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2019 - 05 - 31 Curso Avançado de Processo Civil – Volume 3 - Edição 2017 REVISTA DOS TRIBUNAIS This PDF Contains CAPÍTULO 8. PROCESSO DE EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA: PENHORA 2019 - 05 - 31 Curso Avançado de Processo Civil – Volume 3 - Edição 2017 PARTE II - PROCESSO DE EXECUÇÃO CAPÍTULO 8. PROCESSO DE EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA: PENHORA Capítulo 8. Processo de Execução por Quantia Certa: Penhora Sumário: 8.1 Legitimidade para a indicação do bem a penhorar: 8.1.1 O direito anterior; 8.1.2 Indicação de bens pelo credor; 8.1.3 Ordem ao executado para que apresente relação de bens; 8.1.4 Participação do devedor na definição do bem; 8.1.5 Pedido do devedor de substituição do bem penhorado; 8.1.6 Recorribilidade; 8.1.7 Conclusão do tópico – 8.2 Parâmetros legais da penhora: 8.2.1 Ordem de preferência de bens a penhorar; 8.2.2 Preferência por bens livres de ônus e situados no foro da execução; 8.2.3 Preferência por bens de maior liquidez; 8.2.4 Bem objeto de garantia legal ou contratual ou de direito de retenção; 8.2.5 Suficiência do valor dos bens penhorados; 8.2.6 Significância dos bens penhorados; 8.2.7 Penhorabilidade dos bens – 8.3 Finalidades e efeitos da penhora: 8.3.1 Vinculação do bem penhorado à execução; 8.3.2 Conservação do bem penhorado; 8.3.3 Atribuição de preferência -8.4 Conceito e natureza da penhora: 8.4.1 Natureza pública; 8.4.2 Caráter não-contratual; 8.4.3 Natureza executiva – 8.5 Objeto e extensão da penhora – 8.6 Procedimento e aperfeiçoamento da penhora: 8.6.1 Pesquisa de bens, concretização e documentação; 8.6.2 Apreensão e depósito do bem (art. 839); 8.6.3 Inscrição da penhora no registro do bem; 8.6.4 Intimação da penhora – 8.7 Penhora de bens em outra comarca – 8.8 Modificações da penhora – 8.9 Substituição do bem penhorado a pedido do devedor: 8.9.1 Forma e pressupostos do pedido de substituição; 8.9.2 Procedimento – 8.10 Hipóteses especiais de penhora: 8.10.1 Penhora de crédito; 8.10.2 Penhora “no rosto dos autos”; 8.10.3 Penhora das quotas ou das ações de sociedades personificadas; 8.10.4 Penhora de empresa ou de outros bens que ensejem administração; 8.10.5 Penhora de edifícios em construção em regime de incorporação imobiliária; 8.10.6 Penhora de empresas concessionárias ou permissionárias de serviço público; 8.10.7 Penhora de navios e aeronaves; 8.10.8 Penhora de frutos e rendimentos de coisa móvel ou imóvel; 8.10.9 Penhora de faturamento de empresa. 8.1. Legitimidade para a indicação do bem a penhorar 8.1.1. O direito anterior No sistema original do Código anterior, uma vez citado, o devedor, se não fosse cumprir espontaneamente a obrigação, tinha o direito de nomear bens à penhora. Abria-se a partir da citação um prazo específico para que ele exercesse essa faculdade. Tal modelo era complacente com o executado: embora ele insistisse em não cumprir o mandado executivo, permitia-se que ele escolhesse o bem que se destinaria à obtenção do dinheiro que satisfaria o crédito. As Leis 11.232/2005 e 11.382/2006 alteraram essa sistemática, extinguindo, a princípio, a interferência do executado sobre a definição do bem a penhorar. Transferiu-se a faculdade de indicação ao exequente. Apenas depois de já feita a penhora conferia-se ao executado a possibilidade de fundamentadamente requerer a substituição do bem penhorado. 8.1.2. Indicação de bens pelo credor No Código de 2015, manteve-se a regra geral de não nomeação de bens pelo executado. Como visto, o executado é citado para pagar em três dias e para embargar em quinze dias (n. 7.6, acima). Não se lhe confere um prazo para nomear bens a penhora. Não havendo pagamentos em três dias, o oficial de justiça promoverá diretamente à penhora – que, em princípio, recairá sobre bens indicados pelo credor já na inicial executiva (art. 798, II, c, e art. 829, § 2.º). Tal providência será tomada de pronto pelo oficial de justiça, assim que transcorrido o prazo de três dias – independentemente de nova ordem do juiz. O próprio mandado para citação contém desde logo a autorização para penhora e avaliação dos bens penhorados. 8.1.3. Ordem ao executado para que apresente relação de bens Eventualmente, é difícil para o credor e para o oficial de justiça identificar bens para nomear a penhora. Então, o juiz pode, de ofício ou por provocação do credor, intimar o devedor para que ele indique quais são seus bens penhoráveis, sua localização, valor etc. – sob pena de, não o fazendo, atentar contra a dignidade da justiça (art. 774, V – v. n. 5.3.1.1 e n. 7.6). Mas reitere-se que isso nada tem a ver com a antiga nomeação de bens pelo devedor, que, observados determinados limites, consistia em direito potestativo deste de definir o bem sobre o qual recairia a constrição executiva. Na hipótese do art. 774, V, tem-se apenas um dever do executado de colaborar com a jurisdição, identificando detalhadamente todos os seus bens que podem responder pela dívida. 8.1.4. Participação do devedor na definição do bem O § 2º do art. 829 tem previsão que atenua a diretriz pela qual o executado não interfere na definição do bem a penhorar. Permite-se que o executado, espontaneamente, sugira bem à penhora, mediante a demonstração de que a constrição por ele sugerida é menos onerosa do que aquela proposta pelo exequente e que não trará prejuízo a esse. Nesse caso, não há imposição de que o órgão judicial automaticamente adote a indicação feita pelo executado. Caber-lhe-á, respeitando o contraditório (CF, art. 5º, LV; CPC/2015, arts. 9º e 10), examinar os fundamentos apresentados pelas partes e definir qual indicação é mais consentânea com os parâmetros legais da penhora (adiante examinados). Será ônus do executado, se ele pretende que sua indicação tenha alguma chance de ser acolhida, fazê-la do modo mais fundamentado e documentado possível, apresentando desde logo toda a documentação do bem, local em que se encontra, seu valor preciso – e assim por diante. A rigor, essa possibilidade de participação do executado, não constitui propriamente uma total novidade em comparação com o sistema instituído pelas Leis 11.232/2005 e 11.382/2006. Trata-se apenas explicitação da incidência da garantia do contraditório na execução. Conforme apontávamos ainda sob a égide daquelas leis, a circunstância de o devedor não deter o direito à nomeação inicial do bem à penhora não significa que ele não possa, no exercício do contraditório, controlar a legitimidade da penhora. Pode discuti-la, apontando eventual defeito, e sugerir outro bem. Poderá demonstrar, por exemplo, que o bem é impenhorável. Ainda exemplificativamente, ser-lhe-á dado também apontar qualquer dos motivos enumerados nos incisos I a V do art. 848 (que se aplicam a ambas as partes, e não só ao credor). Terá igualmente o direito de demonstrar que a indicação feita pelo credor não seguiu a ordem legal de preferência do art. 835. Tais defeitos podem ser arguidos em embargos à execução (art. 917, II). Mas, por dizerem respeito estritamente à validade dos atos executivos, podem ser conhecidos de ofício e, portanto, arguidos na própria execução, e mesmo antes da ocorrência da penhora (v. n. 5.3.3, acima e cap. 20, adiante). Assim, a menção a “indicação” de bem para penhora pelo devedor, no art. 829, § 2º, insere-se nesse contexto. 8.1.5. Pedido do devedor de substituição do bem penhorado Por fim, além dessa possibilidade de o devedor, desde o início do processo, pleitear que a penhora recaia sobre outros bens que não aqueles que o credor tenha indicado, o devedor tem ainda a faculdade de obter a substituição do bem inicialmente penhorado (art. 847 do CPC/2015). No prazo de dez dias da intimação da penhora, o devedor pode requerer que se substitua o bem penhorado por outro, cabendo-lhe demonstrar que a substituição não prejudicará de modo nenhum o credor e será menos onerosa para ele, executado. Adiante, essa possibilidade de substituição será examinada ao lado das demais hipóteses de modificação da penhora (n. 8.7). 8.1.6. Recorribilidade O eventual pronunciamento do juiz sobre a definição ou substituição do bem a ser penhorado constitui decisão interlocutória (art. 203, § 2º), contra a qual caberá agravo de instrumento (art. 1.015, par. ún.). Diferentemente do que se dá no processo de conhecimento, na execução – seja ela processo autônomo ou fase de cumprimento – vigora a plena recorribilidade imediata das decisões interlocutórias, pelas razões já expostas no n. 25.1, letra l, do vol. 2. 8.1.7. Conclusão do tópico Em suma, cotejando-se o sistema atual com aquele que originalmente estava previsto no Código anterior, nota-se que houve uma espécie de redistribuição do ônus de demonstrar a adequação e suficiência do bem para a penhora. Antes, quando o devedor nomeava, era ônus do credor justificar sua impugnação à nomeação feita. Agora, é ônus do executado comprovar – e cabalmente – que o bem por ele sugerido à penhora implicar-lhe-á menor sacrifício e não trará prejuízo nenhum ao credor. 8.2. Parâmetros legais da penhora A penhora – seja aquela feita originalmente, seja aquela derivada de pedido de substituição – submete-se aos parâmetros a seguir expostos. 8.2.1. Ordem de preferência de bens a penhorar Cabe observar a gradação legal dos bens sobre os quais preferencialmente deve recair a penhora (art. 835, I a XIII; art. 848, I). Dá-se preferência máxima à penhora de dinheiro e, na sequência, de bens que, na ótica do legislador, seriam mais fáceis de se alienar. Eis a ordem estabelecida no art. 835: (I) dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira; (II) títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Distrito Federal com cotação em mercado; (III) títulos e valores mobiliários com cotação em mercado; (IV) veículos de via terrestre; (V) bens imóveis; (VI) bens móveis em geral; (VII) semoventes; (VIII) navios e aeronaves; (IX) ações e quotas de sociedades simples e empresárias; (X) percentual do faturamento de empresa devedora; (XI) pedras e metais preciosos; (XII) direitos aquisitivos derivados de promessa de compra e venda e de alienação fiduciária em garantia; (XIII) outros direitos. A ordem de gradação é estabelecida pelo legislador tomando em conta a realidade econômica de sua época. Isso explica porque, nas sucessivas leis que disciplinam o assunto, tal ordem é frequentemente alterada. Na redação original do CPC/1973, pedras e metais preciosos eram o segundo grupo de bens na ordem de gradação. A Lei 11.382/2006 remeteu-os ao oitavo posto. Agora, no CPC/2015, ocupam a décima-primeira posição. Isso deve-se à circunstância de que tais bens já não têm a mesma atratividade e liquidez que tinham no passado. Já os títulos da dívida pública com cotação em mercado integravam o terceiro grupo na ordem de preferência, originalmente, no CPC/1973. Foram deslocados, pela Lei 11.382/2006, para o nono lugar. No CPC/2015, passam a ocupar a segunda posição, atrás apenas de dinheiro em espécie – o que decorre da atual razoável facilidade de alienação desses títulos no mercado. A necessidade de consideração da realidade econômica, atinente à facilidade de alienação do bem, é um dos fatores que justifica o caráter não-absoluto, não integralmente rígido da gradação estabelecida no art. 835 – conforme explicita o seu § 1º. Alterações estruturais ou conjunturais no cenário econômico podem fazer com que bens que antes tinham alta liquidez deixem de a ter – e vice-versa. Cabe ao juiz tomar em conta o cenário existente no momento da realização da penhora e suas perspectivas de alteração a médio prazo. Por vezes, é o próprio credor quem considera mais conveniente a inobservância da gradação legal: por exemplo, determinadas ações de sociedades empresárias podem ser muito mais fáceis de alienar judicialmente do que bens imóveis, que lhe antecedem, contudo, na ordem legal do art. 835. Nesse sentido, aliás, a ordem de preferência do art. 835 deve ser conjugada com a regra do art. 848, V, que permite à parte requerer até a substituição do bem penhorado se ele for de baixa liquidez (v. a seguir). Além disso, procura-se privilegiar a eficiência da execução, mas sem o desnecessário sacrifício do executado (art. 805). Por isso também, como já destacado no n. 5.3.4, tal ordem não é rígida e absoluta. Eventualmente, admitir-se-á que a penhora recaia sobre bem em posição posterior na ordem de preferência, pois seria excessivamente oneroso para o devedor, sem qualquer excepcional vantagem para o sucesso da execução, se a constrição atingisse bens melhor posicionados (ex.: penhora de direito de crédito, em vez da de bens móveis que compõem o estoque da empresa e têm de ser vendidos para que ela mantenha capital de giro e não quebre). Mas se a segunda parte do § 1º do art. 835 consagra a flexibilidade da ordem de gradação, sua primeira parte estabelece uma suposta absoluta preferência pela penhora em dinheiro. Pela letra da lei, se fosse localizado dinheiro do devedor para penhorar, nada justificaria a penhora de outro bem. Contudo, mesmo nesse caso impõe-se certo juízo de ponderação, se houver um patente conflito entre princípios fundamentais. O tema já foi examinado, no n. 5.3.4 – ao qual se remete. Além disso, nada impede que o próprio credor opte pela penhora de outro bem – opção essa que deverá ser acolhida pelo juiz, se não implicar desnecessário sacrifício ao devedor. Em terceiro lugar, há casos em que um bem é objeto de garantia do crédito, por força de negócio jurídico ou imposição legal ou judicial, ou está em posse do credor, no legítimo exercício de direito de retenção. Nessas hipóteses, em princípio, a penhora deverá recair sobre tal bem, e não sobre dinheiro (ver n. 8.2.4, abaixo). Por fim, o próprio § 2º do art. 835 equipara a dinheiro, para fins de penhora, a fiança bancária e o seguro garantia judicial, em valor equivalente a pelo menos 130% da dívida. Se uma dessas garantias for ofertada pelo devedor, também não haverá penhora de dinheiro. Por tais razões, e a despeito do art. 835, § 1º, primeira parte, não está de todo superado o enunciado 417 da Súmula do STJ: “Na execução civil, a penhora de dinheiro na ordem de nomeação de bens não tem caráter absoluto”. 8.2.2. Preferência por bens livres de ônus e situados no foro da execução A lei estabelece ainda preferência por bens desembaraçados de ônus (art. 848, IV) e situados na comarca ou seção judiciária em que tramita a execução (art. 848, III). Também essas exigências tomam em conta o princípio da máxima utilidade, e, pelos mesmos motivos que o requisito anterior, não são absolutas e inflexíveis. 8.2.3. Preferência por bens de maior liquidez Têm também preferência os bens de maior liquidez, isso é, que possam ser alienados de modo relativamente fácil (art. 848, V). Além da consideração da ordem estabelecida no art. 835, a qual foi formulada pelo legislador tendo em vista inclusive a liquidez, esse fator deve ser também tomado em conta autonomamente. Cabe conjugar as duas regras. 8.2.4. Bem objeto de garantia legal ou contratual ou de direito de retenção Em princípio, deve-se penhorar o bem que, por lei, contrato ou ato judicial, foi destinado a assegurar a satisfação da dívida (arts. 835, § 3º, e 848, II). É o que se passa, por exemplo, quando a dívida for dotada de garantia real (anticrese, penhor, hipoteca – podendo essa ser contratual, legal ou judiciária) ou mesmo quando houver sido estabelecido um negócio processual atípico (art. 190) definindo de antemão o bem que seria primordialmente penhorado. Nesse caso, em princípio, nem sequer se concede ao devedor a faculdade de pleitear substituição por outro bem: “a penhora recairá sobre a coisa dada em garantia” (art. 835, § 3.º). É também o que se dá no caso em que o credor legitimamente exerceu direito de retenção de bem do devedor (ex.: CC/2002, arts. 571, par. ún.; 578; 644; 681; 708; 742; 1.219 etc.): deverá primeiro penhorar esse bem, e não outro (art. 793). Mas há exceções: (1.ª) em caso de perecimento do bem objeto da garantia (exemplo: destruição do bem empenhado – CC/2002, art. 1.436, II), outro deverá ser penhorado; (2.ª) se o bem objeto da garantia tiver valor inferior ao do débito, outros serão penhorados para completar o valor necessário; (3.ª) se o bem objeto da garantia tiver valor muito superior ao do débito, será possível penhorar apenas uma parte de tal bem, caso divisível; se o bem for indivisível, poderá ser penhorado outro bem, desde que evidente o excessivo sacrifício na penhora do bem dado em garantia. Caberá ao juiz – considerando a situação concreta e ponderando os princípios da máxima utilidade da execução e do menor sacrifício do devedor – resolver a questão, por decisão fundamentada, contra a qual caberá agravo de instrumento; (4.ª) se, mesmo não ocorrendo nenhuma das hipóteses anteriores, o credor optar por (ou concordar com) que a penhora seja feita sobre outro bem. Em suas modalidades típicas (penhor, hipoteca, anticrese etc.), a garantia é um direito do credor. E é um direito disponível. A garantia extingue-se, se o credor a ela renunciar (v., p. ex., CC/2002, arts. 1.436, III, e 1.499, IV). Então, ele pode abrir mão da garantia para pretender a penhora de outro bem, que se mostre mais eficaz para o sucesso da execução, inclusive dinheiro. Caberá ao juiz, como em qualquer outro caso de definição de bem a penhorar, ponderar os valores envolvidos e, não havendo nenhuma abusividade nessa opção do credor, deferi-la. Inclusive, a opção pela excussão de outro bem implica por si só a presunção de renúncia à garantia (como prevê, relativamente ao penhor, o art. 1.436, § 1º, do CC/2002). O que não se admitirá, nesse caso, será o bis in idem. Por exemplo, o credor não poderá manter-se na posse da coisa que lhe foi empenhada e, simultaneamente, optar pela penhora de outro bem. Terá de restituir a coisa empenhada. O mesmo se diga do bem objeto de retenção: terá de ser prontamente devolvido, caso se opte pela penhora de outro bem. Por fim, deve-se ressalvar a possibilidade de um negócio processual atípico (art. 190) em que, em vez de simples garantia em prol do credor, ambas as partes obriguem-se à futura de designação de determinado bem à penhora, se houver necessidade de execução. Nessa hipótese – que, reitere-se, não se confunde com as modalidades típicas de garantia -, o credor não poderá unilateralmente optar pela penhora de outro bem. 8.2.5. Suficiência do valor dos bens penhorados Deve-se penhorar bem ou conjunto de bens em valor suficiente para cobrir o débito, incluindo- se todos os seus acessórios (art. 831). O art. 874, II, prevê a ampliação ou substituição da penhora quando o bem for inferior ao valor da dívida. Quando houver pedido de substituição com base no art. 847, caberá ao devedor também demonstrar que o bem para o qual sugere que a penhora se transfira é suficiente para cobrir a dívida. 8.2.6. Significância dos bens penhorados Nos termos do art. 836, caput, “não se levará a efeito a penhora quando ficar evidente que o produto da execução dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execução”. Se os bens encontrados são insuficientes para cobrir a dívida, mas significativos em face do custo do processo executivo, eles devem ser penhorados, a fim de se buscar ao menos a satisfação parcial do crédito. Porém, quando seu valor é menor do que o próprio custo que se teria para levar adiante a execução, sua penhora seria desarrazoada e desproporcional. 8.2.7. Penhorabilidade dos bens A penhora não pode recair sobre bens absolutamente impenhoráveis e apenas poderá atingir os relativamente penhoráveis quando não houver outros disponíveis (arts. 833 e 834 – v. n. 4.6.1). 8.3. Finalidades e efeitos da penhora A penhora produz os seguintes efeitos, representativos das suas específicas finalidades. 8.3.1. Vinculação do bem penhorado à execução A penhora vincula bem específico à execução. Há, deste modo, especificação da responsabilidade patrimonial: até então, os meios executivos poderiam recair sobre todo e qualquer bem que a integrasse; a partir da penhora, restringir-se-ão, em princípio, ao bem penhorado. Há, assim, a afetação de um determinado bem, que se destinará às finalidades da execução. É o início da execução propriamente dita, conquanto a penhora, em si, não acarrete ainda a expropriação do bem, que continua pertencendo ao seu até então proprietário. Mas é o primeiro passo nesse sentido. 8.3.2. Conservação do bem penhorado A penhora, além disso, presta-se a conservar o bem que foi individualizado. Ela visa ao resguardo de tal bem no curso da execução. Tal conservação pode se dar de forma direta, retirando-se o bem do devedor (apreensão e remoção) para que fique depositado com outrem. Porém, em muitos casos, o bem é mantido na posse do devedor (v. cap. 9). Mas, mesmo nessa hipótese, continua presente a função conservativa, pois: (1.º) eventual alienação do bem penhorado será ineficaz (n. 4.6.5, acima) e (2.º) o devedor será responsável por sua conservação e, caso o destrua intencionalmente, estará praticando crime (CP, art. 179). 8.3.3. Atribuição de preferência A penhora confere ao credor preferência em relação a outros credores, da mesma categoria, que penhorem o mesmo bem posteriormente (art. 797). Assim, se em duas execuções distintas, movidas por dois diferentes credores, é penhorado o mesmo bem, o dinheiro obtido com sua alienação judicial será destinado primeiramente à satisfação do exequente que obteve a primeira penhora, ainda que a alienação tenha ocorrido no processo do outro. Isso só não ocorrerá se houver sentença declarando a insolvência do devedor – caso em que se instaurará execução “concursal”, em que a penhora não serve de título de preferência (ver, adiante, a execução por quantia certa contra devedor insolvente). A preferência decorrente da penhora submete-se ainda a outro limite: só vigora entre credores da mesma categoria. Não prevalece sobre outros títulos de preferência (como as garantias reais) que lhe sejam anteriores, nem sobre outros créditos privilegiados (trabalhistas, fiscais, previdenciários). Retoma-se o tema nos capítulos 10 e 11. 8.4. Conceito e natureza da penhora A penhora, portanto, pode ser conceituada como o ato executivo que afeta determinado bem à execução, permitindo sua ulterior expropriação, e torna os atos de disposição do seu proprietário ineficazes em face do processo. Determinados seus fins e estabelecido seu conceito, torna-se simples a verificação de sua natureza. 8.4.1. Natureza pública É ato público e estatal, praticado pelo oficial de justiça como longa manus do juiz. Não é ato privado do credor, ainda que se diga que a penhora é feita no seu interesse. O credor recorre ao Estado, através da ação executiva, e este penhora o bem. Também não é ato de disposição do devedor: a este apenas se dá a faculdade limitada de pleitear a substituição do bem sujeito à penhora; não se lhe outorga, porém, a possibilidade de não a aceitar. 8.4.2. Caráter não-contratual Consequentemente, a penhora não tem caráter contratual. Não decorre de contrato entre credor e devedor e não se confunde com os direitos reais de garantia (penhor, hipoteca etc.), nem mesmo no que concerne à preferência gerada. A penhora produz apenas preferência processual, em relação a outros credores da mesma categoria, e deixa de prevalecer quando o devedor é declarado insolvente (diferentemente da preferência advinda dos direitos reais de garantia). A penhora, por tudo isso, é inconfundível com o penhor, ainda que os nomes, por razões de natureza histórica, se assemelhem. 8.4.3. Natureza executiva Por fim, a penhora tem natureza executiva. É ato típico do processo de execução. Dá início à atividade executiva propriamente dita, com a imposição de medidas coativas que independem da colaboração do executado. Apesar de também ter função conservativa, a penhora não é ato de natureza cautelar. Sua finalidade principal não é a de conservar o bem. Mais do que isso, a penhora visa a qualificar o bem penhorado, para futuramente ser “transformado” em dinheiro. A conservação é secundária e instrumental em relação a este outro fim. 8.5. Objeto e extensão da penhora A penhora poderá recair sobre todo e qualquer bem integrante da responsabilidade patrimonial do executado (v. n. 4.6). Em princípio, o documento formalizador da penhora indicará se o ato abrange também os acessórios da coisa principal penhorada (art. 838, III). Mas, em caso de omissão, supõe-se que a penhora do principal inclui os acessórios (como não há dispositivo equivalente ao art. 59 do Código Civil revogado, a regra deve ser entendida com a ressalva dos arts. 94 e 95 do Código Civil de 2002). Merecem especial atenção duas hipóteses. A primeira tem-se quando o bem penhorado é de propriedade conjunta do executado e de um terceiro, que não responde pela dívida. A penhora recairá apenas sobre a fração do bem titularizada pelo executado. Depois, no momento de expropriar o bem, se ele for divisível, será dividido – e se expropriará apenas a parte que cabe ao executado. Mas se o bem for indivisível, terá de ser expropriado por inteiro – entregando-se ao coproprietário não-executado a parte do dinheiro arrecadado que corresponda exatamente à sua cota-parte sobre o bem. Essa mesma sistemática é aplicável ao bem objeto de meação, quando o outro cônjuge não responde pela dívida (art. 843). A segunda hipótese digna de nota concerne aos casos em que, sobre um mesmo imóvel, incidem diferentes direitos reais, de titularidade de diferentes pessoas. É o que se tem quando, com o direito de propriedade, coexiste direito de superfície, ou enfiteuse, ou concessão de direito real de uso, ou concessão de uso para fim de moradia etc. Nesse caso, se apenas o titular de um dos dois direitos é executado – a penhora atingirá apenas o seu direito, e não aquele titularizado pelo sujeito que não responde pela dívida. Isso deverá ser precisamente indicado na averbação da penhora na matrícula do imóvel (art. 791). 8.6. Procedimento e aperfeiçoamento da penhora Duas são as condições para que ocorra a penhora: existência de citação e inocorrência de pagamento (art. 829, caput e § 1.º). A penhora é ato complexo, integrado por uma série de outros, a seguir examinados. 8.6.1. Pesquisa de bens, concretização e documentação 8.6.1.1. Penhora realizada pelo oficial de justiça A penhora feita diretamente pelo oficial de justiça, no início do procedimento executivo, quando não há pagamento pelo executado, é formalizada mediante auto de penhora, elaborado pelo próprio oficial de justiça (arts. 829, § 1.º, e 838). Se diferentes bens forem penhorados, em momentos distintos, lavrar-se-á um auto para cada penhora (art. 839, par. ún.). Cumpre ao oficial de justiça encontrar bens para penhorar – ressalvada a possibilidade de o credor proceder à indicação (arts. 798, II, c, e 829, § 2.º) ou de o devedor, por determinação do juiz (art. 774, V) ou por iniciativa própria (na forma do art. 829, § 2.º), indicar seus bens penhoráveis. No n. 4.6.1.1, acima, já se expôs o modo como deve proceder o oficial de justiça, quando não localiza bens penhoráveis (art. 836, §§ 1º e 2º). Remete-se ao lá exposto. 8.6.1.2. Penhora feita em cartório Já quando a penhora derivar do deferimento de um pedido de substituição do bem penhorado (arts. 847, 848 etc.), far-se-á sua documentação mediante termo lavrado pelo escrivão (art. 849). Ademais, quando o bem penhorado for imóvel ou veículo automotor, desde que se apresente a respectiva certidão da matrícula imobiliária ou da existência do veículo, a penhora far-se-á também por termo nos autos, independentemente de onde o bem se localize (art. 845, § 1.º). Vale dizer, nessa hipótese, ainda que o bem esteja situado em outra comarca não-contígua, não haverá a expedição de carta precatória (v. item 8.7, adiante). Obviamente, deve ser apresentada uma certidão atualizada relativa ao bem – inclusive para que se possa verificar se o bem ainda pertence ao executado, se não incidem sobre ele outras constrições, ônus etc. Se a certidão for antiga, desatualizada, a penhora haverá de ser feita como nos demais casos. 8.6.1.3. “Penhora on line” A indisponibilização de ativos financeiros do executado e o subsequente aperfeiçoamento da penhora sobre tais bens podem realizar-se por meio de sistema eletrônico, gerido pelo Banco Central (arts. 837 e 854, caput e § 7º). Trata-se daquilo que, na prática, passou-se a designar “penhora on line”. Assim, o art. 854 prevê que, para viabilizar a penhora de dinheiro em depósito ou aplicação financeira, o juiz sem dar ciência prévia ao devedor, determine às instituições financeiras que, havendo ativos, estes sejam desde já indisponibilizados, até o valor da execução. A providência pode e deve ocorrer logo no início da execução, antes mesmo de o devedor ser citado (ou, no cumprimento de sentença, intimado dessa nova fase). A razão de não se dar prévia ciência ao executado é óbvia: impedir que ele esvazie suas contas e aplicações financeiras – prática que a experiência tem demonstrado ser extremamente comum. Trata-se de uma exceção expressa à garantia do contraditório, que se põe ao lado daquelas previstas no art. 9º, par. ún., do CPC/2015, e é tão legítima quanto elas. O art. 854 expressamente subordina a adoção da providência a “requerimento do exequente”. Na doutrina, há quem critique essa exigência e até mesmo a considere inaplicável – sob o argumento de que a penhora é ato público, executivo, e que sua forma de operacionalização não poderia ficar sujeita à vontade da parte. Tal ponderação é razoável, de modo que a exigência de “requerimento” deve ser adequadamente interpretada. Em princípio, cabe ao credor a escolha do bem a penhorar. Como visto, ele pode optar pela penhora de outro bem, que não dinheiro. Se não houver abuso nem desvio de finalidade nessa sua opção, ela deverá ser acolhida pelo juiz – hipótese em que obviamente não caberão as providências do art. 854. Agora, se o credor requerer que se penhore dinheiro ou se ele não indicar nenhum bem para a penhora (caso em que tal definição poderá ser feita pelo órgão judicial), o juiz deverá adotar diretamente as providências de bloqueio e subsequente “penhora on line” de ativos financeiros – sem que, para isso, dependa de um pedido específico. A vontade do exequente, portanto, é relevante, dentro de certos limites, na definição do bem a penhorar – e não na determinação do modo de concretização da penhora. Cada instituição financeira, ao receber a determinação judicial por via eletrônica, verificará se existem ativos financeiros do executado sob sua gestão. Se existirem, desde logo, ela os bloqueará, até o valor objeto da execução – e noticiará ao juízo. É possível que várias instituições promovam o bloqueio – o que obviamente poderá implicar um bloqueio muito maior do que o valor executado. Por isso, no prazo de 24 horas após a resposta das instituições financeiras, o juiz determinará, de ofício, o cancelamento de eventual bloqueio excessivo, o que deverá ser cumprido também no prazo de 24 horas (art. 854, § 1.º). Diferentemente do que ocorria na sistemática da legislação anterior, o juiz não mais requisita informações prévias ao Banco Central. Determina, desde logo, a indisponibilidade de ativos financeiros em nome do executado – e em seguida, ainda de ofício, cuida para que não exista bloqueio maior do que o necessário. O bloqueio não é medida cautelar, mas providência executiva, preparatória da penhora. É uma pré-penhora, equiparável, p. ex., ao arresto executivo, que, como visto no n. 7.7.1, também não constitui medida de urgência. Portanto, a determinação do bloqueio não depende de fumus boni juris nem periculum in mora. É providência a ser adotada sempre que a penhora vá incidir sobre dinheiro (e, lembre-se, dinheiro é o bem preferencial para a penhora). Logo depois do bloqueio, o executado é intimado, por seu advogado ou, se ainda não o tiver constituído nos autos, pessoalmente, para se manifestar sobre o bloqueio (art. 854, § 2º). Será, então, ônus do executado zelar para que eventual impenhorabilidade dos valores depositados seja respeitada, bem como para que a indisponibilidade excessiva não remanesça por qualquer lapso, cabendo-lhe argui-las e comprová-las no prazo de cinco dias (art. 854, § 3.º). Se o juiz acolher alguma dessas alegações, deverá determinar à instituição financeira que proceda ao cancelamento da indisponibilidade irregular ou excessiva no prazo de 24 horas (art. 854, § 4º). Em qualquer caso de não cancelamento do bloqueio indevido, excessivo ou desnecessário, no prazo de 24 horas após recebida a determinação do juiz, a instituição financeira poderá ser objetivamente responsabilizada por prejuízos causados ao executado em decorrência do descumprimento dessa determinação. Essa responsabilização também se põe se a instituição financeira desde o início indevidamente indisponibilizar valor maior do que o da execução, e isso efetivamente gerar prejuízos ao executado (art. 854, §§ 4.º, 6.º e 8.º). Cabem aqui dois complementos. Eventualmente, erros da instituição financeira vêm a gerar prejuízos ao exequente (p. ex., indevidamente, ela deixa de bloquear os ativos do executado, a despeito de comunicada para tanto) – hipótese em que também deverá ser objetivamente responsabilizada (CC/2002, art. 927, par. ún.). Em segundo lugar, nem sempre a demora na liberação de bloqueios indevidos ou excessivos é imputável à instituição financeira. Pode derivar – e isso já se constatou na prática em várias ocasiões – da própria inércia ou desorganização do órgão judiciário. Ora, nesse caso, o Poder Público deve responder objetivamente pelos danos causados ao executado (CF, art. 37, § 6º). A “penhora on line” aperfeiçoa-se quando rejeitadas as alegações do executado ou quando esse permanecer silente – convertendo-se a indisponibilidade de ativos em penhora, independentemente de lavratura de termo. O juiz determina à instituição financeira que, no prazo de 24 horas, providencie a transferência dos valores indisponíveis para conta vinculada ao juízo da execução (art. 854, § 5.º). Se por outro modo o devedor realizar o pagamento da dívida, o juiz imediatamente determinará a notificação da instituição financeira para que em 24 horas cancele a indisponibilidade (art. 854, § 6º) – sob pena da já referida responsabilização objetiva. 8.6.2. Apreensão e depósito do bem (art. 839) A apreensão pode ser direta, com a concreta remoção ou desapossamento, ou indireta, com o bem permanecendo com o executado, embora vinculado à execução. Na penhora feita pelo oficial de justiça, havendo resistência do executado à sua realização, o oficial comunicará o fato ao juiz (art. 846, caput), que determinará o arrombamento de cômodos e móveis (art. 846, § 1.º). Nesse caso, dois oficiais cumprirão a diligência, que deverá também ser acompanhada por duas testemunhas (art 846, § 1º). Se necessário, ainda, o juiz requisitará força policial e os oficiais poderão prender quem resistir à ordem de penhora (arts. 782 e 846, § 2.º). Tal resistência é crime (CP, art. 329), como também o é eventual desobediência às ordens dos oficiais de justiça ou da autoridade policial (CP, art. 330). De resto, tais condutas implicam ato atentatório à dignidade da justiça, passível de multa processual punitiva de até vinte por cento do valor executado (art. 774, II, III e IV, e par. ún.). Será feito auto de resistência minucioso, assinado pelas testemunhas (devidamente nominadas e qualificadas) e em duas vias: uma para o processo, outra para a autoridade policial a quem será entregue o preso (art. 846, §§ 1º, 3.º e 4º). A lei ainda é explícita em indicar que a penhora haverá de ser efetuada “onde quer que se encontrem os bens, ainda que sob a posse, detenção ou guarda de terceiros” (art. 845, caput), inclusive agentes públicos. O depósito destina-se a garantir a conservação do bem. O depositário poderá ser o próprio devedor, o credor ou um terceiro. Trata-se desse instituto no capítulo seguinte. Por ora, cabe definir sua exata dimensão como elemento integrante da penhora. Nos termos literais do art. 839, o depósito seria ato constitutivo da penhora, elemento imprescindível para sua existência jurídica. Todavia, prevalece o entendimento de que a falta do depósito não acarreta inexistência ou nulidade absoluta da penhora. Invoca-se o princípio da instrumentalidade das formas: a função conservativa do depósito é estabelecida prevalentemente em favor do credor. Logo, não faria sentido reputar-se nula a penhora (e consequentemente todo o processo de execução a partir dela), prejudicando o credor, só porque deixou de ser praticado ato de seu precípuo interesse. Verificada a falta de depósito, não se anulam a penhora e os atos subsequentes, mas se corrige o defeito, procedendo-se ao depósito. Questão outra é saber se, sem a formalização do depósito, será possível impor a alguém os deveres e sanções inerentes à condição de depositário (v. n. 9.1.5.8, adiante). 8.6.3. Inscrição da penhora no registro do bem A previsão de averbação da penhora sobre imóvel no registro imobiliário, ainda antes de constar nos diplomas processuais, já figurava na Lei de Registros Públicos (Lei 6.015/1973, art. 167, I, 5). Reputava-se, então, tratar-se de mera faculdade do exequente: feita a inscrição, haveria presunção absoluta de publicidade do ato, ficando qualquer terceiro impossibilitado de alegar que o desconhecia. A circunstância de tal averbação ter passado a ser prevista também na legislação processual, na disciplina da penhora, não a transformou em elemento constitutivo, requisito indispensável, desse ato executivo. Como antes, a inscrição imobiliária somente serve para gerar presunção absoluta da ciência da penhora por terceiros. Sua falta não acarreta a inexistência do ato constritivo, apenas transferindo ao exequente o ônus de provar que o terceiro adquirente do imóvel penhorado conhecia a situação do bem (v. n. 4.6.4.2, acima). Isso fica claro, no CPC/2015, com o cotejo do art. 838, que afirma que a penhora se faz mediante seu respectivo auto ou termo, com o art. 844, que condiciona a presunção absoluta do conhecimento da penhora por terceiros à sua averbação na matrícula do imóvel. É ônus do exequente providenciar o registro da penhora no ofício imobiliário. Para não dificultar o exercício de tal ônus, o Código prevê requisitos bastante singelos para o registro da penhora. Basta “a apresentação de cópia do auto ou do termo” e não é necessário mandado judicial. Além disso, observada a regulação do CNJ, ela pode ser feita por meio eletrônico (art. 837). A jurisprudência tem entendido que o registro da penhora na matrícula imobiliária é irrelevante na determinação da preferência dela decorrente. Vale dizer: a preferência fixa-se pela data da penhora, e não pela da sua inscrição na matrícula do bem. Reitere-se: o registro da penhora não é relevante para o aperfeiçoamento da constrição judicial nem para a configuração de suas consequências, mas, sim, apenas para o estabelecimento da presunção absoluta de conhecimento por terceiros, quando se vai aferir a ocorrência de fraude à execução. Tanto não há direta relação entre o aperfeiçoamento da penhora e a presunção absoluta de conhecimento por terceiros que, por força do art. 828, tal presunção pode inclusive ser estabelecida ainda antes da penhora, mediante a averbação da mera pendência da ação executiva nos registros de bens do executado (v. n. 4.6.4.2 e 7.4.2, acima). Atualmente, a averbação da penhora não está restrita aos bens imóveis. O próprio art. 828 presta-se a confirmar essa constatação. Nele, permite-se uma averbação, preparatória da penhora, da pendência da execução em registros não apenas de imóveis, mas também de veículos e outros bens sujeitos a penhora, arresto ou indisponibilidade. Se cabe tal averbação preventiva é porque cabe também, posteriormente, a averbação da própria penhora. O art. 837 também corrobora essa constatação, ao aludir à possibilidade de que, respeitadas as regras ditadas pelo Conselho Nacional de Justiça, as averbações de penhoras de bens imóveis e móveis possam ser realizadas por meio eletrônico. 8.6.4. Intimação da penhora Da penhora devem ser intimados: (I) o devedor (art. 841), abrindo-se-lhe oportunidade para manifestar-se sobre a validade de penhora (art. 848) e (ou) requerer sua substituição (arts. 847 e 848). A intimação da penhora para o executado já foi ato de extrema importância no processo executivo. Ela lhe abria a oportunidade de embargos à execução, meio típico para exercício de sua defesa. Por isso, aplicavam-se-lhe as mesmas cautelas que cercam a citação no processo de conhecimento. Atualmente, como o prazo para exercício da garantia fundamental de defesa está vinculado à própria citação, a intimação da penhora ao executado teve sua relevância bastante mitigada – e seus requisitos formais foram flexibilizados. Em regra, a intimação da penhora ao executado faz-se na pessoa do seu advogado ou à sociedade de advogados a que esse pertença – desde que já haja advogado constituído nos autos (art. 841, § 1.º). Essa intimação na pessoa do advogado ou à sociedade de advogados independe de procuração com poderes específicos e realiza-se, sempre que possível, por meio eletrônico (art. 270). A intimação pessoal do devedor, preferencialmente por via postal, é cabível apenas quando esse não tiver advogado constituído no processo (art. 841, § 2.º). Nesse caso, será utilizado o endereço do executado constante do processo – em regra, aquele que já se utilizou para a sua citação. Se, depois de citado, o executado tiver mudado de endereço, ele tem o ônus de comunicar ao juízo a mudança – sob pena de presumir-se absolutamente válida a intimação feita em seu endereço antigo, constante dos autos (art. 274, par. ún., e 841, § 4º). Por fim, é dispensada qualquer intimação do executado, se a penhora já tiver sido realizada, certificadamente, na sua presença. Nesse caso, ele é dado por intimado já no ato de penhora (art. 841, § 3º); (II) o cônjuge do devedor, se a penhora recair sobre a propriedade ou outro direito real sobre imóvel, salvo se o regime de casamento for o de separação absoluta de bens (art. 842 – sobre a condição do cônjuge do devedor no processo executivo, v. n. 4.2, acima); (III) o proprietário ou coproprietário do bem que, por haver sido antes dado em garantia do crédito, veio a ser penhorado (art. 835, § 3º). Nesse caso, tal sujeito detém a condição de executado (art. 779, V – v. n. 4.1.2.5), de modo que, a rigor, mais do que intimação da penhora, tem-se verdadeira citação; (IV) o terceiro também credor do executado que detenha direito real de garantia ou alienação fiduciária sobre o bem penhorado (art. 799, I, e 804); (V) o terceiro titular de usufruto, uso ou habitação sobre o bem penhorado (arts. 799, II); (VI) o terceiro promitente comprador, quando, em execução voltada contra o promitente vendedor, a penhora recair sobre o bem objeto de compromisso de compra e venda, devidamente registrado (art. 799, III); (VII) o terceiro promitente vendedor, quando, em execução voltada contra o promitente comprador, a penhora recair sobre o direito aquisitivo derivado de compromisso de compra e venda, devidamente registrado (art. 799, IV); (VIII) o terceiro titular de direito de superfície, de enfiteuse, de concessão de direito real de uso ou concessão de uso para fim de moradia, quando, na execução contra o proprietário, a penhora recair sobre o imóvel objeto de qualquer desses direitos reais (art. 799, V); (IX) o terceiro proprietário do imóvel, quando, na execução contra o superficiário, enfiteuta ou o concessionário, a execução recair, respectivamente, sobre o direito de superfície, de enfiteuse ou de concessão de direito real de uso ou de uso para fim de moradia, incidente sobre o imóvel (art. 799, VI); e (X) a sociedade por quotas ou anônima de capital fechado, quando, na execução contra o sócio, a penhora recair sobre quotas ou ações que esse tenha daquela (art. 799, VII). A sociedade, por sua vez, terá a incumbência de informar a existência da penhora aos demais sócios (art. 876, § 7º). Tal intimação também dará ensejo ao conjunto de providências previstas no art. 861 (v. n. 8.10.3, adiante). A falta das intimações mencionadas em II e III pode gerar a nulidade dos atos posteriores do processo, pois impede que participem do processo sujeitos que ali deveriam figurar como partes. Em regra, as pessoas indicadas nessas duas hipóteses ainda não ingressaram no processo, de modo que tal intimação normalmente consiste na notícia inicial que elas recebem a respeito da existência da execução. Daí sua importância. Também por isso, em princípio, essa intimação não terá como ser feita junto a um advogado do intimando – exceto nas hipóteses excepcionais em que as pessoas em questão já tenham constituído um procurador judicial no processo. As consequências da ausência de intimação nas hipóteses indicadas nos itens IV a X, acima, serão abordadas no cap. 10. 8.7. Penhora de bens em outra comarca Ressalvada as hipóteses dos arts. 845, § 1.º, e 854 (v. n. 8.6.1.2 e 8.6.1.3, acima), a penhora deve ser realizada no local em que se encontram os bens (art. 845, caput). No caso de bens situados em outra comarca, a penhora será feita mediante carta precatória – excetuada apenas a hipótese dos arts. 255 e 782, § 1º, a seguir indicada. Os atos seguintes do processo de execução (avaliação e alienação) serão realizados na comarca em que estão os bens (art. 845, § 2.º). Trata-se de regra de competência funcional e, portanto, absoluta. O juiz de uma comarca é absolutamente incompetente para efetivar a penhora em outra. Consequentemente, o oficial de justiça, que é auxiliar do juiz, não tem poderes para realizar a penhora em outra comarca, em hipótese alguma. Penhora feita por oficial de justiça de outra comarca padece do vício de nulidade absoluta. Ressalva-se, todavia, a regra do art. 255, que autoriza o oficial de justiça a realizar citações, intimações, notificações, penhoras e quaisquer outros atos executivos em comarcas vizinhas e nas da mesma região metropolitana. Tal diretriz é reiterada no art. 782, § 1º. 8.8. Modificações da penhora Como já se adiantou, a penhora comporta modificações, no curso do processo executivo. As possíveis mudanças deverão ser precedidas do contraditório entre as partes e do juiz com ela. O art. 853 prevê que, quando alguma das partes pedir alteração da penhora, o juiz deverá ouvir a outra em três dias. Mas também quando, de ofício, o juiz reputar haver fundamentos para modificar a penhora, ele deverá antes ouvir as partes (CF, art. 5º, LV; CPC/2015, arts. 9º e 10). A lei determina ao juiz que resolva as questões relativas ao tema mediante cognição superficial. Dispensa-se exaustiva e minuciosa instrução probatória quando se puser em pauta a possível alteração da penhora. Decidir-se-á com base em prova pré-constituída. É o que se extrai da previsão de que “o juiz decidirá de plano” essas questões (art. 853, par. ún.). Todas as decisões sobre o tema serão recorríveis, mediante agravo de instrumento (arts. 203, § 2º, e 1.015, par. ún. – v. n. 8.1.6, acima). Observados esses parâmetros, a penhora será: (a) aumentada, se os bens penhorados são insuficientes para cobrir o débito. Isso pode ocorrer quando, já por ocasião da avaliação do bem penhorado, constata-se sua insuficiência (art. 874, II). Mas também é possível que se proceda a nova penhora depois da expropriação dos bens inicialmente penhorados, quando o produto da sua alienação não tiver sido suficiente para a satisfação do crédito (art. 851, II). Tal ampliação caberá inclusive na hipótese de desvalorização superveniente do bem penhorado (art. 850); (b) diminuída, se os bens têm valor maior que o do débito (art. 874, I). Tal redução também será devida quando a valorização do bem der-se no curso do processo (art. 850); (c) substituída, nas duas hipóteses anteriores, para um bem de valor maior ou menor, respectivamente (art. 874, I e II), inclusive nos casos de alteração significativa superveniente do valor do bem (art. 850); (d) substituída, se a primeira foi anulada (art. 851, I) – seja porque os bens eram impenhoráveis, seja porque pertenciam a terceiro não responsável pelo débito, seja ainda porque se reconheceu direito do credor ou devedor a que ela atinja outro bem (p. ex., nas hipóteses dos incisos I, II, III, IV, V e VII do art. 848); (e) substituída por outro bem, tendo em vista o fracasso na tentativa de alienação do bem até então penhorado (art. 848, VI). Constata-se, ainda que tardiamente, a iliquidez do bem penhorado. Ou seja, não deixa de ser uma espécie da hipótese mais genérica prevista no art. 848, V; (f) substituída, se o credor desistir dela porque os bens eram litigiosos ou já estavam submetidos a constrição judicial (art. 851, III); (g) substituída por dinheiro resultante de alienação antecipada dos bens (art. 852); (h) substituída por fiança bancária ou seguro-garantia judicial, em valor não inferior a 130% do débito (arts. 835, § 2º, e 848, par. ún.). Dessas normas extrai-se que é também possível, a todo tempo enquanto não realizada a alienação executiva do bem penhorado, substituí-lo por dinheiro; (i) substituída por outro bem, a requerimento do devedor, formulado no prazo de dez dias contados da intimação da penhora (art. 847 – n. 8.1.5, acima). Por sua relevância no contexto do processo e maior complexidade de seu regramento, essa hipótese recebe exame detalhado no tópico seguinte. 8.9. Substituição do bem penhorado a pedido do devedor Além da possibilidade de o executado, desde o início do processo, pleitear que a penhora recaia sobre outros bens que não aqueles que o credor tenha indicado (art. 829, § 2.º, acima tratado), o Código concede ao devedor a faculdade de pleitear e obter a substituição do bem inicialmente penhorado (art. 847 do CPC/2015). No prazo de dez dias da intimação da penhora, o devedor pode requerer que se substitua o bem penhorado por outro, cabendo-lhe demonstrar que a substituição não prejudicará de modo nenhum o credor e será menos onerosa para ele, executado. Tal possibilidade é mais uma expressão do princípio do menor sacrifício do devedor (art. 805 – n. 5.3.2, acima). Essa hipótese de substituição não se confunde com outras duas que podem também ser requeridas pelo executado: (1.ª) quando houver defeito na penhora realizada (art. 848 – n. 8.8, letra d, acima); (2.ª) substituição por fiança bancária ou seguro garantia judicial (art. 835, § 2º, e 848, par. ún. – v. n. 8.8, letra h, acima). Essas duas hipóteses não se submetem ao prazo de dez dias estabelecido no art. 847. 8.9.1. Forma e pressupostos do pedido de substituição O prazo de dez dias para o exercício do pedido de substituição conta-se da intimação da penhora ao advogado ou à sociedade de advogados. Quando não houver advogado construído nos autos e a intimação da penhora for feita na pessoa do próprio devedor ou seu representante legal, preferencialmente pela via postal (art. 841, § 2.º), o prazo contar-se-á da data da juntada aos autos do respectivo comprovante. Na falta de norma específica, aplica-se à hipótese a regra geral (art. 231, I). Quanto à forma, o pedido de substituição deverá ser feito por escrito, e, em princípio, subscrito por advogado do devedor. Vale dizer, em regra, não há a possibilidade de uma manifestação verbal e (ou) feita pelo próprio executado. O pedido de substituição é ato técnico, a ser praticado no curso do processo pelo advogado constituído pelo devedor (ressalvados apenas os casos e tipos de processo em que se dispensa a intervenção de advogado). Nesse pedido de substituição incumbe ao devedor: (I) quanto aos bens imóveis, comprovar as respectivas matrículas e os registros por certidão do correspondente ofício; (II) quanto aos móveis, descrevê-los com todas as suas propriedades e características, assim como o estado deles e o lugar onde se encontram; (III) quanto aos semoventes, descrevê-los, indicando a espécie, o número, a marca ou o sinal e o imóvel em que se encontram; (IV) quanto aos créditos, identificá-los e indicar o devedor, a origem da dívida, o título que a representa e a data do vencimento; e (V) em todos os casos, atribuir valor aos bens indicados à penhora, além de especificar os ônus e os encargos a que estejam sujeitos (art. 847, § 1.º, I a V). Intimado para se manifestar sobre o requerimento de substituição (art. 847, § 4.º), o credor poderá a ela se opor ou requerer nova substituição do bem penhorado, se o devedor descumprir essa regra (art. 848, VII). Por óbvio, não se poderá adotar postura estritamente formalista. A oposição do credor será razoável toda vez que a omissão do devedor implicar risco à eficiência da execução, mas não em outros casos, em que o lapso for concretamente irrelevante. Se o bem ofertado em substituição for imóvel, e o executado for casado, será indispensável também a anuência do cônjuge, exceto na hipótese de casamento sob o regime de separação absoluta de bens (art. 847, § 3.º). Requerida a substituição, o executado tem ainda o dever de apresentar prova de propriedade dos bens sujeitos à execução (art. 847, § 2.º). Mas, se no momento do pedido de substituição do bem penhorado, o executado não apresentar o comprovante de propriedade do bem que ele está ofertando, nem por isso seu pleito será indeferido de plano. Em um primeiro momento, pode-se dar crédito à mera afirmação do devedor, o qual, se faltar com a verdade, sofrerá sanções por litigância de má-fé (arts. 79 a 81 e 774). De resto, o dever de prevenção, extraível do princípio da cooperação (art. 6.º), impõe que o juiz, antes de indeferir o pedido de substituição, conceda prazo para a correção do lapso. 8.9.2. Procedimento O pedido de substituição é seguido de contraditório para a verificação da sua viabilidade, em que se destacam os seguintes aspectos: (a) o credor é intimado para se manifestar, em três dias (arts. 847, § 4º, e 853) e, se permanece silente, reputa-se que concordou com a substituição: há preclusão da faculdade de impugnar o pedido de substituição feito pelo devedor. Contudo, isso não significa que nessa hipótese a substituição será automaticamente deferida pelo juiz. Cabe também ao juiz examinar, mesmo de ofício, sua adequação para os fins do processo executivo. A questão não diz respeito a mero interesse disponível do credor, mas ao próprio interesse público no andamento racional da máquina judiciária. Não se irá desfazer a penhora sobre um bem mais adequado para o escopo executivo, transferindo-a para outro bem, imprestável para tal fim, apenas porque se calou o credor quando intimado; (b) se o credor discorda, há de fazê-lo mediante impugnação fundamentada, demonstrando qual o defeito do pedido de substituição e o prejuízo que sofrerá, caso esta ocorra (de todo modo, por força do art. 847, caput, será do executado o ônus de provar, se necessário for, a ausência de prejuízos para o credor); (c) sendo necessário, ouve-se novamente o devedor (exemplos: o credor juntou, com sua impugnação, documentos novos; ou o juiz reputa necessário algum esclarecimento etc.); (d) em princípio, não haverá instrução probatória que vá além dos documentos apresentados pelas partes e dos elementos que já se encontravam nos autos (art. 853, par. ún. – v. n. 8.8, acima); (e) se acolhida a impugnação, manter-se-á a penhora existente; (f) deferida a substituição, o juiz determinará as providências para cancelamento da penhora anterior e realização da nova, mediante termo formalizado em cartório (art. 849) e demais providências, eventualmente necessárias, indicadas no n. 8.6, acima; (g) o pronunciamento do juiz que decide o pedido de substituição, acolhendo-o ou não, é decisão interlocutória, recorrível por agravo de instrumento (arts. 203, § 2.º, e 1.015, parágrafo único – v. n. 8.1.6, acima). 8.10. Hipóteses especiais de penhora 8.10.1. Penhora de crédito Quando a penhora recair sobre crédito do executado junto a terceiro (art. 855 e seguintes), serão observadas as seguintes regras peculiares: (a) a penhora só se aperfeiçoará depois de intimados o terceiro devedor (aquele que deve para o executado), para que não pague ao executado, e o credor do terceiro (o executado), para que não pratique ato de disposição de seu crédito (art. 855, I e II). Se, depois de intimado da penhora, o terceiro devedor (aquele que deve para o executado), mesmo assim, pagar diretamente ao executado, em vez de depositar o valor em juízo, o pagamento não valerá em face do exequente e do juízo executivo, podendo o terceiro devedor ser constrangido a pagar novamente, em juízo (CC, art. 312 – que ressalva, ainda, a possibilidade de regresso do terceiro contra o executado); (b) caso o crédito esteja representado por letra de câmbio, nota promissória, cheque etc., a penhora far-se-á pela apreensão do título (art. 856), sendo possível a adoção de inúmeras medidas a fim de evitar conluio entre o executado e seu devedor para negar o débito e ocultar o título (art. 856, §§ 1.º a 4.º); (c) depois de realizada a penhora, não havendo embargos à execução com efeito suspensivo ou sendo estes rejeitados, o exequente fica sub-rogado nos direitos do devedor até a concorrência do seu crédito, ou seja, assume o crédito do executado na medida necessária para satisfazer seu próprio crédito (art. 857), podendo optar pela alienação judicial do crédito penhorado (art. 857, § 1.º). O texto legal alude à simples pendência de embargos como sendo obstáculo à sub-rogação. No entanto, os embargos à execução, em regra, não têm efeito suspensivo (art. 919). Logo, a simples pendência dos embargos não é obstáculo à sub-rogação – assim como, nos demais casos, não é óbice à expropriação de bens e entrega do dinheiro ao credor. Não há fator diferencial que justifique, na penhora do crédito, tratamento diferenciado. Ao que se infere, trata-se de simples lapso: o dispositivo legal foi meramente transportado da versão original do CPC/1973, em que os embargos sempre tinham efeito suspensivo, para o Código atual; (d) se o exequente não conseguir receber o crédito em que se sub-rogou ou se receber valor inferior ao do seu crédito, pode ainda prosseguir na execução, penhorando outros bens do executado (art. 857, § 2.º); (e) quando a penhora recair sobre crédito que renda juros ou outras prestações periódicas, o exequente pode levantar tais valores à medida que forem sendo depositados, abatendo-se do seu crédito as quantias recebidas (art. 858); (f) recaindo a penhora sobre direito que tenha por objeto prestação ou restituição de coisa determinada, o executado terá de, no vencimento, assim que recebê-la, depositá-la em juízo, para que sobre ela corra a execução (art. 859). 8.10.2. Penhora “no rosto dos autos” Trata-se de espécie de penhora de crédito. O executado está pleiteando em juízo um crédito penhorado; então, averba-se tal penhora, com destaque, nos autos do processo em que o executado está fazendo esse pleito (art. 860). Nos autos físicos, isso tradicionalmente é feito na contracapa dos autos do processo. Daí a expressão “no rosto dos autos”, consagrada na praxe forense. 8.10.3. Penhora das quotas ou das ações de sociedades personificadas Quando a penhora incidir sobre quotas ou ações de sócio em sociedade simples ou empresária, o juiz concede prazo de até três meses para que a sociedade: (a) apresente balanço especial, na forma da lei (art. 861, I); (b) ofereça as quotas ou as ações aos demais sócios, respeitado o direito de preferência legal ou contratual (art. 861, II); (c) caso não haja interesse dos sócios na aquisição, ela mesma proceda à liquidação das quotas ou das ações, depositando em juízo o montante apurado (art. 861, III). Quanto a esse ponto, o prazo de até três meses poderá ser ampliado pelo juiz quando o pagamento das quotas ou das ações liquidadas superar o valor do saldo de lucros ou reservas (salvo a legal), e sem diminuição do capital social, ou por doação, ou, ainda, quando o pagamento colocar em risco a estabilidade financeira da sociedade (art. 861, § 4.º). Para a liquidação, o juiz poderá, a pedido do credor ou da sociedade, nomear administrador, o qual terá de submeter à aprovação judicial a forma como a realizará (art. 861, § 3.º); (d) ou, em alternativa a c, adquira as quotas ou ações, sem redução do capital social e com utilização de reservas, para manutenção em tesouraria. No entanto, as quotas ou ações poderão ser levadas a leilão judicial quando nenhum dos sócios exercer seu direito de preferência na aquisição das quotas ou ações, a sociedade não as adquirir e a liquidação mostrar-se excessivamente onerosa para a sociedade (art. 861, § 5.º). Dessa disposição extrai-se, portanto, que a aquisição pelos demais sócios ou pela sociedade é uma faculdade que se lhes oferta, mas a liquidação das quotas ou ações penhoradas pela sociedade é uma imposição, que só será afastada em caso de onerosidade excessiva. Por outro lado, em nenhum caso essas regras aplicam-se à sociedade anônima de capital aberto. Nessa hipótese, as ações ou são adjudicadas ao exequente ou são alienadas em bolsa de valores, conforme o caso (art. 861, § 2.º). 8.10.4. Penhora de empresa ou de outros bens que ensejem administração Em atenção ao princípio do menor sacrifício do devedor, busca-se a preservação do empreendimento, quando a penhora recair sobre estabelecimento comercial, industrial ou agrícola, bem como sobre semoventes, plantações ou edifícios em construção. Nesse caso, mais do que depósito do complexo de bens penhorados, haverá sua administração por depositário designado pelo juiz. A forma de administração do empreendimento sugerida pelo administrador-depositário será discutida pelas partes e definida pelo juiz (art. 862, caput e § 1º). Aliás, as partes, de comum acordo, poderão escolher o depositário, “caso em que o juiz homologará por despacho a indicação” (art. 862, § 2.º – a rigor, trata-se de decisão interlocutória, e não mero despacho). Tal modalidade de penhora é absolutamente subsidiária, dada a sua complexidade e riscos de grave sacrifício para o executado e insucesso para o exequente. Por isso, diz o art. 865, deve ser determinada apenas quando não houver outro meio mais eficaz para a satisfação do crédito. Também por isso, a todo tempo, desde que antes do leilão judicial, o exequente poderá requerer a penhora de faturamento, frutos ou rendimentos desses bens (art. 867 e seguintes – v. n. 8.10.8 e 8.10.9, abaixo). No direito anterior, havia regra expressa nesse sentido. Mas essa é uma diretriz que permanece aplicável, pela conjugação dos arts. 805 e 865. No mais das vezes, será muito menos oneroso para o executado e mais eficiente para o credor que, em vez de se tentar expropriar o empreendimento como um todo, usem-se os frutos e rendimentos que ele gera para satisfazer o crédito. 8.10.5. Penhora de edifícios em construção em regime de incorporação imobiliária A modalidade de penhora descrita no tópico anterior contempla hipótese com regramento ainda mais específico, quando recai sobre edifício em construção sob regime de incorporação imobiliária. Para proteger os direitos de terceiros que já haviam antes adquirido unidades imobiliárias no empreendimento e evitar prejudicar o andamento da obra, vigoram as seguintes regras especiais: (a) a penhora deverá recair apenas sobre as unidades imobiliárias que, no momento em que se inscreveu a pendência da execução na matrícula do imóvel, ainda não estavam comercializadas (art. 862, § 3º, c/c art. 828). Nos empreendimentos de incorporação imobiliária, a aquisição da unidade normalmente antecede a finalização da obra e a constituição da específica matrícula de cada unidade. Assim, por ocasião da penhora, ainda não estão individualizadas as matrículas das unidades já comercializadas – hipótese em que seria desnecessária a regra em questão, bastando aplicar-se o princípio de que bens de terceiros não podem ser atingidos pela execução; (b) o incorporador do empreendimento não será automaticamente afastado de sua administração – diferentemente do que em geral ocorre nessa modalidade de penhora (art. 862, caput). O afastamento apenas ocorrerá se “necessário” (art. 862, § 4º, parte inicial). Ou seja, em regra será designado apenas um depositário sem a função de administrador; (c) havendo a necessidade de designação de um administrador judicial, essa função será exercida pela comissão de representantes dos adquirentes das unidades – exceto quando o empreendimento for financiado, hipótese em que instituição financiadora indicará uma empresa ou profissional para a função. Mas, mesmo nesse último caso, terá também de ser ouvida a comissão de representantes (art. 862, § 4º). Caberá ao juiz decidir eventuais impasses entre a instituição financiadora e a comissão de representantes – respeitado o contraditório de que participem não só esses entes, mas também as partes do processo executivo. A comissão de representantes dos adquirentes é figura instituída e regulada pela Lei 4.591/1964, que disciplina as incorporações imobiliárias. 8.10.6. Penhora de empresas concessionárias ou permissionárias de serviço público Também a penhora de empresa que funcione mediante autorização ou concessão submeter-se- á a parâmetros especiais, em respeito ao princípio da continuidade do serviço público. Haverá a nomeação de depositário (“de preferência, um dos seus diretores”) com incumbência de administração do bem. Antes da arrematação, será ouvido o poder público que houver outorgado a concessão (art. 863). Possui, tal como as modalidades anteriores, caráter subsidiário (art. 865). 8.10.7. Penhora de navios e aeronaves Mereceu, ainda, disciplina específica a constrição executiva de navios e aeronaves. Considerou- se o interesse público na continuidade dos meios de transporte – razão porque essa hipótese de penhora também é subsidiária (art. 865). Autorizou-se que tais bens continuem operando, desde que o devedor faça seguro contra riscos (art. 864). 8.10.8. Penhora de frutos e rendimentos de coisa móvel ou imóvel Na vigência do CPC/1973, vigorava o instituto do usufruto judicial (ou executivo) como forma expropriatória que simultaneamente satisfazia o credor. Ocorria nos casos em que o bem penhorado produzisse frutos ou rendimentos com valor significativo (exemplos: prédio locado; imóvel rural com produção agrícola etc.). O usufruto judicial consistia em ato pelo qual, dentro da execução, concedia-se ao credor direito real limitado e temporário sobre o bem penhorado, a fim de que recebesse seu crédito por meio das rendas geradas pelo bem. No CPC/2015, suprimiu-se o usufruto judicial como modalidade expropriatória. Aliás, confirmou-se uma tendência iniciada pela Lei 11.382/2006, que já havia reduzido a abrangência do usufruto executivo, substituindo-o parcialmente pela penhora de faturamento da empresa. No CPC/2015, substitui-se o que havia restado do usufruto judicial pela penhora e apropriação de frutos e rendimentos (arts. 825, III, e 867 a 869). A principal diferença reside em que, no usufruto judicial, o credor necessariamente assumia a posse do bem. Já na penhora e apropriação de frutos e rendimentos, a posse do bem é mantida na própria pessoa do executado, que apenas perde o poder de administração e o direito de gozo do bem. Não há constituição judicial de um direito real em prol do exequente. 8.10.8.1. Legitimidade A penhora de frutos e rendimentos pode ser determinada, inclusive, de ofício (art. 867, caput). Mas nada impede que ela seja requerida pelo exequente ou até mesmo pelo próprio executado. 8.10.8.2. Condições objetivas da penhora de frutos e rendimentos A penhora de frutos e rendimentos pode recair sobre qualquer bem móvel ou imóvel apto a gerar resultados econômicos (art. 867). Ela será deferida quando, diante das circunstâncias concretas, for “mais eficiente para o recebimento do crédito e menos gravosa ao executado” (art. 867). É mais um caso, no curso da execução, em que se exige o balanceamento destes dois princípios (v. n. 5.3.4). 8.10.8.3. Devido processo Em respeito ao contraditório, se a penhora de frutos e rendimentos for determinada de ofício, ao exequente e ao executado deverá ser concedida a oportunidade de sobre isso se manifestar (CF, art. 5º, LV; CPC/2015, arts. 9º e 10). Se requerida por uma das partes, a outra terá de ser previamente ouvida. Isso não significa que o deferimento da penhora de frutos e rendimentos dependa da concordância da parte. Caberá ao juiz decidir se o defere, tomando em conta os argumentos das partes – e sempre com os olhos voltados para os princípios do menor sacrifício do executado e da máxima eficiência da execução. O pronunciamento do juiz a respeito da questão deverá ser fundamentado (CF, art. 93, IX; CPC/2015, arts. 11 e 489, § 1º), atentando inclusive para a justificação das escolhas feitas relativamente à ponderação dos princípios jurídicos envolvidos (CPC/2015, art. 489, § 2º). Trata-se de decisão interlocutória (art. 203, §2º), contra a qual cabe agravo de instrumento (art. 1.015, par. ún.). 8.10.8.4. Condições formais (documentação) A penhora de frutos e rendimentos torna-se eficaz perante terceiros a partir da publicação da decisão que a concede ou, tratando-se de bem imóvel, a partir de sua averbação no ofício imobiliário (art. 868, § 1.º). Na penhora de frutos e rendimentos de bem imóvel, caberá ao exequente providenciar averbação no ofício imobiliário, a fim de que se inscreva o direito real na matrícula do bem. Para tanto, apresentará certidão de inteiro teor do ato, independentemente de mandado judicial (art. 868, § 2.º). 8.10.8.5. O administrador-depositário O administrador-depositário será nomeado quando ordenada a penhora de frutos e rendimentos (art. 868, caput). Pode ser administrador o exequente ou o executado, desde que haja concordância da parte contrária. Não havendo consenso, será designado um profissional qualificado. O administrador-depositário será investido de todos os poderes relativos à administração do bem e à fruição dos seus frutos e utilidades (art. 868, caput). Aplica-se ao administrador, no que couber, o regime jurídico de nomeação, destituição, deveres, responsabilidade e direitos do depositário (v. n. 9.1, adiante). Uma vez designado, caberá ao administrador submeter à aprovação judicial a forma de administração e de prestação periódica de contas (art. 869, § 1º). As partes deverão ser ouvidas a esse respeito. Se não houver consenso entre elas ou se houver divergência entre elas e o administrador, o juiz terá a última palavra sobre a questão (art. 869, §2º). Deverá decidir fundamentadamente (CF, art. 93, IX; CPC/2015, arts. 11 e 489, § 1º), mediante decisão interlocutória, passível de agravo de instrumento (arts. 203, § 2º, e 1.015, par. ún.). O administrador deverá receber os frutos e rendimentos do bem no interesse do exequente, entregando ao credor as quantias recebidas, a fim de serem imputadas ao “pagamento” (a rigor, satisfação forçada) da dívida (art. 869, § 5.º). No exercício da administração do bem, o administrador fica investido inclusive do poder de celebrar contratos destinados à geração de frutos e rendimentos. O art. 869, § 4º, alude expressamente a contratos de locação. Mas se trata de indicação meramente exemplificativa, pois tal atribuição é inerente à função do administrador. Poderá também, conforme o caso, celebrar, p. ex., contrato oneroso de constituição de renda ou mesmo modalidades contratuais atípicas. Mas em todo e qualquer caso, o executado deverá ser ouvido (art. 869, § 4º). Quando não estiver na administração do bem, o contraditório também terá de ser assegurado ao exequente. Caberá sempre ao juiz a decisão final, quando não houver consenso. Também aqui, o pronunciamento, que sempre deverá ser fundamentado, constituirá decisão interlocutória, agravável. 8.10.8.6. Satisfação do credor através da apropriação de frutos e rendimentos Decretada a penhora de frutos e rendimentos, o devedor perde o gozo do bem até que o credor seja pago do principal, juros, custas e honorários advocatícios (art. 868, caput). O credor receberá os frutos e rendimentos do bem, diretamente ou por intermédio do administrador – dando por termo, nos autos, quitação dos valores recebidos (art. 869, § 6º). Por exemplo, se o imóvel objeto da penhora de frutos e rendimentos estiver arrendado, o aluguel será pago diretamente ao credor ou ao administrador (art. 869, § 3.º). No segundo caso, este repassará as quantias recebidas àquele (art. 869, § 5º). 8.10.9. Penhora de faturamento de empresa A penhora de frutos e rendimentos comporta ainda uma modalidade especial, que recebe inclusive tratamento legislativo específico. Trata-se da penhora de percentual do faturamento da empresa executada (art. 866). Tal espécie de penhora implica a expropriação periódica do resultado econômico de uma empresa. Nesse sentido, a penhora do faturamento é modalidade de penhora que, conquanto recaindo sobre dinheiro já existente e futuro, não se confunde com a pura e simples penhora de dinheiro. A penhora de dinheiro é prioritária (art. 835, § 1º), enquanto a penhora de faturamento tem caráter subsidiário, pois apenas caberá quando o executado não tiver bens penhoráveis ou quando esses forem de baixa liquidez ou em valor insuficiente para cobrir o crédito (art. 866, caput). Nisso, a penhora de faturamento diferencia-se inclusive da figura geral da penhora de frutos e rendimentos. Tais cautelas são justificáveis. A penhora do faturamento envolve aspectos problemáticos, que exigem atento equacionamento em cada caso concreto. O primeiro concerne ao risco de tal penhora, afetando o capital de giro da empresa devedora, acarretar-lhe a quebra. Por isso, já se havia consolidado na jurisprudência o entendimento de que apenas se pode penhorar uma parcela do faturamento, de modo a não inviabilizar o capital de giro. O CPC/2015 explicitou essa orientação, prevendo que “o juiz fixará percentual que propicie a satisfação do crédito exequendo em tempo razoável, mas que não torne inviável o exercício da atividade empresarial” (art. 866, § 1.º) Além disso, diferentemente da penhora em dinheiro, não basta a designação de um depositário, nos moldes tradicionais. Mais do que isso, a pessoa designada para a função terá de assumir todos os encargos e as responsabilidades de administrador. Não são pequenos os riscos de que a intervenção desse administrador afete o adequado desenvolvimento dos negócios da empresa. Daí a necessidade de que o juiz atentamente controle a atuação desse auxiliar seu. Nesse sentido, o § 2.º do art. 866 prevê que o administrador-depositário “submeterá à aprovação judicial a forma de sua atuação e prestará contas mensalmente, entregando em juízo as quantias recebidas, com os respectivos balancetes, a fim de serem imputadas no pagamento [rectius: satisfação forçada] da dívida”. Aplicam-se subsidiariamente à penhora de faturamento as regras sobre penhora de frutos e rendimentos, examinadas no tópico anterior (art. 866, § 3º). Quadro Sinótico Legitimidade para a indicação do bem a penhorar • O direito anterior • Sistema original do CPC/1973 • Leis 11.232/2005 e 11.382/2006 • Indicação de bens pelo credor • Ordem ao executado para que apresente relação de bens • Participação do devedor na definição do bem • Pedido do devedor de substituição do bem penhorado • Recorribilidade • Redistribuição do ônus de demonstrar a adequação e suficiência do bem para a penhora Parâmetros legais da • Ordem de preferência de bens a penhorar • Preferência por bens livres de ônus e situados no foro da execução • Preferência por bens de maior liquidez penhora • Bem objeto de garantia legal ou contratual ou de direito de retenção • Suficiência do valor dos bens penhorados • Significância dos bens penhorados • Penhorabilidade dos bens Finalidades e efeitos da penhora • Vinculação do bem penhorado à execução • Conservação do bem penhorado • Atribuição de preferência Conceito e natureza da penhora • Natureza pública • Caráter não-contratual • Natureza executiva Objeto e extensão da penhora Procedimento e aperfeiçoamento da penhora • Pesquisa de bens, concretização e documentação • Penhora realizada pelo oficial de justiça • Penhora feita em cartório • “Penhora on line” • Apreensão e depósito (art. 839) • Inscrição de penhora de imóvel • Intimação da penhora Penhora de bens em outra comarca • Execução por carta • Competência funcional (absoluta) Modificações da penhora • Aumento • Redução • Substituição • Sucessivas penhoras Substituição do bem penhorado a pedido do devedor • Forma e pressupostos do pedido de substituição • Procedimento Penhoras especiais • Penhora de crédito • Penhora “no rosto dos autos” • Penhora das quotas ou das ações de sociedades personificadas • Penhora de empresa ou de outros bens que ensejem administração • Penhora de edifícios em construção em regime de incorporação imobiliária • Penhora de concessionária e permissionária de serviço público • Penhora de navios e aeronaves • Penhora de faturamento de empresa • Penhora de frutos e rendimentos de coisa móvel ou imóvel • Legitimidade • Condições objetivas da penhora de frutos e rendimentos • Devido processo • Condições formais (documentação) • O administrador-depositário • Satisfação do credor através da apropriação de frutos e rendimentos •Penhora de faturamento de empresa Doutrina Complementar • Alexandre Freitas Câmara (O novo processo..., 2. ed., p. 386) afirma que: “Não é só para atender ao princípio da menor onerosidade que se admite a substituição da penhora. Também se admite a substituição da penhora, a requerimento de qualquer das partes, se ela não obedecer à ordem legal; se não incidir sobre os bens designados em lei, contrato ou ato judicial para o pagamento; se, havendo bens no foro da execução, outros tiverem sido penhorados; no caso de, havendo bens livres, tiver a penhora recaído sobre bens já penhorados ou por qualquer outro modo gravados; caso ela incida sobre bens de baixa liquidez; se fracassar a tentativa de alienação judicial; ou se o executado não indicar o valor dos bens ou omitir qualquer das indicações previstas na lei (art. 848). (...) Formulado, por alguma das partes, requerimento de substituição (ou, também, de redução ou ampliação) da penhora, a outra parte será ouvida no prazo de três dias, devendo o juiz decidir em seguida (art. 853, caput e parágrafo único)”. • Araken de Assis (Manual..., 18. ed., p. 911) leciona que “a penhora é ato executivo e não compartilha a natureza do penhor e do arresto. A penhora não extrai o poder de disposição do executado. Entre nós, sequer se pode afirmar que o exercício desse poder se reputará ineficaz perante o credor por força da penhora, vez que o estudo da fraude contra a execução revela que a ineficácia precede a penhora (...), que somente a acentua e, em alguns casos, torna o eventual negócio de disposição