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Aula 00 – LINDB Curso REGULAR de Direito Civil – Área de Controle Professores: Wangney Ilco e Marcelo Tannuri Curso de Direito Civil Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Marcelo Tannuri Profs. Wangney Ilco e e Marcelo Tannuri 2 de 91 www.exponencialconcursos.com.br Olá!!! Seja bem-vindo ao Exponencial Concursos – um jeito diferente e eficiente de estudar! Pois bem, este é um curso REGULAR com foco na Área de Controle. Portanto, o curso tem por base os diversos editais e programas dos concursos para Controladorias e Tribunais de Contas. Estudaremos diversas questões das principais bancas do país para chegarmos no dia da prova bem preparados. Para tanto, de acordo com a nossa experiência de mais de 2 décadas em concursos, devemos estudar com antecedência e foco! E qual a razão para estudar por este material? Bem, o diferencial do presente curso é a objetividade e a facilidade na assimilação da matéria, por meio de muitos esquemas gráficos, tabelas e etc. A linguagem do curso pretende ser a mais próxima possível de uma aula presencial: solta, objetiva, leve; sem expressões difíceis, como encontramos nos livros e, principalmente, utilizando muitos recursos gráficos e esquematizações para facilitar a assimilação do Direito Civil. Afinal, o objetivo do curso é a aprovação; é ensinar a marcar o “X” na alternativa correta e “partir pro abraço”. Beleza? Antes, porém, como dica de estudos, sugiro alguns materiais gratuitos e ferramentas, como os nossos SIMULADOS e o SQ-SISTEMA DE QUESTÕES. Curso atualizado com a LEI Nº 13.874, DE 20 DE SETEMBRO DE 2019 – Lei de Liberdade Econômica. Para mais informações sobre nossos cursos regulares, acesse: CURSOS POR CONCURSO APRESENTAÇÃO Se não puder voar, corra. Se não puder correr, ande. Se não puder andar, rasteje, mas continue em frente de qualquer jeito. (Martin Luther King Jr.) Curso de Direito Civil Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Marcelo Tannuri Profs. Wangney Ilco e e Marcelo Tannuri 3 de 91 www.exponencialconcursos.com.br Sumário Apresentação dos Professores .............................................................5 Metododologia e estrutura do curso ....................................................6 Histórico e análise das provas .............................................................7 Cronograma das aulas .........................................................................8 1- Introdução .....................................................................................9 1.1- Leis naturais x leis jurídicas .......................................................... 9 1.2- Direito Objetivo x Direito Subjetivo ................................................ 9 1.3- Fontes do Direito ....................................................................... 11 1.4- Norma jurídica: Lei em sentido amplo x Lei sentido estrito .............. 11 1.5- Características e classificação das normas jurídicas ........................ 12 1.6- Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro .......................... 15 2- Vigência da lei no tempo .............................................................. 16 2.1- Promulgação e publicação ........................................................... 16 2.2- Vigência da lei ........................................................................... 17 2.3- Vigência x Validade x Eficácia da lei ............................................. 18 2.4- Vacatio Legis ............................................................................ 19 2.5- Correções de lei ........................................................................ 21 2.6- Lei permanente x lei temporária .................................................. 21 2.7- Revogação ................................................................................ 22 2.8- Repristinação ............................................................................ 24 2.9- Erro de direito – princípio da obrigatoriedade ................................ 25 2.10- Lacuna legal - Integração das normas jurídicas .............................. 25 2.10.1 Analogia.............................................................................. 26 2.10.2 Costume ............................................................................. 27 2.10.3 Princípios gerais do direito ..................................................... 28 2.10.4 Equidade ............................................................................. 28 2.11- Interpretação da norma jurídica - hermenêutica ............................ 29 2.12- Conflito de normas no tempo ...................................................... 29 2.13- Antinomia jurídica...................................................................... 31 3- Vigência da lei no espaço ............................................................. 32 3.1- Território .................................................................................. 32 3.2- Territorialidade temperada .......................................................... 32 Aula 00 – Fontes do direito. Norma Jurídica. Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Curso de Direito Civil Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Marcelo Tannuri Profs. Wangney Ilco e e Marcelo Tannuri 4 de 91 www.exponencialconcursos.com.br 3.3- Princípio domiciliar – lex domicilii ................................................. 33 3.3.1 Casamento e regime de bens ................................................. 34 3.3.2 Os bens e suas relações ........................................................ 37 3.3.3 Obrigações .......................................................................... 37 3.4- Sucessão .................................................................................. 38 3.5- Disposições diversas – conflito da lei no espaço ............................. 40 4- Lei nº 13.655/18: segurança jurídica e eficiência na criação e na aplicação do direito público ............................................................... 42 5- Questões Comentadas .................................................................. 45 6- Lista de exercícios ....................................................................... 74 7- Gabarito ...................................................................................... 91 Curso de Direito Civil Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Marcelo Tannuri Profs. Wangney Ilco e e Marcelo Tannuri 5 de 91 www.exponencialconcursos.com.br Apresentação dos Professores • Wangney Ilco. Sou ex-aluno do Colégio Naval (ingresso em 1997) e Escola Naval (ingresso em 2000). Bacharel em Ciências Navais pela Escola Naval com especialidade em Sistemas (2004). Após alguns anos como Oficial da Marinha, decidi deixar a vida militar e ingressei nesta doce vida de “concurseiro”. O foco era a área fiscal, mais especificamente o fisco do Estado do Rio de Janeiro. Nos dois primeiros certames (2008) não fui feliz, por absoluta perda de foco e por problemas pessoais. Porém, já no ano seguinte, após alguns meses sem estudar, retornei com muita força já com edital na praça. Fiz alguns ajustes. Foram 45 dias de dedicação total e foco máximo. Resumos, gráficos, esquemas, mapas-mentais foram utilizados para aproveitar o tempo com a máxima eficiência. E deu certo! Obtive a tão sonhada aprovação: Auditor Fiscal da Receita Estadual do Rio de Janeiro. Cargo que exerço atualmente! Desde então, final de 2009, me tornei Professor de Direito Empresarial tendo lecionado em alguns dos principais cursos preparatórios do país, dentre eles o Exponencial Concursos (meus cursos de empresarial). No momento, estou cursandoDireito na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO. Pela facilidade com o Direito, mais especificamente com o Direito Privado, também assumi o Direito Civil. • Marcelo Tannuri. Paulistano, da Vila Mariana, sou originalmente formado em Engenharia Química pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Atuei no mercado financeiro e na indústria de metalurgia. Depois de vitórias e fracassos, decidi encarar a vida dos concursos públicos. Fui aprovado no ICMS-Paraíba, ISS-Jundiaí (empatado na primeira posição) e no ISS - São Paulo, que era o meu objetivo. A minha vida de concurseiro foi relativamente curta e bem organizada. Foram 105 dias de estudos para o primeiro concurso com aprovação: o ICMS - Paraíba e aproximadamente 300 dias até o concurso para o ISS - São Paulo. Terminadas as provas para o ISS - São Paulo, ingressei na faculdade de direito, formei-me e iniciei imediatamente o meu mestrado, que foi concluído no início de 2013. Curso de Direito Civil Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Marcelo Tannuri Profs. Wangney Ilco e e Marcelo Tannuri 6 de 91 www.exponencialconcursos.com.br Sendo assim, com toda a nossa experiência e bagagem nos concursos públicos, pretendemos ajudar você com o melhor material possível na busca de seus objetivos!!! Porém, a grande vitória somente virá com muito esforço e disciplina - só depende de você. Agora que você nos conhece um pouco mais, vamos caminhar juntos com disciplina, foco e determinação, ok? Metododologia e estrutura do curso O nosso curso contém uma parte escrita e outra em vídeo, sendo dividido da seguinte forma: Wangney Ilco Marcelo Tannuri Pois bem, este curso é de TEORIA + QUESTÕES COMENTADAS e foi elaborado com base em nossa experiência no “mundo dos concursos” e estudos a diversos materiais (livros, apostilas, etc.). Assim, pretendemos proporcionar um material adequado e o melhor aprendizado para atingir o seu objetivo. Como demonstraremos ao longo do curso, o nosso trabalho principal é facilitar seus estudos, de maneira que não seja necessário nenhum outro material complementar. Neste sentido, teremos muitas esquematizações que ajudam e facilitam a compreensão do conteúdo. Também, teremos muitas questões, pois essa ideia de fazer muitos exercícios norteia nossos trabalhos aqui no Exponencial Concursos, tendo em vista que a experiência nos mostra que os exercícios são ferramentas indispensáveis à aprovação. Ainda, para que você não precise abrir nenhum outro livro, código ou site para alcançar o conteúdo teórico, optamos por inserir os artigos mais importantes ao longo das aulas. Ler a “lei seca” também é fundamental para a aprovação, já que algumas questões podem ser cobradas de forma literal. Fica a dica!!! No mais, quando necessário, vamos nos ater também à jurisprudência, no que for cabível, já que as decisões do STF e STJ são usadas pelas bancas para elaborar questões com uma certa frequência. Neste aspecto de facilitar a aprendizagem, a linguagem do curso pretende ser a mais próxima possível de uma aula presencial: solta, objetiva, leve; sem expressões difíceis, como encontramos nos livros e, principalmente, utilizando muitos recursos gráficos e esquematizações para facilitar a assimilação do Direito Civil. Curso de Direito Civil Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Marcelo Tannuri Profs. Wangney Ilco e e Marcelo Tannuri 7 de 91 www.exponencialconcursos.com.br Histórico e análise das provas Considerando que há diversas outras disciplinas a serem estudas para uma prova de concurso público, além do fato da concorrência estar cada vez mais “feroz”, é fundamental que analisemos o histórico dos certames com relação à forma como a banca se comporta em nossa disciplina. Somente assim teremos uma noção para onde direcionar as nossas forças e tentar otimizar o nosso tempo ao máximo, sem desperdiçar energia, ok? Então vamos lá: • Nosso foco: Área de Controle Assunto CGE-CE 2019 CESPE TCE-RO 2019 CESPE TCE-PR 2016 CESPE Personalidade, Pessoa Natural e Capacidade 2 Contratos em Espécie, Troca ou Permuta, Contrato Estimatório e Doação 1 Defeitos do Negócio Jurídico 1 1 Contratos em Geral 1 Cláusulas Especiais de Compra e Venda Contrato Aleatório e Contrato Preliminar Vícios Redibitórios e Evicção Noções e Princípios do Direito Contratual 1 Contrato de compra e venda 1 Responsabilidade civil 1 1 Ato Jurídico, Fato Jurídico e TG do Negócio Jurídico 1 1 Parte Geral 1 Contratos em espécie 1 Direito das Obrigações 1 Sendo assim, iremos estudar por questões das principais bancas do país, ok? Assim, chegaremos em bom nível no dia da prova! Curso de Direito Civil Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Marcelo Tannuri Profs. Wangney Ilco e e Marcelo Tannuri 8 de 91 www.exponencialconcursos.com.br Cronograma das aulas Para atingir o nosso objetivo, necessitamos estudar os seguintes assuntos conforme os editais recentes da área de controle: Aula Conteúdo 00 Fontes do direito. Norma Jurídica. Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. 01 Pessoas Naturais. Personalidade. Capacidade. Nome. Estado. Direitos da personalidade. 02 Pessoas Jurídicas. Desconsideração da Personalidade Jurídica. Domicílio. 03 Dos bens. 04 Fatos, atos e negócios jurídicos. Prescrição e decadência. 05 Obrigações. Conceito e elementos essenciais. Modalidades. Fontes e efeitos das obrigações. Transmissão das obrigações. Obrigações. Adimplemento e extinção das obrigações. Inexecução das obrigações. Pagamento indevido. Enriquecimento sem causa. 06 Teoria Geral dos Contratos. 07 Contratos em espécies. 08 Responsabilidade civil e atos ilícitos. BÔNUS RESUMÃO *Confira o cronograma com as datas de disponibilização das aulas no site do Exponencial. No mais, muita “força na remada”! Em caso de dúvidas sobre nossas aulas, basta usar e abusar de nosso fórum. Pois bem, vamos ao que interessa! Carpe Diem Curso de Direito Civil Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Marcelo Tannuri Profs. Wangney Ilco e e Marcelo Tannuri 9 de 91 www.exponencialconcursos.com.br 1- Introdução Inicialmente, devemos fazer uma introdução que abrange não somente o Direito Civil, mas todo o Direito. São assuntos que costumamos ver no início da faculdade de Direito. É verdade que são assuntos pouco cobrados em prova, de forma isolada. E, em relação a nossa área, isso não é diferente. Porém, é uma introdução necessária sim para o bom andamento do curso e também porque alguns termos que veremos a seguir podem ser usados em questões de outros assuntos, ok? Então, vamos seguir! 1.1- Leis naturais x leis jurídicas Vamos começar nosso trabalho com o estudo da lei. Inicialmente, é interessante perceber que quando falamos em lei, estamos nos referindo ao conjunto de normas e regras jurídicas, e não às leis naturais. Mas, qual é a diferença entre as leis naturais e as leis jurídicas? As leis naturais são decorrentes da própria ação da natureza, na qual reina o chamado princípio da causalidade. Isso significa que cada causa produz determinado efeito, e isso independe de ação humana. Podemos citar, como exemplo, a lei da gravidade. As leis jurídicas, por sua vez, são convenções que disciplinam regras de conduta, que funcionam como diretivas para ação. Nesse caso, podemos citar o princípio da imputabilidade, pois quando um indivíduo pratica uma conduta prevista em lei como crime ou contravenção, a ele deve ser imputada determinada consequência prevista em lei. No nosso estudo, quando nos referirmos à lei, estaremos tratando das leis jurídicas. 1.2- Direito Objetivox Direito Subjetivo Outra diferenciação que precisamos fazer é com relação ao Direito objetivo e o Direito Subjetivo. Vejamos: Leis naturais Princípio da causalidade Leis jurídicas Princípio da imputabilidade≠ Curso de Direito Civil Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Marcelo Tannuri Profs. Wangney Ilco e e Marcelo Tannuri 10 de 91 www.exponencialconcursos.com.br Portanto, o Direito objetivo e o Direito subjetivo estão intimamente ligados, representando conceitos distintos. Ressalta-se que há uma corrente doutrinária que considera que o Direito subjetivo é a faculdade de agir do indivíduo conforme os seus interesses. Mas há outra corrente que entende que essa faculdade de agir não é o Direito subjetivo em si, mas está contido nele, pois a faculdade de agir seria algo inerente ao ser humano e, portanto, estaria inserido no campo natural. A faculdade humana, por esta correte, seria anterior ao Direito. Beleza? 1. (ESPP/Juiz do Trabalho-TRT-9ªR/2012) Considerando a teoria do Direito Civil acerca das locuções "direito objetivo" e "direito subjetivo", assinale a alternativa incorreta: a) O direito subjetivo associa-se à noção de "facultas agendi". b) Visto como um conjunto de normas que a todos se dirige e a todos vincula, temos o "direito subjetivo". c) Direito subjetivo é a prerrogativa de invocação da norma jurídica, pelo titular, na defesa do seu interesse. d) Visto sob o ângulo subjetivo, o direito é o interesse juridicamente tutelado (Ihering). e) 0 direito objetivo refere-se a um conjunto de regras que impõem à conduta humana certa direção ou limite. Ele descreve condutas obrigatórias e comina sanções pelo comportamento diverso dessa descrição Direito Objetivo • É o conjunto de normas jurídicas de caráter geral e de observância obrigatória pelos indivíduos; •É imposto pelo Estado; •Refere-se ao conceito de Norma Agendi - são normas jurídicas comportamentais; •Estabele limites à conduta humana em sociedade; •Expressa a vontade geral; •Organiza a sociedade conforme o conjunto de regras jurídicas; •Ex.: O respeito à propriedade é uma imposição do Direito; Direito Subjetivo • É o poder atribuído ao indivíduo para agir conforme a sua faculdade para a satisfação dos seus interesses tutelados pela lei (Direito objetivo); •Refere-se à Facultas Agendis - faculdade individual de agir conforme o direito objetivo; •Expressa a vontade individual •É posterior à norma jurídica; •Deriva e nasce do Direito objetivo; •Ex.: O indivíduo poderá usar o seu direito à propriedade para protegê-la. Poder de coerção. Curso de Direito Civil Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Marcelo Tannuri Profs. Wangney Ilco e e Marcelo Tannuri 11 de 91 www.exponencialconcursos.com.br Comentários Letra “b” incorreta. Na verdade, o conceito expresso na letra “b” qualifica o Direito objetivo e não o subjetivo. As demais alternativas estão perfeitamente corretas, representando os conceitos e características do Direito objetivo e do Direito subjetivo. Gabarito1: B 1.3- Fontes do Direito As Fontes do Direito representam a origem, bem como o meio de expressão das normas jurídicas. Podemos observar duas formas de classificar as Fontes do Direito: Nas fontes formais, a lei é a principal delas, enquanto as demais são consideradas fontes acessórias. A outra classificação prevista é a seguinte: 1.4- Norma jurídica: Lei em sentido amplo x Lei sentido estrito As normas jurídicas estão na base de um ordenamento jurídico. Elas estabelecem as regras de conduta e comportamento da sociedade, sendo uma imposição do Estado, o qual possui a responsabilidade de aplicar as FONTES do Direito FORMAIS Lei Analogia Costume Princípios Gerais de Direito NÃO FORMAIS Doutrina Jurisprudência Fontes do Direito Diretas ou Imediatas Lei + Costumes: criam a regra jurídica. Indiretas ou Mediatas Doutrina + Jurisprudência: não criam, mas contribuem para a criação da regra jurídica. Curso de Direito Civil Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Marcelo Tannuri Profs. Wangney Ilco e e Marcelo Tannuri 12 de 91 www.exponencialconcursos.com.br penalidades prevista quando infringidas. Reflete também os preceitos, os mandamentos e os valores do ordenamento jurídico. Em algumas ocasiões, a norma jurídica é utilizada como sinônimo de lei. Assim sendo, é importante atentar que a palavra lei (ou norma jurídica) pode ser utilizada em dois sentidos: amplo (“lato sensu”) e estrito (“stricto sensu”). Em sentido amplo (norma jurídica), a palavra lei abrange não apenas as leis emanadas pelo Poder Legislativo, mas também outros normativos, como por exemplo, os decretos e os regulamentos. Outro exemplo, seria o caso da Medida Provisória, que em situações de urgência e relevância, é fruto do Poder Executivo e tem força de lei. Embora não seja lei em sentido estrito, a medida provisória é lei em sentido amplo. A lei em sentido amplo também é conhecida como lei em sentido material, pois apesar de não ser uma norma jurídica que seguiu a formalidade legislativa, é uma norma em sua essência, em seu conteúdo. Em sentido estrito, a lei precisaria ser introduzida no ordenamento jurídico somente pelo Poder Legislativo, por meio de atos legislativos formais. Por isso, a lei sem sentido estrito também é conhecida como lei em sentido formal. 1.5- Características e classificação das normas jurídicas A doutrina costuma abordar algumas características das normas jurídicas: Lei Sentido amplo (lato sensu) Não precisa ser proveniente do Poder Legislativo Sentido estrito (stricto sensu) Necessariamente proveniente do Poder Legislativo Curso de Direito Civil Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Marcelo Tannuri Profs. Wangney Ilco e e Marcelo Tannuri 13 de 91 www.exponencialconcursos.com.br CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS JURÍDICAS Bilateralidade Envolve pelo menos duas partes: uma que exige determinada conduta de outra parte. Há uma relação de poder e dever. Ex.: O município tem o poder de exigir o pagamento do ISS dos contribuintes. Generalidade A norma objetiva atingir todos as pessoas que se encontrem na mesma situação jurídica. Ela não é personalíssima. Não é dirigida especificamente a um indivíduo; mas, à coletividade. Abstratividade A norma é dirigida às mais diversas situações de forma abstrata ou hipotética. Coercibilidade Significa a possibilidade do uso da força para o cumprimento da norma. Ex.: Prisão civil, despejo de imóvel. Obrigatoriedade e Imperatividade A norma deve ser imposta de forma a ser cumprida, pois não representa uma declaração de vontade ou de conduta. O seu descumprimento pode ensejar a aplicação de sanção. A norma é uma ordem ou comando. Permanência a Lei não pode ser aplicada apenas uma vez. Autorizamento O direito de o lesado recorrer aos meios competentes e requisitar reparação. Pois bem, acerca da classificação da norma jurídica, temos diversas classificações. Vejamos as principais delas: Obs.: As leis cogentes também são conhecidas como INJUTIVAS, não podendo ser modificadas pelas partes ou juiz. São leis de ordem pública. Quanto à Imperatividade ou Obrigatoriedade: COGENTES -É absoluta; -Representa um ação ou abstenção; -Mandamentais ou Proibitivas; -Proibida a direção alcoolizada; -Usar o cinto de segurança. Não COGENTES -É relativa; -Representa faculdade de agir ou de se abster; -Permissivas ou Supletivas; -Casamento (escolha do regime de bens). Curso de Direito Civil Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Marcelo Tannuri Profs. Wangney Ilco e e Marcelo Tannuri 14 de 91 www.exponencialconcursos.com.br Obs.: As leis não cogentes também são conhecidas por leis SUPLETIVASou PERMISSIVAS, protegendo o interesse dos particulares e podendo ser modificadas por vontade das partes. Quanto ao Autorizamento Mais que perfeitas Prevê 2 sanções quando violadas: a nulidade do ato e uma pena. Ex.: crime de bigamia (penal e nulidade do casamento) Perfeitas Prevê a nulidade do ato ou a possibilidade de sua anulação. Ex.: Negócio celebrado mediante coação (art. 171, CC) Menos que perfeitas Prevê a penalidade, mas não a anulação do ato. Ex.: Viúvo (a) que casa antes do inventário e partilha. Pena: casar com separação de bens (arts. 1523, I e 1641, CC) Imperfeitas Nã prevê consequências jurídicas, quando violadas. Ex.: Dívidas de jogos (art. 814, CC) Quanto à natureza de suas disposições: Substantivas (materiais) -Definem direitos e deveres; -Estabelecem requisitos, formas e exercício; -Direito Civil e Penal. Adjetivas -Definem os meios de alcançar os direitos; -Processuais ou formais; -Código de processo civil e código de processo penal Curso de Direito Civil Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Marcelo Tannuri Profs. Wangney Ilco e e Marcelo Tannuri 15 de 91 www.exponencialconcursos.com.br 1.6- Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro Bem, pessoal, esta aula vai girar em torno da chamada Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-Lei nº 4.657/42), cuja sigla que adotaremos é a LINDB, ok? Anteriormente, conhecíamos a LINDB como Lei de Introdução ao Código Civil (LICC), porém a Lei nº 12.376/10 alterou o Decreto-Lei em sua ementa; mudou-se de LICC para LINDB. Pura formalidade! É o que menos importa para a nossa prova. Na verdade, apesar da LINDB ser tratada didaticamente como uma norma de introdução ao Direito Civil, na prática é uma lei autônoma aplicada também aos demais ramos do Direito – daí a razão para a mudança de nomenclatura. A LINDB, portanto, deve ser tratada como uma lei que regulamenta outras leis e normas, sendo por isso conhecida pela expressão lex legum – sobredireito, superdireito, lei das leis, norma sobre as normas. Logo, a LINDB possui de início duas características principais: CONJUNTO DE NORMAS SOBRE NORMAS e APLICABILIDADE A TODOS OS RAMOS DO DIREITO. No mais, dessa forma, a LINDB vai tratar dos seguintes pontos: Direito Público D. Constitucional D. Administrativo D. Tributário, etc. Privado Direito Comercial Direito Civil Interesses do Estado Relações entre particulares Curso de Direito Civil Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Marcelo Tannuri Profs. Wangney Ilco e e Marcelo Tannuri 16 de 91 www.exponencialconcursos.com.br 2. (CESPE/Delegado de Polícia-AL/2012) Com base no que dispõe a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB) e Direito Civil, julgue os itens subsecutivos. A LINDB é considerada uma lex legum, ou seja, uma norma de sobredireito. Comentários O item está Certo. A LINDB é considerada uma norma de sobredireito, pois é um conjunto de normas sobre normas, que atinge não apenas o direito privado, mas também o direito público, possuindo aplicação nos diversos ramos do direito. Gabarito2: Certo 2- Vigência da lei no tempo Para estudarmos a vigência das leis no tempo, precisaremos trabalhar com alguns conceitos importantes, entre eles, as fases do processo legislativo, o significado de vigência, vacatio legis, revogação e repristinação. 2.1- Promulgação e publicação No âmbito do Direito Constitucional, estuda-se que a criação de uma lei segue um procedimento chamado processo legislativo, que pode ser sintetizado nas seguintes etapas: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro LINDB Vigência e Eficácia das normas jurídicas Conflito das normas jurídicas no Tempo e no Espaço Formas de Integração da norma jurídica Normas de Direito Internacional Critérios de Hermenêutica Jurídica Lex Legum Curso de Direito Civil Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Marcelo Tannuri Profs. Wangney Ilco e e Marcelo Tannuri 17 de 91 www.exponencialconcursos.com.br É importante atentar para a diferença entre promulgação e publicação: 2.2- Vigência da lei A vigência da lei deve ser contada a partir de sua publicação. Mas, o que é vigência? É o período no qual a lei possui obrigatoriedade de cumprimento. A partir de sua vigência, a lei produz efeitos para situações concretas. Pode ser analisada sob os seguintes aspectos: Conforme disposto no caput do artigo 1º da LINDB: Iniciativa Discussão e aprovação Sanção ou Veto PromulgaçãoPublicação Promulgação declara a existência da lei "nascimento" da lei Publicação divulga a existência da lei exigência para entrada em vigor Vigência no tempo Início e término dos efeitos no espaço Território no qual produz efeitos Salvo disposição contrária a lei começa a vigorar em todo o país 45 dias depois de oficialmente publicada Curso de Direito Civil Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Marcelo Tannuri Profs. Wangney Ilco e e Marcelo Tannuri 18 de 91 www.exponencialconcursos.com.br Portanto, em regra geral, a vigência da lei ocorre após 45 dias contados a partir de sua publicação. Esse é o chamado sistema simultâneo ou sincrônico, pois determinou um prazo único para a obrigatoriedade da lei em todo o país. 3. (CESPE - Auxiliar Judiciário - TJAC/AC - 2012) Com base na Lei de Introdução às Normas Brasileiras, julgue os itens a seguir. A vigência da norma começa com sua promulgação. Comentários O item está Errado. Conforme artigo 1° da LINDB, salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. Portanto, o prazo é de 45 dias e deve ser contado a partir da publicação e não da promulgação da lei. Gabarito3: Errado 2.3- Vigência x Validade x Eficácia da lei Não podemos confundir estes 3 (três) institutos em hipótese alguma. Isso é pênalti no dia da prova, ok? Vejamos: • Validade: os aspectos formais (ou condicional) e materiais (ou finalísticas) exigidos pelo ordenamento jurídico foram observados. Exemplo de aspectos formais: quórum de votação e aprovação da lei; autoridade competente para edição da lei. Exemplo de aspectos materiais: assuntos que podem ser objetos de determinado ato normativo. • Vigência: relaciona-se à publicidade da lei, pela qual a lei é válida e pública perante à sociedade. Assim, a vigência da lei representa a possibilidade, em tese, de produção de seus efeitos. Como regra, uma vez que a lei se torna válida, ela também se torna vigente e poderá produzir efeitos. Porém, durante o período de vacância, a lei é válida, mas não pode produzir efeitos. Só uma lei válida pode ser vigente; toda lei vigente é válida. Mas nem toda lei válida é, necessariamente, vigente, pois pode estar em seu período de vacância. Então, diz-se que a lei é vigente quando existe e pode produzir efeitos, por ser formalmente válida. • Eficácia: quando a lei está apta a produzir os seus efeitos de forma concreta. Podemos conceber a eficácia da norma sob 3 (três) aspectos: técnico, fático e social. Publicação Vigência 45 dias Curso de Direito Civil Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Marcelo Tannuri Profs. Wangney Ilco e e Marcelo Tannuri 19 de 91 www.exponencialconcursos.com.br o Eficácia técnica: quando todos os requisitos estatais para sua produção concreta de efeitos forem preenchidos. Assim, em tese, a lei já pode produzir seus efeitos, pois é uma lei válida e vigente, porém, de forma concreta, ainda depende de alguma ação do Estado. Ex.: Lei que veda o comércio de determinados produtos agrícolas transgênicos. Acontece que determinado órgão ainda divulgará quais produtosestão proibidos. Logo, a lei é válida e vigente, mas ainda não possui a eficácia. o Eficácia fática: relaciona-se a requisitos sociais para produzir efeitos da norma. Como por exemplo, uma norma que normatize o uso do trem-bala. Ora, não temos ainda o trem-bala para que seja normatizado o seu uso na sociedade. o Eficácia social: possui eficácia social quando as pessoas a respeitam e a cumprem. Importa destacar que o art. 8º da LC nº 95/98 afirma que toda lei deve indicar, de modo expresso, o início de sua vigência. Este dispositivo tornaria inútil o art. 1º da LINDB: “Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada”. A seu turno, pode haver uma lei inválida e sem vigência, mas que produza efeitos, ou seja, possua eficácia. Como pode ser isso, professor? Bem, é o caso das chamadas leis temporárias ou excepcionais, que veremos mais adiante. 2.4- Vacatio Legis Esse período de tempo entre a publicação e o início da vigência é chamado de “vacatio legis”. Nesse período de vacatio legis, embora a lei já exista, ainda não produz efeitos, não havendo obrigatoriedade de seu cumprimento. No entanto, a própria lei pode determinar outro prazo para sua entrada em vigor. O prazo de 45 dias para vacatio legis é apenas para os casos em que não houver disposição expressa em lei. As leis também podem prever sua entrada em vigor na data de sua publicação, seria o caso das leis de pequena repercussão. O artigo 8º da Lei complementar n° 95/1998 prevê que “A vigência da lei será indicada de Vacatio legis Publicação Vigência Curso de Direito Civil Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Marcelo Tannuri Profs. Wangney Ilco e e Marcelo Tannuri 20 de 91 www.exponencialconcursos.com.br forma expressa e de modo a contemplar prazo razoável para que dela se tenha amplo conhecimento, reservada a cláusula "entra em vigor na data de sua publicação" para as leis de pequena repercussão”. Portanto, a vacatio legis pode ser expressa ou tácita. Observe, ainda, que poderá não haver vacatio legis, quando a lei expressamente determinar a entrada em vigor na data de sua publicação (leis de pequena repercussão). Nos Estados estrangeiros, quando for admitida a obrigatoriedade da lei brasileira, a vigência se inicia três meses depois de oficialmente publicada, conforme § 1° do artigo 1 da LINDB. A contagem do prazo de vacatio legis deve ser feita incluindo a data da publicação e do último dia do prazo, de forma que a lei entrará em vigor no dia subsequente a sua consumação integral, conforme disciplinado no § 1º do artigo 8º da Lei Complementar no 95/1998. O dia da publicação de uma lei está inserido na contagem do prazo de vacatio legis. 4. (FCC - Analista Judiciário/Área Judiciária - TRT 6ª - 2012) Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia, depois de oficialmente publicada, em: a) três meses. b) noventa dias. c) um mês. d) trinta dias. e) quarenta e cinco dias. Comentários Vacatio legis expressa prazo disposto em lei tácita 45 dias, no país 3 meses, no estrangeiro Curso de Direito Civil Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Marcelo Tannuri Profs. Wangney Ilco e e Marcelo Tannuri 21 de 91 www.exponencialconcursos.com.br Letra “a”. Conforme § 1° do artigo 1° da LINDB, nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada. Gabarito4: A 2.5- Correções de lei No caso de, antes de a lei entrar em vigor, ocorrer nova publicação destinada a correção do texto da lei, o § 3° do artigo 1º determina que os prazos estudados começam a correr da nova publicação. O § 4° desse artigo dispõe que as correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova. 2.6- Lei permanente x lei temporária Em regra geral, as leis são permanentes (princípio da continuidade), mas podem ser temporárias, quando forem expedidas com prazo de duração determinado ou com um objetivo que uma vez cumprido exaure seus efeitos. Um exemplo de lei temporária seria a lei orçamentária anual. Conforme disposto no caput do artigo 2º da LINDB: Lei Temporária • prazo determinado Lei Permanente •prazo INdeterminado Não se destinando à vigência temporária a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue Curso de Direito Civil Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Marcelo Tannuri Profs. Wangney Ilco e e Marcelo Tannuri 22 de 91 www.exponencialconcursos.com.br Obs.: Esta regra representa o chamado Princípio da Continuidade ou Permanência. Também, há as chamadas Leis excepcionais: são aquelas que vinculam o seu prazo de vigência a determinadas circunstâncias ou fatos, como guerra, epidemia, etc. No caso de leis temporárias ou excepcionais, como já comentamos, são exemplos onde a lei pode ser inválida e sem vigência, mas com eficácia, produzindo os seus efeitos próprios. Vejamos o exemplo do Código Penal: Lei excepcional ou temporária Art. 3º do CP - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. 2.7- Revogação Mas, o que é revogação? Significa tornar a lei sem efeito, retirando a eficácia dos seus dispositivos (e, portanto, sua obrigatoriedade). Pode ser total (ab-rogação) ou parcial (derrogação). Conforme disposto no § 1° do artigo 2º da LINDB: Portanto, a revogação pode ser expressa ou tácita. Será expressa quando houver dispositivo declarando que a lei anterior encontra-se revogada Revogação total (ab-rogação) toda a lei é tornada sem efeito Revogação parcial (derrogação) parte da lei é tornada sem efeito A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare Revogação expressa seja com ela incompatível Revogação tácita regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior Curso de Direito Civil Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Marcelo Tannuri Profs. Wangney Ilco e e Marcelo Tannuri 23 de 91 www.exponencialconcursos.com.br (ou parte dela, no caso da revogação parcial) e será tácita quando a lei for omissa, mas nova lei regular inteiramente a matéria da lei anterior, ou quando for com ela incompatível. 5. (CESPE – Analista/Área Advocacia - SERPRO - 2013) A respeito das normas relativas à aplicação e vigência da lei contidas na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, julgue os itens seguintes. Considerar-se-á revogada uma lei até então vigente quando uma lei nova, aprovada segundo as regras do processo legislativo, passar a regulamentar inteiramente a mesma matéria de que tratava a lei anterior, ainda que a lei nova não o declare expressamente. Comentários O item está certo. Quando a lei nova regula inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior, sem declarar expressamente a revogação, ocorre a chamada revogação tácita. Conforme § 1° do artigo 2°, a lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. Gabarito5: Certo Conforme disposto no § 2° do artigo 2º da LINDB: Ou seja, a norma posterior continua coexistindo com a norma anterior, caso não haja incompatibilidade de conteúdo. Um exemplo seria o caso de uma lei específica (com disposições especiais) que disciplina o conteúdo de uma lei com disposições gerais. Nesse caso, a lei nova não revoga a anterior, ambas coexistem no ordenamento jurídico. 6. (CESPE - Auditor Federal de Controle Externo - TCU - 2013) Julgue os itens a seguir, com fundamento na Lei de Introduçãoao Código Civil Brasileiro e na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Após cinco anos de vigência de lei especial sobre determinada matéria, foi editada nova lei contemplando disposições gerais acerca do mesmo tema. Nessa situação, a edição da lei mais recente, a qual estabelece disposições gerais, revoga a lei anterior especial. A lei nova que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes não revoga nem modifica a lei anterior Curso de Direito Civil Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Marcelo Tannuri Profs. Wangney Ilco e e Marcelo Tannuri 24 de 91 www.exponencialconcursos.com.br Comentários O item está Errado. A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior, conforme § 2° do artigo 2° da LINDB. Gabarito6: Errado Ainda sobre a revogação expressa ou direta da lei, vale mencionarmos o art. 9º da LC nº 95/98: Art. 9o da LC 95/98 - A cláusula de revogação deverá enumerar, expressamente, as leis ou disposições legais revogadas. Logo, o legislador não deve utilizar de expressões vagas como “ficam revogadas as disposições em contrário”. Obs.: ULTRATIVIDADE da lei: ocorre quando a lei revogada continua a produzir efeitos jurídicos em relação a determinados fatos ocorridos durante a sua vigência. Exemplo: Art. 2.039. O regime de bens nos casamentos celebrados na vigência do Código Civil anterior, Lei no 3.071, de 1o de janeiro de 1916, é o por ele estabelecido. Portanto, a lei continua a regular fatos ocorridos antes de sua revogação. 2.8- Repristinação Repristinação é a restauração da lei revogada, por ter a lei revogadora perdido sua vigência. Vamos associar a um exemplo para facilitar o entendimento. Se uma lei “B” revogar uma lei “A” e, posteriormente, uma lei “C” revogar a lei “B”, diríamos que ocorreu repristinação se a lei “A” voltasse a vigorar, por ter a lei revogadora (lei “B”) perdido a vigência. Conforme disposto no § 3° do artigo 2º da LINDB: Ou seja, caso não haja disposição em contrário, não haverá repristinação. Para entender esse dispositivo vamos imaginar que uma lei “B” revogou uma lei “A”. Nesse caso, se uma lei “C” revogar a lei “B”, isso significa que a lei “A” não volta a vigorar. Salvo disposição contrária a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência Curso de Direito Civil Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Marcelo Tannuri Profs. Wangney Ilco e e Marcelo Tannuri 25 de 91 www.exponencialconcursos.com.br 7. (VUNESP - Auditor Fiscal Tributário Municipal - Prefeitura de São José do Rio Preto/SP - 2014) A repristinação consiste: a) no lapso temporal entre a promulgação da lei e sua vigência, não podendo ser inferior a 45 (quarenta e cinco) dias. b) na supressão de lei ou dispositivo legal, em razão da declaração de inconstitucionalidade, por controle concentrado. c) na revogação tácita de lei, em virtude de lei posterior com ela incompatível. d) no suprimento de omissão da lei pela aplicação da analogia, dos costumes e dos princípios gerais de direito. e) na restauração da lei revogada por ter a lei revogadora perdido sua vigência, sendo admitida apenas quando há expressa disposição legal. Comentários Letra “e”. A repristinação consiste na restauração da lei revogada por ter a lei revogadora perdido sua vigência. Conforme § 3o do artigo 2º da LINDB, salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. Portanto, somente haverá repristinação, quando houver expressa disposição legal. Gabarito7: E 2.9- Erro de direito – princípio da obrigatoriedade O artigo 3º da LINDB dispõe que: Portanto, não vale alegar erro de direito, ou seja, alegar desconhecimento da lei para deixar de cumpri-la. Eis o princípio da obrigatoriedade da lei. Porém, não podemos deixar de considerar o teor do art. 8º da Lei de Contravenções Penais, que pode relativizar o princípio acima: Art. 8º No caso de ignorância ou de errada compreensão da lei, quando escusáveis, a pena pode deixar de ser aplicada. 2.10- Lacuna legal - Integração das normas jurídicas Considerando a infinidade de situações existentes na vida em sociedade, não é possível que o legislador consiga prever todas as situações em lei. Ninguém se escusa de cumprir a lei alegando que não a conhece Curso de Direito Civil Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Marcelo Tannuri Profs. Wangney Ilco e e Marcelo Tannuri 26 de 91 www.exponencialconcursos.com.br Assim, lacunas ou omissões podem ocorrer nas normas jurídicas. Portanto, nas situações não previstas em lei, o juiz deverá decidir a respeito. Neste sentido, conforme o art. 140 do CPC, “O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico”. Já o artigo 4º da LINDB dispõe que: Portanto, no caso de haver uma lacuna legal, não pode o juiz deixar de decidir a causa. Nesse caso, ele deve levar em consideração, nessa ordem: Portanto, tais mecanismos são meios pelos quais integra-se o ordenamento jurídico. Vejamos, em síntese, cada um deles. 2.10.1 Analogia Na ordem, a analogia é o primeiro mecanismo a ser utilizado no caso concreto no qual não há um dispositivo legal específico previsto. Assim, utiliza-se um outro dispositivo legal aplicado a caso semelhante. São requisitos para aplicar-se a analogia: Quando a lei for omissa o juiz decidirá o caso de acordo com analogia costumes principios gerais de direito analogia costumes princípios gerais de direito O R D E M Curso de Direito Civil Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Marcelo Tannuri Profs. Wangney Ilco e e Marcelo Tannuri 27 de 91 www.exponencialconcursos.com.br Destaca-se ainda a diferença entre a analogia e a interpretação extensiva da norma: • Analogia: não existe dispositivo legal para determinado caso concreto, aplicando-se uma norma que é aplicada a caso semelhante; • Interpretação extensiva: ocorre quando se vai além da interpretação literal da norma para alcançar determinado caso concreto, sem deixar de observar o seu sentido íntimo. Exemplo: Dá-se uma interpretação extensiva ao art. 25 do CC para abarcar a companheiro ou o companheiro, conferindo-lhe a legitimidade do cônjuge (Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador). 2.10.2 Costume Esgotada as possibilidades de ser empregada a analogia ao caso concreto, deve-se utilizar o costume, que é o segundo método de integração da lei. O costume nada mais é que a prática reiterada de certo comportamento aliada à convicção de sua obrigatoriedade. É uma forma não escrita do direito – consuetudinário. A doutrina costume destacar 3 tipos de costume no que tange à integração da lei: 1) Secundum Legem: a aplicação do costume está expressamente previsto na lei. Art. 569 do CC. O locatário é obrigado: II - a pagar pontualmente o aluguel nos prazos ajustados, e, em falta de ajuste, segundo o costume do lugar; 2) Praeter Legem: aplica-se para sanar a omissão da Lei. Ou seja, o costume é aplicado como forma de suprir ou complementar a lei. Como exemplo, a doutrina cita o caso do cheque pré-datado (ou pós-datado, como alguns preferem). De fato, o cheque é uma ordem de pagamento a vista e, tecnicamente, não seria possível a emissão de cheque pré- datado, o que significaria permitir o pagamento a prazo. Acontece que a ANALOGIA Requisitos Não existe de dispositivo legal para o caso concreto.p Há semelhança entre o caso concreto e a hipotese prevista na lei Os fundamentos lógicos e jurídicossão comuns aos dois casos Curso de Direito Civil Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Marcelo Tannuri Profs. Wangney Ilco e e Marcelo Tannuri 28 de 91 www.exponencialconcursos.com.br necessidade de crédito na economia nacional fez surgir essa forma de emissão do cheque. Portanto, esse é um costume que foi aceito, onde o juiz afasta a incidência de crime. 3) Contra Legem: seria o costume aplicado contra a lei. A corrente majoritária é contrária ao costume que vai contra as normas jurídicas, já que somente uma lei poderia revogar outra lei; tarefa esta que não cabe ao costume. 2.10.3 Princípios gerais do direito Após a analogia e os costumes, caso ainda persista a lacuna na lei, os princípios gerais do direito poderão ser aplicados ao caso concreto. Segundo Carlos Roberto Gonçalves, os princípios gerais do direito são “regras que se encontram na consciência dos povos e são universalmente aceitas, mesmo não escritas. Tais regras, de caráter genérico, orientam a compreensão do sistema jurídico, em sua aplicação e integração, estejam ou não incluídas no direito positivo.”. Exemplo: “a boa-fé se presume”. 2.10.4 Equidade De acordo com Paulo Nader, a equidade “é recurso técnico de aplicação do Direito, destinado a situar a decisão judicial no prumo da justiça. É tarefa que exige sensibilidade e experiência do aplicador, pois, ao decidir por equidade, de certa forma desenvolve tarefa análoga à do legislador”. Portanto, a equidade busca, antes de mais nada, a justiça no caso concreto. E, muito embora, não esteja expressamente prevista no art. 4º da LINDB, quando a lacuna da lei ainda não tiver sido solucionada, a equidade poderá ser empregada como forma de integração, desde que haja autorização expressa em lei. Assim é a previsão do CPC: Art. 140, §único. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei. Exemplo: Art. 1.586 do CC. Havendo motivos graves, poderá o juiz, em qualquer caso, a bem dos filhos, regular de maneira diferente da estabelecida nos artigos antecedentes a situação deles para com os pais. 8. (CESPE - Técnico Judiciário/Área Administrativa/Judiciária - TJSE/SE - 2014) No que se refere aos dispositivos da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro e à vigência, aplicação, interpretação e integração das leis, julgue o seguinte item. Curso de Direito Civil Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Marcelo Tannuri Profs. Wangney Ilco e e Marcelo Tannuri 29 de 91 www.exponencialconcursos.com.br Conforme previsão expressa da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro, nas hipóteses de omissão legislativa, serão aplicados a analogia, os costumes, a equidade e os princípios gerais de direito. Comentários O item está Errado. A aplicação da equidade não está expressamente prevista na LINDB nas hipóteses de omissão legislativa. Conforme artigo 4o da LINDB, quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. Gabarito8: Errado 2.11- Interpretação da norma jurídica - hermenêutica Interpretar uma lei, uma norma jurídica, significa determinar a sua essência, bem como o seu alcance. O estudo da interpretação e de suas teorias dá-se o nome de hermenêutica. Os métodos mais conhecidos de interpretação das normas jurídicas são os seguintes: 2.12- Conflito de normas no tempo Quando uma nova lei revoga uma lei anterior, o que acontece com as relações jurídicas que foram constituídas sob a vigência da lei revogada? Existem dois critérios para o direito intertemporal (resolução de conflito das leis no tempo): o das disposições transitórias e o da irretroatividade das leis. Métodos de Interpretação Gramatical ou filológico: é a interpretação literal da norma, conforme cada termo gramatical do texto. Lógico: é a interpretação racional conforme o espírito da lei pretendido pelo legislador. Prioriza a intenção do legislador, em termos lógicos e coerentes com a realidade. Sistemático: é a interpretação de acordo com o conjunto do ordenamento jurídico e os princípios pertinentes. Assemelha-se o método lógico, sendo também chamado de lógico-sistemático. Histórico: refere-se a uma análise dos pressupostos da norma, verificando a vontade e o objetivo do legislador. Verifica-se as circunstâncias da elaboração da norma sob o aspecto político, social e econômico. Teleológico ou sociológica: é a interpretação que pretende adequar o objetivo da norma ao anseio social (exigências do bem comum), de acordo com o art. 5º da LINDB. Curso de Direito Civil Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Marcelo Tannuri Profs. Wangney Ilco e e Marcelo Tannuri 30 de 91 www.exponencialconcursos.com.br No primeiro, as disposições transitórias trazem regras para regular os possíveis conflitos entre a lei nova e a lei anterior. No segundo, entende-se que as leis não retroagem, de forma que uma nova lei não atinge situações passadas. Em regra geral, as leis não retroagem (irretroatividade das leis), mas pode haver retroatividade em determinados casos. O artigo 6º da LINDB dispõe que: Os §§ 1° a 3° desse artigo esclarecem que: Portanto, a lei nova atinge apenas os fatos pendentes e futuros, não produzindo efeito sobre os fatos passados. Essa proteção, que visa garantir segurança jurídica, também está prevista no artigo 5°, XXXVI da Constituição Federal, que dispõe que “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”. A lei em vigor terá efeito imediato geral respeitados ato jurídico perfeito direito adquirido coisa julgada • o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou ato jurídico perfeito • os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem direito adquirido • a decisão judicial de que já não caiba recurso coisa julgada ou caso julgado Curso de Direito Civil Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Marcelo Tannuri Profs. Wangney Ilco e e Marcelo Tannuri 31 de 91 www.exponencialconcursos.com.br Obs.: Sobre a coisa julgada, o Código de Processo Civil assim dispõe: “Art. 502. Denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso”. 2.13- Antinomia jurídica A antinomia jurídica ocorre quando existem duas (ou mais) normas conflitantes, de forma que não há definição de qual deve ser aplicada em um caso concreto. A antinomia real ocorre quando ao aplicar uma norma, viola-se a outra, e vice-versa. Como não há como solucionar o impasse, é necessário editar uma nova norma para solucionar o conflito em questão. A antinomia aparente ocorre quando a solução é o uso das normas integrantes do ordenamento jurídico, visto que o conflito é apenas aparente. Nesse caso, aplicam-se os seguintes critérios de na seguinte ordem de prevalência: Por fim, as antinomias classificam-se da seguinte forma: Antinomia real aparente Hierárquico Especialidade Cronológico Prevalecem as leis especiais em relação às gerais Prevalecem as leis de hierarquia superior: Lei x regulamento Prevalecem as leis novas em relação às anteriores Curso de Direito Civil Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Marcelo Tannuri Profs. Wangney Ilco e e Marcelo Tannuri 32 de 91 www.exponencialconcursos.com.br • Antinomia de primeiro grau: conflito de normas válidas que envolve apenas um dos critérios do quadro acima. • Antinomia de segundo grau: conflito de normas válidas que envolve dois dos critérios do quadro acima. 3- Vigência da lei no espaçoPara entendermos a vigência das leis no espaço, vamos compreender a magnitude da palavra território, conhecer o princípio da territorialidade temperada, para então estudarmos as demais regras da LINDB relacionadas aos conflitos decorrentes da aplicação espacial das normas. É assunto atinente ao Direito Internacional Público e Privado. 3.1- Território O território pode ser considerado como o território real (extensão geográfica do país) somando-se ao território ficto (embora não seja geograficamente parte do país, é considerado como seu prolongamento). Dessa forma, os consulados e as embaixadas brasileiras, assim como navios de guerra e aeronaves militares, que se situam geograficamente em outros países, pertenceriam ao território ficto. 3.2- Territorialidade temperada O princípio da territorialidade refere-se à obrigatoriedade da lei em todo o território nacional. No entanto, devido a situações que surgem com a globalização, temos casos em que normas estrangeiras possuem validade em território nacional. Por isso, dizemos que o Brasil adota o sistema da territorialidade temperada (ou mitigada ou moderada) ou seja, a lei é obrigatória em todo o território nacional, sendo também possível que sejam aplicadas leis Território real ficto Curso de Direito Civil Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Marcelo Tannuri Profs. Wangney Ilco e e Marcelo Tannuri 33 de 91 www.exponencialconcursos.com.br estrangeiras em determinados casos (extraterritorialidade). REGRA: A lei brasileira é aplicada em razão da soberania nacional. Exceção: A lei estrangeira poderá ser aplicada, conforme o caso e respeitados algumas condições. São elas: • O artigo 17 da LINDB: • Vale destacar que para que uma sentença estrangeira produza efeitos no Brasil, é necessário que haja homologação pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), conforme artigo 105, inciso I, alínea “i” da Constituição Federal de 1988: Não se cumprirá sentença estrangeira no Brasil sem exequatur (cumpra-se). 9. (CESPE - Delegado de Polícia – Polícia Civil/AL – 2012) Com base no que dispões a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB) e Direito Civil, julgue os itens subsecutivos. A teoria da territorialidade temperada foi adotada pelo direito brasileiro. Comentários O item está Certo. Conforme estudamos, o Brasil adota a teoria da territorialidade temperada, visto que em determinados casos é permitida a aplicação de leis estrangeiras no país (extraterritorialidade). Gabarito9: Certo 3.3- Princípio domiciliar – lex domicilii O artigo 7° da LINDB estabelece que: As leis, atos e sentenças de outro país não terão eficácia no Brasil quando ofenderem soberania nacional ordem pública bons costumes bem como quaisquer declarações de vontade Curso de Direito Civil Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Marcelo Tannuri Profs. Wangney Ilco e e Marcelo Tannuri 34 de 91 www.exponencialconcursos.com.br Tendo o art. 7º como exemplo, no que tange à capacidade, mesmo que na Argentina uma pessoa adquira capacidade plena aos 16 anos, no Brasil essa pessoa será considerada incapaz, pois aqui a capacidade plena só é adquirida aos 18 anos, em regra. Assim, o art. 7º da LINDB consagra a lex domicilii (lei do domicílio) como critério de conexão para determinar a lei aplicável aos casos concretos no Brasil. Este critério segue uma linha contrária ao princípio nacionalístico, adotado anteriormente. Portanto, as situações relacionadas ao começo e fim da personalidade, tais como as presunções de morte, o nome, a capacidade e os direitos de família, serão resolvidas segundo o princípio domiciliar previsto no art. 7º da LINDB. 3.3.1 Casamento e regime de bens Os §§ 1° a 8° do art. 7º tratam do casamento, divórcio e regime de bens relacionados ao princípio do domicílio e à territorialidade temperada: ✓ Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração => Independentemente da nacionalidade dos nubentes, se o casamento for realizado no Brasil, a lei brasileira deverá ser observada em dois aspectos: impedimentos para casar-se e formalidades da celebração. A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade o nome a capacidade os direitos de família Curso de Direito Civil Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Marcelo Tannuri Profs. Wangney Ilco e e Marcelo Tannuri 35 de 91 www.exponencialconcursos.com.br O art. 1.521 do CC traz as hipóteses de impedimentos matrimoniais: Art. 1.521. Não podem casar: I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; II - os afins em linha reta; III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; V - o adotado com o filho do adotante; VI - as pessoas casadas; VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte. ✓ O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes => Permite que os estrangeiros, ao contraírem casamento fora de seu país, possam fazê-lo perante o agente consular ou diplomático de seu país, no consulado ou fora dele. ✓ Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal => o primeiro domicílio conjugal escolhidos pelos nubentes com domicílio diverso deve reger as situações após o casamento, bem como os casos de invalidade do matrimônio. ✓ O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal => mais uma vez a regra do primeiro domicílio conjugal quando os nubentes tiverem domicílios diversos. Se o Brasil foi escolhido como primeiro domicílio conjugal, a lei brasileira rege o regime de bens. ✓ O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa anuência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega Casamento realizado no Brasil Aplicação da lei brasileira Impedimentos dirimentes (Ex.: art. 1.521, CC) Formalidades da celebração Curso de Direito Civil Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Marcelo Tannuri Profs. Wangney Ilco e e Marcelo Tannuri 36 de 91 www.exponencialconcursos.com.br do decreto de naturalização, se apostile ao mesmo a adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros e dada esta adoção ao competente registro. ✓ O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, só será reconhecido no Brasil depois de 1 ano da data da sentença, salvo se houver sido antecedida de separação judicial por igual prazo, caso em que a homologação produzirá efeito imediato, obedecidas as condições estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no país. O Superior Tribunal de Justiça, na forma de seu regimento interno, poderá reexaminar, a requerimento do interessado, decisões já proferidas em pedidos de homologação de sentenças estrangeiras de divórcio de brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os efeitos legais. ✓ Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da família estende-se ao outro cônjuge e aos filhos não emancipados, e o do tutor ou curador aos incapazes sob sua guarda => De acordo com o critério da unidade domiciliar, no que diz respeito às relações pessoais entre os cônjuges, seus direitos e deveres recíprocos, e aos direitos e obrigações decorrentes da filiação, aplicar-se a lei do domicílio familiar,estendendo-se aos cônjuges e aos filhos menores. ✓ Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada no lugar de sua residência ou naquele em que se encontre => Aquele que não possuir domicílio conhecido, será domiciliado no local de sua residência acidental ou naquele em que se encontrar, sendo, portanto, vedada a hipótese de dupla residência. 10. (FCC - Analista Legislativo – Assembleia Legislativa/PB – 2013) De acordo com a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, é INCORRETO afirmar que a lei do país em que for domiciliada a pessoa determina as regras sobre a) a qualificação dos bens e as relações a eles concernentes. b) o começo e o fim da personalidade. c) o nome. d) a capacidade. e) os direitos de família. Comentários Letra “a”. Conforme artigo 7o da LINDB, a lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade (letra “b”), o nome (letra “c”), a capacidade (letra “d”) e os direitos de família (letra Curso de Direito Civil Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Marcelo Tannuri Profs. Wangney Ilco e e Marcelo Tannuri 37 de 91 www.exponencialconcursos.com.br “e”). Portanto, não se aplica a qualificação dos bens e as relações a eles concernentes (letra “a”). Gabarito10: A 3.3.2 Os bens e suas relações O artigo 8º da LINDB dispõe que: REGRA: aos bens, aplica-se a leis do país em que estiverem situados. Exceção: em situações específicas, aplica-se os §§ 1° e 2° do artigo 8º: ✓ Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o proprietário, quanto aos bens móveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares. ✓ O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em cuja posse se encontre a coisa apenhada. 3.3.3 Obrigações Já com relação às obrigações, o artigo 9º da LINDB dispõe que: Os §§ 1° e 2° desse artigo acrescentam que: ✓ Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de forma essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato. ✓ A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o proponente. Aplicar-se-á a lei do pais em que estiverem situados Para qualificar os bens regular as relações a eles concernentes Para qualificar e reger as obrigações aplicar-se-á a lei do país em que se constituirem E Curso de Direito Civil Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Marcelo Tannuri Profs. Wangney Ilco e e Marcelo Tannuri 38 de 91 www.exponencialconcursos.com.br O caput do art. 9º traduz a máxima locus regit actum (A lei do local rege o ato). Exemplo: As partes presencialmente celebraram contrato em país diverso daquele que residem as partes. É uma regra geral de Direito Internacional Privado. O Brasil adota esta regra (basta observa o caput do art. 9º). Prosseguindo, em relação ao §2º, seria uma situação específica, onde a obrigação seria celebrada entre pessoas ausentes e a regra a ser aplicada à obrigação seria a do “proponente”. Quando se fala em “proponente”, entendemos que é a pessoa que propõe o negócio, a obrigação. Logo, acaba que é o local onde a obrigação foi proposta (local do proponente) – não é o local do aceitante. O art. 435 do CC traz regra semelhante: Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto. 3.4- Sucessão O chamado princípio do prélèvement, previsto no art. 5º, XXXI, da Constituição Federal e no art. 10 da LINDB representa importante instrumento de Direito Internacional Privado. Estas disposições objetivam o privilégio do brasileiro. Art. 5º, XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do "de cujus"; O artigo 10 da LINDB estabelece que: Obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido a sucessão por morte por ausência qualquer que seja a natureza e a situação dos bens Curso de Direito Civil Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Marcelo Tannuri Profs. Wangney Ilco e e Marcelo Tannuri 39 de 91 www.exponencialconcursos.com.br Já os §§ 1° e 2° desse artigo tratam sobre a sucessão de bens de estrangeiro, conforme esquematizamos abaixo: Ou seja, se a lei pessoal do de cujus (estrangeiro) for menos favorável ao cônjuge/filho brasileiro, a sucessão será regida pela lei brasileira, para os bens situados no País. Por fim, a lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder. Em resumo, sobre a sucessão, temos 3 situações: 11. (FCC - Advogado Júnior – Metrô/SP – 2014) Christian, empresário alemão, vivia há anos no Brasil com sua esposa brasileira e filhos brasileiros. Faleceu em trágico acidente aéreo, deixando diversos bens no Brasil. A sucessão dos bens situados no Brasil, em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, será regulada a) pela lei brasileira ou pela lei pessoal dos pais do de cujus, caso esta última seja mais favorável. b) obrigatoriamente pela lei brasileira. c) obrigatoriamente pela lei pessoal do de cujus. d) obrigatoriamente pela lei pessoal dos pais do de cujus. e) pela lei brasileira ou pela lei pessoal do de cujus, caso esta última seja mais favorável. A sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus •Lei do domicílio do defunto ou deseparecido, independente da natureza ou situação dos bens. REGRA •Lei brasileira em benefício do cônjuge e dos filhos brasileiros, sempre que a lei do de cujus não for mais favorável. Bens situados no país, mas de estrangeiros. •Aplica-se a lei do domicílio do herdeiro ou do legatário Capacidade para suceder Curso de Direito Civil Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Marcelo Tannuri Profs. Wangney Ilco e e Marcelo Tannuri 40 de 91 www.exponencialconcursos.com.br Comentários Letra “e”. Conforme § 1º do artigo 10 da LINDB, a sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. Gabarito11: E 3.5- Disposições diversas – conflito da lei no espaço Na sequência, a LINDB aborda diversos pontos relacionados ao conflito da lei no espaço. São dispositivos que não são cobrados em prova com tanta frequência; quando são, vêm da forma literal, ok? Assim, vejamos tais dispositivos na sua forma literal: Art. 11. As organizações destinadas a fins de interesse coletivo, como as sociedades e as fundações, obedecem à lei do Estado em que se constituírem. § 1o Não poderão, entretanto ter no Brasil filiais, agências ou estabelecimentos antes de serem os atos constitutivos aprovados pelo Governo brasileiro, ficando sujeitas à lei brasileira. § 2o Os Governos estrangeiros, bem como as organizações de qualquer natureza, que eles tenham constituido, dirijam ou hajam investido de funções públicas, não poderão adquirir no Brasil bens imóveis ou susceptiveis de desapropriação. § 3o Os Governos estrangeiros podem adquirir a propriedade dos prédios necessários à sede dos representantes diplomáticos ou dos agentes consulares. Art. 12. É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação. § 1o Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer das ações relativas a imóveis situados no Brasil. § 2o A autoridade judiciária brasileira cumprirá,concedido o exequatur e segundo a forma estabelecida pele lei brasileira, as diligências deprecadas por autoridade estrangeira competente, observando a lei desta, quanto ao objeto das diligências. Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira desconheça. Art. 14. Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca prova do texto e da vigência. Curso de Direito Civil Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Marcelo Tannuri Profs. Wangney Ilco e e Marcelo Tannuri 41 de 91 www.exponencialconcursos.com.br Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reuna os seguintes requisitos: a) haver sido proferida por juiz competente; b) terem sido os partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia; c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução no lugar em que foi proferida; d) estar traduzida por intérprete autorizado; e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal. (Vide art.105, I, i da Constituição Federal). Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 12.036, de 2009). O art. 105, I da CF/88 alterou a competência para homologar sentenças proferidas no estrangeiro do STF para o STJ. Art. 16. Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei. Este artigo acima trata da Proibição da Teoria do Reenvio ou do Retorno ou da Devolução. O que vem a ser esta teoria? A teoria do reenvio representa uma forma de interpretação das normas de Direito Internacional Privado em matéria de conflitos, onde um determinado ordenamento jurídico indica a aplicação de outro ordenamento jurídico para a solução do conflito. Conforme o caso, o reenvio pode ser: • Reenvio de primeiro grau: O ordenamento jurídico de um Estado A indica a ordem jurídica de um Estado B como aplicável a um caso, e o Direito deste Estado B determina como incidente a ordem do Estado A. Temos 2 ordenamentos estrangeiros envolvidos na solução do conflito; • Reenvio de segundo grau: O ordenamento jurídico de um Estado A indica a ordem jurídica de um Estado B como aplicável a um caso, e o Direito deste Estado B determina como incidente a ordem do Estado C. Temos 3 ordenamentos estrangeiros envolvidos na solução do conflito. Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes. Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares brasileiras para lhes celebrar o casamento e os mais atos de Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira nascido no país da sede do Consulado. § 1º As autoridades consulares brasileiras também poderão celebrar a separação consensual e o divórcio consensual de brasileiros, não havendo Curso de Direito Civil Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Marcelo Tannuri Profs. Wangney Ilco e e Marcelo Tannuri 42 de 91 www.exponencialconcursos.com.br filhos menores ou incapazes do casal e observados os requisitos legais quanto aos prazos, devendo constar da respectiva escritura pública as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns e à pensão alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou à manutenção do nome adotado quando se deu o casamento. § 2o É indispensável a assistência de advogado, devidamente constituído, que se dará mediante a subscrição de petição, juntamente com ambas as partes, ou com apenas uma delas, caso a outra constitua advogado próprio, não se fazendo necessário que a assinatura do advogado conste da escritura pública. Art. 19. Reputam-se válidos todos os atos indicados no artigo anterior e celebrados pelos cônsules brasileiros na vigência do Decreto-lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942, desde que satisfaçam todos os requisitos legais. Parágrafo único. No caso em que a celebração dêsses atos tiver sido recusada pelas autoridades consulares, com fundamento no artigo 18 do mesmo Decreto-lei, ao interessado é facultado renovar o pedido dentro em 90 (noventa) dias contados da data da publicação desta lei. 4- Lei nº 13.655/18: segurança jurídica e eficiência na criação e na aplicação do direito público Em 25/04/2018 foi sancionada a Lei nº 13.655/18, que dispõe sobre segurança jurídica e eficiência na criação e na aplicação do direito público. Esta lei adicionou 10 artigos à LINDB (o artigo 25 foi vetado). O artigo 29 deverá observar a vacatio legis de 180 dias. Essas alterações trazem à LINDB disposições de direito público, em especial ao direito administrativo, financeiro, orçamentário e tributário. Logo, devemos ter atenção a essa novidade na LINDB: poderá cair em sua prova!!! Por ser uma novidade, o mais provável é sua cobrança na literalidade. Segue a transcrição dos artigos introduzidos na LINDB: Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em valores jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão. Parágrafo único. A motivação demonstrará a necessidade e a adequação da medida imposta ou da invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, inclusive em face das possíveis alternativas. Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, decretar a invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa deverá indicar de modo expresso suas consequências jurídicas e administrativas. Curso de Direito Civil Teoria e Questões comentadas Profs. Wangney Ilco e Marcelo Tannuri Profs. Wangney Ilco e e Marcelo Tannuri 43 de 91 www.exponencialconcursos.com.br Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput deste artigo deverá, quando for o caso, indicar as condições para que a regularização ocorra de modo proporcional e equânime e sem prejuízo aos interesses gerais, não se podendo impor aos sujeitos atingidos ônus ou perdas que, em função das peculiaridades do caso, sejam anormais ou excessivos. Art. 22. Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão considerados os obstáculos e as dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos direitos dos administrados. § 1º Em decisão sobre regularidade de conduta ou validade de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, serão consideradas as circunstâncias práticas que houverem imposto, limitado ou condicionado a ação do agente. § 2º Na aplicação de sanções, serão consideradas a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela provierem para a administração pública, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes do agente. § 3º As sanções aplicadas ao agente serão levadas em conta na dosimetria das demais sanções de mesma natureza e relativas ao mesmo fato. Art. 23. A decisão administrativa, controladora ou judicial que estabelecer interpretação ou orientação nova sobre norma de conteúdo indeterminado, impondo novo dever ou novo condicionamento de direito, deverá prever regime de transição quando indispensável para que o novo dever ou condicionamento de direito seja cumprido de modo proporcional, equânime e eficiente e sem prejuízo aos interesses gerais. Parágrafo único. (VETADO). Art. 24. A revisão, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, quanto à validade de ato, contrato, ajuste,
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