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MODELO DIDÁTICO DO GÊNERO REPORTAGEM

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PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – 
PDE 
 
ROSANGELA ORO BROCARDO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MODELO DIDÁTICO DE GÊNERO: UMA PROPOSTA METODOLÓGIC A PARA O 
ESTUDO DO GÊNERO TEXTUAL REPORTAGEM NUMA PERSPECTIVA 
SOCIOINTERACIONISTA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Francisco Beltrão - Julho/2008 
ROSANGELA ORO BROCARDO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MODELO DIDÁTICO DE GÊNERO: UMA PROPOSTA METODOLÓGIC A PARA O 
ESTUDO DO GÊNERO TEXTUAL REPORTAGEM NUMA PERSPECTIVA 
SÓCIOINTERACIONISTA 
 
 
 
 
 
Produção Didático-Pedagógica, constituída na forma 
de Unidade Temática, apresentada como um dos 
requisitos do PDE – Programa de Desenvolvimento 
Educacional 2008/2009, ofertado pela Secretaria de 
Estado da Educação do Paraná, em parceria com a 
Secretaria de Tecnologia e Desenvolvimento. 
 
Orientadora: Profa. Dra. Terezinha da Conceição 
Costa-Hübes (UNIOESTE – Cascavel/PR) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Francisco Beltrão - Julho/2008 
 
 
1
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A língua só tem existência no jogo que se joga na sociedade, na interlocução. 
E é no interior de seu funcionamento que se procura estabelecer as regras de tal jogo. 
 
João Wanderley Geraldi, 
In, O texto na sala de aula 
 
 
 
 
 
2
 
SUMÁRIO 
 
 
1 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO 3 
2 INTRODUÇÃO 3 
3 CONCEPÇÃO DE GÊNERO SUAS PERSPECTIVAS DE 
ENCAMINHAMENTO EM SALA DE AULA 5 
3.1 A esfera jornalística 12 
4 METODOLOGIA DE ANÁLISE: MODELO DIDÁTICO DE GÊNERO 
 COMO PRESSUPOSTO PARA A CONSTRUÇÃO DE SEQÜÊNCIAS D IDÁTICAS 15 
4.1 Descrição do corpus da pesquisa e dos procedimentos de análise 18 
5 ANÁLISE DO MODELO DIDÁTICO DO GÊNERO REPORTAGEM 18 
5.1 Contextos Físico e Sócio-Subjetivo de Produção 19 
5.2 Plano Discursivo 20 
 5.2.1 Definição e Estrutura da reportagem 20 
5.3 Estilo Lingüístico 24 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 29 
7 REFERÊNCIAS 31 
8 ANEXOS 33 
A - Tabelas contendo análise do Modelo Didático de Gênero 33 
B - Corpus: Reportagens analisadas no Modelo Didáti co de Gênero 59 
(imagens) 
C – Validação IES ( UNIOESTE) 78 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3
 
PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA: UNIDADE TEMÁTICA 
 
 
1 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO 
 
Professora PDE: Rosangela Oro Brocardo 
Área: Língua Portuguesa 
NRE: Francisco Beltrão 
Professora Orientadora IES: Profa. Dra. Terezinha da Conceição Costa-Hübes 
IES vinculada: UNIOESTE – Cascavel 
Escola de Implementação: Colégio Estadual Mário de Andrade – EFMP – 
Francisco Beltrão 
Público objeto da intervenção: 2º ano do Ensino Médio 
 
 
Título: Modelo Didático de Gênero: uma proposta metodológi ca para o estudo 
do gênero textual reportagem numa perspectiva sociointeracionista. 
 
 
 
 2 INTRODUÇÃO 
 
 A idéia de que os gêneros textuais se concretizam na sociedade a partir de 
seu uso, de que são definidos por ela, já se tornou um consenso, assim como a 
compreensão de que eles contribuem para organizar as atividades comunicativas, 
são flexíveis, variam de acordo com o mundo discursivo e a esfera a que pertencem. 
No entanto, mesmo com o aprofundamento teórico sobre o assunto, especialmente 
nas duas últimas décadas, ainda percebemos problemáticas, especialmente no que 
se refere à transposição didática dos gêneros textuais para a sala de aula. 
 Nesse sentido, é interessante observarmos que a escola, mesmo que 
forçosamente, na tentativa de ensinar, aos alunos, a língua materna, sempre 
trabalhou com os gêneros, tendo em vista que toda prática de linguagem se situa na 
utilização destes. Diversos documentos como os PCNs (1998), por exemplo, 
 
 
4
 
tentaram abordar a questão. Porém, o que observamos, tanto na prática escolar, 
quanto na teoria proposta, foram certos desvios quanto ao lugar que os gêneros 
deveriam tomar no contexto escolar. O que realmente fizemos foi utilizar o texto 
como pretexto, desprovido de qualquer relação com uma situação de comunicação 
autêntica, ou seja, artificializamos os gêneros. 
Diversos teóricos buscam pesquisar abordagens, meios de encontrar 
caminhos para isso. Mesmo com diferenças, esses pesquisadores guardam um 
traço em comum: a perspectiva de intervenção na educação imediata, gradativa. A 
questão reside no modo como isto é posto em prática, já que muitas são as formas 
de se trabalhar textos. 
 Nesse momento, ao se propor uma construção participativa das Diretrizes 
Curriculares Estaduais (DCEs), as quais buscam ressaltar o papel dos gêneros 
textuais no ensino de língua materna, o que se percebe é que eles não somente se 
mostram como instrumento de toda comunicação, situação de interlocução, mas 
também como objeto de ensino/aprendizagem. 
Nesse momento, ao se propor uma construção participativa das Diretrizes 
Curriculares Estaduais, as quais buscam ressaltar o papel dos gêneros textuais no 
ensino de língua materna, o que se percebe é que eles não somente se mostram 
como instrumento de toda comunicação, situação de interlocução, mas também 
como objeto de ensino/aprendizagem. 
Diante disso, MARCUSCHI (2008) questiona o que pode oferecer a escola ao 
aluno, considerando que este já chega ali com uma capacidade comunicativa bem 
desenvolvida. A resposta, para ele, pode ser dada na medida em que se postula que 
a escola não ensina língua, mas usos da língua e formas não corriqueiras de 
comunicação escrita e oral. Nessa perspectiva, o trabalho em língua materna parte 
do enunciado e suas condições de produção para entender e bem produzir textos. 
 Consideramos, então, que o trabalho com os gêneros na escola é o resultado 
de uma ação didática que, em primeiro plano, visa a dois objetivos de aprendizagem 
precisos: primeiro, trata-se reconhecer o gênero quanto a sua função social, ou seja, 
aos seus objetivos de produção e circulação, definindo, a partir daí, suas marcas 
para melhor utilizá-lo, dentro ou fora da escola; e, segundo, propiciar um 
encaminhamento pedagógico/metodológico que permita a progressão dos 
conhecimentos referentes ao gênero, transferíveis para outros, da mesma esfera ou 
não. Nesse sentido, o desenvolvimento do Modelo Didático de Gênero (MDG) 
 
 
5
 
mostra-se como fundamental, tanto no sentido de se constituir como uma orientação 
para as intervenções dos professores, quanto ao fato de este delimitar as dimensões 
ensináveis, a partir das quais Seqüências Didáticas (SD) podem ser feitas. 
No sentido de aclarar essas questões e de encontrar caminhos para o 
trabalho com os gêneros na sala de aula, selecionamos, da esfera jornalística (dada 
a vasta diversidade de esferas e seus respectivos gêneros), o gênero Reportagem 
Impressa, buscando ampliar nosso conhecimento sobre suafunção social, seu 
contexto de produção, sua organização composicional, lançando um olhar, também, 
para suas marcas lingüísticas, por meio da construção de um MDG, imprescindível 
para que SD, que considerem o gênero em questão sejam adequadamente 
construídas. Com isso, pretendemos angariar maior subsídio para propor, aos 
professores, um encaminhamento teórico-metodológico para o trabalho com os 
gêneros textuais, em especial, a Reportagem. 
 
3 CONCEPÇÃO DE GÊNERO E SUAS PERSPECTIVAS DE ENCAM INHAMENTO 
EM SALA DE AULA 
 
O estudo dos gêneros é muito antigo, porém concentrado inicialmente só na 
Literatura, cujo início deu-se com Platão e Aristóteles. Há pouco mais de 20 anos sai 
dessas fronteiras e vem para a Lingüística, observando especialmente perspectivas 
discursivas. 
Já no Brasil, só recentemente tem sido dada maior atenção às teorias de 
gênero (de textos/do discurso). Pelo menos em parte, isso se deve aos novos 
referenciais que diversos documentos, como os PCNs (1998), apresentaram, 
trazendo indicação dos gêneros como objeto de ensino, destacando a importância 
de considerarmos as peculiaridades destes no trabalho com a leitura, com a 
oralidade e com a escrita. Trata-se, então, de enfocar, em sala de aula, o contexto 
de produção/leitura, evidenciando as significações geradas mais que as 
propriedades formais. Passa-se a diminuir o enfoque meramente gramatical, 
normativo dos textos, para valorizar o estudo da situação de produção, do contexto e 
a circulação dos textos. 
 
Os textos organizam-se sempre dentro de certas restrições de 
natureza temática, composicional e estilística, que os caracterizam 
como pertencentes a este ou aquele gênero. Desse modo, a noção 
 
 
6
 
de gênero, constitutiva do texto, precisa ser tomada como objeto de 
ensino (BRASIL, 1998, p. 23). 
 
Buscando encaminhar atividades que dessem conta do que se mostra 
proposto no documento, diversos materiais didáticos apresentaram tentativas de 
aplicabilidade das teorias ligadas aos gêneros, o que gerou, muitas vezes, uma 
confusão terminológica, que atualmente ainda se percebe em alguns materiais. Isto, 
aliado ao fato de que muitos professores não conseguiram (ou não quiseram) 
entender adequadamente essas mesmas teorias, o que levou, e ainda tem levado, a 
muitos encaminhamentos confusos, no que se refere ao trabalho com a Língua 
Portuguesa. Além disso, é preciso dizer que a confusão de nomenclatura, definição, 
classificação não é privilégio de autores de materiais didáticos e/ou de professores, 
pois observamos isso também com relação à literatura de referência, especialmente 
nas obras que expõem as teorias lingüísticas. Por isso, delimitaremos como caminho 
a ser estudado, os referenciais propostos pelo Interacionismo Sócio-discursivo, nas 
linhas traçadas por Bakhtin (1990, 2003), Marcuschi (2008) e Bronckart (1999), para 
citar alguns. 
Nesse sentido, na tentativa de resolver a confusão terminológica sobre o 
tema, adotamos, como conceito de texto, a definição proposta por Bronckart: “(...) 
chamamos de texto toda unidade de produção de linguagem situada, acabada e 
auto-suficiente (do ponto de vista da ação ou da comunicação)” (BRONCKART, 
1999, p. 75), 
Todavia, para que essa definição seja perfeitamente compreensível, é 
necessário, antes de mais nada, que compreendamos o que são gêneros (textuais 
ou discursivos). Para isso, uma grande contribuição vem de Bakhtin e de outros 
pesquisadores que compartilham de sua visão, os quais chamam a atenção para o 
caráter mediador e organizador do uso que fazemos da linguagem. Todos os 
usuários de uma língua moldam sua fala às formas dos gêneros, e os reconhecem 
nos usos sociais. Assim, todo gênero se realiza em textos. Portanto, 
 
Quanto melhor dominamos os gêneros tanto mais livremente os 
empregamos, tanto mais plena e nitidamente descobrimos neles a 
nossa individualidade, refletimos de modo mais flexível e sutil a 
situação singular da comunicação; em suma, realizamos de modo 
mais acabado o nosso livre projeto de discurso. (BAKHTIN, 2003, 
p.285). 
 
 
 
7
 
 Sendo assim, os gêneros podem ser definidos como organização do discurso, 
tendo em vista diferentes fatores, tais como: a esfera na qual o discurso se organiza 
e na qual ele circulará, os interlocutores envolvidos no processo e os objetivos da 
interação. Tais fatores determinam o que, como e por que dizer, exigindo, do locutor, 
a seleção de um gênero textual que, por sua vez, revelar-se-á num texto, a 
materialidade do gênero. Portanto, estudar a linguagem, significa estudar os 
gêneros, considerados, por muitos pesquisadores como instrumento mediador dos 
estudos da linguagem. A idéia de que o gênero é um instrumento ao qual se referem 
diversos teóricos da atualidade tem seus princípios em Bakhtin (2003). Schneuwly 
resume a posição desse autor: 
 
- Cada esfera de troca social elabora tipos relativamente estáveis de 
enunciados: os gêneros; 
- Três elementos os caracterizam: conteúdo temático, estilo, 
construção composicional; 
- A escolha de um gênero se determina pela esfera, as necessidades 
da temática, o conjunto dos participantes e a vontade enunciativa ou 
intenção do locutor (SCHNEUWLY, 2004, p. 25). 
 
 Após explicitar cada um desses elementos definidor de gêneros, 
Schneuwly (idem) argumenta que a analogia entre gêneros e instrumentos está 
evidente na definição de Bakhtin. Porém, esclarece que é importante entender cada 
um dos itens apontados e explica: 
 
Há visivelmente um sujeito, o locutor-enunciador, que age 
discursivamente (falar/escrever), numa situação definida por uma 
série de parâmetros, com a ajuda de um instrumento que aqui é um 
gênero, um instrumento semiótico complexo, isto é, uma forma de 
linguagem prescritiva, que permite, a um só tempo, a produção e a 
compreensão de textos (Idem, p. 26-27). 
 
Uma vez ampliada a compreensão que temos de gênero e texto, cumpre-nos, 
também, esclarecer outro conceito que ultimamente tem gerado muito equívocos: a 
noção de tipo textual. Nesse sentido, entendemos que os conceitos de tipo textual e 
de gênero textual são diferentes, mas não excludente, já que este contém aquele. 
Marcuschi traduz essa distinção: 
 
- Tipo textual designa uma espécie de construção teórica (em geral 
uma seqüência subjacente aos textos) definida pela natureza 
lingüística de sua composição. (...) Em geral, os tipos textuais 
abrangem cerca de meia dúzia de categorias conhecidas como: 
 
 
8
 
narração, argumentação, exposição, descrição, injunção. O conjunto 
de categorias para designar tipos textuais é limitado e sem tendência 
a aumentar. 
- Gênero textual refere-se aos textos materializados em situações 
comunicativas recorrentes. São textos que encontramos em nossa 
vida diária e que apresentam padrões sociocomunicativos 
característicos definidos por composições funcionais, objetivos 
enunciativos e estilos. Em contraposição aos tipos, os gêneros são 
entidades empíricas em situações comunicativas e se expressam em 
designações diversas, constituindo em princípio listagens abertas 
(MARCUSCHI, 2008, p. 154). 
 
Assim, tipo textual e gênero textual devem ser encarados como aspectos 
constitutivos das situações comunicativas, numa relação de complementaridade. 
Nessa perspectiva, não se podem conceituar os gêneros independentemente de sua 
realidade social e de sua relação com as atividades humanas, nem classificá-los 
como modelos estanques, ou seja, “todas as nossas manifestações verbais 
mediante a língua se dão como textos e não como elementos lingüísticos isolados. 
Esses textos são enunciados no plano das ações sociais situadas e históricas” 
(MARCUSCHI, 2006, p. 25). 
 Os gêneros desenvolvem-se de maneira dinâmica e, por isso, novos gêneros 
surgem como desmembramento de outros, conforme as necessidades ou a partir da 
decorrência das novas tecnologias de informação e de comunicação. Assim, os 
gêneros adaptam-se às finalidades,aos suportes, como por exemplo, o gênero 
email disponibilizado na internet, que surgiu do gênero carta. 
Diante disso, parece inviável que o processo de ensino-aprendizagem de 
língua materna focalize aspectos meramente comunicativos e informacionais, como 
ainda muitas vezes observamos, tanto no planejamento dos professores, quanto em 
diversos materiais didáticos (embora alguns afirmem seguir linha 
sociointeracionista). 
A competência discursiva de um falante está associada à sua capacidade de 
interagir com as formações sócio-discursivas existentes no mundo. Essa interação, 
segundo Bronckart (1999) se dá por meio de textos empíricos. Ele afirma: 
O texto singular ou empírico designa uma unidade concreta de 
produção de linguagem, que pertence a um gênero, composta por 
vários tipos de discurso, e que também apresenta os traços das 
decisões tomadas pelo produtor individual em função da sua 
situação de comunicação particular (BRONCKART, 1999, p.108). 
 
Assim, “é no processo de interação social que a palavra significa, o ato de fala 
é de natureza social” (BAKHTIN, 1999, p. 109). Isso implica dizer que os homens 
 
 
9
 
não recebem a língua pronta para ser usada, eles “penetram na corrente da 
comunicação verbal; ou melhor, somente quando mergulham nessa corrente é que 
sua consciência desperta e começa a operar” (Idem, p. 108). 
Segundo as Diretrizes Curriculares Estaduais, 
Ensinar a língua materna, a partir dessa concepção, requer que se 
considerem os aspectos sociais e históricos em que o sujeito está 
inserido, bem como o contexto e produção do enunciado, uma vez 
que os seus significados são sociais e historicamente construídos 
(PARANÁ, 2008, p. 16). 
 
 
A palavra significa na relação com o outro, em seu contexto de produção: 
 
[...] Toda palavra comporta duas faces. Ela é determinada tanto pelo 
fato de que procede de alguém, como pelo fato de que se dirige a 
alguém. Ela constitui justamente o produto da interação do locutor e 
do ouvinte. Toda palavra serve de expressão a um em relação ao 
outro. (...) A palavra é território comum do locutor e do interlocutor 
(BAKHTIN, 1999, p. 113). 
 
 A proposta de que os alunos se apropriam dos conhecimentos, tanto por meio 
da escrita, quanto da oralidade e da leitura, tem relação com os estudos 
relacionados ao letramento, entendido como a apropriação/conhecimento das 
inúmeras práticas sociais que integram a textualidade no mundo. Marcuschi 
concorda que: 
 
Os estudos sobre letramento investigam as práticas sociais que 
envolvem a escrita, seus usos, funções e efeitos sobre o indivíduo e 
a sociedade como um todo. Alguns dos resultados obtidos pelas 
pesquisas indicam que todos os usos lingüísticos são situados no 
tempo e no espaço e são a sedimentação das práticas sociais 
longamente desenvolvidas e testadas, as quais, se sedimentam na 
condição de estruturas chamadas gêneros.(...) Isso nos faz ver que 
o letramento não é único, mas há vários letramentos(...) relativos aos 
vários contextos sociais e culturais das sociedades em que 
aparecem. Assim, é que se tem letramento relativo ao contexto 
discursivo familiar, escolar, religioso, profissional e outros e não se 
pode falar de um sujeito iletrado. Se há tipos diferentes de 
letramento, só há sujeitos menos ou mais letrados, visto que em 
algum domínio discursivo ele terá mais práticas de letramento e, em 
outro, menos (MARCUSCHI, 2007, p. 39). 
 
 
 Isto implica em entendermos a questão dos gêneros como instrumentos, 
objetos de estudo, do qual deve partir todo trabalho que envolva a textualidade, 
ampliando, gradativamente, pela progressão, o letramento dos alunos. 
 
 
10
 
 Quanto às atividades de linguagem, além do conhecimento de mundo, é 
necessário também, segundo Antunes (2007), que se conheçamos as muitas regras 
(ou regularidades) que especificam o que devemos fazer para organizar um texto, 
para lhe dar uma seqüência, para lhe atribuir uma continuidade e uma progressão, 
no sentido de estabelecer uma coerência. É preciso, assim, que saibamos 
selecionar as estratégias de interação que preferimos adotar com nosso interlocutor; 
que tipo de linguagem empregar; o que devemos explicitar e o que optamos por 
deixar implícito, ao pressupor o contexto ou os saberes do interlocutor que podem 
suprir o que não está dito; que tipo de texto (ou seqüência discursiva) e que gênero 
textual devemos escolher, de acordo com cada situação de uso da textualidade e 
suas respectivas especificidades. 
 
(...) Tudo é necessário para se entender ou para se fazer um 
relatório, um aviso, um convite, um artigo, um resumo, uma resenha, 
por exemplo, vai além da gramática e do léxico da língua. Ou seja, 
conhecimentos relativos à composição dos diferentes gêneros 
textuais são imprescindíveis para que possamos ser eficazes 
comunicativamente, até mesmo na hora da escolha dos padrões ou 
das regras tipicamente gramaticais (ANTUNES, 2007, p. 58-59). 
 
 
Além disso, ao assumirmos base teórica a perspectiva bakhtiniana, 
assumimos duas características dos enunciados: a dialogia e a polifonia. Aquela vê 
o texto não como um produto fechado, mas em suas relações com o contexto social, 
com os textos já lidos pelo leitor, com as ligações feitas com as diversas áreas do 
conhecimento; esta, nos leva a perceber que um texto não é constituído apenas na 
voz do escritor, mas repleto de outras vozes, o que constatamos na elaboração do 
Modelo Didático do Gênero (MDG) Reportagem Impressa analisado, como veremos. 
mais adiante. 
Cada gênero, por sua vez, necessita de um suporte que viabilize a sua 
circulação na sociedade. 
Entendemos como suporte de um gênero um lócus físico ou virtual 
com formato específico que serve de base ou ambiente de fixação do 
gênero materializado como texto. Pode-se dizer que suporte de um 
gênero é uma superfície física em formato específico que suporta, 
fixa e mostra um texto (MARCUSCHI, 2008, p.174). 
 
 
Portanto, o suporte nada mais que a estrutura de base do texto, ou seja, 
aquilo que o carrega, que lhe dá sustentação. Como exemplo, podemos citar o 
 
 
11
 
envelope como suporte da carta; o outdoor, o muro, o cartaz, a revista, o jornal, a 
camiseta, entre outros, como suportes de propagandas; a embalagem como suporte 
do rótulo etc. 
Por isso, uma vez selecionado o gênero textual, a reportagem jornalística 
impressa, coube-nos analisar, também, de que forma seu suporte, no caso, as 
revistas, define sua constituição, uma vez que “a idéia central é que o suporte não é 
neutro e o gênero não fica indiferente a ele. Mas ainda está por ser analisada a 
natureza e o alcance dessa interferência” (Idem). 
Assim, ao propormos uma metodologia que evita o trabalho com modelos pré-
estabelecidos e abordagens apenas dos aspectos formais do texto, visamos ao 
aprimoramento lingüístico e discursivo dos alunos, a fim de que estes possam 
compreender melhor os discursos que os cercam e, a partir disso, possam interagir 
melhor com o mundo. Nesse sentido, nas Diretrizes Curriculares Estaduais afirma-se 
que: 
Para haver reflexão com e sobre a língua é necessário considerar, 
como ponto de partida, a dimensão dialógica da linguagem, presente 
em atividades que possibilitem, aos alunos e professores, 
experiências reais de uso da língua materna. Os conceitos de texto e 
de leitura não se restringem, aqui, à linguagem escrita: abrangem, 
além dos textos escritos e falados, a integração da linguagem verbal 
com outras linguagens (multiletramento) (PARANÁ, 2008, p. 17). 
 
 
Seguindo essa perspectiva, Costa-Hübes e Baumgärtner afirmam: 
 
 
O modo como ensinamos, as nossas ações na sala de aula são 
afetadas ideologicamente, pois a forma como concebemos o ensino 
de língua, as escolhas que fazemos em relação a materiais e 
métodos podem contribuir para a formação de homens críticos, ou de 
homens alienados, tendo em vista que as mesmas estão, 
inevitavelmente, apoiadas em concepçõesde homem, de sociedade, 
de linguagem, as quais incorporamos ao longo de nossa constituição 
sócio-histórica. Para interagir plenamente no mundo letrado, é 
preciso mais que o domínio do código. Requer que a linguagem seja 
tratada na sua perspectiva discursivo-enunciativa, em práticas 
sociais de leitura, de escrita e de fala (In. AMOP, 2007, p. 13). 
 
 
Tendo como base teórica as reflexões do Círculo de Bakhtin a respeito da 
linguagem, defendemos ainda que: 
 
A verdadeira substância da língua não é constituída por um sistema 
abstrato de formas lingüísticas nem pela enunciação monológica 
 
 
12
 
isolada, nem pelo ato psicofisiológico de sua produção, mas pelo 
fenômeno social da interação verbal, realizada através da 
enunciação ou das enunciações. A interação verbal constitui assim a 
realidade fundamental da língua (BAKHTIN, 1999, p. 123). 
 
 
Assim, é preciso que delimitemos um meio para articular a situação de 
produção do gênero com a abordagem progressiva das capacidades de linguagem 
que um aluno deve adquirir, atrelados a um planejamento global do ensino da 
expressão oral e escrita. 
Cabe-nos, a partir dessa perspectiva, avaliar, também, até que ponto este 
instrumento se torna adequado para nossa realidade escolar, contribuindo para a 
formação de alunos mais críticos, capazes de interagir plenamente com a 
sociedade, ao tomar o gênero a partir de uma situação real de uso, não como prática 
de linguagem meramente fictícia. 
Antunes, sobre o trabalho com a textualidade em sala de aula, afirma: 
 
O texto não é a forma prioritária de se usar a língua. É a única forma. 
A forma necessária. Não tem outra. A gramática é constitutiva do 
texto, e o texto é constitutivo da atividade da linguagem. Sua 
exploração em sala de aula tem outras razões que deixar as aulas 
menos monótonas e mais motivadoras. Tudo o que nos deve 
interessar no estudo da língua culmina com a exploração das 
atividades textuais e discursivas (ANTUNES, 2007, p.130). 
 
Para isso, tendo como pressupostos as dificuldades encontradas pelos 
professores no que tange ao ensino da expressão oral/escrita, tomamos como tese 
a idéia de que a linguagem deve ser trabalhada sob a perspectiva sócio-
interacionista, nos termos vygostkyanos e bakhtinianos, constituindo-se, como a 
base do trabalho, os gêneros discursivos e, mais especificamente, a reportagem 
jornalística impressa. 
 
 
3.1 A esfera jornalística 
 
 Muito se fala sobre os gêneros textuais expressos na esfera jornalística. 
Diversos materiais buscam encaminhá-los, mas o que observamos, muitas vezes, é 
uma incoerência entre o que se propõe a fazer, e o que, de fato, se expressa nos 
materiais didáticos. 
 
 
13
 
 Percebemos, que, em materiais como o Manual da Folha de São Paulo, 
embora citem o termo gênero, suas definições não dão conta de sua abrangência, 
nem de suas delimitações, mostrando que não é fácil apontar os limites dos gêneros 
do jornal, como, por exemplo, as fronteiras exatas entre a notícia e a reportagem. 
Definem-se, em sua maioria, como meros normatizadores quanto ao modo como o 
trabalho normalmente deve ocorrer nos jornais e revistas. 
Assim, o objeto de estudo dessa pesquisa, a reportagem jornalística 
impressa, necessita de maiores esclarecimentos sobre muitas questões: qual é, 
afinal, sua função social, o que a caracteriza como tal? Quais as suas formas de 
apresentação nas revistas e jornais? Como nela se desenvolve a polifonia? Que 
relação se estabelece com as variantes do gênero? Quais marcas lingüísticas lhe 
são características? Qual sua relação com a esfera, o mundo discursivo, ao qual 
pertence. 
Para Baltar, 
 
A reportagem é o gênero mais complexo e mais elaborado do 
jornalismo. Envolve coleta minuciosa de dados, entrevistas, consulta 
a outras mídias como rádio, TV e internet. Predominam os tipos de 
discurso do mundo do narrar: narração e o relato interativo, com 
seqüências narrativas, descritivas e dialogais (BALTAR, 2004, p. 
132). 
 
 
 Observamos, ainda, que muitas vezes o gênero reportagem assume caráter 
híbrido, já que sua composição absorve ou utiliza-se de vários outros gêneros, como 
a entrevista, o gráfico, a charge, etc. 
 
O enunciado está repleto de ecos e lembranças de outros 
enunciados, aos quais está vinculado no interior de uma esfera 
comum de comunicação verbal, (...) refuta-os, confirma-os, completa-
os, baseia-se neles, supõe-nos conhecidos e, de um modo ou de 
outro, conta com eles (BAKHTIN, 2003, p.316). 
 
 Notamos, assim, que todo gênero se vincula a uma determinada esfera. No 
caso da reportagem, pertence à esfera jornalística, fundamental no que se refere à 
produção deste tipo de enunciado, uma vez que determina as condições da situação 
de interação, constitutiva do gênero. Ao se estabelecer a vinculação dos enunciados 
ao contexto histórico, por meio da relação dialógica com outros enunciados, 
 
 
14
 
explícitos ou não, consideramos, como fundamental, os encaminhamentos das 
práticas de leitura deste gênero textual/discursivo, além de tantos outros existentes. 
 Como afirma ainda BAKHTIN, 
 
(...) a riqueza e diversidade dos gêneros discursivos é imensa, 
porque as possibilidades da atividade humana são inesgotáveis e 
porque em cada esfera da práxis existe todo um repertório de 
gêneros discursivos que se diferencia e cresce à medida que se 
desenvolve e se complexifica a própria esfera (Idem, p.248). 
 
 
 Porém, salientamos que, o interessante, no trabalho com os gêneros na sala 
de aula, não é quantidade abordada, e sim, a qualidade com que cada um deles é 
explorado e trabalhado com os alunos. É importante que conheçam uma diversidade 
de gênero, mas que a cada um seja dado o tratamento necessário para seu 
reconhecimento e uso na sociedade. 
 
Quanto maior o conhecimento dessas formas discursivas maior a 
liberdade de uso dos gêneros: isso também é manifestação de uma 
postura ativa do usuário da língua para efeitos comunicativos e 
expressivos. (...) É isso que confere ao gênero discursivo o caráter 
não de uma forma lingüística, mas de uma forma enunciativa que 
depende muito mais do contexto comunicativo e da cultura do que a 
própria palavra (MACHADO, 2005, p.158). 
 
 
Assim, faz-se necessário observar que, de acordo com a situação de uso, a 
esfera discursiva na qual o gênero textual se situa, se determinam os aspectos 
constitutivos deste. No caso do suporte do gênero reportagem impressa, a revistas, 
algo semelhante ocorre. Percebemos que, de acordo com o público-alvo que o 
locutor pretende atingir, este opta por estilos diferenciados, influenciando na escolha 
do lexico, dos modalizadores, entre outros. Para melhor compreender, torna-se 
fundamental o estudo de como o gênero se situa, se caracteriza e sua relação com a 
esfera discursiva a que pertence, o que podem ser analisados a partir da construção 
de Modelo Didático de Gênero, conforme se explicita a seguir. 
 
 
 
 
 
 
15
 
4 METODOLOGIA DE ANÁLISE: MODELO DIDÁTICO DE GÊNERO COMO 
PRESSUPOSTO PARA A CONSTRUÇÃO DE SEQÜÊNCIAS DIDÁTIC AS 
 
 
A construção do Modelo Didático do Gênero Reportagem Impressa colabora 
no sentido de avaliar a forma como este se constitui, apresenta-se em seu contexto 
de uso, em sua esfera de circulação. Além disso, permite, maior reflexão sobre ele, 
e uma melhor orientação para sua transposição didática, como base para a 
elaboração de Seqüência Didática sobre o tema, já que fornece critérios para a 
seleção, a elaboração deste material didático em função das reais necessidades do 
contexto em que será utilizado. 
Assim, uma das possibilidades de aprofundamento sobre determinado 
gênero, a fim de possibilitar sua transposição didática, é a elaboração de seqüências 
didáticas (SD), uma vez que trata-se de um procedimento metodológico que propõe 
uma maneira precisa de trabalhá-lo em sala de aula. 
Quanto a este procedimento metodológico, Dolz, Noverraz e Schneuwlydefinem ser “um conjunto de atividades escolares organizadas de maneira 
sistemática, em torno de um gênero textual oral ou escrito” (DOLZ, NOVERRAZ e 
SCHNEUWLY, 2004, p.97). Inicia-se, normalmente, pela apresentação da situação, 
detalhando as tarefas que os alunos realizarão, seguidas pela produção de um texto 
inicial, o qual servirá de referência para o professor identificar os encaminhamentos 
que deverá seguir. Tendo em vista o levantamento das principais dificuldades feito a 
partir dos textos dos alunos, em seguida parte-se para os módulos de atividades 
diversificadas, os quais contemplarão os diversos elementos constituintes do gênero 
abordado. A SD é finalizada com outra produção, a qual dará ao aluno a 
oportunidade de rever a produção inicial e expor o que foi trabalhado nos módulos. 
A avaliação, dessa forma, constitui-se como somativa, uma vez que leva em 
consideração todo o processo desenvolvido ao longo da seqüência, a qual é 
aplicável tanto ao trabalho com a escrita, quanto com a expressão oral. 
 
O procedimento evita uma abordagem “impressionista” de visitação. 
Ao contrário, este se inscreve numa perspectiva construtivista, 
interacionista e social que supõe a realização de atividades 
intencionais, estruturadas e intensivas que devem adaptar-se às 
necessidades particulares dos diferentes grupos de aprendizes 
(Idem, 2004, p. 110) 
 
 
 
16
 
Para melhor organizar as SD e selecionar adequadamente os gêneros com os 
quais se pretende trabalhar, os autores afirmam que os gêneros podem ser 
agrupados em função de regularidades lingüísticas e de transferências possíveis, 
segundo capacidades de linguagem dominantes, como mostra o quadro (resumido) 
abaixo: 
 
DOMÍNIOS SOCIAIS DE 
COMUNICAÇÃO 
CAPACIDADES DE 
LINGUAGEM 
DOMINANTES 
EXEMPLOS DE 
GÊNEROS ORAIS E 
ESCRITOS 
Cultura literária ficcional 
 
NARRAR 
Mimeses da ação através 
da criação de intriga 
Fábula 
Lenda 
Conto 
Documentação e 
memorização de ações 
humanas 
RELATAR 
Representação pelo 
discurso de experiências 
vividas, situadas no tempo 
Testemunho 
Notícia 
Reportagem 
Ensaio biográfico 
Discussão de problemas 
sociais controversos 
ARGUMENTAR 
Sustentação, refutação e 
negociação de tomadas de 
posição 
Texto de opinião 
Carta do leitor 
Carta de reclamação 
Debate regrado 
Transmissão e construção 
de saberes 
EXPOR 
Apresentação textual de 
diferentes formas dos 
saberes 
Seminário 
Conferência 
Relatório científico 
Instruções e prescrições DESCREVER AÇÕES 
Regulação mútua de 
comportamentos 
Receita 
Regulamento 
Instruções 
Fonte: SCHNEUWLY, NOVERRAZ e DOLZ (2004, p. 121) 
 
Nesse sentido, ao tomarem conhecimento das especificidades de um gênero, 
os alunos poderão transferir essas capacidades aos outros gêneros pertencentes ao 
mesmo agrupamento. 
Porém, cabe ressaltarmos que, para que as SD sejam bem constituídas, é 
imprescindível que se tenha em mente uma visão global do gênero, objeto de estudo 
a ser trabalhado nela. Em outras palavras, pressupõe-se que, mesmo que uma SD 
não venha a contemplar todos os aspectos que compõem um gênero textual, o que 
é comum, é importante que haja um conhecimento prévio, por parte de seu 
organizador, de tudo o que compõe aquele gênero, mesmo que este se mostre, de 
certa forma, inconstante, mutável, o que é de se esperar, uma vez que o gênero 
trabalhado na escola é sempre uma variação do gênero de referência, assim como 
este se mostra relativamente estável. 
Como descrever essa variação? Nesse sentido, faz-se de suma importância, 
se não a consulta a Modelos Didáticos do Gênero já disponíveis, a elaboração 
 
 
17
 
prévia destes, nos moldes propostos por Schneuwly e Dolz, a fim de guiar, de 
verificar se o que é proposto na SD apresenta, de fato, encaminhamento adequado, 
permitindo, com isso, uma progressão no que se refere ao trabalho com as marcas 
do gênero. Segundo estes autores, 
 
(...) num Modelo Didático de Gênero, trata-se de explicitar o 
conhecimento implícito do gênero, referindo-se aos saberes 
formulados, tanto no domínio da pesquisa científica quanto pelos 
especialistas. (...) Um modelo didático apresenta, então, em resumo, 
duas grandes características: 
1. ele se constitui uma síntese com objetivo prático, destinada a 
orientar as intervenções dos professores; 
2. ele evidencia as dimensões ensináveis, com base nas quais 
diversas seqüências didáticas podem ser concebidas 
(SCHNEUWLY e DOLZ, 2004, p. 82). 
 
 
 Segundo Machado e Cristõvão (2006), a construção do Modelo Didático de 
Gênero implica a análise de um conjunto de textos, reconhecidos como pertencentes 
ao gênero, considerando-se, no mínimo, os seguintes elementos: 
 
a) as características da situação de produção (quem é o emissor, em 
que papel social se encontra, a quem se dirige, em que papel se 
encontra o receptor, em que local é produzido, em qual instituição 
social se produz e circula, em que momento, em qual suporte, com 
qual objetivo, em que tipo de linguagem, qual é a atividade não 
verbal a que se relaciona, qual o valor social que lhe é atribuído etc.); 
b) os conteúdos típicos do gênero; 
c) as diferentes formas de mobilizar esses conteúdos; 
d) a construção composicional característica do gênero, ou seja, o 
plano global mais comum que organiza seus conteúdos; 
e) o seu estilo particular, ou, em outras palavras: 
- as configurações específicas de unidades de linguagem que se 
constituem como traços da posição enunciativa do enunciador: 
(presença/ausência de pronomes pessoais de primeira e segunda 
pessoa, dêiticos, tempos verbais, modalizadores, inserção de vozes); 
- as seqüências textuais e os tipos de discurso predominantes e 
subordinados que caracterizam o gênero; 
- as características dos mecanismos de coesão nominal e verbal; 
- as características dos mecanismos de conexão; 
- as características dos períodos; 
- as características lexicais 
(MACHADO e CRISTÕVÃO, 2006, p. 11-12). 
 
Seguindo esta orientação (com algumas pequenas adaptações), 
procedemos à análise do gênero Reportagem Impressa, sobre a qual 
discorremos em seguida. 
 
 
 
18
 
4.1 Descrição do corpus da pesquisa e dos procedimentos de análise 
 
Foram selecionadas, para a construção do Modelo Didático do Gênero 
Reportagem Impressa, 10 reportagens de diferentes revistas, as quais 
apresentavam público-alvo bastante diverso. Isto permitiu avaliar mais amplamente 
de que forma o suporte influencia no estilo escolhido pelo locutor, nas escolhas 
lexicais, nas marcas lingüísticas, uma vez que este seleciona diferentes estratégias, 
de acordo com o interlocutor que pretende atingir. 
O quadro resumido abaixo explicita a delimitação do corpus da pesquisa, o 
qual serviu como base para a constatação das marcas características do referido 
gênero, partindo de sua situação real de uso (ver quadros completos no anexo A). 
 
Texto Título da 
Reportagem Autor/Locutor Veículo/Revista 
Momento de 
Produção 
1 Agora nem mais um gole Fel Mendes 
Revista Galileu Especial 
Vestibular 
outubro de 2009 
2 Correr Rejuvenesce Cilene Pereira Revista Istoé 20/08/2008 
3 Biblioteca Íntima Leandro Quintanilha Revista Vida Simples 
outubro/2008 
 
4 Aula de Sabor Amanda Polato Revista Nova Escola Setembro/2008 
5 
Todas as palavras de 
Machado de Assis 
 
Repórter da revista (não 
há referência) 
Revista Língua 
Portuguesa 
Setembro/2008 
6 Um brinde ao vinho 
Texto: Kátia Stringueto 
Reportagem Fotográfica: 
Camile Comandini 
Fotos: Eduardo Delfim 
Revista Bons Fluidos Julho/2005 
7 
Há semelhança com a 
crise de 29? 
 
Octávio Costa Revista Istoé 08/10/08 
8 
O fim do sofrimento no 
dentista? 
 
Elis Magarotto Revista SuperInteressante Agosto/2008 
9 Educação Sexual funciona? 
Texto:Diogo Sponchiatto 
Design: Eder Redder 
Fotos: Eduardo Svezia 
Revista Saúde! É vital. Março/2008 
10 
A vez dos casais sem 
filhos 
 
Ausência de autoria da 
reportagem 
Revista da Semana 02/10/085. ANÁLISE DO MODELO DIDÁTICO DO GÊNERO REPORTAGEM IMPRESSA 
 
 
 Quanto à constituição propriamente dita do Modelo Didático de Gênero e os 
critérios selecionados para análise, temos em vista que toda produção lingüística é 
 
 
19
 
uma ação social situada, utilizada por indivíduos em formações sociais específicas, 
conforme pressupostos teóricos propostos por Bronckart (2003), e, posteriormente, 
analisado por Baltar (2004). Nesse sentido, as tabelas 01 e 02 do MDG buscaram 
analisar a situação de ação da linguagem, as propriedades dos mundos formais 
(físico, social e subjetivo) que influenciam (norteiam?) a produção do gênero 
discursivo reportagem. Sobre o quadro 2, cabe ressaltar ainda que se trata de 
analisar também a infra-estrutura geral de um texto: diante de um quadro contextual, 
o locutor seleciona estratégias diferenciadas de acordo com a situação de linguagem 
em que ele está inserido, com o conteúdo que deseja abordar, com os parâmetros 
dos mundos físico e sociosubjetivo. Define-se, dessa forma, o gênero discursivo , 
determinado, articulando os tipos de discursos, organizados através de seqüências 
textuais. Bronckart (2003) chama isso de folhado textual, “aspectos que tramam a 
organização dos textos”. (Baltar, 2004, p. 72) Já o terceiro quadro refere-se à análise 
de recursos como modalizadores, dêiticos, utilização de elementos coesivos, tanto 
referenciais, quanto seqüenciais, escolha de tempos verbais, lexicais, dentre outros 
itens que estabelecem relações com a intencionalidade do locutor e a constituição 
do gênero, sua circulação. 
 
5.1 Contextos Físico e Sócio-Subjetivo de Produção 
 
 Observamos, na análise, que o lugar de produção em si não apresenta tanta 
relevância, influência, em relação às temáticas abordadas nos textos. O que ganha 
maior relevo, diz respeito muito mais ao momento de produção (o contexto histórico 
imediato) das reportagens. Os locutores, normalmente repórteres das revistas 
(suporte do gênero em questão), buscam selecionar temas que contemplem, ou 
temáticas relacionadas a fatos da atualidade, ou assuntos gerais, atemporais, mas 
de interesse constante por parte do público-alvo (interlocutores). 
 Por meio da análise comparativa de reportagens de diferentes revistas, 
constatamos que, de acordo com o público-alvo, o locutor seleciona estratégias, 
mecanismos lingüísticos diferenciados. Isto se mostra na escolha lexical, nos níveis 
de linguagem, na consideração da posição social do interlocutor, buscando 
contemplar expectativas deste, denunciando intencionalidades. 
 Tanto o lugar, quanto o momento de interação aos quais as reportagens 
remetem, representam fatores determinantes de seu conteúdo, dos argumentos 
 
 
20
 
utilizados pelo locutor, tendo em vista os efeitos que deseja produzir sobre seu 
interlocutor. 
 Nesse sentido, concordamos com Baltar: 
 
Há que se levar em conta a situação de ação de linguagem, ou seja, 
as propriedades dos mundos formais (físico, social, subjetivo) que 
exercem influência sobre a produção textual. (...) Para produzir um 
texto, um agente deverá mobilizar algumas de suas representações 
sobre esses mundos em dois parâmetros distintos: o contexto de 
produção e o conteúdo temático do texto que ele quer produzir. Ele 
deve ter noção do contexto: em que situação de interação ou de 
comunicação ele está. Esses conhecimentos vão exercer papel 
decisivo nas tomadas de decisão sobre a organização de um texto 
(BALTAR, 2004, p. 68-69). 
 
 
 Com relação ao contexto físico, ainda, cabe-nos ressaltar o papel do suporte 
e sua influência sobre a constituição do gênero. Nesse sentido, observamos, nas 
reportagens analisadas, que estas não se mostram indiferentes ao suporte em que 
circulam. Portanto este define, de certa forma, o formato do gênero, ao privilegiar 
estratégias, preferências estilísticas utilizadas na constituição do texto. 
 
 
5.2 Plano Discursivo 
 
5.2.1 Definição e Estrutura da reportagem 
 
 Sendo a reportagem um gênero textual da esfera jornalística, que apresenta 
grande abertura quanto a temáticas e formatos, constitui-se como um objeto de 
estudo interessante a ser trabalhado em sala de aula. A abertura para um espaço de 
discussão sobre o discurso jornalístico, sua constituição, suas marcas e estratégias 
certamente contribuirá para a formação de cidadãos mais críticos. 
O objetivo básico deste gênero se constitui no propósito de trazer 
informações atualizadas e detalhadas sobre fatos, acontecimentos, temas ou sobre 
personalidades de interesse do público-alvo do veículo de comunicação, no caso, da 
revista. Porém, observamos que este gênero objetiva implicitamente, muitas vezes, 
formar a opinião dos interlocutores a respeito de determinado assunto, o que foi 
possível determinar na análise da utilização de modalizadores por parte do locutor. 
 
 
21
 
 As reportagens, quanto à sua estrutura, de um modo geral, podem conter os 
seguintes componentes: 
Baltar tece considerações sobre a reportagem: 
É o gênero mais complexo e mais elaborado do jornalismo. (...) 
Predominam os tipos de discurso do mundo do narrar: narração e o 
relato interativo, com seqüências narrativas, descritivas e dialogais. 
(...) Envolve coleta minuciosa de dados, entrevistas, consultas a 
outras mídias como rádio, tevê e internet (BALTAR, 2004, p.132). 
 
A fim de exemplificar de que forma este gênero normalmente se constitui, 
citamos a reportagem abaixo (para mais detalhes, consultar no MDG, reportagem 
nº10, Anexo A): 
 
BOXE: Tabela + 
linguagem não-verbal
TÍTULO
SUBTÍTULO OU GRAVATA
L
E
A
D
BOXE: Tabela + 
linguagem não-verbal
TÍTULO
SUBTÍTULO OU GRAVATA
L
E
A
D
 
Fonte: Revista da Semana, 02/10/08, reportagem: A vez dos casais sem filhos 
 
1-Títulos : há implícita uma função apelativa com a finalidade de chamar a atenção do leitor. 
2-Subtítulos (ou gravatas): são as linhas colocadas abaixo do título que têm a função de 
completar o título e de apresentar, de maneira resumida, o assunto. 
3-Olho: recurso gráfico no qual é retida uma frase de efeito ou impactante e é colocada em 
destaque, entre aspas, dentro de um pequeno boxe ou espaço e em meio às colunas em 
que são escritas as reportagens. 
4-Lead : relato inicial do texto, devendo informar o que é mais importante e não o mais 
interessante. 
5-Boxes : caixa de texto diferenciada pela cor e que ganha destaque por utilizar textos 
combinados com tabelas, gráficos ou fotos referenciando-se ao assunto (combinação entre 
linguagem verbal e não-verbal ou referência a outros textos de diferentes gêneros textuais). 
 
 
22
 
Notamos, no caso da reportagem acima, que em seu suporte, ao observar 
que seu público-alvo apresenta a preferência por textos mais concisos, apresentam 
reportagens com tal característica. 
Na esquematização abaixo, procuramos explicitar melhor algumas das 
relações gerais que se estabelecem na constituição do gênero textual referido, 
tomando essa reportagem como base: 
 
 
 Faz-se necessário observarmos, com base no exposto acima, que merece 
maior reflexão as influências mútuas entre os gêneros e seus suportes. O que se 
revela é que os gêneros não são indiferentes nos diversos suportes possíveis, nem 
imunes a eles, assim como a percepção das influências do momento histórico e da 
relação entre locutor/interlocutor se fazem como imprescindíveis para uma melhor 
compreensão do sentido global do texto. 
 Na construção do MDG da reportagem impressa, observamos, também, que 
na grande maioria dos textos analisados, há predominância da seqüência 
discursiva/textual narrativa (conforme exemplificado na reportagem acima), porém, a 
presença de outros tipos de seqüências é recorrente. Nesse sentido, Baltar 
concorda que “(...) há uma maioria de textos heterogêneos, compostos por mais de 
um tipo de discurso/modalidade discursiva, em que um tipo está em relação de 
predomínio e outro, ou outros tipos, em relação de subordinação”(BALTAR, 2004, 
p.72) É o caso desse gênero que, em geral, apresenta diferentes seqüências 
discursivas/textuais em sua constituição. Há, no entanto, como se observa nos 
JORNALISTICA 
[esfera] 
REVISTA DA SEMANA 
(suporte) 
O LUGAR/MOMENTO 
HISTÓRICO DA 
INTERAÇÃO: 
Brasil, EUA, momento em que 
analisam dados que tratam do 
aumento considerável do nº de 
casais sem filhos. 
 REPORTAGEM JORNALÍSTICA 
IMPRESSA (gênero): 
A vez dos casais sem filhos 
LOCUTOR: 
Jornalista da 
Revista da 
Semana. 
INTERLOCUTORES 
Pessoas interessadas 
em obter informações 
atuais de forma 
concisa. 
O LUGAR SOCIAL 
DA INTERAÇÃO: 
Escolas, residências, 
ambientes 
comerciais 
SEQÜÊNCIA 
DISCURSIVA/TEXTUAL 
PREDOMINANTE: narrativa 
 
 
 
23
 
resultados do MDG, a predominância da narrativa, aliada, em segundo plano, às 
seqüências argumentativas. 
 A tendência à utilização do relato, no que se refere ao tipo de discurso, é 
previsível, uma vez que este gênero revela marcas do mundo atual, ou seja, do 
contexto físico de produção. O locutor não narra um fato fictício (se assim fosse seria 
narração), mas discorre sobre fatos reais, que fazem parte da situação social em 
curso. Normalmente, como se comprova na construção do MDG, e já exemplificado 
anteriormente, inicia-se por um lead narrativo (primeiro parágrafo ou, às vezes, na 
forma de uma gravata, subtítulo, box), aproximando-se, dessa forma, do gênero 
notícia, diferenciando-se desta, porém, pelo fato de a reportagem aprofundar-se na 
análise do tema, apoiada em dados, fatos, fontes, discursos de autoridade, que lhe 
conferem maior fundamentação. Difere da notícia, então, em relação ao enfoque do 
conteúdo, extensão, abrangência e profundidade. 
 É interessante notarmos, porém, que alguns suportes optam por produzir 
reportagens mais breves, tendo em vista seu público-alvo (interlocutor), o qual 
busca, nesse veículo de comunicação específico, maior concisão, devido à falta de 
tempo, dentre outros motivos. 
 Ainda sobre a estrutura da reportagem, destacamos que, cada vez mais, há 
influência das inovações quanto à diagramação, formas de distribuição dos textos 
nas páginas. Comumentemente, este gênero textual se caracteriza por uma certa 
hibridização, ao se valer de outros gêneros como a inserção de tabelas, colunas 
explicativas, entrevistas, infográficos, entre outros. Embora estes sejam utilizados 
como recursos que colaboram na progressão temática em questão, apresentam 
características próprias do gênero original. Isso nos leva a concluir que a 
reportagem, ao se valer dessa estratégia, busca ampliar os conhecimentos do 
interlocutor específico, fazendo com que produza inferências, determinando um 
posicionamento crítico, em função da abrangência com que os dados são relatados. 
 Quanto às formas de intitular e/ou legendar as reportagens, em muitos textos 
há recorrência a uma linguagem de caráter mais conotativo, ambíguo, quando não 
irônico, humorado, conforme as pretensões interacionais escolhidas pelo locutor, 
tendo em vista a expectativa do interlocutor específico em relação ao conteúdo 
esperado. Podemos citar como exemplos disso: Agora nem mais um gole, título da 
reportagem nº1; Aula de Sabor, título da reportagem nº 04. 
 
 
24
 
Nesse sentido, ainda, a própria opção pela utilização de fotos, imagens, 
cores, caracteriza este gênero, também, como multimodal, ao unir a linguagem 
verbal e a não-verbal, conforme será melhor explicitado a seguir. 
 
5.3 Estilo Lingüístico 
 
 Como a reportagem pertence ao mundo discursivo do narrar, conjunto (por 
revelar marcas de implicação), apresenta, conforme observamos na análise do 
corpus (vide anexo B), a predominância dos verbos no Presente do Indicativo e no 
Pretérito Perfeito do Indicativo (simples). Notamos, assim, que o locutor utiliza mais 
intensamente, de acordo com sua intenção de promover a continuidade e a 
progressão temática de uma seqüência narrativa, verbos no pretérito perfeito, 
quando pretende sinalizar o fim de um estado de expectativa, e, verbos no presente 
do indicativo, para indicar um tempo que pressupõe estabilidade. Essas escolhas 
justificam-se, conforme o que se pretende sinalizar, ou seja, a intencionalidade do 
locutor em relação aos efeitos que deseja causar no interlocutor. Para Koch: 
 
A recorrência de tempo verbal tem função coesiva, indicando ao 
leitor/ouvinte que se trata de uma seqüência de comentário ou de 
relato, de perspectiva retrospectiva ou zero, ou ainda, de primeiro ou 
segundo plano, no relato (KOCH, 2008, p. 58). 
 
 Outro aspecto que detectamos, diz respeito, praticamente, à ausência da 
utilização de pronomes de 1ª ou de 2ª pessoa. Quando isto aparece nas 
reportagens, estão inseridos nos discursos diretos, depoimentos, utilizados como 
estratégia argumentativa (discurso de autoridade). Ao optar por isso, entendemos 
que o locutor pretende marcar uma certa impessoalidade ao texto, no sentido de 
estabelecer uma “veracidade” aos fatos detalhados, o que se faz, de certa forma, 
também como elemento modalizador. 
 Além disso, a utilização freqüente de discursos diretos na manifestação das 
muitas vozes que constam no gênero reportagem fazem com que ele se constitua 
como um texto polifônico. Segundo Bezerra, “a polifonia se define pela convivência e 
pela interação, em um mesmo espaço, (...) de uma multiplicidade de vozes e 
consciências independentes, (...) todas representantes de um determinado universo 
e marcadas pelas peculiaridades desse universo.” (BEZERRA, 2005, p.194). É 
interessante observar, porém, que, embora essas vozes sejam sujeitas de seus 
 
 
25
 
próprios discursos, mostram-se, a partir da utilização do locutor da reportagem, 
como um recurso argumentativo. Nesse sentido, “o que caracteriza a polifonia é a 
posição do autor como regente de coro de vozes que participam do processo 
dialógico” (Idem). 
 Constatamos, também, em diversas reportagens, o uso de figuras de 
linguagem, de certas expressões com valor conotativo, irônico, o que demonstra 
uma intencionalidade por parte do repórter em causar um efeito de descontração, 
buscando que o leitor se sinta instigado a continuar a leitura. Ainda, em alguns 
textos, há referências explícitas ao interlocutor (“você”), o que pode ser interpretado 
como um discurso pretensamente interativo, no sentido de buscar, por meio de uma 
“aproximação” entre locutor/interlocutor, certa adesão ao tema relatado. 
 Durante a construção do MDG, verificamos a utilização intensa de expressões 
que revelavam a posição do locutor em relação ao que se dizia, expressões as quais 
são denominadas, pela Análise do Discurso, de modalizadores. No trecho “Mas, 
segundo os especialistas, a educação sexual ainda deixa a desejar” (reportagem nº 
9, anexo B), as expressões mas e ainda classificam-se como modalizadores ao se 
mostrarem como uma tentativa de induzir o leitor, no sentido de determinar o 
posicionamento deste. Estas expressões exercem, dessa forma, função 
argumentativa, isto é, orientam os enunciados em que figuram para determinadas 
conclusões. Classificam-se, assim, como mais do que simples elementos coesivos. 
 Sobre as formas de coesão verificadas nos textos, notamos a utilização da 
elipse de maneira intensa, como forma de manutenção do tópico em foco. 
Além disso, o uso de paráfrases, cadeia de sinônimos, hiperônimos, 
associação semântica entre as palavras, caracterizam-se como recursos utilizados 
com a finalidade de manutenção temática, progressão desta, ou até mesmo como 
forma de modalização, ao promover a retomada constante das mesmas idéias. Um 
exemplo de como isso ocorre nos textos pode ser analisado considerando sua 
utilização na reportagem nº 06 Um brinde ao vinho. Nela, termo vinho é retomado 
durante o texto através da utilização de diversos termos, como: a bebida; néctar 
eleito pelos deuses; esse líquido púrpura ou branco; mais um presente dos céus; 
tinto respeitável,dentre outras formas. (para mais detalhes, consultar no MDG, 
reportagem nº06, Anexo A) 
Já a função das conjunções, preposições, advérbios, pronomes, articulando a 
coesão seqüencial e referencial nas reportagens, se mostra a partir da sua utilização 
 
 
26
 
em períodos normalmente breves, de forma a facilitar a compreensão imediata do 
conteúdo. Destacamos, além de diversos outros conectivos, o uso recorrente da 
conjunção aditiva “e” e do pronome relativo “que”. O efeito disso se mostra na 
construção de frases bem elaboradas, mas que primam pelo tom de simplicidade, 
coloquialidade, de acordo com as intenções do locutor e com a esfera de circulação 
da revista. 
Uma análise também poderia ser feita em relação à forma recorrente da 
utilização do termo “se”, como expressão que indetermina o sujeito, ocorrida em 
passagens nos textos analisados. Ou, ainda, cabe citar a quase nula utilização de 
pronomes de primeira pessoa (exceto nos discursos diretos). Essas opções podem 
indicar que o que é dito, relatado, afirmado, não são opiniões particulares de quem 
fala (locutor); são idéias definidas como verdades. Estabelece-se, então, uma 
relação entre a escolha léxico-gramatical e os efeitos discursivos que o locutor 
pretende atingir. (para mais detalhes, consultar MDG, Anexo A) 
A preferência por parágrafos relativamente curtos, mostra-se como uma 
tendência à aceitação (exigência?) dos interlocutores por textos mais concisos, 
simples, dado o curto espaço de tempo que uma grande parcela destina à leitura de 
reportagem impressa. Com efeito, o que observamos é uma tendência adotada por 
alguns suportes por privilegiar/disponibilizar reportagens, muitas vezes, com caráter 
mais breve. Isto causa, conseqüentemente, uma aproximação entre as fronteiras da 
notícia e da reportagem. 
Reportagem: Consideramos reportagens em nossos jornais 
escolares matérias que, em forma de notícia, tiveram um tratamento 
diferenciado. (...) 
Notícia é o gênero básico do jornalismo, em que se relata um fato 
cotidiano considerado relevante, mas sem opinião. É um gênero 
genuinamente informativo, em que, em princípio, não se posiciona, 
pois o que vale é o fato (BALTAR, 2004, p.132-133). 
 
 Dessa forma, confirmamos, como citado anteriormente, que a reportagem 
apresenta um caráter de aprofundamento da notícia, podendo, ainda, apresentar, 
implícita ou explicitamente, posicionamento por parte do locutor. Isto se comprova, 
por exemplo, na reportagem nº 10.(para mais detalhes, consultar no MDG, 
reportagem nº10, Anexo A) 
 Em geral, o vocabulário utilizado nos textos pode ser analisado em função do 
gênero e das finalidades pretendidas. Nas reportagens, raramente encontramos 
termos demasiado eruditos, técnicos, científicos (a não ser as que circulam em 
 
 
27
 
suportes específicos dessas áreas), restritos demais. A linguagem escolhida 
normalmente não corresponde a usos informais de conversa coloquial (exceto 
quando a reportagem apresentada em suporte específico, tem como público-alvo, 
interlocutores que exigem essa linguagem). 
 A opção por parágrafos relativamente curtos na grande maioria dos textos 
analisados, assim como a preferência por frases mais simples, períodos não muito 
complexos, mostra-se como uma forma de manter a atenção do interlocutor ( ou 
exigência deste?). 
 Ainda em relação à utilização de recursos coesivos referenciais, observamos 
a predominância de mecanismos de referência, em sua grande maioria, anafóricos. 
Veja exemplo, presente na reportagem nº 04: 
“(...) as merendeiras montavam o prato dos pequenos, um por um. 
Com a instalação da pista de alimentação, elas e as professoras 
ensinam a garotada a colocar nos pratos de vidro, a quantidade que 
realmente vai comer, sem derrubar nada no chão.” 
(para mais detalhes, consultar no MDG, reportagem nº04, Anexo A) 
 
 
 
 Quanto aos recursos de coesão seqüencial, que diz respeito aos 
procedimentos lingüísticos por meio dos quais se estabelecem, entre segmentos do 
texto diversos tipos de relações semânticas e/ou pragmáticas, à medida que faz o 
texto progredir, observamos a recorrência, dentre outras expressões, à utilização de 
conjunções aditivas, utilizadas no sentido de somar argumentos/idéias/fatos a favor 
de determinada conclusão. Observa-se, em alguns casos, que a utilização de 
elementos como o termo também, utilizado na reportagem nº 02, por exemplo: 
“Também não foram observados grandes prejuízos às articulações daqueles que 
corriam.” Sua utilização se mostra muito além do que mero recurso que dá 
seqüência ao que é dito. Este e outros recursos coesivos se apresentam em alguns 
textos com função argumentativa, isto é, orientam os enunciados em função de 
determinada conclusão. São chamados modalizadores ou operadores 
argumentativos (para mais detalhes, consultar no MDG, reportagem nº02, Anexo A) 
 Além disso, em alguns textos observamos que o locutor utilizou marcadores 
do nível conversacional, assinalando uma certa tentativa de aproximação entre 
locutor/interlocutor, como se mostra no exemplo da reportagem nº 03, Biblioteca 
Íntima: 
 
 
28
 
(...) outros que você ganhou de um grande amor – ou até comprou 
para impressionar alguém. Livros sobre quem você foi, quem você é 
e quem gostaria de ser ( sim, há também aqueles que você jura que 
ainda vai ler, lembra?) 
(para mais detalhes, consultar no MDG, reportagem nº03, Anexo A) 
 
Frequentemente recorre-se, nos textos analisados, à tentativa de se chamar a 
atenção para a necessidade de mobilizar o conhecimento de mundo do interlocutor 
para vincular referências. Isso se constata quando observamos a utilização de 
frames, dêiticos em diversas reportagens, o que nos leva a refletir sobre a 
insuficiência do conhecimento lingüístico na compreensão do sentido global dos 
textos. 
 Notamos, também, que a grande maioria das reportagens analisadas 
exploraram tanto recursos da linguagem verbal, quanto da não-verbal. Isto nos leva 
a refletir sobre os conceitos de letramento e de multimodalidade. Sobre estes 
conceitos, Dionisio afirma: 
A noção de letramento como habilidade de ler e escrever não 
abrange todos os diferentes tipos de representação do conhecimento 
existentes em nossa sociedade. Na atualidade, uma pessoa letrada 
deve ser uma pessoa capaz de atribuir sentidos a mensagens 
oriundas de múltiplas fontes de linguagem, bem como ser capaz de 
produzir mensagens, incorporando múltiplas fontes de linguagem.(...) 
A multimodalidade discursiva da escrita ainda é uma área carente de 
investigações. Na sociedade contemporânea, à prática de letramento 
da escrita, do signo verbal, deve ser incorporada a prática de 
letramento da imagem, do signo visual. (...) Faz-se necessário 
ressaltar, também a diversidade de arranjos não-padrões que a 
escrita vem apresentando na mídia em função do desenvolvimento 
tecnológico. Em conseqüência, os nossos habituais modos de ler um 
texto estão sendo re-elaborados constantemente. Não se salienta 
aqui a supremacia da imagem ou da palavra na organização do 
texto, mas sim sua harmonia (ou não) visual estabelecida entre 
ambos (DIONISIO, 2006, p. 131-132). 
 
 Um aspecto interessante observado na análise do corpus diz respeito ao 
hibridismo encontrado neste gênero. Isto se explicita no fato recorrente neste 
gênero a diversos outros gêneros durante a constituição/desenvolvimento geral da 
reportagem. Um exemplo disso pode ser observado na reportagem nº 01, ao se 
valer de outros gêneros (tabelas, entrevistas, etc) para a constituição geral desta. 
(para mais detalhes, consultar reportagem nº 01, Anexo B) 
Nesse sentido, Marcuschi comenta: 
A intergeneicidade de funções e formas de gêneros diversos num 
dado gênero deve ser distinguida da questão da heterogeneidade 
 
 
29
 
tipológica do gênero, que diz respeito ao fato de um gênero realizar 
seqüências de vários tipos textuais.(...) Em principio, isso não deve 
trazer dificuldade algumade interpretabilidade, já que impera o 
domínio da função sobre a forma na determinação interpretativa do 
gênero, o que evidencia a plasticidade e dinamicidade dos gêneros. 
(MARCUSCHI, 2008, p.166) 
 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Observamos, a partir da análise do Modelo Didático de Gênero, que o 
conceito de multimodalidade do discurso também propicia uma abertura de espaço a 
perspectivas interdisciplinares, o que encontra respaldo tanto pela abordagem 
temática, quanto pelos conhecimentos gerais mobilizados para a compreensão de 
suas marcas lingüísticas. Percebemos, portanto, que a percepção da 
multimodalidade, apresentada de forma intensa no gênero reportagem impressa, 
não pode passar despercebida pelo leitor crítico, cabendo ao professor a orientação 
de práticas de leitura que considerem os elementos verbais e não-verbais, suas 
intencionalidades e inferências. 
Os pressupostos teóricos levantados sobre os propósitos comunicativos neste 
trabalho nos levou a observar um aspecto decisivo de sua dimensão discursiva: a 
idéia de que o conhecimento da dimensão lingüística não é suficiente para 
compreender a totalidade da constituição de um enunciado. 
Compreendemos, assim, que a consideração do conjunto de características 
discursivas de um gênero, neste caso da reportagem, antes mesmo da apreciação 
do texto propriamente dito e de seu conteúdo, deve constar entre os 
encaminhamentos iniciais de leitura, uma vez que indica parâmetros de avaliação 
mais ampla do texto quanto: à forma de abordagem do tema; às relações com outros 
enunciados; à quantidade e qualidade das informações; ao estilo selecionado pelo 
locutor; à recorrência ao uso de recursos verbais e não-verbais. 
Entendemos, também, que, o encaminhamento metodológico adequado em 
relação ao trabalho em sala de aula com os gêneros textuais/discursivos, neste 
caso, delimitado pela reportagem, pressupõe, de antemão, a defesa de um conceito 
de leitura que parta do mais amplo – o âmbito discursivo das produções de textos, 
conhecimento dos elementos que constituem as situações de produção e circulação 
do gênero – para o mais específico – seus elementos composicionais, escolhas 
discursivas, recursos específicos. Dessa forma entendemos que o texto se constitui 
 
 
30
 
sempre como um evento interativo, não se constituindo como ação solitária, sendo 
sempre algo processual. 
Os resultados dessa pesquisa buscaram indicar perspectivas discursivas de 
leitura de reportagens impressas em revistas, adequadas à sala de aula, ao 
considerar a viabilização de práticas que proporcionam o conhecimento das 
principais marcas constitutivas neste gênero textual. Esperamos, assim, que 
contribua para uma leitura além do conteúdo proposicional básico das reportagens e 
para a formação de um leitor mais proficiente, de certa forma mais letrado. 
 Nesse sentido, a consulta a Modelos Didáticos de Gênero (MDG) sobre os 
textos a serem trabalhados (disponíveis em materiais teóricos, fontes diversas), e/ou 
a prévia elaboração destes, mostra-se como um caminho não somente viável, mas 
também imprescindível no que se refere às propostas de encaminhamento da 
textualidade em sala de aula. 
Assim, a elaboração de Modelo Didático deste gênero, como pressuposto 
para posterior construção de Seqüência Didática, ao estabelecer como ponto 
essencial o trabalho com o gênero textual, parece ser uma estratégia que pode guiar 
a intervenção do professor em sala de aula. Tal encaminhamento privilegia 
diferentes vias de acesso à escrita, diversificação dos gêneros trabalhados, regulada 
por agrupamentos destes. Pressupõe um trabalho que permite desenvolver as 
capacidades dos alunos de forma diversa, fazendo com que reflita sobre sua relação 
com o mundo, considerando situações de uso da textualidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31
 
7 REFERÊNCIAS 
 
 
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Fundamental: Língua Portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 1998. 
 
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SCHNEUWLY, Bernard.; DOLZ, Joaquim. e colaboradores. Gêneros orais e 
 
 
32
 
escritos na escola. [Tradução e organização: Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro]. 
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MEURER, José Luiz; MOTTAROTH, Désirée. Gêneros: teorias, métodos, 
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MACHADO, Irene. Gêneros Discursivos. In: BRAIT, Beth. Bakhtin: conceitos-
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MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros textuais: configuração, dinamicidade e 
circulação. In.: KARWOSKI, Acir Mário. GAYDECZKA, Beatriz; BRITO, Karim 
Siebeneicher. Gêneros Textuais: Reflexão e ensino . 2. ed. Rio de Janeiro: 
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______. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, A. P.; 
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de Janeiro: Lucerna. 2007. 
 
_____. Produção Textual, Análise de Gêneros e Compreensão. São Paulo: 
Parábola Editorial, 2008. 
 
PARANÁ. Secretariade Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da 
Educação Básica do Paraná. Curitiba: SEED, 2008. 
 
SCHNEUWLY, Bernard; DOLZ, Joaquim. Os gêneros escolares – das práticas de 
linguagem aos objetos de ensino. In: SCHNEUWLY, Bernard.; DOLZ, Joaquim. e 
colaboradores. Gêneros orais e escritos na escola. [Tradução e organização: 
Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro]. Campinas-SP: Mercado de Letras, 2004. 
 
TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e Interação: uma proposta para o ensino d e 
gramática no 1º e 2º graus. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2000. 
 
8 ANEXOS 
ANEXO A: MODELO DIDÁTICO DE GÊNERO: REPORTAGEM IMPRESSA 
QUADRO 01: ANÁLISE DO CONTEXTO DE PRODUÇÃO 1 
 
 
Gênero: REPORTAGEM IMPRESSA 
Contexto Físico de 
Produção 
Reportagem 01 
Agora nem mais um 
gole (Revista Galileu 
Especial Vestibular 
2009) 
Reportagem 02 
Correr Rejuvenesce 
 
(Revista Istoé, 
20/08/2008) 
Reportagem 03 
Biblioteca Íntima 
 
(Revista Vida Simples, 
out/2008) 
Reportagem 04 
Aula de Sabor 
 
(Revista Nova Escola, 
set/2008) 
Reportagem 05 
Todas as palavras 
de Machado de 
Assis 
(Revista Língua 
Portuguesa, set/2008) 
O lugar de produção 
(contexto físico imediato) 
Editora Globo S.A. 
SP/SP 
Três Editorial Ltda 
SP/SP 
Editora Abril – SP/SP Editora Abril, SP/SP Editora Segmento 
SP/SP 
 
O momento de produção 
(contexto histórico 
imediato) 
Outubro de 2009 20/08/2008 
Nº2024 
Outubro/2008 
Edição 71 
Setembro/2008 Setembro/2008 
Locutor/Autor/Emissor Fel Mendes Cilene Pereira Leandro Quintanilha Amanda Polato Repórter da revista 
(não há referência) 
Interlocutor/Destinatário 
 
Jovens estudantes Especialmente pessoas 
da terceira idade e 
público em geral 
interessado na relação 
entre a prática de 
esportes e saúde. 
Leitores, normalmente 
maduros, que buscam 
leituras que amenizem o 
stress cotidiano, e 
interessados em dicas 
sobre como organizar os 
livros que têm em casa. 
Professores/estudantes 
preocupados com 
temáticas que se 
relacionam com a 
educação. 
Professores e 
estudantes 
Contexto Sócio-Subjetivo 
de Produção: 
 
 
 
- O lugar social da interação 
(escola, família, palanque, 
igreja etc) 
Escolas, Cursinhos Pré-
vestibulares 
Academias, escolas, 
família 
Normalmente residências, 
esporadicamente 
consultórios. 
Ambientes educacionais 
(escolas, faculdades...) 
assim como residenciais. 
Escolas, 
Universidades, 
residências 
O momento/lugar histórico 
da interação (contexto mais 
amplo) 
Brasil, época da 
Aprovação/ 
regulamentação da Lei 
Seca 
Estados Unidos e Brasil Público em geral do Brasil Guarulhos, SP, Brasil. Brasil - SP – Museu 
da Língua Portuguesa 
A posição social do locutor 
(pai, professor, jornalista, 
aluno etc.) Meio de veiculação 
Repórter da Revista 
Galileu Especial 
Vestibular 2009 
Repórter da Revista Istoé Repórter da Revista Vida 
Simples 
Jornalista da Revista 
Nova Escola. 
Repórter da Revista 
Língua Portuguesa 
 
1 Quadros adaptados de: CRISTOVÃO, DURÃO, NASCIMENTO & SANTOS. Linguagem & Ensino, Pelotas, v. 9, n. 1, p. 41-76, jn./jun.2006. 
 
 
34
 
 
 
 
A posição social do 
receptor (professor, aluno, 
médico etc.) 
 
Alunos, estudantes, 
vestibulandos 
interessados em assuntos 
da contemporaneidade. 
 
Pessoas, jovens ou não, 
que pretendem tomar 
conhecimento dos 
benefícios da corrida ao 
longo dos anos. 
 
Leitores maduros, 
normalmente professores, 
profissionais liberais, 
pessoas com poder 
aquisitivo considerável, 
interessados em ler sobre 
como organizar 
adequadamente acervo 
bibliográfico pessoal. 
 
Professores/estudantes, 
interessados em obter 
maiores esclarecimentos 
sobre 
informações/temáticas 
que envolvem os 
contextos educacionais; 
 
Professores, 
estudantes, leitores 
que buscam 
conhecimentos 
acerca de 
assuntos/fatos 
relativos à Língua 
Portuguesa e 
Literatura 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Objetivo (efeito que o 
locutor deseja produzir 
sobre o destinatário) 
 
Informar/argumentar com 
profundidade 
favoravelmente sobre a 
Lei Seca (Tolerância 0 à 
bebida) 
 
Convencer o receptor de 
que, ao contrário do que 
se propunha, a prática da 
corrida, ao longo dos 
anos, colabora com a 
saúde geral do indivíduo. 
 
Ao propiciar estratégias 
de organização do acervo 
bibliográfico pessoal, há 
uma intencionalidade por 
parte do locutor em 
valorizar as leituras que o 
interlocutor fez, 
promovendo 
implicitamente o valor da 
leitura, e de sua ligação 
com fases da vida deste, 
utilizando muitas vezes 
apelos subjetivos. 
 
O locutor pretende 
promover a idéia de que 
as merendeiras também 
desempenham papel 
preponderante no 
aprendizado das crianças. 
 
- Valorizar a extrema 
capacidade que 
Machado de Assis 
teve no que se refere 
à vastidão vocabular 
apresentada em suas 
obras; 
- Informar/promover 
tanto o lançamento de 
um livro, o qual 
apresenta minucioso 
levantamento lexical 
utilizado por Machado 
de Assis, organizado 
pela ABL, quanto a 
Exposição no Museu 
da Língua 
Portuguesa, que 
pretende celebrar os 
100 anos da morte do 
mesmo autor. 
 
 
 
 
 
 
O conteúdo temático 
 
 
- Lei Seca no Trânsito 
(Tolerância 0 à bebida) 
 
- Divulgar pesquisa que 
revela os benefícios da 
prática da corrida ao 
longo dos anos. 
 
- Formas de organização 
do acervo bibliográfico 
pessoal a partir de 
depoimentos. 
- Relato de experiência 
realizada na CMEI Alfredo 
Volpi, em Guarulhos, na 
Grande São Paulo, a qual 
propõe a participação 
direta das merendeiras no 
aprendizado das crianças, 
no que se refere à 
promoção da autonomia, 
responsabilidade e 
 
- ABL faz 
levantamento lexical 
utilizado por Machado 
de Assis; 
- Exposição sobre 
Machado de Assis, no 
Museu de Língua 
Portuguesa 
 
 
35
 
alimentação saudável 
destas. 
 
O suporte de circulação 
 
 
Revista Galileu Especial 
Vestibular 
 
 
Revista Istoé 
 
Revista Vida Simples 
 
Revista Nova Escola 
 
Revista Língua 
Portuguesa, nº 35 
 
 
QUADRO 2: ANÁLISE DO PLANO DISCURSIVO 
 
 
Análise 
Plano Discursivo Reportagem 01 
 
Reportagem 02 Reportagem 03 Reportagem 04 Reportagem 05 
 
Plano textual global 
(organização 
geral do texto) 
 
 
2 páginas 
 
Após a chamada inicial 
(Agora, nem mais um 
gole) o texto apresenta-
se respectivamente: 
- Texto verbal sobre o 
tema; 
- Apresenta-se um 
pequeno quadro onde se 
disponibilizam leituras e 
endereços eletrônicos 
para quem deseja 
aprofundar-se no 
assunto; 
- Apresentação de 5 
tabelas que abordam 
estatísticas relativas ao 
tema; 
- Quadro comparativo 
entre as Legislações de 
outros países quanto ao 
assunto; 
- Pequena entrevista com 
Cyro Vidal, Presidente da 
Comissão de Assuntos e 
Estudos sobre o Direito 
no Trânsito da OAB; 
1 página 
 
- Chamada inicial (Correr 
REJUVENESCE) 
aparece logo abaixo de 
imagem de pessoas 
correndo. 
- Na seqüência, 
apresenta-se um texto, 
no qual se apresentam 
as informações 
/argumentos; 
- No centro desse texto, 
e, não coincidentemente, 
no centro da página, há 
um trecho em negrito que 
resume o resultado final 
da pesquisa: “ (...) Entre 
os não-corredores, o 
índice de mortalidade foi 
de 34%. No grupo dos 
adeptos da corrida, a 
taxa foi de 15%. (...) “ 
- Imagem de pessoa 
correndo numa esteira 
elétrica; 
- No lado direito da 
página há uma coluna 
3 páginas 
 
- A reportagem 
inicialmente recorre à 
linguagem não-verbal ao 
se utilizar de imagem de 
uma sala bem decorada, 
onde um sofá aparece, 
porém, ladeado por 
pilhas de livros; 
- A chamada inicial 
(Biblioteca Íntima) chama 
a atenção pela 
subjetividade expressa; 
- Sub-título, também 
expressa alta 
subjetividade (Reserve 
um pedacinho da casa 
para os livros da sua 
vida); 
- 1º parágrafo: chama a 
atenção para o fato de 
que os livros que se tem 
revelam muito do que a 
pessoa é/foi (biografia 
velada), idéia retomada 
algumas vezes durante 
os parágrafos seguintes; 
1 página 
 
- Apresentação de foto de 
uma merendeira 
orientando crianças no 
refeitório, seguida de 
legenda;

Mais conteúdos dessa disciplina