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Recursos Cíveis (Agravo de Instrumento, Agravo Interno, Embargos de Declaração, Recurso Especial, Recurso Extraordinário, Agravo em REsp/RE, Embargos de Divergência, Recurso Ordinário Constitucional)

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RECURSOS CIVIS – NP2
AGRAVO DE INSTRUMENTO
	CABIMENTO
	PRAZO
	FUNDAMENTAÇÃO LEGAL
	INTERPOSIÇÃO
	JULGAMENTO
	OBSERVAÇÃO
	contra decisões interlocutórias do art. 1.015 do CPC
	15 dias
	arts. 1.015 a 1.020 do CPC
	Juízo ad quem (TJ/TRF)
	Juízo ad quem (TJ/TRF)
	Possibilidade de pedido de efeito suspensivo ou de antecipação de tutela recursal ao relator
Estrutura do agravo de instrumento
Ele é composto de duas petições, sendo elas: petição de apresentação e petição das razões.
PETIÇÃO DE APRESENTAÇÃO (as questões formais)
Dirigida ao juízo ad quem (interpõe direto para o TJ/TRF);
Qualificação das partes (de forma completa);
Indicação do nome e o endereço completo dos advogados constantes do processo;
Indicação dos documentos que formam o instrumento;
Requerimento de intimação do agravado para contrarrazões;
Data e assinatura.
Vale mencionar a existência de jurisprudência no sentido de que não há obrigatoriedade de cumprimento do requisito d (nome e endereço completo dos advogados constantes no processo) se é possível determiná-los de acordo com as cópias/documentos que acompanham a peça.
PETIÇÃO DAS RAZÕES (o conteúdo em si do recurso de agravo de instrumento)
Dirigida ao juízo ad quem;
Tempestividade e preparo (em que demonstra que o recurso foi interposto no tempo certo, dentro do prazo e que foi feito o preparo, pagamento das custas);
Síntese do processo;
Fundamentação: alegações de natureza processual;
Fundamentação: alegações de natureza material;
Efeito suspensivo (poderá pedir);
Antecipação de tutela recursal (poderá pedir);
Pedidos (aquilo que se quer obter com o recurso).
CABIMENTO
Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:
tutelas provisórias;
mérito do processo;
rejeição da alegação de convenção de arbitragem;
incidente de desconsideração da personalidade jurídica;
rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação;
exibição ou posse de documento ou coisa;
exclusão de litisconsorte;
rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;
admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;
concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução;
redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1º ;
(VETADO);
outros casos expressamente referidos em lei.
Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário.
NÃO CABE AGRAVO DE INSTRUMENTO DE TODAS AS DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS! (somente aquelas expressamente previstas na lei).
Decisão interlocutória: é aquela decisão que o juiz toma que não é uma sentença.
Se não houver recurso contra determinada decisão interlocutória, a princípio seria irrecorrível. Posteriormente, poderão ser discutidos na apelação (preliminar de apelação – antes de discutir a sentença).
Na falta de qualquer peça ou em caso de vício que comprometa a admissibilidade do agraVo de instrumento deve o relator aplicar o disposto no art. 932, parágrafo único, do CPC: Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado o vício ou complementada a documentação exigível.
Importante falarmos ainda da obrigação (ou não) do agravante em informar ao juízo “a quo”, no prazo de três dias, da interposição do agravo de instrumento, juntando cópia da petição de agravo, a comprovação de interposição e a relação dos documentos apresentados.
Abre-se assim a possibilidade do juízo a quo de exercer o juízo de retratação.
EFEITO SUSPENSIVO
Pode ser a pedido da parte, sob o argumento de situação emergencial.
Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso.
Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do relator, se da imediata produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso.
Cabe ainda ao relator decidir se defere ou não efeito suspensivo ou ativo (antecipação de tutela da pretensão recursal), também cabendo agravo interno dessa decisão. O relator deferirá esses efeitos quando for relevante a fundamentação e houver risco de lesão grave e de difícil reparação. É preciso ainda que haja requerimento do agravante, não cabendo ao relator concedê-lo de ofício.
A regra é a de que o agravo de instrumento não tem efeito suspensivo, conforme a norma geral prevista no artigo 995 do CPC.
ESQUEMA
DECISÃO INTERLOCUTÓRIA TRIBUNAL AD QUEM (TJ/TRF) TURMA RELATOR
SITUAÇÕES:
 RELATOR TURMA ACÓRDÃO JULGANDO O AGRAVO DE INSTRUMENTO
 RELATOR DECIDE O EFEITO SUSPENSIVO OU A ANTECIPAÇÃO DA TUTELA RECURSAL REQUERIDA AGRAVO INTERNO
 RELATOR DECISÃO MONOCRÁTICA JULGANDO O AGRAVO DE INSTRUMENTO AGRAVO INTERNO
O relator poderá:
se retratar (cabe agravo de instrumento) TURMA
não se retratar (cabe agravo interno) TURMA
AGRAVO INTERNO
	CABIMENTO
	PRAZO
	FUNDAMENTAÇÃO LEGAL
	INTERPOSIÇÃO
	JULGAMENTO
	OBSERVAÇÃO
	contra decisão monocrática 
	15 dias
	art. 1.021 do CPC
	ao juízo que prolatou a decisão monocrática
	colegiado
	Relator pode reconsiderar a decisão que levar o agravo interno para julgamento do colegiado
O art. 1.021 do CPC estabelece que o agravo interno é cabível contra decisão proferida pelo relator.
Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal.
§ 1º Na petição de agravo interno, o recorrente impugnará especificadamente os fundamentos da decisão agravada.
§ 2º O agravo será dirigido ao relator, que intimará o agravado para manifestar-se sobre o recurso no prazo de 15 (quinze) dias, ao final do qual, não havendo retratação, o relator levá-lo-á a julgamento pelo órgão colegiado, com inclusão em pauta.
§ 3º É vedado ao relator limitar-se à reprodução dos fundamentos da decisão agravada para julgar improcedente o agravo interno.
O agravo interno é recurso cuja interposição produz efeito devolutivo, mas não produz efeito suspensivo.
Quanto ao efeito devolutivo, deve ser destacado que a interposição do agravo interno acarreta a transferência, para o órgão colegiado integrado pelo magistrado prolator da decisão monocrática agravada, do conhecimento da matéria impugnada. Em outros termos, o agravo interno permite que o órgão colegiado reveja, por inteiro, a decisão monocrática recorrida.
O agravo interno é interposto por petição dirigida ao próprio prolator da decisão recorrida. O § 2º do art. 1.021, é certo, diz que a petição deve ser dirigida ao relator, mas nos casos em que a decisão agravada tenha sido proferida por Presidente ou Vice-presidente de tribunal é a este que a petição deverá ser encaminhada.
No ato da interposição do agravo interno deverá ser comprovado, se for o caso, o recolhimento do preparo.
Os autos deverão ir à conclusão, para que o relator (ou o Presidente ou Vice-Presidente do tribunal, conforme o caso) decida se mantém a decisão ou se se retrata. Caso seja mantida a decisão, o recurso será levado a julgamento.
O julgamento do agravo interno se faz necessariamente pelo órgão colegiado integrado pelo magistrado prolator da decisão monocrática agravada. Não se admite, aqui, o julgamento monocrático pelo relator.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
	CABIMENTO
	PRAZO
	FUNDAMENTAÇÃO LEGAL
	INTERPOSIÇÃO
	JULGAMENTO
	OBSERVAÇÃO
	contra omissão, obscuridade, contradição ou erro material na decisão
	5 dias
	arts. 1.022 a 1.026 do CPC
	ao juízo que prolatou a decisão
	o mesmo juízo
	Não muda a decisão e, por isso, não há contraditório, salvo se for concedidos efeitos infringentes
Os embargos de declaração constituem uma forma pela qual se pode solicitar ao juiz que reveja uma decisão, tornando-a mais
compreensível, ou corrigindo-a. Assim, sempre que for proferida decisão que contenha erro material, seja contraditória, obscura ou omissa, é cabível esse recurso. Não é necessário recolhimento de custas (não há preparo).
A prática forense também revela outra função importante dos embargos de declaração. É o prequestionamento da matéria da lei federal ou matéria constitucional para fins de interposição de recurso especial e recurso extraordinário.
Pela nova regra, considera-se omissa a decisão que deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos, ou em incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento.
EFEITOS DOS EMBARGOS DE DECLARACÃO
Efeito interruptivo: os embargos declaratórios interrompem o prazo para outros recursos, só voltará a correr quando houver o julgamento. O prazo será contado do zero.
Efeito suspensivo: Os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo e interrompem o prazo para a interposição de recurso.
Efeito integrativo: “a correção” apenas integrará a decisão já existente. Os embargos declaratórios, em regra, não modificam o teor da decisão.
EFEITOS INFRIGENTES OU MODIFICATIVOS AOS EMBARGOS DECLARATÓRIOS
Quando os embargos de declaração tiverem efeitos modificativos ou infringentes, a sentença de mérito pode ser alterada. Pode ocorrer, excepcionalmente, a reformatio in pejus, ressalvando, no entanto, a necessidade de intimação da parte adversa, que poderá apresentar contrarrazões, sob pena de nulidade.
O efeito do provimento dos embargos de declaração que modifica a decisão recorrida é atípico, já que o saneamento do vício não apenas esclarece omissão, contradição ou obscuridade, mas também altera o conteúdo da decisão.
DECISÃO EMBARGOS DECLATÓRIOS NOVA DECISÃO JULGANDO OS EMBARGOS DECLARATÓRIOS MODIFICA O TEOR DO JULGADO
Exceção: aqui há contraditório contraminuta.
Observação: é o único tipo de recurso que permite o aditamento recursal.
RECURSO ESPECIAL
	CABIMENTO
	PRAZO
	FUNDAMENTAÇÃO LEGAL
	INTERPOSIÇÃO
	JULGAMENTO
	OBSERVAÇÃO
	contra acórdão de TJ ou TRF de última ou única instância (esgotamento das instâncias ordinárias)
	15 dias
	art. 105, III da CF/88
	Juízo a quo (presidente ou vice do TJ/TRF)
	STJ
	- não cabe RESP contra turma recursal;
- só questão de direito;
- sem reexame de fatos (provas);
- prequestionamento;
- indicação da alínea de cabimento
O recurso especial é o meio utilizado para contestar, perante o STJ (Superior Tribunal de Justiça), uma decisão proferida por um TJ ou TRF, desde que a decisão recorrida contrarie um tratado ou lei federal, ou ainda lhes negando vigência; julgue válido um ato de governo local contestado em face de lei federal; ou der à lei federal uma interpretação diferente da atribuída por outro tribunal.
O recurso especial, portanto, afigura-se como recurso hábil a preservar a correta aplicação do direito federal, dando, portanto, a última palavra a respeito de tal tema. 
IMPORTANTE: Não cabe RESP contra decisão de juiz singular, portanto não cabe RESP contra decisão dos Juizados Especiais, pois as turmas são compostas por juízes de 1ª instância.
Além de obedecer ao prazo de 15 dias, é necessário o preparo.
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;
b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal;
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.
Observação: tem que indicar obrigatoriamente por qual alínea (a, b ou c) que se está interpondo o recurso e qual é a lei federal que está sendo discutida. Pode-se indicar mais de uma alínea no RESP.
Dissídio jurisprudencial: ocorre quando o Tribunal local der à lei federal interpretação divergente da que lhe haja dado “outro tribunal”. É a hipótese de recurso especial mais utilizada na prática e a que mais facilmente permite o conhecimento do recurso. É NECESSÁRIA PROVA DA DIVERGÊNCIA. Deve fazer um cotejo analítico (ou seja, comparar os outros acórdãos utilizados como prova com o acórdão do qual você está recorrendo).
PREQUESTIONAMENTO
É a alegação prévia e análise pelo órgão julgador a quo da matéria de interesse do recorrente, para que um recurso excepcional seja recebido pelas instâncias superiores.
A QUESTÃO FEDERAL DEVE TER SIDO ABORDADA NO ACÓRDÃO. SE NÃO FOR QUESTIONADA NÃO CABR O RECURSO ESPECIAL!
Exemplo:
SETENÇA APELAÇÃO (art. 50 do CC) TURMA ACÓRDÃO JULGANDO A APELAÇÃO (não aborda o art. 50 do CC)
É possível recurso especial nessa situação? = NÃO!
OMISSÃO EMBARGOS DE DECLARAÇÃO TURMA ACÓRDÃO JULGANDO OS EMBARGOS DECLARATÓRIOS aborda o art. 50
Nesse caso será cabível o recurso especial pois houve o prequestionamento do art. 50 suprimido pelos embargos declaratórios.
ATENÇÃO: Em regra o RESP é julgado antes do RE (quando interpostos simultaneamente), a não ser que o ministro do STJ entenda que não dá para julgar o RESP sem antes julgar o RE, ou seja, que a questão constitucional é prejudicial da federal. Se o Supremo concordar julga primeiro o RE.
RECURSO EXTRAORDINÁRIO
	CABIMENTO
	PRAZO
	FUNDAMENTAÇÃO LEGAL
	INTERPOSIÇÃO
	JULGAMENTO
	OBSERVAÇÃO
	Contra decisões de última ou única instância (esgotamento das instâncias ordinárias)
	15 dias
	art. 102, III da CF/88
	Juízo a quo (presidente ou vice do TJ/TRF)
	STF
	- cabe RE contra turma recursal;
- só questão de direito;
- sem reexame de fatos (provas);
- prequestionamento;
- indicação da alínea de cabimento;
- fungibilidade RE X RESP
- repercussão geral.
Recurso extraordinário (de sigla RE), no direito processual brasileiro, é o meio pelo qual se impugna perante o Supremo Tribunal Federal uma decisão judicial proferida por um tribunal estadual ou federal, ou por uma Turma recursal de um juizado especial, sob a alegação de contrariedade direta e frontal ao sistema normativo estabelecido na Constituição da República.
Não se trata de recurso que contesta apenas decisões de Tribunal de Justiça (TJ) ou Tribunal Regional Federal (TRF), pois a Constituição Federal, em seu art. 102, III, não faz qualquer menção à origem do julgado. Portanto, o recurso extraordinário poderia impugnar qualquer acórdão - não somente dos TJ e TRF, mas também os oriundos de Turmas Recursais.
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida:
a) contrariar dispositivo desta Constituição;
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.
OBSERVAÇÃO: Não se discute nem questões de fato, nem questões de direito, apenas questões constitucionais.
Assim como no Recurso Especial deve haver prequestionamento (ou seja, a questão deve ter sido abordada na decisão recorrida). Além de também ser necessário que se indique a alínea que esta sendo discutida no recurso (pode abordar mais de uma alínea).
IMPORTANTE: a inconstitucionalidade alegada deve ter relevante repercussão geral, ou seja, deve-se demonstrar que a questão interposta no recurso irá repercutir em toda a sociedade, ou em pelo menos uma parcela significativa desta. Deve constar expressamente no recurso, devendo ser descrito ao logo deste, sob pena do recurso não se conhecido.
PROCESSAMENTO DO RESP/RE
Havendo um acórdão de última ou de única instância (quando há o esgotamento das instâncias ordinárias, onde não se cabe mais recurso), interpõe-se o RESP/RE ao Presidente ou Vice-Presidente do tribunal a quo (TJ/TRF). A partir disso, há cinco caminhos que podem ser tomados:
Remeter o recurso
para apreciação do STJ/STF – quando verificar que tudo está nos conformes;
Sobrestar o RESP/RE – significa parar o recurso, pois já está instaurado incidente para julgar recursos repetitivos (STJ) ou já está instaurada a análise da repercussão geral (STF);
Negar seguimento, com base no art. 1.030, I, do CPC (CABE AGRAVO INTERNO CONTRA A DECISÃO) – nos seguintes casos:
Recurso extraordinário sem repercussão geral;
Recurso extraordinário contra acórdão que esteja em conformidade com entendimento do STF;
RESP ou RE contra acórdão que esteja em conformidade com entendimento do STJ ou STF em recurso repetitivo.
Devolver ao órgão julgador para o juízo de retratação – se o acórdão recorrido divergir do entendimento do STF ou STJ exarado, conforme o caso, nos regimes de repercussão geral ou de recursos definitivos. Ou seja, é quando o Presidente ou Vice do Tribunal a quo percebe que já houve entendimento sobre assunto. Nesse caso, ele devolve o processo para o órgão que julgou, para que este se retrate aplicando a jurisprudência do STJ/STF. (Ocorre por uma questão de celeridade processual).
Negar seguimento em juízo de admissibilidade – o presidente/vice nega seguimento ao STJ/STF, justificando a falta de algum requisito de admissibilidade (falta de prequestionamento, falta de preparo etc.). Dessa decisão cabe o recurso contra a decisão denegatória de RESP/RE. O agravo será julgado pelo STJ/STF.
- FUNGIBILIDADE RECURSAL
Existe a possibilidade de trocar de recurso por ter sido interposto erroneamente. O ministro do STJ ao receber o recurso especial percebe que na realidade a questão que está sendo discutida seria uma questão constitucional, e não uma questão de legalidade. Nesse caso, o ministro pode intimar o recorrente para que este apresente a repercussão geral, e receber esse recurso como extraordinário e enviar para o STF. Pode ocorrer, inclusive, o inverso, ou seja, transformar RE em RESP. CONTUDO TAL SITUAÇÃO É EXTREMAMENTE RARA.
Inconstitucionalidade reflexa: quando a lei é constitucional, não obstante, o decreto que regulamente esta lei é ilegal, e reflexamente ele é inconstitucional. Então, se verifica quando um decreto do Executivo, por exemplo, exorbita dos limites legais e se torna indiretamente inconstitucional. Em verdade ele padece, em primeiro plano, de um vício de legalidade.
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL/RECURSO EXTRAORDINÁRIO
	CABIMENTO
	PRAZO
	FUNDAMENTAÇÃO LEGAL
	INTERPOSIÇÃO
	JULGAMENTO
	OBSERVAÇÃO
	Contra decisão que nega seguimento ao RESP/RE
	15 dias
	art. 1.042 do CPC
	Presidente ou vice do tribunal a quo
	STJ/STF
	Cabível somente se for por ausência de requisito admissibilidade
O Agravo em Recurso Especial ou Extraordinário é cabível da decisão do Presidente ou Vice-Presidente do Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional que inadmite, em juízo prévio de admissibilidade, recurso especial ou extraordinário. 
Art. 1.042. Cabe agravo contra decisão do presidente ou do vice-presidente do tribunal recorrido que inadmitir recurso extraordinário ou recurso especial, salvo quando fundada na aplicação de entendimento firmado em regime de repercussão geral ou em julgamento de recursos repetitivos.
Basicamente, é um filtro para que o recurso atenda as condições para chegar ao tribunal ad quem. Neste momento, há duas hipóteses: I) admissibilidade positiva: remete ao STJ ou STF ou, ao contrário, resta a II) negativa: inadmite o RESP/RE por faltar requisitos a serem preenchidos. Importa ressaltar que se for um vício sanável, poderá conceder o prazo de 5 dias bem como a possibilidade do efeito regressivo, ou seja, o presidente do TJ pode se retratar de sua decisão e o recurso seguir seu curso.
Na decisão que impede o seguimento do recurso excepcional cabe recurso, sendo o agravo do art. 1042 do CPC/15 um mecanismo para forçar a subida do recurso objetivando a revisão pelo tribunal superior.
O agravo em RESP ou RE é protocolado, no prazo de 15 dias (não tem preparo), no próprio tribunal a quo – tribunal de justiça, para que o presidente do TJ intime a outra parte para as contrarrazões.
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA
	CABIMENTO
	PRAZO
	FUNDAMENTAÇÃO LEGAL
	INTERPOSIÇÃO
	JULGAMENTO
	OBSERVAÇÃO
	Contra divergência atual entre colegiados no RESP/RE
	15 dias
	arts. 1.043 e 1.044 do CPC
	STJ/STF
	STJ/STF
	Divergência não pode estar suprida
No Brasil, o recurso de embargos de divergência foi criado com a finalidade de uniformizar a jurisprudência interna do Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal. No Superior Tribunal de Justiça, o recurso de embargos de divergência é cabível quando o acórdão de Turma ou de Seção divergir do julgamento de qualquer outro órgão do mesmo tribunal, ou seja, de Turma, da Seção ou da Corte Especial. No Supremo Tribunal Federal, os embargos de divergência são cabíveis quando o acórdão divergir do julgamento de Turma ou Plenário.
Então, é um recurso criado para evitar divergência em um próprio tribunal, para que um colegiado do tribunal não decida X, se outro colegiado do mesmo órgão decidiu Y.
ATENÇÃO: É CABÍVEL SOMENTE NO ÂMBITO DO STJ E DO STF!
Acórdãos que não tenham partido das mesmas premissas não podem ser cotejados, já que o objetivo do recurso é pacificar a jurisprudência interna das Cortes. Outra exigência que deve ser cumprida pelo embargante é a realização do chamado cotejo analítico. Não basta que seja apontado que um acórdão divergiu de outro, devendo ser desenvolvida argumentação demonstrativa da similitude dos casos e dos entendimentos em sentido opostos.
A divergência deve ser atual, ou seja, não pode ser um caso em que já se tenha uma pacificação sobre. Não cabe também caso a turma tenha mudado o seu entendimento, pois deixa de ser atual nesse caso.
RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL
São recurso em que, excepcionalmente, o STF e o STJ agirão como 2ª instância.
- Competência do STJ
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
II - julgar, em recurso ordinário:
a) os habeas corpus decididos em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória;
b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão;
c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País;
- Competência do STF
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
II - julgar, em recurso ordinário:
a) o habeas corpus , o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão;
b) o crime político;
Importa-se ainda ressaltar o art. 1.027 do CPC, em que pese este repetir o que está escrito no texto constitucional:
Art. 1.027. Serão julgados em recurso ordinário:
I - pelo Supremo Tribunal Federal, os mandados de segurança, os habeas data e os mandados de injunção decididos em única instância pelos tribunais superiores, quando denegatória a decisão;
II - pelo Superior Tribunal de Justiça:
a) os mandados de segurança decididos em única instância pelos tribunais regionais federais ou pelos tribunais de justiça dos Estados e do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão;
b) os processos em que forem partes, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo internacional e, de outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País.
§ 1º Nos processos referidos no inciso II, alínea “b”, contra as decisões interlocutórias caberá agravo de instrumento dirigido ao Superior Tribunal de Justiça, nas hipóteses do art. 1.015.
PARA MEMORIZAÇÃO
STF: mandados de segurança, habeas data e mandados de injunção de competência originária de Tribunal Superior. Perceba que nesse caso o Tribunal Superior está agindo como 1ª instância, daí
o porquê do STF, excepcionalmente, agir como 2ª instância.
STJ: mandados de segurança de competência originária do TJ/TRF.
OBSERVAÇÃO: Perceba que o constituinte fez previsão do recurso ordinário apenas nos casos em que for denegada a segurança. Portanto, se for deferido o pedido, ou seja, não houve denegatória na decisão, é possível interpor RESP/RE por se tratar de uma decisão de única instância, desde que atendido os requisitos desses.
INCIDENTE DE ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE
Deve-se observar a conhecida “cláusula de reserva de plenário”, regra insculpida no art. 97 do Texto Constitucional Brasileiro (“Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.”).
Quando um órgão judicial colegiado se depara com a necessidade de enfrentar uma arguição de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público no âmbito de uma demanda qualquer, ocorrerá uma cisão no julgamento, isto é, a questão da inconstitucionalidade será levada para análise do plenário do tribunal ou de seu respectivo órgão especial, enquanto o mérito da demanda será posteriormente decidido pelo competente órgão fracionário, a partir da obrigatória observância daquilo que ficou assentado pelo plenário ou órgão especial em relação à prejudicial de inconstitucionalidade.
Exemplo: a turma no julgamento da apelação percebe que para julgá-la eventualmente deverá declarar a inconstitucionalidade de uma lei. Se a turma percebe que há a possibilidade de ter que declarar inconstitucional uma lei, interrompe-se o julgamento e remete esse julgamento ao plenário do tribunal (ou órgão especial que possa substitui-lo).
Art. 948. Arguida, em controle difuso, a inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo do poder público, o relator, após ouvir o Ministério Público e as partes, submeterá a questão à turma ou à câmara à qual competir o conhecimento do processo.
Art. 949. Se a arguição for:
I - rejeitada, prosseguirá o julgamento;
II - acolhida, a questão será submetida ao plenário do tribunal ou ao seu órgão especial, onde houver.
Parágrafo único. Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário ou ao órgão especial a arguição de inconstitucionalidade quando já houver pronunciamento destes ou do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão.
Art. 950. Remetida cópia do acórdão a todos os juízes, o presidente do tribunal designará a sessão de julgamento.
§ 1º As pessoas jurídicas de direito público responsáveis pela edição do ato questionado poderão manifestar-se no incidente de inconstitucionalidade se assim o requererem, observados os prazos e as condições previstos no regimento interno do tribunal.
§ 2º A parte legitimada à propositura das ações previstas no art. 103 da Constituição Federal poderá manifestar-se, por escrito, sobre a questão constitucional objeto de apreciação, no prazo previsto pelo regimento interno, sendo-lhe assegurado o direito de apresentar memoriais ou de requerer a juntada de documentos.
§ 3º Considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, o relator poderá admitir, por despacho irrecorrível, a manifestação de outros órgãos ou entidades.
INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS
O chamado Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas ou IRDR é um instituto introduzido no ordenamento jurídico brasileiro com o Novo CPC. Como o próprio nome revela, relaciona-se com a existência de demandas repetitivas em um determinado órgão de julgamento.
É comum a demanda do judiciário de uma localidade em face de cobrança indevida de empresas de telefonia. E a quantidade de processos semelhantes congestiona a atividade julgadora. O Tribunal, então, poderá admitir um IRDR. E, desse modo, os casos semelhantes serão julgados sob uma mesma tese. Assim, não apenas se promove o andamento dos processos, como se uniformiza uma decisão, de forma a evitar o julgamento diferenciado de objetos semelhantes.
Art. 976. É cabível a instauração do incidente de resolução de demandas repetitivas quando houver, simultaneamente:
I - efetiva repetição de processos que contenham controvérsia sobre a mesma questão unicamente de direito;
II - risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica.
§ 1º A desistência ou o abandono do processo não impede o exame de mérito do incidente.
§ 2º Se não for o requerente, o Ministério Público intervirá obrigatoriamente no incidente e deverá assumir sua titularidade em caso de desistência ou de abandono.
§ 3º A inadmissão do incidente de resolução de demandas repetitivas por ausência de qualquer de seus pressupostos de admissibilidade não impede que, uma vez satisfeito o requisito, seja o incidente novamente suscitado.
§ 4º É incabível o incidente de resolução de demandas repetitivas quando um dos tribunais superiores, no âmbito de sua respectiva competência, já tiver afetado recurso para definição de tese sobre questão de direito material ou processual repetitiva.
§ 5º Não serão exigidas custas processuais no incidente de resolução de demandas repetitivas.
Art. 977. O pedido de instauração do incidente será dirigido ao presidente de tribunal:
I - pelo juiz ou relator, por ofício;
II - pelas partes, por petição;
III - pelo Ministério Público ou pela Defensoria Pública, por petição.
Parágrafo único. O ofício ou a petição será instruído com os documentos necessários à demonstração do preenchimento dos pressupostos para a instauração do incidente.
Art. 978. O julgamento do incidente caberá ao órgão indicado pelo regimento interno dentre aqueles responsáveis pela uniformização de jurisprudência do tribunal.
Parágrafo único. O órgão colegiado incumbido de julgar o incidente e de fixar a tese jurídica julgará igualmente o recurso, a remessa necessária ou o processo de competência originária de onde se originou o incidente.
Art. 979. A instauração e o julgamento do incidente serão sucedidos da mais ampla e específica divulgação e publicidade, por meio de registro eletrônico no Conselho Nacional de Justiça.
§ 1º Os tribunais manterão banco eletrônico de dados atualizados com informações específicas sobre questões de direito submetidas ao incidente, comunicando-o imediatamente ao Conselho Nacional de Justiça para inclusão no cadastro.
§ 2º Para possibilitar a identificação dos processos abrangidos pela decisão do incidente, o registro eletrônico das teses jurídicas constantes do cadastro conterá, no mínimo, os fundamentos determinantes da decisão e os dispositivos normativos a ela relacionados.
§ 3º Aplica-se o disposto neste artigo ao julgamento de recursos repetitivos e da repercussão geral em recurso extraordinário.
Art. 980. O incidente será julgado no prazo de 1 (um) ano e terá preferência sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus.
Parágrafo único. Superado o prazo previsto no caput, cessa a suspensão dos processos prevista no art. 982, salvo decisão fundamentada do relator em sentido contrário.
Art. 981. Após a distribuição, o órgão colegiado competente para julgar o incidente procederá ao seu juízo de admissibilidade, considerando a presença dos pressupostos do art. 976.
Art. 982. Admitido o incidente, o relator:
I - suspenderá os processos pendentes, individuais ou coletivos, que tramitam no Estado ou na região, conforme o caso;
II - poderá requisitar informações a órgãos em cujo juízo tramita processo no qual se discute o objeto do incidente, que as prestarão no prazo de 15 (quinze) dias;
III - intimará o Ministério Público para, querendo, manifestar-se no prazo de 15 (quinze) dias.
§ 1º A suspensão será comunicada aos órgãos jurisdicionais competentes.
§ 2º Durante a suspensão, o pedido de tutela de urgência deverá ser dirigido ao juízo onde tramita o processo suspenso.
§ 3º Visando à garantia da segurança jurídica, qualquer legitimado mencionado no art. 977, incisos II e III , poderá requerer, ao tribunal competente para
conhecer do recurso extraordinário ou especial, a suspensão de todos os processos individuais ou coletivos em curso no território nacional que versem sobre a questão objeto do incidente já instaurado.
§ 4º Independentemente dos limites da competência territorial, a parte no processo em curso no qual se discuta a mesma questão objeto do incidente é legitimada para requerer a providência prevista no § 3º deste artigo.
§ 5º Cessa a suspensão a que se refere o inciso I do caput deste artigo se não for interposto recurso especial ou recurso extraordinário contra a decisão proferida no incidente.
Art. 983. O relator ouvirá as partes e os demais interessados, inclusive pessoas, órgãos e entidades com interesse na controvérsia, que, no prazo comum de 15 (quinze) dias, poderão requerer a juntada de documentos, bem como as diligências necessárias para a elucidação da questão de direito controvertida, e, em seguida, manifestar-se-á o Ministério Público, no mesmo prazo.
§ 1º Para instruir o incidente, o relator poderá designar data para, em audiência pública, ouvir depoimentos de pessoas com experiência e conhecimento na matéria.
§ 2º Concluídas as diligências, o relator solicitará dia para o julgamento do incidente.
Art. 984. No julgamento do incidente, observar-se-á a seguinte ordem:
I - o relator fará a exposição do objeto do incidente;
II - poderão sustentar suas razões, sucessivamente:
a) o autor e o réu do processo originário e o Ministério Público, pelo prazo de 30 (trinta) minutos;
b) os demais interessados, no prazo de 30 (trinta) minutos, divididos entre todos, sendo exigida inscrição com 2 (dois) dias de antecedência.
§ 1º Considerando o número de inscritos, o prazo poderá ser ampliado.
§ 2º O conteúdo do acórdão abrangerá a análise de todos os fundamentos suscitados concernentes à tese jurídica discutida, sejam favoráveis ou contrários.
Art. 985. Julgado o incidente, a tese jurídica será aplicada:
I - a todos os processos individuais ou coletivos que versem sobre idêntica questão de direito e que tramitem na área de jurisdição do respectivo tribunal, inclusive àqueles que tramitem nos juizados especiais do respectivo Estado ou região;
II - aos casos futuros que versem idêntica questão de direito e que venham a tramitar no território de competência do tribunal, salvo revisão na forma do art. 986.
§ 1º Não observada a tese adotada no incidente, caberá reclamação.
§ 2º Se o incidente tiver por objeto questão relativa a prestação de serviço concedido, permitido ou autorizado, o resultado do julgamento será comunicado ao órgão, ao ente ou à agência reguladora competente para fiscalização da efetiva aplicação, por parte dos entes sujeitos a regulação, da tese adotada.
Art. 986. A revisão da tese jurídica firmada no incidente far-se-á pelo mesmo tribunal, de ofício ou mediante requerimento dos legitimados mencionados no art. 977, inciso III.
Art. 987. Do julgamento do mérito do incidente caberá recurso extraordinário ou especial, conforme o caso.
§ 1º O recurso tem efeito suspensivo, presumindo-se a repercussão geral de questão constitucional eventualmente discutida.
§ 2º Apreciado o mérito do recurso, a tese jurídica adotada pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça será aplicada no território nacional a todos os processos individuais ou coletivos que versem sobre idêntica questão de direito.
INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA
A assunção de competência consiste no deslocamento da competência funcional de órgão fracionário que seria originariamente competente para apreciar o recurso, processo de competência originário ou remessa necessária, para um órgão colegiado de maior composição, devendo a lide ser isolada e envolver situação de relevante questão de direito com repercussão social. O acórdão proferido pelo órgão colegiado consubstanciará em um precedente que vinculará todos os órgãos daquele tribunal, que diante de outro caso igual não poderão decidir de maneira diversa.
Imagine o julgamento que envolva a alteração de um registro de nascimento para a mudança de sexo, de feminino para masculino, depois de realizada cirurgia de redesignação sexual. Este julgamento, apesar de ser de um caso isolado, aparenta ser de grande importância para a sociedade, diante da evolução da consciência moral que a condição do gênero não pode se dissociar da dignidade da pessoa humana. O relator, ao apreciar o recurso, poderá, ou mesmo deverá, tratando-se de uma relevante questão de direito e tenha repercussão social, determinar da instauração do incidente de assunção de competência. Uma vez que a decisão do Tribunal terá o condão de servir como precedente para outras situações idênticas, deverá ela ser proferida por um órgão colegiado maior. Entendendo este órgão que não se pode vedar a alteração de registro de nascimento, esta decisão será um precedente, que vinculará todos os juízes e órgãos fracionários daquele tribunal.
IMPORTANTE: A diferença para o IRDR é o de que na assunção de competência não há a repetição em múltiplos processos.
Art. 947. É admissível a assunção de competência quando o julgamento de recurso, de remessa necessária ou de processo de competência originária envolver relevante questão de direito, com grande repercussão social, sem repetição em múltiplos processos.
§ 1º Ocorrendo a hipótese de assunção de competência, o relator proporá, de ofício ou a requerimento da parte, do Ministério Público ou da Defensoria Pública, que seja o recurso, a remessa necessária ou o processo de competência originária julgado pelo órgão colegiado que o regimento indicar.
§ 2º O órgão colegiado julgará o recurso, a remessa necessária ou o processo de competência originária se reconhecer interesse público na assunção de competência.
§ 3º O acórdão proferido em assunção de competência vinculará todos os juízes e órgãos fracionários, exceto se houver revisão de tese.
§ 4º Aplica-se o disposto neste artigo quando ocorrer relevante questão de direito a respeito da qual seja conveniente a prevenção ou a composição de divergência entre câmaras ou turmas do tribunal.
RECLAMAÇÃO
A natureza jurídica da reclamação, agora com a regulamentação pelo código processual, é de ação originariamente proposta nos tribunais, e que tem por objetivo fazer prevalecer, nas situações elencadas na lei, a autoridade das decisões proferidas em sede de recursos ou incidentes com força vinculativa, além de resguardar a competência dos tribunais.
Quando há um precedente, em que o julgador é obrigado a obedecer e ele não obedece, cabe a reclamação.
Seu objetivo é proteger a competência do tribunal e a obediência de suas decisões.
Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério Público para:
I - preservar a competência do tribunal;
II - garantir a autoridade das decisões do tribunal;
III – garantir a observância de enunciado de súmula vinculante e de decisão do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade;
IV – garantir a observância de acórdão proferido em julgamento de incidente de resolução de demandas repetitivas ou de incidente de assunção de competência;
§ 1º A reclamação pode ser proposta perante qualquer tribunal, e seu julgamento compete ao órgão jurisdicional cuja competência se busca preservar ou cuja autoridade se pretenda garantir.
§ 2º A reclamação deverá ser instruída com prova documental e dirigida ao presidente do tribunal.
§ 3º Assim que recebida, a reclamação será autuada e distribuída ao relator do processo principal, sempre que possível.
§ 4º As hipóteses dos incisos III e IV compreendem a aplicação indevida da tese jurídica e sua não aplicação aos casos que a ela correspondam.
§ 5º É inadmissível a reclamação:
I – proposta após o trânsito em julgado da decisão reclamada;
II – proposta para garantir a observância de acórdão de recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida ou de acórdão proferido em julgamento de recursos extraordinário ou especial repetitivos, quando não esgotadas as instâncias ordinárias.
§ 6º A inadmissibilidade ou o julgamento do recurso interposto contra a decisão proferida pelo órgão reclamado não prejudica a reclamação.
Art. 989. Ao despachar a reclamação, o relator:
I - requisitará informações da autoridade a quem for imputada a prática do ato impugnado, que as prestará no prazo de 10 (dez) dias;
II - se necessário, ordenará a suspensão do processo ou do ato impugnado para evitar dano irreparável;
III - determinará a citação do beneficiário da decisão impugnada, que terá prazo de 15 (quinze) dias para apresentar a sua contestação.
Art. 990. Qualquer interessado poderá impugnar o pedido do reclamante.
Art. 991. Na reclamação que não houver formulado, o Ministério Público terá vista do processo por 5 (cinco) dias, após o decurso do prazo para informações e para o oferecimento da contestação pelo beneficiário do ato impugnado.
Art. 992. Julgando procedente a reclamação, o tribunal cassará a decisão exorbitante de seu julgado ou determinará medida adequada à solução da controvérsia.
Art. 993. O presidente do tribunal determinará o imediato cumprimento da decisão, lavrando-se o acórdão posteriormente.
AÇÃO RESCISÓRIA
O processo foi encerrado e transitou em julgado. É o fim, certo? Não necessariamente. Às vezes, algumas ocorrências podem demandar novamente o juízo para resolução de uma causa já discutida. Isto, contudo, não fere o princípio da segurança jurídica. Visa, por sua vez, garantir o direito justo das partes em litígio. Assim, é a função da chamada ação rescisória.
Embora não seja um recurso do Novo CPC, a ação rescisória tem o condão de reformar o que já foi decidido.
A ação rescisória é “a ação autônoma de impugnação, que tem por objetivos a desconstituição de decisão judicial transitada em julgado e, eventualmente, o rejulgamento da causa”. Ou seja, pretende a anulação de uma decisão judicial.
A coisa julgada pode ser dividida em:
Coisa julgada formal: ela decorre, simplesmente, da imutabilidade da sentença, seja pela impossibilidade de interposição de recursos, quer porque a lei não mais os admite, quer por decurso do prazo, quer por desistência ou renúncia à sua interposição.
Coisa julgada material: quando se trata de sentença de mérito. Faz nascer a imutabilidade daquilo que tenha sido decidido para além dos limites daquele processo em que se produziu, ou seja, quando sobre determinada decisão judicial passa a pesar autoridade de coisa julgada, não se pode mais discutir sobre aquilo que foi decidido em nenhum outro processo.
Então, a ação rescisória trata-se da viabilidade de os legitimados do artigo 967 pleitearem, perante Tribunal competente, o desfazimento (rescisão) da coisa julgada material diante da presença de, ao menos, uma das hipóteses dos incisos do artigo 966. É uma nova ação, que não se confunde com aquela em que a decisão cuja coisa julgada se pretende rescindir, cujo exercício rende ensejo ao surgimento de um novo processo perante o tribunal competente para julgá-la.
Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:
I - se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do juiz;
II - for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente;
III - resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou, ainda, de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei;
IV - ofender a coisa julgada;
V - violar manifestamente norma jurídica;
VI - for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou venha a ser demonstrada na própria ação rescisória;
VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável;
VIII - for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos.
§ 1º Há erro de fato quando a decisão rescindenda admitir fato inexistente ou quando considerar inexistente fato efetivamente ocorrido, sendo indispensável, em ambos os casos, que o fato não represente ponto controvertido sobre o qual o juiz deveria ter se pronunciado.
§ 2º Nas hipóteses previstas nos incisos do caput , será rescindível a decisão transitada em julgado que, embora não seja de mérito, impeça:
I - nova propositura da demanda; ou
II - admissibilidade do recurso correspondente.
§ 3º A ação rescisória pode ter por objeto apenas 1 (um) capítulo da decisão.
§ 4º Os atos de disposição de direitos, praticados pelas partes ou por outros participantes do processo e homologados pelo juízo, bem como os atos homologatórios praticados no curso da execução, estão sujeitos à anulação, nos termos da lei.
§ 5º Cabe ação rescisória, com fundamento no inciso V do caput deste artigo, contra decisão baseada em enunciado de súmula ou acórdão proferido em julgamento de casos repetitivos que não tenha considerado a existência de distinção entre a questão discutida no processo e o padrão decisório que lhe deu fundamento.
§ 6º Quando a ação rescisória fundar-se na hipótese do § 5º deste artigo, caberá ao autor, sob pena de inépcia, demonstrar, fundamentadamente, tratar-se de situação particularizada por hipótese fática distinta ou de questão jurídica não examinada, a impor outra solução jurídica.
Art. 967. Têm legitimidade para propor a ação rescisória:
I - quem foi parte no processo ou o seu sucessor a título universal ou singular;
II - o terceiro juridicamente interessado;
III - o Ministério Público:
a) se não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção;
b) quando a decisão rescindenda é o efeito de simulação ou de colusão das partes, a fim de fraudar a lei;
c) em outros casos em que se imponha sua atuação;
IV - aquele que não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção.

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