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1 AULA 4 (P1) – SAÚDE DA CRIANÇA II MARIA ESTER VIEIRA CURTY BERNARDO 02/03/2020 ASMA NA INFÂNCIA INTRODUÇÃO A asma acomete cerca de 300 milhões de pessoas no mundo. Tipicamente começa na infância, raramente no adulto, mas pode também começar na vida adulta. Países em desenvolvimento: ainda vem crescendo. Sendo mais comum nos países desenvolvidos, e menos comum nos subdesenvolvidos. Acredita-se que nos países subdesenvolvidos e nos em desenvolvimento as crianças são expostas mais cedo aos agentes alérgenos, então criam imunidade mais cedo. Então, quando a criança não é exposta mais cedo, quando chega a ser exposta faz uma resposta de sensibilização muito rápida, porque já está com o sistema imunológico mais preparado e ativo, fazendo um processo alérgico mais intenso. Nos países desenvolvidos as crianças têm mais alergia do que nos países em desenvolvimento. Nos subdesenvolvidos as crianças tem diarréia, desidratação, parasitose e morrem de doenças mais comuns. Hoje em dia, falando em morte, a morte por asma não é mais comum como era antigamente, apesar de ainda ter alguns casos. Dessa forma, hoje ela é considerada uma doença de baixa mortalidade. Isso porque a gente já tem mais acesso aos serviços de saúde, mesmo nos países em desenvolvimento. Mas ainda tem um custo social muito alto, porque é a doença crônica mais prevalente na infância, e ainda é uma doença que causa muita incapacidade. A criança que tem asma não consegue participar de exercício físico, sendo limitada nas suas atividades, dependendo da região em que mora nas épocas mais frias é uma criança que tem mais infecção respiratória, tem mais crises. Por isso, alem da questão dela ficar mais doente, ter mais crises, ela também tem que faltar mais escola, faltar mais da creche, então isso também tem uma importância econômica, em que o cuidador, a mãe, tem que faltar o trabalho para tomar conta dessa criança, visto que ela não pode ficar na escola ou na creche. Grande importância sanitária e econômica. Causa mais prevalente de incapacidade na infância DOENÇA CRÔNICA MAIS COMUM NA INFÂNCIA No Brasil, segundo dados do SUS, temos pelo menos 20 milhões de asmáticos Asma responsável por = 4% do total de internações Asma = 18% internações por causas respiratórias são devido à asma 2% dos óbitos por causa respiratória são devido à asma. E são essas as causas dos óbitos: o Falhas nas interpretações da gravidade da crise; tanto por parte da família, quanto por parte do sistema de saúde. o Escolha inadequada da terapia; o Falta de conhecimento sobre a doença. Por vezes a família não tem noção que a criança tem asma. Até hoje as pessoas acham que asma é uma coisa e bronquite é outra, acham que asma é uma doença grave e bronquite não, e isso a gente vê não só em pessoas com níveis socioeconômicos baixos, mas também nos altos O QUE É ASMA? Doença heterogênea, usualmente acompanhada de inflamação crônica, caracterizada por hiperresponsividade das vias aéreas inferiores e por limitação variável ao fluxo aéreo, reversível espontaneamente ou com tratamento, manifestando-se clinicamente por episódios recorrentes de sibilância, dispnéia, aperto no peito e tosse, particularmente à noite e pela manhã ao despertar, são os horários que normalmente tem exacerbação da crise.” Então ela é variável, vai depender do grau de comprometimento da VA inferior. CARACTERÍSTICAS DA ASMA Inflamação das vias aéreas Hiper-reatividade brônquica Hipersecreção de muco Essas três características vão estar todas ligadas a uma só situação. Semelhante a que mostramos na bronquiolite, um bronquíolo normal e um bronquíolo do asmático, que é igual o bronquíolo da bronquiolite, só o mecanismo que é diferente. 2 AULA 4 (P1) – SAÚDE DA CRIANÇA II MARIA ESTER VIEIRA CURTY BERNARDO 02/03/2020 Aqui nós temos o mecanismo de alergia, que vai através da IgE fazer a liberação dos mediadores inflamatórios e na bronquiolite é o mesmo mecanismo, mas o fator desencadeante na bronquiolite vai ser o vírus, e na asma é o antígeno alérgeno. Então a gente tem como Agudização o principal fator fisiotagênico = ao PROCESSO INFLAMATÓRIO. Esse processo inflamatório vai fazer: o Contração da musculatura lisa brônquica; diminuindo o calibre da VA o Hipersecreção glandular; maior quantidade de muco o Liberação de mediadores inflamatórios; o Os mediadores inflamatórios vão Recrutamento de células inflamatórias para árvore brônquica. Isso vai perpetuar essa contração da musculatura, hipersecreção de muco, a diminuição do movimento ciliar, para manter esse processo inflamatório por um tempo maior. ETIOPATOGENIA O QUE LEVA AO PROCESSO INFLAMATÓRIO? Nós temos fatores endógenos e exógenos (ambientais). Como fatores endógenos, os principais são: Predisposição genética Atopia. Ou seja, tem um fator familiar existente, é uma família que tem asma, dermatite de contato; quando tem mais de um caso na família. Atopia associada. A gente fala que quando tem asma tem outras patologias com ‘’ite’’, rinite, dermatite, sinusite. Hiperreatividade das vias aéreas Sexo. Não tem tanta importância Etnia? Não tem tanta importância Obesidade?Discutida. Acredita-se que tem um fator associado, até por conta da restrição da caixa torácica, visto que se você já tem tendência ao broncoespasmo você vai ter mais tendência por restrição da caixa torácica Infecções virais no início da vida? É sobre o que falamos na aula anterior, em que o paciente que teve bronquiolite tem mais tendência a ter broncoespasmo, então paciente atópico, que já tem tendência a ter asma pode desenvolver uma asma mais cedo se ele já teve bronquiolite nos primeiros meses de vida. Acredita-se nisso, mas não existe comprovação cientificamente, porém comprova-se isso na pratica. FATORES EXÓGENOS OU AMBIENTAIS: Alérgenos Sensibilizadores ocupacionais Tabagismo passivo Infecções respiratórias OUTROS FATORES: Nos outros fatores entram o tratamento inadequado Exposição da criança precocemente na creche Vários outros fatores que desencadeiem a asma mais cedo fazendo com que ela se perpetue FATORES PRECIPITANTES NOS FATORES PRECIPTANTES NOS TEMOS: Aeroalérgenos: fungos, baratas, ácaros, alérgenos animais Infecções virais Exercícios / hiperventilação Ar frio Irritantes / poluentes Estresse Drogas (beta bloqueador; aspirina e antibióticos) FISIOPATOGÊNIA 3 AULA 4 (P1) – SAÚDE DA CRIANÇA II MARIA ESTER VIEIRA CURTY BERNARDO 02/03/2020 Aqui nós temos um esquema. Em que há ativação pelo alérgeno, que vai desencadear a formação de mediadores inflamatórios, produção de muco, edema , ativação sensorial colinérgicos fazendo broncoconstricção, os mediadores entram dentro da célula e vão manter isso ativo até intervir com a medicação e fazer o bloqueio do processo todo. FENÓTIPOS DE ASMA QUADRO CLÍNICO Principais sintomas: Tosse seca – Desconforto respiratório – Tiragem intercostal e SC e batimentos de asas do nariz Taquipnéia – taquicardia – Se já tiver em falência respiratória a bradicardia Alteração nível de consciência. No início ele está agitado, pois como ele está hiperventilando tem aumento do nível de CO2 e por isso a agitação; e no caos mais grave o paciente vai ter uma hipóxia importante com depressão do nível de consciência. Acidose - devido a hipóxia grave – PH baixo – No início vai ter uma paO2> 60 mmHg – paCO2 normal ou aumentada e depois já vai ter uma PaO2<60mmhg e PaCO2 muito aumentado Fadiga. Primeiro ele tenta compensar o quadro fazendo uma hiperventilação, depois ele vai cansar e entrarem fadiga. MV no início diminuído com presença de sibilos, que inicialmente são Expiratórios e no quadro mais grave ele apresenta sibilos INSpiratório e Expiratório; na asma muito grave vai ter o MV ausente, isso porque o calibre do bronquíolo está tão pequeno que não entra mais ar. Quando já está muito cansado não consegue completar uma frase em uma respiração CLASSIFICAÇÃO DA INTENSIDADE DA CRISE AGUDA DA ASMA Classificação da Intensidade da Crise Aguda da Asma Leve a moderada Grave Muito grave Dispnéia Ausente ou leve, fala frases completas, deambula Moderada, fala frases incompletas, dificuldade de se alimentar Fala frases curtas, posição semi- sentada Consciência Normal Excitado Deprimida FR Aumentada Aumentada Aumentada 4 AULA 4 (P1) – SAÚDE DA CRIANÇA II MARIA ESTER VIEIRA CURTY BERNARDO 02/03/2020 Musculatura acessória Leve ou nenhuma retração Moderada retração Retração intensa ou em declínio Ausculta Sibilos no final da expiração Sibilos ins e expiratórios MV inaudível Sat O2 (ar ambiente) 95% 91 a 94% ≤ 90% Pa O2 (ar ambiente) Normal ± 60%mmHg <60%mmHg Pa CO2 (ar ambiente) 40%mmHg 40%mmHg >40%mmHg DIAGNÓSTICO História familiar; História pessoal; Exposição a alérgenos ou irritantes químicos; Associação com mudança de tempo; É muito comum, em que os asmáticos dois dias antas já sabem que o clima vai mudar Suspensão do uso de medicação profilática; é quando ele ta acha que está bem e para de usar o medicamento Exame físico. APRESENTAÇÃO EM MENORES DE 5 ANOS. COMO ELA APARECE NA PRÁTICA MÉDICA? A mãe chega e fala a frase ‘’Meu filho tem bronquite. Ele fica quase sempre chiando. Doutor, não sei mais o que fazer… O senhor é a minha salvação.” CARACTERÍSTICAS ANATÔMICAS E FUNCIONAIS QUE PREDISPÕEM O LACTENTE À SIBILÂNCIA O LEVA O PACIENTE A TER SIBILÂNCIA? Mesma coisa que a gente falou na bronquiolite. Vias aéreas de pequeno calibre. Resistência maior nas vias aéreas periféricas. Sustentação das vias aéreas menos rígidas. Caixa torácica menos complacente. Pobreza de poros de Khon e canais de Lambert. Diafragma mais horizontalizado. Maior resistência nasal. Então isso tudo são fatores que dificultam a passagem de ar, e ainda tem o broncoespasmo que piora. SÍNDROME DO LACTENTE SIBILANTE ABORDAGEM PRÁTICA: Na abordagem prática afinar a linguagem (comunicação) com a mãe. Normalmente ela chega falando que a criança está sempre chiando, ou gripada. Então a gente tem que afinar essa conversa pra saber o que é essa gripe, o que é esse chiado. Caracterizar se essa criança realmente tem crise e qual o intervalo Pesquisar a possibilidade outras causas de sibilância (uma cardiopatia, refluxo, outra doença pulmonar crônica) Observar se a dificuldade respiratória é alta ou baixa Avaliar risco para asma. Ver os fatores que podem levar ela realmente a ter asma ÍNDICE CLÍNICO PARA O DIAGNÓSTICO DE ASMA NO LACTENTE Nós temos critérios nos lactentes (que são as crianças < 2 anos) para avaliar se ele realmente tem diagnóstico de asma. Temos os critérios maiores e os menores. Critérios Maiores: Um dos pais com asma Diagnóstico de dermatite atópica Critérios Menores: Diagnóstico médico de rinite alérgica Sibilância não associada a viroses respiratórias Eosinofilia maior ou igual a 4%, sem verminose. A gente sabe que eosinofilo é mediador inflamatório nos quadros de alergia, estando presente nos mesmo. Tendo um desses critérios e excluindo os diagnósticos diferencias pode-se definir como asma. 5 AULA 4 (P1) – SAÚDE DA CRIANÇA II MARIA ESTER VIEIRA CURTY BERNARDO 02/03/2020 III CONSENSO PEDIÁTRICO INTERNACIONAL DE ASMA DEFINIÇÃO DE ASMA NO LACTENTE OU PRÉ- ESCOLAR “Sibilância recorrente e/ou tosse persistente, em uma situação na qual a asma é provável e outras doenças frequentes foram excluídas. ” Na asma não existe o diagnóstico com exames complementares, é um diagnóstico de exclusão. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS NA CRIANÇA MAIOR DE 5 ANOS Na criança maior é mais fácil, pois ela vai te falar os sintomas que ela sente. SINTOMAS: o TOSSE o DOR NO PEITO o FALTA DE AR E CANSAÇO o Ela fala que não consegue respirar porque o ar para. o Normalmente na criança maior ela tem um broncoespasmo que impede de fazer atividade física, esforço, jogar bola, correr, bicicleta. ANAMNESE E EXAME FÍSICO COMO A GENTE VAI FAZER O DIAGNÓSTICO? HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL (HDA). A gente vai ver que tem situações que levam a: o Hiperreatividade o Obstrução reversível o Inflamação HISTORIA DA PESSOA: Feito o diagnóstico, avalia a gravidade vendo a historia da pessoa, se tem atopia se não tem para ver como vai tratar. Pesquisar outras causas de sibilância. Se tiver outra causa você tira essa outra causa, e se não tiver, você trata a asma. Anamnese e Exame Físico História da doença atual (HDA). - Hiperreatividade - Obstrução reversível - Inflamação História da pessoa. DIAGNÓSTICO AVALIAÇÃO DA GRAVIDADE ATOPIA ? PESQUISAR OUTRAS CAUSAS DE SIBILÂNCIA EXEMPLOS TOPOGRAFICOS DE ECZEMAS NO LACTENTE Os locais mais comuns de eczema atópico são nas áreas de dobras e face. 6 AULA 4 (P1) – SAÚDE DA CRIANÇA II MARIA ESTER VIEIRA CURTY BERNARDO 02/03/2020 Nessa imagem abaixo vemos uma criança mais grave, ela tem afundamento de esterno e baqueteamento digital, com um desconforto crônico e uma dificuldade respiratória crônica: DIANGÓSTICO DIFERENCIAL Nem tudo o que reluz é ouro… Nem tudo o que sibila é asma! Então você tem alguns critérios, você afastou, vai classificar como asmas e vai tratar. Depois vai reavaliar quando vê o resultado. Antes disso você vai fazer um teste terapêutico pra você ver se realmente encaixa, que é a espirometria. DIAGNÓSTICO Radiografia de tórax. Para ver se tem outras anomalias, aumento de área cardíaca, infecção... Teste terapêutico. Vai fazer um broncodilatador e ver se vai melhor o broncoespasmo Espirometria com prova BD Testes para atopia: cutâneos, IgE total e específica. São teste que não são feitos por pediatras e devem ser feitos acima de 2 anos. EXAME DE IMAGEM NA ASMA Tem um raio-x hiperinsuflado A parte pulmonar fica mais preta Tem normalmente infiltrados perihilares Tem rebaixamento de diafragma Aumento de arcos costais Aumento da caixa torácica com retificação dos arcos costais 7 AULA 4 (P1) – SAÚDE DA CRIANÇA II MARIA ESTER VIEIRA CURTY BERNARDO 02/03/2020 Pode ter atelectasia como na imagem acima do lado direito, no lobo superior direito. As vezes o broncoespasmo é muito intenso, então quando a criança expira o alvéolo colaba, aí faz atelectasia. TERAPEUTICO Abaixo temos as bombinhas Peak Flow O ideal na suspeita clínica é fazer a espirometria (é um texto que a gente faz a prova brocodilatadora). Se der positiva FAZ DIAGNÓSTICO DE ASMA Se der negativa FAZ O TESTE DE BRONCOPROVOCAÇÃO, se deu positiva É ASMA. Você vai avaliar o paciente. QUANDO VOCE CONSIDERA A PROVA BRONCODILATADORA POSITVA? Quando o volume de expiração forçado (VEF) aumenta 200ml ou 12%. A espirometria é quando num aparelhinho o paciente vai soprar e fazer uma expiração forçada, depois você vai dar o broncodilatador pra ele, e quando ele fizer a expiração forçada ele vai conseguir com um volume maior, vai fazer uma broncodilatação. Então se ele não conseguiu, ou conseguiu um mesmo valor, você vai fazer um teste de broncoprovocação, vendo se ele reage fazendo broncoespasmo e vai fazer de novo o teste. Quandotiver asma a gente vai tratar 8 AULA 4 (P1) – SAÚDE DA CRIANÇA II MARIA ESTER VIEIRA CURTY BERNARDO 02/03/2020 OBJETIVOS DO TRATAMENTO Nos temos vários objetivos, um deles é o controle do sintoma na fase aguda Diminuir o risco das exacerbações da crise Evitar os efeitos colaterais das drogas, e um dos principais medicamentos usados são os corticóides Evitar o remodelamento brônquico. Pois se você deixa o asmático sempre em crise, ele vai fazer o remodelamento brônquico e lesão do brônquio permanente, ficando com um pulmão com seqüelas. PASSOS DO TRATAMENTO DE MANUTENÇÃO Controle ambiental Anti-inflamação Desobstrução dos brônquios Reabilitação Prevenção de complicações Então a gente tem uma gama de etapas nesse tratamento TRATAMENTO DA ASMA O tratamento é multidisciplinar, precisamos de uma equipe junto nesse tratamento. TRATAMENTO NÃO MEDICAMENTOSO: O paciente vai precisar de um tto ambulatorial, suporte hospitalar nas crises, mudar os hábitos de vida, mudar o ambiente em que vive, e isso tudo a gente consegue com EDUCAÇÃO. A educação do paciente é parte fundamental da terapêutica da asma e deve integrar todas as fases do atendimento ambulatorial e hospitalar. Levar em conta aspectos culturais e abranger aspectos de conhecimento da doença, incluindo medidas para redução da exposição aos fatores desencadeantes, e adoção de plano de autocuidado baseado na identificação precoce dos sintomas. Redução da exposição a fatores desencadeantes, incluindo alérgenos/irritantes respiratórios (tabagismo) e medicamentos. O acompanhamento desse paciente vai ser agendar a reconsulta conforme a gravidade, e não só quanto a gravidade do broncoespasmo, mas quanto a gravidade global desse paciente, sendo um paciente que interage melhor, se o cuidador compreende melhor, se as condições dele são mais favoráveis, e se for melhor pode prolongar mais a consulta, se não for temos que acompanhar mais de perto. QUANDO A GENTE VAI COMEÇAR REALMENTE O TRATAMENTO MEDICAMENTOSO? Uso continuado de medicamento com ação antiinflamatória, e o que a gente usa PRIMEIRO SÃO OS CORTICOIDES INALATÓRIOS. Isso porque a via inalatória é a preferida, pois tem menos risco de efeitos colaterais, visto que a gente usa em doses mais baixas e a absorção da dose inalatoria que a gente usa é muito pequena a nível sistêmico. MEDICAMENTOS DE ALÍVIO: são os medicamentos com efeito BRONCODILATADOR. E as doses? Quais serão? Depende, a gente primeiro começa com uma dose padrão e vai ajustar de acordo com o quadro clinico de cada paciente. A CONDUTA INICIAL DE PACIENTES SEM TRATAMENTO PRÉVIO Devemos considerar a gravidade da doença, em que a gente tem o padronizado pelo guideline, e veremos então a classificação. Pela gravidade a gente vai classificar em: o Asma intermitente o Asma persistente leve o Asma persistente moderada o Asma persistente grave Baseado na classificação a gente trata ASMA INTERMITENTE: O tratamento medicamentoso é de alívio imediato dos eventuais sintomas decorrentes de obstrução. 9 AULA 4 (P1) – SAÚDE DA CRIANÇA II MARIA ESTER VIEIRA CURTY BERNARDO 02/03/2020 Se o paciente tiver uma crise eventual: faz um broncodilatador inalatório de ação curta. Tratamento medicamentoso ALÍVIO Crise B2CA inalatório ASMA PERSISTENTE: O tratamento medicamentoso volta-se para a supressão da inflamação Uso contínuo de corticóide inalatório de ação antiinflamatória Se entrar em crise: fazer um broncodilatador de ação Curta (só durante as crises, no processo agudo). Se tiver exacerbações graves ou moderadas: além do broncodilatador de ação curta e o corticóide inalatório a gente usa durante a crise o corticóide sistêmico também Tratamento medicamentoso SUPRIMIR INFLAMAÇÃO Uso contínuo CORTICÓIDE INALATÓRIO Crise B2CA Exacerbação moderada a grave B2CA + CORTICÓIDE INALATÓRIO + CORTICÓIDE SISTÊMICO TRATAMENTO DE MANUTENÇÃO: A asma é dita controlada quando todos os seguintes itens são observados: o – Não há sintomas diários (ou dois ou menos/semana). o – Não há limitações para atividades diárias (inclusive exercícios) o – Não há sintomas noturnos ou despertares decorrentes de asma. o – Não há necessidade de uso de medicamentos de alívio. o – A função pulmonar (VEF1) é normal ou quase normal. o – Não ocorrem exacerbações. O controle é avaliado a cada retorno do paciente. ARSENAL TERAPÊUTICO Corticóide inalatório Corticóide sistêmico Agonistas beta-2 adrenérgicos de longa ação (B2LA): terbutalina, bambuteral, formoterol, salmeterol Agonistas beta-2 adrenégicos de curta ação (B2CA): salbutamol, fenoterol e terbutalina. Anticolinérgicos inalatórios: O brometo de ipratrópio associado ao beta-2 agonista de curta duração ou em sua substituição. Inibidores do leucotrieno (montelucaste) Cromonas: cromoglicato de sódio Imunoterapia específica Omalizumabe (anticorpo monoclonal anti IgE) AVALIAÇÃO DO CONTROLE DA ASMA Aqui imagem tirado do guideline 10 AULA 4 (P1) – SAÚDE DA CRIANÇA II MARIA ESTER VIEIRA CURTY BERNARDO 02/03/2020 TIPOS E DOSES DOS CORTICÓIDES INALATÓRIOS Os que a gente mais usa são a budesonida e o fluticazona. MDI: INALADOR DOSIMETRADO São os mais usados Na criança maior a gente usa direto na boca Nas crianças menores usamos com espaçador NEBULIZADORES Nos nebulizadores, lembrando que a gente tem tanto os anticolinérgicos como os broncodiladores de ação curta (aerolin-salbutamol), que a gente tem pra fazer com inalação. Lembrar que a gente tem que usar um corticóide também, como clenil, lembrar que tem que fazer com o nebulizador de compressor. O nebulizador ultrassonico, aquele bonitinho que as mãe gostam e o bebê não chora, não serve, pois a partícula não chega no pulmão. A nebulização efetiva é com o baratinho, o que faz barulho. SEGUIMENTO A gente vai avaliar no seguimento os sintomas, as exacerbações, os efeitos colaterais, a satisfação do paciente e a função pulmonar. Então você vai ver se ele ficou com ou sem sintomas, se teve exacerbação na crise... Vai avaliar se acertou o diagnóstico, se resolveu o broncoespasmo, o controle dos sintomas e fatores de risco, incluindo se ele fez a profilaxia dos fatores de risco que estava causando, a técnica inalatoria e a adesão, a preferência de acordo com as opções medicamentosas que você deu a ele, se sentiu-se melhor com a opção inalatoria ou spray. Vai ver as medicações, as estratégias não farmacológicas, o que ele fez ou não no tto não farmacológico, tratar os fatores de risco modificáveis e ajustar o tto e a resposta. PASSOS ANTES DE QUESTIONAR SE A ASMA É GRAVE Fazer o seguimento, para avaliar se a asma é grave ou não. Ver se ele não melhorou porque fez o tratamento inalatorio incorreto. Se o problema é com a adesão do tratamento, em que ele não fez o que foi prescrito. Ou se ele continuou exposto aos agentes precipitantes, porque não adianta você tratar, e os fatores desencadeantes estarem todos presentes. Ou se ele teve alguma comorbidade que agravou. Ou ele pode ter outro diagnóstico. 11 AULA 4 (P1) – SAÚDE DA CRIANÇA II MARIA ESTER VIEIRA CURTY BERNARDO 02/03/2020 MANEJO DAS EXACERBAÇÕES NOS SERVIÇOS DE URGÊNCIA MANEJO DA CRISE AGUDA Chegou o paciente na emergência, o que a gente fará inicialmente é a avaliação inicial. Avaliação inicial: FC e FR, uso musculatura acessória, cor do paciente, cianose, nível de consciência, saturação de O2, ausculta respiratória. Isso é o que a gente vai ser para avaliar se ele tem umaasma leve à moderada ou grave. 1. PRIMEIRA COISA A SE FAZER: NBZ com ß2 agonista – fenoterol + brometo de ipatrópio de 20/20 minutos por 1 hora ou Salbutamol inalatório (inalador pressurizado acoplado a espaçador, valvulado ou não valvulado) Então a gente vai fazer 3 NBZ com berotec e atrovent, em um intervalo de 20min ou o salbutamol inalatório com inalador pressurizado. Depois que fizer as 3 NBZ você vai reavaliar o paciente depois desse período. SE NÃO MELHOROU VAI PRO SECUNDO PASSO: 2. SECUNDO PASSO: Fazer corticóide sistêmico. No PS pode usá-lo oral ou venoso. Os guidelines dizem que a ação de VO ou EV é igual. Em asma leva a moderada faz a corticóide VO e o que a gente costuma usar VO é a prednisolona. Em asma grave ele não vai conseguir alimentar então você hidrata e faz corticóide EV. Normalmente o corticóide EV é a metilprednisolona nos serviços particulares e no SUS a hidrocortisona. A metilprednisolona é baixa potencia então menos efeito colateral, porém é cara. Outras coisas que se pode usar: o Sulfato de magnésio: normalmente quase não vê usar no serviço de urgência, mais usado na UTI, pois tem risco de depressão respiratória, por isso tem médicos que não usam, e em hospital que não tem UTI nem se usa. Indicado nas exacerbações muito graves, sem resposta ao tratamento usual. Quando favorável, a resposta terapêutica ocorre em 1-2 h após a infusão. Pode ser considerada uma terapêutica segura. Seus principais efeitos adversos são rubor cutâneo e náuseas, geralmente durante a infusão. Fraqueza, arreflexia e depressão respiratória podem potencialmente ocorrer, mas com níveis séricos da droga muito elevados (> 12 mg/dL). o Salbutamol venoso: quando a gente tem que fazer alguma droga endovenosa a gente usa o salbutamol em infusão continua, e não a aminofilina. o Aminofilina: em criança a gente não usa Se a oximetria de pulso manteve-se SaO2 <92 depois que você fez o inalatorio, corticóide e não melhorou, você vai repetir a nebulização de 20 em 20min. Melhorou? Manda pra casa com NBZ com b2 agonista. Não melhorou? Então interna. Então, fez o primeiro esquema, repetiu a avaliação, melhorou = manda embora pra casa. Se não melhorou, repete a NBZ mais 1h dividida em 3 vezes de 20 em 20min e faz o corticóide. Fez o corticóide, avalia de novo, se melhorou = manda embora pra casa com NBZ ou com corticóide Se não melhorou = internação OBS: A NEBULIZAÇÃO SEMPRE TEM QUE SER FEITA COM SORO FISIOLOGICO, EM HIPÓTESE ALGUMA PODE SER FEITA COM AGUA DESTILADA. A AGUA DESTILADA PODE AGRAVAR O BRONCOESPASMO E LESAR A MUCOSA E PODE LEVAR ATÉ A ÓBITO. 12 AULA 4 (P1) – SAÚDE DA CRIANÇA II MARIA ESTER VIEIRA CURTY BERNARDO 02/03/2020 Manejo das exacerbações nos serviços de urgência Repetir avaliação inicial Melhora clínica Piora ou manutenção quadro clínico Alta com NBZ com ß2 corticóide + NBZ 20/20 minutos 1 H agonista Avaliar uso corticóide reavaliar melhora sem melhora Internar MANEJO DAS EXACERBAÇÕES NOS SERVIÇOS DE URGÊNCIA TRATAMENTO NA UNIDADE DE INTERNAÇÃO As medidas terapêuticas gerais e o suporte farmacológico utilizado são os mesmos que os recomendados para o ambiente do serviço de pronto atendimento. O tratamento na unidade de internação deve ser considerado como uma oportunidade para revisar com o paciente (avaliar se as medidas estão sendo feitas em casa com familiares e responsáveis no caso das crianças) os potenciais fatores desencadeantes da exacerbação, os aspectos relacionados ao controle ambiental e os hábitos de vida (aqui incluído o tabagismo passivo e ativo), assim como corrigir e revisar o plano terapêutico e estabelecer um plano de ação baseado em uma correta orientação quanto à piora dos sintomas ou dos testes funcionais. Vão ser mantidas as nebulizações com um intervalo mais curto de tempo, fisioterapia respiratória e avaliar. Vai fazer hidratação com corticóide venoso e vai avaliar se tem a necessidade da terapia intensiva. QUAIS SÃO OS CRÍTERIOS DE INDICAÇÃO DE TERAPIA INTENSIVA PARA ESSA CRINAÇA? o Se ela tem hipercapnia, acidose (ph<7.30) ou hipóxia o Níveis elevados de lactato sérico o Hipotensão arterial ou arritmias cardíacas graves o Persistência dos sinais e sintomas de gravidade (sonolência, confusão mental, exaustão, cianose, silêncio respiratório ou PFE < 30% do valor previsto) a despeito do tratamento adequado o Necessidade de monitorização acurada em função da gravidade da doença ou do tratamento a ser utilizado (infusões intravenosas com doses elevadas de β2 - agonistas, infusões intravenosas de quetamina, uso de misturas gasosas hélio-oxigênio e utilização de suporte ventilatório não invasivo ou invasivo) o Parada cardiorrespiratória. o Então, um paciente mais grave precisa de uma unidade de terapia intensiva. ABAIXO TEM UM QUADRO COM TODAS AS DROGAS QUE SÃO USADAS Salbutamol gotas Salbutamol spray Salbutamol injetável Todas as drogas que a gente usa pra asmas e as doses OBS.: não é preciso decorar, tem no Black book. →Gire a folha 13 AULA 4 (P1) – SAÚDE DA CRIANÇA II MARIA ESTER VIEIRA CURTY BERNARDO 02/03/2020 PNEUMONIA DEFINIÇÃO Pneumonia é a inflamação do parênquima pulmonar causada, quase sempre, por agentes infecciosos, que comprometem o trato respiratório inferior, geralmente agudos, que podem comprometer os alvéolos, os bronquíolos e o espaço intersticial. O quadro clínico é semelhante, independente do agente etiológico – tosse, febre e dificuldade respiratória. A maioria das crianças tem de 4 a 6 infecções respiratórias agudas (IRA) por ano, sendo normal e não quer dizer que a criança tenha baixa imunidade. Destas 3% evoluem com pneumonia. Patologia com alto índice de morbidade e mortalidade. Corresponde a cerca de 20% dos óbitos em menores de 5 anos. (A mortalidade infantil a gente sabe que é de na criança com 28 dias a 5 anos). ETIOLOGIA A gente tem os agentes etiológicos mais comuns e variam de acordo com a idade. O mais comum no nosso meio é o sincicial respiratório seguido da clamídia FATORES MAIS ASSOCIADOS A PNM Doenças respiratórias e cardíacas Imunodeficiência. A criança que realmente tem imunodeficiência no primeiro ano de vida tem pneumonias respiratórias de repetição. Aglomeração (shopping, creches) Baixa cobertura vacinal. Baixo nível socioeconômico. Baixo peso ao nascer. Desmame precoce. Elevado número de crianças abaixo de 5 anos na família. Dificuldade de assistência médica. Tabagismo domiciliar. Lactente <6 meses, que também tem a imunidade mais baixa, normalmente é o período que tem o desmame de 6 a 9m, teoricamente, mesmo que mamou no peito até 9m ele fica mais exposto nesse período. FATORES DE RISCO PARA MORBIDADE EM MENORES DE 2 ANOS Lactente menor de 9 meses; Residência com aglomerado de pessoas, pouca escolaridade e pai ausente; Mãe com menos de 20 anos; Início precoce creche; Baixo peso ao nascer; Refluxo gastroesofágico; Desnutrição; Desmame precoce; Doenças pulmonares preexistentes; Doenças neurológicas; Imunodeficiências congênitas ou adquiridas ASPECTOS CLÍNICOS Estado Geral: irritabilidade, cefaléia, inapetência, vômitos, dor abdominal (15%). (a dor abdominal é muito freqüente por irritação do diafragma) Tosse Febre Taquipnéia: relacionada a gravidade e hipoxemia Tiragem Subcostal/Intercostal e batimento de aletas nasais BAN( principalmente nos <1a) EF: estertores crepitações e MV diminuído A suspeita clínica é a tríade: taquipnéia, tosse e febre. 14 AULA 4 (P1) – SAÚDE DA CRIANÇA II MARIA ESTER VIEIRACURTY BERNARDO 02/03/2020 Acima um quadro para considerar taquipnéia de acordo com as faixas etárias. Leva-se em conta a freqüência respiratória DEVE-SE SABER O QUADRO ACIMA CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS QUE AUXILIAM NO DIAGNÓSTICO Haemófilos: evolução arrastada, associado normalmente a otite e sinusite. Estafilococo: início agudo, com febre alta e persistente, a criança chega toxemia, anemia, presença de impetigo ou abscesso, processo pneumônico extenso com complicações mais frequentes (pneumatocele, abscesso e derrame pleural). Normalmente, chega com algum impetigo, abcesso, alguma infecção estafilocócica externa, ligada a pele. Mycoplasma ou Chlamydia pneumoniae: tosse importante, normalmente acometendo vários indivíduos na mesma família, quadro arrastado, acompanhado de cefaleia, miringite bolhosa, e exantema. Vírus: exantema, conjuntivite, faringite, mialgia e pode ter acometimento de outras pessoas na família, da escola e da creche. Ficar atento também ao sarampo, que está emergindo novamente. Chlamydia trachomatis: síndrome da pneumonia afebril do lactente (idade entre 1 e 3 meses), tosse importante (pode ser paroxística). Pode confundir com a bronquiolite, só que tem uma história perinatal de vulvovaginite materna, parto normal, conjuntivite neonatal e hemograma eosinofilia no sangue periférico. Já na coqueluche tem uma leucocitose importante. AS IMAGENS VARIAM DE ACORDO COM O AGENTE ETIOLÓGICO E GRAVIDADE DA DOENÇA. As imagens são diferentes nesses quadros, ou seja, elas diferem umas das outras. Aqui todos os dois Raio-x de tórax são normais O primeiro raio x praticamente é igual do adulto E no secundo, se fosse de um adulto a gente ia achar que tinha algo na direita. Essa imagem no lobo superior a direita é o que chamamos de barco a vela, que é o timo da criança, ou seja, imagem normal. Lembrar de ter cuidado, pois como na criança não tem como falar ‘’enche o peito de ar e segura’’, então as vezes quando bate o olho no raio x tem a impressão que a área cardíaca está aumentada, aí tem que contar os arcos costais. Na figura abaixo um raio x apresentando infiltrado intersticial Pode-se ver um raio x ‘’sujo’’, uma trama aumentada nos dois pulmões, que é mais comum no raio x de bronquiolite, pneumonia viral, clamídia e mycoplasma. Ou seja, abaixo é um raio x comum de pneumonia viral e atípica. Abaixo um raio x com pneumonia lobar A pnm lobar é mais comum por pneumococos e haemofilos 15 AULA 4 (P1) – SAÚDE DA CRIANÇA II MARIA ESTER VIEIRA CURTY BERNARDO 02/03/2020 Abaixo raio x com derrame pleural Pode ser tanto por pneumococo como por estafilococos Como saber se é uma pnm por pneumo ou estafilo? O quadro clínico é diferente. Abaixo imagem com Pneumatocele PNEUMONIAS BACTERIANAS – PNEUMONIA PNEUMOCÓCICA Nós iremos falar de cada pneumonia separadamente A pnm pneumocócica é a mais comum da criança A idade prevalente dela é 6m a 5a É a maior causa de bacteremia, pnm e otite media aguda 2ª maior causa de meningite bacteriana (a primeira é o meningococo) Prevalência: 6 meses a 5 anos – principalmente nas crianças com baixa resistência imunogênica aos polissacarídeos dos germes capsulados. Quais são as crianças com baixa resistência imunogênica aos polissacarídeos dos germes capsulados? o São os portadores de: o Anemia falciforme; o Asplenia (não tem o baço, pode nascer sem o baço) ou esplenectomia; o Imunodeficiências congênitas ou adquiridas; o Cardiopatias; o Doença pulmonar crônica. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Inicia com sintomas inespecíficos de IVAS. Variam de acordo com a faixa etária LACTENTES: inicia com sintomas de infecção do trato respiratório superior, seguida de febre alta, tosse produtiva, gemência, taquicardia, taquipnéia, tiragem intercostal, subcostal e batimento de aletas nasais, distensão abdominal. CRIANÇAS E ADOLESCENTES: Vai ter febre alta, calafrios, dor torácica, tosse, taquipnéia, tiragem intercostal e subcostal; murmúrio vesicular diminuído com estertores creptantes, sopro tubário e MV abolido em caso de derrame pleural. EXAMES COMPLEMENTARES: Hemograma: leucocitose com predomínio de polimorfonucleares; normalmente não tem anemia, ou discreta. Hemocultura: 30% positividade (baixa) Cultura líquido pleural: 50% de positividade Vamos pedir outros de acordo com quadro clinico: gasometria, eletrólitos. EXAMES RADIOLÓGICOS: Aspecto de pneumonia lobar: hepatização Derrame pleural: pode estar presente Imagem radiológica pode persiste por semanas, portanto não tem valor para controle de cura, sendo pertinente pedir então para controle de piora. Tomografia: reservada para casos graves e duvidosos. Se não tiver dúvida não tem indicação de TC. TRATAMENTO AMBULATORIAL Na maioria das vezes é uma pnm em criança hígida, por isso sem necessidade de internação hospitalar. Medidas de suporte: tratar a febre, alimentação e hidratação; Antibioticoterapia: penicilina procaína ou amoxacilina por 7 a 10 dias; Orienta sobre sinais de piora e necessidade de retorno imediato à Unidade de Saúde; Marcar retorno em 48 horas; TRATAMENTO HOSPITALAR Penicilina cristalina por 10 a 14 dias; Em caso de resistência bacteriana: ceftriaxone, vancomicina ou cloranfenicol. PNEUMONIAS BACTERIANAS – PNEUMONIA ESTAFILOCÓCICA STAPHILOCOCCUS AUREUS A pnm por stafilo é causa de infecção grave, início súbito e evolução rápida. Alta morbidade e mortalidade. 16 AULA 4 (P1) – SAÚDE DA CRIANÇA II MARIA ESTER VIEIRA CURTY BERNARDO 02/03/2020 Baixa incidência em crianças hígidas. PREVALÊNCIA: Pode ocorrer em qualquer idade; Maior incidência em menores de um ano <1 ano, sendo 30% em menores de 3 meses. FATORES DE RISCO: Pode acontecer nas crianças hígidas e nelas sempre tem um fator associado, como Furunculose e doenças dermatológicas; Internação recente; Lesões pós traumáticas. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Normalmente se inicia após infecção de pele ou com sintomas inespecíficos de IVAS. Piora abrupta do estado geral, febre alta, tosse e desconforto respiratório; Sintomas gastrointestinais podem estar presentes. Muito comum chegar com queixa de desconforto abdominal Dificuldade respiratória progressiva dependendo da evolução da broncopneumonia, da necrose hemorrágica, das áreas de cavitação e da presença e extensão do derrame pleural. Então o raio x pode ter cavitação, condensação lobar, derrame pleural. Então como vou saber se é por pneumococo ou stafilo? Pelo quadro clínico. Uma criança com DP com pnm por stafilo ele vai estar grave, toxémico, e no pneumoco não, em que mesmo com o DP vai estar com a ‘’carinha boa ‘’. EXAMES COMPLEMENTARES: Hemograma: leucocitose com predomínio de polimorfonucleares em lactentes maiores e leucometria normal em lactentes de baixa idade (menores de 2 meses), pois o lactentes com idade mais baixa as vezes não consegue nem responder, em que a evolução do quadro pulmonar é muito mais rápido e isso é indicativo de prognóstico ruim. O fato de estar com hemograma normal não indica que a infecção é mais branda, pelo contrário, pode ser mais grave. Hemocultura: 5 a 10% positividade Cultura líquido pleural: também com baixa positividade Outros de acordo com quadro clinico: gasometria, eletrólitos. EXAMES RADIOLÓGICOS: Aspecto de broncopneumonia; Derrame pleural; Empiema pleural; Pneumatoceles; Abscesso pulmonar. Tomografia: reservada para casos graves e duvidosos. TRATAMENTO HOSPITALAR O tto da pnm estafilocócica é sempre hospitalar, não existe tto pra pnm estafilo ambulatorial Medidasde suporte: tratar a febre, alimentação e hidratação; Antibioticoterapia: 1ª opção Oxacilina ou cefalotina ou clindamicina; Em caso de resistência bacteriana: associação de oxacilina + ceftriaxone; vancomicina; meropenem. Duração do tratamento: 21 dias, em média. Punção pleural. Dependendo do aspecto e quantidade do liquido fazer drenagem. Drenagem pleural Suporte ventilatório, pois tem toxicidade, precisando de o2 ou VM Fisioterapia respiratória. PNEUMONIAS BACTERIANAS – PNEUMONIA POR HAEMOPHILUS INFLUENZA HAEMOPHILUS INFLUENZA TIPO B: Causa infecção grave, mais em lactentes não vacinados com a vacina anti-hemófilos. Causa também meningite e epiglotite. Atualmente rara pnm por haemophilus devido a vacinação em massa a partir de 2 meses de idade. Quadro clínico de início insidioso. Rx tórax: evolui com padrão de condensação lobar Hemograma: leucocitose. Tratamento: ceftriaxone ou cefuroxima por 10 a 14 dias. Importante saber que existe, mas na prática não é vista mais. PNEUMONIAS ATÍPICAS DEFINIÇÃO Pneumonias clinicamente diferentes de outras pneumonias normalmente encontradas. Normalmente início insidioso; febre baixa ou ausente; tosse seca; não responde aos antibióticos usuais São de evolução arrastada E na maioria das vezes podem cursar com sibilância PNEUMONIAS ATÍPICAS: ETIOLIOGIA 17 AULA 4 (P1) – SAÚDE DA CRIANÇA II MARIA ESTER VIEIRA CURTY BERNARDO 02/03/2020 Hantavírus Legionela pneumophila Chlamydia (trachomatis, psittaci, pneumoniae) Mycoplasma pneumoniae (é o agente etiológico mais freqüente dentro das pneumonias atípicas) Franciella tularensis (tularemia) Bacillus anthracis (antraz) PNEUMONIAS BACTERIANAS – PNEUMONIA POR MYCOPLASMA PNEUMONIAE MICOPLASMA PNEUMONIAE Bactérias invisíveis ao microscópio óptico Desprovidas de parede celular; então não são coradas pelo gram Essa bactéria tem efeito tóxico nas células ciliares do trato respiratório, fazendo uma paralisia ciliar e destruição celular A maioria das infecções por mycoplasma se restringe a vias aéreas superiores, mas pode fazer inflamação da VA inferior e levar a uma Inflamação que causa hiper- reatividade brônquica → gera sibilos (o mesmo mecanismo que o vírus sincicial respiratório faz na bronquiolite, a pnm por mycoplasma também faz) Predomina em escolares e adolescentes (diferente do pneumococo e do stafilo). Transmissão por gotículas da via respiratória. Período de incubação de uma a três semanas. Causa infecciosa mais comum da Síndrome torácica aguda nos falcêmicos. QUADRO CLÍNICO: Sintomas iniciais de febre, rinorréia, cefaléia, mal estar e dor na garganta. Por que da dor na garganta? Porque ele acomete a VA superior. Parece uma ‘’faringitezinha’’, parece uma virose de garganta, pois é semelhante a um quadro viral, só que evolui com tosse e rouquidão que piora gradativamente nas 2 primeiras semanas. Remissão dos sintomas, o seja, o desaparecimento dos sintomas demora em média de 3 a 4 semanas, e as vezes não desaparece. A gente pensa que é uma sinusite, pois tosse com mais de 10 dias, aí faz amoxicilina + clavulanato e não melhora. COMPLICAÇÕES: As complicações não são comuns, mas podem acontecer. Otite média Pericardite Miocardite Meningoencefalite Síndrome de Stevens-Johnson EXAMES COMPLEMENTARES: Hemograma completo: sem alterações VHS elevado Fechar diagnóstico: Sorologia para Micoplasma Mas a sorologia cm micoplasma demora EXAMES COMPLEMENTARES – RAIO X TÓRAX Basicamente o aspecto radiológico vai ter um infiltrado típico, igual de pnm viral. A imagem a baixo é raro termos na pnm por mycoplasma 18 AULA 4 (P1) – SAÚDE DA CRIANÇA II MARIA ESTER VIEIRA CURTY BERNARDO 02/03/2020 O que a gente mais vê é semelhante à imagem abaixo, com um infiltrado perihilar. Abaixo, uma imagem com atelectasia, devido ao broncoespasmo. TRATAMENTO PNM POR MYCOPLASMA Macrolídio → Claritromicina por 14 dias Macrolídio → Azitromicina por 5 dias Tetraciclinas → adultos Quinolonas → Ciprofloxacino ou levofloxacino Por que melhora com macrolídio? Porque é devido a aquela mesma situação que passei pra vocês na aula de bronquiolíte, o macrolídio melhora a resposta inflamatória, visto que a bactéria mycoplasma causa reação inflamatória na via aérea inferior, e o macrolídeo tem mais ação antiinflamatória do que bactericida, por isso melhora com macrolídio. O que a gente mais usa e tem resposta melhor é a claritromicina. A azitromicina a resposta não é muito boa, às vezes até pior. Por isso a que a gente usa mesmo é a claritromicina por 14 dias No adulto ou adolescente a gente pode até usar quinolonas (cipro), mas na criança a gente trata com claritromicina. Se tiver com broncoespasmo pode fazer Nebulização com B2 agonista, que dará um alívio dos sintomas. Mas o que melhora mesmo é o macrolídeo. Medidas de suporte OBS.: normalmente tem mais de uma pessoa da família com o quadro. PNEUMONIAS BACTERIANAS – PREVENÇÃO Aqui nós vamos falar da prevenção de pnm em geral. Combate à desnutrição, baixo peso nascer e desmame precoce. VACINAÇÃO: PNI (programa nacional de imunização) Antipneumocócica conjugada 10 valente (quem puder tomar na rede privada a 13 valente, que tem 3 cepas a mais, e as 3 cepas a mais são as mais virulentas e resistentes a antibiótico, só que é muito mais cara). Anti-Haemophilus influenzae tipo B Anti-gripal Pneumo 23 – para os grupos de risco, como os falcêmicos, esplenectomizados, portadores de doença crônica cardíaca e pulmonar (que são risco para criança>5 anos, pois a pnm pneumocócica vai de 6m a 5a). Mas para os pacientes com os fatores de risco acima é para qualquer idade a vacina. Portanto, a pneumo 23 tem 23 cepas, muito mais que a pneumo 10 e a 13, e só pode ser feita acima de 2 anos de idade, com duas doses no intervalo de 5 anos, ou seja, não é uma dose de 5 em 5 anos, são só duas doses sendo dada uma e depois de 5 anos a outra. Os maiores de 60 anos também são grupo de risco para a pneumocócica, sendo vacinas na rede pública.