se classificam em: Ativos; Passivos; Reflexivos. 49 Anexo E Disponível em: http://4.bp.blogspot.com/-U1cKaRtY3-g/VV3fD- L67pI/AAAAAAAAAaQ/gGUv0zc1KyI/s1600/intro-midiatvpublicidade.jpg 50 Anexo F Disponível em: http://4.bp.blogspot.com/_- OYZLPC1lfE/S71WQQ6jThI/AAAAAAAAAY8/0r34_qQf24I/s1600/%7B9730A58F-1D19- 4185-B0DF-F0FE40AC227B%7D_Figura%25204%2520RA08.jpg51 Anexo G Disponível em: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/discovirtual/galerias/imagem/0000002639/md.00 00033020.png 52 Anexo H Disponível em: http://2.bp.blogspot.com/_gvszySkdqKo/TQV_qNtjJdI/AAAAAAAAAPU/Pe_- DuAuNhY/s1600/MARI1.JPG 53 Anexo I Disponível em: http://1.bp.blogspot.com/- kRr9I4ZzPTM/Vi0D313iCvI/AAAAAAAADdY/OIrQ4g0XSqM/s1600/aaa.png 54 Anexo J Disponível em: http://lh4.ggpht.com/- Ku6_TFvj2ho/UyyvR4A47RI/AAAAAAAAAPI/jFhxMILdz1U/gonsales_thumb%25255B2 %25255D.png?imgmax=800 55 Anexo K Disponível em: http://4.bp.blogspot.com/-7bNyPZex14w/T- ng_1AIlJI/AAAAAAAAAJU/2YkajgWEZlQ/s1600/gifquadrinhomonica.png 56 Anexo L Disponível em: http://4.bp.blogspot.com/- XPP581xqVvc/U4ILVielgSI/AAAAAAAAASY/rjE7nt0c- 0c/s1600/tirinhas_centralfree_ga080725.jpg 57 Anexo M Disponível em: https://s3-sa-east-1.amazonaws.com/figuras.tecconcursos.com.br/6a45f520- 4e54-43a5-8039-8c3bc556ec0a 58 Anexo N Disponível em: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/upload/conteudo/tirinha-fernando- gonsales.jpg 59 3.4. EXPOSIÇÃO ORAL DOS PLANOS DE AULA A exposição oral dos planos de aula foi realizado durante uma noite de apresentações, na qual todos os alunos do 8º semestre (exceto alguns alunos que não estavam presentes) fizeram a apresentação para os alunos do 7º semestre de Letras – Língua Portuguesa e professores do curso que estavam presentes, sobre como é o estágio, explanaram sobre os planos de aula, explicaram sobre os projetos multidisciplinares, avaliaram o estágio e explicaram a importância do estágio para o alunos como futuro profissional na área da educação. 3.5. REGÊNCIA: RELATO A professora regente escolheu o plano de Literatura, pois quando comentei sobre os dois plenos, Gramática e Literatura, a professora regente acho que seria mais viável a aplicação do plano de Literatura, devido ao fato de ser na 1ª série do E.M. Contudo, foi a professora regente que escolheu o período literário, Arcadismo, para que assim eu desse continuidade com conteúdo programado. A minha regência foi realizada na 1ª série B, com eles trabalhei o período literário do Arcadismo, tendo como objetivo uma análise comparativa entre as liras de Tomás Antônio Gonzaga e as obras plásticas desse período. Dessa forma, despertar o interesse pela leitura de obras literárias, podendo assim refletir sobre a função social da literatura. Dei inicio, apresentando-me à sala, expliquei a eles sobre o meu estágio e como ele funcionava. Então, salientei sobre a regência e como seriam as aulas que estria ministrando e como elas haviam sido desenvolvias. Expliquei aos alunos que a o conteúdo que eu ministrando foi sugerido pela professora Suzane e desenvolvido por mim. Dessa forma, iniciei a aula mostrando a eles a primeira parte da Lira I de “Marilia de Dirceu” de Tomaz Antônio através do uso do multimídia. Perguntei se algum aluno queria ler, e um aluno (Caio) se dispôs a ler. Ao fim da leitura, indaguei aos alunos: “Quais sãos as características desse texto?”. A grande maioria respondeu que era um texto muito longo; dessa forma, perguntei, “além disso, o que mais vocês perceberam nessa lira?”. Foi a partir desse ponto, que os alunos começaram a apontar características do movimento arcadista, colocando que era um texto de fácil compressão, com linguagem simples, que falava muito da natureza. Perguntei aos alunos se eles identificavam “Qual/quem é o objeto de descrição do texto?”, a resposta foi unanime “Marilia”. 60 A partir da compreensão da lira e das suas características, distribui aos alunos uma folha impressa com um texto contendo o contexto histórico do século XIX; as características do período literário e o autor mais conhecido desse movimento – Tomás Antônio Gonzaga. Fizemos uma leitura compartilha, na qual os alunos iam lendo, eu ia parado a leitura, explicando e eles iam tirando suas dúvidas. A professora regente, Suzane, ainda não havia iniciado com os alunos os estudos sobre o período do Arcadismo, assim, fui eu quem deu inicio aos estudos através das aulas daquele dia. No segundo dia de regência, iniciei a aula explicando para eles qual era a proposta da aula. Disse a eles que iria mostrar um vídeo com algumas obras plásticas para que eles pudessem comparar com as outras liras de “Marilia de Dirceu”. Ao final do vídeo, pedi que formassem grupos, passei na lousa algumas perguntas e distribui as liras. Expliquei que aquelas perguntas seriam para eles estarem utilizando como base de análise e comparação entre as liras e as obras plásticas. Dei trinta minutos para que os grupos lessem as liras e discutissem sobre as perguntas. Ao fim desse tempo, começamos uma discussão para saber o que eles haviam entendido e absorvido das liras e das obras plásticas. Após a discussão, fiz um fechamento da aula e do assunto trabalhado, o Arcadismo. 3.6. AVALIAÇÃO DA REGÊNCIA Para mim, a regência foi uma experiência nova e de grande aprendizagem, pois nunca tive contato com o Ensino Médio, e diferente da regência do primeiro semestre, essa turma, se mostrou muito ainda mais interessada ao que eu explicava, fazendo extremo silêncio enquanto eu falava e tirando todas as dúvidas que tinham. Não tive nenhum problema durante as aulas destinadas a regência. Os alunos me respeitaram, participaram da aula, cooperaram e o melhor de tudo, foi que interagiram. Fiquei realmente entusiasmada com o resultado que minhas aulas tiveram diante dos alunos. Fiquei muito animada com os comentários da docente regente, ao fim das aulas do estágio. Pois, creio que o plano de aula colaborou para o aprendizado, o interesse e o entendimento por um importante período literário. 61 3.7. PROJETO 1. Identificação REVIVENDO MEMÓRIAS Projeto multidisciplinar e interdisciplinar Nome do aluno: Juliana Corrêa Gil Nome da escola: Instituto Piracicabano da Igreja Metodista Local: Piracicaba/ SP Ano: ( ) 1º ( x ) 2º ( ) 3º número de alunos: 25 alunos Professores envolvidos: Língua Portuguesa, Arte e História 2. Problemática a ser estudada/ definição do tema Notou-se que os alunos pouco sabem ou se interessam pelo o que aconteceu com os seus familiares mais antigos. Pensando nisso, achou-se pertinente desenvolver um projeto no qual o aluno escutem as memórias de um familiar mais velho, para depois transformá-las em documentário. Dessa forma, será trabalhada a Literatura com a obra “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, o gênero memórias e o gênero documentário, para assim desenvolver no aluno o interesse pela contação de memórias, além de o aluno a partir disso poder dar início a suas memórias. 3. Justificativa Escolheu-se trabalhar com a 2ª série do Ensino Médio, pois sãoadolescentes que já possuem maior conhecimento sobre a língua e suas características, tendo sido já trabalhado parte dos aspectos da literatura, sendo então coeso o ensino de um período literário tão importante para a história da literatura brasileira como foi o Realismo. Assim, espera-se contribuir para a ampliação do conhecimento do aluno ao estudar sobre um autor de grande influência para a literatura brasileira, Machado de Assis, além de ensinar aos alunos as diferentes linguagens em que a literatura pode ser introduzida a partir de sua obra. 62 Para tanto, a obra escolhida para o desenvolvimento do projeto foi “Memórias Póstumas de Brás Cubas” de Machado de Assis, pois ela se destaca ao ser publicada causando grande perplexidade, uma vez que marca a “maturidade artística” do escritor. Pretende-se a partir da escolha dessa obra, fazer com que os alunos compreendam o que é a contação de memórias e dessa forma, possam desenvolver um documentário contando as suas memórias. 4. Pressupostos teóricos Uma questão importante para o ensino da Língua Portuguesa é a concepção de linguagem e língua, uma vez que o modo como se concebe a natureza fundamental da língua altera o como se estrutura o trabalho com a língua em termos de ensino. Com isso, a concepção de língua e linguagem é tão importante quanto a postura que se tem relativamente à educação (TRAVAGLIA, 2001). Desta forma, a língua pode ser concebida como uma corrente evolutiva continua, isto é, não pode considerá-la apenas um conjunto de normas inalteráveis, pelo contrário, o interlocutor faz uso dessas normas para execução da linguagem. Inclusive a língua é voltada ao social, consequentemente, só ele pode modifica-la (BAKHTIN, 2009). Para Bakhtin (2009), a linguagem é um fenômeno profundamente social e histórico e por isso mesmo ideológico. Sendo a unidade básica de análise linguística, o enunciado, ou seja, os elementos linguísticos produzidos em contextos sociais reais e concretos como participantes de uma dinâmica comunicativa. A linguagem vista dessa forma, cada signo é mais do que um medo reflexo, ou substituto da realidade, é materialmente constituído no sentido de ser produzido dialogicamente no contexto de todos os outros signos sociais. Cada língua assim como cada indivíduo é formada por variantes conflitantes, todas sujeitas à questão do poder. Ainda segundo Bakhtin (2009), os gêneros são tipos relativamente estáveis de enunciados, elaborados pelas mais diversas esferas de atividades humanas. Consequentemente, pode-se dizer que qualquer tipo discursivo se realiza dentro de um determinado gênero que caracteriza-se por sua estrutura composicional, conteúdo temático, estilo e função comunicativa. Cabe ressaltar que esses conceitos são relevantes, pois ajudarão a entender a obra literária escolhida. O Romance Realista “Memórias Póstumas de Brás Cubas” de Machado de 63 Assis causa grande perplexidade no cenário literário brasileiro ao ser publicado, portanto, faz- se necessário trazer as contribuições desse movimento literário no Brasil. A escola Realista caracteriza-se pela intenção de uma abordagem objetiva da realidade e pelo interesse por temas sociais. O engajamento ideológico fez com que muitas vezes a forma e as situações descritas fossem exageradas para reforçar a denúncia social. Atingindo seu ponto máximo com o Naturalismo, direcionado pelas ideias materialisticas. Muitas vezes, Realismo e Naturalismo se confundem (COUTINHO, 2004). Dessa forma, Bosi (1997) descreve o movimento realista como O Realismo se tingirá de naturalismo, no romance e no conto, sempre que fizer personagens e enredos se submeterem ao destino cego das ‘leis naturais’ que a ciência da época julgava ter codificado; ou se dirá parnasiano, na poesia, à medida que se esgotar no lavor do verso tecnicamente perfeito (p. 187). O movimento Realista vem da Europa com tendências ao universal, contudo, ao chegar ao Brasil, passa por modificações devido as tradições do país e, sobretudo pela intensificação das contradições da sociedade, reforçadas pelos movimentos republicanos e abolicionistas, intensificadores do descompasso de sistemas sociais. De acordo com os escritos de Hoffnagel (2010), pode-se entender o gênero entrevista como uma conversa controlada, pois há uma estrutura fixa, na qual o entrevistador determina as perguntas, podendo ser abertas ou fechadas. Portanto, o entrevistado responde, na maioria das vezes, o que lhe foi perguntado. Sendo assim, um gênero essencialmente comunicativo, pois não prioriza a escrita, mas sim o oral, assim como consta nos estudos de Hoffnagel (2010). Ainda nesta linha de raciocínio, Levinson (1979) ainda que a entrevista tenha em sua composição a estruturação de perguntas e respostas, pode haver variação quanto ao propósito pretendido pelos entrevistadores. Como exemplo, uma entrevista médica, jornalística ou científica destoará do propósito da entrevista de emprego, ou seja, o gênero não perde suas características, porém agrega outras funções, se assim pode-se dizer, passa a ter subgêneros. Para conclusão, adotando as ideias de Marcuschi (2000 apud HOFFNAGEL, 2010) pode-se dizer que a organização básica da entrevista é: o entrevistador abre a conversa e estabelece o tópico a ser discutido. O entrevistado responde, aceitando o tópico que foi proposto. E assim por diante, nessa perspectiva, o entrevistador abre e fecha a entrevista, dando assim, posse dos turnos conversacionais. 64 Vale ressaltar as concepções teóricas sobre a adaptação cinematográfica para a concepção da sequência didática. As adaptações estão em todos os lugares hoje em dia, seja nas telas da televisão e do cinema, nos palcos dos musicais e do teatro dramático, na internet, nos romances e quadrinhos. No entanto, é evidente que as adaptações são velhas companheiras, segundo Hutcheon (2011, p.22) “Shakeapeare transferiu histórias de sua própria cultura das páginas para o palco, tornando-as assim disponíveis para um público totalmente distinto”. Interpretar uma adaptação como adaptação significa, de certo modo, trata-la de em sua formulação, não de “obra”, mas de “texto”, uma “estereofonia plural de ecos, citações e referências” (BARTHES, 1977 apud HUTCHEON, 2011, p. 27-28). Em bora as adaptações também sejam objetos estéticos em seu próprio direito, é somente como obras inerentemente duplas ou multilaminadas que elas podem ser teorizadas como adaptações (HUTCHEON, 2011). Desta forma, o entendimento da relação entre cinema e literatura como parasitária e subserviente, até chegar a ideia mais atual, que entende o fenômeno a partir das noções de dialogismo e intertextualidade, passaram-se inúmeros momentos de consolidação e de resistência da linguagem cinematográfica. Posto que, a adaptação cinematográfica é um processo estilístico que remonta não apenas ao início do cinema, mas a toda a atividade artística que se constrói a partir de uma obra anterior, sendo o processo através do qual uma obra tem seus elementos considerados constitutivos transpostos para uma narrativa fílmica (SILVA, 2009, p. 3). Seria um filme adaptado, assim, uma leitura do texto literário, construído sobre sentidos elencados por leitores de texto base ou ainda em (co)construção com a própria arte cinematográfica, sendo o filme realizado a partir dessas leituras, permitindo ainda novas interpretações, novos sentidos a serem construídos pelo espectador (AMORIM, 2010, p. 1734). Tornou-se comum a adaptação de uma obra literária para os meios audiovisuais: novela, cinema, minissérie, etc. Este recurso é muito empregado pela dramaturgia brasileira. A transposição