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ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTOS-ESTUDO DE CASO PARA ANÁLISE EM PEQUENAS CIDADES

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TÍTULO:ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTOS: ESTUDO DE CASO PARA ANÁLISE DE SOLUÇÕES EM PEQUENAS CIDADES
Resumo: Com o desenvolvimento das cidades e as mudanças nos hábitos de vida dos seres humanos, percebemos que estabelecer sistemas de abastecimento de água potável e de coleta e tratamento de dejetos tornou-se um mais importantes projetos de infraestrutura das cidades, pois possibilitam o controle e a prevenção de muitas doenças, gerando condições de higiene que promovem a saúde pública. Mas no entanto, com destaque para as pequenas cidades, podemos presenciar uma escassez destes tratamentos, então o presente estudo, objetivou apresentar formas de tratamento de dejetos para estas pequenas cidades, finalizando com um estudo de caso em uma estação de tratamento de uma pequena cidade, para assim apresentar uma avaliação de eficiência destas pequenas centrais de tratamento de esgoto.
Palavras-chave: Saneamento, Esgotamento sanitário, Pequenos municípios, Campinas das Missões.
Abstract:
Keywords:
INTRODUÇÃO
A fim de satisfazer suas necessidades básicas, a principal preocupação do ser humano ao se instalar e formar civilizações foi a disponibilidade de água para consumo. Hoje, diversas cidades estão desenvolvidas próximas aos cursos d’água. Motivado pela necessidade primordial de abastecimento deste bem essencial, aprimorou-se os mecanismos de captação, tratamento e distribuição do mesmo. Todavia, há uma desproporcionalidade nos avanços ocorridos na destinação pós-consumo, sendo que menos de 20% do esgoto produzido é destinado a alguma forma de tratamento (ANA, 2001).
Ao almejar um alto controle nos efluentes provenientes do consumo humano devolvidos ao meio é imprescindível distinguir os diversos tipos de tratamento e discernir qual deles se aplica a cada situação. Tendo em vista que a grande parte das cidades apresentam baixas populações, especificaram-se algumas soluções para tratamento de esgoto, finalizando com um estudo de caso com uma estação de tratamento existente no município de Campina das Missões, localizada na região noroeste do estado do Rio Grande do Sul - Brasil.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A utilização de água para atender às necessidades da população resulta na produção de esgoto, caracterizado como o despejo líquido constituídos de esgotos doméstico e industrial, água de infiltração e contribuição pluvial parasitária (ABNT, 1986). Sendo assim, tal efluente requer a implantação de algum tipo de tratamento, com o objetivo de remover as impurezas nele contidas para que o mesmo possa ser devolvido ao meio ambiente, sem causar danos ambientais e a saúde humana. 
Com o propósito de assegurar a qualidade nos tratamentos de efluentes, as estações de tratamento de esgoto – ETE - constituem o conjunto de unidades de tratamento, equipamentos, órgãos auxiliares, acessórios e sistemas de utilidades cuja finalidade é a redução das cargas poluidoras do esgoto sanitário e condicionamento da matéria residual resultante do tratamento (ABNT, 1992). 
Nestas estações, procura-se aperfeiçoar os processos biológicos naturais e assim reduzir o tempo de detenção hidráulica, tempo médio que o esgoto fica retido no sistema. Portanto, aumenta a eficiência das reações bioquímicas de maneira que se atinja determinado nível de redução de carga orgânica, em tempo e espaço muito inferiores em relação ao que se espera que ocorra no ambiente natural.
O tratamento dos efluentes pode variar muito conforme o tipo de efluente tratado e da classificação do corpo de água que irá receber esse efluente. Os requisitos a serem atingidos para o efluente são funções de legislação específica, as quais preveem padrões de qualidade do efluente e do corpo receptor. No Brasil a Resolução 357 de 2005 do CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente – dividiu as águas do território nacional em águas doces, salobras e salinas, e para cada uma foi determinada a qualidade a ser mantida em cada corpo d’água.
Alternativas de tratamento de esgoto para pequenas cidades
Um dos maiores problemas de saneamento básico no país é a inexistência de tratamento do efluente gerado, isso acontece principalmente nas pequenas cidades, muitas vezes por falta de conhecimentos, estudos, e verbas. Então, buscamos destacar neste artigo, algumas alternativas de tratamento de esgoto para ser executado nestas pequenas cidades. 
● Lagoas de estabilização: é a forma mais simples para tratamento de esgotos, apresentando diversas variantes com diferentes níveis de simplicidade operacional e requisitos de área. São sistemas de tratamento biológico em que a estabilização da matéria orgânica é realizada pela oxidação bacteriológica e/ou redução fotossintética das algas. De acordo com a forma predominante pela qual se dá a estabilização da matéria orgânica, as lagoas costumam ser classificadas em: facultativas, anaeróbias, aeradas e de maturação.
● Disposição no Solo: os esgotos são colocados no solo, fornecendo água e nutrientes necessários para o crescimento das plantas. Uma parcela do líquido evapora, outra infiltra no solo e o restante é absorvido pelas plantas. Em alguns sistemas há alta taxa de infiltração no solo e não há efluente. Em outros sistemas, a infiltração é baixa, resultando em esgoto tratado na extremidade oposta do terreno. Os tipos de disposição no solo mais usuais são: infiltração lenta, infiltração rápida, infiltração sub-superficial, escoamento superficial e terras úmidas construídas.
● Tanque Séptico: o princípio do processo consiste em uma unidade onde se realizam, simultaneamente, diversas funções: decantação, flotação, desagregação e digestão parcial dos sólidos sedimentáveis (lodo) e da crosta constituída pelo material flotante (escuma). Sendo os tanques sépticos reatores de fluxo horizontal e tendo lodo passivo em relação à fase líquida, o processo biológico que ocorre na fração líquida é de pouca relevância. O principal fenômeno que ocorre sobre o efluente é de ação física, através de decantação.
● Flotação: o ar é dissolvido sob pressão no esgoto a tratar em um tanque de pressurização e em seguida é liberado no tanque de flotação à pressão atmosférica. O ar liberado chega à superfície do tanque, carreando a matéria sólida, que tende a flotar. Esta matéria flutuante forma uma camada superior, que é raspada e coletada em dispositivos especiais para ser removida. Em alguns casos são utilizados produtos químicos para estimular a formação dos flocos.
● Fossa séptica e Filtro anaeróbio: seriam estações compactas de tratamento de efluentes domiciliares. Tem a finalidade de realizar um tratamento primário no efluente e reduzir a carga orgânica, a fim de minimizar o impacto ambiental causado pelo mesmo. O efluente chega à fossa séptica onde começa seu processo de tratamento ao passar por uma manta de lodo que se forma com a retenção e passagem do próprio efluente pela fossa.  A depuração e redução da carga orgânica são iniciadas nessa fase, em seguida, o efluente segue para o filtro anaeróbio onde o efluente é depurado por meio de microorganismos anaeróbios, dispersos tanto no espaço vazio do reator quanto nas superfícies do meio filtrante. 
A determinação do processo de tratamento utilizado é feita através da eficiência desejada, compatível com a área disponível para a implantação e operação do sistema, obedecendo as condições ambientais relativas da unidade, na ação e disposição do lodo e também na dependência de insumos externos (MMA, 2009). 
Estudo de caso: tratamento de esgoto realizado no município de Campinas das Missões
As cinco estações de tratamento de esgoto implantadas no município de Campina das Missões foram projetadas entre os anos 1997/1998 e a rede coletora do meio urbano foi executada no ano de 2000. Todavia, o início do funcionamento se deu no ano de 2005, abrangendo sete bacias que atendem a área urbana do município realizando a coleta em 2141 metros de extensão através da gravidade. As bacias abrangem 7695 habitantes, porém a rede coletora atende a 2164 habitantes, o equivalentea 98,90% da população urbana e 35,4% da população total.
Em alguns pontos da cidade o sistema de drenagem pluvial ainda é interligado ao sistema de esgotamento sanitário, ocasionando grandes volumes na rede nos dias de chuva. Para cada bacia há uma estação de tratamento, havendo duas estações que recebem cada uma duas bacias.
Nas estações foi adotado o tanque séptico de câmara única com remoção periódica do lodo depositado com o auxílio de um caminhão de limpeza. Seu funcionamento pode ser dividido em duas zonas: na superior ocorre a sedimentação, flotação e digestão da escuma e na inferior ocorre o acúmulo e digestão do lodo sedimentado.
Figura 1 - Fossa séptica.
Fonte: Prefeitura Municipal de Campina das Missões, 2013.
A fim de atingir maior eficiência no tratamento, foram implantados filtros anaeróbios após o tanque séptico. Para cada processo o tempo de detenção é de 24 horas e posteriormente o efluente tratado é encaminhado para o rio. Tal sistema foi projetado contabilizando um atendimento a 5700 habitantes, sendo a carga de DBO5 equivalente a 54 g/hab.dia e capaz de eliminar 80% desta carga no conjunto tanque e filtro.
Figura 2 - Emissão do efluente tratado após o filtro anaeróbio. 
Fonte: Prefeitura Municipal de Campina das Missões, 2013.
O projeto atende aos parâmetros conforme estabelece as normas técnicas, entretanto observam-se alguns equívocos provenientes da execução que resultam na redução da eficiência do sistema. Em grande parte do município o diâmetro da rede coletora é de 100 milímetros, acarretando no retorno do esgoto para as residências. Há ocorrência de ligações clandestinas em córregos nas áreas que há a rede coletora e também em locais que a rede é inexistente. O lodo é removido uma vez por ano e depositado em esterqueiras de dejetos suínos devido a desativação do aterro no qual havia sido projetado os leitos de secagem.
Conforme análises realizadas no efluente do tratamento em quatro meses distintos alguns parâmetros não atenderam aos limites estabelecidos, sendo eles o nitrogênio amoniacal, coliformes termotolerantes e em algumas análises o fósforo total, DBO5 e a DQO. Dessa maneira é possível afirmar que o tratamento existente não é suficiente para a remoção da matéria orgânica, havendo a necessidade de implementar um tratamento complementar que atenda a todos os parâmetros estabelecidos pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através do conhecimento das técnicas de engenharia possíveis na implantação de um sistema de tratamento de esgoto pode-se perceber que há um grande atraso no destino das águas residuais. Os indicadores fornecidos pelo SNIS revelam o crescente investimento no tratamento dos esgotos. 
A implantação das estações de tratamento objetiva a devolução de um efluente em condições não prejudiciais à saúde. Para isso, deve ser feito o controle do material devolvido ao meio a fim de que este não apresente características nocivas.
Conforme o estudo de caso realizado a partir do Plano Municipal de Saneamento Básico, Campina das Missões dispõe para uma parcela de sua população o tratamento das águas residuárias. Entretanto, através de testes realizados, há a necessidade de algum tratamento complementar para que o efluente apresente os parâmetros estabelecidos pelas leis e normas.
A fim de sanar a necessidade básica que é a disponibilidade de recursos hídricos em condições de potabilidade, precisam-se estabelecer mecanismos de tratamento eficientes, devolvendo a água consumida sem prejudicar suas propriedades a jusante. Para que isso ocorra não há apenas um sistema capaz de ser aplicado a todos os casos, conforme cada situação é necessária uma análise de conjuntura para estabelecer soluções e assim associar alta eficiência no tratamento com custos compatíveis com as condições de cada município.
REFERÊNCIAS
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12209: Projeto de estações de tratamento de esgotos sanitários. Rio de Janeiro: ABNT, 1992. 12 p.
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9648: Estudo de concepção de sistemas de esgoto sanitário. Rio de Janeiro: ABNT, 1986. 5 p.
ANA. Programa de Despoluição de Bacias Hidrográficas – PRODES. Disponível em <http://www2.ana.gov.br/Paginas/projetos/Prodes.aspx>. Acesso em 10 de fevereiro de 2015.
DACACH, Nelson Gandur. Saneamento básico. Edição Livros Técnicos Científicos Editora SA. Rio de Janeiro. 1979.
MMA. Módulo específico licenciamento ambiental de estações de tratamento de esgoto e aterros sanitários. São Paulo. 2009. 67p.
PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPINA DAS MISSÕES. Acervo fotográfico da Prefeitura Municipal. 2013. 
PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPINA DAS MISSÕES. Plano Municipal de Saneamento Básico de Campina das Missões. Disponível em <http://www.campinadasmissoes.rs.gov.br/paginapref/downl oads>. Acesso em 7 de fevereiro de 2015.
SNIS. Diagnóstico dos serviços de água e esgotos – 2013. Disponível em <http://www.snis.gov.br/PaginaCarrega.php?EWRErterterTERTer=105>. Acesso em 11 de fevereiro de 2015.
VON SPERLING, Marcos. Princípios básicos do tratamento de esgotos. Volumes 1 e 2. UFMG. 1996. 452 e 211 p.

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