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A leitura Ética Da Colaboração Premiada como instrumento probatório na credibilidade processualística penal

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A leitura Ética Da Colaboração 
Premiada como instrumento 
probatório na credibilidade 
processualística penal 
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Publicado por Lury Mayra Amorim de Miranda 
há 9 meses 
148 visualizações 
1 INTRODUÇÃO 
A história é rica em apontar a traição dos seres humanos. A 
título de exemplo, Tiradentes, Calabar (no Império Colonial) 
que delatou os brasileiros aos holandeses, entregando-os. E o 
maior exemplo de todos os tempos, Jesus Cristo, que foi traído 
por um de seus discípulos, Judas Iscariotes, por 30 moedas de 
pratas, conforme o livro sagrado dos cristãos católicos (Bíblia, 
Mt, 26, 14-25). 
 O referido instituto jurídico busca incentivar o delator a 
mencionar os demais envolvidos e suas ações no delito, 
contribuindo para que a justiça tenha conhecimento dos 
demais fatos, através de uma “premiação”, das quais podem ser 
https://lurymirandadelta18.jusbrasil.com.br/artigos/540947068/a-leitura-etica-da-colaboracao-premiada-como-instrumento-probatorio-na-credibilidade-processualistica-penal?ref=topic_feed#comments
https://lurymirandadelta18.jusbrasil.com.br/
https://lurymirandadelta18.jusbrasil.com.br/
o perdão judicial, a diminuição da pena, ou aplicação da pena 
restritiva de direitos, a progressão de regime mesmo sem os 
requisitos objetivos, ou aplicação da pena privativa de 
liberdade em regime aberto. 
As informações obtidas pela colaboração, por ser um meio 
mais invasivo do Estado dificilmente seriam conhecidas pelas 
vias de investigação comuns, o que leva a uma controvérsia 
sobre sua aplicabilidade e validade, pois qual a garantia de que 
existe conteúdo de verdade na fala do colaborador, já que os 
colaboradores devem dizer a verdade, embora possam mentir 
na busca da obtenção do benefício ou para envolver outros 
investigados, o delator tem por dever falar somente a verdade, 
ainda que não o fale. Tal situação pode levar a incertezas 
quanto à eficácia do referido recurso normativo. 
Diante dessa problemática, o objetivo desse estudo é promover 
uma reflexão sobre o papel da colaboração premiada no 
cenário processual brasileiro e seus possíveis impactos frente o 
atual descrédito da justiça brasileira. Ou seja, o referido 
trabalho visa compreender também qual o efeito da 
colaboração premiada na perspectiva de uma imprescindível 
observância das normas e princípios constitucionais, 
analisando o valor probatório, a ponderação e a 
proporcionalidade. 
O presente trabalho tem caráter de revisão bibliográfica que, 
de acordo com Gil (2010), é baseada em materiais 
anteriormente publicados, para a repercussão de novas 
informações. Para o desenvolvimento da pesquisa serão 
utilizados elementos dedutivos e qualitativos, que segundo 
Lakatos: 
“é dedutivo o raciocínio que parte do geral para chegar ao 
particular, ou seja, do universal ao singular, isto é, para tirar 
uma verdade particular de uma geral” (LAKATOS, 2011, p. 
256). 
Para o estudo, a internet foi uma forte aliada, como fonte de 
pesquisa, adquirindo uma maior gama de conhecimento sobre 
a temática, bem como à legislação, como a Constituição 
Federal, Código Penal e Processual Penal, a Lei de 
nº 12.850/13, e legislações especiais penais correlatas. 
No primeiro capítulo serão feitas considerações sobre a 
colaboração premiada, passando desde o seu surgimento, com 
o levantamento histórico até os dias atuais, bem como 
discutido conceitos de doutrinadores relevantes para o Direito. 
No segundo capítulo será feito um estudo minucioso sobre a 
Lei nº 12.850, de 02 de agosto de 2013, que trata da 
colaboração premiada, ora objeto deste estudo diante dos 
preceitos éticos. 
Por fim, no terceiro e último capítulo é feito a análise do ponto 
de vista ético com as colaborações premiadas feitas durante as 
investigações da operação lava jato, bem como as situações que 
colocam em descrédito o judiciário brasileiro. 
Este trabalho não tem como finalidade esgotar o assunto, mas 
contribuir com a comunidade acadêmica e trazer à tona 
aspectos relevantes para a sociedade como um todo, do ponto 
de vista acadêmico e empírico. 
2 COLABORAÇÃO PREMIADA 
2.1 Levantamento Histórico 
Para tratar da colaboração premiada é necessário fazer um 
levantamento histórico para que seja analisado, a sua criação e 
aperfeiçoamento, tendo em vista os benefícios proporcionados 
ao colaborador diante de uma delação, bem como a justiça. 
Os legisladores, tendo como exemplo, comportamentos 
transgressores, decidiram por institucionalizar essa 
colaboração, para que se fosse possível atingir o objetivo de 
combater práticas delituosas por organizações criminosas 
através do uso de mecanismos pouco convencionais, 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035673/lei-12850-13
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035673/lei-12850-13
resolveram aproveitar esse ato imoral, no seu conceito 
epistemológico, mas que é muito comum desde César e Brutus 
em Roma, 44 A.C. e introduziram no ordenamento jurídico, 
estimulando a traição do colaborador, mas em contra partida, 
promovendo o bem maior no combate a criminalidade. 
A colaboração premiada nasceu no Direito Anglo-saxão norte-
americano, com a expressão utilizada “Crown Witness”, que 
tem por dominação a “testemunha da coroa”. Consiste em uma 
técnica especial de investigação, como um meio de obtenção de 
prova, meio pelo qual o Estado, representado pelo judiciário, 
oferece ao coautor ou partícipe, um “prêmio” legal para que em 
troca o agente passe informações relevantes para a 
investigação criminal. 
A grande necessidade de combater o terrorismo e as 
organizações criminosas implementou e desenvolveu o 
instituto da colaboração premiada. É no direito norte-
americano que a colaboração premiada tem grande 
crescimento, em detrimento da campanha contra a máfia, 
tendo grande êxito na Itália no combate a grande e famosa 
máfia italiana. 
Com grande incremento no duelo as grandes máfias Italianas, 
a colaboração premiada nasceu com a necessidade de combate 
as organizações criminosas, que sucateia a sociedade, seja com 
os crimes de colarinhos brancos os mais perigosos que 
comprometem a saúde, educação, segurança, etc., ou aqueles 
de menor potencial catastrófico, provocada por marginais[1]. 
No Brasil, a título de exemplo, existe o PCC – Primeiro 
Comando da Capital, que se trata de uma instituição fundada 
desde 1993 que prega “paz, justiça e liberdade” e se auto-
intitula como uma instituição contra a opressão nos presídios 
brasileiros. 
A presença da colaboração premiada está inserida aos 
principais acontecimentos históricos-políticos-sociais, não só 
no direito norte americano e italiano, como também no direito 
inglês, espanhol, alemão, colombiano, entre outros, todos com 
sua especificidade diante de casos emblemáticos da época, 
como exemplo, o caso supracitado da máfia italiana. 
https://lurymirandadelta18.jusbrasil.com.br/artigos/540947068/a-leitura-etica-da-colaboracao-premiada-como-instrumento-probatorio-na-credibilidade-processualistica-penal?ref=topic_feed#_ftn1
No ordenamento jurídico brasileiro, há relatos de que a 
colaboração premiada iniciou nas Ordenações Filipinas, ainda 
no século XVII. 
No Brasil, há notícias da colaboração premiada já no século 
XVII, cujas Ordenações Filipinas previam o crime de “Lesa 
Majestade”, a qual concedia além do perdão ao participante e 
delator, uma recompensa, caso o denunciante não se 
colocasse como principal organizador do crime José Henrique 
Pierangelli (apud Gomes e Silva, 2015, p. 213). 
Com o passar dos anos esse instituto foi se aperfeiçoando até a 
criação da lei específica, Lei nº 12.850/2013, que dispõe sobre 
a matériatrazendo seus requisitos, benefícios, direito do 
colaborador, critérios utilizados para a escolha do benefício, o 
momento que pode ser usado, forma de colaboração, entre 
outros. 
Outro momento histórico importante e que merece destaque, 
foi durante a ditadura militar em que os militares para 
descobrir as pessoas que não concordavam com as regras 
estipuladas por este, enquanto forma de governo, eram 
consideradas criminosas, utilizando-se desse instituto. 
Conforme Coimbra e Martucci (apud Gomes e Silva, 2015, p. 
213-214) observa-se a presença da colaboração premiada 
também durante a ditadura militar “[...] golpe militar de 1964, 
onde houve o uso reiterado da colaboração para descobrirem 
supostos criminosos que estavam contra o golpe militar [...]”. 
Ainda no que diz respeito ao histórico, nos dizeres de Coimbra 
e Martucci : 
O legislador inaugurou o instituto da delação premiada na lei 
dos crimes hediondos nº. 8.072/1990 que expressamente 
dispõe como causa de diminuição de pena em favor de autor e 
coautor ou partícipe no crime de quadrilha ou bando, assim 
trazendo como pressuposto para a concessão da delação 
premiada a prática do crime descrito no artigo 288 do código 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035673/lei-12850-13
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033841/lei-dos-crimes-hediondos-lei-8072-90
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033841/lei-dos-crimes-hediondos-lei-8072-90
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10602053/artigo-288-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
penal, e posteriormente a delação foi ganhando espaço em 
diversas leis (apud Gomes e Silva, 2015, p. 214). 
Conforme visto, a colaboração premiada vem sendo utilizada 
há muito tempo atrás e em diferentes nações, o que ressalva a 
importância desse instituto para a justiça, não só do Brasil, 
como também do mundo. 
O termo delação advém do latim delatione que tem por 
significado a ação de denunciar, revelar. Já ao termo 
premiada se deve ao fato de o legislador conceder prêmios ao 
delator que colabora com as autoridades. (RIEGER, 2008, p. 
5) 
Colaboração premiada é um gênero que se subdivide em cinco 
espécies, que se justificam conforme o resultado pretendido e 
alcançado: delação premiada ou chamamento do corréu; 
colaboração reveladora da estrutura e do funcionamento da 
organização (da burocracia); colaboração preventiva; 
colaboração para localização e recuperação de ativos; e por fim, 
colaboração para libertação de pessoas; que variam a depender 
do resultado alcançado, estando previstas no 
artigo 4º incisos I, II, III, IV e V da Lei nº 12.850/2013. 
Em um crime de lavagem de capitais, por exemplo, o interesse 
maior do julgador pode não ser em descobrir os demais 
coautores, mas sim a localização do produto do crime, como o 
dinheiro desviado para contas do exterior, e nesse caso se 
justificaria sua aplicação, pois produziria uma reparação de 
danos causados pelo crime. 
A colaboração premiada foi instituída com o advento da Lei 
nº 12.850/2013, porém alguns doutrinadores defendem que o 
nosso código penal, desde a reforma da parte geral de 1984, já 
traria alguns instrumentos de delação premiada, como a 
atenuante prevista no art. 65, III, b, do CP, e os institutos de 
arrependimento eficaz e arrependimento posterior, previstos, 
respectivamente, nos arts. 15 e 16 do Código Penal. 
Porém, importante instituto normativo que versa sobre a 
“colaboração premiada” foi a Lei de Crimes Hediondos, em 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/26893103/artigo-4-da-lei-n-12850-de-02-de-agosto-de-2013
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/26893098/inciso-i-do-artigo-4-da-lei-n-12850-de-02-de-agosto-de-2013
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/26893095/inciso-ii-do-artigo-4-da-lei-n-12850-de-02-de-agosto-de-2013
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/26893091/inciso-iii-do-artigo-4-da-lei-n-12850-de-02-de-agosto-de-2013
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/26893086/inciso-iv-do-artigo-4-da-lei-n-12850-de-02-de-agosto-de-2013
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/26893083/inciso-v-do-artigo-4-da-lei-n-12850-de-02-de-agosto-de-2013
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035673/lei-12850-13
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035673/lei-12850-13
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10632120/artigo-65-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10632037/inciso-iii-do-artigo-65-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10631966/alinea-b-do-inciso-iii-do-artigo-65-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10638023/artigo-15-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10637990/artigo-16-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033841/lei-dos-crimes-hediondos-lei-8072-90
1990 , Lei nº 8.072/90, esta lei foi um dos precursores para 
que pudesse ser introduzido a delação premiada, estando 
previsto atualmente em diversas leis. Como exemplo, o 
art. 159, § 4ºdo CP, que trata da extorsão mediante sequestro, 
onde quando o crime é cometido em concurso de pessoas, se o 
concorrente denunciar à autoridade, facilitando a libertação do 
sequestro, terá sua pena reduzida de 1 (um) a 2/3 (dois terços). 
Encontramos a colaboração premiada em outras normas 
também como: A Lei de Proteção as Testemunhas (Lei 
nº 9.807/99), em seus arts. 13 e 14; Art. 16 da Lei dos Crimes 
Contra a Ordem Tributária, Econômica e Contra as Relações de 
consumo (Lei nº 8.137/90); Art. 25, § 2º da Lei dos Crimes 
Contra o Sistema Financeiro Nacional (Lei nº 7.492/86); 
Art. 1º, § 5º da Lei de Lavagem de Capitais (Lei nº 9.613/98); 
Art. 41 da Lei de Drogas (Lei nº 11.343/06); Art. 87 da Lei do 
Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência (Lei 
nº 12.529/11); bem como na Lei nº 12.850/13, ora objeto deste 
estudo. 
2.2 Conceito 
Sobre a sua conceituação, “colaboração premiada”, nada mais é 
que um indivíduo que participa de uma organização criminosa, 
que ao ser pego, ou por uma fragilidade formada em seu grupo 
por parte dos seus membros, um decide por delatar, denunciar, 
o esquema criminoso em que participa, como também 
“entregando” (dedurando) seus comparsas as autoridades, 
movido por vingança, ódio, com o intuito de ter sua pena 
diminuída, ou qualquer outro motivo que o interesse, 
colaborando assim com justiça. E “premiada” se traduz 
basicamente na premiação oferecida pelo Estado pela sua 
efetiva colaboração, o prêmio legal. 
Assim, a colaboração premiada consiste em estimular a 
resolução dos casos, sobre tudo o arrependimento, induzindo o 
indivíduo para que realize um acordo com as autoridades 
jurídicas e policiais, onde ele prestará informações sobre sua 
trama criminal de que faz parte, em troca de benesses legais 
pela sua colaboração. 
A doutrina não diverge sobre a conceituação, onde Guilherme 
de Sousa Nucci conceitua: 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033841/lei-dos-crimes-hediondos-lei-8072-90
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10618841/artigo-159-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10618702/par%C3%A1grafo-4-artigo-159-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/109647/lei-9807-99
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103291/lei-de-crimes-contra-a-ordem-tribut%C3%A1ria-lei-8137-90
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11753322/artigo-25-da-lei-n-7492-de-16-de-junho-de-1986
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11753271/par%C3%A1grafo-2-artigo-25-da-lei-n-7492-de-16-de-junho-de-1986http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/110242/lei-do-colarinho-branco-lei-7492-86
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/110242/lei-do-colarinho-branco-lei-7492-86
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/110242/lei-do-colarinho-branco-lei-7492-86
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11320276/artigo-1-da-lei-n-9613-de-03-de-marco-de-1998
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11319709/par%C3%A1grafo-5-artigo-1-da-lei-n-9613-de-03-de-marco-de-1998
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/104073/lei-de-lavagem-de-dinheiro-lei-9613-98
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/104073/lei-de-lavagem-de-dinheiro-lei-9613-98
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/95503/lei-de-t%C3%B3xicos-lei-11343-06
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1030141/lei-12529-11
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035673/lei-12850-13
(...) significa a possibilidade de se reduzir a pena do criminoso 
que entregar o (s) comparsa (s). É o ‘dedurismo’ oficializado, 
que, apesar de moralmente criticável, deve ser incentivado em 
face do aumento contínuo do crime organizado. É um mal 
necessário, pois trata-se da forma mais eficaz de se quebrar a 
espinha dorsal das quadrilhas, permitindo que um de seus 
membros possa se arrepender, entregando a atividade dos 
demais e proporcionando ao Estado resultados positivos no 
combate à criminalidade (Nucci, 2007, p.716). 
Embora criticável pelo ponto de vista ético e moral, não dá pra 
se questionar a relevância do instituto da colaboração, pois se 
trata de uma forma eficaz de acabar com crime organizado, 
pois permite acesso as informações de difíceis acessos pela 
linha de investigação comum, proporcionando resultados 
positivos. 
Para Renato Brasileiro, a colaboração premiada é uma espécie 
de direito “premial” como assim trata em seu conceito: 
uma técnica especial de investigação por meio do qual o 
coautor e/ou participe da infração penal, além de confessar 
seu envolvimento no fato delituoso, fornece aos órgãos 
responsáveis pela persecução penal informações 
objetivamente eficazes para a consecução de um dos objetivos 
previstos em lei, recebendo, em contrapartida, determinado 
prêmio legal (LIMA, 2017, p.782). 
Desta forma, ao tempo em que o investigado confessa a sua 
prática delituosa, abrindo mão do seu direito constitucional ao 
silêncio, assume assim o compromisso de ser fonte de prova, 
acerca de determinados fatos. 
Cezar Roberto Bittencourt, trás os efeitos da colaboração 
premiada, bem explicitado a seguir: 
(…) para efeito da delação premiada, não se questiona a 
motivação do delator, sendo irrelevante que tenha sido por 
arrependimento, vingança, ódio, infidelidade ou apenas por 
uma avaliação calculista, antiética e infiel do traidor-delator. 
Venia concessa, será legítimo o Estado lançar mão de meios 
antiéticos e imorais, como estimular a deslealdade e traição 
entre parceiros, apostando em comportamentos dessa 
natureza para atingir resultados que sua incompetência não 
lhe permite através de meios mais ortodoxos? Certamente não 
é nada edificante estimular seus súditos a mentir, trair, 
delatar ou dedurar um companheiro movido exclusivamente 
pela ânsia de obter alguma vantagem pessoal, seja de que 
natureza for. (BITENCOURT, 2014). 
Onde Bitencourt, traça uma linha da motivação do colaborador 
a delatar seu esquema criminoso e os seus cúmplices, onde a 
motivação é inquestionável, sendo que o Estado se preocupa 
com o produto fim, que são as informações trazidas. Fazendo 
uma forte critica ao Estado por incentivar essa traição. 
Há duas formas de colaboração premiada. Na primeira, o 
criminoso revela informações na expectativa de, no futuro, tal 
cooperação ser tomada em consideração pelo juiz quando da 
aplicação da pena. Na segunda, o criminoso entra em acordo 
com o Ministério Público, celebrando, após negociação, um 
contrato escrito. No contrato são estipulados os benefícios que 
serão concedidos e as condições para que a cooperação seja 
premiada. 
2.3 Legislação 
Antes da criação da Lei de Colaboração Premiada, pode-se 
encontrar alguns dispositivos legais previstos em legislações 
esparsas que tratava sobre a matéria, quais sejam: Código 
Penal (arts. 15, 16, 65, III, 159, § 4º); Crimes contra o Sistema 
Financeiro – Lei 7.492/86 (art. 25, § 2º); Crimes contra a 
Ordem Tributária – Lei 8.137/90 (art. 16, parágrafo único); Lei 
dos Crimes Hediondos – Lei 8.072/90 (art. 8º, parágrafo 
único); Convenção de Palermo – Decreto 5.015/2004 (art. 
26); Lei de Lavagem de Dinheiro – Lei 9.613/98 (art. 1º, § 5º); 
Lei de Proteção às Testemunhas – Lei 9.807/99 (arts. 13 a 15); 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/110242/lei-do-colarinho-branco-lei-7492-86
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103291/lei-de-crimes-contra-a-ordem-tribut%C3%A1ria-lei-8137-90
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033841/lei-dos-crimes-hediondos-lei-8072-90
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033841/lei-dos-crimes-hediondos-lei-8072-90
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033841/lei-dos-crimes-hediondos-lei-8072-90
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/97877/decreto-5015-04
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/104073/lei-de-lavagem-de-dinheiro-lei-9613-98
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/104073/lei-de-lavagem-de-dinheiro-lei-9613-98
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/109647/lei-9807-99
Lei de Drogas – Lei 11.343/2006 (art. 41); Lei Antitruste – 
Lei 12.529/2011 (art. 87, parágrafo único). 
A lei brasileira que detalhou como funciona a colaboração 
premiada é chamada Lei de Combate às Organizações 
Criminosas (Lei 12.850/2013). Embora não houvesse previsão 
expressa de acordos de colaboração entre o criminoso e o 
Ministério Público antes da lei, eles já vinham sendo feitos 
desde a força-tarefa do caso Banestado (entre 2003 e 2007). 
O instituto, porém, foi tratado com maior profundida de 
detalhes pela Lei nº 12.850/2013 previsto na Lei 12.850 de 02 
de agosto de 2013, conforme retira-se do seu artigo 3º, inciso I. 
Art. 3º. Em qualquer fase da persecução penal, serão 
admitidos, sem prejuízos de outros já previstos em lei, os 
seguintes meios de prova: 
I – Colaboração Premiada (BRASIL, 2013). 
Os dispositivos, do artigo 4º ao artigo 7º, traz de forma geral o 
que rege a colaboração premiada no Brasil, razão pela qual será 
levada em consideração durante todo o trabalho, objeto deste 
estudo. 
Entre os prêmios legais, obtidos pela colaboração dos 
indiciados, inicialmente, está previsto o perdão judicial que 
vem inserido no caput do artigo 4º e que segundo o 
entendimento de Damásio: 
“Perdão judicial é o instituto pelo qual o juiz, não obstante 
comprovada a prática da infração penal pelo sujeito culpado, 
deixa de aplicar a pena em face de justificadas 
circunstancias”(DAMÁSIO, 1977, p. 677). 
Em seguida, apresenta-se o prêmio da redução de pena de até 
2/3 (dois terços) da pena privativa de liberdade, podendo 
ganhar a premiação máxima se colaborar antes da sentença, 
antes de ser julgado, ou de até metade (½) se resolver 
colaborar após ser condenado. 
Ainda pode ser concedido aquele que colaborar a substituição 
da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/95503/lei-de-t%C3%B3xicos-lei-11343-06
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103268/lei-antitruste-lei-8884-94
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1030141/lei-12529-11
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035673/lei-12850-13
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035673/lei-12850-13
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035673/lei-12850-13
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/26893138/artigo-3-da-lei-n-12850-de-02-de-agosto-de-2013
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/26893134/inciso-i-do-artigo-3-da-lei-n-12850-de-02-de-agosto-de-2013
atendendo aos critérios que estão dispostos nos 
artigos 43 e 44 do Código Penal. Por fim, ainda há a 
possibilidade denão oferecimento da denúncia (imunidade) 
(art. 4º, § 4º da LCO), não se trata de arquivamento, mas sim 
de acordo de imunidade, sendo uma exceção ao princípio da 
obrigatoriedade da ação penal pública. 
Em cada acordo, muitas variáveis são consideradas, tais como 
informações novas sobre crimes e quem são os seus autores, 
provas que serão disponibilizadas, importância dos fatos e das 
provas prometidas no contexto da investigação, recuperação do 
proveito econômico auferido com os crimes, perspectiva de 
resultado positivo dos processos e das punições sem a 
colaboração, entre outras. Há uma criteriosa análise de custos 
e benefícios sociais que decorrerão do acordo de colaboração 
sempre por um conjunto de procuradores da República, 
ponderando-se diferentes pontos de vista. O acordo é feito 
apenas quando há concordância de que os benefícios superarão 
significativamente os custos para a sociedade. 
3 REQUISITOS LEGAIS DA 
COLABORAÇÃO PREMIADA 
3.1 Requisitos 
Para a concessão dos benefícios instituídos da Colaboração 
Premiada, se é necessário que o agente tenha colaborado 
efetivamente e voluntariamente com a investigação e com o 
processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um 
ou mais dos seguintes resultados nos termos do art. 4º, em 
seus incisos, da Lei 12.850/13: 
I – A identificação dos demais coautores e participes da 
organização criminosa e das infrações penais por eles 
praticadas; 
II – A revelação da estrutura hierárquica e da divisão de 
tarefas da organização criminosa; 
III – A prevenção de infrações penais decorrentes das 
atividades da organização criminosa; 
IV – A recuperação total ou parcial do produto ou do proveito 
das infrações penais praticadas pela organização criminosa; 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10635539/artigo-43-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10635164/artigo-44-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/26893103/artigo-4-da-lei-n-12850-de-02-de-agosto-de-2013
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035673/lei-12850-13
V – A localização de eventual vitima com a sua integralidade 
física preservada; (BRASIL, 2013) 
A lei estipula ainda que a concessão do beneficio levará em 
consideração a personalidade do colaborador, a natureza, as 
circunstancias, a gravidade e a repercussão social do fato 
criminoso e a eficácia da colaboração. Vale frisar que a 
voluntariedade significa agir livre de qualquer coação física ou 
moral, embora não seja necessária a espontaneidade. 
Alexandre Marson Guidi corrobora com esse entendimento: 
Para se valer do benefício da Delação premiada, é necessário 
o preenchimento de quatro requisitos, sendo estes: 
colaboração espontânea; efetividade das informações; 
relevância das declarações; personalidade do colaborador, 
circunstâncias, natureza e repercussão social do fato 
compatíveis com o instituto. (GUIDI, 2006, p.169). 
Afirmando que as colaborações devem seguir os requisitos, 
dentre eles que o colaborador deve agir com espontaneidade, 
seguindo um nexo de casualidade, Onde Marson ressalta: 
“Que as informações fornecidas pelo delator devem ter um 
nexo de causalidade com os resultados positivos 
determinados na investigação criminal e no caso concreto, se 
forem secundários não será possível a concessão do 
benefício”(GUIDI, 2006, p.169) 
A princípio haveria cumulatividade, cabendo ao delator 
cooperar tanto na fase investigativa, quando no processo, tal 
como ocorre na confissão, vez que nada adiantaria apontar 
cúmplices durante o inquérito para, depois retratar-se em 
juízo. 
De acordo com Nucci, a cumulação é razoável. Entretanto, se o 
investigado não colabora durante a investigação, mas o faz na 
fase processual, pode-se acolher a delação premiada, 
dispensando-se a cumulatividade, na fase inquisitiva e na 
processual, e tão somente na processual (NUCCI, 2014). 
3.2 Diferença entre Colaboração Premiada e Delação 
No mundo jurídico muito se usa da expressão colaboração 
premiada e delação premiada como se sinônimos fossem. A 
colaboração e delação possuem significados distintos, a 
primeira com mais abrangência. 
O investigado no curso da persecução criminal, pode assumir a 
culpa sem incriminar terceiros, fornecendo informações acerca 
da localização de produtos do crime, nesse caso é tido como 
mero colaborador. Podendo de outro lado e por outra 
perspectiva, o investigado assumir a culpa (confessando) e 
delatar seus comparsas – aqui falamos em delação premiada, 
ou chamamento de corréu. 
Pois há quem defenda ser a chamada de corréu o ato pelo 
qual um comparsa denuncia os outros parceiros sem que, 
para isso lhe dê o legislador recompensa legal, ou seja, assim 
seria a delação não-premiada (LIMA, 2017, p. 783) 
Nessa esteira, só há que falar em delação se o investigado ou 
acusado também confessa a autoria da infração penal e como 
também delata seus comparsas. De outro modo se 
simplesmente a nega a autoria imputando-lhe a terceiros, tem-
se por ser um simples testemunho. Portando a Colaboração 
premiada se configura como gênero, do qual a delação 
premiada é espécie. 
Para o STJ, a Delação premiada consiste na confissão do 
acusado, na sua participação no delito, e fornecendo às 
autoridades elementos capazes de facilitar a resolução de 
crimes. 
PROCESSO PENAL - HABEAS CORPUS. EXTORSÃO 
MEDIANTE SEQÜESTRO - DELAÇÃO PREMIADA. 
IMPOSSIBILIDADE. 
1. O instituto da delação premiada consiste em ato do acusado 
que, admitindo a participação no delito, fornece às 
autoridades elementos capazes de facilitar a resolução do 
crime. (BRAZIL, STJ - HABEAS CORPUS : HC 107916 RJ 
2008/0122076-1). 
3.3 Valoração probatória da Colaboração Premiada 
O Código de Processo Penal, em seu Art. 197, já estabelecia 
que: 
“O valor da confissão se ateria pelos critérios adotados para 
os outros elementos de provas, e para a sua apreciação o juiz 
deverá confrontá-la com as demais provas do processo, 
verificando se entre ela e estas existe compatibilidade e/ou 
concordância” (BRASIL, 1941). 
De igual forma, o § 16 do art. 4º da Lei 12850/13, reproduz o 
caráter de relatividade contendo confissão do réu também ao 
instituto da colaboração premiada, ao afirmar que “nenhuma 
sentença condenatória será proferida com fundamentos apenas 
nas declarações de agente colaborador”. Isto porque a 
colaboração pode ter vários interesses escusos, inclusive 
vingança, abrangendo mentiras e falsidades. Daí por bem o 
legislador atribuir expressamente valor probatório relativo. 
Nos termos do Código de Processo Penal brasileiro, prova é 
todo meio que tem por finalidade levar ao conhecimento do 
julgador e as partes, a existência ou não de um fato material ou 
de um fato jurídico. A prova tem por objeto, os fatos da causa, 
onde consistirá a evidenciação das alegações narradas, sendo 
imprescindível para formar o convencimento do juiz e a sua 
veracidade. A colaboração premiada possui natureza jurídica 
de “meio de obtenção de prova” (art. 3º, I, da Lei 
nº 12.850/2013). Temos que ter em mente que a colaboração 
premiada propriamente dita não é um meio de prova. Não há o 
que se falar em prova. Este instituto é um meio, uma técnica, 
um instrumento para a obtenção de provas. Meio de prova 
refere-se a uma: 
“Atividade endoprocessual que se desenvolve perante o juiz 
com o conhecimento e a participação das partes, cujo objetivo 
é a fixação de dados probatórios no processo.” (LIMA, 2014, 
p. 498). 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10662671/artigo-197-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/26893015/par%C3%A1grafo-16-artigo-4-da-lei-n-12850-de-02-de-agosto-de-2013
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/26893103/artigo-4-da-lei-n-12850-de-02-de-agosto-de-2013
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035673/lei-12850-13http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/26893138/artigo-3-da-lei-n-12850-de-02-de-agosto-de-2013
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/26893134/inciso-i-do-artigo-3-da-lei-n-12850-de-02-de-agosto-de-2013
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035673/lei-12850-13
Meio de prova, são documentos ou alegações que o sirva, de 
forma direta ou indiretamente, para se encontrar a verdade 
real. Assim sendo, meio de prova é um instituto utilizado para 
formação da convicção do juiz acerca dos fatos. Onde podemos 
citar a título de exemplo espécies de meio de prova, como: a 
prova pericial, exame de corpo de delito, prova documental e 
testemunhal, sigilo telemático, e a prova emprestada. 
Já no meio de obtenção de prova há certos procedimentos: 
Geralmente extraprocessuais, regulados por lei, que se 
desenrolam, em regra, sob autorização e fiscalização 
judiciais, cujo objetivo é a identificação de fontes de prova, 
passiveis de execução por outros funcionários que não o juiz 
(LIMA, 2014, p. 498). 
A colaboração premiada é uma técnica especial de 
investigação, através do qual o coautor ou participe da infração 
penal presta auxilio, colabora, trazendo dados desconhecidos e 
de grande relevância e importância para as investigações, em 
busca de uma vantagem ou recompensa. 
Com um pensamento mais moderno, Munhoz Conde adverte: 
Que dar valor probatório à declaração do corréu implica 
abrir a porta para a violação do direito fundamental à 
presunção de inocência e a práticas que podem converter o 
processo penal em uma autêntica frente de chantagens, 
acordos interessados entre alguns acusados, entre a Polícia e 
o Ministério Público, com a consequente retirada das 
acusações contra uns, para conseguir a condenação de 
outros. (CONDE, 2003, p. 83-84.) 
Restará por contrariar a própria regra do art. 4º, § 16, da 
Lei 12.850/13. A delação “nua”, isto é, sem nenhum elemento 
de confirmação é, por si, inidônea para justificar uma 
condenação. (BEVERE, 2008, p. 141.) Logo, a condenação 
fundada isoladamente em delação premiada viola lei federal, 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/26893103/artigo-4-da-lei-n-12850-de-02-de-agosto-de-2013
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/26893015/par%C3%A1grafo-16-artigo-4-da-lei-n-12850-de-02-de-agosto-de-2013
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035673/lei-12850-13
cuja constatação independe de revolvimento do material 
probatório e poderá ser controlado mediante recurso especial. 
Dentre os pontos negativos trazidos pela doutrina, podemos 
destacar os seguintes: a Colaboração Premiada é um 
procedimento antiético, imoral, e, portanto incompatível com 
o estado democrático de direito, podemos assim citar os 
ensinamentos de Guilherme de Souza Nucci que assim dispõe: 
(...) a) oficializa-se, por lei, a traição, forma antiética de 
comportamento social; b) pode ferir a proporcionalidade da 
aplicação da pena, pois o delator receberia pena menor do 
que os deletados, cúmplices que fizeram tanto ou até menos 
que ele; c) a traição, em regra, serve para agravar ou 
qualificar a prática de crimes, motivo pelo qual não deveria 
ser útil para reduzir a pena; d) não se pode trabalhar com a 
ideia de que os fins justificam os meios, na medida em que 
estes podem ser imorais ou antiéticos; e) a existente delação 
premiada não serviu até o momento para incentivar a 
criminalidade organizada a quebrar a lei do silêncio, que, no 
universo do delito, fala mais alto; f) o Estado não pode 
aquiescer em barganhar com a criminalidade; g) há um 
estímulo a delações falsas e um incremento a vinganças 
pessoais. (NUCCI, 2007) 
Ademais, feriria o principio da proporcionalidade da pena, 
por possibilitar que o colaborador receba uma pena menor 
que os delatados, apesar de terem praticado as mesmas 
práticas delitivas, o que seria um contrassenso utilizá-la como 
premio legal. O que estimularia também as vinganças 
pessoais das delações falsas. 
Rebatendo as criticas alguns defensores do referido instituto, 
argumentam, dentre outras coisas, que no universo criminoso 
não se pode falar em ética ou valores moralmente elevados, 
dada a própria essência das organizações criminosas, que 
tem por atuar desrespeitando as normas vigentes, ferindo 
bens juridicamente protegidos pelo estado. Demonstrando um 
menor grau de culpabilidade (juízo de reprovação social), 
sendo justificável uma reprimenda menos grave. Caso 
ocorrendo falsas delações, estas devem ser punidas 
severamente. 
Nucci também cita os pontos positivos da Colaboração 
Premiada, assim dispõem: 
(...) a) no universo criminoso, não se pode falar em ética ou 
valores moralmente elevados, dada a própria natureza da 
prática de condutas que rompem com as normas vigentes, 
ferindo bens jurídicos protegidos pelo Estado; 
b) não há lesão à proporcionalidade na aplicação da pena, 
pois esta é regida, basicamente, pela culpabilidade (juízo de 
reprovação social), que é flexível. Réus mais culpáveis devem 
receber penas mais severas. O delator, ao colaborar com o 
Estado, demonstra menor culpabilidade, portanto, pode 
receber sanção menos grave; 
c) o crime praticado por traição é grave, justamente porque o 
objetivo almejado é a lesão a um bem jurídico protegido; a 
delação seria a traição de bons propósitos, agindo contra o 
delito e em favor do Estado Democrático de Direito; 
d) os fins podem justificar os meios, quando estes forem 
legalizados e inseridos, portanto, no universo jurídico; 
e) a ineficiência atual da delação premiada condiz com o 
elevado índice de impunidade reinante no mundo do crime, 
bem como ocorre em face da falta de agilidade do Estado em 
dar efetiva proteção ao réu colaborador; 
f) o Estado já está barganhando com o autor de infração 
penal, como se pode constatar pela transação, prevista na 
lei 9.095/95. A delação premiada é, apenas, outro nível de 
transação; 
g) o benefício instituído por lei para que um criminoso delate 
o esquema no qual está inserido, bem como os cúmplices, pode 
servir de incentivo ao arrependimento sincero, com forte 
tendência à regeneração interior, o que seria um dos 
fundamentos da própria aplicação da pena; 
h) a falsa delação, embora possa existir, deve ser severamente 
punida; 
i) a ética é juízo de valor variável, conforme a época e os bens 
em conflito, razão pela qual não pode ser empecilho para a 
delação premiada, cujo fim é combater, em primeiro plano, a 
criminalidade organizada (NUCCI, 2007, p. 1024-1025). 
Nesse sentido, apesar das varias críticas apresentadas, não 
resta duvidas enquanto as suas vantagens, sendo um poderoso 
instituto contra as organizações criminosas. 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/110977/lei-9095-95
3.4 Benefícios da Colaboração Premiada 
Havendo colaboração Premiada, o juiz pode tomar umas das 
seguintes medidas (Art. 4º, caput, da Lei das Organizações 
Criminosas): 
a) Conceder perdão judicial, com a consequente extinção da 
punibilidade. 
b) Condenar o réu, porém, reduzindo a pena em até 2/3 (dois 
terços). 
c) Substituir a pena privativa de liberdade por restritiva de 
direitos do art. 43 do Cp. 
Se a colaboração for depois da sentença, caberá: 
a) Redução da pena em até metade ou 
b) Progressão de regime, ainda que ausentes os requisitos 
objetivos. (BRASIL, 2013) 
Acerca do perdão judicial, se a colaboração prestada for de 
grande relevância para as investigações, o Ministério Público 
ou à Autoridade Policial poderão se manifestar em 
representação ao juiz que conceda do perdão judicial, e com a 
consequência a extinção da punibilidade. É o que se extrai do 
art. 4º, § 2º da Lei nº 12.850/13, senão vejamos: 
Considerando a relevância da colaboração prestada, o 
Ministério Público, a qualquer tempo, e o Delegado de Polícia, 
nos autos do inquérito policial, com a manifestação do 
Ministério Público, poderão requerer ou representar ao juiz 
pela concessão de perdão judicial ao colaborador, ainda que 
esse beneficio não tenha sido previstona proposta inicial, 
aplicando-se, no que couber, o art. 28do Decreto-Lei nº 3.689, 
de 3 de outubro de 1941 (CÓDIGO DE PROCESSO PENAL, 
1941). 
O parágrafo § 4º do art. 4º, da referida lei, possibilita ao 
Ministério Público, quando presentes as hipóteses do caput, 
acima mencionadas, deixar de oferecer denúncia se o 
colaborador: a) não for o líder da organização criminosa; e b) 
for o primeiro a prestar real cooperação. Sobre essa questão 
existe certa divergência por parte da doutrina. 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10635539/artigo-43-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/26893103/artigo-4-da-lei-n-12850-de-02-de-agosto-de-2013
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/26893076/par%C3%A1grafo-2-artigo-4-da-lei-n-12850-de-02-de-agosto-de-2013
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035673/lei-12850-13
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10676901/artigo-28-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
Uma primeira corrente, onde parte da doutrina, como Renato 
Brasileiro (2014, p. 529), defende que o Ministério Público 
pode deixar de oferecer a denúncia em relação ao colaborador 
de forma definitiva, pedindo o arquivamento das investigações 
em relação a ele. Onde haveria aqui mais uma exceção ao 
principio da obrigatoriedade. 
Já uma segunda corrente, defendida por Nucci (2014), 
corrobora com o pensamento de que o não oferecimento da 
denúncia não seria permanente e não equivaleria ao 
arquivamento, vez que toda colaboração somente recebe o 
premio, seja ele qual for, passando por juiz, além disso, o 
arquivamento, puro e simples não fornece nenhuma segurança 
ao delator, que poderá ser chamado a depor e não poderá 
recusar-se, nem invocar medidas de proteção. Ademais 
segundo se sabe, o arquivamento pode provocar processo-
crime posteriormente, desde que surjam provas novas. Nucci 
defende a aplicação do prazo previsto no § 3º para o não 
oferecimento da denúncia, ou seja, de até 6 (seis) meses, 
prorrogáveis por igual prazo. 
No que diz respeito à substituição da pena privativa de 
liberdade por restritiva de direitos, nesse caso, independe da 
satisfação dos requisitos gerais do art. 44do CP,. Na progressão 
de regime dispensa o requisito objetivo, art. 112 da Lei de 
Execucoes Penais. 
Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em 
forma progressiva com a transferência para regime menos 
rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver 
cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e 
ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo 
diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a 
progressão. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003) 
§ 1º A decisão será sempre motivada e precedida de 
manifestação do Ministério Público e do defensor. (Redação 
dada pela Lei nº 10.792, de 2003) 
§ 2º Idêntico procedimento será adotado na concessão de 
livramento condicional, indulto e comutacao de penas, 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10635164/artigo-44-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11690508/artigo-112-da-lei-n-7210-de-11-de-julho-de-1984
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/109222/lei-de-execu%C3%A7%C3%A3o-penal-lei-7210-84
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/109222/lei-de-execu%C3%A7%C3%A3o-penal-lei-7210-84
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/95100/lei-do-indulto-decreto-5993-06
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/820769/lei-do-indulto-natalino-decreto-7046-09
respeitados os prazos previstos nas normas vigentes 
(BRASIL, 2003). 
De modo que se pode cogitar a substituição mesmo para penas 
aplicadas em quantidade superior a 04 (quatro) anos, inclusive 
em crimes que envolvam violência ou grave ameaça à pessoa. 
Vale ressaltar que o beneficio é individual ao colaborador, 
onde Marson preconiza “Importante salientar que os 
benefícios concedidos com a delação são de caráter 
individual, destinando apenas ao colaborador” (GUIDI, 2006 
p. 302). 
3.5 Direitos do Colaborador 
O colaborador que prestar em sua delação informações que 
ajude a investigação gozará dos direitos elencados no art. 5º da 
lei em comento 12.850/2013, onde se extrai os seguintes 
direitos: 
I- Usufruir das medidas de proteção previstas na legislação 
especifica – tais medidas estão previstas na Lei n º 9.807/99 
(Lei de Proteção a Testemunha e Vítimas), particularmente, 
nos disposto pelos arts. 7º, 8º e 9º. 
Ter nome, qualificação, imagem e demais informações pessoais 
preservados. 
Ser conduzido, em juízo, separadamente dos demais coautores 
e partícipes. 
II- Participar das audiências se contato visual com os outros 
acusados. 
III- Não ter sua identidade revelada pelos meios de 
comunicação, nem ser fotografado ou filmado, sem sua prévia 
autorização por escrito – trata-se de decorrência do inciso II, 
aliás, constitui crime tal divulgação, conforme se verifica no 
art. 18 desta lei. 
IV- Cumprir pena em estabelecimento penal diverso dos 
demais corréus ou condenado (BRASIL, 2013). 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035673/lei-12850-13
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/109647/lei-9807-99
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11703679/artigo-7-da-lei-n-9807-de-13-de-julho-de-1999
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11703391/artigo-8-da-lei-n-9807-de-13-de-julho-de-1999
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11703360/artigo-9-da-lei-n-9807-de-13-de-julho-de-1999
Tais direitos se mostram necessários para assegurar a 
segurança do colaborador, e de sua família, quando se mostrar 
necessário, visto que, em decorrência da sua contribuição para 
a justiça, esse se mostra vulnerável a organização criminal a 
que fazia parte, pois delataram os esquemas praticados, quanto 
seus comparsas de atuação. Evitar-se, com isso, represálias 
contra o colaborador. Isto porque o delator se torna um 
inimigo geral dos delinquentes, podendo ser agredido até 
mesmo morto. 
3.6 Direito ao silêncio 
A lei deixa claro ao afirmar que, “nos depoimentos que prestar, 
o colaborador renunciará, na presença de seu defensor, ao 
direito ao silêncio e estará sujeito ao compromisso legal de 
dizer a verdade” (Art. 4º, § 14, da Lei 12.850/13). O que 
violaria uma das características dos direitos fundamentais que 
é a inalienabilidade. Pacelli (2017) afirma que houve neste 
dispositivo foi uma atecnia legislativa, onde a colaboração seria 
um ato voluntario do agente, e não uma imposição legal. 
O ideal seria pensar que o colaborador optaria pelo não 
exercício do direito ao silencio. Assim como sempre foi possível 
confessar, ao invés de se valer do direito ao silencio, também 
seria possível colaborar sem que isso importasse em renúncia a 
tal direito, que, como direito fundamental, é irrenunciável. 
3.7 Direito ao Sigilo x Publicidade Processual 
Um dos direitos do colaborador instituído pela Lei 
nº 12.850/2013 é o direito ao sigilo, resguardado a imagem do 
colaborador para sua própria preservação, o pedido de 
homologação do acordo será sigilosamente distribuído, 
contendo apenas informações que não possam identificar o 
colaborador e o seu objeto (art. 7º, caput). As informações 
pormenorizadas da colaboração premiada serão dirigidas 
diretamente ao juiz a que recair a distribuição, que decidirá no 
prazo de 48 (quarenta e oito) horas (§ 1). Trata-se, porém, de 
prazo impróprio, ou seja, uma vez descumprido, não gera 
qualquer consequência. Porém, conforme o caso, diante da 
urgência, cabe ao magistrado homologar o mais breve possível. 
Tendo em vista o sigilo das investigações e dos termos do 
acordo submetido à homologação, o acesso aos autos será 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/26893103/artigo-4-da-lei-n-12850-de-02-de-agosto-de-2013http://www.jusbrasil.com.br/topicos/26893022/par%C3%A1grafo-14-artigo-4-da-lei-n-12850-de-02-de-agosto-de-2013
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035673/lei-12850-13
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035673/lei-12850-13
restrito ao juiz, ao Ministério Público, e ao delegado de Policia, 
como forma de garantir o êxito das investigações assegurando-
se o defensor no interesse do representado, amplo acesso aos 
elementos de prova que digam respeito ao exercício do poder 
de defesa, devidamente precedido de autorização judicial. 
Se contrapondo a esse entendimento legal a 
própria constituição federal em seu art. 93, que trata dos 
princípios que serão observados sobre o Estatuto da 
Magistratura, no dispositivo IX “in verbis”: 
IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder 
Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as 
decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a 
presença, em determinados atos, às próprias partes e seus 
advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a 
preservação do direito à intimidade do interessado 
no sigilo não prejudique o interesse público à 
informação (BRASIL, 1988) 
A despeito disso, a nossa Carta Magna, expressa nitidamente 
que se sobressai o direito a informação da sociedade sobre o 
direito a intimidade do acusado, ad cautelam, que o conteúdo 
versado em uma colaboração premiada é de total e notório 
interesse público e social, visto que trata em suma de 
corrupção pública, merecendo a publicidade dos atos. 
Sendo que a própria lei que trás o direito ao sigilo, nos termos 
do Art. 7º, § 3ºda Lei 12.850/2013 assevera que após a 
denúncia oferecida pelo MP, a colaboração deixará de ser 
sigilosa. “O acordo de colaboração premiada deixará de ser 
sigiloso assim que for recebida a denúncia” (BRASIL, 2013). 
Desta feita, com a divulgação dos áudios, vídeos, e textos 
publicados pela mídia pelos colaboradores que cometeram os 
crimes de colarinhos brancos, no atual cenário da política 
nacional, tem sido motivo de discussão pelos operadores do 
direito e pela sociedade, gerando um temor de descrédito com 
a justiça, tendo em vista os benefícios conquistados pelos 
criminosos, sendo o motivo pela qual este trabalho analisou 
sobre o ponto de vista ético. 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10626510/artigo-93-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/26892959/artigo-7-da-lei-n-12850-de-02-de-agosto-de-2013
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/26892947/par%C3%A1grafo-3-artigo-7-da-lei-n-12850-de-02-de-agosto-de-2013
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035673/lei-12850-13
4 LEITURA ÉTICA DA 
COLABORAÇÃO PREMIADA 
4.1 Ética na colaboração premiada e no direito 
Para alguns doutrinadores, a institucionalização da 
colaboração premiada é incompatível com ética e moral, tendo 
em vista que o próprio Estado incentivaria o comportamento 
antiético e imoral do coautor ou partícipe, em troca de um 
prêmio legal, mas que para outros, tal ação promove maior 
capacidade de efetivação da justiça no momento que contribui 
para a junção de provas ao processo e garante a devolução da 
riqueza desviada pelos atos ilícitos. 
O Estado está se valendo da cooperação de um delinquente, 
comprado ao preço da sua impunidade para “fazer justiça”, o 
que o Direito Penal liberal repugna desde os tempos de 
Beccaria (ZAFFARONI, 1996, p. 45). 
Parte da doutrina posiciona-se contraria à colaboração 
premiada, denominando-a de “extorsão premiada”. Nesses 
moldes Natália Oliveira de Carvalho, nos diz que: 
: 
A tomada de uma postura infame de trair pode ser vantajosa 
para a quem pratica, o Estado premia a falta de caráter do 
codelinquente, convertendo-se em autêntico incentivador de 
anti-valores ínsitos à ordem social (CARVALHO, 2009, p. 
101). 
A credibilidade da justiça brasileira vem em atual descrédito 
por sua população, diante dos atuais escândalos noticiados. 
Onde se passa uma enorme crise econômica e política, nos três 
níveis administrativo, legislativo e no judiciário. Que está 
totalmente atrelada a crise do próprio Estado. 
Ocorre que com o advento da colaboração premiada, tem 
corroborado a esse sério descrédito na justiça, pois os delatores 
que colaboram com a investigação, são premiados com varias 
benesses, ao invés de sua punição, ferindo, portanto o 
princípio da moralidade e da proporcionalidade, já que se trata 
de um “prêmio” dado àquele que, posteriormente arrependido, 
já que foi pego, delata seus companheiros por regalias 
concedidas pela justiça, o que para muitos da nossa sociedade 
é considerado imoral ou inusitado em nosso ordenamento 
jurídico. 
Recentemente houve o impeachment da ex-presidente Dilma 
Rouseff, envolvida em crime de responsabilidade e pedaladas 
fiscais, e as denúncias não deixam de chegar ao Congresso 
Nacional, podendo inclusive acontecer outro, do atual 
presidente do Brasil Michel Temer, vice de Dilma, que em 
virtude de colaborações premiadas dos irmãos donos da 
empresa JBS foi citado em interceptações telefônicas, onde 
Temer em áudio gravado teria feito uma “confissão 
extrajudicial”. Dando "anuência" ao pagamento de propina. 
A Constituição traz o principio da unicidade, onde todas as 
normas lá estabelecidas possuem o mesmo nível hierárquico, 
devendo ser aplicadas de modo harmônico. Mas ocorre que a 
sociedade brasileira é pluralista, sendo inevitável o surgimento 
do embate entre normas e princípios fundamentais, como aduz 
Konrad Hesse: 
Em síntese, pode afirmar: a Constituição Jurídica está 
condicionada pela realidade histórica. Ela não pode ser 
separada da realidade concreta do seu tempo. A pretensão de 
eficácia da Constituição somente pode ser realizada se levar 
em conta esta realidade. Constatam-se os limites da força 
normativa da Constituição quando a ordenação 
Constitucional não mais se baseia na natureza singular do 
presente. Esses limites não são, todavia, precisos, uma vez que 
essa qualidade singular é formada tanto pela idéia de vontade 
da Constituição quanto pelos fatores sociais, econômicos e de 
outra natureza (HESSE, 1991, p. 24). 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
Os princípios éticos e morais que lastreiam como base 
epistemológica de um Estado mais justo, humano e igualitário, 
tendo como base a Constituição, deve ser observada em todas 
as relações interpessoais, sobretudo em especial nas decisões 
judiciais. 
4.2 Discussão Ética e Moral 
A ética e a moral possuem significados distintos levando para 
filosófico, a ética está ligada ao estudo dos valores intrínsecos 
que fundamentam o comportamento humano em sociedade, 
enquanto que a moral está associada aos costumes 
estabelecidos em cada sociedade. A origem etimológica da ética 
advém do Grego ethos, que tem por significado “caráter”. E a 
palavra moral vem de origem latina de expressão Morales o 
que tem por relação os “costumes”, a moral é fruto do padrão 
cultural vigente para determinada sociedade, sendo que esse 
“padrão” é eleito pela própria sociedade. 
A moral é formada por valores anteriormente estabelecidos e 
aceitos pelasociedade, basicamente o padrão de 
comportamento é certo ou errado a depender de determinado 
lugar, sociedade ou povo. Em alguns lugares determinado 
comportamento pode ser plenamente aceito, e em outros 
completamente inaceitáveis. 
A ética, assim, pode-se dizer que é a parte da filosofia que 
estuda a moral, refletindo e questionando as regras (padrões) 
morais. Nesse sentindo a ética a um modo de ser, à natureza 
humana, sendo um conjunto de valores morais e 
principiológicos que norteiam a conduta humana em 
sociedade. Está totalmente relacionada com o sentimento de 
justiça social. 
4.3 Ética Utilitarista 
O utilitarismo é composto por “varias éticas”, onde todas elas 
possuem um aspecto geral comum entre si, onde o cerne dessa 
postura está atrelado ao principio da utilidade, onde segundo 
Carvalho (2000, p.100): 
“Uma ação (ou regra de ação) será moralmente boa na medida 
em que o saldo líquido de felicidade ou de bem-estar 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
decorrente de sua realização (ou de uma conformação à regra) 
for maior que o resultante de qualquer ação ou regra 
alternativa e disponível ao agente” (CARVALHO, 2000, 
p.100) [2]. 
O utilitarismo é uma ética universalista, onde a valoração de 
determinados atos é inaceitável para ética, é uma teoria 
filosófica que trata do modo como se devem entender os 
fundamentos da ética, onde trazendo a perspectiva da 
temática, colaboração premiada, que institucionaliza o ato 
imoral da traição para concessão de benesses, mas 
contrapondo a sua utilidade para a real elucidação dos fatos 
criminais, e a formação do devido processo legal. Onde as 
propensões subjetivas fáticas por serem excessivamente 
heterônomas. 
O princípio da utilidade nos diz que qualquer ato ou ação para 
ser positiva ou não, mas que deve ser analisada a partir da sua 
capacidade de gerar bem-estar para as partes envolvidas. Ou 
seja, se aumenta o bem estar, pelo princípio da utilidade aquele 
ato/ação/norma será aprovado. Trazendo para a temática 
enorme criticas sobre a colaboração premiada, que 
recentemente está sendo fortemente debatido, com base na 
instigação do Estado em incentivar o criminoso, a se auto 
incriminar como também a delatar e trair seus comparsas. 
O Estado tem incentivado a traição, institucionalizando-a, e em 
troca dela conceder benefícios a quem cometeu ilícitos penais, 
agindo de maneira imoral, de acordo com os seus próprios 
princípios éticos que lastreiam a nossa Carta magna, onde fere 
diretamente o principio do Estado democrática de direito, que 
defende através das normas e dos seus princípios todo o rol de 
garantias fundamentais, como o da dignidade da pessoa 
humana. 
Contrapondo-se a essa imoralidade, temos o interesse do 
Estado em combater o crime organizado, e que não está 
preocupado ou interessado na real intenção do agente. Pois de 
acordo a colaboração, o Estado chegará a desvendar toda a 
trama, e assim chegando a todos os envolvidos, como também 
e um dos pontos mais importante ao produto desses atos 
ilícitos cometidos pelos agentes, que na sua maioria tem os 
https://lurymirandadelta18.jusbrasil.com.br/artigos/540947068/a-leitura-etica-da-colaboracao-premiada-como-instrumento-probatorio-na-credibilidade-processualistica-penal?ref=topic_feed#_ftn2
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
casos de corrupção, crimes contra a ordem financeira, desvio 
de verba da maquina pública, onde de posse dessas 
informações a autoridades competentes, poderão estornar 
essas verbas aos cofres públicos, ou seja, a colaboração 
premiada tem seu valor de grande relevância pública. 
Pela teoria da ética utilitarista, podemos enxergar que o bem 
jurídico tutelado pelo Estado na utilização da colaboração 
premiada é de maior relevância, se sobressaindo sobre a sua 
imoralidade. Pois, o bem estar social gerado é maior do que os 
aspectos negativos gerados em meio ao processo, ou seja, para 
o utilitarismo a colaboração se justifica por sua capacidade de 
tratar de questões a partir de certo realismo. 
Deste modo, embasado no entendimento de Manfredo de 
Oliveira: 
O utilitarismo tem por conciliar o principio ético e o empírico, 
pois uma fundamentação moral utilitarista não pode 
realizar-se sem a referência ao empírico (OLIVEIRA, 1993, p. 
38). 
Assim, por esses motivos o utilitarismo é conhecido também 
como o princípio de maior felicidade, ou seja, para ele o que for 
mais útil produzirá mais “felicidade” coletiva que abranja toda 
coletividade, em detrimento de circunstâncias menos infelizes. 
4.4 Ética Profissional do Juiz 
A mídia vem nos trazendo com grande frequência, fatos e 
noticias sobre magistrados de juízo comum de 1º grau até a 
mais alta suprema corte da justiça, envolvidos com ilegalidades 
e corrupções. Tal prática faz com que aumente ainda mais o 
preocupante sentimento de descrédito sofrido pelo Poder 
Judiciário, já muito criticado. 
No que tange ao magistrado, leciona Herkenhoff (2010), que a 
ética que preconiza o juiz vai além de uma ética profissional, 
aduzindo que a magistratura é mais que uma profissão, 
chegando a nos afirmar que: 
A sociedade exige dos magistrados uma conduta 
exemplarmente ética. Atitudes que podem ser compreendidas, 
perdoadas ou minimizadas, quando são assumidas pelo 
cidadão comum, essas mesmas atitudes são absolutamente 
inaceitáveis quando partem de um magistrado (Herkenhoff, 
2010). 
Nesse mesmo sentido José Soares Filho (2013), nos diz que, 
para a sociedade o juiz representa um modelo ideal de como 
dever-ser, um espelho a ser seguido na justiça, à referência que 
devia ser para todos os homens, inteligência essa pela qual se 
tem a expectativa e cobrança de um comportamento, que 
sigam os padrões da ética. 
O ilustre professor aduz ainda que: 
Cristalizou-se em nossa cultura a idéia do juiz como um 
super-homem, intangível, dotado de poderes quase 
sobrenaturais, posicionado acima do bem e do mal. Isso 
porque ele exerce uma profissão excelsa, que de certo modo 
encerra atributos do próprio Deus. A propósito, disse 
Carnelutti: “No mais alto da escala está o juiz”. Não existe um 
ofício mais elevado que o seu, nem uma dignidade mais 
imponente. Os juízes são como os que pertencem a uma ordem 
religiosa. “Cada um deles tem que ser um exemplo de virtude, 
se não quer que os crentes percam a fé” (SOARES FILHO, 
2013). 
Persevera o nobre professor ao afirmar que essa idéia 
grandiosa que se tem a pessoa/ser juiz, de alguma forma, não 
representa a real veracidade de um ser humano falido, com 
limitações, e cheio de falhas, onde expõem os mesmos 
transtornos e vícios de qualquer cidadão comum. Aduzindo 
ainda que a simples investidura no cargo e função de 
magistratura e ao uso da toga, o torna imaculado. 
No dispositivo, art. 93 da Constituição Federal, preconiza e 
discorre acerca do estatuto da magistratura, como também 
na LOMAN – Lei Orgânica de Magistratura Nacional, e no 
Código de Ética da Magistratura Nacional, onde esse último foi 
editado pelo CNJ – Conselho Nacional de Justiça. 
A lei orgânica de magistratura nacional, (Lei complementar 
nº 35 de 1979), organiza regras e preceitos deontológicos para 
o exercício da profissão, especialmente em seu art. 35, onde 
dispõe sobre os deveres dos magistrados, senão vejamos: 
Art. 35 - São deveres do magistrado: 
I - Cumprir e fazer cumprir, com independência, serenidade e 
exatidão, as disposições legais e os atos de ofício; 
II - não exceder injustificadamente os prazos para sentenciar 
ou despachar; 
III - determinar as providências necessárias para que os atos 
processuais se realizem nos prazos legais; 
IV - tratar com urbanidade as partes, os membros do 
Ministério Público, os advogados, as testemunhas, os 
funcionários e auxiliares da Justiça, e atender aos que o 
procurarem, a qualquer momento, quantose trate de 
providência que reclame e possibilite solução de urgência. 
V - residir na sede da Comarca salvo autorização do órgão 
disciplinar a que estiver subordinado; 
VI - comparecer pontualmente à hora de iniciar-se o 
expediente ou a sessão, e não se ausentar injustificadamente 
antes de seu término; 
VIl - exercer assídua fiscalização sobre os subordinados, 
especialmente no que se refere à cobrança de custas e 
emolumentos, embora não haja reclamação das partes; 
VIII - manter conduta irrepreensível na vida pública e 
particular (BRASIL, 1979). 
O juiz como qualquer outro cidadão, está suscetível a 
comportamentos escusos, assim aduz Antônio Sebastião Lima, 
onde essa diferença consiste na sua posição de relevante 
função social, perante a sociedade, se diligenciando para 
manter uma conduta dentro dos padrões e princípios éticos 
que norteiam a magistratura. 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10626510/artigo-93-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103992/lei-org%C3%A2nica-da-magistratura-nacional-lei-complementar-35-79
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103992/lei-org%C3%A2nica-da-magistratura-nacional-lei-complementar-35-79
4.5 A Colaboração Premiada no Cenário Atual 
Brasileiro 
O instituto da delação premiada recentemente vem sendo 
utilizado com frequência nas últimas investigações ocorridas 
em nosso país, nos escândalos de corrupção organizada e 
institucionalizada, com altos e inacreditáveis desvios do 
dinheiro público, trazendo a tona os esquemas milionários 
praticados pelos empresários e gestores públicos, em uma 
organização criminosa. Onde para melhor se elucidar os fatos e 
chegar a todos os envolvidos, a delação é um meio 
imprescindível para a devida apuração e punição. 
Tal instituto traz consigo regras claras e objetivas para sua 
adoção, prevendo a legitimidade para o pedido, permitindo 
assim dessa forma maior eficácia na apuração das 
investigações e combate à criminalidade organizada. 
A lei 12.850, de 2 de agosto de 2013, que, nos exatos termos de 
sua ementa, define organização criminosa e dispõe sobre a 
investigação criminal, os meios de obtenção da prova, 
infrações penais correlatas e o procedimento criminal; altera o 
Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código 
Penal); revoga a Lei no 9.034, de 3 de maio de 1995; e dá 
outras providências. 
O artigo 1º do diploma legal apresenta, de forma sucinta, o 
parágrafo 1º trouxe o conceito de organização criminosa para 
os efeitos da aplicação da lei: 
§ 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 
(quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e 
caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que 
informalmente, com objetivo de obter, direta ou 
indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a 
prática de infrações penais cujas penas máximas sejam 
superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter 
transnacional (BRASIL, 2013). 
Hoje diante das organizações criminosas espalhadas por todo 
território brasileiro, instituídas por 4 (quatro) ou mais pessoas, 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035673/lei-12850-13
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035678/lei-do-crime-organizado-lei-9034-95
estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de 
tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta 
ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza mediante a 
prática de infrações penais, em alguns casos não é possível ter 
um processo penal eficaz e efetivo, sem a adoção de técnicas 
mais invasivas, de mais a mais, é no mínimo contraditório 
falar-se em ética e moral dentro de uma organização 
criminosa. 
É legal e ético admitir a delação premiada, mas com valor 
probatório atenuado, com benefícios mais moderados, 
respeitando o princípio da proporcionalidade, que trata de um 
dos princípios mais importantes do pós-positivismo, onde 
exerce uma das atividades mais relevantes na proteção dos 
direitos fundamentais, onde precede de uma harmonia. 
A colaboração é plenamente compatível com a Constituição 
Federal, apesar de funcionar como modalidade de traição 
institucionalizada, trata-se de instituto de grande importância 
no combate à criminalidade, porquanto se presta ao 
rompimento do silêncio mafioso, além de beneficiar o acusado 
colaborador, é no mínimo contraditório falar em ética e 
moralidade de criminosos. 
4.6 Caso emblemático de colaboração premiada no 
Brasil 
4.6.1 Caso Lava Jato 
A corrupção no Brasil tem sido exposta pela mídia 
constantemente, em contrapartida, pouco se tem acreditado na 
efetividade da justiça brasileira diante dos crimes praticados 
pelos senhores de colarinhos brancos, tendo em vista que 
poucos são aqueles que se encontram reclusos, na grande 
maioria são favorecidos pelas benesses da legislação ao 
contribuírem com as delações premiadas, sendo a pena 
cominada apenas as medidas restritivas de direito, como é o 
caso da Operação Lava Jato. 
Tal nome foi batizado pela Polícia Federal e Ministério Público 
Federal, devido à quantidade exorbitante de desvio e lavagem 
de dinheiro público, os crimes ocorreram por intermédio da 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
Petrobras, com os contratos, que movimentavam recursos 
ilícitos pertencentes às organizações criminosas compostas por 
políticos, funcionários públicos, executivos de empreiteiras e 
doleiros. 
A operação “Lava Jato”, é a maior investigação de lavagem e 
desvio de dinheiro, que já foi visto no país. A estimativa de 
recursos desviados dos cofres públicos, segundo o banco 
americano Morgan Stanley, o prejuízo pode ter chegado a 21 
bilhões de reais. 
Na sua primeira fase da investigação, que aconteceu no mês de 
março de 2014, tramitando pela Justiça Federal de Curitiba 
foram investigadas 04 (quatro) organizações criminosas, todas 
elas lideradas por doleiros. Que eram operadores do mercado 
paralelo de câmbio. Logo após isso, o Ministério Público 
Federal, recolheu provas de um imenso esquema de corrupção 
envolvendo a Petrobras. 
Nesse esquema de corrupção, as grandes empreitares, se 
organizava em cartel, e pagavam propinas de 1% a 5 % do 
montante total de contratos bilionários superfaturados, e esse 
suborno era fatiado por meio de operadores que financiavam o 
esquema. Incluindo doleiros investigados na primeira fase. 
Em outra linha de investigação, em março de 2015, quando o 
Procurador geral da república – PGR, apresentou ao Supremo 
Tribunal federal – STF, 28 (vinte e oito) petições para a 
abertura de inquéritos criminais destinados a apurar fatos 
atribuídos a 55 pessoas, das quais 49 eram titulares de foro 
privilegiado por prerrogativa de função. 
Essa repartição política revelou-se mais evidente em relação às 
seguintes diretorias: de Abastecimento, ocupada por Paulo 
Roberto Costa entre 2004 e 2012, de indicação do PP, com 
posterior apoio do PMDB; de Serviços, ocupada por Renato 
Duque entre 2003 e 2012, de indicação do PT; e Internacional, 
ocupada por Nestor Cerveró entre 2003 e 2008, de indicação 
do PMDB. Para o PGR, esses grupos políticos agiam em 
associação criminosa, de forma estável, com comunhão de 
esforços e unidade de desígnios para praticar diversos crimes, 
dentre os quais corrupção passiva e lavagem de dinheiro. 
Fernando Baiano e João Vacari Neto atuavam no esquema 
criminoso como operadores financeiros, em nome de 
integrantes doPMDB e do PT. 
Alguns dos envolvidos no esquema já foram condenados, 
outros antes do fim do processo resolvem fechar acordo com o 
Ministério Público Federal para que possa delatar e contribuir 
com a justiça, podendo ser homologado pelo Juiz. 
Desta feita, é que ocorre na operação Lava Jato estímulos por 
parte do Estado para que os investigados Delatem os demais 
membros das organizações criminosas, colocando em pauta a 
ética e moral do investigado em confronto com as ideologias 
pessoais frente à organização. 
4.6.2 O Delator e a Ética 
Os Delatores da Operação Lava Jato podem ser vistos como 
antiéticos ou imorais frente aos demais investigados, 
utilizando-se de eufemismo pra que não possa ser utilizado 
termos pejorativos, porém cabe esclarecer que foi confiado um 
cargo ou função para que contribuísse com a empresa ou 
Estado, sendo violado toda a responsabilidade empregada, 
inclusive para o cometimento de crimes. 
Desta feita, de um lado enquanto se pode dizer que foram 
antiético frente aos demais membro da organização criminosa 
é inquestionável que foram não só antiéticos com a sociedade e 
o Estado Democrático de Direito, como também cometeram 
crimes que contribuíram, inclusive para o cenário da política 
atual, isto é, há na verdade uma inversão de valores. 
De acordo com Stukart: 
A moral, então é a regra para um comportamento adequado, 
conforme os costumes que a ética deve definir em relação ao 
que é bom. A distinção entre o bem o mal é uma das 
características definidoras da humanidade, que nos separa 
dos outros seres vivos. (STUKART, 2003, p.15) 
Desta feita, comungando com o autor supramencionado o fato 
do Delator entregar os demais criminosos em nada está sendo 
anti-ético, pelo contrário, por fazer o bem, contribuir com as 
investigações e a sociedade, demonstra um exemplo ético e 
moral, apesar de em fato anterior, ter lavado ou desviado 
dinheiro público ter sido anti-ético. Stukart (2003) explica que 
a corrupção nada mais é que uma violação à ética da 
comunidade em que ela acontece. 
O fato de delatar e entregar os demais membros da 
organização criminosa deve ser visto como uma contribuição 
pelo mal causado aos cofres públicos, bem como a sociedade, 
ao mesmo tempo que ao apurar e ser feito a justiça atende 
veemente aos anseios sociais, mostrando a íntima relação entre 
a ética e a democracia. 
Nos dizeres de Chauí: 
[...] democracia significa, em primeiro lugar, que a liberdade 
se reduz à competição econômica da chamada “livre 
iniciativa” e à competição política entre partidos que 
disputam eleições; em segundo, que há uma redução da lei à 
potência judiciária para limitar o poder político, defendendo 
a sociedade contra a tirania, pois a lei garante os governos 
escolhidos pela vontade da maioria; em terceiro, que há uma 
identificação entre a ordem e a potência dos poderes 
executivo e judiciário para conter os conflitos sociais, 
impedindo sua explicitação e desenvolvimento por meio da 
repressão; e, em quarto lugar, que, embora a democracia 
apareça justificada como “valor” ou como “bem”, é encarada, 
de fato, pelo critério da eficácia, medida, no plano legislativo, 
pela ação dos representantes, entendidos como políticos 
profissionais, e, no plano do poder executivo, pela atividade 
de uma elite de técnicos competentes aos quais cabe a direção 
do Estado. (CHAUI, 2008, p. 67) 
Conforme visto, ambos os conceitos de ética e democracia 
estão no âmbito da subjetividade, da valoração, uma vez que 
evolve questões de liberdade, ética e moral. Assim, contribuir 
com as investigações delatando os demais membros da 
organização criminosa não só seria um ato ético, como também 
estaria a contribuir com a democracia. 
Outro ponto que calha destacar é a economia oriunda da 
delação, sendo mais fácil investigar e apurar os fatos narrados 
pelo delator do que gerar ainda mais ônus pra o Estado em 
colocar os seus agentes para investigar e descobrir por meios 
próprios, ou seja, diminui custos por parte do Estado. 
Na verdade, não dá pra se cobrar ética de quem não tem, ou 
seja, o criminoso já foi anti-ético ao lavar e desviar o dinheiro 
público, nada mais justo seria contribuir com a justiça, não tem 
como ponderar entre ser ético entre os demais criminosos ou 
contribuir com o Estado, é claro, que o bem comum sobressai 
ao interesse pessoal. Segundo Antonio Moser, a corrupção é 
apenas: 
“um rosto horroroso que se apresenta no momento, mas não o 
único. Ela se esconde em inúmeras situações nas quais a 
palavra ÉTICA ou se tornou vazia ou mudou de sentido, 
consagrando-se uma inversão de valores”.[3] 
No Brasil a falta de ética tem se tornado tão grande por parte 
dos senhores de colarinhos brancos que tem acontecido fatos 
absurdos, em tempos de crise vivenciada atualmente, é 
liberado milhões em emendas a troco de votos pró-
impeachment para que o Presidente Temer não perca o seu 
mandato. E não para por aí, tem inclusive colocado em 
descrédito decisões do Poder Judiciário que influenciam 
diretamente na política. 
4.6.3 A Ética do Judiciário 
A crise econômica e política na qual o Brasil vem passando é 
fruto não só de políticas pública má gerida como também 
devido ao enfraquecimento das instituições, os três poderes, 
legislativo, judiciário e executivo. 
https://lurymirandadelta18.jusbrasil.com.br/artigos/540947068/a-leitura-etica-da-colaboracao-premiada-como-instrumento-probatorio-na-credibilidade-processualistica-penal?ref=topic_feed#_ftn3
Com tanta roubalheira e má gestão do dinheiro público as 
pessoas têm colocado em total descrédito aos representantes 
nas três esferas de poderes. Nos poderes legislativos e 
executivos os maiores receios é quanto as lavagens e desvios de 
dinheiro público, já no judiciário quanto a compra de 
sentenças. 
Na operação Lava Jato, os holofotes estavam voltados em 
maior grau às decisões do Juiz Federal Sérgio Moro, em que 
muitas das suas sentenças condenaram políticos do alto 
escalão. 
O desembargador Federal e Relator da Lava Jato no Tribunal 
Regional Federal (TRF) da 4ª Região, João Pedro Gebran Neto, 
durante o 5º Seminário Luso-Brasileiro de Direito, promovido 
pela Escola de Direito de Brasília do Instituto Brasiliense de 
Direito Público (EDB/IDP) e pela Faculdade de Direito da 
Universidade de Lisboa (Fdul), afirmou: "A crise brasileira 
hoje não é econômica, é ética. Se não chegamos no fundo do 
poço, chegamos em momento de autorreflexão".[4] 
Ora, é claro pelo discurso do relator que posturas anti-éticas 
tem sido cometidas por quem é lhe confiado poderes, seja 
através do voto, de cargos em comissão ou por ingresso ao 
serviço público por concurso. 
Com relação às condutas antiéticas cometidas pelos agentes do 
judiciário, pode-se destacar as decisões do Juiz Federal Sérgio 
Moro, onde duras críticas são lhe conferidas por ter divulgado 
os áudios obtidos através de grampos telefônicos da ex-
presidente do Brasil, Dilma Rousseff e com o ex-presidente 
Lula. 
Outro fato questionável sobre o preceito da ética durante a 
operação lava jato é o fato de O ex-procurador da República 
Marcelo Miller que até então fazia parte do Ministério Público 
Federal passou a atuar no escritório que negociava os termos 
da leniência do grupo JBS diante de um acordo de delação 
premiada. 
https://lurymirandadelta18.jusbrasil.com.br/artigos/540947068/a-leitura-etica-da-colaboracao-premiada-como-instrumento-probatorio-na-credibilidade-processualistica-penal?ref=topic_feed#_ftn4
Ora, não se fala aqui sobre ilegalidade, ainda que discutível 
perante o próprio judiciário se a atuação pelo escritório se deu 
antes da exoneração, porém é inevitável questionar sobre os 
preceitos éticos, haja visto que quem acusava e sabia de todos 
os meios para fazê-lo passou a defender, desta feita, deixou de 
defender os interesses do Estado/Sociedade e passou a 
defender os interesses dos particulares/criminosos, haja visto 
que muitos destes, durante a delação confirmaram a autoria 
dos crimes. 
Por fim e não menos

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