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1 SUMÁRIO 1 CONCEITO DE SUJEITO PORTADOR DE ALTAS HABILIDADES ........... 2 2 CONTEXTO DA EDUCAÇÃO PARA CRIANÇAS SUPERDOTADAS ........ 5 3 IDENTIFICAÇÃO DA CRIANÇA COM ALTAS HABILIDADES E SUA EDUCAÇÃO .............................................................................................................. 11 4 ARTIGO PARA REFLEXÃO ..................................................................... 23 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 34 2 1 CONCEITO DE SUJEITO PORTADOR DE ALTAS HABILIDADES Para o Conselho Nacional de Educação os portadores de superdotação são: Art. 5º Consideram-se educandos com necessidades educacionais especiais os que durante o processo educacional apresentarem: (..) III – altas habilidades/superdotação, grande facilidade de aprendizagem que os leve a dominar rapidamente conceitos, procedimentos e atitudes. (..) Art. 8o As escolas da rede regular de ensino devem prever e prover na organização de suas classes comuns: (..) IX – Atividades que favoreçam, ao aluno que apresente altas habilidades/superdotação, o aprofundamento e enriquecimento de aspectos curriculares, mediante desafios suplementares nas classes comuns, em sala de recursos ou em outros espaços definidos pelos sistemas de ensino, inclusive para conclusão, em menor tempo, da série ou etapa escolar, nos termos do Artigo 24, V, “c”, da Lei 9.394/96. (..) Segundo o Conselho Brasileiro para Superdotação – ConBraSD, O superdotado/talentoso/portador de altas habilidades é aquele indivíduo que, quando comparado à população geral, apresenta uma habilidade significativamente superior em alguma área do conhecimento, podendo se destacar em uma ou várias áreas: • Acadêmica: tira boas notas em algumas matérias na escola – não necessariamente em todas – tem facilidade com as abstrações, compreensão rápida das coisas, demonstra facilidade em memorizar etc. • Criativa: é curioso, imaginativo, gosta de brincar com ideias, tem respostas bem humoradas e diferentes do usual. • Liderança: é cooperativo, gosta de liderar os que estão a seu redor, é sociável e prefere não estar só. • Artística: habilidade em expressar sentimentos, pensamentos e humores através da arte, dança, teatro ou música. • Psicomotora: Habilidade em esportes e atividades que requeiram o uso do corpo ou parte dele; boa coordenação psicomotora. • Motivação: torna-se totalmente envolvido pela atividade do seu interesse, resiste à interrupção, facilmente se chateia com tarefas de rotina, se esforça para atingir a perfeição, e necessita pequena motivação externa para completar um trabalho percebido como estimulante. Para o ConBraSD, a superdotação, a precocidade, o prodígio e a genialidade são gradações de um mesmo fenômeno estudado há décadas em diversos países. Assim, para o Conselho: •Precoce é a criança que apresenta alguma habilidade específica prematuramente desenvolvida em qualquer área do conhecimento, seja na música, na matemática, na linguagem ou na leitura. •“Criança prodígio” é o termo usado para sugerir algo extremo, raro e único, fora do curso normal da natureza. Um exemplo seria Wolfgang Amadeus Mozart, que 3 começou a tocar piano aos três anos de idade. Aos quatro anos, sem orientação formal, já aprendia peças com rapidez e aos sete, já compunha regularmente e se apresentava nos principais salões da Europa. Fonte: www.bancodasaude.com Mozart, assim como Einstein, Gandhi, Freud e Portinari, entre outros mestres, são exemplos de gênios, termo reservado para aqueles que deram contribuições extraordinárias à humanidade. São aqueles raros indivíduos que, até entre os extraordinários, se destacam e deixam sua marca na história. As pessoas citadas tenham sido elas precoces, prodígios ou gênios, podem então ser ditos “portadoras de altas habilidades” ou superdotadas. Joseph Renzulli, pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa sobre o Superdotado e Talentoso, da Universidade de Connecticut, Estados Unidos, em seu Modelo dos Três Anéis, considera que os comportamentos de superdotação resultam de três conjuntos de traços: a) Habilidade acima da média em alguma área do conhecimento (não necessariamente muito superior à média); b) Envolvimento com a tarefa (implica motivação, vontade de realizar uma tarefa, perseverança e concentração); 4 c) Criatividade (capacidade de pensar em algo diferente, ver novos significados e implicações, retirar ideias de um contexto e usá-las em outro). Fonte: www.minutopsicologia.com.br Renzulli entende a superdotação como condição ou comportamento que pode ser desenvolvido em algumas pessoas (aquelas que apresentam alguma habilidade superior à média da população), em certas ocasiões (e não continuamente, uma vez que é possível se evidenciar comportamentos de superdotação na infância, mas não na idade adulta, ou apenas em alguma série escolar ou em um momento da vida) e sob certas circunstâncias (e não em todas as circunstâncias da vida de uma pessoa) [Renzulli & Reis, 1997]. Esta diferenciação é importante, pois ao considerar a superdotação como um comportamento a ser desenvolvido, o autor desloca a discussão, esvaziando a tendência, muitas vezes estéril, de se rotular uma criança como superdotada. Ele enfoca a necessidade de que sejam oferecidas oportunidades educacionais variadas aos alunos em geral, para que um número maior de crianças tenha a oportunidade de se desenvolver e apresentar comportamentos de superdotação. Segue-se, então, que tais comportamentos podem ser desenvolvidos em pessoas que não são, necessariamente, as que tiram as melhores notas ou apresentam maiores resultados em testes de QI. As crianças superdotadas, também definidas como portadoras de altas habilidades (PAH) ou talentos, constituem um segmento do grupo maior de crianças que, por serem detentores de traços individuais específicos, são 5 definidos como portadores de necessidades (educacionais) especiais (MAIA, 2004, P. 24) 2 CONTEXTO DA EDUCAÇÃO PARA CRIANÇAS SUPERDOTADAS Uma educação democrática deve levar em consideração as diferenças individuais e, portanto, oferecer oportunidades de aprendizagem conforme as habilidades, interesses, estilos de aprendizagem e potencialidades dos alunos. Nesse sentido, alunos com altas habilidades/superdotados merecem ter acesso a práticas educacionais que atendam às suas necessidades, possibilitando um melhor desenvolvimento de suas habilidades. Segundo Renzulli (1986, P. 05), o propósito da educação dos indivíduos superdotados é “fornecer aos jovens oportunidades máximas de auto realização por meio do desenvolvimento e expressão de uma ou mais áreas de desempenho onde o potencial superior esteja presente”. Fonte: rede.novaescolaclube.org.br Tanto as legislações nacionais quanto a bases normativas referentes aos direitos das pessoas com altas habilidades/superdotadas são escassas. Este segmento social, quando considerado na legislação, via de regra o é como se subconjunto fosse do segmento maior das ‘pessoas com deficiência’, não obstante a evidente impropriedade. Entre as várias consequências deste fato, está o tratamento 6 legal muito mais detalhado e específico das deficiências e a ligeireza, falta de atenção ou, na maior parte dos casos, a desconsideração pura e simples dos aspectos especificamente concernentes aos alunos talentosos ou portadores de altas habilidades. Várias são as razões para justificar a necessidade de uma atenção diferenciada ao superdotado. Uma delas é por ser o potencial superior um dos recursos naturais mais preciosos, responsável pelas contribuições mais significativas ao desenvolvimento de uma civilização. Fonte: rede.novaescolaclube.org.br Com relação a esse aspecto, Sternberg & Davidson(1986) lembram, por exemplo, que, quando se volta à História e se buscam os pilares das grandes civilizações, invariavelmente as contribuições artísticas, filosóficas e científicas, frutos da inteligência, talento e criatividade de alguns indivíduos ou grupos de indivíduos, são apontadas ou enaltecidas. Com relação à educação infantil, sabe-se que o período que antecede a educação fundamental é da maior importância para o desenvolvimento cognitivo e psicossocial. Nesse período, as influências do ambiente desempenham um papel fundamental para o desenvolvimento do potencial de cada criança. Propiciar condições que permitam a ela expressar seus interesses e desenvolver possíveis talentos deveria ser o ponto de partida de uma educação diferenciada. Observa-se, entretanto, que poucas são as oportunidades educacionais oferecidas ao aluno com altas habilidades/superdotado para desenvolver de forma 7 mais plena as suas habilidades. Uma possível explicação para este cenário são os vários mitos sobre o superdotado, frequentes em nossa sociedade, que constituem entrave à provisão de condições favoráveis à sua educação. Predomina, por exemplo, a ideia de que esse indivíduo tem recursos suficientes para desenvolver suas habilidades por si só, não sendo necessária a intervenção do ambiente. No entanto, é preciso salientar e divulgar entre educadores que o aluno com altas habilidades/superdotado necessita de uma variedade de experiências de aprendizagem enriquecedoras, que estimulem seu potencial. Outro mito é a de que essa criança apresenta necessariamente um bom rendimento escolar. Porém, o que se tem observado é que indivíduos superdotados podem apresentar um rendimento aquém de seu potencial, revelando uma discrepância entre seu potencial e seu desempenho real (ALENCAR & FLEITH, 2001; ALENCAR & VIRGOLIM, 1999). Muitas vezes, o aluno com altas habilidades/superdotado pode ficar desmotivado com as atividades implementadas em sala de aula, com o currículo ou métodos de ensino utilizados (especialmente a excessiva repetição do conteúdo, aulas monótonas e pouco estimuladoras, e ritmo mais lento da classe). Fonte: br.freepik.com Acredita-se, ainda, que superdotação é um fenômeno raro e que são poucas as crianças e jovens de nossas escolas que poderiam ser considerados superdotados. O que pode ser salientado é que se realmente as condições forem inadequadas, 8 dificilmente o indivíduo com um potencial maior terá condições de desenvolvê-lo. Assim, da mesma forma que uma boa semente necessita de condições adequadas de solo, luz e umidade para desenvolver-se, também o aluno com altas habilidades/superdotado necessita de um ambiente adequado estimulador e rico em experiências. Observa-se, também, uma tendência no sentido de se acreditar que os superdotados estariam concentrados em apenas uma parcela da população, que seria entre indivíduos do sexo masculino, de nível socioeconômico médio. De modo geral, tanto a mulher como o indivíduo proveniente de um meio pobre que apresentem uma habilidade ou um talento especial tendem não apenas a passar despercebidos, mas também a sofrer uma pressão no sentido de um desempenho mais baixo (ALENCAR & FLEITH, 2001). Fonte: www.vittude.com Superdotação tem sido, ainda, vista, erroneamente, como genialidade. Esses termos, entretanto, não são sinônimos. O gênio seria aquele indivíduo reconhecido por ter dado uma contribuição original e de grande valor para a sociedade (por exemplo, Einstein, Darwin, Picasso). No âmbito das políticas educacionais, inicialmente, as diretrizes básicas da Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação e do Desporto (BRASIL, 1995) consideravam superdotados (ou portadores de altas habilidades) aqueles 9 alunos que apresentavam notável desempenho e/ou elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos, isolados ou combinados: capacidade intelectual, aptidão acadêmica ou específica (por exemplo, aptidão matemática), pensamento criativo e produtivo, capacidade de liderança, talento para artes visuais, artes dramáticas e música e capacidade psicomotora. Atualmente, segundo o artigo 5º, parágrafo III, da Resolução CNE/CEB Nº 2, de 2001, que instituiu as Diretrizes nacionais para a educação especial na educação básica (BRASIL 2001D), educandos com altas habilidades/superdotação são aqueles que apresentam grande facilidade de aprendizagem, levando-os a dominar rapidamente conceitos, procedimentos e atitudes. Como consequência, estes alunos apresentam condições de aprofundar e enriquecer conteúdos escolares. Considerando as políticas educacionais inclusivas, o aluno deve ser cada vez mais atendido em seus interesses, necessidades e potencialidades, cabendo à escola ousar, rever suas concepções e paradigmas educacionais, lidando com as evidências que o desenvolvimento humano oferece. Fonte: doutissima.com.br Uma criança pré-escolar que apresente um desenvolvimento cognitivo, socioafetivo e/ou psicomotor diferenciado e avançado para a idade não pode ser 10 desconsiderada e/ou desqualificada no âmbito escolar. Nesse sentido, é importante atender os alunos de altas habilidades/superdotados, considerando seu desenvolvimento real, evitando contemplar níveis de desenvolvimento padronizados, conforme os apresentados em escalas de desenvolvimento. Cabe, portanto, à escola definir no projeto pedagógico seu compromisso com uma educação de qualidade para todos seus alunos, inclusive o de altas habilidades/superdotados, respeitando e valorizando essa diversidade, e definindo sua responsabilidade na criação de novos espaços inclusivos. Além disso, é na educação infantil que se aponta para a possibilidade de realização de novas interações sociais por meio dos reagrupamentos escolares, conforme preconizam os artigos 23 e 24 da nova LDBEN e que buscam, em última instância, não que o aluno se molde ou se adapte à escola, mas que a escola se coloque à disposição do aluno, como um espaço inclusivo. Na educação infantil se inicia a construção de um processo escolar que poderá ser concluído em menor tempo quanto à série em que o aluno esteja cursando, etapa escolar em que o aluno esteja inserido ou mesmo em relação a toda a sua escolarização. Dessa forma, é fundamental oferecer desafios suplementares aos alunos de altas habilidades/superdotados. Fonte: www.njfamily.com 11 Para isso é importante a definição de um projeto pedagógico que inclua a modalidade de ensino educação especial no cotidiano escolar, oferecendo aos alunos de altas habilidades/superdotados alternativas motivadoras e criativas de aprendizagem que possam garantir o seu sucesso escolar. É importante ressaltar que crianças superdotadas em idade pré-escolar constituem um grupo heterogêneo em termos de interesses, níveis de habilidades, desenvolvimento emocional, social e físico (CLINE & SCHWARTZ, 1999). Fonte: www.kidsworldfun.com 3 IDENTIFICAÇÃO DA CRIANÇA COM ALTAS HABILIDADES E SUA EDUCAÇÃO Podemos nos deparar com uma criança avançada do ponto de vista intelectual, mas imatura emocionalmente. O professor deve estar atento a essa possível falta de sincronia entre desenvolvimento intelectual e afetivo ou físico. Por exemplo, uma criança superdotada pode apresentar leitura precoce, porém ter dificuldade em manipular um lápis, pois suas habilidades motoras não estão totalmente desenvolvidas. Além disso, a habilidade superior demonstrada por essa criança pode ser resultado de uma estimulação intensa por parte das pessoas significativas de seu ambiente. Ao atingir a idade escolar, o desenvolvimento dessa criança pode se 12 normalizar e ela passar a apresentar um desempenho semelhante aos alunos de sua idade. Por isso, nem sempre uma criança precoce poderá ser caracterizada como superdotada. É essencial,portanto, acompanhar o desempenho dessa criança, registrando habilidades e interesses demonstrados ao longo dos primeiros anos de escolarização, oferecendo várias oportunidades estimuladoras e enriquecedoras ao seu potencial. Dentre as características mais comumente encontradas em crianças superdotadas em idade pré-escolar destacam-se (CLINE & SCHWARTZ, 1999; LEWIS & LOUIS, 1991): • Alto grau de curiosidade • Boa memória • Atenção concentrada • Persistência • Independência e autonomia • Interesse por áreas e tópicos diversos • Aprendizagem rápida • Criatividade e imaginação • Iniciativa • Liderança • Vocabulário avançado para a sua idade cronológica • Riqueza de expressão verbal (elaboração e fluência de ideias) • Habilidade para considerar pontos de vistas de outras pessoas • Facilidade de interagir com crianças mais velhas ou com adultos • Habilidade para lidar com ideias abstratas • Habilidade para perceber discrepâncias entre ideias e pontos de vista • Interesse por livros e outras fontes de conhecimento • Alto nível de energia • Preferência por situações/objetos novos • Senso de humor • Originalidade para resolver problemas Crianças com altas habilidades/superdotadas em idade pré-escolar devem vivenciar diversas situações de aprendizagem de forma a desenvolver suas habilidades e talentos. Isso significa implementar atividades que envolvam o 13 pensamento criativo (produção de muitas ideias originais e variadas) e crítico, e que levem a criança a fazer conexões entre ideias, resolver problemas e levantar questionamentos. É importante, ainda, proporcionar à criança oportunidades para explorar mais amplamente um tema de seu interesse. Sob uma perspectiva efetiva, espera-se que a criança com altas habilidades/superdotada desenvolva suas habilidades interpessoais e de comunicação, autonomia, iniciativa, um autoconceito positivo, e uma compreensão do outro e seu ponto de vista. Fonte: health.more4kids.info Embora estejamos cônscios dos recursos limitados em muitas escolas, em termos ideais um ambiente estimulador deve incluir material de consulta diversificado impresso ou eletrônico (por exemplo, livros, revistas, jornais, enciclopédias, dicionário, programas de computador), materiais para manipulação e exploração (brinquedos, bolas, blocos e jogos pedagógicos, objetos com sons e formatos diferentes, lupas e lentes de aumento), equipamentos (vídeo, globo terrestre, aparelho de som e, se possível, computador). Além disso, seria altamente desejável que o aluno tivesse oportunidade de conhecer e frequentar bibliotecas, de participar de atividades (na escola ou em outros locais da comunidade), conforme seu interesse e área de habilidade. Na área artística, materiais de consumo como tintas, lápis, pincéis, 14 canetas, massinha, argila, telas, bem como instrumentos musicais (flauta, por exemplo) devem, também, ser disponibilizados aos alunos. Fonte: expertbeacon.com É relevante ressaltar a necessidade não apenas de recursos materiais, como também de recursos humanos diversos (por exemplo, bibliotecário, professores bem qualificados de música, educação física, educação artística etc.). Um projeto pedagógico inclusivo para alunos de altas habilidades na pré-escola não pode deixar de considerar as atividades que favoreçam o saber-aprender, o saber-fazer e o saber ser, favorecendo aprendizagens para toda a vida. Seeley (1998) sugere o desenvolvimento de atividades que envolvam o uso da linguagem, a representação de experiências e ideias, o raciocínio lógico e criativo, a compreensão de tempo e espaço e uma aprendizagem ativa por parte do aluno com altas habilidades/superdotado. Exemplos de atividades são: • Descrição de objetos, eventos e relações • Conversa com colegas acerca de experiências importantes • Expressão de sentimentos em palavras • Ouvir e criar ou completar histórias • Ouvir, criar ou recriar canções • Imitações ou criações de sons 15 • Sonorizar poemas (por meio de sons do corpo, objetos ou instrumentos musicais) • Dramatizações • Reconhecimento de objetos pelo som, cheiro e formato • Identificação de diferenças e semelhanças entre objetos • Descrição de objetos de várias maneiras • Comparação de tamanho, peso, texturas, comprimento etc. • Observação de objetos sob diferentes perspectivas • Representação de seu corpo • Descrição de relações espaciais presentes em desenhos e figuras. Alencar & Fleith (2001) sugerem outras atividades a serem implementadas com alunos superdotados: • Atividades que levem o aluno a produzir muitas ideias • Atividades que levem o aluno a brincar com ideias, situações e objetos (ex.: brincadeiras de faz-de-conta: casinha, supermercado etc.) • Atividades que envolvam análise crítica de um acontecimento • Atividades que estimulem o aluno a levantar questões • Atividades que levem o aluno gerar múltiplas hipóteses • Atividades que desenvolvam no aluno a habilidade de explorar consequências para acontecimentos que poderão ocorrer no futuro • Atividades que envolvam a discussão de problemas do mundo real • Atividades que estimulem o aluno a definir e solucionar problemas • Atividades de pesquisa sobre tópicos do interesse do aluno • Atividades que estimulem a imaginação dos alunos • Atividades que possibilitem ao aluno explorar e conhecer diferentes áreas do Conhecimento. 16 Fonte: childdevelopmentinfo.com A avaliação da aprendizagem de alunos com necessidades educacionais especiais em idade pré-escolar deve ser orientada por dois propósitos principais: a identificação das necessidades educacionais especiais e a tomada de decisão quanto ao atendimento que esses alunos devem receber, conforme previsto na nova legislação. Dada a diversidade de estilos de aprendizagem, estilos de expressão e habilidades dos alunos superdotados, múltiplas formas de avaliação da aprendizagem devem ser consideradas, visando não somente assegurar respostas educativas de qualidade, mas, também, a tomada de decisões quanto ao atendimento de que a criança pré-escolar necessita no âmbito da escola, nas modalidades de apoio, complemento ou suplemento escolar, garantindo a educação e o desenvolvimento das potencialidades desses educandos. Além disso, em situações de desenvolvimento dessincronizado na pré-escola (por exemplo, desenvolvimento intelectual mais avançado do que o emocional), um cuidadoso e exaustivo trabalho de avaliação escolar deve ser realizado a fim de fundamentar decisões tomadas como a de aceleração de estudos de alunos autodidatas ou que apresentem ritmos de aprendizagem acelerados em uma ou várias áreas de aprendizagem escolar. 17 Fonte: www.delawarefamily.net Além das alternativas tradicionais de avaliação, outras poderão ser utilizadas como, por exemplo, auto avaliação, relatório de atividades e avaliação de produtos elaborados pelos alunos. A estratégia ideal de avaliação é aquela em que o progresso do aluno é ressaltado. Isso possibilita ao aluno desenvolver um senso de realização acadêmica e, consequentemente, levá-lo a se sentir intrinsecamente motivado em relação ao seu processo de aprendizagem (FELDHUSEN, 1994). É importante, ainda, que o professor incentive múltiplas formas de produto final. Ou seja, o aluno pode demonstrar sua proficiência por meio de um produto escrito (história, poesia, carta etc.), oral (dramatização, música, contar histórias etc.), visual (desenho, colagem, mural etc.) e/ou concreto (móbile, máscara, brinquedos, jogos etc.), de forma a contemplar os diferentes estilos de expressão dos alunos. Toda informação sobre o aluno (por exemplo, trabalhos de classe e extraclasse, outras produções do aluno, áreas/atividades de interesse) deve ser documentada e guardada em um portfólio, ou seja, em uma pasta para cada aluno, com sua produção,de forma que as habilidades, interesses, estilos de aprendizagem e expressão do aluno superdotado sejam ressaltados e o professor possa, portanto, conhecê-lo melhor e estruturar a aula visando atender às suas necessidades educacionais (PURCELL & RENZULLI, 1998). 18 Fonte: www.delawarefamily.net Pensar a construção da educação inclusiva de alunos de altas habilidades/superdotados na pré-escola envolve superar desafios que vão desde a organização dos sistemas de ensino, passando pela escola e pela família, garantindo condições escolares de qualidade que favoreçam a formação de cidadãos brasileiros que poderão, definitivamente, contribuir para a construção de uma sociedade verdadeiramente democrática. BIBLIOGRAFIA ALENCAR & VIRGOLIM, A.M.R. 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Por sua vez, o censo escolar apresenta as matrículas desses educandos divididos em categorias demarcadas conforme os ditames legais. Este trabalho tem como objetivoexpor a possibilidade desses educandos possuírem dupla NEE, no caso em questão, altas habilidades e surdez e/ ou deficiência auditiva. A metodologia utilizada foi a bibliográfica e documental servindo-se de pesquisas em livros, revistas e artigos acadêmicos disponíveis na Rede Mundial de Computadores (Internet). Os resultados mostram que o sistema educacional brasileiro voltado à Educação Especial volta-se para identificar e atender os educandos com NEE de maneira categorial, ou seja, atender apenas a uma NEE, prioritariamente a deficiência (surdez e/ou deficiência auditiva) esquecendo-se da possibilidade desses educandos possuírem a dupla NEE: altas habilidades e surdez e ou/ deficiência auditiva. 24 Palavras chave: Altas habilidades/superdotação, surdez/deficiência auditiva, dupla necessidade Educacional Especial. Introdução Sempre que se discute sobre necessidades educacionais especiais no âmbito dos conceitos, do atendimento e de ações políticas, volta-se para uma visão dicotômica ou facetada das categorias dessas necessidades. Observa-se que as necessidades educacionais especiais (NEE) variam de acordo com a cultura do sistema socioeducacional de cada lugar. A legislação brasileira mais recente, denominada Políticas Nacionais de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008), entende para fins de atendimento educacional especializado quais sejam: deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação1. Nesses três grupos, o atendimento é realizado por categorias e não há dados no censo escolar que indicam que esses educandos, em situação de inclusão possam estar identificados e atendidos em duas categorias que tenham dupla NEE. Surge então os questionamentos: a) O que há com o sistema que impossibilita que pessoas possam ter ao mesmo tempo altas habilidades/superdotação e deficiência ou síndrome ou, mesmo algum transtorno funcional que não é considerado para efeito de atendimento educacional especializado, segundo as Políticas Nacionais mais recentes? b) Será que o sistema educacional desconhece essa condição de dupla NEE? Uma breve observação em estudos sobre dupla NEE das altas habilidades/ superdotação com outra necessidade especial infere-se que o conhecimento da área é necessário. Há que se ter conscientização dessa possibilidade, primeiramente, evitando que os educandos sejam atendidos em uma só categoria de NEE consumando a unicidade categorizante, geralmente voltada para as limitações de suas potencialidades. 1 Altas habilidades/superdotação é termo utilizado oficialmente nos documentos legais brasileiros, apesar da divergência conceitual e terminológica entre os estudiosos da área. 25 Portanto, o presente trabalho tem como objetivo expor a possibilidade desses educandos possuírem dupla NEE, no caso em questão, altas habilidades/superdotação e surdez e/ ou deficiência auditiva. Iniciando a discussão Neste início de discussão, é pertinente que se apresente quem são os educandos com NEE atendidos pela Educação Especial no Brasil. Em 1996, foi promulgada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9.394 (BRASIL, 1996) em que pela primeira vez trouxe um capítulo inteiro dedicado à Educação Especial, Capítulo V. Veio, com isso, reforçar e incentivar políticas voltadas para as necessidades especiais. No entanto, a Lei não explicitou quem seriam os educandos atendidos, apenas mencionando educandos portadores de necessidades especiais (artigo, 58) e superdotados (artigo 59, II). Em vigor, desde 1994, a Política Nacional de Educação Especial, publicada pelo Ministério da Educação e do Desporto (MEC) e Secretaria de Educação Especial (SEESP) (BRASIL, 1994) configurava em suas diretrizes quem seria o alunado da Educação Especial: altas habilidades, condutas típicas, deficiência auditiva, deficiência física, deficiência mental, deficiência múltipla e deficiência visual. A Política Nacional de Educação Especial (BRASIL, 1994, p. 45) tinha como objetivo geral “[...]servir como fundamentação e orientação do processo global da educação de pessoas portadoras de deficiências, condutas típicas e de altas habilidades, criando condições adequadas para o desenvolvimento pleno de suas potencialidades, com vistas ao exercício consciente da cidadania”. E acrescentava: “A divulgação deste documento facilitaria o trabalho dos profissionais da educação que atuam na área, garantindo o atendimento especializado a todos os alunos que fazem jus à educação especial no Brasil” (p. 10) (grifo nosso). Percebe-se que qualquer outra categoria que, por ventura, surgisse nos educandos estaria excluído de atendimento pela Educação Especial, haja vista que as recomendações da Declaração de Salamanca (BRASIL, 1994) ampliavam o leque de necessidades especiais e com princípios inclusivos. A Política Nacional de Educação Especial (BRASIL, 1994) deu lugar à Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 26 2008) com nova configuração, com abordagem inclusiva, porém, gessando as necessidades especiais a serem atendidas em três grupos: 1. pessoa com deficiência, “aquela que tem impedimento de longo prazo, de natureza física, mental ou sensorial que, em interação com diversas barreiras, podem ter restringida sua participação plena e efetiva na escola e na sociedade”; 2. transtornos globais do desenvolvimento “são aqueles que apresentam alterações qualitativas das interações das interações sociais recíprocas e na comunicação, um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipados e repetitivo”; 3. altas habilidades/superdotação, “aqueles que demonstram potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança psicomotricidade e artes, além de apresentar grande criatividade, envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu interesse” (p. 9). No aporte legal que comanda as ações políticas e pedagógicas, ficam excluídos do documento outras necessidades especiais. Essa Política recente menciona sem explicitação contida nos três grupos a serem atendidos, o transtorno funcional que não consta como NEE considerada na Educação Especial do Brasil, diferentemente de outros países, como os Estados Unidos. Desta forma, com a inclusão e exclusão de necessidades especiais que a legislação recomenda, este trabalho apresenta a dupla NEE – altas habilidades/superdotação-surdez e ou/deficiência auditiva - para exemplificar a possibilidade dual. Altas habilidades/superdotação e Surdez e/ou deficiência auditiva A temática altas habilidades/superdotação já é um assunto denso e de muitas polêmicas. Vista com desatenção em relação às outras NEE, os educandos mais capazes estão rodeados de mitos, preconceitos e exclusão. Prova disso, é o número ínfimo de educandos identificados e atendidos no Brasil. Segundo o Censo Escolar 2010, há 5. 637 matrículas ( DEL PRETTO, 2010). Considerados por muitos educadores, que desconhecem sobre as altas habilidades/ superdotação, como uma educação de elite ou que esses sujeitos caminham por si sós. Esse imaginário de crenças e desconhecimento tem acarretado 27 barreiras que levam esses educandos, já integrados nas escolas, a não serem reconhecidos, levando-os à exclusão e, provavelmente, muitas vezes à evasão. Paradoxalmente, os educandos com deficiências têm recebido mais apoio do sistema escolar, especialmente, adentrando ao sistema regular de ensino, isso acontecendo mais enfaticamente após os pressupostos da Declaração de Salamanca (BRASIL, 1994). É o caso dos surdos e/ou deficientes auditivos. Segundo Sales, Santos, Albres & Jordão (2010) “o indivíduo com incapacidade auditiva é aquele cuja percepção de sons nãoé funcional na vida comum. Aquele cuja percepção de sons ainda que comprometida, mas funcional com ou sem prótese auditiva, é chamado de pessoa com deficiência auditiva”. Pretende-se, neste texto, não discutir a polêmica entre os termos surdez e deficiência auditiva consideradas comunidades diferentes, aquela por se utilizar a Língua Brasileira de Sinais (Libras) e esta por ser composta de indivíduos oralizados na língua da comunidade ouvinte ou que não utilizam Libras. Importa, contudo, para a discussão, que uma perda auditiva existe em ambos os grupos e, para isso, educacionalmente necessitam de atendimento especializado. O Censo Escolar mostrou que em 2006, o total de matrículas em todas as necessidades especiais eram de 700.624 e 69.420 educandos surdos leves ou severos. No entanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que 3,5 a 5% de qualquer população é superdotada (SABATELLA, 2005). Desta forma, admite-se que dessa população do alunado com deficiência auditiva pode haver superdotados. Ao proceder a identificação em alunos surdos das séries iniciais com características de altas habilidades/superdotação, Negrini (2009) chegou ao índice de 25% o que configura que a dificuldade de audição não revela limitações em outras áreas do domínio humano. Smith (2008) assinala que pessoas com deficiência que desenvolveram habilidades proeminentes como Ludwig van Beethoven, Helen Keller, entre outros que independente de suas deficiências graves, trouxeram contribuições com seus talentos e ressalta: “ [...] lembre-se de que, não importa qual seja a deficiência, alguém pode ter capacidades, habilidades ou criatividade excepcionais” (p. 211). A educação dos alunos surdos e/ ou deficientes auditivos é debatida e não se configura de fácil operacionalidade. Há posições contrárias à inclusão dos surdos em classes comuns, por estas, não atenderem a diversidade linguística e direcionarem as 28 propostas pedagógicas para a incapacidade. Assim, Negrini (2009) pontua que a comunidade de indivíduos com surdez preferem, muitas vezes, instituições onde podem utilizar a Libras e sua cultura e consideram espaço de resistência e luta contra práticas ouvintes. Winstanley (2003) pontua que é difícil de definir a dupla excepcionalidade, superdotação e surdez. Salienta que a variedade de termos para definir a superdotação, bem como, a complexidade da cultura surda o que faz disso unicidade entre as deficiências. Diz que encontrar material sobre crianças altamente capazes que são surdas provou ser tarefa complexa. Segundo Guenther (2000, p. 27) “talentosa é a pessoa que realiza com alto grau de qualidade, alcançando reconhecido sucesso, algo que representa expressão de uma característica que a sociedade reconhece e aprecia, ou desempenha em nível de qualidade superior em alguma área que a sociedade valoriza”. Guenther (no prelo) embasada em Gagné (2005, 2008) salienta que a dotação2 é um construto que designa posse e uso de notável capacidade natural, um dom dado ao indivíduo pela vida, assim, relacionado a origem genética e que o talento está enraizado mais na aquisição do que em herança. E para que o desenvolvimento do talento, segundo Gagné (2010, p. 3) “é formalmente definido como engajamento sistemático por parte dos talentees3 , por um período de tempo significativo, em um programa estruturado de atividades levando a uma meta especifica de excelência”. As características para alunos com dupla NEE superdotados e surdos e/ ou deficientes auditivos pontuados pelo Education Resource Information Center –ERIC- (2007) são: Leitura precoce; Excelente memória; Habilidade para ajustar à escola regular; Habilidades na fala e leitura sem instrução; Rapidez no domínio das ideias; Habilidade de raciocinar; 2 Dotação e talento são termos utilizados pelo pesquisador canadense Francoys Gagné. 3 Talentees – neologismo criado por Gagné (2010) para descrever qualquer pessoa participante de um programa sistemático de desenvolvimento de talento. 29 Alta performance na escola; Muitos interesses; Maneira não tradicional de absorver problemas; Habilidades de resolver problemas do dia-a-dia, possivelmente em alto nível; Atraso em conhecimento de conceitos; Alto iniciativa; Senso de humor; Intuição; Engenhosidade em resolver problemas; Habilidade em linguagem de símbolos. Negrini (2009) em pesquisa realizada para identificar características de altas habilidades/superdotação em 28 crianças surdas, pré-escolares e dos ciclos iniciais em escola especializada, salienta que as características encontradas são consonantes às outras crianças, pois são pessoais e individuais. Menciona, ainda, que as características poderiam ser observadas em outras instituições de ensino. Apenas ressalta que, a escola de surdos facilita a identificação porque é valorizada a Libras e a forma de ser, seus interesses e habilidades. As características de educandos com dupla NEE altas habilidades/superdotação e surdez e/ ou deficiência auditiva tem semelhanças com as características de altas habilidades/superdotação apresentadas pelo Ministério da Educação (2002) que são: Grande curiosidade, envolvimento com muitos tipos de atividades exploratórias; Auto iniciativa; Originalidade de expressão oral e escrita; talento incomum para expressão em artes; Habilidade para apresentar alternativas de soluções com flexibilidade de pensamentos; Abertura para a realidade, sagacidade e capacidade de observação; Capacidade de enriquecimento com situação problema; Capacidade para usar conhecimento e informação; Combinação de elementos, ideias e experiência de forma peculiar; 30 Capacidade de julgamento e avaliação superiores; Produção de ideias e respostas variadas; Gosto por correr riscos; Habilidade em ver relações entre fatos; Aprendizado rápido, fácil e eficiente, especialmente em sua área de interesse. É importante ressaltar que uma pessoa superdotada não apresenta todas as características relacionadas. Leva-se a refletir que no Brasil, os educandos com deficiência têm sido atendidos apenas em sua (d) eficiência, deixando à margem suas capacidades, o que leva a concluir que há dicotomia e exclusão no atendimento educacional especializado. As áreas consideradas nas altas habilidades/superdotação são intelectual, acadêmica, psicomotricidade, artes, liderança e criatividade e os educandos podem apresentá-las isoladas ou combinadamente. Canalizar atenção ou priorizar intervenções pedagógicas às suas dificuldades é negar o direito de terem suas potencialidades, fora de suas limitações, desenvolvidas. Ainda permanece, nas escolas brasileiras, onde os educandos altos habilidosos/superdotados não são reconhecidos, a perda imensurável de talentos que acabam se evadindo pelo fracasso escolar por conta de categorizações padronizantes de atendimento (OMOTE, 1994, 1996). Assim, possivelmente, encontram respaldo e, quando o encontra, fora dos muros escolares. Então, onde está o papel da escola em atender a todos em suas singularidades e especificidades? Que inclusão estamos falando? Resultados e Discussão Após a busca documental realizada em livros, revistas e artigos acadêmicos disponíveis na Rede Mundial de Computadores (Internet), foram obtidos os seguintes resultados conforme indicação contida no quadro 1. 31 Quadro 1. Dupla Necessidade Educacional Especial: altas habilidades/superdotação e surdez e /ou deficiência auditiva Ordem Tipo de Publicação Ano Autor(es) Título 1 Editorial S/D Council for Exceptional Children - CEC Twice exceptional 2 Artigo S/D Council for Exceptional Children - CEC Children with communication disorders. 3 Artigo Carolyn Cosmos Imagine teachingRobin Williams. Twice- exceptional children in your school. 4 artigo S/D National Association for Gifted Children - NAGC Twice – exceptional (gifted with special needs) 5 Artigo 1996 Vialle, W.; Paterson, J. Constructing a culturally sensitive education for gifted deaf students. 6 Artigo 1989 Yewchuk,C.; Bibby, M. A. Identification of giftedness in severely and profoundaly hearing impaired students No texto “twice exceptional” editorial do Council for Exceptional Children – CEC (S.D) apresenta a dificuldade de identificação das altas habilidades/superdotação em estudantes com deficiências. Os testes convencionais e observacionais são inadequados e podem mascarar potenciais. Crianças com deficiência de audição podem responder às direções e podem ter falta de vocabulário que reflete a complexidade de seus pensamentos. O artigo “Children with communication desorder” (S.D) mostra que a dificuldade de audição incluem surdez e perda de audição. Assinala que quando uma criança tem perda auditiva nos anos de desenvolvimento, todas as áreas de desenvolvimento 32 podem ser afetadas significativamente, como o sistema de comunicação, a habilidade de interação com os outros e a aquisição de habilidades acadêmicas. A identificação precoce da perda de audição é importante para o ajustamento emocional e acadêmico. Cosmos (S.D.) pontua que o sistema não é desenhado para orientar as necessidades da criança que é superdotada e tem deficiência. Acrescenta que estudantes que tem grande gama de capacidades podem ter seus scores em testes anulados por seus déficits. Cosmos cita Cindy Little que orienta estratégias para crianças superdotadas com deficiência em sala de aula: a) tecnologias apropriadas que podem apoiar e compensar as deficiências, b) apoio tutorial e mentores, estes podem ser encontrados na comunidade, c) apoio de aconselhamento (ajudá-los com suas diferenças e frustrações), d) elogiar sua força (geralmente dá-se mais atenção às limitações), e) uso de grupos flexíveis, compactação de currículo. O artigo “Twice exceptional (gifted with special needs)” (S.D) apresentado pelo National Association for Gifted Children – NAGC aponta crianças com dupla excepcionalidade (termo utilizado pelo NAGC) podem ser mal percebidas como preguiçosas, teimosas, descuidadas ou desmotivadas. Assinala, que os pais reconhecem o potencial dos filhos. Eles veem a capacidade marcante, como também, se confundem com as inconsistências. O artigo não aponta a surdez especificamente. Vialle, Paterson (1996) discutem os problemas persistentes de identificação da superdotação em grupos minoritários. A ênfase no idioma facilita a discriminação desses grupos. A situação é exacerbada para os estudantes com deficiência física e de aprendizagem. As pessoas surdas tem o problema educacional relatados em sua capacidade de comunicação. Os referidos autores concluem que devem ser dados senso de orgulho e identidade em um ambiente educacional que reconheça suas potencialidade e não direcione para os déficits. Ainda, discute a valorização do bilinguismo e biculturalismo para os estudantes surdos como elemento essencial para educação dos superdotados e estender formação aos professores para se sensibilizarem quanto aos surdos. Yewchuk, Bibby (1988) expõe estudo em 178 estudantes de 5 a 20 anos com severas perdas auditivas com acesso a teste de inteligência não verbal, indicação de professores e nomeação de pais. Nenhuma correlação houve entre os três 33 procedimentos de identificação. Características muito similares foram encontradas às características em estudantes surdos superdotados. Os artigos pesquisados sobre dupla NEE mostram claramente a dificuldade de se identificar e atender essa população minoritária, altos habilidosos/superdotados com deficiências, mais precisamente, os com deficiência auditiva. Outra inferência, diante da pesquisa nesses artigos, é que há necessidade de estudos e pesquisas mais atualizadas sobre a temática. Considerações finais Este trabalho buscou apresentar uma exposição e reflexão sobre a dupla NEE envolvendo os superdotados e surdos. Procurou mostrar, como é visto, na Educação Especial, sob o aporte legal e sua consequência no atendimento. O atendimento especial é feito por categorias de NEE que privilegiam umas em detrimento de outras. É o caso dos altos habilidosos/superdotados que estão protegidos pela legislação desde 1971 e ratificada nas demais leis pertinentes à Educação Especial e Inclusiva e, no entanto, são ínfimas as matrículas de educandos atendidos em todo o país. Em sentido contrário, sobe vertiginosamente os serviços educacionais aos alunos com deficiência e síndromes (transtornos globais do desenvolvimento), porém, pouco se conhece e se discute sobre a possibilidade desses milhares de alunos possuírem altas habilidades/superdotação contrariando a Organização Mundial da Saúde que 3,5 a 5% de qualquer população é de superdotados, apenas considerando as áreas lógico – matemática e verbal e outros índices mais elásticos podem chegar a 15 a 20% em todas as áreas de domínio apenas para aqueles que possuem altas habilidades/superdotação, no entanto, em pesquisa realizada em crianças surdas com características de altas habilidades/superdotação observou-se a cifra de 25%. Desta forma, a escola brasileira não tem cumprido seu papel em incluir o atendimento educacional especial a essa parcela de alunos e, menos ainda, desconhece a possibilidade da dupla NEE desses indivíduos. Provavelmente, uma das causas que impede o reconhecimento de talento em pessoas com dificuldades físicas, sensoriais, intelectuais, funcionais e síndromes esteja nos mitos e preconceitos acerca dessas pessoas. São vistas como incapazes e que são forçadas 34 a se normalizarem pelo sistema educacional padronizante vigente em nossas escolas que os impede de se desenvolverem. BIBLIOGRAFIA BRASIL. Ministério da Educação (MEC). Adaptações curriculares em ação. Desenvolvendo competências para atendimento às necessidades educacionais de alunos com altas habilidades/superdotação. Brasília, DF, 2002. _____.Política Nacional de Educação Especial. Ministério da Educação e do Desporto/ Secretaria de Educação Especial, Brasília, DF., 1994. DEL PRETTO, B. M. L. 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