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PATOGENICIDADE DOS MICRORGANISMOS Profa. Ms. Priscilla Maria Carvalho Oliveira Termos • Patogenicidade - capacidade de um microrganismo de causar doença superando as defesas do hospedeiro. • Infecção – invasão ou colonização do corpo por microrganismos patogênicos. • Doença – estado em que as funções do hospedeiro são prejudicadas em decorrência da infecção. • Patógeno - é qualquer microrganismo ou organismo superior capaz de causar doença. • Virulência - Grau da capacidade de um patógeno, oportunista ou primário, em causar doença. Muitos microrganismos patogênicos têm especificidade pelo hospedeiro, parasitando uma única espécie ou poucas espécies animais. Streptococcus equi encontra-se restrito aos eqüídeos. (Infecção grave e purulenta do trato respiratório superior e linfonodos locais) Salmonella têm ampla gama de hospedeiros. Não se conhece totalmente a base da diferença de especificidade pelo hospedeiro. Sabe-se que está, em parte, relacionada com a necessidade de mecanismos de união específica entre hospedeiro (receptores) e o parasito (adesinas). Alguns agentes infectam diversas espécies de hospedeiros mesmo com resultados diferentes. O bacilo da peste Yersinia pestis comporta-se como parasito comensal, em pequenos roedores, mas produz doença mortal, tanto nos ratos quanto no Homem. Coccidioides immitis fungo saprófito que necessita de hospedeiros não vivos infectam com a mesma facilidade aos bovinos e os caninos, muito embora não produza sinais clínicos nos bovinos e, freqüentemente produza enfermidade progressiva e mortal nos caninos. Os microrganismos que se comportam como possíveis patógenos se diferenciam por seus efeitos aos diferentes tecidos de um mesmo hospedeiro. E coli que é comensal no intestino pode originar uma enfermidade grave no trato urinário e na cavidade peritonial. • Deste modo, os estreptococos da cavidade oral que acidentalmente, passam à corrente circulatória podem colonizar uma válvula cardíaca lesionada e iniciar uma endocardite bacteriana. Se não houvesse esta lesão, os estreptococos seriam eliminados pelos macrófagos. • O mesmo acontece com as bactérias intestinais que são levadas ao sistema circulatório, sendo posteriormente eliminadas por mecanismos de defesa tanto humoral como celular. • No hospedeiro não competente, entre os quais, se incluem os animais recém nascidos que não tenham ingerido colostro, a penetração destes microrganismos pode desencadear uma septicemia fatal. Como os microrganismos infectam o hospedeiro Portas de entrada dos patógenos Membranas mucosas – trato respiratório, gastrointestinal, genitourinário) e conjuntiva (olho) Pele – por abertura como ductos de glandulas sudoríparas e folículo piloso. Via parenteral – perfurações da pele ou mucosas (punção, injeção, picadas, cortes, ferimentos, cirurgias) Ação Patogênica Para causar uma doença infecciosa, um patógeno deve realizar as seguintes etapas complexas: 1. Infectar o hospedeiro (aderir-se a célula alvo). Os microrganismos potencialmente patogênicos necessitam aderir-se às células alvo. Se as células-alvo fazem parte de um nicho ocupado pela microbiota normal, os microrganismos encontrarão resistência à colonização; barreira de defesa do hospedeiro que devem superar antes de aderir-se. 2. Metabolizar e multiplicar-se nos tecidos do hospedeiro. 3. Resistir às defesas do hospedeiro, por um período de tempo. 4. Prejudicar o hospedeiro (Doença) • Os microrganismos potencialmente patogênicos necessitam aderir-se às células alvo. Se as células-alvo fazem parte de um nicho ocupado pela microbiota normal, os microrganismos encontrarão resistência à colonização; barreira de defesa do hospedeiro que devem superar antes de aderir-se. • A aderência é consequência da interação de estruturas de superfície do organismo (adesinas) com receptores existentes nas células alvo (hospedeiro). • Esta associação recebe a denominação de adsorção seletiva. Algumas adesinas são fatores de virulência já que a maioria dos microrganismos patogênicos é incapaz de produzir enfermidade se não há aderência às células alvo. Fatores de Virulência Microbiana • A invasão do epitélio do hospedeiro é essencial para o processo infeccioso para muitas bactérias. • Invasão: Entrada da bactéria nas células do hospedeiro. A Invasão do Tecido ocorre através das junções epiteliais. Tipo específico de células, depois vão para o tecido. • No interior celular: Permanecem enclausuradas num vacúolo. Dissolvem- se, dispersando no citoplasma. Algumas bactérias secretam substâncias que contribuem para a sua virulência, enquanto outras apresentam estruturas especiais. Infelizmente, em muitos microrganismos, as propriedades que conferem virulência não são claras ou são desconhecidas Ex. toxinas e enzimas Toxinas (Exotoxinas e Endotoxinas) Toxinas - substâncias venenosa que tem efeito prejudicial sobre as células e os tecidos do hospedeiro. Exotoxinas - toxinas excretadas no meio extracelular (toxinas secretadas tanto por bactérias Gram+ quanto por bactérias Gram -). Endotoxinas - são lipopolissacarídeo, não são secretadas, mas são componentes integrais da parede celular das bactérias Gram -, toxinas retidas dentro da célula como parte de sua estrutura. Toxinas (Exotoxinas e Endotoxinas) As exotoxinas são secretadas pela célula microbiana no meio de cultura ou no sistema circulatório e nos tecidos de um hospedeiro. Exemplos: Clostridium botulinum, Corynebacterium diphtheriae, Clostridium tetani • As exotoxinas perdem a toxicidade quando aquecidas ou quando sofrem tratamento químico. • Formam toxóides (quando a toxina perde sua toxicidade) • As toxinas e os toxóides têm a capacidade de estimular a produção de antitoxinas, anticorpos que neutralizam a toxicidade das toxinas no corpo do hospedeiro. • As exotoxinas apresentam efeito específico para um tipo particular de função celular Toxinas (Exotoxinas e Endotoxinas) As endotoxinas são sintetizadas principalmente por bactérias Gram-negativas é liberada somente quando as células se rompem • São componentes estruturais da membrana externa da parede celular bacteriana (lipídeo A). • Comparadas com as exotoxinas, as endotoxinas são altamente termoestáveis • não formam toxóides • são menos tóxicas • As endotoxinas são responsáveis por muitos sintomas das doenças, tais como febre e choque. Toxinas (Exotoxinas e Endotoxinas) Invasividade (Enzimas Extracelulares) Bactérias invasivas são aquelas que podem entrar nas células do hospedeiro ou penetrar superfície de mucosas, espalhando-se a partir do sítio inicial da infecção. A invasividade são facilitadas por várias enzimas bacterianas. Aderência Os microrganismos potencialmente patogênicos necessitam aderir-se às células alvo. Se as células alvo fazem parte de um nicho ocupado pela microbiota normal, os microrganismos encontrarão resistência à colonização; barreira de defesa do hospedeiro que devem superar antes de aderir-se. A aderência é conseqüência da interação de estruturas de superfície no patógeno (adesinas) que se unem especificamente a receptores complementares existentes na superfície das células alvo (tecidos dos hospedeiro). As adesinas podem estar localizada no glicocálice do microrganismos ou em outras estruturas da superfície microbiana como o fíli. Após a aderência, o patógeno produz doençamediante (1) a secreção de uma exotoxina que provoca, por exemplo, uma alteração no equilíbrio líquido e no equilíbrio eletrolítico das células alvo; (2) mediante a invasão da célula alvo, provocando sua morte mediante a ação de toxina (citotoxina); (3) mediante a invasão da célula alvo produzindo bacteremia. Se a aderência é impedida (pela microbiota normal ou pelos antimicrobianos), não se pode produzir doença. Pêlos ou Píli Os pêlos auxiliam na aderência de um microrganismo às superfícies das células, dos tecidos e das membranas do hospedeiro. Por exemplo, cepas virulentas de Neisseria gonorrhoeae (agente da gonorréia) e de Escherichia coli (que causa infecção no trato urinário) possuem pêlos. Fatores de virulência - Fatores Celulares Cápsula A elevada virulência de cepas capsuladas deve-se à habilidade do polissacarídeo capsular de prevenir a fagocitose ou o englobamento por fagócitos do hospedeiro. Provavelmente, esta habilidade deve-se às propriedades de superfície da cápsula, que previne um contato íntimo do fagócito com a bactéria a ser fagocitada. Ex. células capsuladas de Streptococcus pneumoniae são virulentas e podem causar pneumonia, enquanto as células não-capsuladas são avirulentas DETERMINANTES NA OCORRÊNCIA DE DOENÇAS (INTRÍNSECOS E EXTRÍNSECOS). Os determinantes intrínsecos são as características físicas ou fisiológicas do hospedeiro ou do agente de doença (hospedeiro intermediário ou vetor) geralmente determinado geneticamente. Os determinantes extrínsecos: São as características que estão associadas de alguma forma ao ambiente. DETERMINANTES RELACIONADOS COM O HOSPEDEIRO – FATOTES INTRÍNSECOS A susceptibilidade à infecção está relacionada com a capacidade do agente se estabelecer no hospedeiro. Alguns agentes têm maior especificidade do que outros. A idade, sexo, estado fisiológico e o contato prévio com o agente são fatores importantes. Idade: É uma variável importante do hospedeiro porque o risco de doença está mais proximamente relacionado com a idade do que com os outros fatores. A idade deve ser sempre incluída quando se descreve a distribuição da doença. Em geral, animais jovens são mais susceptíveis que adultos a um grande número de doenças, por exemplo, os adultos são mais resistentes as doenças transmitidas por carrapatos. Sexo: Muitas doenças estão associadas ao sexo do animal que estão diretamente ou indiretamente relacionadas com as diferenças anatômicas e fisiológicas existentes. É evidente nas doenças reprodutivas. Também podem ocorrer diferenças relacionadas com o comportamento ou os métodos de manejo. - As cadelas estão em maior risco de contrair diabetes mellitus de que os machos. - Paresia pós-parto, mastite e tumor da mama nas fêmeas. - Abscessos nos gatos como resultados de lutas. - Urolitiase em machos castrados, laminite em pôneis castrados. A Brucella é incapaz de estabelecer-se até as fêmeas atingirem a maturidade sexual. A ocorrência da doença depende do momento da exposição. O aborto ocorre quando a fêmea é exposta no início da gestação. No caso de Campylobacter foetus ambos, machos e fêmeas só são susceptíveis quando atingem a maturidade sexual. Os machos não têm sinais. As fêmeas podem abortar no fim da gestação ou mais freqüentemente não há implantação do embrião. Raça As diferenças entre raças no que diz respeito ao risco de doença e nível de produtividade são comuns e, o efeito da raça deve ser considerado e controlado quando se estudam os efeitos dos outros fatores na ocorrência de doença ou na produtividade. A diferenças nas raças podem ser separadas em dois componentes: diferenças devido a fatores genéticos e diferenças devido a fatores fenotípicos. Na África, os Bos taurus são, em geral, mais susceptíveis aos carrapatos do que os Bos indicus. Algumas raças de bovinos, eqüinos, caprinos e ovinos são mais resistentes à tripanossomíase que outras. Bovinos com área periocular despigmentadas são mais susceptíveis ao cancro da vista. Dentro da mesma raça também pode haver diferença entre famílias. Por isso se faz seleção. Determinantes relacionados com o ambiente. O clima e o solo podem afetar quer o agente quer o hospedeiro (i.e a sua sobrevivência e a sua susceptibilidade) e as interações entre ambos. Podem também afetar os hospedeiros intermediários ou os vetores e, portanto determinar o tipo e a amplitude da transmissão. CLIMA Macroclima: O calor, frio, chuva, vento, umidade etc. podem atuar como agentes etiológicos quer individualmente, quer combinado. Podem causar doença em animais jovens e recém nascidos. Nos adultos, a sua ação é mais indireta (condições de stress) causando baixa de resistência a infecção e a doença. Eles também afetam o agente, hospedeiro intermediário ou vetor. Microclima • Ele pode, em certa medida, contrariar as expectativas e criar condições propícias para a sobrevivência do agente ou hospedeiro intermediário em condições macroclimáticas adversas, por ex., poço de água ou pastagem irrigada em ambiente árido. Estas áreas permitem um contacto entre animais, agentes ou vetores e, portanto, aumentam a probabilidade de transmissão da doença. • Nestas condições helmintíases e tripanossomíase podem ocorrer na época do ano mais desfavorável quando o hospedeiro agente e vetor estão concentrados nas fontes permanentes de água. Isto também pode acontecer com outras doenças como peste bovina, febre aftosa. Solo: O solo afeta a vegetação e, portanto a nutrição originando desequilíbrios e aumentando a suscetibilidade do hospedeiro às doenças. Homem: • O homem altera fundamentalmente o microclima para favorecer a produção e produtividade. Infelizmente isto vem, muitas vezes, acompanhado por criação de condições favoráveis para a sobrevivência de alguns agentes ou hospedeiros intermediários em detrimento aos outros. • O homem pode alterar a importância relativa das doenças presentes inclusive introduzir novas. O homem é capaz de interferir diretamente no processo de doença através do uso de drogas vacinas.