Buscar

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 198 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 198 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 198 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

TEMPLATE DE PRODUÇÃO DE LIVRO DIDÁTICO DE GRADUAÇÃO 
 
 
AUTOR: Me.Camila Tecla Mortean Mendonça 
Me. Suzi Maria Nunes Cordeiro 
DISCIPLINA: Didática 
MODALIDADE: Graduação EAD 
 
 
 
 
 
INÍCIO DO CURRÍCULO LATTES DO PROFESSOR 
Professora Me. Camila Tecla Mortean Mendonça 
Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade 
Estadual de Maringá - UEM, linha de Políticas e Gestão da Educação. Mestre 
em Educação no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade 
Estadual de Maringá - UEM, linha de História e Historiografia da Educação 
(2016). Especialista em Docência no Ensino Superior (2011), Gestão Escolar - 
Administração, Supervisão e Orientação (2012), Atendimento Educacional 
Especializado - AEE (2014) e Educação a distância e as tecnologias 
educacionais (2014) pela Unicesumar - Centro Universitário Cesumar. 
Graduada nos Cursos de Licenciatura e Bacharelado em Pedagogia (2008) e 
Licenciatura em História (2019) pela mesma instituição. É docente da 
Educação Básica da Rede Municipal de Ensino de Maringá e da Unicesumar. 
Nesta última, trabalha na Educação a Distância – EAD e orienta projeto de 
Iniciação Científica na área da educação. Participa do Grupo de Pesquisa EAD 
e as Tecnologias Educacionais - GPEaDTEC/UEM, cadastrado no CNPq. 
<http://lattes.cnpq.br/4187832592319972> 
FIM DO CURRÍCULO LATTES DO PROFESSOR. 
INÍCIO DO CURRÍCULO LATTES DO PROFESSOR 
Professora Me. Suzi Maria Nunes Cordeiro 
Possui Graduação em Pedagogia pela Universidade Estadual de Maringá - 
UEM (2011) e Especialização em Psicopedagogia Clínica e Institucional pela 
mesma Instituição de Ensino Superior (2014). É Especialista em EAD e as 
Novas Tecnologias Educacionais pela Unicesumar (2016), Mestre em 
Educação pela UEM (2016) e Doutora pela mesma IES (2019). Atua como 
professora da Pedagogia na Unicesumar, coordena o projeto de pesquisa 
docente sobre Teoria e Prática na formação de professores e o 
desenvolvimento global dos alunos, bem como orienta alunos de Iniciação 
Científica. Tem experiência com disciplinas de Didática, Políticas Educacionais, 
Estágio Supervisionado, dentre outras da Graduação e Pós-graduação, tanto 
com escrita de livros didáticos quanto com aulas ministradas. É participante do 
Grupo de Estudos e Pesquisas em Escola, Família e Sociedade da UEM, 
cadastrado no CNPq. Possui pesquisas e livros científicos relacionados a 
Educação na linha de Psicologia da Educação. Ministra palestras sobre a 
educação no século XXI, a exemplo, a educação da família e da escola, as 
políticas educacionais e outras temáticas que envolvem o ensino, a 
aprendizagem e a formação de professores. 
<http://lattes.cnpq.br/1301448235769294> 
FIM DO CURRÍCULO LATTES DO PROFESSOR. 
http://lattes.cnpq.br/4187832592319972
http://lattes.cnpq.br/1301448235769294
INÍCIO DA APRESENTAÇÃO GERAL 
Caro(a) aluno(a), é com muita satisfação que apresentamos a leitura da 
presente obra, intitulada “Didática”. O estudo da Didática se faz presente em 
todos os cursos de licenciatura e alguns cursos de bacharelado, tendo em vista 
seu caráter formativo para a prática pedagógica e a necessidade de se pensar e 
estudar os procedimentos de ensino, que são inerentes à profissão docente. 
Nesse contexto, lhe convidamos para uma leitura que propõe os objetivos 
de conhecer e refletir sobre o processo de ensino e de aprendizagem 
historicamente construído; compreender como o processo de ensino se dá 
desde o século XIX até os dias atuais e como a escola, instituição sistematizada, 
organiza e gere os processos de ensino e de aprendizagem. 
Também são objetivos a reflexão e proposição de modelos ou sugestões 
de métodos, metodologias e recursos que visam auxiliar o professor em sua 
prática pedagógica diária e a reflexão sobre como a avaliação escolar deve 
seguir a metodologia adotado pelo professor e levar o aluno a construção das 
suas competências e habilidades. 
Atendendo a essas finalidades, a Unidade I, intitulada “Fundamentos 
históricos e filosóficos da Didática”, leva ao conhecimento da origem da Didática 
e sua construção histórica a partir de seu criador João Amós Comênio, intelectual 
e teólogo que, no final do século XVII, produziu uma das obras mais importantes 
para a educação, a Didática Magna. Também se farão relevantes o 
conhecimento do Ratio Studiorum e dos métodos de ensino aplicados no Brasil 
desde os meados do século XVI. 
 A Unidade II, intitulada “Tendências pedagógicas”, aborda os estudos 
pertinentes às teorias educacionais que fundamentaram o processo de ensino e 
de aprendizagem desde o final do século XIX no Brasil. Para isso, as tendências 
são descritas levando em consideração o contexto histórico; o papel da escola, 
do professor e dos alunos; os conteúdos; os métodos e a aprendizagem. A 
discussão se encerra pela contextualização da didática na contemporaneidade 
e sua utilização nos ambientes não formais de aprendizagem. 
A Unidade III, intitulada “Planejamento de ensino”, mostra como se 
constituem os planejamentos em ambiente escolar e ambientes não formais de 
aprendizagem, desde as ações macro até as ações micro, a fim de proporcionar 
uma visão linear dos encaminhamentos pedagógicos que começam a nível 
nacional, por meio de documentos da Educação que embasam os currículos 
escolares de todo o país, passando por documentos regionais até chegar ao 
nível institucional e, finalmente, ao professor que colocará em prática seu plano 
de aula. Para isso, veremos que todo planejamento envolve pesquisa e 
organização docente. 
A Unidade IV, intitulada “Execução do planejamento”, fornece elementos 
que proporcionam o conhecimento das práxis pedagógicas que norteiam os 
métodos de ação das atividades estabelecidas no planejamento, a fim de 
compreender os procedimentos de ensino que aliam estratégias e técnicas 
eficientes e eficazes para um ensino de qualidade e uma aprendizagem 
significativa. Finaliza-se com a reflexão sobre as competências e as habilidades 
necessárias para o professor, bem como a postura adequada ao profissional. 
Por fim, a Unidade V, intitulada “Avaliação do processo de ensino e de 
aprendizagem”, apresenta o conceito de avaliação e como ela foi vista no 
decorrer de todas as tendências pedagógicas até chegar à concepção de 
avaliação que possuímos atualmente. Também realizaremos discussões em 
torno dos modelos de avaliação que são utilizados e a importância que tem a 
utilização da avaliação de forma consciente, com finalidade pedagógica, 
possibilitando que o professor repense sua prática pedagógica e que os alunos 
concretizem os conhecimentos que foram adquiridos. 
Esperamos que você aprecie as reflexões propostas nesta obra e as aproveite 
ao máximo, enriquecendo os seus conhecimentos e utilizando-os em suas 
práticas pedagógicas, contribuindo, assim, para que a educação ganhe novos 
rumos com a formação de sujeitos críticos e conscientes. Esperamos também 
que você amplie os seus conhecimentos sobre a temática por meio da 
pesquisa, e não tome esta obra como sua única fonte de saberes. Vamos lá? 
FIM DA APRESENTAÇÃO GERAL. 
 
 
 
 
 
INÍCIO DA UNIDADE I 
INÍCIO DA FOLHA DE ABERTURA 
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E FILOSÓFICOS DA DIDÁTICA 
Me. Camila Tecla Mortean Mendonça 
 
Objetivos de Aprendizagem 
● Conhecer o surgimento da Didática e o seu precursor, João Amós 
Comênio, a fim de compreender o contexto histórico. 
● Refletir sobre a Didática Magna e suas propostas pedagógicas, para 
identificar as ações presentes na educação até os dias atuais. 
● Analisar a construção histórica da didática no Brasil, a fim de compreender 
como a educação permeia as diferentes sociedades. 
 
Plano de Estudo 
● João Amós Comênio 
● A Didática Magna 
● A construção histórica da Didática no Brasil 
 
 
FIM DA FOLHA DE ABERTURA. 
 
 
 
 
 
 
 
 
INÍCIO DA INTRODUÇÃO 
Olá, caro(a) aluno(a)! Dando início aos estudos sobre a Didática, 
discutiremos, nesta unidade,seu nascimento. Para isso, percorreremos um 
caminho de conhecimento sobre seu criador, o intelectual, filósofo e teólogo João 
Amós Comênio. Depois, conheceremos sua maior obra para a educação 
institucional, intitulada Didática Magna. 
Continuaremos nossos estudos pela construção histórica da Didática no 
Brasil, iniciando com a educação Jesuíta e a sua obra didático-pedagógica, o 
Ratio Studiorum. Destacaremos, também, mais três métodos utilizados no Brasil 
no processo de ensino e de aprendizagem: o método individual, o método 
simultâneo e o método Lancaster. 
O surgimento da Didática está atrelado à gênese da educação 
institucional, no decorrer da construção da sociedade, das ciências e da 
produção, como uma atividade que possui intencionalidade, planejamento e é 
dedicada à instrução das pessoas (LIBÂNEO, 1994). 
Desde os primeiros tempos há indícios de formas rudimentares de 
aprendizagem, no entanto ainda não havia didática como forma de organização 
e estrutura do ensino. Na Antiguidade Clássica e no Período Medieval também 
havia presença de ações pedagógicas nos mosteiros, igrejas e universidades, 
porém só podemos tratar de Didática após meados do século XVII, quando se 
concretizou como uma teoria do processo de ensino, que sistematize o ensino e 
as formas de ensinar (LIBÂNEO, 1994). 
O termo Didática aparece quando há a intervenção de adultos no 
processo de aprendizagem das crianças e jovens, por meio de uma ação 
intencional e planejada. A escola, assim, se institucionaliza, e o processo de 
ensino se torna sistematizado, levando em consideração o ritmo dos alunos e a 
assimilação dos conteúdos. 
Nesse sentido, nosso objetivo nesta unidade, caro(a) aluno(a), é que você 
compreenda a Didática como uma teoria que investiga o processo de ensino, 
que faz parte do fazer diário do professor. Convidamos você a iniciar a leitura 
desta unidade e se deleitar com a compreensão destes conceitos, que são 
fundamentais para a construção de uma prática pedagógica consistente. 
FIM DA INTRODUÇÃO. 
 
INÍCIO DO TÓPICO 1 
1. JOÃO AMÓS COMÊNIO 
Em tcheco, Jan Amos Komensky; no latim, Iohannes Amos Comenius; em língua 
portuguesa, João Amós Comênio. Ele foi um grande estudioso da História da 
Educação, destacando-se principalmente nos estudos da Didática. Nasceu na 
cidade de Nivnice, na Moravia, região da Boêmia atualmente chamada de 
República Tcheca e Polônia, no dia 22 de março de 1592. Comênio faleceu em 
15 de novembro de 1670 na cidade de Amsterdã, na Holanda, em decorrência 
de intensas perseguições sofridas em seus 78 anos de existência, nos inúmeros 
lugares que habitou (OLIVEIRA; COSTA, 2012). 
Teólogo, filósofo e educador, João Comênio possui uma história de vida 
muito singular que contribuiu para que se tornasse um grande estudioso da 
Educação. Ficou órfão aos 12 anos e, no ano de 1608, aos 16, matriculou-se na 
escola secundária de Prerov, onde se destacou como um bom aluno (LOPES, 
2008). Sua inquietação sobre a melhor forma de ensinar e aprender surgiu nos 
estudos de Latim, em que os alunos eram forçados a estudar de forma 
desordenada e distante da realidade. 
Aos 20 anos, cursou filosofia na Academia de Hebron. Seus estudos o 
aproximaram da vida espiritual e possibilitaram que ele refletisse sobre autores 
que marcaram profundamente seus pensamentos. Por meio de seu mestre, 
Alsted, conheceu os pensamentos progressistas de Francis Bacon (1561-1626) 
e Holfgang Ratke (1571-1635), que elaboravam novos métodos valorizando a 
experiência do aprendiz. Aos 22 anos, João Comênio transferiu-se para o curso 
de Teologia da Academia de Heildeberg (OLIVEIRA; COSTA, 2012). Após a 
conclusão da sua formação, retornou para a Morávia, onde desempenhou a 
função de pastor e de educador. 
 
1.1 A guerra dos 30 anos 
 
Após dois anos trabalhando como pastor e educador na Morávia, João 
Comênio transferiu-se para Fulnek, em 1616, onde casou-se com sua primeira 
esposa, Madalena Vizovska, com quem teve seus dois primeiros filhos. No 
entanto, em 1621, o exército dos espanhóis invadiu a cidade de Fulnek em 
virtude da guerra dos 30 anos, causando a Comênio duas grandes perdas: a 
primeira se refere aos seus livros e manuscritos e a segunda à sua esposa e 
filhos, que morreram vítimas da peste. Comênio se viu obrigado a reiniciar a sua 
produção. 
Devido à guerra dos 30 anos (1618-1648), Comênio precisou abandonar 
a sua pátria e passou por vários países divulgando as suas ideias. Destacamos 
aqui as localidades de Lezno, Suécia, Londres, Transilvânia, Hungria e 
Amsterdã. Apesar das dificuldades que enfrentava, Comênio relacionava-se com 
os grandes pensadores da sua época (OLIVEIRA; COSTA, 2012). 
Na sequência desses acontecimentos, iniciou-se a perseguição contra os 
morávios, que fugiram para a Polônia e se estabeleceram na cidade de Leszno. 
Nesse período, Comênio casou-se pela segunda vez com a filha de um bispo 
muito conhecido e importante na região, chamada de Dorotéia Cirilo. Em Fulnek, 
outra tragédia destruiu a cidade e, junto com ela, a casa e a biblioteca de 
Comênio. 
No ano de 1648, Dorotéia Cirilo faleceu, deixando Comênio e os cinco 
filhos na cidade de Leszno. Nesse período, Comênio vivenciou uma situação 
aguda e foi muito criticado e incompreendido pela comunidade da Morávia. 
Pobre e doente, seguiu para Holanda, onde se casou pela terceira vez com 
Johana Gasusová, no ano de 1649. Na cidade de Amsterdã, onde viveu até a 
sua morte, cresceu novamente como educador e reformador social a partir de 
suas ideias progressistas. Em 15 de novembro de 1670, Comênio morre após 
adoecer gravemente. Cercado pela família e por amigos, é enterrado na igreja 
da pequena cidade de Naarden, onde está construído seu mausoléu. 
 
 
1.2 Vida acadêmica 
Apesar de sua história, Comênio teve uma vida muito produtiva. Começou 
sua vida acadêmica destacando-se em Hebron, por volta de 1611, onde se 
preocupou em escrever um dicionário com expressões elegantes de sua língua 
materna intitulado Bohemicae Thesaurus, ou Tesouro da Língua Boêmia, cujo 
conteúdo descreve a gramática completa da língua tcheca. 
Neste mesmo período, destacou-se por defender suas duas teses de 
doutorado, Problemata Miscelania e Syloge Quaestiorum Controversum, que 
foram grandemente elogiadas por seus mestres. Após um período em Heidel-
berg para estudos sobre a Matemática e a Astronomia, retornou para a Boêmia. 
No ano de 1614, Comênio foi designado reitor da escola de Prerov, 
comunidade Morávia. Nesse período, se destacou e foi notadamente elogiado 
pela inclusão de atividades ao processo de ensino que anteriormente não eram 
utilizadas, como conversas, músicas e jogos, tornando a escola um espaço 
agradável. Com isso, eliminou da escola os castigos corporais muito utilizados 
naquele período. 
Destacou-se pelo seu brilhantismo como educador, principalmente após 
a reforma educacional que culminou na implantação de métodos diferenciados 
para o ensino das disciplinas de Artes e de Ciências. Em 1616, estabeleceu-se 
em Fulnek, onde atuou como pastor morávio. Em 1623, durante sua estadia em 
Brandeis, escreveu Labyrint sueta a ráj srdce ou O labirinto do mundo e o paraíso 
do coração, para consolar os que haviam sobrevivido à guerra, a fim de que 
pudessem encontrar alento em Cristo e não nos bens materiais; foi uma de suas 
obras de maior valia (LOPES, 2008). 
Posteriormente foi a Londres, onde foi convidado a assumir a Reitoria da 
Universidade de Harvard. Negando o convite, viajou para vários países, mas 
acabou se fixando em Leszno. Em uma ocasião durante passagem pela Suécia, 
Comênio deparou-se com René Descartes no castelo de Endegeest. Apesar de 
se tratar de um breve encontro, acredita-se que Descartes tenha simpatizado por 
Comênio, tendo em vista a proximidade do pensamento de ambos com relação 
ao ensino realizado nas escolas da época. Tanto Comênio quanto Descartes 
foram intelectuais quedesenvolveram métodos e defendiam a utilização destes 
para o processo de ensino. Idealizavam uma ciência universal a que todos 
pudessem ter acesso. 
 
No entanto, em um ponto as suas ideias divergiam. Descartes acreditava 
que a ciência deveria ser utilizada com a finalidade exclusivamente humana, 
desconsiderando os aspectos religiosos. Em contrapartida, Comênio acreditava 
que a ciência deveria ser ensinada e utilizada como uma forma de aproximar as 
pessoas de Deus, ou seja, com a finalidade religiosa. 
Suas obras pedagógicas apareceram somente no período de 1630 e 
1633: a Didática tcheca, Informatorium Skóly Materké (que se traduz por Guia 
da Escola Materna); Janua Linguarum Reserata (traduzido por Porta Aberta das 
Línguas) e a Didática Magna, a obra mais importante para a educação. Esses 
escritos foram desenvolvidos tanto para professores quanto para alunos. Aos 
professores era indicado o aprender a fazer e, a partir disso, fundamentar a 
prática em uma sólida teoria; aos alunos era preciso aprender a aprender 
(LOPES, 2008). 
Já em 1642, a fim de ajudar a Suécia e melhorar o seu estudo do latim, é 
encomendada a Comênio, pelo Chanceler Oxenstiern, a escrita da obra 
Methodus Linguarum Novíssima ou Novíssimo Método das Línguas, publicada 
em 1947. Essa é a principal obra sobre os estudos dos idiomas escrita por 
Comênio, que possuía uma grande preocupação com os estudos comparativos 
das línguas, chegando a traçar regras para a tradução de textos (LOPES, 2008). 
A convite do príncipe Sigismundo Rákoczy, em 1650, Comênio assume 
uma escola na Hungria e nela permanece por quatro anos. Nesse período, 
escreve a obra Orbis pictus, (Mundo Ilustrado ou Sensível), que, segundo Lopes 
(2008, p. 52), consiste na síntese da sua vasta experiência pedagógica, 
discutindo, por meio de gravuras, três objetivos: 
 
1) reter a noção aprendida; 
2) estimular a inteligência infantil; 
3) facilitar a aprendizagem da leitura. 
 
 
Devido à grande influência da religião na vida e na formação de Comênio, 
utilizava a Bíblia como fonte de sabedoria e como fundamentação para a sua 
filosofia. Em 1670, antes de sua morte, escreveu ainda um resumo dos princípios 
pedagógicos: Spicilegium Didactium ou Didática Especial. 
Caro(a) aluno(a), após visualizarmos a vida e a obra de João Amós 
Comênio, você deve estar se perguntando: por que é importante saber a 
trajetória desse autor? Por que estudar a Didática Magna, texto escrito no século 
XVII? 
Conhecer a trajetória da vida e da obra desse autor é importante para que 
possamos compreender em que período histórico ele elaborou seu método. 
Comênio teve uma vida muito conturbada, como pudemos observar, no entanto 
o momento histórico em que ele viveu foi tão conturbado quanto. Foi no decorrer 
dos séculos XVI e XVII que a história da humanidade sofreu grandes 
transformações, principalmente na Europa, tendo em vista o declínio do sistema 
feudal e a ascensão do capitalismo, um período marcado pelo abismo entre ricos 
e pobres. 
A educação escolar era restrita, destinada à burguesia e de caráter 
religioso. Mesmo assim, a metodologia utilizada era rígida, desordenada e 
distante da realidade dos alunos. Comênio foi um reformador e, apesar de ser 
um homem de seu tempo, pensou para além dele. O seu projeto era criar 
condições para que o homem pudesse se adaptar ao novo contexto produtivo do 
século XVI e XVII. Para isso, escreveu obras que tinham como objetivo a 
“construção de uma cidadania para todos, pobres, ricos, homens e mulheres de 
todas as idades, para que as pessoas todas experimentassem a libertação da 
ignorância e do sofrimento [...]” (AHLERT, 2002, p. 450). 
Nesse período ocorreram intensas mudanças na forma de produção e no 
desenvolvimento da ciência e da cultura. O clero e a nobreza diminuíam 
enquanto o poder da burguesia aumentava. Assim, na medida em que a 
burguesia se fortalecia como classe social, disputava o poder econômico e 
político com a nobreza. No mesmo ritmo crescia a necessidade de um ensino 
que fosse ligado às exigências do mundo da produção e dos negócios, ou seja, 
um ensino que contemplasse o desenvolvimento da capacidade e dos interesses 
dos indivíduos (LIBÂNEO, 1994). 
Para Ahlert (2002) a Didática Magna se apresenta como uma proposta 
pedagógica para o processo de ensino e de aprendizagem no período de 
transição entre a Idade Média e o início da Modernidade. Comênio considerava 
a educação um instrumento necessário às transformações sociais tão urgentes 
no período turbulento e conflituoso no qual viveu. Nesse sentido, a educação era 
o caminho para se chegar à libertação e salvação de todos. 
 
Comenius foi o fundador da didática e, em parte, da pedagogia 
moderna. Mas foi, ainda, um pensador, um místico, um reformador 
social, personalidade extraordinária, em suma. Seu nome figura ao 
nível dos de Rousseau, Pestalozzi e Froebel, isto é, dos maiores da 
educação e da pedagogia (COVELLO, 1991, p. 9). 
 
 A Didática Magna, ou O Tratado de Ensinar Tudo a Todos, assunto do 
nosso próximo tópico, é uma das obras mais importantes para a educação 
institucional, tendo em vista seu caráter pioneiro no processo de democratização 
da escola. Retomar a obra de Comênio significa resgatar a utopia de uma 
educação para todos, em que as mulheres e os menos favorecidos socialmente 
são incluídos. Significa uma possibilidade de educação que considere a 
multiculturalidade, “expressa no seu esforço em garantir os conteúdos universais 
na língua e contexto cultural onde o ser humano está inserido. Comênio via a 
cultura, o seu símbolo maior, como uma força libertadora para as nações 
oprimidas” (AHLERT, 2002, p. 450). 
FIM DO TÓPICO 1. 
 
INÍCIO DO TÓPICO 2 
O processo seguro e excelente de instituir, em todas as comunidades 
de qualquer Reino cristão, cidades e aldeias, escolas tais que toda a 
juventude de um e de outro sexo, sem excetuar ninguém em siveiarte 
alguma, possa ser formada nos estudos, educada nos bons costumes, 
impregnada de piedade, e, desta maneira, possa ser, nos anos da 
puberdade, instruída em tudo o que diz respeito a vida presente e à 
futura, com economia de tempo e de fadiga, com agrado e com solidez 
(COMÊNIO, 2001, p. 11). 
 
A Didática Magna escrita por Comênio (2001) se destaca como uma das 
obras mais importantes da história da educação, consagrando seu autor como 
criador da didática moderna e um dos intelectuais mais importantes do século 
XVII. Comênio concebia o homem tanto pelo seu lado humano quanto espiritual, 
tanto que faz uma proposta pedagógica que envolve ambos e que é referência 
nos estudos do processo de ensino, ou seja, da Didática. 
Por ter estudado em uma escola muito rígida, cheia de regras e com 
castigos violentos aplicados às crianças, Comênio foi capaz de perceber os 
vários defeitos que caracterizavam o método aplicado em seu tempo. Nesse 
sentido, “seu ideal era ensinar a criança de maneira que sua chegada na fase 
adulta atingisse na plenitude de suas capacidades todo o conhecimento e 
sociabilidade” (BIASSETI, 2017, p. 8). Seu objetivo era que os indivíduos 
aprendessem para a vida, de forma que conseguissem se inserir na sociedade 
e fossem capazes de cumprir os seus deveres sociais. 
 
Eles aprenderão, não para a escola, mas para a vida, de forma que os 
jovens tornem-se enérgicos, prontos para tudo, diligentes e 
merecedores da atribuição de qualquer um dos deveres da vida, e 
ainda mais, se tiverem acrescentado à virtude uma conversação suave, 
e tudo tiverem coroado com o temor e o amor de Deus. Tornar-se-ão 
capazes de expressão e eloquência (COMÊNIO, 2001, p. 200). 
 
A escola, nesse contexto, deveria ser um lugar tranquilo, de convivência 
e trabalho em equipe. Os alunos teriam a oportunidade de se expressar, de se 
relacionar socialmente, de aprender de forma agradável, em um processo de 
transformação dos alunos em seres humanos, iniciado no nascimento econtinuado dentro da escola. “Os livros de textos deveriam ser padronizados e 
cada aluno deveria ter o seu próprio livro. Também, cada classe deveria ter um 
texto contendo todo o conteúdo de cada aula” (BIASSETI, 2017, p. 9). 
A educação pansófica ou a sabedoria universal defendida por Comênio 
se traduz no seu ideário de se ensinar tudo a todos, necessidade atribuída a sua 
crença em Deus, em sua infinita bondade. Assim, a educação pansófica se 
constituiu em uma organização do saber, em um projeto educativo ou um ideal 
de vida imaginado por Comênio. 
O pensador organizou a didática em quatro níveis: escola materna – de 0 
a 6 anos; escola vernácula – de 7 a 12 anos; escola latina – de 13 a 18 anos; e 
universidades e viagens a partir dos 19 anos. Tratemos de tais níveis com mais 
atenção: 
 
 
Escola materna – de 0 a 6 anos. É o lar, considerada a primeira escola da 
criança. Nesse período as crianças deveriam ter o convívio familiar e aprender a 
partir de suas próprias observações. Além disso, as funções específicas também 
deveriam ser ensinadas, como a sociabilidade, a percepção e a religião, a partir 
do interesse das crianças dessa idade. Comênio era a favor dos contos de fadas, 
dos jogos, das atividades manuais, da música, do humor e das fábulas 
(BIASSETI, 2017). 
 
 
Escola vernácula – de 7 a 12 anos. Comênio acreditava que as crianças nesse 
período deveriam aprender todas juntas, de forma que a educação deveria ser 
básica e completa, aquela necessária para a vida de todos nós. A língua 
vernácula, ou seja, o idioma puro, tanto na linguagem oral quanto na escrita, sem 
utilização de palavras estrangeiras, deveria ser ensinado antes do latim. As 
crianças deveriam treinar os sentidos, a memória e a imaginação, 
desenvolvendo-se cognitivamente. Biasseti (2017, p. 10) destaca que as aulas 
deveriam incluir “Leitura, Escrita, Aritmética prática, Canto, Religião, Moral, 
Economia e Política, História geral, Cosmografia e as Artes mecânicas”. 
 
 
Escola latina – de 13 a 18 anos. Deveria ser destinada a desenvolver, nos 
meninos, a formação para alcançar os graus mais elevados do saber, 
independente da sua condição social. Esta escola iria treinar os alunos a 
compreender e julgar as informações adquiridas pelos sentidos, que seriam 
desenvolvidos na escola vernácula. 
 
Para isso seriam ensinadas as seguintes disciplinas: Lógica, 
Gramática, Retórica, Ciências e Artes, para que as mais elevadas 
faculdades do espírito fossem exercitadas. Quatro línguas deveriam 
ser aprendidas: o vernáculo, o latim, o grego e o hebraico. Nesses seis 
anos de escola latina as matérias seriam divididas: Gramática, Filosofia 
natural, Matemática, Ética, Dialética e Retórica (BIASSETI, 2017, p. 
10). 
 
 
 
Universidades e Viagens – a partir dos 19 anos. Indicaria o mais alto nível de 
educação, seria somente para os alunos mais dedicados e com alto caráter 
moral. O ingresso nesse nível seria realizado por meio de exame público para 
avaliação dos alunos (BIASSETI, 2017). Uma função da universidade seria a 
pesquisa e as viagens seriam para coleta de informações sobre a natureza 
humana e suas instituições. 
 
Comênio também baseou seus métodos em uma teoria da vida mental 
e do desenvolvimento infantil. Observou cuidadosamente o 
desenvolvimento das plantas e animais, a execução de artes manuais 
e artesanato e os interesses espontâneos das crianças. Compreendia 
que a verdadeira base da ciência educacional deveria ser o 
crescimento natural da criança, e seguindo este caminho, deveria se 
basear o método de ensino neste princípio de sucessão natural 
(BIASSETI, 2017, p. 11). 
 
 
Comênio defendia que a escola era fundamental para a educação dos homens, 
por isso a sua máxima “ensinar tudo e todos”. Para ele, dar acesso ao 
conhecimento a todos permitiria que o homem pudesse se colocar como 
agente do seu desenvolvimento, ou seja, como ator e não como mero 
espectador. 
 
INÍCIO DO REFLITA 
Você acredita que a máxima de Comênio, “ensinar tudo a todos”, ainda se faz 
necessária nos dias atuais? 
 
FIM DO REFLITA. 
 
Nesse sentido, caro(a) aluno(a), a educação de Comênio propunha tinha 
como objetivo formar bons cristãos, assim, os homens seriam capazes de 
praticar boas ações a todos, sem distinção. Sua teoria possuía consistência e 
apresentava uma boa articulação entre suas diversas dimensões: religiosa, 
filosófica, educacional e social, mas isso não foi o suficiente para ser 
reconhecido, no período em que viveu, pelos seus ideais inovadores. 
Acreditamos que seja por sua trajetória de vida e pelo momento histórico e social 
em que viveu. 
Para Comênio (2001) a Didática é, ao mesmo tempo, um processo e um 
tratado; consiste tanto em um ato de ensinar como na arte de ensinar. É uma 
ação sublime, pois forma seres humanos, envolve professor e aluno, tornando 
ambos diferentes do que eram antes. 
Nesse contexto, ensinar supõe que há conteúdos a serem ensinados, 
sejam eles de natureza moral, instrucional ou sobre a religião. Esses 
conhecimentos também dão base para a exploração e o conhecimento de nós 
próprios, assim, essa natureza que deve ser explorada é a natureza social, ou 
seja, os conteúdos historicamente acumulados. 
Comênio também defendia a educação escolar das crianças pequenas, 
pois, assim, elas poderiam ter acesso, desde cedo, às noções das ciências 
básicas que viriam a estudar mais tarde. Ele acreditava que a aprendizagem 
iniciava pelo treino dos sentidos, pois as impressões das experiências 
vivenciadas com os objetos seriam internalizadas e mais tarde interpretadas pela 
consciência racional. 
A base do método didático de Comênio se constitui por três elementos: 
compreensão, retenção de informações e prática. Por meio destes podemos 
chegar a três qualidades fundamentais que devem ser desenvolvidas pelos 
alunos: erudição, instrução e religião, as quais nos levam às três competências 
que devem ser adquiridas: desenvolvimento intelectual, disposição em 
aprender e memória. 
 
INÍCIO DA DESCRIÇÃO DA FIGURA 
 
Descrição: A imagem representa o “Método didático de Comênio”. Na figura existem 
quadros, em que, na parte superior, centralizado, existe um quadro escrito “Método 
Didático”. Este quadro está interligado à três colunas de quadros abaixo dele. Na 
primeira coluna ao lado esquerdo da imagem, o primeiro quadro está nomeado de 
“Compreensão”, no quadro abaixo da mesma coluna lemos “Erudição”, e no terceiro 
quadro está escrito “Desenvolvimento Intelectual”. Na segunda coluna, está escrito no 
primeiro quadro “Retenção de Informações”, no quadro abaixo está escrito “Instrução”, 
no terceiro quadro está escrito “Disposição em aprender”. Na terceira coluna que está 
na lateral direita, no primeiro quadro está escrito “Prática”, no segundo quadro lemos 
“Religião”, e no último quadro “Memória”. 
FIM DA DESCRIÇÃO DA FIGURA. 
 
O método didático deveria seguir a seguinte ordem: 
1. Todo o conhecimento historicamente acumulado deve ser ensinado. 
2. Tudo o que se ensina deve ser ensinado relacionando com sua aplicação 
prática, com o seu uso social. 
3. O ensino deve ser direto e claro. 
4. Deve ser ensinado a partir da verdadeira natureza das coisas, ou seja, a 
partir do conhecimento científico. 
5. Ensinar primeiramente de forma geral e posteriormente adentrar para o 
estudo das partes. 
6. Ensinar os conteúdos no seu devido tempo. 
7. Ensinar até a compreensão perfeita do conteúdo. 
8. Dar a devida importância às diferenças que existem entre as coisas. Assim, 
o ensino seria universal. 
Biasseti (2017, p. 13) destaca alguns dos princípios do método de 
instrução de Comênio: 
 
O método de Comênio tinha como propósito dar instrução de forma: 
segura e completa; certa e clara; fácil e agradável. • A educação dos 
homens deveria ser iniciada na primavera da vida; • Ensinar coisas e 
linguagem juntas; • Primeiro a criança deveria compreender o assunto, 
antes dememorizar a definição dele; • Começar pelo universal 
(elementos simples e gerais), e partir para o particular (pormenores); • 
Todo o estudo deve ser graduado por passos minuciosos; • O ensino 
deveria ser dado conforme a idade e força mental da criança 
(BIASSETI, 2017, p. 13). 
 
A Didática Magna de Comênio se constitui como um modelo do saber 
sobre a educação do homem, desde sua infância até sua juventude, por meio da 
interação social, que passaria a ser coletiva, ou seja, passaria a acontecer na 
escola. Ela apresenta características que se fizeram necessárias para a 
instituição escolar moderna, e que, em alguns aspectos, permanece nela até os 
dias atuais. Podemos destacar: a valorização da infância e sua escolarização 
formal; a concepção da família como primeiro núcleo social da criança; a relação 
entre família e escola; a escola como instituição educacional; e a construção da 
figura do professor, educador, do mestre como elemento fundamental no 
processo de ensino. Esses são motivos pelos quais se faz necessário conhecer 
e compreender Comênio. 
FIM DO TÓPICO 2. 
 
INÍCIO DO TÓPICO 3 
3. A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DA DIDÁTICA NO BRASIL 
O método didático elaborado por Comênio vai de encontro com a situação 
em que a Europa vivia no final do século XVI, em meio à Contra Reforma 
Católica. A igreja católica estava perdendo o seu espaço e o seu poder com o 
avanço do Protestantismo. Dessa forma, com o objetivo de deter o avanço 
protestante e conquistar novos fiéis, é fundada em 1539 a Companhia de Jesus, 
por Inácio de Loyola. 
A ordem surge em um momento em que as grandes navegações estão 
em ascensão, sendo utilizadas como uma arma da Igreja Católica na Contra 
Reforma. É nesse contexto que a Companhia de Jesus chega ao Brasil, pois os 
primeiros países colonizadores católicos eram Espanha e Portugal. 
No Brasil, a educação escolar iniciou-se a partir da chegada da 
Companhia de Jesus, em março de 1549. Trouxeram junto a eles um plano de 
estudos, elaborado por Inácio de Loyola e vigorado em 1552. Esse documento 
padronizava a educação em todas as instituições da Companhia de Jesus, 
apresentando métodos de ensino e orientando o professor sobre como organizar 
sua aula (FRANCA, 1952). 
Na Europa, o objetivo dessa educação, ainda voltada aos filhos dos 
nobres, era proteger o poder da Igreja Católica do protestantismo que se 
instaurava na época, ameaçando dogmas, costumes e regras já estabelecidos 
na sociedade. No Brasil, com a catequização dos índios, o objetivo era propagar 
e impor a cultura europeia, sobretudo a portuguesa, a fim de que o poder da 
Igreja Católica também permeasse a nova terra. Mais uma vez, vemos a 
educação sendo utilizada como forma de poder sobre o povo (SHIGUNOV 
NETO; MACIEL, 2008). 
 
 
 
Mais conhecido como Ratium Studiorum, o Plano de Estudos da 
Companhia de Jesus desempenha um papel muito importante na educação 
moderna, papel este que não pode ser diminuído ou menosprezado. Franca 
(2017) destaca que, historicamente, esse manual de ensino era utilizado para 
toda a organização das atividades desenvolvidas em todos os colégios que a 
Companhia de Jesus fundou e dirigiu no decorrer de aproximadamente dois 
séculos, em todos os continentes. 
A Companhia de Jesus, uma ordem consagrada a ensinar pela 
constituição escrita por seus fundadores, tinha a missão de exercer os seus 
ministérios em todo o território que entrasse. Logo depois de instituída, 
rapidamente multiplicava os seus estabelecimentos de ensino (FRANCA, 2017). 
O seu domínio era tamanho que “em 1750, poucos anos antes de sua supressão 
(1773) por Clemente XIV, a Ordem de Inácio dirigia 578 colégios e 150 
seminários, ao todo, 728 casas de ensino” (FRANCA, 2017, p. 3). 
A ordem jesuíta possuía uma organização administrativa dividida em 
Províncias e Circunscrições territoriais, ou seja, composta por casas e colégios 
da ordem, localizados em um território ou em parte dele. Administrando cada 
província, encontrava-se um Provincial, o qual possuía a função escolher o 
Prefeito de estudos e das disciplinas, prezar pela formação de bons professores, 
promover o estudo na Província, vigiar o emprego das normas estabelecidas 
pelo Ratium Studiorum, assim como sugerir mudanças devido as circunstâncias 
de tempo e lugar específicas da Província (FRANCA, 2017). 
O reitor, de acordo com Franca (2017), era a figura central do colégio 
jesuíta. Dentre as suas funções, cabia convocar e presidir a reunião com os 
professores e as solenidades escolares. Dentro do colégio jesuíta, o reitor é 
autoridade máxima; fora dela, é subordinado ao Provincial. O prefeito de estudos 
era o braço direito do reitor, e possuía a função de acompanhar de perto toda a 
rotina escolar, visitar as aulas e primar pela execução dos regulamentos e dos 
programas. Se necessário, nomeava-se ainda um prefeito de disciplinas, que 
possuía a função de auxiliar o prefeito de estudos, principalmente com relação a 
manter o bom comportamento. 
Os cursos superiores e secundários eram minuciosamente organizados 
no Ratium Studiorum, de acordo com Franca (2017, p. 65): 
 
I – Currículo Teológico. 4 anos. Teologia escolástica. 4 anos; dois 
professores, cada qual com 4 horas por semana. Teologia moral. 2 
anos. Dois professores com aulas diárias ou um professor com duas 
horas por dia. Sagrada Escritura. 2 anos com aulas diárias. Hebreu. 1 
ano, com duas horas por semana. A revisão de 1832 ao currículo 
teológico acrescentou, com disciplinas autônomas, o Direito Canônico 
e a História Eclesiástica, estudada no século XVI, só ocasionalmente. 
II – Currículo filosófico. 1o. Ano – Lógica e introdução às ciências; um 
professor; 2 horas por dia. 2o. Ano – Cosmologia, Psicologia, Física – 
2 horas por dia. Matemática – 1 hora por dia. 3o. Ano – psicologia, 
Metafísica, Filosofia Moral – dois professores. Duas horas por dia. III – 
Currículo Humanista. O currículo humanista, corresponde ao moderno 
curso secundário, abrange, no Ratio, cinco classes: 1 – Retórica. 2 – 
Humanidades. 3 – Gramática Superior. 4 – Gramática Média. 5 – 
Gramática Inferior. 
 
Essas classes possuíam a característica dos graus, ou estágios de 
progresso. De acordo com Franca (2017), só poderia ser promovido a um grau 
superior o aluno que havia adquirido integralmente os conhecimentos. Por esse 
motivo os currículos eram concluídos, muitas vezes, somente 6 ou 7 anos após 
o seu início. Franca (2017) apresenta como estava organizada a maior parte do 
currículo, ou seja, o III – Currículo Humanista: 
 
Quadro 1 - Organização do currículo Humanista do Ratium Studiorum 
 
Grau Classe Ano 
1 Retórica 7 
2 Humanidades 6 
3 Gramática Superior 5 
4 Gramática Média A 4 
4 Gramática Média B 3 
5 Gramática Inferior A 2 
5 Gramática Inferior B 1 
Fonte: Franca (2017, p. 7). 
 
Na prática, os colégios da Companhia de Jesus não eram instituições de 
ensino rígidas, sem vida. No entanto, continham um ar conservador e 
suavemente progressista que acompanhava a cultura e as mudanças sociais. 
A metodologia do Ratium Studiorum compreende processos didáticos 
com a finalidade do estímulo e a transmissão dos conteúdos. A metodologia 
apresentava flexibilização quanto aos processos de trabalho, uma vez que o 
plano de estudos possuía uma variedade de métodos e permitia liberdade de 
escolha. Um ponto chave da didática do Ratium Studiorum é a preleção, ou seja, 
a indicação de lições antecipadas, que eram indicadas para os alunos 
estudarem, cujos métodos aplicados variavam de acordo com o nível intelectual 
dos alunos (TOSHIMA; MONTAGNOLI; COSTA, 2018, p. 5). 
Na pedagogia jesuíta, instrução e educação caminhavam juntas. Dessa 
forma, esse processo não era estritamente religioso, tendo em vista que o ideal 
da Companhia de Jesus era “proporcionar a realização plena da natureza 
humana” (TOSHIMA; MONTAGNOLI; COSTA, 2018, p. 9). Assim, os jesuítas 
tiveram êxito na formação decristãos e de profissionais capacitados, e o Ratium 
Studiorum, mesmo se tratando de um texto escrito no século XVI, merece 
atenção ainda hoje, tendo em vista que compreendê-lo e pensá-lo de forma 
crítica enriquece nossa postura enquanto docentes. 
Os jesuítas foram expulsos do Brasil em 1773 pelo Rei Clemente XIV. As 
causas prováveis de sua supressão versam em duas categorias: questões 
políticas e ideológicas e questões educacionais. Politicamente e 
ideologicamente, a Companhia de Jesus havia se tornado um empecilho para os 
interesses do Estado Moderno; além disso, possuíam um grande poder 
econômico que era cobiçado pela Coroa Portuguesa. No campo educacional, as 
transformações sociais que decorriam do movimento Iluminista e dos princípios 
liberais solicitavam um sujeito novo, burguês, e não mais um homem cristão 
(SHIGUNOV NETO; MACIEL, 2008). 
Assim terminou a catequização da Companhia de Jesus no Brasil. No 
entanto, mesmo após a expulsão, seus métodos e escolas se mantiveram. 
Atualmente, no Brasil, temos várias escolas e universidades que são mantidas 
pela Companhia de Jesus e que estão espalhadas por todo o território brasileiro. 
 
 
3.1 Método Individual 
 
Outros métodos pedagógicos foram utilizados no Brasil para a educação 
escolar. Aqui, destacamos o método individual. 
O método individual consiste na relação entre professor e aluno: o 
professor atente cada aluno individualmente, ou seja, o professor chama o aluno 
e em alguns minutos lhe passa a lição. Ao retornar ao seu lugar, o aluno deveria 
realizar os exercícios a fim de aprender o ensinamento do professor. Nessa 
época, os estudos realizados eram em torno do ensino da leitura. 
 
O methodo individual é aquele que o professor leciona cada menino 
em si. [...] As vantagens do método individual são o mestre tomar para 
si, a cada menino, a sua lição respectiva; as suas desvantagens são 
não se poder praticar n'uma escola, onde haja muitos meninos, porque 
isso rouba grande parte de tempo (SILVA; ARANTES, 2015, p. 17). 
 
Esse método de ensino, que é considerado um dos mais antigos, 
apresenta mais algumas vantagens para o processo de ensino, a saber: o 
professor conhecia o seu aluno de forma a compreendsaber se havia disposição 
para o conhecimento, conhecia o seu caráter, seu gênio, se poderia se tornar 
bom aluno. A partir deste conhecimento, o professor achava-se habilitado para 
formar-lhe o coração e dirigir-lhe a inteligência (SILVA; ARANTES, 2015). 
Algumas desvantagens também poderiam ser vistas, como o número de 
alunos para o professor ensinar precisava ser limitado, a disciplina era facilmente 
dissipada, pois o professor chamava um aluno após o outro para lhe tomar as 
lições (SILVA; ARANTES, 2015). Conforme exemplificamos na figura a seguir: 
 
 
INÍCIO DA DESCRIÇÃO DA FIGURA 
 
Descrição: A imagem representa o Método Individual. Na figura existe um quadro no 
qual, centralizado na parte superior, tem uma forma oval na cor marrom que representa 
o professor. Dele sai nas laterais quatro setas, sendo duas ao lado direito e duas ao 
lado esquerdo, elas apontam para figuras que representam alunos, diferenciando cada 
um por cores, as cores separam alunos nível 1, alunos nível 2, alunos nível 3 e alunos 
nível 4. Os alunos estão dispostos de forma mesclada. 
FIM DA DESCRIÇÃO DA FIGURA. 
Silva e Arantes (2015) ainda destacam que este era o método utilizado 
na instrução doméstica, aquela que ocorria em casa, em que as mães ou 
irmãos que sabiam alguma coisa ensinavam para aqueles que não sabiam 
nada. Logo em seguida, surge o método Lancaster, que esteve presente na 
primeira lei sobre a educação no país, a Lei Geral relativa do Ensino 
Elementar, publicada em 15 de outubro de 1827. 
 
INÍCIO DO SAIBA MAIS 
Outro método utilizado no Brasil foi o método intuitivo. Este chegou ao Brasil por 
volta de 1886, por meio da publicação da obra Primeiras lições de coisas, 
traduzida por Rui Barbosa. 
O objetivo do método era resolver os problemas educacionais decorrentes da 
Revolução Industrial, que se tornaram ineficientes diante das novas exigências 
sociais. A Revolução Industrial havia viabilizado a produção de novos materiais 
e mobiliário escolar, mas a sua utilização dependia da adoção de novos métodos 
pelos professores. Dessa forma, o método intuitivo propiciava orientação aos 
professores por meios de manuais, neste caso a obra Primeiras lições de coisas. 
Para saber mais sobre este método acesse o artigo: “Primeiras lições de coisas 
– manual de ensino elementar para uso dos pais e professores”, de autoria de 
Gladys Mary Teive Auras. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
40602003000100021>. 
 
Fonte: elaborado pelas autoras (2018). 
FIM DO SAIBA MAIS. 
 
 
3.2 Método Lancaster 
 
O método Lancaster, difundido na Europa no final do século XVII, chegou 
ao Brasil somente por volta da década de 1820, momento no qual o governo 
tomou a decisão de implantar o método para o processo de ensino das escolas 
do Império. Foi criado por Joseph Lancaster (1778-1838) em parceria com 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-40602003000100021
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-40602003000100021
Andrew Bell (1753-1832). A primeira escola brasileira de ensino mútuo foi criada 
oficialmente em 1º de março de 1823, e possuía como objetivo a formação de 
professores, especialmente os militares (MENDONÇA; COSTA, 2015). 
Outorgada, no ano de 1824, a primeira Constituição brasileira, a qual 
estabelecia a instrução primária gratuita a todos os cidadãos, houve a 
necessidade de propagar a instrução a todos os cidadãos brasileiros. 
Estabelecida essa meta, no dia 22 de agosto de 1825 o governo enviou um aviso 
ministerial endereçado aos presidentes de províncias, “insistindo na necessidade 
de propagar escolas pelo método lancasteriano” (CASTANHA, 2012, p. 5). 
 
O método de ensino mútuo espalhou-se de tal forma pelo Brasil que 
até mesmo no início do período republicano ainda era possível 
encontrá-lo aplicado em diversos estabelecimentos de ensino – 
públicos e particulares – não só nas aulas de primeiras letras como, 
igualmente, em colégios onde funcionavam cursos secundários 
(NISKIER, 1989, p. 105). 
 
Por ser dividido em províncias, o Brasil acabou por adotar formas 
diferenciadas do método Lancaster. Nesse contexto, Rio de Janeiro, São Paulo, 
Minas Gerais e Rio Grande do Sul implantaram, cada um à sua forma, o método 
Lancaster, tendo em vista que os governos estavam preocupados em apenas 
criar as escolas e nomear os professores. A fiscalização, o treinamento e a 
eficiência educacional não estavam nos planos dos governos provinciais 
(MENDONÇA; COSTA, 2015). 
 Apesar disso, caro(a) aluno(a), as escolas que adotaram o método 
Lancaster possuíam algumas características em comum, como a sua estrutura 
pedagógica, os agentes da ação educativa e o mobiliário. A estrutura pedagógica 
era sempre a mesma: a sala em formato retangular e os alunos organizados 
todos juntos, a sala não possuía divisão (MENDONÇA; COSTA, 2015). 
 
Jomard [...] fixou as normas desejáveis para o número de alunos, 
variando de setenta a mil. Ele indica, por exemplo, para 350 alunos, a 
necessidade de uma sala de 18m de comprimento por 9m de largura. 
Na Inglaterra e na zona rural francesa, utiliza-se frequentemente um 
celeiro para a nova escola. Na França, os edifícios religiosos, 
desocupados após o período revolucionário, são numerosos e 
respondem perfeitamente às normas desejadas. Esses edifícios 
acolhem as escolas mútuas (LESAGE, 1999, p. 12). 
 
 Segue a exemplificação da organização de uma sala de aula do método 
Lancaster: 
 
 
INÍCIO DA DESCRIÇÃO DA FIGURA 
 
Descrição: A imagem representa o Método Lancaster. Na figura existe um quadro. Na 
parte superior do quadro existe uma forma oval representando o professor. Dele 
originam-se três setasque indicam para baixo. Uma seta aponta para o meio, uma 
para a direita e outra para esquerda da imagem. Abaixo existem imagens que 
representam alunos, as figuras estão separadas por cores que representam Alunos 
nível 1, Alunos nível 2, Alunos nível 3 e Alunos nível 4. Os alunos estão dispostos da 
seguinte forma, de cima para baixo: nas duas primeiras fileiras, aluno nível 1, na 
terceira e na quarta fileira, alunos nível 2, na quinta e sexta fileiras, alunos nível 3, 
sétima e oitava fileiras, alunos nível 4. 
FIM DA DESCRIÇÃO DA FIGURA. 
 
O plano escolar da escola mútua consistia na divisão dos conteúdos 
dentro de cada disciplina. Dentro de cada grupo eram estabelecidas as 
atividades que seriam realizadas. As atividades orais e de leitura eram realizadas 
em semicírculos espalhados na sala e nos quadros negros. As atividades de 
matemática eram realizadas nos bancos (MENDONÇA; COSTA, 2015). 
 
Para trazer economia, o mobiliário e os materiais eram utilizados de forma 
reduzida: os bancos não possuíam encosto e eram produzidos de madeira 
simples, havia relógios para cronometrar as atividades realizadas, estrados 
elevavam a mesa dos professores, quadro negro e telégrafos eram utilizados 
para a comunicação entre os monitores gerais e os monitores particulares 
(ARAÚJO, 2010). 
Os agentes da ação educativa eram os professores e os alunos monitores, 
que, diferentemente dos métodos individual e simultâneo, dividiam a 
responsabilidade. Ao professor cabia orientar os monitores, transmitindo os seus 
conhecimentos a fim de que estes pudessem retransmitir o conhecimento e 
aplicar o método. Os monitores, os alunos mais fortes, eram as peças essenciais 
desse método, pois ensinavam os conteúdos diretamente aos demais alunos da 
sala (MENDONÇA; COSTA, 2015). 
 
O método Lancaster não obteve o desempenho que era esperado. Por 
esse motivo, novas discussões foram travadas. Novos métodos, misturando o 
método individual e o método Lancaster, foram surgindo ao longo dos séculos e 
estão intimamente relacionados à forma como organizamos nossa sala de aula. 
 
3.3 Método simultâneo 
 
O método simultâneo caracteriza uma evolução significativa no modo de 
ensinar, pois seu foco está na qualidade e na quantidade de alunos que se pode 
alcançar, ao mesmo tempo. O professor, ao invés de realizar o atendimento 
individual aos alunos, como proposto no método individual, pode atender de 
trinta a quarenta alunos ao mesmo tempo. Ou seja, os alunos realizam a mesma 
lição ao mesmo tempo e o professor corrige todos ao mesmo tempo. 
 
O método simultâneo consiste em dividir os discípulos em 
diversas classes ou termos, e fazer seguir em cada classe a 
mesma lição de leitura, de escrita e de cálculo, passando 
sucessivamente de uma a outra classe, e tendo todo o cuidado 
em que estão empregadas em alguma coisa, aquelas classes, 
que não assistem neste intervalo (SILVA; ARANTES, 2015, p. 
17). 
 
Criado por Jean-Baptiste de La Salle, no final do século XVII, o método 
simultâneo possuía como característica a divisão da turma em classes, levando 
em consideração a matéria e o grau de desenvolvimento dos alunos. 
 
O Método simultâneo é coletivo e apresentado a grupos de 
alunos reunidos em função da matéria a ser estudada, [...] o 
ensino não se dirige mais a um único aluno, como no modo 
individual, mas pode atender a cinquenta ou sessenta alunos ao 
mesmo tempo. Esse ensino [...] comporta em nível de estrutura, 
três classes sucessivas, a primeira é consagrada unicamente a 
leitura, [...] a segunda destina-se a aprendizagem da escrita, [...] 
na terceira classe, são abordadas as disciplinas mais complexas 
elaboradas: gramática, ortografia e cálculo (LESAGE, 1999, p. 
10-11). 
 
O autor recomendava que dentre os alunos fossem escolhidos os que se 
destacavam, os mais estudiosos. Estes seriam encarregados da vigilância dos 
demais alunos, ou seja, de “tomar” as lições dos alunos, por meio da repetição 
do que o mestre havia ensinado. A estes vigilantes também era permitido a 
repreensão dos alunos que não realizavam os seus deveres e de ensinar, 
guiando as mãos dos alunos que não conseguissem escrever. 
O método simultâneo apresentava maior vantagem para o processo de 
ensino em relação aos métodos individual e Lancaster. Neste modelo, o 
professor poderia ensinar uma quantidade proporcional de alunos, dividindo-os 
em classes segundo o desenvolvimento de cada um. Dessa forma, o professor 
poderia aplicar a toda a classe a mesma lição de leitura, cálculo e escrita. O 
professor poderia pedir para que um aluno lesse em voz alta a lição, enquanto 
os outros acompanhavam em seus livros, assim o professor poderia transitar de 
uma classe a outra, sem deixar os alunos ociosos (SILVA; ARANTES, 2015). 
Exemplificamos as classes do método simultâneo da seguinte forma: 
 
INÍCIO DA DESCRIÇÃO DA FIGURA 
 
Descrição: A imagem representa o Método Simultâneo. Na figura existem quatro 
quadros. Seguindo da esquerda para a direita, no primeiro quadro, na parte superior 
existe uma forma oval que representa o professor, do qual originam-se três setas 
direcionadas para baixo, apontando para dezoito figuras na cor vermelha 
representando alunos nível 1. Ao lado, no segundo quadro, encontramos uma 
representação semelhante, sendo que os alunos agora representados, são de nível 4. 
O terceiro quadro exemplifica a imagem anterior, porém com alunos nível 3, sendo 
seguido de uma representação também originada pela representação do professor 
direcionado por 3 setas orientadas para alunos nível 2. 
FIM DA DESCRIÇÃO DA FIGURA. 
 
Esse método, porém, também possuía desvantagens. O número de alunos era 
limitado; caso contrário, o professor necessitaria de ajudantes e teria de 
recorrer ao método individual caso chegasse um aluno para os primeiros 
ensinamentos. 
FIM DO TÓPICO 3. 
 
 
INÍCIO DAS CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Prezado(a) aluno(a), chegamos ao final das discussões sobre os 
fundamentos históricos e filosóficos da Didática. É indispensável pensarmos na 
forma como os conteúdos desta unidade foram expressos. Iniciamos nossa 
discussão conhecendo e compreendendo a Didática Magna e o seu criador João 
Amós Comênio, um intelectual e teólogo que viveu no século XVII, em meio à 
transição do sistema feudal para o sistema capitalista. Ele se configura como um 
dos mais importantes intelectuais do seu período. 
Partindo de uma experiência pessoal e atenta às mudanças sociais, 
Comênio propôs uma nova forma de se pensar o processo de aprendizagem nas 
escolas, a partir da sua obra mais importante para a educação, a Didática 
Magna. Apesar de ser um homem do seu tempo, Comênio pensou para além 
dele. Diante disso, suas obras permanecem atuais, servindo de base para as 
teorias educacionais e norteando o processo de ensino até hoje. 
As nossas discussões seguiram em torno da compreensão da Didática no 
Brasil, a partir da chegada da Companhia de Jesus para catequizar os índios. 
Essa é uma importante parte da história do Brasil, tanto com relação ao processo 
educacional quanto ao processo político, pois vemos a educação como uma 
ferramenta para o processo de dominação. Mesmo após a expulsão dos jesuítas 
do Brasil, seus métodos pedagógicos permaneceram, no entanto outros também 
surgiram, como o método individual, método Lancaster e método simultâneo. 
É importante perceber que, a partir do momento que o adulto passou a 
interferir no processo de aprendizagem das crianças e dos jovens, surgiu a 
necessidade de se pensar em métodos para o processo de ensino. Dessa forma, 
a partir do momento em que o saber é sistematizado, surge a preocupação com 
o processo de ensino, fazendo emergir intelectuais que propõem, por meio de 
suas teorias, novas formas de ensinar. 
Convidamos você a continuar o estudo sobre o processo de ensino, 
conhecendo, na próxima unidade, as tendências pedagógicas que 
fundamentam o processo de ensino e de aprendizagemdesde o final do século 
XIX. Vamos lá? 
FIM DAS CONSIDERAÇÕES FINAIS. 
 
INÍCIO DAS ATIVIDADES DE ESTUDO 
1. Estudar a obra Didática Magna de João Amós Comênio, escrita no século 
XVII, se faz necessário ainda nos dias atuais, tendo em vista que refletir sobre a 
educação e seus aspectos de valorização da infância e da escolarização formal, 
por exemplo, é uma tarefa do homem moderno. Nesse contexto, partindo da 
teoria de Comênio, leia as afirmativas e assinale a correta: 
 
a) Comênio era um homem do seu tempo, mas que pensava além dele. Por esse 
motivo, defendia que somente os homens deveriam ter acesso à escolarização 
formal. 
b) Quando era criança, Comênio teve a experiência da sua escolarização em 
uma instituição que valorizava a criança. Foi por esse motivo que ele criou um 
método, para que todos tivessem acesso à escola. 
c) Comênio defendia que deveria ser ensinado tudo a todos, pois, na época em 
que viveu, a educação era um privilégio de poucos, além de estar sob a guarda 
da Igreja Católica; 
d) Comênio defendia que as crianças pequenas também deveriam frequentar a 
escola, tendo em vista que a educação empreendida pelos pais não era 
suficiente para a formação do ser humano; 
e) Comênio defendia que a educação deveria ser acessada por todos, tendo em 
vista que seria por meio da educação que o homem desenvolveria o seu lado 
racional e intelectual. 
 
2. A educação escolar no Brasil iniciou-se por meio da Companhia de Jesus, os 
jesuítas, no ano de 1549. A chegada ao país possuía como objetivo a 
catequização dos índios e a propagação da cultura europeia, além de se 
constituir como mais uma terra onde o poder da Igreja Católica vigorava. Os 
jesuítas trouxeram consigo um documento que padronizava a educação em 
todas as instituições da Companhia de Jesus, o qual se intitula: 
 
a) Didática Magna. 
b) Ratio Studiorum. 
c) Mundo Ilustrado ou Sensível. 
d) Novíssimo Método das Línguas. 
e) Didática Tcheca. 
 
3. A Didática Magna contempla a educação pansófica, que se constitui como 
uma organização do saber, um projeto educativo e um ideal de vida imaginado 
por Comênio. Nesse contexto, ele organizou a educação em quatro níveis. Leia 
as afirmativas e assinale V para verdadeiro e F para falso, considerando os 
quatro níveis de educação. 
 
( ) Escola Materna; Escola Vernácula. 
( ) Escola Materna; Escola superior. 
( ) Escola Latina e Universidade e viagens. 
( ) Escola vernácula; Estudos posteriores. 
( ) Escola latina; Escola superior. 
 
As afirmações I, II, III e IV são, respectivamente: 
a) V, F, V, F, F 
b) F, V, V, V, F 
c) V, F, F, V, V 
d) V, V, F, V, F 
e) F, F, V, V, V 
 
 
4. Foram utilizados no Brasil alguns métodos didáticos para a escolarização após 
a expulsão dos jesuítas, em 1773. A conhecer: o método individual, o método 
mútuo e o método simultâneo. No entanto, foi somente quase um século depois 
que a instrução primária para todos os cidadãos foi garantida por Lei. Leia a 
afirma e assinale a que representa o documento que garantiu a gratuidade do 
ensino primário a todos os cidadãos. 
 
a) Constituição Federal de 1824. 
b) Carta Régia. 
c) Decisão Imperial. 
d) Lei da Corte Geral. 
e) Lei 13 de janeiro de 1822. 
 
5. O método Lancaster ou método mútuo chegou ao Brasil por volta de 1820, 
sendo implantado pelo governo como método para o processo de ensino e de 
aprendizagem nas escolas do Império. Todas as províncias do Brasil acabaram 
por adotar, cada um à sua forma, este método de ensino. Apesar disso, as 
escolas que adotaram o método apresentavam algumas características em 
comum. Leia as afirmativas e assinale a correta quanto a essas características: 
 
I – Estrutura pedagógica. 
II – Mobiliário. 
III – Atendimento individualizado. 
IV – Agentes da ação educativa. 
 
Está correto o que se afirma em: 
a) I, II e III, apenas. 
b) I, III e IV, apenas. 
c) II, III e IV, apenas. 
d) I, II e IV, apenas. 
e) I, II, III e IV. 
 
FIM DAS ATIVIDADES DE ESTUDO. 
 
 
INÍCIO DA LEITURA COMPLEMENTAR 
O MATERIALISMO HISTÓRICO DE KARL MARX E FRIEDRICH ENGELS 
 Karl Marx (1818-1883) destacou-se como um importante pensador do 
século XIX, tornando-se um dos principais nomes das ciências humanas. Em 
parceria com Friedrich Engels (1820-1895), escreveu obras que se tornaram 
clássicas, tendo como principal objeto de estudo a sociedade capitalista. Seus 
estudos inspiraram e ainda inspiram formulações das vertentes teóricas e 
políticas. Ainda que não tenham escrito uma obra dedicada ao estudo da 
metodologia, Karl Marx é considerado o precursor do Materialismo Histórico-
Dialético, que é utilizado como método de pesquisa em vários campos da ciência 
(MCLELLAN, 1988). 
Marx (1986) acreditava e expressou no conjunto de suas obras o 
nascimento, a existência, o desenvolvimento, a morte e a substituição da 
sociedade capitalista com base nas contradições entre as classes sociais, ou 
seja, no movimento dialético. Podemos ver tal movimento dialético na crença 
que Marx (1986) possuía no proletariado, pois acreditava que essa classe seria 
capaz de organizar a sociedade de forma mais séria e justa. 
Segundo Marx (1986), a história se constitui revolucionária, concebendo 
a história como produção social da existência do ser social, ontológico. Ou seja, 
a história se produziu dessa forma por conta dessa determinada sociedade, a 
capitalista. 
 
O primeiro ato histórico é, portanto, a produção dos meios que 
permitam a satisfação destas necessidades, a produção da 
própria vida material, e de fato este é um ato histórico, uma 
condição fundamental de toda a história, que ainda hoje, como 
há milhares de anos, deve ser cumprido todos os dias e todas 
as horas, simplesmente para manter os homens vivos (MARX; 
ENGELS, 1986, p. 39). 
 
O processo da história é o processo de humanização do ser social ou da 
produção da humanidade, ou seja, é o produto dos seres humanos ao produzir 
suas vidas. Ao produzir vidas se produz história. 
 A sociedade é apresentada como uma totalidade social para Marx (1986). 
O homem se constitui no corpo da sociedade, sendo a sociedade capitalista uma 
das etapas do desenvolvimento histórico. Na teoria marxista, não há seres 
sociais isolados, fora da sociedade. O trabalho se apresenta como ponto 
fundamental no processo de humanização, ou seja, de construção do ser social. 
É pelo trabalho que o homem se distingue do ser da natureza e se produz como 
ser social. 
Marx (1986) acreditava que o homem é uma forma específica de ser 
histórico. Só existe como ser social em uma determinada sociedade, ou seja, a 
concepção do ser social aparece como uma síntese de determinações sociais e 
históricas. Temos dois tipos de relações sociais: entre homem e homem, e entre 
homem e natureza. Esses conceitos são estabelecidos em conformidade com os 
meios de produção. 
Podemos perceber, pelas as considerações apontadas com relação ao 
Materialismo Histórico-Dialético de Marx e Engels, que os estudos de Marx eram 
baseados nas ciências humanas, no estudo da sociedade. Escreveu obras de 
muita importância para entendermos a sociedade capitalista e suas crises. 
Marx (1986) acreditava no movimento dialético, acreditava que a luta de 
classes é que movimenta a história. Por isso, sua análise parte sempre do plano 
material para o plano das ideias. O seu estudo sobre a sociedade capitalista 
rompe com o conceito do ser isolado e parte para a concepção do ser social, que 
produz com as mãos, trabalha com as mãos e com a cabeça, transformando sua 
realidade. Para Marx (1986), a organização social, por meio da história – ou das 
transformações sociais –, possui meios de superar o seu método. 
 
Fonte: as autoras. 
 
FIM DA LEITURA COMPLEMENTAR. 
 
INÍCIO DO MATERIAL COMPLEMENTAR – LIVRO 
Capa do livro: 
 
Título: Didática 
Autor: José Carlos Libâneo 
Editora: Editora Cortez 
Sinopse: nesse livro, aDidática é tratada como ramo de estudo da Pedagogia, 
partindo dos vínculos entre finalidades sócio-políticas e pedagógicas e as bases 
teórico-científicas e técnicas da direção do processo de ensino e aprendizagem. 
O autor propõe o estudo sistemático da Didática como teoria do processo de 
ensino de modo a unir a preparação teórica e prática na formação profissional 
do professor. Constitui-se, assim, como disciplina integradora que, ao buscar os 
conhecimentos teóricos e práticos da Teoria da Educação, Psicologia, Sociologia 
e Metodologias específicas das matérias de ensino, generaliza princípios, 
condições e meios que são muito comuns e básicos para a docência de todas 
as matérias escolares. 
Comentário: A leitura desse livro é de fundamental importância para todos os 
profissionais da educação que trabalharão com o processo de ensino e de 
aprendizagem em ambientes formais ou não formais. Compreender a Didática 
como uma parte da sua formação é compreender que há ciência e teoria no ato 
de ensinar. 
FIM DO MATERIAL COMPLEMENTAR - LIVRO. 
 
 
INÍCIO DO MATERIAL COMPLEMENTAR – FILME 
Pôster do filme: 
 
Título: Escritores da liberdade 
Ano: 2007. 
Sinopse: Hilary Swank, duas vezes premiada com o Oscar, atua nessa 
instigante história envolvendo adolescentes criados no meio de tiroteios e 
agressividade e a professora que lhes oferece o que mais precisam: uma voz 
própria. Quando vai parar numa escola corrompida pela violência e tensão racial, 
a professora Erin Gruwell combate um sistema deficiente, lutando para que a 
sala de aula faça a diferença na vida dos estudantes. Contando suas próprias 
histórias e ouvindo as dos outros, uma turma de adolescentes supostamente 
indomáveis vai descobrir o poder da tolerância, recuperar suas vidas desfeitas e 
mudar seu mundo. Com eletrizantes performances de um elenco de astros, 
incluindo Scott Glenn (Dia de Treinamento), Imelda Stauton (Harry Potter e a 
Ordem da Fênix) e Patrick Dempsey (Grey's Anatomy), ganhador do Globo de 
Ouro. Escritores da Liberdade é baseado no aclamado best-seller O Diário dos 
Escritores da Liberdade. 
FIM DO MATERIAL COMPLEMENTAR - FILME. 
 
 
INÍCIO DAS REFERÊNCIAS 
AHLERT, A. O mundo de Comênius: entre conflitos e guerras, uma luz para a 
prática pedagógica. Revista de Ciências Humanas, Florianópolis, n. 32, p. 
439-451, out. 2002. 
ARAÚJO, J. S. Esboço sobre o surgimento, as características e a implantação 
do método monitorial/mútuo no Brasil do século XIX. Cadernos da Pedagogia, 
São Carlos, ano 4, v. 4, n. 7, p. 86-95, jan./jun. 2010. Disponível em: 
<http://www.cadernosdapedagogia.ufscar.br/index.php/cp/article/viewFile/179/1
05> Acesso em: 19 mar 2019. 
BIASENTTI, S. Uma visão histórico-teológica de Jan Amos Komenský: Pai 
da didática moderna, segundo a ética protestante da Instrução, virtude e 
piedade. 2017. Disponível em: 
<http://uniesp.edu.br/sites/_biblioteca/revistas/20170503115121.pdf>. Acesso 
em: 01 abr. 2019. 
CASTANHA, A. P. A introdução do método Lancaster no Brasil: história e 
historiografia. In: Anpedsul - Reunião Nacional Da Associação Nacional De 
Pós-Graduação e Pesquisa em Educação, 9, Máringá, 2012. Anais..., Maringá, 
2012, p. 4-8. Disponível em: 
<http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/anpedsul/9anpedsul/paper/viewF
ile/1257/12>. Acesso em: 19 mar. 2019. 
COMENIUS, I. A.. Didactica Magna. Introdução, tradução e Notas de Joaquim 
Ferreira Gomes. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001. 
COVELLO, S. C. Comênius: a construção da pedagogia. São Paulo: SEJAC, 
1991. 
FRANCA, L. O método pedagógico dos jesuítas: O “Ratio Studiorum”. 2017. 
Disponível em: 
<http://www.histedbr.fe.unicamp.br/acer_fontes/acer_histedu/brcol012.htm>. 
Acesso em: 19 mar. 2019. 
LESAGE, P. A pedagogia nas escolas mútuas no século XIX. In: BASTOS, M. 
H. C.; FARIA-FILHO, L. M. (Org.). A escola elementar no século XIX: o 
método monitorial/mútuo. Passo Fundo: EDIUPF, 1999. p. 9-24. 
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994. 
LOPES, E. P. O conceito de educação em João Amós Comenius. Revista 
Fides Reformata XIII. São Paulo, n. 2, p. 49-63, 2008. 
MARX, K.; ENGELS, F. A ideologia alemã (I – Feuerbach). São Paulo: 
Hucitec, 1986. 
McLELLAN, D.; MARX, K. H. In: BOTTOMORE, T. (Ed.). Dicionário do 
pensamento marxista. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1988. 
MENDONÇA, C. T. M.; COSTA, M. L. F. A educação no império brasileiro: o 
método Lancaster. In: Encontro Internacional de Produção Científica 
Unicesumar, 9, Maringá, 2015. Anais..., Unicesumar, 2015, p. 1-12. Disponível 
em: 
<www.cesumar.br/prppge/pesquisa/epcc2015/.../camila_tecla_mortean_mendo
nca_1.p>. Acesso em: Acesso em: 19 mar. 2018. 
NEVES, F. M. O Método Lancasteriano e o Projeto de Formação disciplinar 
do povo (São Paulo, 1808-1889). 2003, 293f. Tese (Doutorado em História) – 
UNESP, Assis, 2003. 
NISKIER, A. Educação brasileira: 500 anos de história, 1500-2000. São 
Paulo: Melhoramentos, 1989. 
OLIVEIRA, A. S.; COSTA, C. J. Comenius e a sua proposta didático-
pedagógica dentro de seu contexto de produção. In: Anais da Semana de 
Pedagogia da UEM, v. 1, n. 1, 2012, p. 1-13. Anais..., 2012. Disponível em: 
<http://www.ppe.uem.br/semanadepedagogia/2012/pdf/T3/T3-005.pdf>. Acesso 
em: 19 mar. 2019. 
RATIO atque Institutio Studiorum – Organização e plano de estudos da 
Companhia de Jesus. In: FRANCA, Leonel. O método pedagógico dos 
jesuítas. Rio de Janeiro: Agir, 1952. 
SHIGUNOV-NETO, A.; MACIEL, L. S. B. O ensino jesuítico no período colonial 
brasileiro: algumas discussões. Revista Educar, Curitiba, n. 36, p. 169-189, 
2008. 
SILVA, J. S. L.; ARANTES, A. S. Do método de ensino individual ao método 
“Phonomimico” nas escolas primárias (Pernambuco, século XIX). Revista 
HISTEDBR On-line, Campinas, n. 66, p. 15-31, dez. 2015. 
TOYSHIMA, A. M. S.; MONTAGNOLI, G. A.; COSTA, C. J. Algumas 
considerações sobre o Ratio Studiorum e a organização da educação nos 
colégios jesuíticos. 2018. Disponível em: <http://www.uel.br/grupo-
estudo/processoscivilizadores/portugues/sitesanais/anais14/arquivos/textos/Co
municacao_Oral/Trabalhos_Completos/Ana_Toyshima_e_Gilmar_Montagnoli_
e_Celio_Costa.pdf>. Acesso em: 01 abr. 2019. 
FIM DAS REFERÊNCIAS. 
 
INÍCIO DO GABARITO 
1 - Opção correta é a C. 
2 - Opção correta é a B. 
3 - Opção correta é a A. 
4 - Opção correta é a A. 
5 - Opção correta é a D. 
FIM DO GABARITO. 
FIM DA UNIDADE I. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INÍCIO DA UNIDADE II 
INÍCIO DA FOLHA DE ABERTURA 
TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS 
Me. Camila Tecla Mortean Mendonça 
 
Objetivos de Aprendizagem 
● Discutir as tendências pedagógicas nos diferentes tempos históricos, a 
fim de compreender a aliança entre a educação e sua sociedade. 
● Contextualizar a didática a partir das teorias liberais e progressistas para 
que possamos identificar o objetivo da educação em cada sociedade. 
● Conhecer como a Didática se constitui na contemporaneidade e sua 
relação com o processo de ensino, a fim compreender a função social da 
atual educação. 
● Relacionar a Didática com sua utilização nos ambientes não formais para 
identificar a relevância de uma didática em diferentes espaços. 
 
Plano de Estudo 
● Tendências Pedagógicas Liberais 
● Tendências Pedagógicas Progressistas 
● A Didática na contemporaneidade 
● A Didática nos ambientes não formais de aprendizagem 
 
FIM DA FOLHA DE ABERTURA. 
 
 
 
 
 
INÍCIO DA INTRODUÇÃO 
Caro(a) aluno(a), dando continuidade as nossas discussões sobre a 
construção histórica da Didática, avançaremos nos estudos do tema e 
compreenderemos a Didática enquanto um campo de estudo do processo de 
ensino que, aliando teoria a um conjunto de métodos, recursos e procedimentos, 
possibilitam ao professor a realização do processo de ensino consistente. 
O processo de ensino nas instituições educacionais se dá a partir da 
mediação que o professor faz entre o conhecimento e o aluno,utilizando as 
metodologias, os métodos, as estratégias e os recursos, para isso é preciso que 
o professor tenha conhecimento destes. Diante disso, nosso objetivo nesta 
unidade é o de levá-los à reflexão sobre as principais tendências pedagógicas 
que foram e ainda são utilizadas no processo de ensino em nosso país. 
É importante esclarecer, de antemão, que o processo teórico de criação e 
consolidação de uma teoria pedagógica se dá por meio de embates e 
discussões. As teorias apresentadas são aquelas que se destacaram e foram 
adotadas nas escolas brasileiras, mas isso não quer dizer que não surgiram 
outras teorias e propostas nos mesmos períodos. 
Trouxemos os períodos em que cada teoria foi adotada no país, no 
entanto sabemos que o processo de transição entre as teorias é moroso: não 
dormimos na tendência Tradicional e acordamos na tendência Escola Nova, por 
exemplo. Mesmo assim, temos que ter ciência de que algumas teorias foram 
vencidas por outras, mas ainda são adotadas por muitas escolas de nosso país. 
O estudo das tendências pedagógicas visa proporcionar a compreensão da 
dimensão política e da dimensão educacional que estão propostas nas 
metodologias adotadas pelas instituições de ensino. Desta forma, é essencial o 
conhecimento dessas tendências, pois elas são pré-requisitos para que 
possamos refletir e transformar o processo educacional existente. Vamos lá? 
FIM DA INTRODUÇÃO. 
 
 
 
 
 
INÍCIO DO TÓPICO 1 
São quatro as tendências pedagógicas liberais. Suas teorias serviram 
como norteadores do processo de ensino e de aprendizagem no Brasil até por 
volta da década de 1950. As principais características destas tendências 
pedagógicas quanto às categorias papel da escola, conteúdos, métodos, 
professor X aluno e aprendizagem encontram-se no Quadro 1. 
 
Quadro 1 - Síntese das principais características das tendências pedagógicas liberais 
 
TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS LIBERAIS 
Tendência 
Característica 
Tradicional Renovada 
Progressista 
 
Renovada não 
diretiva: 
Escola Nova 
Tecnicista 
Papel da 
escola 
Preparação dos 
alunos para 
assumir seu 
papel na 
sociedade. 
A escola deve se 
adequar as 
necessidades 
individuais dos 
alunos. 
A escola deve 
promover a 
formação de 
atitudes. 
Modela o 
comportamento 
humano. 
Conteúdos Conhecimento 
historicamente 
acumulado pela 
humanidade, 
transmitidos 
aos alunos 
como verdades 
absolutas. 
Os conteúdos são 
estabelecidos a 
partir dos 
interesses e 
situações vividas 
pelos alunos. 
Os alunos 
buscam o 
conhecimento. 
Consiste em 
informações 
ordenadas em 
uma sequência 
lógica e 
psicológica. 
Métodos Exposição oral 
dos conteúdos, 
reprodução dos 
modelos. 
Pesquisas, 
experiências, 
soluções de 
problemas. 
Facilitação da 
aprendizagem 
pelo professor. 
Técnicas de 
transmissão e 
recebimento de 
informações. 
Professor X 
Aluno 
Professor como 
autoridade, 
detentor de 
todo o 
conhecimento. 
Aluno receptor 
passivo. 
O professor é um 
auxiliar no 
desenvolvimento 
do aluno. 
O aluno é o 
centro do 
processo de 
ensino e de 
aprendizagem. 
O professor 
propicia 
condições para 
o aprendizado 
dos alunos. 
O aluno é o 
centro do 
processo de 
ensino e 
aprendizagem. 
O professor 
transmite as 
informações e os 
alunos devem 
fixa-las. 
Aprendizagem Aprendizagem 
mecânica, por 
meio de 
repetição, 
memorização e 
reprodução. 
É baseada na 
estimulação, nos 
interesses e 
motivação dos 
alunos. 
Ao aprender os 
alunos 
modificam as 
suas 
percepções 
sobre a 
realidade. 
A aprendizagem 
é baseada no 
desempenho. 
Fonte: Elaborado pela autora (2018). 
 
 
1.1 Tendência pedagógica tradicional 
 
O termo “tendência tradicional” foi cunhado a partir do estudo das 
tendências pedagógicas antigas. A teoria ganhou corpo a partir da identificação 
dos pontos recorrentes nas práticas pedagógicas adotadas ao longo da história 
da educação até final do século XIX. Com a ascensão do movimento renovador, 
a identificação das práticas pedagógicas adotadas até então ganha essa 
denominação. Saviani (2018, p. 1) define que: 
 
A denominação “concepção pedagógica tradicional” ou 
“pedagogia tradicional” foi introduzida no final do século XIX com 
o advento do movimento renovador que, para marcar a novidade 
das propostas que começaram a ser veiculadas, classificaram 
como “tradicional” a concepção até então dominante. Assim, a 
expressão “concepção tradicional” subsume correntes 
pedagógicas que se formularam desde a Antiguidade, tendo em 
comum uma visão filosófica essencialista de homem e uma visão 
pedagógica centrada no educador (professor), no adulto, no 
intelecto, nos conteúdos cognitivos transmitidos pelo professor 
aos alunos, na disciplina, na memorização [...]. 
 
No Brasil, a tendência pedagógica tradicional foi adotada por volta do final 
do século XIX, possuindo características bem peculiares quanto ao processo de 
ensino e de aprendizagem. A escola era caracterizada como o único local onde 
os alunos poderiam ter acesso aos conhecimentos científicos. Dessa forma, 
qualquer conhecimento obtido fora da escola não era considerado para o 
processo de ensino e de aprendizagem formal, isso incluía as vivências dos 
alunos, seus conhecimentos cotidianos. 
Os conteúdos trabalhados nessa escola constituíam-se dos 
conhecimentos historicamente acumulados pela sociedade; estes eram 
transmitidos aos alunos como verdades absolutas, portanto não poderiam ser 
contestados. As disciplinas eram tratadas isoladamente, desvinculadas dos 
interesses dos alunos e da realidade concreta (LIBÂNEO, 1994). Os métodos 
adotados eram a exposição oral e a reprodução de modelos. Assim, o ensino 
acontecia por meio da repetição, memorização e reprodução. 
O papel do professor e do aluno era estanque. O professor era o centro 
do processo educativo: ele era o detentor de todo o conhecimento historicamente 
acumulado, tendo a responsabilidade de transmitir os conteúdos aos alunos e 
prepará-los para assumir seus papéis na sociedade. Ao aluno, cabia apenas 
aprender os conteúdos; após a compreensão dos mesmos, cabia ao discente 
reproduzi-los tal qual lhes foram ensinados. “O professor tende a encaixar os 
alunos num modelo idealizado de homem que nada tem a ver com a vida 
presente e futura” (LIBÂNEO, 1994, p. 64). 
O compromisso social dessa escola era a reprodução da cultura. Suas 
características eram marcadas pela disciplina rígida e castigos físicos. Possuía 
como finalidade ser uma instituição sistematizadora de uma cultura complexa 
que propicia, em seu seio, a apropriação do conhecimento por meio da 
transmissão dos saberes pelo professor e a confrontação de modelos de 
demonstração. A escola, nesse contexto, é uma reprodutora de modelos e 
coloca-se como único local em que se tem acesso ao conhecimento (BEHRENS, 
2009). 
[...] a tendência liberal tradicional é caracterizada por dar ênfase 
ao ensino humanístico, de cultura geral. Segundo essa escola 
tradicional, o estudante é preparado para atingir sua plenitude 
através de seu próprio esforço. Dessa forma, as diferenças de 
classe social não são consideradas e toda a prática escolar não 
tem nenhuma relação com o cotidiano do aluno. Cabe ao 
professor conduzir o processo e ao aluno receptivo, apenas 
memorizar o que foi passado para ele (MARQUES, 2012, p. 2). 
 
Seria impensável uma educação nesses moldes nos dias atuais, certo? 
Entretanto, a didática da tendência tradicional tem resistido ao tempo e 
continua sendo aplicada nas práticas escolares ainda hoje. 
 
INÍCIO DO REFLITA 
Apesar da tendência tradicional de ensino ter sido superada teoricamente há 
décadas, seus resquícios ainda se mantêm enraizados nas nossas práticas 
pedagógicas. Que atitudes podemos adotar para que essas práticas sejam 
modificadas? 
FIM DO REFLITA. 
 
Caro(a) aluno(a), não podemos dizer que tudo que foi utilizado na 
tendência tradicional deve ser desconsiderado e deixado para trás, pois algumas

Mais conteúdos dessa disciplina