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Exclusão por Indignidade na Sucessão

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6. EXCLUSÃO POR INDIGNIDADE
A Indignidade. Causas de exclusão. Falta de legitimidade para suceder. Procedimento de exclusão. Reabilitação do indigno. Efeitos da exclusão. Validade dos atos praticados pelo herdeiro aparente
6.1. A Indignidade
Em geral, as pessoas têm direito sucessório em ralação a seus parentes, até determinado grau, consoante a ordem da vocação hereditária. Porém, existem exceções decorrentes de motivos particulares ou especiais expressamente previstos em lei.
Um herdeiro ou legatário pode ser excluído da herança se praticar contra o de cujus qualquer dos atos considerados ofensivos, tais como atentados conta a vida, a honra, e contra a liberdade de testar. Os atos capazes de acarretar a exclusão do herdeiro ou legatário estão elencados no art. 1814 do Código Civil.
No direito sucessório prevalece uma razão de ordem ética, fundada na afeição real ou presumida entre o falecido e seu herdeiro ou legatário, esperando-se que este demonstre algum sentimento de gratidão e respeito à pessoa do de cujus, além do acatamento de sua vontade e de suas disposições. A prática de atos contrários a este comportamento respeitoso pode tornar o herdeiro ou legatário indignos de ser beneficiados pela herança.
A exclusão por indignidade se fundamenta em três pressupostos: ser o herdeiro ou legatário incurso em casos legais de indignidade, não ter sido ele reabilitado pelo de cujus, exista uma sentença declaratória de indignidade.
Segundo Clóvis Beviláqua, “Indignidade é a privação do direito hereditário cominada por lei a quem comete atos ofensivos à pessoa ou aos interesses do hereditando”. A indignidade é uma pena civil aplicada ao herdeiro que houver praticado atos criminosos ou reprováveis contra o autor da herança, seu cônjuge ou companheiro, ascendente ou descendente.
A indignidade consiste, assim, em uma sanção civil que acarreta a perda do direito sucessório. Aquele que cometeu atos ofensivos à pessoa do falecido ou a seus interesses fica privado do direito à sucessão. Esta sanção tem origem em princípio de ordem pública, não se podendo aceitar que uma pessoa que tiver praticado atos lesivos contra o autor da herança, possa sucedê-lo, sendo beneficiada com o seu patrimônio. A indignidade atinge o herdeiro legítimo, o testamentário e o legatário. 
6.2. Causas da exclusão
As causas que provocam a exclusão do herdeiro ou do legatário estão definidas no art. 1814 do Código Civil, podendo ser resumidas em atentados contra a vida, a honra e a liberdade do de cujus ou de membros de sua família. Apenas os atos previstos em lei possuem o caráter de afastar o herdeiro da sucessão. 
a) O inciso I do art. 1814 menciona a participação do herdeiro ou legatário em homicídio doloso ou tentativa, contra o autor da herança, seu cônjuge ou companheiro, ascendente ou descendente. Evidentemente, encontra-se nesta disposição, a mais grave de todas as formas de ingratidão, da qual provém o ditado alemão: “mão ensanguentada não apanha herança”.
O Código não exige que o indigno seja condenado criminalmente para que ocorra a exclusão, adotando a lei brasileira o princípio da independência da responsabilidade civil em relação à penal, prevista no art. 935 do Código Civil: “A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal ”.
Isto significa que, enquanto os aspectos fáticos não estiverem definidos na área criminal, as ações civis e penais correm de maneira independente. Porém, se já tiver sido proferida sentença criminal condenatória, tem-se que o dolo ou a culpa do agente foram reconhecidos e a questão não poderá ser reexaminada na esfera cível. A sentença penal condenatória transitada em julgado sempre faz coisa julgada no cível.
Ou seja, a prova do fato e da culpabilidade do indigno ocorre no curso da ação cível. No entanto, se o réu for absolvido na esfera penal em razão do reconhecimento de inexistência do fato, ou da autoria, fica afastada a pena de indignidade na esfera cível (conforme o art. 935 do Código Civil). Esta é uma situação semelhante à que acontece nos casos de legítima defesa, estado de necessidade e exercício regular de direito (art. 65 do Código de Processo Penal).
Da leitura do art. 1814, percebe-se que o homicídio dever ser doloso para que aconteça a exclusão do herdeiro ou legatário. Para que o herdeiro ou legatário seja afastado por homicídio, a prova do fato é imprescindível, não se aceitando a mera suposição.
b) Segundo o inciso II, são excluídos os que “houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro”. Configuram-se neste inciso os crimes de denunciação caluniosa do de cujus em juízo e prática de crime contra a sua honra. 
Consiste a denunciação caluniosa em crime praticado pelo agente que realiza denúncia falsa, em contradição com a verdade dos fatos, estando o denunciante consciente desta contradição. Significa dar causa a instauração de investigação policial ou de processo judicial de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente. Trata-se de crime previsto no art. 399 do Código Penal.
Para alguns autores, não é suficiente qualquer acusação, mesmo perante a polícia, ou na esfera administrativa. A denunciação deve ter sido proferida em juízo criminal, para que possa produzir efeito no direito sucessório. Porém, não é necessário haver condenação, sendo suficiente o processo judicial instaurado. Para outros, será considerado indigno quem fizer a denunciação caluniosa no juízo criminal, ou em inquérito policial, ou em investigação administrativa. 
Na segunda parte do inciso II, está prevista a exclusão em decorrência da prática de crimes contra a honra do autor da herança, seu cônjuge ou companheiro, quais sejam os crimes de calúnia, injúria e difamação, disciplinados no art. 138, 139 e 140 do Código Penal. Embora não haja consenso, para a maioria dos autores não se faz necessária a condenação criminal para configurar a indignidade, mesmo porque no crime contra a vida esta condenação não é condição para a exclusão. Todavia, autores como Washington de Barros Monteiro e Maria Helena Diniz entendem que a prática de crimes contra a honra do de cujus só ficará apurada se houver prévia condenação do indigno no juízo criminal.
c) O inciso III se refere à hipótese de inibição ou criação de obstáculo para que o autor da herança possa livremente dispor de seus bens por ato de última vontade. Estes óbices devem resultar de violência ou meios fraudulentos. A violência se manifesta mediante ação física, e a fraude em ação psicológica.
O dispositivo tem por objetivo garantir a liberdade de testar do autor da herança, atribuindo penalidade a quem, de alguma forma dolosa, fraudulenta, impede a elaboração do instrumento, ou pressiona e ilude o autor na sua feitura, ou, ainda, consegue alterar o que estava elaborado. Passível da penalidade é, também, aquele que oculta, vicia ou falsifica o documento que expressa a vontade do de cujus, ou que atrapalha o seu cumprimento.
A fraude ou violência podem acarretar a decretação de nulidade relativa do testamento, em razão do vício de consentimento que tenham provocado. O indigno receberá a pena cabível em decorrência de sua atuação típica.
Como exemplos de hipóteses referentes ao tema, a doutrina enumera os seguintes: 
- o herdeiro constrange o autor a testar
- impede o testador de revogar testamento anterior
- suprime testamento cerrado ou particular do testador
- trama a elaboração de um novo testamento ou elabora testamento falso
- pretende, conscientemente, fazer uso de testamento contrafeito
 - pessoa que foi contemplada em testamento anterior, impede que o testadoro revogue. 
6.3. Falta de legitimação para suceder. Semelhanças e diferenças em relação à indignidade e à deserdação.
Aberta a sucessão, a herança é transmitida aos sucessores que tenham legitimidade. O indigno, desde que legitimado, adquire e conserva a herança até o momento em que transite em julgado a sentença referente a sua exclusão. Todavia, aquele que não tem legitimidade, não tem direito à sucessão, não adquirindo os bens deixados pelo falecido. 
Portanto, indignidade e falta de legitimação consistem em situações diferentes, uma vez que a indignidade não impede que o herdeiro adquira a herança, mas faz com que ele perca o que havia recebido, em decorrência de fato que pode acontecer posteriormente. A falta de legitimação, ao contrário, consiste em obstáculo, em incapacidade que impede a aquisição da herança.
Neste sentido, a falta de legitimação tem origem em dado objetivo, enquanto a indignidade resulta de circunstância subjetiva.
No que diz respeito à deserdação, art. 1961 define que “os herdeiros necessários podem ser privados de sua legítima, ou deserdados, em todos os casos em que podem ser excluídos da sucessão”. A deserdação, tanto quanto a indignidade, tem por finalidade a exclusão de quem pratica atos condenáveis contra o de cujus, existindo algumas semelhanças e também diferenças entre os dois institutos. Ambos têm origem na vontade do testador, pautando-se a indignidade pela vontade presumida e a deserdação pela vontade expressa do testador, não se confundindo os institutos. 
Além da disposição constante do art. 1961, os artigos 1962 e 1963 enumeram outras causas de deserdação referentes a descendentes e a ascendentes, como por exemplo, ofensa física, injúria grave, desamparo. A deserdação será melhor analisada no âmbito da sucessão testamentária.
Como diferenças, observa-se que os institutos da indignidade e da deserdação se distinguem:
Pela sua causa eficiente – Enquanto a indignidade decorre da lei, conforme define o art. 1814, a deserdação emana de punição advinda do autor da herança que castiga o responsável em testamento, nos casos previstos nos arts. 1814 e 1962 do Código Civil.
Pelo seu campo de atuação – A indignidade consiste em instituto vinculado à sucessão legítima, embora possa, em alguns casos, ser aplicada ao legatário. A deserdação somente acontece na sucessão testamentária, na medida em que é o autor da herança que, em testamento expressamente declara sua causa, afastando herdeiros necessários, aos quais a lei assegura o direito à legítima (descendentes, ascendentes e cônjuge). A privação deste direito somente pode ocorrer mediante a deserdação. A indignidade pode atingir todos os sucessores, tanto legítimos e testamentários, como legatários.
Vale ressaltar que se o testamento for nulo e, por consequência, não ocorra a deserdação, os interessados poderão requerer a exclusão do sucessor por indignidade, nos casos em que a causa apontada pelo testador como fundamento da deserdação possa também justificar a indignidade. Havendo esta simultaneidade de causas, na hipótese de não ter o testador promovido a deserdação do indigno por testamento, não significa que o tenha perdoado, nada impedindo que os interessados na sucessão ajuízem a ação de exclusão do herdeiro. Todavia, isto não será possível se o testador houver perdoado o indigno por documento autêntico ou por testamento, de forma expressa ou tácita, conforme disciplina o art. 1818 do Código Civil.
Pelo modo de sua efetivação – A exclusão por indignidade deve ser requerida pelo interessado em ação própria e deferida por sentença judicial, segundo dispõe o art. 1815: “A exclusão do herdeiro ou legatário, em qualquer desses casos de indignidade, será declarada por sentença”. A deserdação acontece por testamento, com expressa declaração da causa, nos termos do art. 1964: “Somente com expressa declaração de causa pode a deserdação ser ordenada em testamento”.
Sintetizando a distinção entre incapacidade sucessória e indignidade:
 - A incapacidade impede que nasça o direito à sucessão. A indignidade impede a conservação da herança
 - A incapacidade é um fato decorrente do enfraquecimento da personalidade do herdeiro. A indignidade é uma pena civil
 - O incapaz não adquire a herança em nenhum momento. O indigno adquire no momento da abertura da sucessão e perde ao transitar em julgado a sentença declaratória de sua indignidade.
 - O incapaz, como nunca foi herdeiro, não transmite nada a sucessores. O indigno, considerando o caráter personalíssimo da pena, transmite seu quinhão hereditário a seus herdeiros, como se fosse morto.
Sintetizando a distinção entre indignidade e deserdação:
 - A indignidade tem por fundamento as hipóteses elencadas no art. 1814 do Código Civil. A deserdação decorre da vontade do autor da herança, que a impõe ao ofensor como ato de última vontade, com base em motivos legais (arts. 1814, 1962 e 1963).
 - A indignidade se refere à sucessão legítima, embora alcance o legatário. A deserdação só se aplica na sucessão testamentária.
 - A indignidade afasta da herança herdeiros legítimos e testamentários. A deserdação é o meio empregado pelo testador para excluir da sucessão seus herdeiros necessários.
6.4. Procedimento de exclusão
A exclusão do indigno não se opera de direito, sendo necessária a provocação dos interessados. Ocorre mediante a propositura de ação específica, ajuizada por quem tenha interesse na sucessão, devendo ser decretada por sentença, segundo o art. 1815 do Código Civil,. Por ser matéria de alta indagação, (ou seja, elementos de fato que requerem produção de provas e devem ser analisados em processo à parte), necessário se faz o pronunciamento da indignidade por sentença proferida em ação ordinária. Não importa a gravidade do ato praticado, haverá sempre a necessidade da ação declaratória para que ocorra a exclusão por decreto judicial, não sendo possível ipso iure, automaticamente.
Mesmo que o herdeiro tenha sido criminalmente condenado por sentença com trânsito em julgado, necessária se faz a provocação da exclusão em processo próprio no juízo cível. Todavia, embora este entendimento seja predominante, não é unânime, havendo posições contrárias na doutrina.
O Código não menciona que a ação deva ser movida por quem tenha interesse na ação, nem especifica o rito a ser observado, depreendendo-se serem aplicadas as regras processuais referentes aos procedimentos e â legitimidade processual em geral.
Como interessados em propor a ação poderiam ser indicados o co-herdeiro e o donatário favorecidos com a exclusão do indigno. Além do Município, do Distrito Federal e da União, caso não existam sucessores legítimos e testamentários. Não tem interesse quem não possa se beneficiar diretamente da exclusão, mesmo que se trate de sucessor da herança. Como exemplo desta situação, cita-se o irmão do indigno, quando este tiver filhos, que herdarão no lugar do ofensor, quando proclamada a exclusão.
A matéria relativa ao legítimo interesse para o ajuizamento da ação de exclusão do indigno é de interesse privado, e não público. Neste sentido, somente aqueles que serão beneficiados poderão propor a exclusão. Isto significa que, mantendo-se os interessados inertes, mesmo o herdeiro legítimo ou testamentário que tirou a vida do de cujus permaneceria na condição de sucessor. O Ministério Público não tem legitimidade para, representando a sociedade, reverter esta situação. Todavia, alguns autores entendem ser possível o MP ajuizar a ação, desde que presente o interesse público, pelo fato de ser guardião da ordem pública, tendo legitimidade para promover ação visando a declaração de indignidade de herdeiro ou legatário.
Da mesma forma, não é legitimado o Ministério Público para representar interesse de menores, ao quais serão representados por seu representante legal.
 A ação não pode ser proposta em vida do autor da herança, porque não existe, então, a sucessão. Portanto, somente após a morte do hereditando seráajuizada a ação de exclusão. No polo passivo situa-se apenas o imputado, uma vez que a culpa é pessoal, não se transmite. Falecendo este antes do autor da herança, não mais se justifica a ação de indignidade. Se o réu falecer no curso do processo, extingue-se a ação e neste caso, ocorre a transmissão a seus herdeiros dos bens que vinha desfrutando desde a morte do de cujus, porque os efeitos da indignidade somente se aplicariam após sua declaração por sentença. Segundo o princípio da personalidade da culpa e da pena, esta não deve ir além da pessoa do criminoso e se este faleceu, nada impede que seus direitos hereditários passe a seus herdeiros.
O prazo para a propositura da ação declaratória de indignidade é de 4 anos. Isto significa que o direito de requerer a exclusão do herdeiro ou legatário extingue-se no prazo decadencial de 4 anos, contados da data da abertura da sucessão, conforme prescreve o parágrafo único do art.1815.
6.5. Efeitos da exclusão
a) São pessoais, e os herdeiros do excluído o sucedem por representação, nos termos do art. 1816, 2ª parte: “...os descendentes do herdeiro excluído sucedem como se ele fosse morto antes da abertura da sucessão”. Segundo o princípio pelo qual a pena não passa da pessoa do delinquente, não prejudica os descendentes de quem foi excluído por indignidade, sucedendo-o por representação como se ele fosse morto. A situação do excluído equipara-se, portanto, à do pré-morto. Como exemplo, cita-se o caso do falecido que, tendo 2 filhos, um deles foi excluído por indignidade; neste caso, a herança será dividida em duas extirpes, ficando um filho com a metade e a outra metade será dos filhos do excluído.
Somente os descendentes do indigno podem substituí-lo. Não havendo descendentes, os bens passarão para os demais herdeiros do de cujus, que herdarão por direito próprio.
Os descendentes do herdeiro excluído somente serão chamados a sucedê-lo se este tiver de herdar por disposição legal. Na sucessão testamentária, não há chamamento dos herdeiros do excluído, destinando-se os bens ao substituto nomeado (se houver), ou serão acrescidos ao monte-mor para partilha entre os herdeiros (legítimos e testamentários).
Se o indigno for o único da sua classe, a sucessão caberá aos herdeiros da classe seguinte. Se não for o único, caberá aos co-herdeiros da classe, ressalvado, porém aos seus descendentes herdar por estirpe ou por representação.
Bens ereptícios são os bens retirados do indigno, ou seja, aqueles que ele deixa de receber e são destinados às pessoas que os recebem como se ele nunca tivesse existido. Esta expressão deriva do Direito Romano, quando o fisco se apoderava – eripere – dos bens hereditários, derivando daí a denominação hoje atribuída aos bens assim adquiridos.
b) Os efeitos da sentença retroagem à data da abertura da sucessão, significando que são ex tunc os efeitos da sentença declaratória de indignidade. Sendo o indigno considerado pré-morto, por ficção legal retroagem os efeitos da sentença, embora a aquisição da herança por parte do indigno ocorresse no momento da abertura da sucessão. Ou seja, até o trânsito em julgado da sentença, o herdeiro está na posse dos bens da herança, porém, o efeito retrooperante da sentença retroage à data do falecimento do de cujus 
Assim sendo, fica o excluído da sucessão obrigado a restituir os frutos e os rendimentos que houver recebido dos bens da herança, na medida em que por direito estes rendimentos não lhe pertenciam, por não lhe pertencerem os bens que os originou. Tratando-se de benfeitorias destinadas à conservação dos bens, tem direito à indenização. É o que determina o art. 1817, parágrafo único. Segundo o dispositivo, a situação do indigno se assemelha àquela do possuidor de má-fé, uma vez que nunca foi dono dos bens da herança.
c) O indigno não terá direito ao usufruto e administração dos bens que passem aos filhos menores. Conforme o art. 1689 do Código Civil, no exercício do poder familiar, cabe aos pais o usufruto e a administração dos bens dos filhos menores. No entanto, o indigno perde este direito, conforme dispõe o art. 1816. Igualmente, não terá direito à sucessão eventual destes bens.
6.6. Validade dos atos praticados pelo herdeiro aparente
Herdeiro aparente é aquele “que se encontra na posse de bens hereditários como se fosse legítimo sucessor do de cujus, assumindo posição notória, ostensiva, sendo por todos considerado, por força de erro comum ou geral, como verdadeiro herdeiro”, segundo conceitua Zeno Veloso. É considerado como verdadeiro e legítimo titular do direito sucessório, embora não o fosse. Enquanto não acontece a exclusão mediante sentença, aquele que se apresenta como herdeiro, apenas aparenta ser herdeiro, porque na verdade não o é, uma vez que o verdadeiro herdeiro será conhecido posteriormente.
O art. 1817 dispõe: “São válidos os atos de alienação onerosas dos bens hereditários a terceiros de boa-fé, e os atos de administração legalmente praticados pelo herdeiro, antes da sentença de exclusão; mas aos herdeiros subsiste, quando prejudicados, o direito de demandar-lhe perdas e danos.”
A sentença que declara a indignidade não poderá causar prejuízo aos direitos de terceiros de boa-fé e, por isso, devem ser respeitados os atos de disposição a título oneroso praticados pelo indigno antes da sentença, podendo, no entanto, os co-herdeiros que sejam prejudicados demandar-lhe perdas e danos.
Nos termos do art. 1817, o reconhecimento judicial da indignidade acarreta a resolução do direito sucessório do indigno, operando os efeitos da sentença ex nunc, ou seja, a partir de sua manifestação. Neste sentido, são considerados válidos, tanto as alienações efetuadas, como os atos de administração praticados anteriormente. Contudo, só serão válidos os atos praticados a título oneroso, como dispõe o artigo 1817, além de que os adquirentes deveriam estar de boa-fé. Prevalece a necessidade de privilegiar a boa-fé de quem fez negócio com o herdeiro indigno imaginando tratar-se de um herdeiro em condições de negociar os bens da herança. Se, todavia, agiram conscientes da indignidade do herdeiro, terão que devolver o bem à herança.
Nos termos do art. 1817, são eficazes as alienações feitas, a título oneroso, pelo herdeiro aparente a terceiro de boa-fé.
Se a alienação tiver sido gratuita, não terá validade, mesmo porque não terá havido prejuízo para o terceiro. 
Segundo o art. 1828, “o herdeiro aparente, que de boa-fé houver pago um legado, não estará obrigado a pagar o equivalente ao verdadeiro sucessor, ressalvado a este o direito de proceder contra quem o recebeu”. O dispositivo funda-se no entendimento de que, ao pagar o legado, estando o herdeiro aparente de boa-fé, estaria cumprindo disposição de última vontade do falecido e, por isso, o verdadeiro sucessor não tem motivos para voltar-se contra ele. Poderá, contudo, reagir contra o legatário, requerendo a restituição daquilo que indevidamente recebeu.
6.7. Reabilitação ou perdão do indigno
O indigno poderá ser reabilitado em decorrência de perdão do ofendido, expressamente manifestado em testamento ou outro ato autêntico, conforme estabelece o art. 1818. O perdão consiste em ato solene que deve observar forma prescrita em lei. É considerado ato autêntico qualquer declaração, por instrumento público ou particular, autenticada pelo escrivão. Não é necessário documento específico, podendo ser expresso, por exemplo, em uma doação, em pacto antenupcial e até em ata de casamento. 
O herdeiro indigno pode ser perdoado pelo ofendido que, melhor do que ninguém, é capaz de avaliar o grau da ofensa. O direito de perdoar é privativo e formal.
O perdão tácito pode ser admitido no caso de, após a ofensa, o testador contemplar o ofensor em testamento, conforme dispõe o parágrafo único do artigo 1818. Ao perdoar o indigno, o autor da herança evita que os outros herdeiros promovam a sua exclusão, após a abertura da sucessão. Porém, se for nulo o testamento que contém o perdão, perderá este seuefeito, exceto no caso de ter sido efetuado de forma pública, podendo então ser utilizado como ato autêntico. Sendo o testamento cerrado ou particular, não haverá este aproveitamento.
O perdão, uma vez concedido, é irretratável.

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