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TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO Notas de Aula 2019_1º Semestre PROF. NOEL JOÃO MENDES COSSA E- mail: noel.cossa@etec.sp.gov.br Estas notas de aula têm por objetivo disponibilizar o conteúdo a ser abordado nas aulas da disciplina Tecnologia de Materiais de Construção Civil I - TMCCI, do curso de Edificações da Escola Técnica Carlos de Campos, CETEPS. BOAS AULAS TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 1 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA O concreto é um material de construção amplamente disseminado. Podemos encontrá-lo em nossas casas de alvenaria, em rodovias, em pontes, nos edifícios mais altos do mundo, em torres de resfriamento, em usinas hidrelétricas e nucleares, obras de saneamento, até em plataformas de extração petrolífera móveis. Estima-se que anualmente são consumidas 11 bilhões de toneladas de concreto, o que dá, aproximadamente um consumo médio de 1,9 T de concreto por habitante por ano, valor inferior apenas ao consumo de água. De maneira sucinta, pode-se afirmar que o concreto é uma pedra artificial que se molda à inventividade construtiva do homem. Este foi capaz de desenvolver um material que, depois de endurecido, tem resistência similar às das rochas naturais e, quando no estado fresco possibilita sua modelagem em formas e tamanhos os mais variados. O concreto estrutural é um material relativamente novo. O primeiro cimento portland surgiu em 1824, na Inglaterra. A primeira norma de concreto armado do mundo é de 1903. De lá para cá, passaram-se pouco mais de 100 anos. A rocha tem milênios, o aço tem cerca de 250 anos, então o concreto estrutural é o mais novo dos materiais de construção. E está em permanente desenvolvimento. As inovações principais são aglomerantes, que trabalham em conjunto com o cimento portland. Ou, então, o próprio portand modificado, com melhorias. Outras soluções, ainda, substituem o cimento portland por outros produtos para formar o concreto. Também participam dessas inovações alguns aditivos especiais, colocados na formulação da mistura. Em termos práticos, a inovação no concreto busca três principais resultados: maior durabilidade, maior resistência e, principalmente, melhor trabalhabilidade. TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 2 PROGRAMA DO CURSO MATERIAIS E ENSAIOS • Cimento Portland: histórico, fabricação, tipos, aplicações, especificação e ensaios • Agregados: definição, classificação e principais características • Águas: da mistura e de cura • Aditivos: definição, tipos, dosagem, recebimento, estocagem e descarte PROPRIEDADES E DOSAGEM • Propriedades do concreto no estado fresco e endurecido; • Dosagem de concreto. TIPOS DE CONCRETO • Concreto convencional • Concreto bombeável • Concreto leve/pesado • Concreto colorido • Concreto rolado • Concreto projetado • Concreto auto adensável • Concreto translúcido • Concreto com fibra de vidro • Concreto auto regenerável • Grouts ou microconcreto TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 3 PATOLOGIAS DO CONCRETO • Trincas e fissuras • Eflorescências • Carbonatação • Segregação • Esfoliação • Biodeterioração INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO • Avaliações diagnóstica, intermediária e final (prova escrita, individual e sem consulta) • Exercícios de fixação • Relatórios de ensaios e visitas técnicas (em grupo) • Pesquisa Científica MATERIAL DE APOIO • Notas de Aula • Normas Técnicas; • Sites • Vídeos • Catálogos e outros TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 4 AULA 01 CIMENTO PORTLAND: DEFINIÇÃO, HISTÓRICO E FABRICAÇÃO Por definição, o cimento é um aglomerante hidráulico, pulverulento e de cor cinza esverdeada, constituído de óxidos de cálcio (CaO), ), sílica (SiO2), alumínio (Al2O3, ferro (Fe2O3), magnésio (MgO), sódio (Na2O), potássio (K2O) e sulfatos(SO3) que em contato com a água tem a capacidade de endurecer. Seu nome técnico é Cimento Portland, pois assim foi batizado pelo seu inventor, o construtor inglês Joseph Aspdim em 1824, inspirado na cor das pedras da ilha britânic3a de Portland, que eram muito usadas nas construções da época. Portanto, como você pode ver, Portland não é uma marca de cimento, nem indica que ele é um produto importado. O Cimento Portland misturado com água e outros materiais de construção, tais como a areia, a pedra britada, o pó-de-pedra, a cal e outros, resulta nos concretos e argamassas usados na construção de casas, edifícios, pontes, viadutos, barragens, estradas, ferrovias, aeroportos etc. O Cimento Portland, ou simplesmente cimento, é fabricado com calcário, argila e outros materiais denominados adições. Embora suas principais matérias-primas – o calcário e a argila – estejam disponíveis na natureza, a fabricação do cimento exige grandes e complexas instalações industriais, operadas por técnicos muito bem treinados. O processo de fabricação do cimento consiste basicamente na extração do calcário da jazida, com o auxílio de máquinas e explosivos, seguindo-se a sua britagem e mistura com a argila. TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 5 Essa mistura passa por uma moagem, onde é reduzida a pó (farinha crua) e a seguir por um possante forno rotatório, onde é cozida a 1450ºC, transformando-se após o resfriamento em pelotas duras e escuras, do tamanho de bolas de gude, denominadas clínquer. Finalmente, este clínquer é moído e misturado ao gesso para controlar o tempo de pega transformando-se no cimento, que agora está pronto para ser entregue ao consumo, em sacos ou a granel. Hoje misturam-se também outros materiais à fabricação do cimento, chamados de adições. Já se utiliza, misturado ao clínquer, escória de alto forno, pozolanas naturais, cinza volante, fíler calcário, argila calcinada e até o pó da casca de arroz. As adições ao cimento melhoram certas características do concreto e preservam o ambiente ao aproveitar resíduos e diminuir a extração de matéria-prima. TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 6 AVALIE O SEU CONHECIMENTO 1 Assinale a alternativa ERRADA: ( ) Aglomerantes são materiais minerais que, misturados com água, formam pasta e endurecem em certo tempo, fazendo aderir entre si os materiais componentes de uma argamassa ou concreto ( ) Agregados são materiais granulosos que se adicionam ao aglomerante para formar argamassa ou concreto ( ) Argamassa é a mistura íntima e homogênea de um aglomerante com agregado graúdo e água ( ) Concreto é a mistura íntima e homogênea de um cimento, agregado miúdo, agregado graúdo e água 2 No Brasil, o órgão responsável pela elaboração das normas técnicas é: ( ) IBRACON ( ) ABNT ( ) SNIC ( ) ABCP 3 O gesso adicionado ao clínquer na fabricação do cimento serve para: ( ) acelerar a pega ( ) retardar a pega ( ) permitir que o cimento fique mais claro ( ) as questões a e c estão corretas 4 Quais os materiais usados no concreto? ( ) Cimento, areia, seixo ou brita e água ( ) Areia, pedra e cimento ( ) Cimento, barro, caco de tijolo e água ( ) Cimento, brita, água e produto químico 5 A hidratação dos grãos de cimento se dá: ( ) a) de dentro para fora ( ) b) de fora para dentro ( ) c) mais rapidamente quanto mais grosso for o grão ( ) d) mais rapidamente quanto mais fino for o grão ( ) as questões b e d estão corretas TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 7 AULA 02 CIMENTO PORTLAND: TIPOS E APLICAÇÕES O mercado nacional dispõe de 8 (oito) opções de cimento, que atendem com igual desempenho aos mais variados tipos de obras. Na designação dos cimentos, as iniciais CP correspondem a abreviatura de Cimento Portland, seguida dos algarismos romanos de I a V, conforme o tipo de cimento, sendo a classe expressapor números (32 e 40) que indicam os valores mínimos de resistência à compressão, em MPa, aos 28 dias. Conforme a composição e as adições feitas durante o processo de fabricação, o Cimento Portland é classificado em: CP I – CIMENTO PORTLAND COMUM (ABNT, NBR 5732) O Cimento Portland Comum (CPI) é produzido sem quaisquer adições além do gesso ou ainda conter até 5% de adições (CPI-S). É subdividido em duas classes: CP32 e CP40. É um dos tipos de cimento que foram mais utilizados em obras algumas décadas atrás. Hoje em dia é difícil encontra-lo em lojas de materiais de construção. CP II – CIMENTO PORTLAND COMPOSTO (ABNT, NBR 11578) É um tipo de cimento que pode ser aplicado em todas as fases da construção. Pode ser encontrado com três diferentes subtipos: CP II Z, CP II E e CP II F. O CP II Z tem adição de material pozolânico (cinzas vulcânicas, de usina termoelétricas, de carvão e outras cinzas). O CP II E tem adição de escória granulada de alto forno (resíduo da produção do aço nas siderúrgicas). O CP II F tem adição de material carbonático - fíler (sobra de produtos queimados). Dentre todos os tipos de cimento Portland, o CP II é o mais utilizado em obras atualmente. CP III – CIMENTO PORTLAND DE ALTO FORNO (ABNT, NBR 5735) O Cimento Portland de Alto Forno é obtido pela adição de escória granulada de alto forno. É subdividido em duas classes de resistência: CP III 32 e CP III 40. É menos poroso e mais durável, portanto resiste melhor TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 8 em ambientes agressivos. O concreto feito com esse cimento pode ficar exposto a esgoto e chuva ácida. É utilizado nas fundações, peças de grandes dimensões e construções de barragens, por exemplo. Porém, evite usá-lo quando precisar desformar com rapidez, pois poderá não ficar com a resistência necessária. Ele pode não oferecer a resistência inicial necessária e ainda quando utilizado em calda de injeção, corroer o aço. Também deve ser evitado para fazer chapisco em dias de insolação e vento, pois ele não adere aos blocos cerâmicos, por exemplo. Em argamassas colantes, esse tipo de cimento pode proporcionar manchas no azulejo. CP IV – CIMENTO PORTLAND POZOLÂNICO (ABNT, NBR 5736) O Cimento Portland Pozolânico é obtido pela adição de pozolana ao clínquer. O cimento pozolânico tem baixo calor de hidratação, o que o torna bastante recomendável na concretagem de grandes volumes e sob temperaturas elevadas. Além disso, o alto teor de pozolana proporciona estabilidade no uso com agregados reativos e em ambientes de ataque ácido, em especial por sulfatos (esgoto, água do mar etc). Em consequência do seu baixo ganho de resistência nas primeiras idades, não é recomendado para uso em argamassa armada, concreto de desforma rápida, sem cura térmica e concreto protendido pré tensionado. CP V ARI – CIMENTO PORTLAND DE ALTA RESISTÊNCIA INICIAL (ABNT, NBR 5733) O Cimento Portland de Alta Resistência Inicial tem a propriedade de atingir altas resistências nas primeiras idades. O clínquer é o mesmo utilizado para a fabricação do cimento convencional, mas permanece no moinho por um tempo mais prolongado, tornando-se mais fino. É largamente utilizado em produção industrial de artefatos, onde se exige desforma rápida, concreto protendido, pisos industriais e argamassa armada. Devido ao alto calor de hidratação não é indicado para a concretagem de peças de grandes dimensões, fundações, barragens etc. CP RS – CIMENTO PORTLAND RESISTENTE A SULFATOS (ABNT, NBR 5737) Os cimentos resistentes a sulfatos são designados pelas siglas e classes originais de seu tipo, acrescidas de “RS”. Como o próprio nome diz, são resistentes aos meios agressivos sulfatados, tais como os encontrados nas redes de esgotos domésticos ou industriais, na água do mar e em alguns tipos de solos. CP BC – CIMENTO PORTLAND DE BAIXO CALOR DE HIDRATAÇÃO (ABNT, NBR 13116) Os cimentos portland de baixo calor de hidratação são designados pelas siglas e classes originais de seu tipo, acrescidas de “BC”. É indicado para a concretagem de peças de grandes dimensões, fundações, barragens etc., pois evita o aparecimento de fissuras de origem térmica. TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 9 CPB – CIMENTO PORTLAND BRANCO (ABNT, NBR 12989) A cor branca é obtida a partir de matérias primas com baixos teores de óxidos de ferro e manganês, em condições especiais durante a fabricação, tais como resfriamento e moagem do produto e, principalmente, pelo uso do caulim no lugar da argila. São classificados em dois tipos: estrutural e não estrutural. COMPONENTES E TEORES DO CIMENTO (% em massa) TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 10 INFLUÊNCIA DO TIPO DE CIMENTO CONHEÇA AS INFORMAÇÕES DA EMBALAGEM DE CIMENTO TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 11 ARMAZENAMENTO DO CIMENTO ENSACADO O Cimento Portland ao sair da fábrica acondicionado em sacos de papel Kraft, apresenta-se finamente pulverizado e praticamente seco, devendo permanecer nestas condições até o momento da sua utilização. O prazo de validade é de até 03 (três) meses da data de fabricação que está estampada na sacaria. A principal causa da deterioração do cimento é a umidade, que absorvida pelos seus grãos, hidrata-o pouco a pouco, reduzindo-lhe sensivelmente a atividade. O cimento hidratado é facilmente reconhecível, bastando esfregá-lo entre os dedos para perceber que já não está finamente pulverizado (grãos impalpáveis) devido a presença de torrões (grumos) e pedras. É o que popularmente denomina-se “cimento empedrado”. O cimento quando pouco afetado pela umidade pode ainda ser utilizado, desde que seja previamente peneirado em malha de pequena abertura, que permita a eliminação da parte mais atingida. Esse cimento, entretanto, só poderá ser empregado em serviços onde não sejam necessárias grandes resistências, por exemplo, contra pisos, calçadas etc. Para outras aplicações, o cimento apresentando o mais leve indício de hidratação deve ser submetido a cuidadosos ensaios em laboratório, cujos resultados indicarão se ele conserva ou não as propriedades originais e, assim, a conveniência ou não do seu aproveitamento. Quando a quantidade de sacos armazenados for pequena, podem ser tomadas algumas medidas que contribuem para conservar a integridade do cimento, tais como: utilizar os sacos de cimento obedecendo a ordem de sua entrada no depósito, para tanto, sacos recebidos em épocas diversas não podem ser colocados na mesma pilha, facilitando seu emprego na ordem cronológica de recebimento e evitando a formação de pilhas com mais de 10 sacos superpostos, como preconizam as normas da ABNT. Quando houver necessidade de armazenar o cimento por longo tempo, recomenda-se a construção de um depósito coberto, bem arejado, com piso resistente, onde o cimento possa ser adequadamente armazenado. TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 12 APLICAÇÕES DO CIMENTO Todos os tipos de cimento são adequados a todos os tipos de estruturas e aplicações. Aplicações Propriedade desejada Tipo de Cimento Obras Marítimas Resistência a Sulfatos RS, III, IV Concreto Armado Resistência de Projeto I, II, III, IV Concreto para Desforma Rápida (sem cura térmica) Endurecimento rápido V, I, II Concreto para Desforma Rápida (com cura térmica) Endurecimento rápido I, II, III, IV Concreto Massa Baixo Calor de Hidratação III, IV, BC Pavimento de Concreto Pequena Retração I, II, III, IV Pisos Industriais de Concreto Resistência à Abrasão I, II, III, IV Argamassa de Rejuntamento Estética (cor branca) Branco Argamassa de Chapisco Aderência I, II Argamassa de revestimento e assentamento de tijolos e blocos Pequena retração, retenção de água e plasticidade I, II, III, IV Concreto Arquitetônico Estética (cor branca) BrancoTECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 13 AVALIE O SEU CONHECIMENTO 1. Uma amostra de cimento CPZ – 32, apresentou resistência média à compressão, aos 28 dias de idade, de 30 MPa. Podemos dizer que a amostra: ( ) atende à categoria especificada. ( ) não atende à categoria especificada. ( ) deve ser ensaiada aos 40 dias de idade. ( ) pode ser aceita como categoria 30MPa. 2. Comparativamente, um cimento pozolânico em relação a um cimento comum, podemos dizer que o cimento pozolânico: ( ) apresenta maior calor de hidratação ( ) estabiliza reações álcalis-agregado ( ) apresenta pega mais rápida ( ) apresenta menor resistência mecânica 3. O cimento ARI apresenta como características: ( ) ter resistências mais altas às idades finais. ( ) liberar pouco calor de hidratação. ( ) ser recomendado para locais onde haja sulfatos. ( ) ter resistências mais altas às idades iniciais. 4. Assinale a alternativa ERRADA: ( ) O Cimentos Portland Pozolânico se caracteriza pela lenta liberação do calor de hidratação ( ) O Cimento Resistente a Sulfato não é indicado para a confecção de peças de concreto expostas a meios agressivos, como esgotos e água do mar ( ) A pozolana é um material silicoso usado combinado com cimentos hidráulicos ( ) O Cimento Portland é uma das substâncias mais consumidas pelo homem e isso se deve a características que lhe são peculiares, como trabalhabilidade e moldabilidade (estado fresco), e alta durabilidade e resistência a cargas e ao fogo (estado endurecido) 5. Atualmente o Cimento Portland é vendido em sacos de 50 Kg, que podem ser armazenados por cerca de __ meses, desde que o local esteja fechado, coberto e seco. Para evitar umidade e empedramento, os sacos devem ser estocados sobre estrados de madeira em pilhas de ___sacos, no máximo. Assinale a alternativa que preenche correta e respectivamente as lacunas: ( ) 6; 20 ( ) 3; 30 ( ) 5; 10 ( ) 3; 10 TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 14 AULA 03 CIMENTO PORTLAND: ESPECIFICAÇÕES E ENSAIOS As especificações brasileiras vigentes para o cimento, de acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) contempla os seguintes tipos de cimento: • CIMENTO PORTLAND COMUM – CP I (ABNT, NBR 5732) • CIMENTO PORTLAND COMPOSTO – CP II (ABNT, NBR 11578) • CIMENTO PORTLAND DE ALTO FORNO – CP III (ABNT, NBR 5735) • CIMENTO PORTLAND POZOLÂNICO – CP IV (ABNT, NBR 5736) • CIMENTO PORTLAND DE ALTA RESISTÊNCIA INICIAL – CPV-ARI (ABNT, NBR 5733) • CIMENTO PORTLAND RESISTENTE AOS SULFATOS – RS (ABNT, NBR 5737) • CIMENTO PORTLAND DE BAIXO CALOR DE HIDRATAÇÃO – BC (ABNT, NBR 13116) • CIMENTO PORTLAND BRANCO – CPB (ABNT, NBR 12989) Os valores limites de cada exigência constam das normas referentes à especificação dos diversos tipos de cimento. TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 15 DETERMINAÇÃO DA FINURA As dimensões dos grãos do Cimento Portland podem ser avaliadas por meio de vários ensaios. Os mais comuns são: • Ensaio de Finura por Peneiramento (ABNT, NBR 11579) • Ensaio de Finura por Permeabilidade ao Ar Blaine (ABNT, NBR NM 76) A Finura na Peneira 75 µm (nº 200) corresponde à percentagem de cimento em massa cujos grãos são superiores a 75 µm DETERMINAÇÃO DOS TEMPOS DE PEGA DO CIMENTO (ABNT, NBR 11581) Os tempos de início e fim de pega são os intervalos decorridos entre o instante em que se lançou a água de amassamento à pasta e os instantes em se constataram o início e o fim de pega. A pega é definida como o tempo de início do endurecimento e ocorre quando a pasta começa a perder a sua plasticidade. A determinação do tempo de início de pega possibilita avaliar o tempo em que as reações que provocam o início do endurecimento do concreto não são perturbadas pelas operações de transporte, colocação nas formas e adensamento do concreto. O tempo de início de pega deverá ser, no mínimo, de 1h. O tempo de fim de pega se dá quando a pasta se solidifica totalmente, não significando, no entanto, que ela tenha adquirido toda a sua resistência, o que só será conseguido após anos. O tempo de fim de pega deve ser, no máximo, de 10h. DETERMINAÇÃO DA EXPANSIBILIDADE DE LE CHATELIER (ABNT, NBR 11582) A presença elevada de MgO e de CaO (cal livre) no cimento poderá, em certos casos, provocar efeitos expansivos no concreto. Os efeitos nocivos causados pela presença destes materiais e, às vezes, de CaSO4, são detectados de modo geral por meio de ensaios acelerados, entre os quais o das agulhas de Le Chatelier. A expansibilidade é a medida do afastamento das extremidades das hastes da agulha de Le Chatelier imersas em água fria durante seis dias (a frio) ou imersas em água aquecida (a quente). A expansibilidade a frio visa verificar a influência do MgO e a expansibilidade a quente, a influência do CaO. O afastamento medido nas extremidades da agulha deve ser inferior a 5mm. TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 16 DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO (ABNT, NBR 7215) A resistência a compressão é uma das características mais importantes do Cimento Portland. A resistência à compressão do corpo de prova é calculada, dividindo-se a carga de ruptura pela área da seção de carregamento. O resultado deverá ser expresso em MPa. Calcula-se a resistência média da série de quatro corpos de prova de cada idade. O resultado deve ser arredondado ao décimo mais próximo. Calcula-se, em percentagem, o desvio máximo para cada série, dividindo-se o valor absoluto da diferença entre a resistência média e a resistência individual que mais se afasta dessa média. A percentagem deve ser arredondada ao décimo mais próximo. Observação: Quando o desvio for superior a 6% calcula-se uma nova média, desconsiderando o valor discrepante, identificando-o no certificado, com asterisco. Persistindo o fato, eliminam-se os CPs de todas as idades, devendo o ensaio ser totalmente refeito. TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 17 AVALIE O SEU CONHECIMENTO 1 Os corpos de prova de cimento para o ensaio de resistência à compressão devem ser curados: ( ) em ambiente fechado e com umidade e temperatura controlados ( ) em ambiente aberto e com umidade e temperatura controladas ( ) ao ar livre, protegidos do sol ( ) em local arejado e ventilado 2 A finalidade do capeamento dos corpos de prova de cimento para o ensaio de resistência à compressão é: ( ) reduzir os desvios nas leituras das cargas de ruptura ( ) regularizar a superfície do corpo-de-prova ( ) impedir a fragmentação brusca ( ) concentrar a carga 3 Sobre o Cimento Portland, pode-se afirmar que: ( ) segundo a nomenclatura brasileira, CP II é o tipo de cimento cuja classe de resistência é II ( ) início e fim de pega delimitam um estágio específico do processo de hidratação, correspondendo à fase em que a pasta de cimento apresenta maior fluidez ( ) o aparelho de Vicat pode ser empregado para avaliação da consistência da pasta de cimento ( ) a determinação finura do cimento é feita com espalhamento do material sobre uma superfície lisa 4 Um concreto, após misturado, demorou 60 minutos para iniciar a pega. Se, após ser misturado, o concreto demorou 10 horas para atingir o fim da pega, quantos minutos se passaram entre o início e o fim da pega? ( ) 540 ( ) 500 ( ) 600 ( ) 660 5 Calcular a resistência à compressão de cimento CP II Z - 32 para uma série de corpos-de-prova aos 28 dias de idade. 1 MPa = 10 Kgf/cm2 CP Carga (Kgf) Resistência à Compressão (MPa) 01 6830 02 6182 03 6476 04 6888 Resistência Média (MPa) Desvio Relativo Máximo (%) TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 18 AULA 04 AGREGADOS PARA CONCRETO DEFINIÇÃO De acordo com a ABNT, NBR 7211: Agregadospara Concreto - Especificação, o agregado para concreto deve ser composto por grãos de minerais duros, compactos, duráveis, estáveis, limpos e que não interfiram no endurecimento e hidratação do cimento e também na proteção contra a corrosão das armaduras. É o elemento de custo mais baixo por unidade de volume no concreto. Os agregados atuam de forma decisiva no incremento de certas propriedades, tais como na redução da retração e do calor de hidratação, no aumento da resistência ao desgaste, além de outras. Os agregados não são utilizados para regular a resistência de um concreto, mas podem limitar a sua resistência à compressão. CLASSIFICAÇÃO Podemos classificar os agregados quanto a sua origem, dimensões e massa unitária. Quanto à origem: • NATURAIS: São aqueles que já são encontrados na natureza sob a forma de agregados, tais como areias de mina, seixos de rios, pedregulhos etc. • ARTIFICIAIS: São aqueles que necessitam ser processados para chegarem à condição necessária e apropriada para seu uso, tais como areia artificial ou industrial ou de pedra, brita, argila expandida etc. TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 19 Quanto às dimensões: • AGREGADO MIÚDO: São aqueles cujos grãos passam pela peneira com abertura de malha de 4,75 mm e ficam retidos na peneira com abertura de malha de 150 µm, atendidos os requisitos da NBR 7211. Exemplos: Areia natural. AGREGADO GRAÚDO: São aqueles cujos grãos passam pela peneira com abertura de malha de 75 mm e ficam retidos na peneira com abertura de malha de 4,75 mm. Exemplos: Seixo rolado (cascalho) e brita. Quanto à massa unitária (densidade): • AGREGADO LEVE: São aqueles com massa unitária (densidade) menor que 1t/m3. Exemplos: argila expandida, isopor, pedra pome etc. • AGREGADO DE DENSIDADE NORMAL: São aqueles de massa unitária (densidade) entre 1t/m3 e 2t/m3. Exemplos: brita comum, areia natural, cascalho etc. • AGREGADO DENSO OU PESADO: São aqueles de massa unitária (densidade) acima de 2t/m3. Exemplos: granalhas de aço, brita de magnetita etc. SUBSTÂNCIAS NOCIVAS: • TORRÕES DE ARGILA E MATERIAIS FRIÁVEIS: São partículas presentes nos agregados suscetíveis de serem desfeitas pela pressão entre os dedos, polegar e indicador. Quando não se desagregam durante a mistura ou quando se pulverizam, dificultam a aderência da pasta ao agregado. Para determinação do teor de argilas em torrões e materiais friáveis, consultar ABNT, NBR 7218. • MATERIAL PULVERULENTO: São partículas com dimensão inferior a 75µm (0,075mm). Dificultam a aderência da pasta ao agregado e provocam a queda da resistência. Para determinação do teor de material pulverulento, consultar ABNT, NBR NM 46. TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 20 • IMPUREZAS ORGÂNICAS: São detritos, comumente de origem vegetal, geralmente sob a forma de partículas minúsculas, mas em grande quantidade, causando a decomposição da pasta, eflorescências e o manchamento do concreto. Podem interferir na hidratação do cimento, podendo até mesmo inibir o endurecimento. Para determinação do teor das impurezas orgânicas, consultar ABNT, NBR NM 49. CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E MECÂNICAS • MASSA UNITÁRIA OU DENSIDADE (MU): MASSA / VOLUME TOTAL (COM VAZIOS) • MASSA ESPECÍFICA (ME): MASSA / VOLUME REAL (EXCLUÍDOS OS VAZIOS) Valores habituais: Areia natural: MU = 2,6 g/cm3 e ME = 1,4 g/cm3 (Kg/l ou t/m3) Brita comum: MU = 2,6 g/cm3 e ME = 1,4 g/cm3 (Kg/l ou t/m3) • UMIDADE E ABSORÇÃO: O teor da umidade conduzido pelos agregados é de grande importância, pois a água transportada pelos agregados através do seu teor de umidade deve ser considerada na relação água/cimento (a/c) para não afetar a resistência do concreto. Além disso, há que se fazer correções da massa dos agregados colocados na mistura, e quando se trabalha com dosagem em volume a influência é muito maior por causa do fenômeno do inchamento das areias. O inchamento altera o volume de areia a ser usado quando a produção do concreto é feita por volumes de agregados. Para determinação da umidade dos agregados, consultar xxx Para determinação da absorção de água do agregado miúdo, consultar a ABNT, NBR NM 30. • GRANULOMETRIA: A distribuição granulométrica, isto é, a proporção relativa em que se encontram os grãos de um determinado agregado tem uma influência muito importante sobre as propriedades das argamassas e dos concretos, especialmente sobre a compacidade e a resistência aos esforços mecânicos. É expressa pela porcentagem individual ou acumulada de material que passa ou fica retido nas peneiras da série normal e intermediária. Para determinação da composição granulométrica dos agregados, consultar a ABNT, NBR NM 248. TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 21 • MÓDULO DE FINURA - MF É a soma das porcentagens retidas acumuladas, em massa, de um agregado nas peneiras da série normal, dividida por 100. O MF serve para classificar os agregados e como informação em alguns métodos de dosagem. • DIMENSÃO MÁXIMA CARACTERÍSTICA – DMC Corresponde à abertura nominal, em milímetros, da malha da peneira da série normal ou intermediária, na qual o agregado apresenta uma porcentagem retida acumulada igual ou imediatamente inferior a 5% em massa. A DMC serve para verificar se um agregado tem tamanho adequado para ser utilizado em concreto de elementos estruturais de determinadas dimensões. • FORMA DOS GRÃO: Os agregados graúdos naturais (seixos de rios) não possuem ângulos e são geralmente arredondados, o que acarreta um aumento de fluidez da pasta por conta do menor atrito entre as partículas do agregado. Já os agregados britados possuem menor fluidez, por causa do travamento existente entre seus ângulos obtidos no processo de britagem. TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 22 A experiência mostra que as quantidades de água necessária à execução de concretos com agregados naturais (seixos de rios, pedregulhos) e pedra britada estão na relação 1 : 1,20. Contudo, com o emprego da pedra britada, devido à maior aderência entre os grãos e a argamassa, consegue um concreto mais resistente ao desgaste e à tração do que os fabricados com agregados naturais (seixos de rios, pedregulhos etc.). O índice de forma dos grãos do agregado graúdo determinado pelo método do paquímetro (ABNT, NBR 7809) não deve ser superior a três. TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 23 TIPOS DE BRITAS TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 24 AVALIE O SEU CONHECIMENTO 1. Sobre determinação da massa específica de um agregado, analise as proposições abaixo. a) Na determinação da massa específica real, consideram-se os vazios internos dos agregados b) Na determinação da massa específica aparente, não se consideram os vazios internos dos agregados c) Na determinação da massa unitária, consideram-se tanto os vazios internos dos agregados quanto os vazios entre as partículas do mesmo Está(ão) correta(s), apenas: ( ) a ( ) b e c ( ) c ( ) a e c 2. Ao ensaiar-se um agregado miúdo, a divisão por cem do somatório das porcentagens retidas acumuladas nas peneiras da série normal, constitui importante parâmetro para a utilização do agregado. Esse parâmetro é: ( ) o índice de abrasão ( ) o índice de forma ( ) a massa específica ( ) o módulo de finura. 3. No laboratório, para classificar um agregado em brita 0, brita 1, brita 2 ou brita 3, é feito um ensaio denominado: ( ) britador ( ) britômetro ( ) granulometria ( ) peneiramento 4. Os agregados usados nos traços de concretos e argamassas são classificados em graúdos e miúdos. A definição correta do que é dimensão máxima do agregado é: ( ) a soma das porcentagens retidas acumuladas dividida por 100 ( ) a abertura da malha, em milímetros, da peneira da série normal ou intermediária(padrão) à qual corresponde uma porcentagem retida acumulada igual ou imediatamente inferior a 5% ( ) a abertura da malha, em milímetros, da peneira da série normal ou intermediária (padrão) à qual corresponde uma porcentagem retida acumulada igual ou imediatamente inferior a 10% ( ) a abertura da malha, em milímetros, da peneira da série normal ou intermediária (padrão) à qual corresponde uma porcentagem retida acumulada igual ou imediatamente inferior a 3% 5. A propriedade de aderência agregado-pasta, será tanto melhor quando: a) ( ) a textura superficial do agregado for lisa b) ( ) a textura superficial do agregado for rugosa c) ( ) o agregado tiver um alto teor de material pulverulento d) ( ) o agregado tiver um baixo teor de material pulverulento e) ( ) as questões b e d estão corretas TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 25 AULA 05 ÁGUAS DO CONCRETO A água é responsável pela reação de hidratação do cimento, homogeneização da mistura e trabalhabilidade do concreto e também no processo de cura do concreto. A água de amassamento não deve ser confundida com a água que entra em contato com as estruturas de concreto endurecido. A composição da água pode ser adequada para o amassamento do concreto, mas ser agressiva à estrutura do concreto endurecido. As águas com agentes agressivos utilizadas para amassar concretos têm uma ação muito menos intensa do que a mesma água agindo permanentemente sobre o concreto endurecido. Na realidade, os maiores defeitos provenientes da água de amassamento têm maior relação com o excesso de água empregada do que propriamente com os elementos que ela possa conter. A relação entre o peso da água e o peso do cimento é chamada “fator água-cimento”. Considerando- se apenas a água quimicamente necessária à hidratação do cimento, seria suficiente um “fator água- cimento” da ordem de 0,28. A trabalhabilidade do concreto exige, entretanto, fatores água-cimento muito maiores, na ordem de 0,45 a 0,65. A água utilizada no amassamento do concreto não deve conter teores significativos de sais, açucares, materiais pesados ou qualquer outro elemento que reaja com as demais matérias primas. É usual dizer-se que ‘toda água que serve para beber pode ser utilizada na confecção de concretos’, o que nem sempre traduz a verdade. A presença de pequenas quantidades de açúcar não tornam a água imprópria para beber, mas podem torná-la insatisfatória para concreto. A queda de resistência, a alteração do tempo de pega, a ocorrência da eflorescência, o aparecimento de manchas e a corrosão da armadura são os efeitos adversos citados como os mais significativos. Desde a década de 40 – quando se iniciou a utilização das normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para concreto em construção civil, que o Brasil não tinha um texto específico que tratasse da qualidade da água para amassamento do concreto. As empresas brasileiras, no entanto, seguiam as determinações de outros países, muitas vezes, europeias ou americanas. Com o início dos trabalhos sobre o tema no âmbito internacional, o Comitê Brasileiro de Cimento, Concreto e Agregados (ABNT/CB-18) tomou como base o Projeto de Norma Internacional e criou uma norma para o Brasil, a NBR 15900 – Água para amassamento do concreto. TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 26 AVALIE O SEU CONHECIMENTO 1. No desenvolvimento de um traço de concreto ou de argamassa dimensionado em laboratório, o tipo de água para hidratar a mistura é a água: ( ) reciclada de um sistema de tratamento de efluentes líquidos, com pequena quantidade de matéria orgânica, óleos, graxa e cloretos. ( ) de rio ou córrego in natura (água com presença de argila). ( ) de chuva, armazenada em coletores pluviais. ( ) proveniente de concessionária local de distribuição de água. 2. O concreto é um material de grande aplicação na construção civil, principalmente devido à versatilidade desse material para uso em diversas situações e por suas características de resistência e durabilidade. Os componentes do concreto são combinados de diversas maneiras de forma a otimizar o desempenho da peça. Acerca do concreto e de seus componentes, assinale a opção correta. ( ) Uma menor relação entre a quantidade de água e a de cimento resulta em concreto com menor resistência. ( ) Para obter concreto armado com baixo peso específico, deve-se empregar cal como aglomerante. ( ) O concreto armado, por possuir armadura, apresenta em sua preparação menor conteúdo de cimento que o concreto convencional. ( ) A qualidade da água empregada na confecção do concreto tem grande influência na resistência do mesmo. 3. Adição de água acima do especificado na dosagem do concreto, acarreta: ( ) perda de resistência ( ) aumento da resistência ( ) diminuição no abatimento ( ) redução do fator água/cimento 4. A água destinada ao amassamento e cura do concreto deve atender aos requisitos estabelecidos pela norma ABNT, NBR 15900. Na qualificação das fontes, devem-se considerar as características físico- químicas: I. pH II. Cloretos. III. Sulfetos. IV. Quantidade de matéria orgânica expressa em consumo de oxigênio. V. Coliformes totais. Dos parâmetros apresentados estão corretos os itens: ( ) I e III, apenas ( ) I, II e V, apenas ( ) I, II, III e IV, apenas ( ) II, III e IV, apenas TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 27 AULA 06 ADITIVOS PARA CONCRETO Os romanos e os incas já empregavam em suas obras certas substâncias que hoje chamaríamos de aditivos: sangue, clara de ovos e cal. No Brasil, possuímos obras históricas, igrejas e pontes, ainda em bom estado de conservação. Em muitas delas, foi usado óleo de baleia na argamassa de assentamento das pedras com o intuito de plastificá-la, no entanto, o desenvolvimento dos aditivos só foi efetivo a partir da descoberta do Cimento Portland. Desde então, a tecnologia dos aditivos tem se desenvolvido, acompanhando o ritmo crescente do setor da construção civil e permitindo soluções inovadoras, práticas e econômicas. Nos dias atuais, todo concreto minimamente estudado usa aditivos. DEFINIÇÃO Segundo a ABNT, NBR 11768, aditivo é o produto adicionado durante o processo de preparação do concreto, em quantidade não maior que 5 % da massa de material cimenticio, com o objetivo de modificar suas propriedades no estado fresco e/ou no estado endurecido. Os aditivos químicos atuam frequentemente nas propriedades do concreto e alteram as reações de hidratação do cimento, melhoram a trabalhabilidade, modificam a viscosidade, atuam na retenção de água, aceleram ou retardam o tempo de pega, controlam o desenvolvimento de resistências mecânicas, intensificam a resistência à ação do congelamento, diminuem a fissuração térmica, atenuam as consequências do ataque por sulfatos, reação álcali-agregado e corrosão de armadura, entre outras propriedades. CONCRETO MAL DOSADO + ADITIVO = CONCRETO RUIM ADITIVO NÃO É REMÉDIO TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 28 A classificação dos aditivos, de acordo com ABNT, NBR 11768 é a seguinte: ADITIVO PLASTIFICANTE OU REDUTOR DE ÁGUA Aditivo que, sem modificar a consistência do concreto no estado fresco, permite a redução do conteúdo de água de um concreto (> 5%); ou que, sem alterar a quantidade de água, modifica a consistência do concreto, aumentando o abatimento ou fluidez; ou ainda, aditivo que produz os dois efeitos simultaneamente. ADITIVO SUPERPLASTIFICANTE Tipo I Aditivo que, sem modificar a consistência do concreto no estado fresco, permite elevada redução no conteúdo de água de um concreto (> 12%); ou que, sem alterar a quantidade de água, aumenta consideravelmente o abatimento e a fluidez do concreto; ou ainda, aditivo que produz esses doisefeitos simultaneamente. ADITIVO SUPERPLASTIFICANTE Tipo II Aditivo que, sem modificar a consistência do concreto no estado fresco, permite uma elevadíssima redução no conteúdo de água de um concreto (>20%); ou que, sem alterar a quantidade de água, aumenta consideravelmente o abatimento e a fluidez do concreto; ou ainda, aditivo que produz esses dois efeitos simultaneamente. ADITIVO INCORPORADOR DE AR Aditivo que permite a incorporação de ar ao concreto, durante o amassamento, de uma quantidade controlada de pequenas bolhas de ar, uniformemente distribuídas no concreto, que permanecem no material no estado endurecido. Tem a função de resistir a ação do gelo-degelo, aumentar a plasticidade, diminuir a permeabilidade e aumentar a durabilidade do concreto. Excesso de ar incorporado diminui a resistência mecânica do concreto. TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 29 ADITIVO ACELERADOR DE RESISTÊNCIA Aditivo que aumenta a taxa de desenvolvimento das resistências iniciais do concreto, com ou sem modificação do tempo de pega. ADITIVO ACELERADOR DE PEGA Aditivo que diminui o tempo de transição do concreto do estado plástico para o estado endurecido, objetivando aumentar a resistência inicial do concreto. ADITIVO RETARDADOR DE PEGA Aditivo que aumenta o tempo de transição do concreto do estado plástico para o estado endurecido, proporcionando um maior tempo de manuseio do concreto. Além dos tipos de aditivos acima, existem outros, não contemplados na norma brasileira, que vem sendo incorporados às misturas de concreto, tais como modificador de viscosidade, compensador de retração, inibidor de corrosão e redutor da expansão álcali-agregado. DOSAGEM DO ADITIVO Os aditivos devem ser usados de acordo com as orientações do fabricante (catálogos, fichas etc.), observando o momento recomendado de adição na mistura, os teores utilizados e o tempo de mistura do concreto. A maior parte dos aditivos é fornecida na forma líquida, para ser adicionado à água de amassamento. Assim, obtém-se uma perfeita distribuição do produto na massa de concreto. O volume do aditivo deve ser incluído no volume total de água a ser utilizada. Para grandes obras, os dosadores automáticos funcionam pelo sistema de ar comprimido ou injeção direta e possuem um sistema de bloqueio que evita dosagens múltiplas e superdosagem. Em caso de obras menores, os fabricantes fornecem um copo metálico graduado que permite dosagens com relativa precisão. TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 30 Costuma-se apresentar o consumo de um aditivo em um traço de concreto em termos de sua massa sobre a massa de cimento. Este número, em percentual, corresponde à “dosagem” do aditivo, comumente chamada de “dosagem percentual sobre o peso do cimento”, “dosagem em % s.p.c.”, conforme fórmula abaixo: DOSAGEM (% s.p.c.) = massa do aditivo (Kg) / massa do cimento (Kg) x 100 RECOMENDAÇÕES PARA RECEBIMENTO, ESTOCAGEM E DESCARTE No ato do recebimento do aditivo pelo cliente, o mesmo deve vir acompanhado de: Nota Fiscal; Certificado de Análise; Ficha de Emergência e da Ficha de Informação de Segurança de Produto Químico (FISPQ). A estocagem do aditivo poderá ser a granel (reservatórios) ou embalados (contêineres, tambores e bombonas plásticas): No mercado existem reservatórios de diversas capacidades. O mais adequado é aquele que atenda a demanda da central de concreto ou canteiro de obra, e que permita manter a atividade plena (reserva) até o próximo carregamento. O tamanho compatível é o que permite trabalhar até 40 dias, para regiões próximas e de fácil acesso, e até 90 dias para locais mais distantes. Os aditivos adquiridos embalados devem ficar armazenados em local coberto e identificado, ao abrigo de intempéries, frio e calor excessivos e de fácil acesso, além de isolados de tambores de óleo diesel, materiais de limpeza de caminhões/equipamentos, a fim de se evitar troca acidental de materiais. Os aditivos têm data de validade e, por isso, é mais adequado que os lotes mais antigos se localizem à frente da utilização. Sempre que o resíduo de aditivo for descartado, as recomendações da FISPQ devem ser seguidas para que a manipulação e transporte do material sejam feitas com segurança. Além disso, a maneira correta de disposição e descarte deve atender as legislações ambientais locais, estaduais ou federais vigentes. Da mesma maneira, as embalagens não devem ser descartadas como lixo comum ou utilizadas para outros fins, e sim encaminhadas para recuperadoras credenciadas para descarte de acordo com a legislação vigente. TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 31 AVALIE O SEU CONHECIMENTO 1 Os aditivos plastificantes e superplastificantes, respectivamente, permitem uma redução mínima da água de amassamento do concreto, de: ( ) 58% - 80% ( ) 6% - 12% ( ) 30% - 50% ( ) 40% - 60% 2 Em um projeto foi encontrada a seguinte especificação: Produto que aumenta o índice de consistência do concreto mantida a quantidade de água de amassamento, ou que possibilita a redução de, no mínimo, 6% da quantidade de água de amassamento para produzir um concreto com determinada consistência. A descrição acima trata de: ( ) incorporador de ar, aplicado em misturas para concreto celular ( ) plastificante, usado para tornar o concreto mais fluído ( ) acelerador de pega, voltado para obras rápidas que exigem rápido endurecimento do concreto ( ) retardador de pega, utilizado em áreas de clima muito quente 3 Aditivos são produtos químicos que podem ser adicionados a concretos e argamassas, com o objetivo de melhorar as propriedades desses materiais. A utilização de aditivos em concreto é um recurso cada vez mais comum, mas exige, conhecimento e, durante o preparo, muita atenção. Considere as seguintes informações fornecidas pelo fabricante de um tipo de aditivo plastificante: Densidade: 1,25 kg/l / Teor (indicado): 0,5% s.p.c. Ao preparar o concreto, o técnico utilizou as seguintes quantidades de materiais: 01 saco de cimento (50 kg) 80 kg de areia 120 kg de brita 30 kg (litros) de água A quantidade, em ml, de aditivo que o técnico deve colocar nesse traço de concreto é ( ) 300 ( ) 250 ( ) 150 ( ) 200 TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 32 4 Para um concreto com trabalhabilidade muito alta, a BS (1981) sugere o ensaio de: ( ) Vebe ( ) Slump Test ( ) Abatimento do tronco de cone ( ) Espalhamento 5 A NBR 11768:2011 (Aditivos químicos para concreto de cimento Portland) define aditivo como o produto que, adicionado ao concreto durante o seu processo de preparação, modifica suas propriedades no estado fresco e/ou endurecido. Essa NBR recomenda utilizar quantidade de aditivo, em relação à massa de material cimentício, não maior que ( ) 5%. ( ) 4%. ( ) 2%. ( ) 1%. 6. Sobre aditivos e adições, marque a alternativa INCORRETA. ( ) Aditivos dosados de maneira adequada podem permitir a suspensão total da água de amassamento utilizada na dosagem de concretos e argamassas, resultando em produtos com alta resistência a esforços mecânicos. ( ) As superpozolanas, como a sílica ativa, representam para o advento do concreto armado, a confecção de CAD´s (concretos de alto desempenho) e, assim, estruturas mais esbeltas e leves. ( ) As adições como, por exemplo, o gesso, as escórias de alto forno, os materiais pozolânicos e os materiais carbonáticos, podem ser misturados ao clínquer na fase de moagem, segundo os requisitos prescritos na normalização brasileira, permitindo a fabricação dos diversos tipos de cimento Portland disponíveis no mercado. ( ) As escórias de alto forno são utilizadas na fabricação de cimento do tipo CPII-E e CPIII e as pozolanas, na fabricação de cimentos do tipo CPII-Z e CPIV. TECNOLOGIABÁSICA DO CONCRETO 33 AULA 07 PROPRIEDADES DO CONCRETO NO ESTADO FRESCO O concreto é denominado fresco enquanto a pasta estiver no estado fluido ou plástico e permitir uma reagrupação das partículas constituintes por uma ação dinâmica qualquer. TRABALHABILIDADE O concreto é dito trabalhável quando apresenta consistência1 e dimensão máxima do agregado adequadas ao tipo de obra a que se destina (dimensões das peças, afastamento e distribuição das barras das armaduras) e aos métodos de lançamento, adensamento e acabamento que vão ser adotados na construção, não apresentando ao final segregação2 ou exsudação3. A trabalhabilidade, como se vê, não é apenas uma característica inerente ao concreto. A noção de trabalhabilidade é, portanto, muito mais subjetiva que física. Um concreto adequado para peças de grandes dimensões e pouco armadas pode não o ser para peças delgadas e muito armadas; e, ainda, um concreto que permita perfeito adensamento com vibração (sem segregação dos elementos componentes e sem deixar vazios) dificilmente proporcionará moldagem satisfatória com adensamento manual. Um concreto pode, portanto, ser trabalhável num caso e não o ser em outro. Por outro lado, há misturas que não são trabalháveis em caso algum. 1 Consistência é o termo relacionado à mobilidade da massa e a coesão entre os elementos constituintes do concreto (concretos secos ou úmidos, plásticos e fluídos). 2 Segregação é a separação dos materiais constituintes da mistura, impedindo a obtenção de um concreto de razoável uniformidade. 3 Exsudação é uma forma particular de segregação, em que a água da mistura tende a elevar-se à superfície do concreto recém-lançado. TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 34 FATORES QUE AFETAM A TRABALHABILIDADE A - CARACTERÍSTICAS DO PRÓPRIO CONCRETO: • Teor de água/mistura seca (cimento + agregados); • Tipo e finura do cimento (os cimentos pozolânicos, por exemplo, exigem muito mais água que os cimentos portand comum); • Granulometria e forma do agregado (as formas que se afastam dos tipos esféricos e cúbico influem desfavoravelmente no concreto, exigindo mais água para uma mesma consistência); • Aditivos (para o mesmo teor de água, os aditivos redutores de água melhoram a plasticidade do concreto); • Tempo, temperatura e umidade relativa do ar (as misturas enrijecem com o tempo, pois resulta da absorção de parte da água pelo agregado e da evaporação de outra parte). B - CONDIÇÕES DE MANIPULAÇÃO: • Os tipos de equipamentos e sistemas de trabalho adotados nas operações e produção, transporte e lançamento do concreto. Uma mistura manual ou mecanizada, um transporte em carro de mão ou bomba, um lançamento com pás ou em calhas, um adensamento manual, vibratório, à vácuo ou centrifugado, exigem trabalhabilidades diferentes. C - CONDIÇÕES DE PROJETO: • Dimensões dos elementos de construção; • Afastamento das armaduras. As dimensões dos elementos estruturais influem na trabalhabilidade do concreto em razão do efeito parede, no qual influem a dimensão máxima do agregado. Como se sabe, essa dimensão deverá, em princípio, ser a maior possível, desde que compatível com a menor dimensão da peça e o espaçamento das barras das armaduras. Para agregados da mesma natureza, à medida que se consideram dimensões maiores, é sempre possível, em igualdade de consistência e de relação água/cimento, obter-se uma composição granulométrica que resulte em concreto mais econômico, em virtude da quantidade de pasta necessária para preencher os vazios e envolver os grãos do agregado. TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 35 ENSAIO DE ABATIMENTO DO CONCRETO ABNT, NBR NM 67 – Consistência do concreto pelo abatimento do tronco de cone – “SLUMP TEST” Neste ensaio, o concreto é colocado num molde de chapa metálica, com forma de tronco de cone, de 20cm de diâmetro na base, 10cm no topo e 30cm de altura, apoiado numa superfície rígida, para ser moldado em três camadas iguais, cada uma adensada com 25 golpes, por uma barra de 16mm de diâmetro e 60cm de comprimento. Em seguida, o molde e retirado verticalmente, deixando o concreto sem suporte lateral. Sob a força da gravidade, a massa abate, mais ou menos simetricamente, aumentando o seu diâmetro médio, enquanto sua altura diminui. O abatimento ou slump corresponde à diferença entre a altura inicial de 30cm e a altura após a remoção do molde. Nas mãos de um operador experiente, o ensaio de abatimento é de grande utilidade para determinar a variação horária ou diária dos materiais que estão alimentando a betoneira, particularmente a da água. TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 36 AVALIE SEU CONHECIMENTO 1. O fenômeno que causa o afloramento de água de amassamento na superfície do concreto durante a fase de concretagem de uma viga é ( ) a utilização excessiva de agregado ( ) a segregação dos componentes do concreto ( ) o endurecimento prematuro do concreto ( ) trincamento por retração durante a secagem 2. É a separação de parte da água de mistura do concreto, a qual tende a subir para a superfície do concreto recém-adensado”. Essa é a definição de: ( ) consistência. ( ) trabalhabilidade. ( ) exsudação. ( ) compacidade 3. Para a utilização de concreto, é indispensável que se determine a consistência do concreto fresco, que pode ser medida pelo método do abatimento do tronco de cone. A NBR NM 67 prevê que durante o procedimento de ensaio, o enchimento da forma seja feito em: ( ) 3 camadas, cada uma adensada com 25 golpes. ( ) 2 camadas, cada uma adensada com 30 golpes. ( ) 4 camadas, cada uma adensada com 25 golpes. ( ) 1 camada, adensada com 30 golpes. 4. Em se tratando do material concreto, é correto afirmar que: ( ) A utilização de aceleradores de pega é a única alternativa para se atingir a resistência estabelecida para o concreto, antes dos seus 28 dias de idade. ( ) A granulometria da areia não é levada em consideração na determinação do traço do concreto. ( ) O Slump Teste é um ensaio realizado com o concreto para medir sua consistência. ( ) A utilização de aditivos em concretos não é recomendada. 5. Com relação ao ensaio de abatimento de tronco de cone, o concreto com maior abatimento: ( ) tem menor resistência. ( ) tem maior resistência. ( ) é menos consistente. ( ) é mais consistente. TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 37 AULA 08 PROPRIEDADES DO CONCRETO NO ESTADO ENDURECIDO O processo de endurecimento do concreto ocorre a partir do início da pega do cimento. O concreto endurecido deve apresentar resistência mecânica e durabilidade compatíveis com as condições de projeto e ao ambiente ao qual a estrutura está exposta. RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO A determinação da resistência à compressão é realizada através de ensaio de ruptura de corpos de prova moldados com o concreto em estudo, submetidos a uma carga crescente, que produza esforços de compressão distribuídos em toda a seção transversal do corpo de prova, até a sua ruptura. A moldagem dos corpos de prova e a realização do ensaio devem obedecer, respectivamente, às normas ABNT, NBR 5738 e ABNT, NBR 5739. A resistência à compressão é a propriedade mais referenciada do concreto devido à facilidade com que é determinada e à sua relação com as demais características do concreto. O valor da tensão de ruptura à compressão é dado pela expressão: fc = P / A, onde: P = valor da carga de ruptura, ou seja, a carga máxima indicada pelo equipamento durante o ensaio; A = área calculada em função do diâmetro médio do corpo-de-prova, medido antes do ensaio. Como o concreto é pouco resistente à tração, geralmente, não é destinado a trabalhar submetido a esforços deste tipo. No entanto, em elementosestruturais, tais como vigas e lajes, quase sempre ocorrem esforços de tração, como consequências de certas condições de carregamento ou de retrações produzidas por mudanças de umidade e temperatura ou simplesmente autógenas. TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 38 A figura abaixo representa o ensaio para a determinação da resistência à compressão do concreto, onde observamos um corpo-de-prova, submetido a uma força de compressão. Qual será o valor individual da resistência à compressão, em Mega Pascal (MPa), se a força obtida na ruptura é de 38.900Kgf e o diâmetro do CP é de 15cm? TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 39 FATORES QUE INFLUENCIAM NA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO A – CARACTERÍSTICAS DO PRÓPRIO CONCRETO • Relação água/cimento (> a/c < menor a resistência do concreto) • Tipo e teor do cimento (>finura > resistência inicial < resistência longo prazo) • Forma, textura superficial e rugosidade do agregados • Idade do concreto B - CONDIÇÕES DE CURA • Umidade e temperatura C - CONDIÇÕES DO ENSAIO DE RUPTURA • Geometria e dimensões dos corpos de prova • Grau de compactação • Velocidade de aplicação da carga • Distribuição de tensões (capeamento, retífica etc.) DURABILIDADE Uma das condições exigidas do concreto endurecido é a sua durabilidade por um razoável número de anos. Estará comprometida a qualidade de um concreto de elevada resistência mecânica que, quando posto em serviço, vier a apresentar poucos anos depois, defeitos graves que acabem por reduzir sua resistência, podendo, inclusive, leva-lo à ruptura. A durabilidade do concreto é difícil de ser avaliada e, normalmente não é considerada com a precisão exigida. Costuma-se pensar que a construção tem vida ilimitada. No entanto, se por um lado há muitas construções cuja vida útil não passa de vinte a trinta anos, existem obras, como barragens, túneis, portos marítimos, que devem durar normalmente mais de um século. TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 40 A redução da durabilidade do concreto pode ser consequência de causas externas ou ambientais, ou de causas internas do próprio concreto. Entre as causas internas, destacam-se a permeabilidade do concreto, a reação álcali-agregado e as variações de volume devidas as diferenças entre as propriedades térmicas do agregado e as da pasta. A deterioração do concreto em ambiente agressivo resulta, quase sempre, de ações mecânicas, físicas e químicas, do intemperismo, da ocorrência de temperaturas elevadas, da abrasão, do ataque de gases e líquidos – naturais ou produzidos pelos resíduos industriais. TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 41 AVALIE SEU CONHECIMENTO 1. O excesso de água na confecção do concreto aumenta a sua: ( ) compacidade ( ) durabilidade ( ) permeabilidade ( ) resistência 2. Com relação ao concreto e seus constituintes, assinale a alternativa correta. ( ) As areias grossas possuem maior inchamento que as areias finas. ( ) Quanto maior o consumo de cimento, maior é a resistência do concreto. ( ) Quanto maior a relação água/materiais secos, menos plástico é o concreto. ( ) Quanto maior a relação água/cimento, menor é a resistência do concreto. 3. É correto afirmar que após um ensaio de compressão de um corpo-de-prova cilíndrico de concreto (CP), e antes da apresentação dos resultados, os restos do CP devem ser: ( ) imediatamente descartados. ( ) utilizados como agregado reciclado para concreto. ( ) guardados para posterior contra-prova. ( ) utilizados para se determinar o tipo de ruptura. 4. Segundo a NBR 5738, para determinação da resistência de um concreto produzido com pedra britada nº 2 (25 mm), à compressão, o corpo-de-prova cilíndrico deve ter ( ) 50 mm de diâmetro e 100 mm de altura. ( ) 100 mm de diâmetro e 200 mm de altura. ( ) 150 mm de diâmetro e 300 mm de altura. ( ) 200 mm de diâmetro e 400 mm de altura. 5. Para quantidades crescentes de água de amassamento de um concreto, teremos: I – diminuição na mobilidade da mistura II – aumento da coesão, numa fase inicial, e posterior diminuição III – diminuição na durabilidade do concreto endurecido ( ) todas estão corretas ( ) todas estão erradas ( ) somente III está correta ( ) II e III estão corretas ( ) somente I está correta TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 42 AULA 09 DOSAGEM DO CONCRETO Não confunda as palavras dosagem e traço. A dosagem é o processo para determinar as proporções adequadas dos componentes de um concreto. O traço é a forma de se dizerem as doses, que são as proporções relativas, ou quantidades dos materiais que constituem o concreto. Assim, o traço é um conjunto de doses, é uma decorrência da dosagem. A princípio, a dosagem era feita de forma empírica, sem nenhum critério científico. Na realidade o que se fazia era simplesmente seguir receitas, ou seja, usar traços que já haviam sido utilizados com relativo sucesso. Com o passar do tempo, aliado ao surgimento de estruturas mais arrojadas, o concreto passou a ser submetido a tensões mais elevadas, havendo a necessidade do desenvolvimento de metodologias de dosagem mais precisas. Esses procedimentos de dosagem são denominados de dosagem experimental do concreto e realizados com amostras dos materiais que serão utilizados em obra. Atualmente é inconcebível a utilização de dosagem empírica para o preparo de concreto estrutural. Existem inúmeros métodos ou procedimentos para dosagem, sendo que, no Brasil, os mais utilizados são: ➢ Instituto Nacional de Tecnologia (INT) ➢ Instituto de Pesquisa Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) ➢ Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 43 O TRAÇO DO CONCRETO O traço pode ser indicado em massa, em volume ou misto. O traço em volume é usado em pequenas obras, porém é o mais imperfeito e incerto. A medida em volume do cimento dá origem a grandes erros, colocando em dúvida a resistência do concreto. O traço em massa é o mais preciso, obtém-se assim uma resistência certa e um concreto uniforme. A massa unitária (MU = M/Va) é utilizada para transformar os materiais utilizados em massa para volume com vazios (dosado em obra). No traço misto, fixam-se e o cimento e a água em peso, pois são os elementos que mais influenciam na resistência do concreto, garantindo a resistência que se deseja e os agregados em volume. A identificação do traço unitário é definida conforme a expressão: 1 : a : b : a/c 1 = Massa de cimento em relação à massa de cimento (Mc/Mc =1) a = Massa de areia em relação à massa de cimento (Ma/Mc = a) b = Massa de brita em relação à massa de cimento (Mb/Mc = b) a/c = Massa de água em relação à massa de cimento (Mágua/Mc = a/c) Não confundir o significado da letra “a” representando a proporção de areia do traço com a letra “a” do parâmetro “a/c” que representa a proporção de água em relação ao cimento (relação água/cimento). Exemplo: Seja uma mistura para concreto composta por 1 saco de cimento, 150 Kg de areia, 250 Kg de brita e 25Kg de água. 50/50 : 150/50 : 250/50 : 25/50 1 : 3 : 5 : 0,5 (cimento : areia : brita : água) No caso de se utilizar mais de um agregado miúdo (areia) e ou mais de um agregado graúdo (pedra britada ou seixo rolado), o traço é expresso do material mais fino para o mais grosso. Exemplo (2 areias e 3 britas): 1 : a1 : a2 : b1 : b2 : b3 : a/c Exceto o primeiro termo do traço unitário, que é sempre igual a 1, todos os outros são expressos com números contendo duas casas decimais. TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 44 CONSUMO DE CIMENTO É a quantidade de cimento de um concreto, em Kg de cimento por m³ de concreto. Vc + Va + Vb + Vágua + Var = VconcretoMASSA ESPECÍFICA: ME = M/V V = M/ME Para 1 m³ de concreto: Mc/MEc + Ma/MEa + Mb/MEb + Mágua/MEágua + Var = 1m³ = 1000dm³ Mc/MEc + Ma/MEa + Mb/MEb + Mágua + Var = 1m³ = 1000dm³ Como trabalhamos no traço unitário com proporções em relação à massa de cimento, vamos dividir todos os termos da equação por esta massa. Mc/MEc x Mc + Ma/MEa x Mc + Mb/MEb x Mc + Mágua / Mc + Var x Mc= 1m³ / Mc = 1000dm³ / Mc 1/MEc + a/MEa + b/MEb + a/c + Var/Mc = 1000dm³/Mc 1/MEc + a/MEa + b/MEb + a/c = 1000dm³ - Var /Mc C = 1000 – Var / 1/MEc + a/MEa + b/Mb + a/c Na obra, é real a ausência de balança calibrada e areia com teor de umidade (h) > 0, sendo necessárias adaptações do traço para conversão da medida dos agregados em volume (Traço misto) e correção da umidade da areia devido à absorção e inchamento. A dosagem desconsiderando a umidade da areia provoca o acréscimo de mais água (umidade) e menos areia (inchamento) do que o determinado pelo traço. Correção do traço em função da umidade da areia: Água corrigida (AC) = Água do traço (AT) – (h/100 x a), onde h = teor de umidade da areia Coeficiente de inchamento da areica: CI = Vh / Vo, onde Vh = Volume da areia úmida e Vo = Volume da areia seca TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 45 AVALIE SEU CONHECIMENTO Traço unitário: 1 : 2,70 : 3,30 : 0,735 Dados: Massas Específicas (ME): Cimento: 3,14 Kg/dm³, Areia = 2,63 Kg/dm³ e Brita = 2,75 Kg/dm³ Massas Unitárias (MU): Areia : 1,51 Kg/dm³ e Brita = 1,47 Kg/dm³ Umidade da areia = 4% Coeficiente de Inchamento = 1,29 Ar aprisionado: 2% a) Calcular o traço misto (para ser utilizado na obra) b) Dimensionar as padiolas c) Calcular o consumo de cimento do traço. TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 46 AULA 10 CONTROLE DE ACEITAÇÃO E/OU REJEIÇÃO DO CONCRETO A aceitação e/ou rejeição das estruturas de concreto é feita segundo a ABNT, NBR 12655. Esta atividade é feita em dois momentos distintos: Quando do recebimento do caminhão betoneira na obra (concreto dosado em central) ou ao término da preparação do concreto executado na obra, através do teste de consistência, mais conhecido como ensaio de abatimento ou “Slump Teste”. O resultado deste teste deve ser menor ou igual ao valor máximo especificado no traço. Se o resultado for superior, demonstrará que o concreto está com excesso de água em sua composição, o que implica em uma alteração do fator água/cimento e na possível queda de sua resistência. Neste caso o concreto poderá ser rejeitado. Independente da realização do “Slump Teste”, devem ser colhidas amostras de concreto (corpos de prova), que no estado endurecido servirão para a realização de ensaios de resistência à compressão. TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 47 Essas amostras devem ser quantidade suficiente (30l) para a determinação do fck estimado, através de fórmulas e parâmetros existentes na NBR 12655. CONTROLE ESTATÍSTICO DO CONCRETO LOTE: É o volume de concreto produzido e aplicado sob condições uniformes (mesma classe, mesma família, mesmos procedimentos, mesmo equipamento). Tabela para a formação de lotes: Limites superiores Pilares, placas, vigas de transição, tubulão, brocas, blocos de fundação. Lajes, vigas, paredes de caixa de água, escadas Volume concreto 50m³ 100m³ Nº amassadas (betonada) 25 50 Nº andares 1 1 Tempo concretagem 3 dias consecutivos 3 dias consecutivos Para cada lote formado, exige-se o mínimo de 6 exemplares extraídos de diferentes amassadas (betonas). Cada exemplar deve ter, no mínimo, 2 corpos-de-prova para cada idade. AMOSTRA: É o volume de concreto retirado do lote com o objetivo de fornecer informações, mediante ensaios, sobre a conformidade desse lote para fins de aceitação. EXEMPLAR: É um elemento da amostra constituído por dois ou mais corpos de prova moldados no mesmo ato. Toma-se como resistência do exemplar o maior dos dois valores obtidos. TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 48 Há 2 tipos de amostragem para o controle de resistência do concreto, a saber: • AMOSTRAGEM TOTAL: Se aplica somente para concretos dosado por centrais, e a moldagem dos corpos de prova deve ser feita para todos os caminhões betoneiras. • AMOSTRAGEM PARCIAL: Moldagem de corpos de prova de betonadas alternadas e de modo aleatório, para a formação dos lotes. CÁLCULO DO VALOR ESTIMADO DA RESISTENCIA CARACTERÍSTICA POR AMOSTRAGEM TOTAL: São moldados corpos de prova de todas as betoneiras de concreto e o cálculo do valor estimado da resistência característica (fck,est) é dado por: a) Para n < 20 → fckest = f1 n = número de exemplares moldados durante a concretagem f1 = menor valor da resistência à compressão da série de exemplares do mesmo lote, ensaiados na mesma idade. fckest = valor estimado da resistência característica à compressão. b) Para n ≥ 20 → fckest = fi i = 0,05n, quando o valor de i for fracionado, adota-se o número inteiro imediatamente superior. POR AMOSTRAGEM PARCIAL: Neste tipo de controle, não há necessidade de moldar corpos de prova de todas as betoneiras, entretanto, as amostras devem ter no mínimo 06 exemplares para concreto de classes até C50 e 12 exemplares para concretos de classe superiores a C50. TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 49 a) Para lote com número de exemplares entre 6 ≤ n < 20, o valor estimado da resistência característica à compressão (fckest) é dado por: fckest = 2 x [(f1 + f2 + ... + fm-1) / m-1] - fm m = n/2 – se for ímpar, despreza-se o valor mais alto de n f1 + f2 + ... + fm-1 = valores das resistências dos exemplares em ordem crescente NOTA: Não se tomar para fckest valor menor que ψ6xf1 b) Para lote com número de exemplares n ≥ 20 Fckest = fcm – 1,65 x Sd fcm = resistência média dos exemplares do lote, em MPa Sd = desvio padrão do lote para n-1 resultados, em MPa. Valores de ψ6 Condição de Preparo Número de exemplares (n) 2 3 4 5 6 7 8 10 12 14 ≥16 A 0,82 0,86 0,89 0,91 0,92 0,94 0,95 0,97 0,99 1,00 1,02 B ou C 0,75 0,80 0,84 0,87 0,89 0,91 0,93 0,96 0,98 1,00 1,02 c) Casos excepcionais, recomendável para pequenas concretagens, com volume inferior a 10m3 A estrutura pode ser dividida em lotes de no máximo 10m3 e a amostra pode ser composta com números de exemplares entre 2 e 5. fckest = f1 x ψ6 TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 50 ACEITAÇÃO E REJEIÇÃO DOS LOTES DE CONCRETO ACEITAÇÃO AUTOMÁTICA Ocorre quando → fckest ≥ fck ACEITAÇÃO NÃO AUTOMÁTICA Ocorre quando → fckest < fck Neste caso, a análise deve seguir os critérios estabelecidos pela NBR 6118, sendo especificados os seguintes procedimentos básicos: • Revisão do projeto estrutural, adotando-se para fck de projeto o resultado obtido no ensaio do lote • Extração de testemunhos da estrutura, conforme ABNT NBR 7680, para calcular a resistência do lote de concreto da estrutura, conforme ABNT NBR 12655 • Prova de carga, desde que seja assegurada a não ruptura frágil da estrutura em exame. NÃO CONFORMIDADE Caso seja constada a continuidade da existência de não conformidade para a estrutura ou parte dela, será necessário adotar as seguintes alternativas: • Determinar as restrições de uso da estrutura • Reforçar a estrutura ou demolir a estrutura TECNOLOGIA BÁSICA DO CONCRETO 51 AVALIE SEU CONHECIMENTO 1 Em uma determinada obra, um dos lotes de concreto apresentou os resultados de resistência à compressão abaixo. O controle é feito por amostragem parcial. Os corpos-de-prova são cilíndricos e têm dimensão básica igual à 150mm. O concreto é produzido segundo a condição A e o seu fck é igual a 25 MPa. Pergunta-se: A estrutura em questão pode ter aceitação automática? (Mostrar memorial de cálculo) ID CP Carga (kgf) Tensão (MPa) CP Carga (Kgf) Tensão (Mpa 1235 42700 24,2 236 46500 26,3 2 237 47300 26,8 238 50800 28,7 3 239 46050 26,1 240 46200 26,1 4 241 46300 26,2 242 46150 26,1 5 243 47450 26,9 244 48600 27,5 6 245 46600 26,4 246 46900 26,5 7 247 49700 28,1 248 47950 27,1 8 249 48300 27,3 250 47950 27,1 9 251 48650 27,5 252 47100 26,7 10 253 50010 28,3 254 48200 27,3 11 255 47100 26,7 256 44050 24,9