Buscar

Apostila para a Disciplina - Saneamento e Poluição Ambiental 2

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 25 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
 
 
 
 Coordenação de Pós-Graduação e Atividades Acadêmicas 
 
 
 
CURSO DE PÓS- GRADUAÇÃO LATO SENSU 
ESPECIALIZAÇÃO EM ARQUITETURA AMBIENTAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA PARA A DISCIPLINA 
 SANEAMENTO E POLUIÇÃO AMBIENTAL 
 
 
 
II. CONCEITOS E INTRODUÇÃO À POLUIÇÃO AMBIENTAL APLICADOS À ARQUITETURA E 
URBANISMO AMBIENTALMENTE CORRETOS 
Organizada por Maria da Purificação Teixeira 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro, Janeiro de 2007 
 
 
 
 
 
2 
CAPÍTULO I 
SUMÁRIO 
 
1. POLUIÇÃO, LEGISLAÇÀO E AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS 
1.1. Urbanização e Poluição do Meio 
1.2. Poluição Ambiental e Ecossistema Urbano 
1.3. Gestão Ambiental 
1.4. Lei de Política Nacional de Meio Ambiente e Constituição Federal 
1.5. Política Nacional de Meio Ambiente e Legislação Ambiental Federal 
1.6. Instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente 
 (Decretos, Resoluções, Portarias, Medidas Provisórias) 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
1. POLUIÇÃO, LEGISLAÇÃO E AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS 
 
1.1 URBANIZAÇÃO E POLUIÇÃO DO MEIO 
Uma das conseqüências do processo de urbanização é a poluição do meio ambiente. A Poluição Ambiental 
pode ser definida como qualquer alteração das características de um ambiente (água, ar ou solo) de modo a 
torná-lo impróprio às formas de vida que ele normalmente abriga. Essas modificações podem ser 
resultantes da presença, lançamento ou liberação, no ambiente, de matéria ou energia, em quantidade ou 
intensidade tais que o tornem impróprio. 
De acordo com a Lei 6.938/81, poluição ambiental é a degradação da qualidade ambiental resultante de 
atividades que direta ou indiretamente: 
 Prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; 
 Criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; 
 Afetem desfavoravelmente a biota; 
 Afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; 
 Lancem matéria ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. 
 
Ainda podem ser encontrados os seguintes conceitos relacionados à poluição ambiental: 
 interferência danosa nos processos naturais de transmissão de energia provocada por atividades 
humanas; 
 “poluição é uma fonte de riqueza fora do lugar”; 
 poluição atmosférica é o teor excessivo de substâncias estranhas à atmosfera, podendo prejudicar 
o bem estar e a saúde e causar prejuízos aos bens (OMS); 
 introdução no ambiente de substâncias potencialmente prejudiciais *nocivas) ou que interferem no 
uso que o homem faz do meio ambiente; 
 modificação desfavorável do meio natural ou antrópico, que se apresente como sendo produto da 
ação humana ou de anomalias naturais, através de efeitos diretos e indiretos que alteram a 
distribuição de energia, a constituição físico-química do meio ambiente, e a abundância dos 
organismos vivos; 
 toda alteração do meio natural sustentável prejudicial aos recursos biológicos, à fauna, à flora ou à 
saúde humana; 
 qualquer alteração das propriedades físico-químicas ou biológicas do meio ambiente (solo, ar, água) 
causada por qualquer forma de energia ou substância sólida, líquida ou gasosa, ou combinação dos 
elementos, lançadas no meio, capaz de, direta ou indiretamente, ser prejudicial à segurança e ao 
bem estar das populações, criando condições inadequadas para fins domésticos, agropecuários e 
outros, propiciando condições diversas às atividades sociais ou econômicas, ou ocasionando danos 
à fauna, flora ou outros recursos naturais; 
 
No entendimento de MOTA (1981), o processo de urbanização resulta em modificações sobre o meio 
ambiente, como conseqüência de : 
 Alterações no ambiente terrestre, necessárias à implantação da cidade, a exemplo de, movimentos 
de terra, desmatamento, desvios de cursos de água; 
 
 
 
 
3 
 Utilização dos recursos naturais, como fonte de matéria e energia necessárias às atividades 
humanas, a exemplo de, captação de água para abastecimento público e outros usos, queima de 
matérias para a produção de energia, obtenção de matéria-prima para processos industriais; 
 Lançamento, no ambiente, de resíduos resultantes de processos biológicos do homem ou de 
atividades que ele desenvolve na cidade, a exemplo de, gases expelidos por veículos automotores 
ou provenientes de processos industriais, esgotos domésticos e resíduos líquidos industriais, e, 
resíduos sólidos de procedências diversas. 
 
Mais recentemente se tem definido as seguintes principais fontes de poluição: 
 atividades industriais – produtos químicos tóxicos, particulados, resíduos diversos, gases tóxicos, 
(poluentes). 
 “geração” de energia – usinas hidroelétricas, térmicas (gás natural, carvão, petróleo, biomassa), 
nucleares (“produzem” poluição térmica / água quente), gases (CO2, CH4), particulados, resíduos 
radioativos; 
 transmissão / radiodifusão / telecomunicações – “produzem” campos eletromagnéticos (poluição 
eletromagnética); 
 sistema de transporte – queima de combustíveis fósseis (CO2, CO, particulados); 
 esgoto doméstico – os grandes centros urbanos “produzem” carga orgânica, metais pesados, 
detergentes, (ricos em energia e nutrientes); 
 atividades agropastoris – agrotóxicos, erosão x assoreamento, fertilizantes (eutrofização, 
contaminação do lençol freático), salinização, queimadas; 
 atividades minerais - desmatamentos, erosão, liberação de elementos tóxicos (mercúrio, cianeto); 
 resíduos sólidos – lixões, entulhos, aterros não controlados. 
 
Como elemento do ecossistema urbano, o homem pode ser afetado pela poluição, a qual pode causar-lhe 
prejuízos à saúde, provocar danos aos seus bens e prejudicar as suas atividades normais. Podemos 
classificar as diversas formas de poluição ambiental nos seguintes tipos principais: 
 Poluição do solo 
 Poluição do ar 
 Poluição da água 
 Poluição acústica 
 Poluição visual 
 
Na realidade, nem sempre podemos separar a poluição ambiental por modalidades, pois, muitas vezes, elas 
ocorrem conjuntamente, havendo muitos fatores de interdependência entre as mesmas, a exemplo de, o 
lançamento do lixo em terrenos baldios resulta na poluição do solo e pode ocasionar a poluição da água 
superficial ou subterrânea, através do escoamento ou infiltração da água de chuva percolada através dos 
resíduos. 
Por outro lado, é comum a queima do lixo exposto, resultando na poluição do ar. A poluição visual, é outra 
conseqüência dos depósitos de lixo a céu aberto. 
Em consonância com BRAGA et al.(2002), no Brasil, a inclusão da variável ambiental na equação do 
desenvolvimento para que haja a sustentação desse desenvolvimento ao longo do tempo, implica uma 
reformulação total das estratégias atuais de desenvolvimento, no sentido de que, cada vez mais, sejam 
adotadas políticas integradas e abrangentes, que envolvam o planejamento e o gerenciamento dos recursos 
ambientais, assim como a criação de instrumentos e formas de organização adequadas a esses objetivos. 
Atualmente, existe farta legislação de proteção ambiental e de gestão de recursos ambientais, o que, em 
tese, poderia parecer suficiente para assegurar sua preservação ou manejo sustentado. 
Há, no entanto, necessidade de uma análise profunda dos instrumentos existentes e de sua reformulação 
para que possam, realmente, conduzir ao desenvolvimento sustentável. 
 
Neste entendimento, o conhecimento de como pode acontecer a poluição do ar, da água, do solo, acústica 
e visual, em um meio urbano, bem como dos princípios sanitários que podem ser aplicados no 
disciplinamento do uso do solo para evitar a sua ocorrência, conduzirá a um bom planejamento territorial,o 
 
 
 
 
4 
qual definirá uma ocupação de acordo com as características naturais do ambiente, com modificações 
adversas mínimas possíveis. 
Consolidando, pois esta abordagem, os estudos de TEIXEIRA (2004), ratificam a urbanização desordenada 
e acelerada como um macrovetor dos impactos ambientais, que atinge direta e indiretamente, as condições 
climáticas e edáficas de um ecossistema, configurando uma infinidade de inter-relações ainda não 
completamente conhecidas e exploradas, que comprometem as possíveis alternativas de sustentabilidade 
para os processos de uso e ocupação do solo. 
Ainda segundo a autora, frente aos impactos ambientais observados, de forma a viabilizar estratégias de 
preservação ambiental e desenvolvimento sustentável, focalizando os processos de uso e ocupação do 
solo, faz-se necessária a identificação das terras com potencial para a produção, das terras com potencial 
para a preservação. 
Os estudos e fóruns alavancados a partir da gestação da Agenda 21 Global e das iniciativas de se implantar 
as Agendas 21 Nacionais e Locais vem demonstrando que, estudando detalhadamente as formas e 
processos de poluição de cada recurso natural, podem-se viabilizar estratégias de preservação ao nível da 
produção de indicadores de impacto ambiental e parâmetros projetuais ambientalmente corretos e 
sustentáveis. 
 
1.2 POLUIÇÃO AMBIENTAL E ECOSSISTEMA URBANO 
 
O mote do planejamento urbano tem sido – desde as raízes do urbanismo na crítica da cidade industrial – a 
qualidade de vida, sem que houvessem, entretanto, indicadores suficientes que balizassem as intervenções 
urbanísticas que se seguiram. O embelezamento do espaço era a maior expressão desta qualidade. 
O Plano Haussmann em Paris demoliu grandes trechos de bairros góticos para abrir largas avenidas, com o 
argumento sanitarista de combate à tuberculose e à cólera, mas também com o objetivo de proporcionar ao 
exército napoleônico o controle da cidade mediante o ostensivo desfile militar e impedir a formação de 
barricadas nas estreitas e tortuosas vias medievais. 
Consoante Choay (1979), o urbanismo modernista se apóia na racionalidade, na funcionalidade e no 
saneamento urbano para propor desenhos que organizem a cidade como uma máquina, onde os homens 
são peças da engrenagem, em consonância com o rápido desenvolvimento industrial logo após a II Guerra 
Mundial. 
Para Lacaze (1993), atualmente são os valores mercadológicos que orientam a produção do espaço 
urbano, onde os homens são considerados principalmente como consumidores de produtos, símbolos de 
qualidade de vida. 
Enfim, sob um objetivo aparentemente social, coletivo, se escondem os interesses dos grupos dominantes, 
mas, mesmo que o planejamento urbano tenha servido e ainda sirva aos mais diversos interesses, o 
principal argumento em que se apóia continua sendo a qualificação da vida dos seus habitantes, 
sustentando, no decorrer da história, várias interpretações ideológicas do que seja esta “qualidade de vida”. 
Neste entendimento, para Philippi Jr. (2005) a gestão ambiental voltada o desenvolvimento sustentável 
inclui o estudo e a compreensão clara dos fatores econômicos, sociais, políticos, tecnológicos e ambientais 
que acompanharam a história do homem, possibilitando, portanto, uma reflexão sobre os diferentes 
modelos de desenvolvimento adotados e as direções a serem priorizadas neste terceiro milênio. 
No contexto específico da disciplina, cabe relevar que a impossibilidade de investir em infraestrutura e 
serviços urbanos vem criando uma necessidade de as municipalidades aumentarem as suas receitas 
tributárias por meio de atualizações cadastrais e da base de cálculo dos impostos imobiliários. 
A infra-estrutura atua como um agente urbanizador e, conseqüentemente, valorizador do solo urbano. Esta 
valorização pode ser benéfica ao município, visto que na atualidade o IPTU tem se tornado a sua principal 
fonte de receita própria. 
Nesta abordagem, pode-se caracterizar que a análise dos impactos potenciais das modificações ambientais 
decorrentes do processo antrópico de ocupação dos espaços e urbanização, pode ser feita sob o enfoque 
da mudança nos padrões de consumo e de produção, facilitando assim a compreensão dessa questão e 
das medidas necessárias para a reversão dos problemas instaurados. 
Assim, cabe recordar, que conforme Odum (1988), um ecossistema é formado por: 
 um conjunto de fatores bióticos (componente autotrófico, que ë capaz de fixar energia luminosa e 
produzir alimentos a partir de substâncias inorgânicas; e componente heterotrófico, que utiliza, 
rearranja e decompõem os materiais complexos sintetizados pelo componente autotrófico) e 
 
 
 
 
5 
 um conjunto de fatores abióticos (elementos básicos e compostos do meio, e fatores ausentes da 
presença de seres vivos, como temperatura luz, água, entre outros). 
Desta sorte, ocorre uma interação entre os organismos vivos e o ambiente físico, com a formação de um 
fluxo de energia e uma ciclagem de materiais entre a parte viva e a não viva. 
 
E nesta compreensão, de acordo com Philippi Jr. (2005), em um ecossistema primitivo, o conjunto de 
atividades antrópicas exerce pequena ou nenhuma alteração nas características naturais do ecossistema 
considerado. 
Isso ocorre em função de aspectos como a relação da área total desse ecossistema considerado e a área 
de intervenção antrópica; tipo de atividade antrópica realizada; características abióticas e bióticas do 
ecossistema, como o tipo de solo e subsolo, chuva, radiação solar, ventos, arranjo da cadeia trófica, 
existência de espécies endêmicas, entre outros, que conferem maior ou menor fragilidade ao ecossistema. 
 
Em um ecossistema rural, o conjunto de atividades agropecuárias é responsável por mudanças 
significativas no ambiente primitivo. Trata-se primordialmente de um ecossistema exportador, cujas 
características são: 
 Ter a produção de alimentos, para atendimento à demanda local (agricultura de subsistência) e à 
demanda das aglomerações urbanas, como atividade principal; 
 Ocorrer um processo de importação energética, em forma de fertilizantes químicos, combustível 
para movimentação de equipamentos para preparo do solo, plantio e colheita, bombeamento de 
água para irrigação de culturas, transporte de insumos para a área de produção e de produtos para 
a área de consumo; 
 Ocorrer importação biótica com a utilização de espécies vegetais e animais de outras regiões, 
inclusive em sistema de monocultura; 
 Haver a retirada de vegetação primitiva para a implantação das áreas de agricultura ou de 
pastagem para a pecuária. 
 
O ecossistema urbano é aquele onde as alterações são mais significativas, imprimindo características 
bastante alteradas em relação aos ambientes anteriores. As principais características do ambiente urbano 
são: 
 a alta densidade demográfica; 
 a relação desproporcional entre ambiente construído e ambiente natural; 
 a importação de energia para manter o sistema em funcionamento; 
 o elevado volume de resíduos; 
 a alteração significativa da diversidade biológica nativa, com a retirada das florestas e a importação 
de espécies vegetais e animais; 
 o desbalanceamento dos principais ciclos biogeoquímicos, como o ciclo da água, do carbono, do 
nitrogênio e do fósforo; a impermeabilização do solo e a alteração de cursos d’água. 
Os ambientes primitivo, rural e antrópico encerram, portanto, características físicas, biológicas e sociais 
bastante distintas, conforme ilustra o quadro 01, cuja compreensão torna-se importante no processo de 
gestão ambiental, de forma que o planejamento deve ser feito com enfoque integrado, pois o 
desbalanceamento dos fluxos de energia e das trocasde recursos naturais entre esses ambientes e o alto 
fluxo de mobilidade social são fatores potenciais que geram e aumentam a poluição nesses ecossistemas. 
Cabe aqui ressaltar que, de acordo com Ribeiro e Falcoski (1998), as pesquisas na área de avaliação do 
desempenho urbano, são as que tem apresentado um grande potencial como subsídio metodológico à 
formação do conceito de desempenho ambiental, pela forma sistêmica em que se encaram os problemas 
urbanos. 
 
A exemplo disto, Krafta (1997), propõem como ponto de partida que qualquer transformação urbana já é 
potencialmente causadora de três tipos de efeitos (entendidos como impactos): (i) efeitos sobre os usuários 
ou consumidores da cidade; (ii) efeitos sobre as instituições provedoras dos serviços urbanos; e, (iii) efeitos 
sobre o sistema urbano ou sobre a produção da cidade. 
 
Quadro 01: Características dos ecossistemas primitivo, rural e urbano 
 
 
 
 
 
6 
Característica Ecossistema Primitivo Ecossistema Rural Ecossistema Urbano 
Biodiversidade 
(flora e fauna) 
Alta Baixa Muito baixa 
Densidade 
demográfica 
Próxima do zero Baixa Média a muito alta 
Atividade 
econômica 
principal 
Não há atividade 
econômica (atualmente há 
um crescimento da 
atividade de turismo 
ecológico; também está em 
discussão a questão das 
patentes de biodiversidade) 
Agropecuária 
(turismo rural em 
crescimento) 
Indústria e serviços 
Bases 
energéticas 
principais 
Energia solar - fotossíntese Energia solar – 
fotossíntese, energia 
hidrelétrica e combustível 
fóssil 
Energia hidrelétrica e 
combustível fóssil, 
termonuclear 
Ciclos 
Biogeoquímicos 
(água, nutrientes) 
Completo Incompleto 
(utilização de fertilizantes 
químicos – importação; 
exportação para ambiente 
antrópico) 
Altamente desbalanceado 
e incompleto (importação 
da área rural; alta 
produção de óxidos de 
carbono pela queima de 
combustível fóssil) 
Taxa de 
impermeabilização 
do solo 
Condição natural Tendência de crescimento 
(desmatamento; técnicas 
inadequadas de manejo 
do solo) 
Alta 
Fonte: Philippi (2005). 
 
Cabe, pois aqui voltar à compreensão de que a saúde pública deve ter como objetivo o estudo e a busca de 
soluções para problemas que levam ao agravo da saúde e da qualidade de vida da população, 
considerando para tanto os sistemas sociocultural, ambiental e econômico. 
 
Assim, a prática da saúde pública necessita do conhecimento científico de diversos campos, como 
engenharia, medicina, biologia, sociologia, direito, entre outros. Compreendem ações de saúde pública, (i) a 
medicina preventiva e social e (ii) as atividades de saneamento do meio. O Relatório de Gestão dos 
Problemas da Poluição no Brasil aponta uma lista de aspectos da poluição que causam danos reais, em 
termos de saúde humana, qualidade de vida e perdas ecológicas (Banco Mundial, 1998), a exemplo de: 
 falta de abastecimento de água potável; 
 falta de coleta segura de esgotos; 
 poluição atmosférica, particularmente por material particulado; 
 poluição das águas superficiais em áreas urbanas; 
 restrição às atividades de lazer; 
 gestão inadequada dos resíduos sólidos; 
 proliferação de vetores potenciais de agravo à saúde; 
 poluição industrial localizada e acentuada. 
Desta sorte, conforme a OMS, saneamento do meio pode ser definido como o controle de todos os fatores 
do meio físico do homem que exercem ou podem exercer efeito deletério sobre o bem-estar físico, mental e 
social. Assim, as principais atividades que compõem o saneamento do meio são: 
 sistema de abastecimento de água; 
 sistema de coleta e tratamento de águas residuárias; 
 sistema de limpeza pública; 
 sistema de drenagem urbana; 
 controle de artrópodes e roedores de importância à saúde pública (moscas, mosquitos, baratas, 
ratos, etc.); 
 
 
 
 
7 
 controle de poluição das águas, do solo e do ar; 
 saneamento de alimentos; 
 saneamento nos meios de transporte; 
 saneamento de locais de reunião, recreação e lazer; 
 saneamento de locais de trabalho; 
 saneamento de escolas; 
 saneamento de hospitais; 
 saneamento de habitações; 
 saneamento no planejamento territorial; 
 
 saneamento em situações de emergência, etc. 
Neste enfoque, cabe finalizar esclarecendo que a posição brasileira defendida no 1º Encontro Mundial para 
o Meio Ambiente, mudou nas décadas seguintes e, atualmente, o arcabouço legal, no que se refere à 
proteção ambiental, alinhando os princípios do desenvolvimento sustentável, engloba um conjunto de 
políticas públicas abrangente: Política Nacional de Meio Ambiente (1981); Constituição Brasileira (1988); 
Política Nacional de Recursos Hídricos (1997); Política Nacional de Educação Ambiental (1999), Lei de 
Crimes Ambientais (1999); Estatuto da Cidade (2000). 
 
Formas de Minimizar a Poluição Ambiental 
A Poluição Ambiental pode ser encontrada de duas formas: 
. endógena – poluição natural – fenômenos naturais: erupção vulcânica, tempestades de areia, maré 
vermelha (flagelados), eutrofização, gases tóxicos, ... 
. exógena: poluição causada pelas atividades humanas: indústrias, transportes, “geração” de energia, 
agricultura, esgoto, efluentes, ... 
E uma das maneiras de aumentar a energia disponível é utilizá-la de modo mais eficiente. Algumas formas 
para minimizar a poluição podem ser implementadas a partir de determinadas ações: 
 reciclagem de resíduos; 
 tecnologias mais eficientes e mais limpas; 
 mudança de hábitos: manter luzes apagadas, reduzir o consumo de descartáveis, andar a pé ou de 
bicicleta para pequenos percursos; 
 troca de matérias primas; 
 desconcentração das atividades poluidoras; 
 aumentar a eficiência no consumo usando menos energia para realizar a mesma quantidade de 
trabalho: maior isolamento térmico de casas e edifícios, equipamentos de refrigeração, lâmpadas; 
 definir e aplicar formas adequadas de tratar e de dispor os resíduos produzidos; 
 reduzir a utilização, reutilizar, reciclar; 
 empregar menos energia para realizar mais trabalho, desenvolvendo equipamentos de baixo 
consumo. 
Neste entendimento, a qualidade ambiental está associada às características físicas, químicas e biológicas 
do meio ambiente (do ar, da água, do solo, ...) e de sua adequabilidade (e conforto) à saúde e à vida dos 
seres humanos (ao bem estar do homem). 
 
E poderíamos pensar no controle da qualidade ambiental como sendo o ato de influenciar / controlar as 
atividades humanas que afetam a qualidade dos meios físicos, químicos e biológicos do homem, 
especialmente, o ar, a água e as características terrestres (o solo); viabilizado através do esforço consciente 
e sistemático feito por uma ou mais pessoas que atuam para produzir um meio ambiente esteticamente 
agradável, economicamente viável e fisicamente sadio. 
Desta sorte, faz necessária a criação de padrões de qualidade ambiental que costumam ser criados através 
de “cópia” ou “adaptação” dos padrões de literatura: 
- comparação com ambientes naturais pouco afetados pela ação humana e reconhecidos como 
saudáveis (sadios) pelo consenso geral (tradição popular). Procurar um ambiente similar aquele em que 
se está trabalhando, mensurar as características do ambiente e estabelecer os limites dos padrões de 
qualidade ambiental; 
- comparação com a situação inicial (mais barato, mais rápido, porém conservador); 
 
 
 
 
8 
- experimentação (ensaios de toxicidade) – podem ser baseados em modelos animais (cobaias, ratos, 
macacos) expondo-os a diferentes doses do poluente / substância tóxica, estabelecendo os limites de 
tolerância de acordo com osdados populacionais (mais caro e demorado, além de não considerar os 
efeitos sinérgicos das substâncias estudadas); 
- estudo de casos – registros hospitalares, relatórios (principalmente aplicado a seres humanos, onde se 
pode verificar as sinergias reais) 
Acompanhar a variação das características de um determinado ambiente, tanto em termos temporais, 
quanto espaciais pode ser uma tarefa realizada através de monitoramento e plano de amostragem. Os 
objetivos são conhecer o ambiente em estudo, suas variações naturais (intrínsecas), avaliar a adequação de 
suas características aos usos que lhes são propostos e acompanhar e controlar o lançamento de poluentes 
no meio. 
O monitoramento é feito, usualmente, através da coleta periódica de amostras daquilo que se deseja 
monitorar. As amostras devem representar uma síntese do comportamento do universo estudado e, 
portanto, sua coleta é etapa fundamental para que o objetivo do conhecer o ambiente seja atingido. 
Desta forma faz necessário o conhecimento das etapas e noções, pelas quais, um poluente passa desde o 
seu lançamento no ambiente, até sua completa degradação ou remoção (imobilização). 
Um dos parâmetros mais importantes é a meia vida de um poluente. A meia vida é o tempo necessário para 
que a metade da quantidade do poluente lançado no ambiente “desapareça” (seja degradada ou removida). 
Este monitoramento pode ser feito com organismos: 
 
 espécies indicadoras – estenotópicas (toleram pequenas variações ambientais) - são aquelas 
que apresentam grandes variações, podendo se multiplicar ou desaparecer quando o ambiente 
sofre modificações em algum de seus parâmetros. Exemplos: microcystis (cianobactérias), carpas 
em tratamento de água, líqüens, musgos e algumas plantas; 
 espécies tolerantes – euritrópicas (usadas no acompanhamento das condições ambientais ao 
longo do tempo e espaço) – são aquelas tolerante a poluentes à poluentes e substâncias tóxicas 
que podem ser acumuladas em seus corpos, servindo assim, para o acompanhamento da evolução 
da contaminação no meio. Exemplos: espécies utilizadas em laboratórios (pequenos mamíferos, 
macacos). 
A partir desta abordagem, a matéria meio ambiente, na Emenda Constitucional de 07/10/69 do Brasil, era 
tratada setorialmente, inserida nas normas de saúde pública e uso dos recursos naturais. Na realidade, a 
preocupação em dar enfoque integrado aos assuntos relativos ao meio ambiente no Brasil só ganhou força 
a partir da Primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, realizada em Estocolmo em 
1972. 
 
1.3 GESTÃO AMBIENTAL 
A gestão ambiental, de acordo com Vale (1995), compreende um conjunto de medidas e procedimentos 
bem definidos e adequadamente aplicados que visam reduzir e controlar os impactos introduzidos por um 
empreendimento sobre o meio ambiente. 
Para Souza (2000), no que se refere ao tema meio ambiente, o termo gestão assume um significado muito 
mais amplo, pois envolve um grande número de variáveis que interagem simultaneamente. Para o autor a 
consecução da gestão ambiental demanda a utilização das seguintes etapas: 
 caracterização da atividade; 
 elaboração da caracterização ambiental; 
 realização de uma análise ambiental; 
 estudo e aplicação de ações mitigadoras; 
 proposição, instalação e operação de uma rede de monitoramento. 
De acordo com Mota (2003), a gestão ambiental compreende um conjunto de atividades visando garantir a 
utilização dos recursos ambientais, de forma que sejam observados os limites de sua exploração. São 
integrantes de um programa de gestão ambiental: 
 
 caracterização e valoração ambiental; 
 estudos de impacto ambiental; 
 análise de riscos; 
 manejo de recursos ambientais; 
 
 
 
 
9 
 planejamento ambiental; 
 zoneamento; 
 propostas de medidas mitigadoras; 
 planos de recuperação de áreas degradadas; 
 legislação ambiental; 
 outras atividades visando à conservação ambiental. 
A gestão ambiental pode ser desenvolvida em uma região, como uma bacia hidrográfica, ou em projetos 
empresariais em escala geograficamente menor, sempre objetivando reduzir os impactos negativos das 
atividades humanas sobre o meio ambiente. 
Nas empresas, têm sido implantados Sistemas de Gestão Ambiental (SGA), que na definição de La Rovere 
(2000), correspondem a um conjunto inter-relacionado de políticas, práticas e procedimentos 
organizacionais, técnicos e administrativos que deseja obter melhor desempenho ambiental, bem como 
controle e redução dos seus impactos ambientais. 
Os 5 princípios do SGA são: 
 Conhecer o que deve ser feito, definindo sua política de meio ambiente; 
 Elaborar o Plano de Ação para atender aos requisitos de sua política ambiental; 
 Assegurar condições para o cumprimento dos objetivos e metas ambientais, bem como, das 
ferramentas de sustentação necessárias; 
 Realizar avaliações qualitativas e quantitativas periódicas do desempenho ambiental; 
 Revisar e aperfeiçoar a política do meio ambiente, os objetivos e metas a serem implementados 
para assegurar a melhoria contínua do desempenho ambiental da empresa. 
De modo geral, a gestão ambiental apresenta os seguintes instrumentos de gestão: (i) educação ambiental, 
(ii) caracterização ambiental, (iii) avaliação de impacto ambiental, (iv) auditoria ambiental, (v) análise de 
riscos ambientais, (vi) planejamento ambiental e urbano, (vii) legislação ambiental aplicada, (viii) Indicadores 
de desenvolvimento sustentável, (ix) pesquisa social aplicada ao saneamento. 
 
No que concerne à EDUCAÇÃO AMBIENTAL, de acordo com Andrade et al. (2002), uma organização, 
independente do setor econômico a que pertence, deve adotar como política de recursos humanos a 
permanente educação ambiental de seus empregados, atingindo desde o pessoal da alta administração até 
a base da pirâmide organizacional, constituída pelos empregados mais simples das áreas de produção. 
Internamente, a organização deve conduzir programas de educação continuada, com enfoque diferenciado 
em função do setor econômico ao qual ela pertence, que contemple disciplinas como: economia ambiental, 
ecologia geral e aplicada, meio ambiente e qualidade de vida, avaliação de impactos ambientais, 
desenvolvimento ambiental, ecoempreendimentos, auditoria e certificação ambiental. 
A Política Nacional de Educação Ambiental, Lei Federal nº 9.795/99 (instaurou a Política Nacional de 
Educação Ambiental), em seu art. 1º, conceitua educação ambiental como um conjunto de processos por 
meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes 
e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à 
ótima qualidade de vida e sua sustentabilidade. 
Ao tratar da capacitação de recursos humanos, a Política Nacional de Educação Ambiental, determina a 
incorporação da dimensão ambiental na formação, especialização e atualização de educadores e de 
profissionais de todas as áreas, principalmente da área de meio ambiente, além da preparação de 
profissionais orientados para as atividades de gestão ambiental e o atendimento da demanda dos diversos 
segmentos da sociedade, no que diz respeito à problemática ambiental. 
Portanto, de acordo com Philippi (2005), a educação ambiental deve capacitar ao pleno exercício da 
cidadania, permitindo a formação de uma base conceitual suficientemente diversificada, técnica e 
culturalmente, de modo a permitir que sejam superados os obstáculos à utilização sustentável do meio. 
Educação ambiental não é Ecologia; para Philippi Jr e Pelicioni (2000), pressupõe conhecimentos 
disciplinares diversos que permitam uma visão integral dos problemas e seu enfrentamento de forma 
interdisciplinar.Com relação à CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL, esta resultará no levantamento de informações e dados 
que possibilitarão a análise ambiental adequada de uma determinada atividade, permitindo que sejam 
adotadas medidas visando a proteção do meio ambiente. 
 
 
 
 
 
10 
 
 
Segundo Souza (2000), a caracterização ambiental proporciona uma visão pró-ativa dos projetos. Afinal, 
tendo em mãos o conhecimento do meio ambiente e da atividade a ser implantada, é possível uma análise 
ambiental preventiva – observando a viabilidade ambiental -, e não apenas uma que busque medidas 
corretivas. 
Vários profissionais deverão participar da elaboração de uma caracterização ambiental, dependendo do tipo 
e da amplitude da ação a ser desenvolvida, como também do ambiente a ser afetado, conforme ilustra o 
quadro 02. 
Consoante Philippi (2005), quanto maior for o número de profissionais envolvidos na fase de caracterização 
ambiental, mais informações estarão disponíveis, possibilitando um melhor conhecimento do ambiente onde 
ocorrerá uma determinada intervenção. Com isso, conseguir-se-á uma utilização mais adequada dos 
recursos naturais e antrópicos disponíveis. 
 
Quadro 02: Profissionais Envolvidos na Caracterização Ambiental 
 
MEIO FATORES PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS 
Físico Recursos hídricos superficiais e 
Subterrâneos 
Qualidade das águas superficiais e 
Subterrâneas 
Geomorfologia 
Geologia e Geotecnia 
Topografia 
Pedologia 
Características atmosféricas 
Características climáticas 
Oceanografia física 
Dinâmica costeira 
Engenheiro Sanitarista/Ambientalista 
Engenheiro de Recursos Hídricos 
 
Geólogo/Geógrafo 
Geólogo 
Agrônomo/Pedólogo 
Pedólogo 
Meteorologista 
Climatologista 
Engenharia Oceanográfica 
Engenharia Costeira 
Biótico Fauna 
Flora 
Ecossistemas terrestres, aquáticos e de 
transição 
Zoologista 
Botânico 
Ecólogos 
Biólogos 
Antrópico Dinâmica populacional 
Aspectos sociais 
Aspectos econômicos 
Aspectos culturais 
Aspectos legais e institucionais 
Uso e ocupação do solo 
Demógrafo/Educador 
Sociólogo/Assistente Social 
Economista 
Antropólogo/educador 
Bacharel em Direito/Educador 
Arquiteto/Antropólogo 
Fonte: Philippi (2005) 
 
No que se refere à PESQUISA SOCIAL APLICADA AO SANEAMENTO, há que se esclarecer que desde a 
revolução industrial, a forma de atender às necessidades do ser humano vem, progressivamente, 
afastando-se do espaço doméstico. As mudanças de hábitos alimentares, em escala quase mundial, 
ilustram bem esse fato: da utilização de produtos industrializados ao consumo de alimentos já prontos, 
congelados, enlatados à freqüência cada vez mais numerosa e de caráter familiar aos fast-food. 
Certamente essas mudanças foram criadas e aceleradas pelo processo de urbanização que acompanhou a 
formação do mundo industrial e que impôs – cada vez mais – formas de atendimento coletivo às 
necessidades humanas, como sistemas de abastecimento, saúde, educação, habitação e saneamento. 
A organização desses sistemas baseia-se no conhecimento científico operacionalizado em tecnologias 
capazes de oferecer os serviços cada vez mais necessários e exigidos pela maior parte da população. 
De acordo com Philippi (2005), dentre as atividades que podem contribuir para a crescente universalização 
destes serviços encontra-se a atividade de pesquisa. Por pesquisa entende-se um processo de produção de 
conhecimento por meio de procedimentos, métodos e técnicas consagrados por comunidade científica ou 
parte dela. 
 
 
 
 
11 
A realização de uma pesquisa normalmente atende a objetivos institucionais, teóricos ou práticos, mas 
quase sempre legitimados por sua relevância teórica ou social. Normalmente podem ser sumariados da 
seguinte maneira: 
 descrição de uma situação, identificação de problemas e possibilidades de solução; 
 identificação das condições necessárias à ocorrência de um fenômeno; 
 identificação de relações entre fenômenos; 
 desenvolvimento de novas tecnologias; 
 desenvolvimento e generalização de determinadas teorias; 
 universalização do conhecimento. 
De acordo com o autor supracitado, a pesquisa social é vital para o desenvolvimento de formas de 
comunicação e de canais de participação que considerem o fato de que nenhuma forma de representação 
do mundo esta completa no sentido de atender ao desenvolvimento e à emancipação do ser humano e de 
que, diante da incompletude cultural somente se poderia atuar com formas dialógicas de conhecimento e 
práticas. 
 
Neste entendimento, poder-se-ia ponderar sobre uma proposta metodológica que se constitua também 
como uma proposta de intervenção, interessada em colaborar na introdução de um diálogo entre culturas e 
grupos sociais. 
Na crítica ao relativismo cultural desenvolvida por Boaventura Santos, todas as culturas apresentam limites 
ao pleno desenvolvimento e à emancipação do ser humano; sendo assim, nenhuma cultura estaria 
completa, e todas poderiam aprender e aproveitar-se das outras experiências. Procurar e colocar em 
contato formas diferentes de percepção da realidade pode, assim, contribuir para uma democratização da 
sociedade. 
 
Quanto aos INDICADORES DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, o entendimento da existência de 
limites, no que se refere aos padrões de consumo e produção, e a necessidade de promoção de justiça 
social encerram questões de revisão e mudanças na forma de planejar; do melhor entendimento do 
funcionamento e da inter-relação dos espaços naturais e antrópicos e da promoção do envolvimento da 
comunidade no processo de gestão. 
É preciso, portanto, contribuir na construção de políticas e processos de planejamento e gestão que 
direcionem o desenvolvimento em patamares sustentáveis. A existência hoje do Estatuto da Cidade de 
2001 (Lei Federal n. 10.257 de 2001), da Agenda 21 Global e da proposta da Agenda 21 Brasileira, 
entendidas como peças de planejamento estratégico, além de outros marcos legais, torna relevantes o 
desenvolvimento e a implementação de um sistema de indicadores de desenvolvimento sustentável. 
De acordo com Phillippi (2005), no que se refere ao conjunto de informações a serem coletadas e 
disponibilizadas no sistema de gestão ambiental, é possível propor uma distinção entre dados primários, 
dados processados (estatísticos), indicadores e índices. 
Os dados primários são coletados por meio de monitoramento e pesquisa. Geralmente essa etapa demanda 
grande esforço, custo e tempo, inclusive para que se possam ser produzidos dados estatisticamente 
confiáveis. 
Os dados primários precisam ser processados – o que inclui a validação das informações coletadas, os 
ajustes conforme aspectos climáticos e econômicos – para que sejam transformados em dados estatísticos. 
Os dados estatísticos descrevem fenômenos reais, mas geralmente precisam de interpretação e explicação 
sobre os resultados. 
Os indicadores, entretanto, devem fornecer mensagens que não necessitam de maiores interpretações. 
 
Os índices representam agregação de indicadores. 
É necessário, entretanto, que se busque formas de comunicação desses indicadores, de modo que possam 
ser compreendidos por todos os atores da comunidade,onde, então, a educação ambiental assume papel 
vital nesse processo. 
Os indicadores de qualidade ambiental podem ser classificados em quantitativos ou qualitativos. 
Para os indicadores quantitativos, os aspectos físicos, químicos e biológicos têm sido utilizados de modo a 
descrever, retratar e monitorar as condições do meio ambiente, assim como as questões de saúde, 
economia e outros. 
 
 
 
 
12 
Com relação aos indicadores qualitativos, psicologicamente,cada pessoa tem a sua percepção do meio 
ambiente e de sua qualidade, percepção esta que é individual. Porém, “essa percepção está, 
biologicamente, limitada às condições anatômicas e fisiológicas do ser humano. Dessa forma, apesar de a 
percepção ser única, ela é necessariamente emoldurada pela inteligência, que oferece diferentes formas 
cognitivas para os inúmeros conteúdos perceptivos” (Machado, 1997). 
 
No que diz respeito à AUDITORIA AMBIENTAL, consiste num sistema básico de gerenciamento 
compreendendo uma avaliação sistemática, documentada, periódica e objetiva de quão bem estão 
funcionando equipamentos, sistemas de monitoramento e organização ambiental. 
Consoante Phillippi (2005), é um processo interno, ou seja, é realizado por uma empresa, indústria, a fim de 
verificar se sua atividade não viola a legislação ambiental, os zoneamentos, os planejamentos, etc. 
Com o advento das normas da Série ISO 14000, as auditorias ambientais passaram a ser realizadas com 
maior intensidade, integrando os Sistemas de Gestão Ambiental desenvolvidos pelas empresas, na busca 
da melhoria de desempenho com menores impactos negativos sobre o meio ambiente. 
A série ISO 14000 constitui um conjunto de normas para a implementação, pelas empresas, de um Sistema 
de Gestão Ambiental, formuladas pela International Organization for Standardization (ISO), federação 
internacional civil de organizações de nações unidas, com sede em Genebra, Suíça, de caráter privado e 
composta por representantes de instituições governamentais ou organizações ligadas ao meio ambiente. 
A ISO 14000 pode ser adotada pela empresa como um todo, ou em uma de suas unidades, 
freqüentemente, ocorrendo em grandes corporações. Consiste em processo gradual e contínuo, tem caráter 
voluntário, não havendo instrumentos legais que obriguem a sua implementação por parte das empresas. 
 
A finalidade é prevenir-se, através de um Sistema de Gestão Ambiental, dos eventuais danos ambientais 
provocados pelos processos produtivos e pelos agravos decorrentes das leis do mercado de consumo. 
Um dos estímulos para empresas buscarem esta certificação está na pressão internacional exercida por 
produtos ecologicamente mais corretos. Como as questões ambientais transcendem as demandas focais, 
acabam por influenciar as relações de comércio internacional, onde as empresas interessadas na conquista 
de padrões globais de comércio, foram as primeiras a reconhecer a existência desta nova realidade de 
proteção ambiental. 
O processo de certificação começa pelo comprometimento da direção da empresa aspirante à certificação 
para com uma empresa certificadora credenciada. A certificadora ajudará a empresa candidata à certificar-
se, a partir do diagnóstico ambiental de todos os seus setores. A partir disso, define-se a política de gestão 
ambiental da empresa, traçando-se seu plano de ação. 
O pré-requisito para receber a certificação é estar em conformidade com a legislação ambiental pertinente, 
onde, a partir disto, estabelecem-se metas e objetivos de melhorias ambientais graduais, a serem 
implementadas pela empresa. 
No que se refere à experiência profissional, a Norma da Série ISO indica que o auditor ambiental, o 
profissional que conduz o processo de auditoria, deve ter habilidade e conhecimentos em algumas áreas 
específicas, a exemplo de: (i) ciência e tecnologia ambiental, (ii) aspectos técnicos e ambientais da 
operação de instalações, (iii) leis ambientais, regulamentos e documentos relacionados, (iv) sistemas e 
normas de gestão ambiental, e, (v) procedimentos, processos e técnicas de auditoria. 
 
Na abordagem do PLANEJAMENTO AMBIENTAL, há que se considerar que o desenvolvimento industrial 
brasileiro gerou, como no mundo todo, o fenômeno que os economistas clássicos denominam de 
externalidade do processo produtivo: a poluição. Com esta, a degradação ambiental foi considerada 
incipiente no começo do processo de urbanização e despercebida graças a alguns fatores: 
 A capacidade de autodepuração, de resiliência e de regeneração dos biomas e ecossistemas; 
 O desconhecimento científico dos fenômenos ambientais complexos, e; 
 A falta de consciência da sociedade e a inexpressividade do assunto para a mídia. 
Neste enfoque, o então vigente Planejamento Territorial, era feito para permitir condições melhores para 
habitar, trabalhar, recrear e circular e, assim, levar ao alcance níveis de produção que permitissem ao país 
atuar entre as nações amigas. 
 
Conceitualmente, o planejamento territorial é um processo que “ordena, articula e equipa racionalmente o 
espaço, destinando as partes e o todo às diversas atividades da vida” (Phillippi, 1988). Envolve no seu 
 
 
 
 
13 
desenvolvimento aspectos físicos, político-administrativos, sociais, econômicos e ambientais. Seus objetivos 
se relacionam; (i) à elevação das condições de qualidade de vida das populações, (ii) à conservação dos 
recursos naturais e, (iii) à proteção do meio ambiente. 
Neste entendimento, o Planejamento Territorial permite uma compreensão do processo de ocupação do 
espaço e da distribuição dos recursos naturais e recursos de infraestrutura – estradas, saneamento e 
energia -, passando, desse modo, a ocupar as agendas de pesquisa e desenvolvimento, assim como as de 
políticas públicas. Foram assim desenvolvidos os conceitos de zoneamento e de áreas críticas de poluição. 
A prática de planejamento territorial realizado no Brasil resultou nos Planos Diretores de Desenvolvimento 
para as Regiões Metropolitanas e Municípios. As críticas geralmente concentram-se no caráter tecnocrático 
desse planejamento realizado pelos governos. 
O que se verifica, segundo Phillippi (2005), é que o planejamento territorial, tradicionalmente, utilizou 
variáveis econômicas e sociais, considerando os fatores ambientais como uma externalidade à dinâmica de 
desenvolvimento. De certa forma, o planejamento sempre esteve atrelado aos conceitos econômicos, 
preconizando que os mercados competitivos e a propriedade privada estimulam a produtividade e a 
eficiência, e os produtores são sistematicamente recompensados, uma vez que as necessidades dos 
consumidores são atendidas, a um custo mais baixo possível. 
Nesta prática, o meio ambiente pode ser entendido a partir de conceitos regionais, distinguindo-se as 
regiões urbanas, as metropolitanas e as rurais. Os conceitos de mananciais e a utilização de bacias 
hidrográficas como unidades de planejamento foram firmando-se como conceitos de planejamento. 
Desta sorte, com a identificação crescente desse processo de degradação ambiental, segundo Phillippi 
(2005), uma política reguladora e fiscalizadora teve de ser implementada para contrapor-se à poluição, 
oferecendo assim uma forma de limite e suporte natural, de conhecimento científico, tecnológico e de saúde 
pública. 
O Planejamento Ambiental surge como conseqüência do reconhecimento da importância da questão 
ambiental nos últimos anos, particularmente, a partir do final da década de 1980 e revigora os métodos e 
técnicas utilizados no planejamento, por meio da inserção de parâmetros ambientais. 
 
O enfoque ambiental dado ao planejamento é decorrente de uma visão holística e integrada, que tem sua 
origem na teoria de sistemas e sua evolução nas ciências biológicas e na ecologia por meio do conceito de 
ecossistema. 
Nesta abordagem, e de acordo com Moreira (1991), um sistema ambiental inclui todos os processos e 
interações que compõem o ambiente – fatores físicos e bióticos e fatores de natureza socioeconômica, 
política e institucional. 
O processo de planejamento ambiental envolve, segundo Phillippi (2005), uma série de etapas e tarefas 
inter-relacionadas que se assemelham às etapas pertinentes a qualquer outrotipo de planejamento: 
 O reconhecimento de uma situação problema (a constatação da degradação de uma bacia 
hidrográfica ou de um dado ecossistema); 
 O diagnóstico ambiental e a análise da situação ou problema (compreendendo o inventário de 
dados e informações referentes aos componentes ambientais, a análise da qualidade ambiental dos 
componentes do sistema, a caracterização da qualidade do sistema ambiental, e, o prognóstico da 
situação ambiental); 
 A fixação de objetivos e metas a alcançar (relacionados à superação das situações ou problemas 
identificados); 
 A formulação das ações e a estruturação do Plano de Gestão (definição das ações que podem ser 
de caráter corretivo, mitigatório ou preventivo); 
 A implementação, monitoria e avaliação do Plano de Gestão (de modo a reorientar as ações, 
corrigindo e aperfeiçoando o processo de planejamento ambiental ante as mudanças da realidade). 
O Planejamento Ambiental materializa-se por meio de instrumentos de ação baseados em conceitos que se 
formalizam no âmbito dos domínios do conhecimento humano, destacando-se os instrumentos de 
intervenção de: (i) domínio legal (padrões ambientais, licenciamento ambiental e zoneamento), (ii) domínio 
econômico (taxas e tarifas ambientais, licenças de mercado e, subvenção e subsídios ambientais), (iii) 
domínio social (desenvolvimento da percepção da qualidade ambiental, políticas públicas de autogestão, 
educação ambiental, e, participação da sociedade nos processos de negociação ambiental), e, (iv) domínio 
tecnológico (sensoriamento remoto, sistemas de informação geográficas – SIG, e sistemas de 
posicionamento global – GPS). 
 
 
 
 
14 
 
 
 
Neste entendimento, alguns planos diretores de cidades passaram a incorporar o termo ambiental, como é o 
caso de Porto Alegre, que elaborou o seu Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental (PDDUA). 
No contexto amplo da sustentabilidade, da articulação do crescimento urbano com a promoção do ambiente 
e a justiça social, a Prefeitura Municipal de Porto Alegre adotou uma visão harmônica de desenvolvimento 
urbano ambiental. 
 
1.4 LEI DE POLÍTICA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE E CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
A introdução da matéria ambiental na Lei Maior Brasileira é um marco histórico de inegável valor, dado que 
as Constituições que precederam a de 1988 jamais se preocuparam com a proteção do meio ambiente de 
maneira específica e global. Nelas sequer uma vez foi empregada a expressão “meio ambiente”, o que 
revela total despreocupação com o próprio espaço em que vivemos. 
Na Constituição Federal, o capítulo VI, referente especificamente ao meio ambiente, incorpora várias 
disposições de lei federal anterior, a Lei nº 6938, de 31/08/81, tida como o marco na área ambiental, dando 
a estas disposições status constitucional. 
O princípio básico da preservação ambiental está expresso no artigo 225 da Constituição Federal Brasileira: 
 
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem 
de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, 
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo 
para as presentes e as futuras gerações.” 
 
Além disso, de acordo com BRAGA et al. (2002), a partir da promulgação da Constituição Federal, passou-
se, obrigatoriamente, a tratar a questão ambiental inserindo-a na luta pela melhoria da qualidade de vida da 
população, já que o Capítulo VI faz parte do Título VIII da Constituição, denominado “Da Ordem Social”. 
Mais importante que a existência desse Capítulo é o fato de que o meio ambiente, assim como a 
preservação adequada dos recursos naturais, estar contemplado ao longo de todo o texto constitucional, 
incluindo a dimensão ambiental nos vários setores do país. 
 
A Lei federal nº 6.938 de 31/08/81, estabeleceu a Política Nacional do Meio Ambiente, fixando princípios, 
objetivos e instrumentos. Estabeleceu o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) e criou o Conselho 
Nacional do Meio Ambiente (Conama). Além disso, era reconhecida nessa lei a legitimidade do Ministério 
Público da União para propor ações de responsabilidade civil e criminal por danos causados ao meio 
ambiente. 
Na década de 60 foram promulgadas várias leis federais de grande importância, como o Estatuto da Terra, 
Lei nº 4.504 de 30/11/64, alterada pela Lei nº 6.476/79, com dispositivos referentes à conservação dos 
recursos naturais renováveis, a Lei nº 4.771 de 15/09/65 que instituiu o Código Florestal, alterada pelo 
Decreto-lei 227 de 28/02/67,instituindo o Código de Mineração, mais tarde regulamentado pelo Decreto nº 
62.934 de 02/07/68. 
Após a sua promulgação, a Lei nº 6.938 sofreu algumas alterações pelas Leis nº 7.804 de 18/07/89, e nº 
8.028 de 12/04/90, sendo atualmente regulamentada pelo decreto nº 99.274 de 06/06/90, com alterações 
dadas pelo decreto nº 99.355 de 27/06/90, conforme segue: 
No entanto, enquanto esta ampla legislação ocorre no âmbito federal, o mesmo não se verifica com as 
ações de controle de poluição ambiental e com a fiscalização da legislação vigente. Nessa área, vem sendo 
mantida a política de deixar aos poderes locais (estaduais e municipais) a fiscalização do cumprimento das 
normas legais e o efetivo controle da poluição do meio ambiente. Ao órgão federal, no caso o Instituto 
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), incumbe apenas a atuação 
supletiva nessa área, ou seja, a União somente atua no silêncio ou omissão do órgão estadual competente 
no caso da sua inexistência ou em situações que extrapolem o território de um Estado, causando efeitos 
nos Estados vizinhos. 
 
 
 
 
 
15 
1.5 POLÍTICA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO AMBIENTAL FEDERAL 
 
Pela Lei nº 6.938 de 31/08/81, art. 2º, a Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, 
melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao 
desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida 
humana. 
O Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), criado pela mesma lei, tem sua estrutura, composição e 
competências estabelecidas pelo Decreto nº 99.355 de 27/06/90. O Decreto nº 99.274 de 06/06/90, alterou 
a composição do Conama. 
 
Pelo artigo 3º do Decreto nº 99.355 de 27/06/90, o Sistema Nacional do Meio Ambiente, constituído pelos 
órgãos e entidades da União, dos Estados, do distrito Federal, dos municípios e pelas fundações instituídas 
pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, tem a seguinte 
estrutura: 
 Órgão Superior: o Conselho de Governo (cuja função é assessorar o Presidente da República na 
formulação da política nacional e das diretrizes governamentais para o meio ambiente; 
 Órgão Consultivo e Deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA (cuja função é 
propor ao Conselho de Governo diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e 
deliberar sobre normas e padrões de qualidade ambiental, dentro de suas atribuições. É presidido 
pelo Ministro do Meio Ambiente; 
 Órgão Central: o Ministério do Meio Ambiente - anteriormente Secretaria do Meio Ambiente da 
Presidência da República – SMAM/PR (cuja função é planejar, coordenar, supervisionar e 
controlar, como órgão federal, a política de diretrizes governamentais para o meio ambiente); 
 Órgão Executor: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – 
IBAMA (cuja função é executar e fazer executar a política de diretrizes governamentais para o meio 
ambiente); 
 Órgãos Seccionais: os órgãos e entidades da Administração Pública Federal Direta e Indireta, as 
fundações instituídaspelo Poder Público cujas atividades estejam associadas às de proteção 
ambiental ou àquelas de disciplinamento do uso dos recursos ambientais, bem assim aos órgãos e 
entidades estaduais responsáveis pela execução de programas e projetos e pelo controle e 
fiscalização de atividades capazes de provocar degradação ambiental; e 
 Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais responsáveis pelo controle e fiscalização das 
atividades referidas nas suas respectivas jurisdições. 
O Brasil possui um conjunto de normas sob forma de Resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente 
(CONAMA), que definem padrões de qualidade ambiental, padrões de emissão, normas e procedimentos 
para o controle das fontes de poluição: 
 
1.6 INSTRUMENTOS DA POLÍTICA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE 
No Brasil, no âmbito federal, o primeiro dispositivo legal associado a Avaliação de Impactos Ambientais deu-
se por meio da aprovação da Lei Federal 6.938 de 31/08/81. Desta forma, passou-se a exigir que todos os 
empreendimentos potencialmente impactantes procedessem, dentre outras obrigações: 
 A identificação dos impactos ambientais; 
 A caracterização dos efeitos negativos; 
 A definição de ações e meios para mitigação dos impactos negativos. 
Os principais instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente consistem em: 
 Estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; 
 Zoneamento ambiental; 
 Avaliação de impacto ambiental; 
 Licenciamento ambiental. 
 
Estão sujeitos ao licenciamento todos os empreendimentos capazes de modificar o meio ambiente, isto é, 
aqueles que, potencial ou efetivamente, afetem a qualidade ambiental, causem qualquer forma de poluição 
ou utilizem recursos ambientais. 
O licenciamento aplica-se, portanto, à implantação ou à ampliação e operação das atividades de iniciativa 
privada ou governamental, compreendendo a instalação e operação de equipamentos ou obras de natureza 
 
 
 
 
16 
industrial, comercial, extrativa, agrícola ou urbanística, de infra-estrutura de transporte, geração de energia 
ou saneamento. 
Apesar de vigorar desde a década de 70, em alguns estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais 
e Bahia, o licenciamento ambiental foi instituído, para todo o país, pela Lei n.º 6.938/81, sendo 
regulamentado pelo Decreto nº 88.351, de 01.6.83, quando se estabeleceram suas principais diretrizes. Em 
dezembro de 1997, foi editada a Resolução CONAMA 237/97 que estabeleceu novas normas e 
procedimentos para o sistema. As normas complementares e os procedimentos administrativos para sua 
efetiva utilização são fixados pelos órgãos estaduais de controle ambiental, ou pelo IBAMA. 
 
1.7.1 O licenciamento ambiental 
O Decreto n.º 88.351, de 01.6.83, que regulamentou o Sistema de Licenciamento inspirou-se nas diretrizes 
do SLAP-Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras, em vigor no Estado do Rio de Janeiro, 
estendendo-o a todo o território nacional, e dando às entidades estaduais de meio ambiente a atribuição e a 
responsabilidade de exercer o controle ambiental das atividades modificadoras do meio ambiente, cabendo 
ao IBAMA-Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis atuar em caráter 
supletivo. 
A edição da Lei n.º 7.804, de 18.07.89, deu ao IBAMA a atribuição de homologar o licenciamento nos casos 
que venham a ser determinados pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA, e conceder licença 
a atividades cujos impactos ambientais passem a ser considerados de âmbito nacional ou regional. Vale 
lembrar que o Decreto n.º 99.274/90 que substituiu o Decreto nº 88.351/83, em nada alterou os dispositivos 
sobre o licenciamento. 
Ao definir o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras como um dos 
instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, a Lei n.º 6.938/81 estabeleceu que "...a construção, 
instalação e funcionamento de estabelecimentos e atividades que se utilizam de recursos ambientais, 
consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras, bem como os capazes, sob qualquer forma, de causar 
degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento por órgão estadual competente, integrante do 
SISNAMA, e do IBAMA em caráter supletivo, sem prejuízo de outras licenças exigíveis" (artigo 10). 
As modificações introduzidas pela Lei n.º 7.804/89 não alteraram as bases e os mecanismos antes 
instituídos, conservando os preceitos modernos de descentralização do controle e da proteção do meio 
ambiente, algum dos quais merecem destaque: 
- A obrigatoriedade do licenciamento prévio, de modo a permitir o acompanhamento das implicações 
ambientais de uma atividade, desde a fase de planejamento, prevenindo-se os danos e evitando-se os 
custos adicionais de controle após sua implantação; 
- A submissão à fiscalização e ao controle ambiental de pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou 
privado; 
- O condicionamento de financiamentos e incentivos governamentais ao prévio licenciamento ambiental 
dos projetos; 
- A descentralização administrativa para implementar o licenciamento ambiental, a cargo dos órgãos 
estaduais de meio ambiente, cabendo ao IBAMA a homologação de licenças em casos determinados 
pelo CONAMA, ou a ação supletiva; 
- A adoção do princípio democrático de divulgação dos pedidos de licença, sua renovação e respectiva 
concessão, em jornal oficial e periódico de grande circulação regional ou local; 
- A adoção de um amplo conceito de poluição, relacionado à degradação de qualquer dos fatores 
ambientais dos meios físico, biótico e antrópico, como a saúde, o bem-estar, as atividades socais e 
econômicas, as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; 
- A inclusão, nos objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente, da imposição ao poluidor ou predador 
da obrigação de recuperar e indenizar por danos causados e, ao usuário, de contribuir pela utilização 
dos recursos ambientais com fins econômicos. 
 
O licenciamento ambiental para implantação, operação e ampliação de estabelecimentos industriais nas 
áreas críticas de poluição está previsto no artigo 9º da Lei n.º 6.803/80, e de acordo com seu parágrafo 
único é de competência dos órgãos estaduais de controle ambiental. Porém, de acordo com a Resolução 
CONAMA n.º 237/97, esta competência exclusiva deixa de existir. 
Pela nova resolução, cabe ao IBAMA o licenciamento de atividades localizadas ou desenvolvidas 
conjuntamente no Brasil e em país limítrofe, no mar territorial, na plataforma continental, na zona econômica 
 
 
 
 
17 
exclusiva, em terras indígenas, ou em unidades de conservação. Também é de competência do IBAMA o 
licenciamento de atividades localizadas ou desenvolvidas em dois ou mais Estados, aquelas cujos impactos 
ambientais ultrapassem os limites territoriais do país ou de um ou mais Estados, bem como as atividades 
nucleares (mediante parecer da CNEN-Comissão Nacional de Energia Nuclear), além de bases e 
empreendimentos militares. 
O licenciamento pelo IBAMA, entretanto, não dispensa a manifestação dos órgãos ambientais dos estados 
e municípios em que se localize a atividade, os quais devem ser considerados no licenciamento. 
A competência dos órgãos estaduais de meio ambiente ficou limitada às atividades localizadas, 
desenvolvidas ou cujos impactos ambientais alcancem mais de um município ou, ainda, em Unidades de 
Conservação de domínio estadual, bem como aquelas localizadas nas florestas e demais formas de 
vegetação natural de preservação permanente relacionadas no artigo 2º, da Lei n.º 4.771/65 e aquelas que 
assim forem consideradas por normas federais, estaduais ou municipais. 
A exceção fica por conta dos estados que possuem leis específicas regulamentando o licenciamento,as 
quais prevalecem sobre a Resolução. Cabe, ainda, a delegação da união aos estados, por meio instrumento 
legal ou convênio. Também neste caso, os estados têm que ouvir previamente os municípios, para efeito do 
licenciamento. 
 
Apesar da falta de estrutura e de capacitação técnica da maioria dos municípios para o desempenho de 
suas novas funções, é aos municípios que compete o licenciamento da maior parte das atividades, incluindo 
todas aquelas cujos impactos são localizados e as que lhe forem repassadas pelo estado. Vale ressaltar 
que a Resolução estabelece que o licenciamento deve ser realizado em um único nível, o que causa 
problemas nos estados que possuem leis específicas para o licenciamento e a avaliação de impacto 
ambiental. 
 
O licenciamento pela CECA ou órgão estadual competente e da Secretaria do Meio Ambiente (SMA –
órgão federal), dos projetos de execução e de ampliação das seguintes atividades modificadoras do meio 
ambiente, dependerá da elaboração e apresentação de EIA e do respectivo RIMA a serem submetidos à 
análise técnica da FEEMA, no caso do estado do Rio de Janeiro. 
1 Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento; 
2 Ferrovias; 
3 Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos; 
4 Aeroportos, conforme definidos na legislação pertinente; 
5 Oleodutos, gasodutos, minerodutos e emissários submarinos e de esgotos sanitários ou industriais; 
6 Linhas de transmissão de energia elétrica, com capacidade acima de 230 kV (duzentos e trinta 
quilovolts); 
7 Barragens e usinas de geração de energia elétrica (qualquer que seja a fonte de energia primária), com 
capacidade igual ou superior a 10 MW (dez megawatts); 
8 Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão); 
9 Extração de minério, inclusive areia e os demais da classe II, definidos no Código de Mineração, 
considerando-se o que dispõe a Lei nº 2.535/96; 
10 Abertura e drenagem de canais de navegação, drenagem ou irrigação, retificação de cursos d'água, 
abertura de barras e embocaduras, transposição de bacias, construção de diques; 
11 Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos e perigosos; 
12 Complexos ou unidades industriais e agro-industriais petroquímico, siderúrgico, cloroquímico e 
destilarias de álcool; 
13 Distritos industriais e Zonas Estritamente Industriais - ZEI; 
14 Projetos de desenvolvimento urbano e exploração econômica de madeira ou lenha, em áreas acima de 
50 ha (cinqüenta hectares), ou menores quando confrontantes com unidades de conservação da natureza, 
ou em áreas de interesse especial ou ambiental, conforme definidas pela legislação em vigor. 
15 Projetos agropecuários em área superior a 200 (duzentos) hectares, ou menor, quando situados total ou 
parcialmente em áreas de interesse especial ou ambiental, conforme definidas pela legislação em vigor. 
16 Qualquer atividade que utilizar carvão vegetal, derivados ou produtos similares em quantidade superior 
a 10 (dez) toneladas por dia. 
17 Aterros na Baía de Guanabara, independente de seu volume, de acordo com a Lei n º.1700/90. 
 
 
 
 
18 
18 Outras atividades que, por sua localização, porte ou natureza sejam consideradas pela CECA de alto 
potencial poluidor ou modificador do meio ambiente, com base em parecer técnico da FEEMA. 
19 A critério da CECA, o licenciamento de projetos de ampliação das atividades e instalações relacionadas 
nos itens 1 a 16, poderá ser feito sem a elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do respectivo 
Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). 
 
1.7.2 O processo de licenciamento ambiental 
O sistema de licenciamento ambiental funciona como um processo de acompanhamento sistemático das 
conseqüências ambientais de uma atividade que se pretenda desenvolver, desde as etapas iniciais de seu 
planejamento, pela emissão das três licenças e pela verificação do cumprimento das restrições 
determinadas em cada uma delas, que condicionam a execução do projeto, as medidas de controle e as 
regras de operação. 
O processo inclui ainda as rotinas de "acompanhamento de licença" vinculadas à "monitoração" dos efeitos 
ambientais do empreendimento, componentes essenciais do sistema, além das normas técnicas e 
administrativas que o regulam. 
Licença Prévia (LP) 
A primeira fase do licenciamento corresponde à Licença Prévia (LP), a ser requerida na etapa de 
planejamento da atividade, quando ainda não foi definida a localização. 
O detalhamento do projeto, os processos tecnológicos, o conjunto de medidas e equipamentos de controle 
ambiental; sua concessão baseia-se nas informações prestadas pelo empreendedor, em croquis, ante-
projetos e estimativas, e representa o compromisso do poder público aprovar o projeto executivo, sempre 
que o empreendedor atenda às condições e restrições impostas no documento de licença. 
 
Licença de Instalação (LI) 
Uma vez detalhado o projeto executivo, e definidas as medidas e equipamentos de proteção ambiental, 
deve ser requerida a Licença de Instalação (LI), cuja concessão autoriza o início da construção do 
empreendimento. 
Para sua análise, é necessária a apresentação de informações detalhadas sobre a distribuição espacial das 
unidades que compõem o projeto, os métodos construtivos, os processos, as tecnologias, os sistemas de 
tratamento e disposição de rejeitos, os corpos receptores, etc. A Licença de Instalação define os 
parâmetros do projeto e as condições de realização das obras, que deverão ser obedecidas para garantir 
que a implantação da atividade não cause impactos ambientais negativos além dos limites aceitáveis e 
estabelecidos na legislação ambiental. 
 
Licença de Operação (LO) 
A Licença de Operação (LO), requerida quando do término da construção e depois de verificada a eficiência 
das medidas de controle ambiental, autoriza o início do funcionamento da atividade, sendo obrigatória tanto 
para os novos empreendimentos quanto para aqueles anteriores à vigência do sistema. Nestes casos, é 
definido um prazo para que a atividade possa se adequar às exigências legais, implantando os dispositivos 
de controle apropriados. 
A Licença de Operação, portanto, estabelece todas as condições que o empreendimento deverá obedecer 
durante sua permanência, funcionamento ou operação, determinando os padrões de qualidade dos 
efluentes líquidos e gasosos que deverão ser observados, bem como todos os critérios de controle 
ambiental a serem respeitados. Estabelece ainda o programa de monitoração dos efeitos ambientais, 
determinando os parâmetros e a periodicidade das medições, cujos resultados servem para o 
acompanhamento da atividade pelo órgão ambiental licenciador. 
O tempo de validade de cada licença pode variar, de acordo com as normas vigentes no estado em que se 
localiza, o tipo de empreendimento e a situação ambiental da área, obedecidos os limites máximos e 
mínimos que estão estabelecidos na Resolução CONAMA n.º 237/97: 
 Para a LP, o prazo mínimo corresponde ao cronograma de desenvolvimento do projeto, e o máximo 
permitido é de 5 (cinco) anos; 
 Para a LI, o prazo mínimo é aquele estabelecido no cronograma de implantação e o máximo é de 6 
(seis) anos; 
 Para a LO, o prazo de validade mínimo é de 4 (quatro) anos e não pode ser superior a 10 (dez) anos. 
 
 
 
 
 
19 
 
De acordo com a Resolução n.º 237/97, a LP e a LI podem ter seus prazos prorrogados, desde que não 
ultrapassem os prazos máximos definidos. Já a LO, depois de vencido o prazo de validade, deve ser 
renovada. Entretanto, compete aos órgãos ambientais regularizar os procedimentos necessários para tal. 
O cumprimento das prescrições do sistema de licenciamento deve ser fiscalizado por funcionários dosórgãos ambientais, que devem estar devidamente identificados e credenciados. 
Deve ser garantido aos fiscais livre acesso às instalações e informações pertinentes, sujeitando-se as 
negativas às penalidades previstas. Após a expedição de qualquer licença, o acompanhamento visa a 
verificar o cumprimento das exigências e condições nela estabelecida. 
 O acompanhamento da Licença Prévia destina-se a garantir que nenhuma intervenção ou obra seja 
executada antes da necessária Licença de Instalação, ou da execução de estudos porventura exigidos. 
 No caso da Licença de Instalação, o acompanhamento serve para assegurar que a implantação do 
empreendimento, em especial as obras e a instalação de equipamentos, se processe de acordo com as 
condições estabelecidas e para monitorar as alterações ambientais previstas em conseqüência dessas 
ações. 
 Após a concessão da Licença de Operação, o acompanhamento visa basicamente ao atendimento dos 
padrões de qualidade ambiental, em decorrência do funcionamento da atividade, verificando-se as 
características dos efluentes líquidos e gasosos, dos resíduos sólidos gerados e seu destino final, dos 
ruídos, da degradação da vegetação ou do solo, e outras conforme as especificações da licença. No 
caso de empreendimentos de natureza não industrial, outras condições de operação são também 
verificadas em vistoria, como a obediência a limites de áreas de exploração mineral, cotas de 
implantação, declividades de vias, quantidade de recursos naturais explorados, etc.. 
No licenciamento ambiental devem ser observados todos os aspectos do meio ambiente físico, biótico e 
antrópico. Antes de se proceder à análise do requerimento de qualquer das licenças é imprescindível uma 
vistoria à área para verificação da situação ambiental existente. Entre outros aspectos devem ser 
observados: 
 O uso e a ocupação do solo no entorno da atividade prevista; 
 O zoneamento urbano para a área; 
 A qualidade dos corpos receptores, 
 A capacidade de residência do meio ambiente. 
 
Além disso, para a atividade a se implantar devem ser verificados: 
 A emissão de gases, vapores, ruídos, vibrações e radiações; 
 A geração de efluentes líquidos domésticos e industriais; 
 A geração de resíduos; 
 O volume e a qualidade dos insumos básicos, de pessoal e de tráfego gerado; 
 Os horários da atividade; 
 Os riscos de incêndios, explosões, vazamentos e outras situações de emergência; 
 A compatibilização com os demais usos instalados. 
Nos casos de atividades de natureza não industrial, outros aspectos devem também ser enfocados: 
 A harmonização com a paisagem; 
 A taxa de ocupação, os gabaritos e as densidades demográficas previstas as demandas por infra-
estrutura de serviços e equipamentos públicos. 
As vistorias devem ser efetuadas, sempre que possível por equipes multidisciplinares, e com base em 
modelos de relatório padrão, de modo a assegurar que nenhum aspecto seja negligenciado, evitando assim 
custos adicionais de vistorias complementares. 
Apesar de estar prevista no licenciamento a publicação dos requerimentos e das licenças concedidas, não 
existem mecanismos para a intervenção dos interessados na decisão, exceto nos casos de exigência de 
Estudo e Relatório de Impacto Ambiental. Para a melhoria do licenciamento ambiental, uma das questões 
mais importantes é a ampliação do seu caráter democrático com a inclusão, em seus procedimentos, de 
novas formas de participação. 
 
1.7.3 A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) 
A Avaliação de Impacto Ambiental foi instituída como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio 
Ambiente, e mais tarde vinculada ao Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras (SLAP), pelo 
 
 
 
 
20 
Decreto n.º 88.351/83, que a regulamentou. Mas foi apenas a partir da Resolução CONAMA n.º 001, de 
23.01.86, que estabeleceu os procedimentos e requisitos necessários para sua aplicação, que a AIA passou 
a ser implementada a nível nacional. 
Em 1988, a Avaliação de Impacto Ambiental (Estudo Prévio de Impacto Ambiental) foi consagrada a nível 
nacional na Constituição Federal (artigo 225, parágrafo 1º, item IV), tornando-se um dever constitucional 
 
A Constituição Federal não se refere a Licenciamento Ambiental, mas exige o Estudo Prévio de Impacto 
Ambiental para toda atividade potencialmente causadora de significativa degradação ambiental. 
A Avaliação de Impacto Ambiental é um processo constituído por um conjunto de procedimentos técnicos e 
administrativos, visando a realização de uma análise sistemática dos impactos ambientais da instalação ou 
da ampliação de uma atividade e suas diversas alternativas, com a finalidade de embasar as decisões 
quanto ao seu licenciamento. Como parte do processo de avaliação de impacto ambiental são realizados o 
Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), de acordo 
com Instruções Técnicas especificas que devem ser fornecidas pelos órgãos ambientais, tendo em conta as 
características do projeto e do local onde se pretende implantá-lo, considerando ainda as manifestações de 
interesse dos grupos sociais potencialmente ou efetivamente afetados. O EIA e o RIMA ficam à disposição 
para consulta pública, na sede do órgão ambiental e em local de fácil acesso nos municípios afetados pela 
implantação do projeto 
A agência ambiental tem a obrigação de exigir EIA das atividades elencadas na resolução, trata-se de uma 
presunção absoluta. Para as outras atividades que não estão listadas, a exigência de EIA fica a critério da 
agência ambiental, a presunção é relativa. Neste caso, cabe ao empreendedor provar que aquela atividade, 
ou aquele empreendimento, não causa significativo impacto ambiental. 
Em 15 de junho de 1988, a Resolução CONAMA n.º 005, determinou que as obras de saneamento, para as 
quais seja possível identificar modificações significativas, também estão sujeitas ao licenciamento. Coube 
aos estados definir, os critérios e padrões para implementação da referida Resolução, assim como outros 
casos sujeitos ao licenciamento, de acordo com o porte e a localização do empreendimento, além das 
seguintes: 
I . Sistemas de abastecimento de água 
 obras de captação cuja vazão seja acima de 20 % da vazão mínima da fonte de abastecimento, no 
ponto de captação e que modifiquem as condições físicas e bióticas dos corpos d'água. 
II . Sistemas de esgotos sanitários 
 obras de coletores troncos 
 interceptores 
 elevatórias 
 estações de tratamento 
 emissários 
 disposição final 
III . Sistemas de drenagem 
 obras de lançamento de efluentes de sistemas de microdrenagem 
 obras de canais, dragagem e retificação em sistemas de macrodrenagem; 
IV. Sistemas de limpeza urbana 
 obras de unidades de transferência, tratamento e disposição final de resíduos sólidos de origem 
doméstica, pública e industrial; 
 obras de coleta, transporte, tratamento e disposição final de resíduos hospitalares. 
 
1.7.4 As diretrizes para elaboração do EIA: 
Em seu artigo 5º, a Resolução CONAMA estabeleceu as diretrizes gerais que devem ser adotadas na 
elaboração dos Estudos de Impacto Ambiental (EIA): 
 Contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização do projeto, confrontando-as com a 
hipótese de não execução do empreendimento; 
 Identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais nas fases de implantação e operação da 
atividade; 
 Definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos impactos, denominada 
área de influência do projeto, considerando, em todos os casos, a bacia hidrográfica na qual se localiza; 
 
 
 
 
21 
 Considerar os planos e programas governamentais

Mais conteúdos dessa disciplina