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Homeopatia Contribuição ao Estudo da Teoria Miasmática ( PDFDrive com ) (1)

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HOMEOPATIA 
CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA 
TEORIA MIASMÁTICA 
JOSÉ LAÉRCIO DO EGITO 
Cond. Recanto do Vale 
Gravatá PE Brasil 
E-mail : thot@elogica.com.br 
thot@hotlink.com.br 
HOMEOPATIA 
CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA 
TEORIA MIASMÁTICA 
4a Edição 
Revisada e Ampliada 
JOSÉ LAÉRCIO DO EGITO 
Médco Homeopata 
Curso de Homeopatia na Argentina, França e São Paulo 
Só uma classe de homens não erra: 
a dos que nada produzem. 
Fontana 
À minha esposa Antonia Nunes. 
Aos meus filhos: 
lOÃO PAULO, LEI/A SiMONE, ÍRIA FERNANDA. 
AGRADECIMENTOS 
Aos Grandes Mestres que me orientaram 
Aos colegas: 
Professora Dra. ANA R. KOSSAK 
Professor Dr. DAVID CASTRO 
Dr. MATIIEUS MARIM 
D1: CARLOS ARMANDO DE MOURA RIBEIRO 
D. FELIX BARBOSA 
Dr. ARTIIUR DE ALMEIDA REZENDE FILHO 
Dr. MILTON GODOY 
Dr. NICOLA TOMMASINO 
pelas críticas construtivas 
À bibliotecária ALDA COSTA GOMES 
Ao jornalista e escritor CYL GALLINDO 
pela grande contribuição 
na organização e edição deste livro. 
Brief discription - Sumary 
Thc author sces the Miasms just as a physiological 
rcation produced by the organism against thc 
"Noxa ", Myasma would simply be a series r~l symp-
toms duc to natural e mechanisms of the organism 
cspccially elimination, ncutralization, compcnsation, 
and cicatrization. Miasm is mercly lrfÍ organic statc 
resulting jimn thc mcchanisms of cure . 
. ur 
SUMÁRIO 
Prológo ................................................................................................ 13 
Prefácio I a Edição ............................................................................. 15 
Prefácio 2• Edição .............................................................................. 19 
Prefácio 3• Edição .............................................................................. 21 
I - Interações Entre as Unidades Biológicas .......................................... 23 
2 - A Consciência das Unidades Biológicas ........................................... 33 
3 - Princípios da Unidade Orgânica ........................................................ 45 
4 - A Doutrina Miasm<ltica ...................................................................... 59 
Primeiro Paradoxo: O Terreno ................................................. 68 
Segundo Paradoxo: O Contágio ............................................... 71 
Terceiro Paradoxo: A Cura ....................................................... 72 
5 - A Força Vital ....................................................................................... 75 
6 - A Psora ................................................................................................ 85 
Área Mental ............................................................................... 89 
Área Somática ............................................................................ 92 
Primeira característica da Psora: Alternância de 
Sintomas de um Emunctório para outro ...................... 92 
Área Digestiva ........................................................................... 95 
Segunda Característica da Psora: 
Tendência às Verminoses .............................................. 97 
Pele ............................................................................................. 99 
Terceira Característica da Psora: 
Pele Doentia .................................................................. 99 
Quarta Característica da Psora: 
Tendência às Parasitoses Dérmicas .............................. 99 
Quinta Característica da psora: 
Prurido Cutâneo ........................................................... 100 
Mucosas .................................................................................... 1 O 1 
Centro Termorregulador .......................................................... 101 
Sexta Característica da Psora: 
Labilidade do Sistema Termorregulador (febre) ....... 101 
Aparelho Cardiovascular ......................................................... 102 
Sistema Nervoso ....................................................................... 103 
Sétima Característica da Psora: 
Cansaço Mental, Fadiga e "Surmenage" ................... I 03 
Causas da Psora ...................................................................... 104 
Tratamento da Psora ............................................................... I I O 
Nona Característica da Psora: 
Maus Efeitos das Supressões ...................................... 11 O 
Característica das excreções psóricas .................................... 116 
7 - A Sicose ............................................................................................ 117 
Área Mental ............................................................................. 120 
Características da Sicose: 
Desconfiança, Segredo e Mentira ............................... 121 
Característica da Sicose: Idéias Obsessivas ............... 122 
Característica da Sicose: Agressividade ..................... 122 
Característica da Si cose: Estado Depressivo ............. 122 
Característica da Sicose: Perversão de Função ......... 123 
Área Somática .......................................................................... 125 
Característica da Sicose: Perversão de Função ......... 125 
Característica da Sicose: Estado Hidrogenóide ......... 126 
Característica da Sicose: Sensibilidade à Umidade .. 126 
Característica da Sicose: Derrames ............................ 126 
Característica da Sicose: Formação de Concreções .. 126 
Característica da Sicose: 
Proliferações Tissulares Benignas .............................. 127 
Mucosas .................................................................................... 128 
Aparelho Respiratório ............................................................. 130 
Sinóvias .................................................................................... 130 
Sinus ......................................................................................... 131 
Pele ........................................................................................... 131 
Característica da Sicose: Afecções Cutâneas, Acne .. 131 
Característica da Sicose: Presença de Verrugas ........ 131 
Causas da Sicose ..................................................................... 132 
8 - O Sifilinismo ..................................................................................... 139 
Área Mental ............................................................................. 142 
Sistema Vascular ...................................................................... 147 
Sistema Linfoganglionar .......................................................... 148 
Epitélios .................................................................................... 148 
Sistema Ósseo .......................................................................... 149 
Pele ........................................................................................... 149 
Causas do Sifilinismo .............................................................. 151 
9- O Cancerinismo ................................................................................ 157 
Área Mental ............................................................................. 163 
Área Somática .......................................................................... 165 
Causas do Cancerinismo ......................................................... 168 
Tratamento do Cancerinismo .................................................. 172 
10 -Associações Miasmáticas ................................................................. 175 
Intensidade da Noxa .................................................... 177 
Especificidade da Noxa .............................................. 178 
Bloqueios dos Dispositivos de Eliminação ................ 179 
O Tuberculinismo ..................................................................... 181 
Cabeça ..........................................................................l83 
Sistema muscular ........................................................ 184 
Mente ........................................................................... 184 
11 - Classificação Mi asmática de Sintomas ........................................... 187 
Psora ...................................................................................... 190 
Área Afetivo/Emotiva .................................................. 190 
Excitação Psíquica e/ou Fisiológica .......................... 190 
Svcosis ...................................................................................... 190 
. Área Volitiva ................................................................ 190 
Syphilinismo ............................................................................. 191 
Área Intelectiva ........................................................... 191 
12 - Análise Miasmática de Medicamentos ........................................... 197 
Sintomas de Psorinum ............................................................. 201 
Gerais ........................................................................... 201 
Particulares .................................................................. 20 I 
Verrugas Peribucais ..................................................... 202 
Sintomas de Suifur ................................................................... 203 
Mentais ......................................................................... 203 
Gerais ........................................................................... 205 
Particulares .................................................................. 205 
Sintomas de Thuya ................................................................... 205 
Mentais ......................................................................... 205 
Particulares .................................................................. 206 
13 - Doenças Crônicas - Teoria Miasmática .......................................... 207 
Interpretação Fisiopatológica ................................................. 209 
14 -Conclusões ......................................................................................... 223 
Intensidade da Noxa ................................................................ 225 
Especialidade da Noxa ............................................................ 227 
Bloqueios dos Dispositivos de Eliminação ............................ 227 
Bloqueios Físico-químicos .......................................... 228 
Bloqueios de Natureza Emocional ............................. 228 
Bloqueios por "Amnésia de Função" ......................... 228 
Bloqueios por Perturbações nas Vias de Interação ... 229 
Bloqueios por Dissintonia ........................................... 229 
Bloqueios Congénitos ................................................. 230 
Bloqueios Gestacionais ............................................... 230 
Bloqueios por Memória Hereditária .......................... 231 
Contágio ................................................................................... 236 
Hereditariedade ....................................................................... 236 
Tratame11 to ................................................................................ 23 8 
15 -Referências Bibliogáficas ................................................................. 241 
Índice (Referências) .................................................................................. 243 
PRóLOGO 
Q "'ndo do no"o pt;moi<o ooototo com o Mcd;c;,a Halmcm,;-
ana, o que mais nos pertubou, sem dúvida, foi a idéia de miasma pois, tal 
como normalmente é exposta nos trabalhos de Homeopatia, dá margem a 
uma série de interpretações errôneas. Analisada, segundo um critério cien-
tífico, simplesmente conduz o estudante por uma via empírica de fundo 
essencialmente místico. 
Após uma análise mais cuidadosa, porém. verificamos que a Teoria 
dos Miasmas coincidia exatamente com as relações entre os agentes mór-
bidos e a resposta orgânica, conforme nossas próprias observações clínicas 
de quase 20 anos. 
Acreditamos, assim, que toda dificuldade existente em torno dos 
enunciados de HAHNEMANN, residia apenas no uso inadequado de determi-
nados termos, pois, desde que se precise exatamentc o sentido daquilo a 
que o pai da Homeopatia quis referir, a teoria permanece muito clara c 
capaz de levar o médico a um nível muito elevado de conhecimento dos 
desequilíbrios orgânicos. 
Visando eliminar o pequeno problema que dificulta o entendimento 
da Teoria dos Miasmas, resolvemos redigir este trabalho, para transmitir a 
estudantes e estudiosos da Homeopatia o que tivemos a alegria de perceber 
no exercício da profissão. 
Analisamos apenas aqui as manifestações do desequilíbrio determina-
do pelo estado miasmático, ao nível da estrutura orgânica. Abstendo-nos, 
no momento. de estudar o miasma no nível do ser energético, embora 
reconheçamos que grande parte dos distúrbios patológicos trancedentc a 
estrutura celular simples. 
16 • HOMEOPATIA- CONTRIBUIÇÁO AO ESTUDO DA TEORIA MIASMATICA 
Passo a passo, desenvolveremos uma série de hipóteses que, segundo 
as nossas observações diárias, parecem corresponder ao modo como o 
estado miasmático manifesta-se organicamente. 
Se, em essência, este método de raciocínio não vem a ser absoluta-
mente exato, mesmo assim constitui-se num meio didático muito eficiente 
para o estudo miasmático, pois dá um sentido lógico a uma teoria que, 
malgrado seja confirmada pela prática diária. até agora, esteve votada ao 
mais absoluto empirismo e, quando não, ridicularizada pelos fisiologistas 
da escola oficial. 
Esta, portanto, é a nossa contribuição para o estudo da Teoria dos 
Miasmas: aquilo que tivemos a oportunidade de constatar e concluir. En-
tregamos aos homeopatas sinceros tudo o que nos foi dado saber. Malgra-
do a nossa experiência ainda imatura nesse ramo extraordinário da arte de 
curar, recebemos, porém, uma orientação valiosa que nos levou a essas 
conclusões, as quais partilhamos com todos os colegas homeopatas, espe-
rando que cada um possa dar a sua contribuição científica e fisiológica 
para a complementação deste trabalho. 
Não invocamos, em momento algum, hipóteses fantásticas, pois basi-
camente, como premissa, admitimos apenas a existência de uma Inteligên-
cia Vital, que evidentemente podemos considerar como aceita pelos estudi-
osos de vários ramos do conhecimento atual. Em nada a idéia de Inteligên-
cia Vital opõe-se à de "Força Vital", admitida oficialmante pela medicina 
homeopática. Os não-homeopatas podem substituir essa expressão por 
"Consenso Orgânico". Apenas usamos o termo "Inteligência Vital" por 
acharmos a expressão bem adequada, para complementar aquilo a que 
HAHNEI\tANN quis se referir. O mestre não usou a palavra "força" no sentido 
da energia mensurável e sim no sentido de "poder", de "princípio", confor-
me asseverou o seu discípulo JAHR. 
Até para os homeopatas mais ortodoxos, a problemática não se altera, 
pois mesmo que o termo "Inteligência Vital", utilizado neste trabalho, seja 
substituído pela designação clássica "Força Vital", dentro do mais restrito 
conceito hanemaniano, em nada se modifica a teoria aqui desenvolvida. 
Outro conceito que parece novo e que também utilizamos foi o de 
"Memória Celular", pouco estudado pela fisiologia oficial, mas hoje ple-
namente aceito por vários ramos do saber. Não só a memória celular como 
também as "células de memória" são hoje admitidas. 
Dessa maneira, a nossa hipótese tem um mérito especial no que tange 
à explicação dos estados miasmáticos, por não recorrermos a quaisquer 
mecanismos fisiológicos desconhecidos ou improváveis, o que dá um cu-
nho menos místico e mais científico à grandiosa Teoria dos Miasmas 
elaborada pelo genial Pai da Homeopatia, SAMUEL HAHNEMANN. 
PREFÁCIO 
O livro do Dr. JOSÉ LAÉRCIO oo EGJTO, sobre o Força Vital e Miasmas 
Crónicos, traz, como não poderia deixar de ser, as característicasdo autor. 
Homeopata emérito, vive sua própria fé em consonância perfeita, tanto 
com a sua vida profissional, como em relação a toda e qualquer explana-
ção que faça sobre a Homeopatia. 
Seu livro sobre estes magnos assuntos da doutrina hahnemaniana, foi 
escrito de forma feliz e incisiva, abordando o que é a própria pedra angular 
do edifício da Homeopatia, isto é, a Força Vital. Só poderá entender e 
praticar a Homeopatia, quem penetrou pelos arcanos da difícil Filosofia 
Vitalista, base de todo o sistema hahnemaniano. 
Na primeira parte do seu livro, o autor discorre de maneira plena 
sobre o apaixonante tema da Força Vital, isto é, sobre o próprio mistério 
da vida manifestada. Assunto tão fundamental, que HAHNEMANN diz no § 9 
do Organon: "No estado de saúde, a força vital espiritual que, dinamica-
mente, anima o corpo material, reina com poder ilimitado e mantém todas 
as suas partes em admirável atividade harmónica, nas suas sensações c 
funções etc.". E para completar o conceito, o parágrafo seguinte explica: .. 
O organismo material, destituído da força vital, não é capaz de nenhuma 
sensação, nenhuma atividade, nenhuma autoconservação; é somente o ser 
imaterial, animador do organismo material no estado são e no estado 
mórbido (o princípio vital, a força vital), que lhe dá toda a sensação e 
estima suas funções vitais". Diante do exposto podemos concluir que o 
organismo sem a força vital é inerte e que a vida é comunicada por uma 
força que HAHNEMANN chamava de Força Vital. Portanto, esta força, é um 
ser imaterial. A doutrina frisa bem que há uma só força e não várias forças 
(atuando no organismo vivo) e por ser assim, compreende-se que a multi-
18 • HOMEOPATIA- CONTRIBUIÇAO AO ESTUDO DA TEORIA M/ASMATICA 
plicidade de nossas funções orgânicas se desenvolvam em uma unidade 
harmoniosa tão notável. Cabe a essa força. antes de mais nada, realizar a 
própria integração do organismo, fazendo com que o conjunto dos órgãos 
funcione como se fosse uma só unidade. engendrando a conservação do 
todo. Sua manifestação, permanente e inalterada, dentro do ser vivo, ao 
lado dos múltiplos aspectos que este adquire a cada instante, através de 
todos os fenômenos vitais, demonstra a sua "existência essencial", isto é, 
demonstra a nítida distinção entre "o ser e o estar". O Estar, ou fenomenal, 
é transitório, mutável, diferindo a cada instante. O Ser é permanente, não 
cessando de agir também em instante algum, sem deixar de existir. A 
Força Vital é constante e presente, até o momento da morte do organismo 
vivo. como um fenômeno qualitativo. Como força que é, não se pode 
senti-la a não ser através dos fenômenos que provoca. 
Desse conceito de Força Vital, decon·e toda a doutrina homeopática, 
quanto à patologia, etiologia dos estados mórbidos, compreensão e hierar-
quização dos sintomas, na prática clínica, assim como os mecanismos de 
cura do enfermo. 
Médico algum poderá exercer, de maneira cabal e segura, a Homeo-
patia, sem antes ter-se capacitado profundamente na Filosofia Vitalista. 
Progresso algum será possível, na teoria e na prática, sem uma profunda 
meditação sobre o assunto e, portanto, seu completo entendimento. 
Já no terreno da colaboração, o autor faz a análise percuciente da 
Força Vital, acentuando, por exemplo: "'O fato de existir doença não indi-
ca, de forma alguma, que a Força Vital seja desprovida de inteligência". E 
conclui de forma feliz quando se refere "ao não inteligente" de HAHNE-
1\!ANN. como '"subconsciente". uma vez que, na época, este termo não era 
conhecido com o seu conteúdo psicanalítico atual. O autor lembra que a 
Força Vital deve ser entendida como um princípio dirctor, "algo como um 
regente de orquestra", mas não corresponde à alma, por isso, propondo o 
termo de "'inteligência vital" ou "consciência vital". 
A natureza da energia é dinâmica e este dinamismo irradia por todos 
os tecidos, células ou elementos das células. de modo que qualquer distúr-
bio desta energia vital resulta num distúrbio de toda a economia do ser 
vivo. Assim, torna-se fácil entender porque um grande susto ou mágoa 
profunda possa atingir qualquer setor da economia do ser vivo, uma vez 
que a força que anima todo o ser é única e indivisível. Qualquer distúrbio 
desta energia vital reflete-se como falta de harmonia através de manifesta-
ções na periferia do ser, isto é, no aparecimento dos sintomas. 
Quando o funcionamento hannônico da energia é perturbado, o ser 
adoece como conseqüência, uma vez que o fluxo da energia através do 
corpo também se altera. Por isso, tratar apenas um sintoma periférico, 
removendo-o artificialmente, será o mesmo que impedir a livre expressão 
individual da desarmonia da Força Vital. 
PREFACIO 0 19 
No estado de saúde, a total expressão da Força Vital pode ser expressa 
por um funcionamento perfeito de todas as partes do organismo vivo, 
assim como, no homem, por uma inconfundível sensação de bem-estar 
geral. 
A expressão Força Vital e Princípio vital, foi discutida pelo próprio 
HAHNEMANN que adotou, a partir da sexta edição do Organon, a expressão 
de Princípio vital, em lugar de força Vital, chegando mesmo, em certo 
momento. a falar em "a força vital do Princípio Vital". 
A segunda parte do livro trata da Doutrina dos Miasmas Crônicos de 
Hahnemann. Se os conceitos sobre Força Vital se constituem na pedra 
angular do edifício da Homepatia, diríamos que os referentes aos Miasmas 
Crônicos formam a viga mestra da clínica homeopática. Há mais de trinta 
e três anos aprendemos a raciocinar cm termos de Miasma Crônico, quan-
do diante de um caso clínico. Por esse motivo exultamos de alegria ao 
tomarmos conhecimento de um livro de autor brasileiro sobre tal assunto. 
O autor traz valiosa e extensa colaboração a respeito, não só pelos 
conceitos que já são clássicos, como por outros elaborados por curiosas 
observações e indagações de seu espírito de pesquisador nato. 
Além de dizer-nos que a Psora é estritamente caracterizada pela an-
gústia existencial e pelos mecanismo de defesa do Ego, ele apresenta uma 
inteligente análise dos mecanismos intrínsecos determinantes dos sintomas 
de cada quadro miasmático. 
Afirma também. que Miasma não pode ser considerado agente mórbi-
do, mas sim um estado orgânico que caracteriza a resposta do organismo à 
ação das noxas. 
Da importância da doutrina dos miasmas inteiramo-nos através do § 
204 do Organon (a partir da 5" edição) e dos §§ 45 e 46 do Tratado das 
Moléstias Crônicas, de HAHNEMANN; nestes dois últimos parágrafos o Mes-
tre relata que lhe foram necessários "II anos de pesquisas assíduas c 
árduas, observações fiéis e experiências rigorosamente científicas, para a 
solução deste grave enigma para o maior bem do gênero humano". 
Também tomamos a liberdade de lembrar HENRY ALLEN, um dos clás-
sicos da Homeopatia, que, em seu livro Medicina Homeopática, capítulo 
I 0 , escreveu: "O dcscobrimcno dos Mi asmas Crônicos por Hahnemann foi 
um golpe mortal para os conceitos crrôncos de etiologia das enfermidades 
em sua época, c não o é menos cm nossos dias (1906), apesar de já se ter 
passado um século ... etc." 
O que se nota neste livro é que o autor sabe pensar e meditar (qualida-
des que vão se rareando em nossos dias) e traz na bagagem de seus conhe-
cimetos os mais puros e profundos conceitos sobre Filosofia Vitalista, moti-
vos que fazem dele um grande homeopata, na teoria e na prática. Não 
apenas citou fatos clássicos, mas de maneira muito didática valeu-se de 
conhecimentos modernos de Biologia para explicar c exemplificar muito a 
20 • HOMEOPATIA- CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA TEORIA MIASMATICA 
respeito de tão notável doutrina. A pureza de seu ideal fê-lo voar alto e, qual 
águia altaneira, ele teve aquela visão aguda capaz de abraçar o panorama 
magnífico da realidade médica, no estágio atual de nossos conhecimentos. O 
autor, a nosso ver, tem esse mérito muito grande que o dignifica, assim 
como a Medicina Homeopática Brasileira, como seja o de reforçar com 
argumentosinéditos tão sublime doutrina, falando na linguagem do século, 
facilitando assim, as comunicações entre escolas diferentes. 
Felicito o autor por este seu livro que aborda matéria de tão grande e 
transcendente importância para compreensão da Doutrina Homeopática 
augurando a feliz utilização do texto por todos os homeopatas de nosso 
país, máxime os que estão iniciando o estudo da Homeopatia. 
Carlos Armando de Moura Ribeiro 
Médico Homeopata 
PREFÁCIO 
, DA 2a EDIÇÃO 
A 2• edição de "Homeopatia - Contribuição ao Estudo da Teoria 
Miasmática", fruto da privilegiada clareza de raciocínio do médico home-
opata .JOSÉ LAÉRCIO oo EGITO, recolocará ao alcance dos médicos um traba-
lho sinóptico sobre o discutido tema dos miasmas, de leitura imprescindí-
vel para quem se interessa pela Homeopatia. Jamais nenhum outro autor 
usou de tamanha lógica ao conciliar este infinita ou aparentemente com-
plicado assunto, motivo de tanto desgaste intelectual por parte de professo-
res e estudantes, na buscq de mistérios inexistentes. 
Na interpretação fisiopatológica dos diferentes mi asmas como pa-
drões reacionais do doente dentro de suas possibilidades de defesa, tão 
claras na imunopatologia moderna, o autor consegue estabelecer a conjun-
ção de conceitos recentes àqueles que HAHNEMANN. com as possibilidades 
do seu tempo, tentou ilustrar com exemplos clínicos no seu tratado sobre 
doenças crônicas. 
Ainda que o leitor não compactue com as idéias de .JOSÉ LAÉRCIO no 
EGITO, o conhecimento da sua obra tornará assombrosamente compreensí-
vel qualquer outro texto já existente ou que venha a ser escrito sobre o 
palpitante tema. 
São Paulo, março de 1997 
Anna Kossak-Romanch 
CAPÍTULO 
INTERAÇÕES ENTRE AS 
UNIDADES BIOLÓGICAS 
Evidentemente não somos ilhas no Universo, pois, juntamente com 
todos os seres vivos, fazemos parte de uma estrutura mais ampla, numa 
estreita interdependência com seus componentes. Ao mesmo tempo, como 
um todo orgânico, somos constituídos por organismos menores que intera-
gem entre si, assegurando e mantendo a unidade que constitui o indivíduo. 
Qualquer organismo interage de modo intenso c permanente com todos 
os elementos constitutivos de suas partes e, concomitantemente, com o meio 
onde vive. Por isso mesmo. ele não é apenas um aglomerado de células 
independentes. Há, portanto, um intercâmbio permanente c intenso entre o 
todo e as suas partes constitutivas, visando assegurar um funcionamento 
harmônico integrado. Do contrário, estabelece-se um estado de desarmonia, 
que se revela sobre a forma de doença. Nessas condições é impossível para 
um fator qualquer agir unicamente cm uma parte isolada. Qualquer ação 
sobre uma unidade repercute nas demais, em grau de intensidade variável. 
Por sua vez, o organismo tem também que interagir constantemente 
com seu meio ambiente, estabelecendo com ele um estado de equilíbrio 
harmônico, sem o qual a vida é impossível. 
A condição denominada saúde, nada mais é que o resultado dessa 
harmonização entre as partes c o todo e deste com o seu meio exterior. O 
estado de desarmonia em qualquer um desses sctores determina, inevita-
velmente, algum tipo de doença, mesmo que inexistam ainda alterações 
funcionais conscientemente evidenciáveis. 
Tudo aquilo que a medicina clássica considera como doença, ou seja, 
todos os estados patológicos, são condições secundárias resultantes de algu-
ma causa anterior. Antes, por exemplo, de o pus acumular-se, antes de um 
abscesso fom1ar-sc, um estado de desequilíbrio orgânico mais sutil já deve 
26 ° HOMEOPATIA- CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA TEORIA MIASMÃT/CA 
existir. Um processo inflamatório, que é considerado como uma doença, 
realmente provém de uma condição precedente de natureza mais sutil. 
Durante a sua existência, o organismo é sede de um intercâmbio 
intenso e permanente, não somente com as suas partes constitutivas, como 
também com o seu meio ambiente, havendo rcações constantes entre todos 
esses fatores e o estado de saúde manifesta o equilíbrio existente entre os 
diversos fatores em jogo. 
Do meio exterior, isto é, de fora do organismo, são inúmeras as 
condições que podem, sob uma forma ou outra, atingi-lo. Muitas dessas 
condições lhe são desfavoráveis. Os fatores exteriores, portanto, podem 
favorecer o equilíbrio orgânico ou prejudicá-lo. Qualquer organismo sofre 
agressões permanentes do seu meio exterior. Por isso, ele está cm luta 
constante para defender-se ou para tirar proveito, na medida do possível. 
daquilo que o atinge. 
O estudo desses fatores evidencia as seguintes condições básicas: 
a) O fator em nada influi sobre o organismo. Mesmo que exista uma 
ação, ela ocorre como se não existisse; é a chamada imunidade 
natural. denominada por alguns autores, rcfratariedade orgânica. 
Neste caso. os mais diversos elementos estão atingindo de modo 
permanente, sob uma forma ou outra, determinado organismo 
sem causar-lhe distúrbios de qualquer natureza. É o caso do nitro-
gênio do ar inalado, que não é aproveitado, mas que também não 
provoca nenhum distúrbio. Igualmente, existem inúmeros fatores 
dos quais um determinado organismo não sofre influência algu-
ma. Esses agentes têm as mais diversas origens: certas irradiações 
do mundo sideral, certos gases atmosféricos, alimentos, excreções 
e secreções de microorganismos etc. Uma toxina muito nociva 
para determinada espécie pode ser totalmente inócua para outra. 
b) O fator que atinge o organismo é aproveitado de modo construti-
vo. O organismo utiliza-o cm benefício próprio. Pertencem a este 
grupo não apenas os alimentos, como também o oxigênio e mui-
tos outros elementos indispensáveis à vida. Em verdade, nesta 
categoria estão incluídos muitos elementos além dos admitidos 
pela ciência oficial. 
c) Fatores nocivos. ou sejam, os que causam danos ao organismo, 
são fatores contra os quais o organismo tem que lançar mão de 
algum mecanismo para neutralizar a ação do agente. A estes pode 
ser dado o nome grego "Noxa". 
Não existe limite preciso no qual se possa dizer que termina uma ação 
benéfica e começa uma ação prejudicial, pois isto depende muito das 
condições da faixa individual de tolerância, geneticamente condicionada. 
INTERAÇÕES ENTRE AS UNIDADES 8/0LOG/CAS • 27 
Os prejuízos acarretados por esses fatores dependem da capacidade de 
resposta do organismo condicionada pelos diversos mecanismos fisiológi-
cos regidos por três elementos essenciais: 
a) uma estrutura funcional geneticamente estabelecida; 
b) uma disponibilidade de energia; 
c) um comando inteligente que se manifesta através da chamada 
Força Vital. 
Toda forma de defesa orgânica, deve, portanto, contar com uma estru-
tura funcional adequada, isto é, órgãos apropriados que dependam da con-
dição genética de cada um; energia disponível e uma orientação inteligen-
te para assegurar a integração funcional do organismo. 
Por outro lado, ante a ação de um agente qualquer, o organismo pode 
situar-se em uma das três faixas seguintes: 
a) uma faixa em que nada o afeta, por ser ele capaz de livrar-se 
automaticamente e sem qualquer distúrbio, do agente ou do que 
este introduz na sua estrutura orgânica. (Faixa Homeostásica). 
Homeostase -Walter Cannon; 
b) uma faixa em que se manifestam, com grau de intensidade variá-
vel, os distúrbios mais diversos, mas contra os quais o organismo 
pode defender-se. Aqui são identificados os meios que o organis-
mo lança mão para eliminar, sob uma forma ou outra, o elemento 
perturbador. Todos os mecanismos de defesa estudados pela fisio-
logia desempenham seus papéis no estabelecimento dessa segun-
da faixa (Faixa Patológica Reversível). 
As duas faixa citadas, constituem, cm conjunto, a chamada Faixa 
Existencial. 
A atuação da Inteligência Vital tem por objetivo manter constante-
mente o organismo dentro da Faixa Existencial, sempre que agentes inde-
sejáveis fizerem-se presentes e, para tal, dispõe de um acervo muito gran-
de de mecanismos defensivos que, como veremos adiante, podem seragru-
pados segundo suas formas reativas particulares. 
c) uma faixa em que a perturbação provocada no organismo pela 
"Noxa" é tamanha que ele é incapaz de defender-se adequada-
mente, acabando por sucumbir logo, ou após uma série de tenta-
tivas que procuram restabelecer o equilíbrio perdido. (Faixa Paro-
lógica Irreversível). 
A Faixa Existencial é própria para cada espécie c, dentro de uma 
mesma espécie, varia de um elemento para outro. 
28 ° HOMEOPATIA- CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA TEORIA MIASMATICA 
Neste particular, devemos admitir que o grau de eficiência é inegavel-
mente condicionado geneticamente. Discordamos, apenas, da opinião que 
o código genético seja um condicionador inteligente dos processos bioló-
gicos, pois aquele condicionador inteligente não está contido no gene. 
O padrão genético de um indivíduo deveria lhe permitir atuar em 
ótimas condições de eficiência, mas isso nunca acontece, por causa da 
variabilidade das condições ambientais. 
Nessas condições, jamais se pode dizer que uma pessoa tem um 
padrão genético perfeito e apropriado para atuar de forma satisfatória em 
quaisquer circunstâncias. Se um indivíduo tem, graças ao seu condiciona-
mento genético, um enzima que lhe permite decompor determinado ali-
mento, isto não quer dizer que seu organismo o possa fazer sem dificulda-
de em qualquer ocasião. Basta que se alterem as condições externas para 
que alterações ocorram ao nível das reações enzimáticas e que o indivíduo 
apresente problemas provocados por aqueles mesmos alimentos que, antes, 
eram naturalmente aceitos. 
Se nunca surgissem interferências anômalas, o organismo continuaria 
funcionando perfeitamente. No entanto, as alterações que ocorrem cons-
tantemente no meio são suficientes para criar condições para as quais, 
geneticamente, o ser, não estando condicionado ou em circunstâncias favo-
ráveis, tenha que se adaptar se a nova situação for uma das· opções já 
previstas no seu patrimônio genético. 
Isto é importante, quando se sabe que um organismo não tem um 
destino biológico absoluto, e sim, relativo. Mudando as condições, muda-
se o destino biológico e mantendo-se as condições, mantém-se o destino 
biológico. Mantendo-se os parâmetros próprios para determinada espécie, 
por certo, aquele organismo manter-se-á dentro de sua programação ideal 
mas, variando os parâmetros, mudarão por isso mesmo as suas condições 
de equilíbrio vital. 
Dentro da faixa existencial, o organismo sempre vence qualquer agres-
são noxal. Assim sendo, a doença surge quando ele é atingido por uma noxa 
e os mecanismos de defesa ainda não foram ativados ou não atingiram 
limiares eficientes ou, por algum outro motivo, mantiveram-se inativos. 
Quando um agente noxal atua, o indivíduo ou defende-se sem preju-
ízos ou defende-se com prejuízos, ou então é destruído. O que decorre da 
ação da noxa depende sempre do limite de tolerância individual para as 
diversas condições, quer tisícas, químicas, biológicas ou mentais e, mesmo 
para algumas outras de natureza diferente, ainda não-mencionadas nas 
ciências clássicas. Esse limite de tolerância é função da estrutura biológica 
e da intensidade da noxa. 
Antes da ação de um fator qualquer, o organismo responde, não só de 
acordo com a sua natureza intrínseca, mas também conforme a intensidade 
do agente. 
INTERAÇOES ENTRE AS UNIDADES BIOLÓGICAS • 29 
Quando um agente atinge o indivíduo, se a sua ação for muito intensa 
e brusca e não houver destruição da individualidade, ocorrerá, no mínimo, 
uma mutação genética. Ante uma ação de pequena intensidade e lenta 
ocorrerá uma adaptação e, finalmente, numa situação intermediária, a ten-
tativa de adaptação do organismo far-se-á sentir, poém sob a forma de um 
desconforto, que corresponde ao estado de doença. 
Aceitando a premissa de que a "'Força Vital" é regida de forma inteli-
gente, logicamente necessitaremos saber como atua no controle dos diver-
sos planos orgânicos. Tem que haver uma maneira de integração mediante 
a qual o Princípio Inteligente se faz sentir em cada setor do organismo e 
como ele integra o todo orgânico às suas partes constitutivas. Se as ativida-
des das células são mantidas sob um controle inteligente, se existe uma 
coordenação funcional inteligente centralizada, é válido procurar determi-
nar como se exerce esse controle e se é possível ocorrerem distúrbios 
orgânicos em conseqüência disso. 
Concordamos plenamente com as teorias clássicas quanto aos meca-
nismos e funções celulares, porém aventamos a hipótese que existem mui-
tos fenômenos biológicos que, de modo algum, podem ser explicados 
pelos mecanismos conhecidos da biologia atual. 
Assim, sem negarmos os mecanismos de ação patogénica entre os 
organismos vivos, afirmamos apenas que existe pelo menos outro proces-
so não-referido pelos biológos, mas cuja existência a prática evidencia 
claramente. 
Conhecem-se duas vias fisiológicas fundamentais, graças às quais se 
realizam as interações entre as partes de um organismo: o mecanismo 
humoral e o mecanismo nervoso. O mecanismo humoral exerce-se por 
meio dos líquidos orgânicos, as intcrações entre as partes ocorredo graças 
às diversas substâncias veiculadas pelos fluidos orgânicos em geral. O 
mecanismo nervoso ocorre por impulsos nervosos de natureza elétrica, 
transmitidos pelos nervos e outros elementos condutores. 
Porém, existe outro mecanismo, desvendado aos poucos pela ciência, 
de natureza pouco conhecida por não ter sido ainda objeto de estudos apro-
fundados. Assemelha-se, por analogia, ao eletromagnctismo, tal como as 
emissões de rádio e fenômenos de igual natureza. Estudos recentes revelam 
que as células integram-se entre si por meio de emissões vibratórias. 
Inúmeros são os processos na esfera psíquica que exigem outra via de 
interação, pois só assim podem ser explicadas as interações mentais entre 
seres diferentes, conforme afirma a Parapsicologia. 
Sem a existência de uma terceira via de interação entre as estruturas 
vivas, certos fenômenos não podem ser explicados devidamente. 
Vamos apresentar, a título de exemplo, um desses fenômenos, pois é 
suficiente para demonstrar que uma via especial de interação entre os 
elementos celulares deve realmente existir, além das vias já conhecidas. 
30 ' HOMEOPATIA- CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA TEORIA MIASMATICA 
Referimo-nos ao fenômeno que pode manifestar-se no indivíduo sub-
metido à indução hipnótica, o de queimadura induzida psiquicamente. 
Um paciente em transe hipnótico pode facilmente ser induzido a 
aceitar que um estilete frio está rubro e que ele lhe provocará uma queima-
dura. Ao ser tocado pelo estilete, o paciente apresentará uma série de 
reações, sendo a primeira delas de natureza puramente reflexa: um contra-
ção muscular que afasta do estilete a parte tocada. Trata-se, evidentemente 
de um mecanismo comandado por via nervosa. Em seguida ocorrerá o 
rubor local, que, no caso em apreço, já não se adequa àqueles mecanismos 
preconizados pela fisiologia que explicam a hiperemia, por via humoral. 
Em se tratando de queimadura clássica, há alteração das proteínas in 
situ e o organismo libera substâncias que, por via humoral, provocam 
aquele tipo de reação. Ao nosso ver, esta etapa pode ser afastada, pois o 
processo realmente deve ser tal qual explica a fisiologia, diferindo apenas 
quanto ao mecanismo determinante da alteração tecidual. 
A terceira fase não pode ser explicada pelos mecanismos clássicos. 
Ocorrem sucessivamente a coagulação das proteínas do tecido tocado pelo 
estilete frio, rompimento dos linfáticos, exsudação e formação de vesícula. 
E perguntamos: qual o mecanismo que provoca a coagulação das proteínas 
e destrói as células do local tocado pelo estilete frio. sem transferência de 
calor? Algum tipo de impulso nervoso? Mas nenhum mecanismo, nenhum 
tipo de condução nervosa de tal magnitude e de ação tão rápida é conhe-
cido da fisiologia, pois a lesão processa-se em poucos instantes. Um meca-
nismo que se exerce por via humoral, alguma substâncialiberada na circu-
lação? Mas nenhuma substância com tal capacidade produzida por qual-
quer glândula jamais foi identificada. 
Se este é um fenômeno real, assim como demonstra a prática diária dos 
hipnotizadores, deve haver necessariamente uma "ordem" que, emanada do 
cérebro hipnoticamente induzido, vai até a parte que o estilete tocou, mani-
festando-se assim a lesão, com a formação instantânea de uma vesícula, em 
tudo idêntica àquela que apareceria se o estilete, realmente quente, transfe-
risse o calor causador da ruptura dos linfáticos. A ciência ignora por comple-
to qual seja a via utilizada para esse tipo de transferência de energia. Na 
queimadura comum, a energia é transferida do estilete quente para o tecido, 
quando os átomos do estilete aquecido, vibrando com maior intensidade, ao 
tocarem uma área do corpo, transferem parte daquela energia para o tecido 
orgânico, que não supm1ando esse nível de energia térmica, tica conseqüen-
temente lesado. Mas com um estilete frio, esse tipo de transferência não 
ocorre. Portanto, qual o mecanismo em jogo? 
Isto prova que, além dos mecanismos clássicos de interação entre 
unidades biológicas, existe outro que se comporta cm tudo de conformida-
de com os princípios próprios das ondas eletromagnéticas, isto é, das 
radioemissõcs. 
INTERAÇOES ENTRE AS UNIDADES BIOLÓGICAS • 31 
Quando, sob hipnose, uma parte do corpo é tocada por um estilete 
frio, mas sendo o cérebro induzido a tê-lo como aquecido, tudo indica que 
este emite uma informação às células da região interessada, para iniciarem 
um processo de reparação. A informação emitida dá imediatamente ori-
gem a uma atividade adequada ao nível do local atingido: as células 
começam a reproduzir-se, obedecendo ao padrão genético existente em 
cada uma delas, que já possibilita as reações específicas da restauração. O 
cérebro induz as células a crer que ali houve um dano que deve ser 
reparado conforme o padrão codificado. As ordens que o cérebro envia aos 
tecidos não são transmitidas apenas por vias humoral e nervosa, mas tam-
bém por uma espécie de irradiação cletromagnética. Isto torna-se possível 
porque toda célula, além das funções estudadas pela fisiologia clássica, 
desempenha um papel pouco conhecido. o de funcionar como um verda-
deiro sintonizador eletromagnético. Em decorrência dessa capacidade, as 
células podem ser denominadas Biossintonizadores. 
Essa interação por via eletromagnética em ondas de altas freqüências, 
é, ao que tudo indica, muito mais sensível, eficiente e ativa que todas as 
demais vias geralmente aceitas. 
No exemplo da queimadura por indução hipnótica, pode-se sentir que 
todos os mecanismos clássicos, todas as reações bioquímicas, como a 
inflamação e subseqüente cicatrização, manifestam-se em decorrência de 
uma ação precedente que, evidentemente, não é a ação calorífica do estile-
te, por estar ele naturalmente ti·io. 
Somente após a lesão haver sido provocada por algo veiculado por 
uma via desconhecida é que se sucedem todos os processos histofisiológi-
cos conhecidos: o rubor, dor, calor, necrose tccidual, ação das bactérias, 
mecanismos de defesa local e reparação tecidual; mas, antes, deve eviden-
temente ter havido algo mais sutil que lesou de fato o tecido. Esse "algo 
mais sutil" está sempre presente em qualquer atividade biológica, porém 
raramente toma-se conhecimento dele, porque cm medicina, atualmente, 
tudo é reduzido sempre a análises laboratoriais, a sinais objetivos e, quan-
do algo já está ocorrendo nesses níveis, a causa primeira, o comando 
cerebral por uma outra via diferente daquelas classicamente aceitas, prati-
camente já deixou de atuar, pelo que nunca ela é detectada. Para evidenci-
ar essa ação primeira, seria preciso detectar a onda que interliga as unida-
des biológicas entre si, o que ainda não se tornou possível. Contudo, sente-
se claramente a sua existência ao analisar casos como o da queimadura. 
Trata-se de um fenômeno apropriado para se descobrir a existência desse 
mecanismo de comando. Esse comando também ocorre em toda e qual-
quer atividade biológica, como na reparação tecidual, na simples reprodu-
ção celular, na etetivação de uma atividadc funcional orgânica. Apenas 
nessas atividades usuais, tudo pode ser n01malmente explicado pelas vias 
clássicas de interação entre o todo e as partes. Porém, embora não seja 
32 • HOMEOPATIA- CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA TEORIA MIASMATICA 
necessário invocar outros mecanismos para justificar certas atividades co-
muns aos organismos vivos, isto não exclui a possibilidade que, além 
deles, outros mecanismos participam de qualquer atividade histofuncional. 
A harmonia entre as partes c o todo cfetiva-se, portanto, pelas vias 
fisiológicas e, em nível mais sutil e profundo, por justaposição eletrônica, 
através de células que funcionam como biossintonizadores vibratórios. 
Algumas décadas atrás LAKOWSKY já considerava a célula como sendo 
um microcircuito oscilador. Para ele, a doença celular seria resultante de 
um desequilíbrio na oscilação característica das células. 
Em 1973, OS Drs. J, BIDU DEL BLANCO E CESAR ROMERO SIERRA, da 
Universidade de Ontário, demonstraram que os animais emitem ondas 
vibratórias. Formularam a hipótese que as células funcionam também 
como microssintonizadores de radiofreqüências c que as moléculas do 
Ácido Desoxirribonucléico (ADN) se constituem em microcircuitos oscila-
dores: o Ácido Ribonucléico (ARN) em amplificador das radiofreqüências, 
e a membrana em filtro. Por métodos diferentes. outros cientistas estão 
chegando também à mesma conclusão. 
Diante dos resultados obtidos por aqueles cientistas, temos de admitir 
que um órgão, para funcionar a contento, deve manter as suas células cm 
perfeito estado de sintonização para assegurar a adequada transmissão e 
recepção das mensagens integradoras entre elas e o todo orgânico, porém, 
em um nível subconsciente. 
Em resumo, podemos concluir que, nos organismos complexos existe 
uma interação visando o estabelecimento de um equilíbrio harmônico entre 
o todo e as suas unidades constitutivas, realizada por algumas vias clássicas 
estudadas e pelo menos, por uma via muito mais sutil, de natureza vibrató-
ria, que somente nos últimos anos vem sendo evidenciada por alguns cientis-
tas pioneiros. É exatamente aquela via a responsável pelo controle inteligen-
te presente em qualquer atividade biológica, por mais simples que ela seja. 
Em qualquer processo de cura, entram em jogo não somente as vias 
conhecidas da fisiologia como, particularmente, aquela terceira via de que 
tratamos, cuja função é transmitir ordens inteligentes do todo para as 
partes e vice-versa. 
CAPÍTULO 
A CoNSCIÊNCIA DAS 
UNIDADES BIOLÓGICAS 
Inegavelmente, para nós, a mais deslumbrante manifestação da na-
tureza é a vida orgânica, que integra miríades de processos altamente 
complexos para culminar com a estruturação de um ser; talvez, a obra 
máxima do universo material. 
Quanto mais nos aprofundamos na análise dos processo vitais, tanto mais 
admiramos a obra monumental que é o organismo vivo, por mais simples que 
ele seja e, de forma alguma, podemos aceitar a não-existência de um princí-
pio inteligente, diretriz da vida, onde quer que esta se manifeste. 
O ser vivo, assim como qualquer mecanismo integrante do Universo, 
não pode perdurar se, durante certo período, não satisfizer um determinado 
padrão de ordem estável, quer o sistema seja em escala microscópica, ou 
em escala sideral. 
Nem os seres vivos em geral, nem o homem em particular, poderiam 
fugir à regra; portanto, este deve ser também um sistema em equilíbrio 
estável, tanto físico quanto psíquico e, como tal, funcionar durante um 
período de tempo de duração variável. Se os fatores que atuam a todo 
instante sobre os organismos fossem sempre estáveis e estes, por sua vez, 
estivessem, pela própria constituição orgânica, geneticamente condicio-
nados, plenamente adaptados a eles, o equilíbrio seria garantido e, por 
certo, não haveria doençasnem sofrimentos de espécie alguma. Existiria, 
sim, uma condição que poderia ser comparada a um estado paradisíaco. 
Mas, na realidade, as condições variando sem cessar, os organismos têm 
de lançar mão a todo instante de mecanismos diversos para restabelecer 
o equilíbrio destruído. Nesses casos, a doença, tanto física como mental, 
sempre surge quando esse equilíbrio é rompido e o organismo, então, 
procura alguma forma de adaptação. 
36 ' HOMEOPATIA- CONTR/BU/ÇAO AO ESTUDO DA TEORIA M/ASMATICA 
Isto confirma uma verdade imutável. No Universo só há lugar para dois 
estados: ordem e desordem. Em tudo o que se considera, constata-se que há 
ou não há organização. Organização é sinônimo de sentido de ordem, plani-
ficação, finalidade, objetivação, programação etc., enquanto a desordem é 
caótica, o oposto de tudo isto e, por não ser finalista, não leva a nada que 
seja aproveitável. Sendo assim, temos de admitir que todo o organismo é 
uma estrutura que funciona sempre regida por um padrão de ordem. 
É oportuno indagar se esse padrão de ordem, presente em todas as 
coisas e nos organismos vivos, em particular, é regido por um estado 
consciente e inteligente ou, simplesmente, obra de um mecanismo auto-
mático próprio de interações físico-químicas. 
Diante desta hipótese, desde muito cedo, os estudos dividiram-se em 
dois grupos antagônicos: de um lado, os que admitiam a existência de uma 
forma inteligente que dirige todos os processos da natureza; do outro, os 
defensores da doutrina contrária, afirmando que o padrão de ordem de 
todos os sistemas é oriundo tão-somente de uma cadeia automática de 
reações físico-químicas. Certamente este conceito sofreu a forte influência 
do pensamento filosófico de KANT, CONDORCET e SAINT·STMON. Inegavelmen-
te, a influência decisiva exercida por esses pensadores sobre nossa ciência 
atual, mormente os escritos de AUGUSTO COMTE, o pai de um movimento 
filosófico - o positivismo - que nega toda conotação transcedental dos 
fenômenos da natureza. 
O positivismo proclama a necessidade de conhecer, de modo racional e 
objetivo, todos os fenômenos. Porém, pelo raciocínio, chegamos à conclusão 
de que muitos fenômenos inerentes à vida não podem ser explicados exclu-
sivamente por simples reações químicas, como quer o positivismo, para o 
qual a vida seria apenas resultante de uma cadeia longa e complexa de 
reações físico-químicas. Assim, o organismo seria fruto de um complexo 
processo reativo abrangendo substâncias energéticas, e a vida tão somente 
resultante final das interações das estruturas macromoleculares existentes na 
primeira célula germinal, conforme determinado padrão constante da estru-
tura dos genes. As estruturas químicas complexas contidas nos genes intera-
giriam sucessivamente até produzirem o ser vivo, conforme as informações 
contidas na célula-mãe. Para um processo dessa natureza, nada mais seria 
preciso que a realização de certas condições ambientais, dispensando-se, por 
completo, a intervenção de qualquer diretriz inteligente. Assim, nada mais 
seria preciso que a estrutura química dos genes, a presença de material 
plástico-energético e condições físicas adequadas. 
Não se pode negar que todos os fatores anatômicos do ser vivo, bem 
como sua capacidade reativa ante os fatores somáticos e psicológicos e 
mesmo, as predisposições mórbidas, são dependentes da programação gê-
nica mas, como veremos, isto só não dá conta de certos processo sutis que 
envolvem o fenômeno da vida orgânica. 
A CONSCIÊNCIA DAS UNIDADES BIOLÓGICAS • 37 
Há várias décadas sabe-se que a estrutura do gene da célula geminai 
traz impressa, ou por assim dizer, gravada uma espécie de mensagem que 
contém todas as informações sobre o organismo que dela poderá se originar. 
Os conhecimentos sobre a estrutura gênica dos seres vivos evoluíram 
muito a partir de 1947, ano em que OS Drs. MAX PERUTZ e JOHN KENDREW, 
da Universidade de Cambridge, deram os passos fundamentais na elucida-
ção da estrutura das macromoléculas responsáveis pela hereditariedade. 
Então já era sabido que os cromossomas consistiam de uma substân-
cia química complexa denominada Ácido Desoxirribonucléico (ADN) e 
que, ao nível desse ADN, ocorre o arquivamento dos milhões de informa-
ções sobre a estrutura do novo organismo. No óvulo fecundado, em uma 
ínfima quantidade de ADN encontram-se todas as mensagens químicas 
necessárias para, através de uma série de reações, dar origem a um orga-
nismo potencialmente desenvolvido. O organismo resulta sempre no que 
está prefigurado na "planta arquitetônica gênica" contida no ADN. A po-
tencialidade hereditária é representada como se fosse a gravação, no ADN, 
de tudo o que constituirá o ser até o fim de sua existência física. 
Procurando o modo de arquivamento dessas informações, PERUTZ e 
KENDREW, com O auxílio de WILKIN e JAMES WATSON, descobriram que, no 
gene, a estrutura do ADN tem a forma de uma escala em espiral, daí o 
qualificativo dado à estrutura gênica dos seres vivos: Espiral da Vida. 
Naquela "escada em caracol", os corrimãos, em número de dois, são cons-
tituídos por açúcares-fosfatos e os degraus, por quatro bases: adenina, 
guanina, citosina e timina. 
Basicamente, sob o ponto de vista da biologia molecular, nada mais é 
necessário à gênese da vida além daquela estrutura aparentemente simples: 
dois açúcares agrupando as quatro bases. Mas, em cada espiral, o número 
das bases é muito elevado e as suas posições relativas, podem variar; assim 
sendo, posições alternadas originam arranjos diferentes. Combinando-se as 
quatro bases entre si é possível obter 24 resultados diferentes mas, como 
na "espiral da vida" essas quatro bases repetem-se milhões de vezes, as 
combinações com repetições possíveis são enormemente elevadas, tenden-
do ao infinito. 
Tudo seria muito simples se houvesse apenas um número reduzido de 
combinações das quatro bases, mas o seu número é muito grande, a ponto 
de haver num simples vírus, estrutura viva mais simples, como o tipo T-4, 
por exemplo, cerca de 200 mil pares de bases. Quantas, então, não devem 
existir num ser complexo como o Homem? 
Geneticamente falando, a diferença entre um elefante e um rato, entre 
uma bactéria e uma baleia, entre um morcego e uma borboleta, entre a cor 
dos olhos de duas pessoas, entre um fígado e um estômago, entre todas as 
estruturas vivas, enfim, reside, essencialmente, sob o ponto de vista da 
biologia molecular, nas variações daquelas bases dentro da "espiral da vida". 
38 ' HOMEOPATIA- CONTRIBU/çAO AO ESTUDO DA TEORIA MIASMATICA 
A distribuição daquelas bases que, esquematicamente, formam os de-
graus da "escala espiral da vida", estabelece uma espécie de código cor-
respondente a uma "mensagem química" que determinará as característi-
cas de uma determinada forma viva e. se for alterada a posição de qual-
quer uma delas, resultará numa mutação. Assim como acontece com qual-
quer tipo de código, alterando-se alguns elementos do código genético, 
altera-se completamente a mensagem codificada. Assim, uma vez alterada 
as posições de certas bases da espiral gênica de um rato, poder-se-ia criar 
uma espécie completamente diferente, como um dinossauro, por exemplo. 
Em consonância com o pensamento materialista, o biólogo dirá que 
tudo o que se precisa para a organização da vida é um código genético, 
certa quantidade de energia veiculada por algumas substâncias nutrientes e 
condições físicas adequadas, para que o organismo possa ser criado e 
funcionar adequadamente, pois, para ele, a vida é apenas resultante de um 
constante interagir químico. Para existir biologicamente o ser vivo nada 
mais requer que um código genético contido na espiral do ADN, nutrição 
e condições físicas adequadas, dispensando-se qualquer princípio inteli-
gente para dirigir aquela sucessão de reações químicas que culmina com o 
organismo prefigurado na estrutura gênica da primeira célula embrionária. 
Embora esteja-se ainda caminhando a passos lentos na esfera dos 
conhecimentos da biologiamolecular, há indícios evidentes que o código 
genético serve como modelo básico orientador dos demais aminoácidos 
que se formam na célula e orientam a organização do novo ser, segundo o 
que está codificado. 
Não se pode negar a existência de uma série de mecanismos físico-
químicos graças aos quais, a partir da célula inicial, o organismo vai se 
diferenciado embriologicamente. No primeiro instante existe apenas uma 
célula, com todas as potencialidades inerentes ao futuro ser que, por ocasião 
do nascimento, contará com trilhões de células altamente especializadas. 
Os biólogos dizem que toda diferenciação e especialização celular já 
são condições programadas no ADN. A biologia explica muito bem como 
ocorrem todas as etapas da diferenciação celular, desde o óvulo até o 
organismo completo. 
A vida orgânica, quando vista sob certos ângulos, nada mais parece 
ser que uma seqüência extremamente complexa de reações que se iniciam 
na célula-mãe e terminam com os órgãos e tecidos prestes a funcionar de 
maneira muito especializada. 
A vida seria algo mais fácil de ser entendido se os processos vitais 
pudessem ser explicados unicamente como resultado de interações bioquí-
micas, mas, na realidade, a vida envolve certas atividades que transcendem 
o que pode ser demonstrado racionalmente, apenas com o apoio das teori-
as clássicas. 
O processo evolutivo requer estímulos iniciais para assegurar a con-
A CONSCIÊNCIA DAS UNIDADES BIOLÓGICAS ' 39 
flagração das reações, isto é, para desencadear os mecanismos reativos 
intracelulares. A natureza desses estímulos varia muito, pois a própria 
penetração do óvulo pelo elemento masculino já provoca inúmeras agres-
sões, que originarão modificações sucessivas até a elaboração total do 
novo ser, com seus órgãos altamente especializados. 
O código genético assemelha-se, pois, a uma planta arquitetônica que 
comporta muitas alternativas de acordo com a natureza dos estímulos que 
se manifestarem. Ele não comporta uma solução única. Dependendo da 
natureza da agressão, o resultado final pode não corresponder à condição 
mais favorável impressa no código genético; em conseqüência, a célula 
pode ter sua funcionalidade modificada ou incompleta. Diante de diferen-
tes estímulos, as unidades celulares respondem segundo as diferentes op-
ções funcionais, embora todas elas estejam codificadas no ADN. Ante 
diferentes estímulos a resposta jamais será idêntica, nem sempre ocorren-
do a mais indicada para atender a determinada situação, devido a inúmeras 
interferências possíveis. Mas é exatamente isto que permite aos organis-
mos vivos amoldarem-se às mais diversas condições que lhes são impos-
tas, mas sempre de uma maneira que não acarrete prejuízos. 
Nessas condições, podemos aceitar que o resultado final do desenvol-
vimento do ser admite uma certa faixa de opções para o atendimento das 
variações das condições ambientais. Todo ser é condicionado a ter um tipo 
estrutural e funcional adequado que lhe permite atender às necessidades 
impostas pelo meio, isto é, responder adequadamente a todos os estímulos 
e agressões que a vida lhe oferece, visando a uma forma de equilíbrio 
estável durante um espaço de tempo de duração variável, embora nada 
indique que isso sempre possa ocorrer de forma inócua. 
Se as condições do meio não variassem, se a natureza e a intensidade 
dos estímulos mantivessem-se sempre constantes, o indivíduo, tendo nasci-
do com uma estrutura somática adequada àqueles estímulos, jamais preci-
saria utilizar mecanismos adaptativos e, portanto, não sofreria qualquer 
tipo de distúrbios. Mas nem sempre é assim. O organismo nasce preparado 
para enfrentar numerosos e variados fatores sem qualquer dificuldade, 
mas, como estes variam constantemente em qualidade e intensidade, me-
canismos adaptatitivos são utilizados a todo instante, para assegurar a 
manutenção do equilíbrio com o meio. 
Como já dissemos, se as condições não sofressem alterações, o ser 
viveria num paraíso adâmico, pois todas as intervenções surgidas seriam 
descartadas naturalmente, sem que aparecesse nenhuma situação adicional 
para perturbar sua funcionalidade. O ser teria uma estrutura anatomofisio-
lógica capaz de eliminar sempre, pelos mecanismos naturais, sem danos 
ou sofrimentos, tudo o que lhe fosse incômodo. 
Em resumo, podemos dizer que o código genético funciona como 
uma planta arquitetônica de múltiplas opções, de acordo com a qual o 
40 1 HOMEOPATIA- CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA TEORIA MIASMATICA 
organismo é construído. Mas veremos a seguir que essa construção não 
obedece a nenhum processo cego, que dispensa a ação de outro princípio, 
necessariamente inteligente, representado pela Força Vital, que denomina-
mos "Inteligência Vital". 
Um estímulo adequado desencadeia o processo evolutivo que se inicia 
com a diferenciação celular, segundo a mensagem codificada. Sabe-se que, no 
processo diferenciativo celular, intervêm inúmeros fatores bem conhecidos da 
biologia, como luz. força de gravidade, temperatura, umidade, atuação de 
substâncias mais diversas oriundas do meio ambiente e provenientes da elabo-
raçãodas próprias células já formadas, como hormônios, enzimas etc. Não 
duvidamos da importância de todos aqueles fatores que, evidentemente, têm 
papel preponderante na utilização da mensagem gênica contida no ADN. 
Mas haverá apenas mecanismos físico-qímicos envolvidos no proces-
so da genese orgânica? Admitindo-se que sim, indagamos se, por si só, 
esses fatores conseguem desvendar todos os enigmas inerentes à vida. 
Será que apenas por meio desses mecanismos todos os fenômenos e 
condições encontrados no desenvolvimento, funcionamento e comporta-
mento dos seres vivos podem ser explicados racionalmente? Acreditamos 
que não. pois já certas situações são impossíveis de serem compreendidas 
quando se admite que os processos vitais resultam exclusivamente de inte-
rações químicas. 
Com efeito, a análise minuciosa de alguma situação evidencia a ne-
cessidade de outro elemento para que possa ser compreendido o que ocor-
re. Trata-se de situações impossíveis de serem entendidas, quando se ex-
clui dos processos vitais a presença de uma diretriz inteligente. 
Para fins de análise, vejamos o caso da reprodução dos vegetais, a 
partir dos meristemas (meristema é o agrupamento de células capazes de 
dar origem a todos os demais tipos de tecidos do vegetal a que pertence). 
São células indiferenciadas e totipotentes que contêm o código genético 
do vegetal considerado e, portanto, capazes de originar uma planta viva 
completa, com suas diferenciações teciduais. 
Situam-se as células meristemáticas em quase todas as partes do ve-
getal. A partir delas desenvolve-se o que vulgarmente denomina-se "olho 
vegetativo", que evolui para dar origem a um broto. Embora existam no 
vegetal milhares desses agrupamentos de células capazes de dar origem a 
uma nova planta ou a um broto, a atividade dos meristemas é contida por 
algum mecanismo desconhecido. Capazes de desenvolverem-se a qualquer 
momento, em realidade não o fazem. Os "olhos" esperam às vezes, longo 
tempo, adormecidos; dado momento. um ou alguns iniciam o processo 
diferenciativo. Ora, se existem milhares de grupos de células meristemáti-
cas em condições de desenvolverem-se, por que somente uns poucos, na 
mesma época, entram em processo diferenciativo de evolução? 
A ciência afirma que eles são despertados por vários fatores, como 
A CONSCIÉNCIA DAS UNIDADES BIOLÓGICAS • 41 
certos hormônios, a intensidade luminosa, fatores atmosféricos e outros 
elementos bem-determinados. 
Não cabe indagar aqui quais os fatores que participam ou quais são 
capazes de estimular o início da atividade diferenciativa, mas sim por que 
uns meristemas são despertados e outros não. Por que, entre elementos 
aptos, uns despertam e não todos eles simultaneamente? 
Na árvore podada, entende-se que, ante a nova situação, atuam vários 
fatores para estimular o brotamento, como, por exemplo, os fito-hormôni-
os e outros,mas não se pode dizer por que razão todos os núcleos meris-
temáticos não eclodem simultaneamente. 
Outro exemplo apropriado diz respeito à ovulação. Sabe-se que o ovário 
da mulher contém milhares de folículos donde originar-se-ão óvulos e que 
todos eles foram gerados na mesma época, tendo todos, portanto, a mesma 
idade. Estão muito próximos uns dos outros e são influenciados pelos mesmos 
níveis de substâncias veiculadas pela circulação dos diversos humores. Encon-
tram-se em idênticas condições de gravidade, temperatura, pressão etc. Por-
tanto, não se pode afirmar que haja condições físicas, químicas ou topológicas 
diferentes para cada folículo que atuem em um deles e não em todos. Não se 
pode dizer que todos aqueles fatores conhecidos da ciência não desempenham 
seu papel nos mecanismos da germinação, mas também não se pode atribuir a 
algum deles a responsabilidade pela ruptura mensal de um único folículo. Os 
estímulos são idênticos para todos, a idade de todos a mesma, assim como o 
grau de maturidade, e o exame histológico é incapaz de detectar quaisquer 
diferenças entre eles. Mas, por qual razão somente um deles rompe-se cada 
mês e não todos eles? Isto a ciência não explica. 
A maturação, a diferenciação etc., podem ser explicadas somente pelas 
interações químicas, mas a escolha do elemento que deverá amadurecer não 
pode ser explicada como provocada por ação química não-inteligente. 
Diante disso, é mister admitir que existe, ao que tudo indica, um 
processo inteligente que orienta o fenômeno. 
Se, em vez de permanecerem no ovário, aqueles folículos adormeci-
dos forem cultivados in vitro e submetidos à ação daqueles mesmos ele-
mentos estimulantes, por que então todos eles despertam simultaneamen-
te? Como explicar aquela escolha "dirigida" que chega ao extremo de 
determinar uma alternância de ovário mensalmente? Num mês ovula o 
direito e no mês seguinte, o esquerdo. 
Além da escolha de um folículo entre milhares, ainda ocorre mensal-
mente a escolha alternada de ovários. 
Tudo acontece como se os folículos escolhessem um deles.,Apenas o 
escolhido responde, portanto, somente um "sabe" que chegou a sua vez de 
amadurecer, enquanto os demais aguardam outra oportunidade. 
Vejamos agora o que normalmente acontece em certos experimentos 
realizados com planárias (Platelmintos). 
42 1 HOMEOPATIA - CONTRIBUIÇAO AO ESTUDO DA TEORIA MIASMA TICA 
Esses seres têm reações deveras interessantes, pois se seccionamos 
um deles pelo meio, a metade que contiver a cabeça regenerará a extremi-
dade que lhe falta e a outra substituirá a parte da qual foi separada. Sabe-
se que o estímulo mecânico ao nível do corte desencadeia o processo de 
reparação; sabe-se também que no ADN de qualquer célula do platelminto 
existe um modelo completo do mesmo, mas o que se explica é como as 
células "sabem" o quanto devem se reproduzir, o quanto devem crescer, 
mesmo usando para a regeneração a mensagem em código gravada nas 
espirais do ADN. Por que a parte anterior começa a desenvolver a posteri-
or que lhe está faltando, e não outra idêntica a ela? Evidentemente, a 
regeneração está programada, mas se forem examinadas todas as células 
ao nível do corte, será fácil verificar que todas são absolutamente idênti-
cas, tanto as da parte anterior quanto as da posterior. Ambos os grupos têm 
uma pla_nta programada a seguir, sofrem estímulos iguais, são banhadas 
por idênticos humores etc., mas, mesmo assim, começam logo a diferenci-
ar-se para a restauração exata da parte perdida. Como essas células "sa-
bem" exatamente o quanto falta da planária inteira? Há como que um 
princípio inteligente que dirige essa atividade, utilizando o código genéti-
co apenas como se fosse uma planta arquitetônica. Se um fenômeno desta 
natureza não for inteligente, indagamos, então: o que é inteligência? 
O químico que reflete no caso, sabe que um fenômeno dessa natureza 
não acontece unicamente por um desencadear de reações. A teoria dos 
estímulos por si só, não pode ser invocada como explicação, pois em ambos 
os segmentos da planária eles são idênticos. A existência nas células de um 
modelo completo da planária tampouco explica o fenômeno, se houvesse 
um desencadear inconsciente de reações químicas, as células estimuladas 
regenerariam uma planária inteira e não apenas uma parte perdida. 
Pelo fato de um órgão regenerar uma de suas partes com células 
idênticas ainda se pode admitir a ocorrência de um simples processo reati-
vo, porque as células já diferenciadas multiplicariam-se a partir da parte 
seccionada. Mas no caso da planária, é um hemi-ser que é regenerado a 
partir de células embriologicamente primitivas. São tão primitivas essas 
células quanto as células originais que deram origem à planária mutilada; 
contudo não desenvolvem um platelminto inteiro e sim uma parte dele. 
Tudo isto, evidentemente, reforça a convicção que quanto mais primi-
tiva e mais indiferenciada for a célula, mais será capaz de entrar em 
atividade e reparar uma lesão, segundo um modelo preexistente. Apesar 
disso, a pergunta persiste: como a célula "sabe" qual a alternativa a seguir, 
mesmo existindo um modelo implícito no ADN, se esse modelo não é 
único, se há alternativas possíveis e, nesse caso, as células precisando 
tomar uma decisão, escolher precisamente a alternativa apropriada? Após 
a secção, ocorre como que uma avaliação do dano sofrido, para, em segui-
da, processar-se a regeneração de acordo com a planta genética. 
A CONSCIÉNCIA DAS UNIDADES BIOLÓGICAS • 43 
A regeneração de partes amputadas assemelha-se ao caso de um edi-
fício danificado, cuja reconstrução foi confiada a um arquiteto. Ele apro-
veitará, para isso, a planta da obra original, mas, antes de iniciar a restau-
ração, ele deverá possuir não só a planta arquitetônica como também a 
consciência do dano ocorrido. A planta por si só, sem a consciência do 
dano, não possibilitará a reparação adequada. O arquiteto deverá, impres-
cindivelmente, tomar ciência do dano para poder utilizar a planta de uma 
maneira adequada, até efetuar a restauração necessária. 
Do mesmo modo, num tecido localizado e fixo, como as células 
podem "saber" o dano causado no organismo para iniciarem a restauração? 
O estímulo ao nível da lesão é suficente para que as células comecem a se 
reproduzir; mas por que a simples reprodução não assegura apenas uma 
multiplicação ininterrupta de células idênticas? 
Em qualquer processo reconstrutivo é necessário saber a partir de que 
ponto o processo deve ser iniciado e todas as etapas a serem realizadas. Os 
mecanismos das reações químicas são irreversíveis, se uma reação química 
for interrompida e depois, reiniciada ela não retrocederá. Nenhuma cadeia 
de reações químicas volta à reação inicial, ao contrário do que ocorre na 
reparação orgânica na qual essas reações ocorrem como se estivessem se 
realizando as primeiras etapas do desenvolvimento embrionário. 
A reação química prossegue, no máximo, a partir do ponto em que foi 
interrompida. Nas células. o processo sempre que necessário, e as reações 
iniciais se repetem. Isto sugere a existência de um comando inteligente. 
Muitos pensam que a totipotencialidade das células embrionárias 
pode explicar o fenômeno da reparação e, em particular, a gênese orgâni-
ca, mas, em realidade permanecem numerosos pontos obscuros sobre os 
quais as teorias elaboradas pela embriologia e pela biologia molecular 
nada explicam de forma convincente. As células embrionárias totipotentes 
apenas são mais responsáveis, isto é, respondem melhor aos estímulos que 
as demais já diferenciadas. 
Todas essas indagações, bem como muitas outras, pedem explicações 
lógicas aos pesquisadores que analisam c procuram encontrar soluções 
adequadas para os fenômenos biológicos, para explicar os mecanismos 
envolvidos nos exemplos citados. Por certo, acharão que na evolução em-
briológica, ou mesmo na funcionalidade orgânica, fazem-se necessários 
outros fatores não-mencionados pela ciência oticial. O princípioque man-
tém a vida - Força Vital - é dirigido de forma inteligente. Se esta premissa 
for aceita, tudo torna-se claro, sem que haja necessidade de se invocar 
outros mecanismos além dos que são cientificamente determinados. 
Portanto, aceitamos a necessidade de existência de uma forma de 
consciência diretora e mantenedora da atividade vital ao ser vivo. 
Todos os seres vivos, inclusive a célula mais simples, possuem algo 
como uma forma de consciência que dirige os dispositivos bioquímicos 
44 • HOMEOPATIA- CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA TEORIA MIASMATICA 
utilizando, para esse fim, a planta do ADN, e as substâncias necessárias às 
atividades vitais. 
Por sua vez, esse mecanismo consciente unitário está integrado, isto 
é, está sintonizado harmonicamente, com uma inteligência maior à inteli-
gência do organismo inteiro, mesmo que isto aconteça cm nível subconsci-
ente. 
Quando uma lesão ocorre num tecido, quando um corpo estranho 
nele penetra, a inteligência diretora das atividades celulares entra em 
ação, utilizando as substâncias plástico-energéticas como material e o 
código do ADN como planta, para iniciar a reparação ou a liberação que 
se fizerem necessárias. 
Graças a esse princípio inteligente através da Força Vital, as células 
"sabem" quando devem continuar um processo, a partir de onde iniciá-lo e 
até a que ponto conduzi-lo, graças ao comando inconsciente do organismo 
que dirige as reações, que ordena todas as atividades bioquímicas segundo 
o que está registrado no código genético. 
A Força Vital, tal como é aceita pela Homeopatia, que comanda todos 
os mecanismos da vida orgânica não é uma força dirigida cegamente como 
veremos adiante. Ela é inteligentemente dirigida para a integração de cada 
célula do organismo mediante uma espécie de sintonia vibratória. Se esse 
equilíbio harmônico do "consenso orgânico" não se fizer sentir, cada célu-
la passa a agir mecanicamente e a reconstrução se faz de maneira caótica, 
sem o padrão de ordem próprio a todos os sistemas estáveis. A planta 
arquitetônica continua a ser utilizada, mas sem uma diretriz inteligente, 
numa autoperpetuação automática destituída de controle racional. 
CAPÍTULO 
PRINCÍPIOS DA 
UNIDADE ORGÂNICA 
Para ter uma compreensão perfeita do funcionamento orgamco é 
mister considerar, de início, a aplicação aos organismos vivos de dois 
conceitos filosóficos. 
Um deles, o dualismo cartesiano, considera o indivíduo constituído de 
corpo e alma. 
O outro diz respeito ao princípio holoísta da vida que considera os 
organismos como constituídos por unidades entre si, destas com o soma, e 
deste com o seu dade, e afirma que a natureza desta unidade não represen-
ta apenas o somatório de todas as qualidades dos seus elementos constitu-
tivos. 
No indivíduo, além da coexistência corpo/alma, deve haver uma 
harmonia total e perfeita entre os elementos de sua parte somática. 
Como afirma GoLDSTEIN: "O organismo está constituído por elementos 
diferenciados articulados entre si, que não funcionam jamais separada-
mente, salvo em certas circunstâncias patológicas, ou em determinadas 
condições experimentais". 
Já vimos nos capítulos anteriores que as unidades orgânicas interagem 
por meio de certas vias associativas e que, somente o equilíbrio perfeito de 
todas as unidades entre si. destas com o soma e deste com o seu universo 
exterior, condiciona um estado ideal de saúde. 
Como estruturas holísticas, os organismos em geral e o humano em 
particular devem conservar-se dentro dos parâmetros de viabilidade vital, 
para o que cada um conta uma estrutura adequada. Contudo, como as 
condições variam dentro e fora dele, o organismo vive em luta constante, 
procurando restabelecer a todo custo o equilíbio perturbado, ou seja, ten-
tando manter a homeostase. 
48 • HOMEOPATIA - CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA TEORIA MIASMA TICA 
Desde o nascimento, ele está apto a aproveitar ou rejeitar tudo o que 
o atinge, quer provenha do próprio meio interno ou do ambiente, graças a 
um conjunto de aparelhos que a fisiologia denomina emunctórios. 
Tudo o que penetra na unidade orgânica, se não for aproveitado de 
alguma forma, será por certo eliminado, quer diretamente, sem transtorno, 
quer após ter sofrido algum tipo de transformação; ou, em última instân-
cia, o elemento estranho será localizado e bloqueado em algum ponto, o 
que quase sempre acarreta transtorno físico ou psíquico. Caso contrário, 
haverá sempre algum prejuízo importante para a estrutura orgânica, ocor-
rendo, então, situações incômodas, denominadas doenças. 
Ao citarmos a dualidade proposta por RENÊ DESCARTES, não nos referi-
mos necessariamente a uma personalidade independente coexistente com o 
corpo físico. Talvez isto realmente ocorra, mas deixemos este aspecto para 
as análises metafísicas e as religiões. Aqui, consideraremos a parte não-
corpórea da individualidade, apenas como uma forma de consciência ou 
inteligência, porém muito mais ampla que cerebral e que pode derivar ou 
não da própria vida orgânica. 
Na tentativa constante de assegurar a homeostase, o organismo lança 
necessariamente mão de três sistemas defensivos. 
Inicialmente, entram em ação inúmeros dispositivos básicos que visam 
a expulsar o supérfluo, ou o que já cumpriu a sua finalidade, ou que possa 
causar prejuízos ao oganismo. Essa função é desempenhada pelos emunctó-
rios, que efetuam as eliminações fisiológicas. Assim, o agente indesejável, 
em condições bioquímicas possíveis, será eliminado naturalmente, graças à 
atividade emunctorial, mas, muitas vezes, certas transformações bioquími-
cas fazem-se necessárias para que o agente possa ser eliminado sem envol-
ver qualquer processo adicional que acarrete transtornos. 
Há casos em que entra em jogo o mesmo sistema emunctorial, mas 
com sua funcionalidade ampliada ou, quando não, em regime de sobrecar-
ga. Aqui também o agente estranho tende a ser eliminado, diretamente ou 
após alterações bioquímicas propícias à sua eliminação. 
Em essência, os mecanismos de transformações acarretam o estado co-
nhecido como processo alérgico que, segundo o eminente mestre W.E MAFFEI \Xl, 
é uma ação modificada do organismo. Normalmente a eliminação emunctori-
al é direta, mas, nos casos em que isto não é possível, o organismo passa a 
funcionar de forma diferente para eliminar a causa que perturba a homeostase. 
É fácil compreender por que, em tais casos, o organismo afasta-se 
daquela condição ideal de funcionabilidade e torna-se doente. 
Inicialmente, o processo alérgico decorre exclusivamente da tentativa 
orgânica de transformar o elemento perturbado do sistema em algo suscep-
tível de ser eliminado naturalmente, mesmo que isto implique, muitas 
vezes, situações incômodas, constituindo-se o mecanismo defensivo alér-
gico numa forma de doença. 
PR/NC{P/05 DA UNIDADE ORGÁNICA • 49 
Finalmente, o organismo lança mão de meios mais possantes que não 
mais podem ser considerados como formas de eliminação natural, causan-
do sempre transtornos mais acentuados e graves que se manifestam sob a 
forma de doenças que estudaremos nos próximos capítulos. Isto ocorre 
quando o agente não pode ser eliminado direta ou indiretamente pelos 
emuncórios, ou quando as reações de transformações são de tal natureza 
que ocorrem alterações estruturais. 
Vejamos o que ocorre na ingestão de certas substâncias, como o 
álcool, por exemplo. Se em proporções pequenas, o organismo vai utilizá-
lo em benefício próprio, simplesmente; se em maior proporção, na impos-
sibilidade de eliminá-lo diretamente, ele o transformará em outras substân-
cias, que serão excretadas facilmente. Se a quantidade, porém, for maior 
ainda, haverá sobrecarga do sistema por incapacidade de eliminação e tal 
condição, por certo, acabará prejudicando seriamente algum órgão. 
Até a própria água, ingerida em quantidade normal, cumprirá a sua 
finalidade e será eliminada. Se em quantidade maior, o excesso logo será 
eliminado pelo incremeno da diurese; mas, se introduzida em quantidade 
ainda

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