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AULA 4 (P1) SAÚDE DA CRIANÇA II - ASMA E PNEUMONIA

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AULA 4 (P1) – SAÚDE DA CRIANÇA II 
MARIA ESTER VIEIRA CURTY BERNARDO 
02/03/2020 
 
 
 
ASMA NA INFÂNCIA 
INTRODUÇÃO 
 A asma acomete cerca de 300 milhões de pessoas no 
mundo. 
 Tipicamente começa na infância, raramente no adulto, 
mas pode também começar na vida adulta. 
 Países em desenvolvimento: ainda vem crescendo. 
Sendo mais comum nos países desenvolvidos, e menos 
comum nos subdesenvolvidos. Acredita-se que nos 
países subdesenvolvidos e nos em desenvolvimento as 
crianças são expostas mais cedo aos agentes alérgenos, 
então criam imunidade mais cedo. Então, quando a 
criança não é exposta mais cedo, quando chega a ser 
exposta faz uma resposta de sensibilização muito rápida, 
porque já está com o sistema imunológico mais 
preparado e ativo, fazendo um processo alérgico mais 
intenso. 
 Nos países desenvolvidos as crianças têm mais alergia do 
que nos países em desenvolvimento. Nos 
subdesenvolvidos as crianças tem diarréia, desidratação, 
parasitose e morrem de doenças mais comuns. 
 Hoje em dia, falando em morte, a morte por asma não é 
mais comum como era antigamente, apesar de ainda ter 
alguns casos. Dessa forma, hoje ela é considerada uma 
doença de baixa mortalidade. Isso porque a gente já tem 
mais acesso aos serviços de saúde, mesmo nos países em 
desenvolvimento. 
 Mas ainda tem um custo social muito alto, porque é a 
doença crônica mais prevalente na infância, e ainda é 
uma doença que causa muita incapacidade. A criança 
que tem asma não consegue participar de exercício 
físico, sendo limitada nas suas atividades, dependendo 
da região em que mora nas épocas mais frias é uma 
criança que tem mais infecção respiratória, tem mais 
crises. Por isso, alem da questão dela ficar mais doente, 
ter mais crises, ela também tem que faltar mais escola, 
faltar mais da creche, então isso também tem uma 
importância econômica, em que o cuidador, a mãe, tem 
que faltar o trabalho para tomar conta dessa criança, 
visto que ela não pode ficar na escola ou na creche. 
 Grande importância sanitária e econômica. 
 Causa mais prevalente de incapacidade na infância 
DOENÇA CRÔNICA MAIS COMUM NA INFÂNCIA 
 No Brasil, segundo dados do SUS, temos pelo menos 20 
milhões de asmáticos 
 Asma responsável por = 4% do total de internações 
 Asma = 18% internações por causas respiratórias são 
devido à asma 
 2% dos óbitos por causa respiratória são devido à asma. 
E são essas as causas dos óbitos: 
o Falhas nas interpretações da gravidade da crise; 
tanto por parte da família, quanto por parte do 
sistema de saúde. 
o Escolha inadequada da terapia; 
o Falta de conhecimento sobre a doença. Por 
vezes a família não tem noção que a criança tem 
asma. Até hoje as pessoas acham que asma é 
uma coisa e bronquite é outra, acham que asma 
é uma doença grave e bronquite não, e isso a 
gente vê não só em pessoas com níveis 
socioeconômicos baixos, mas também nos altos 
O QUE É ASMA? 
 Doença heterogênea, usualmente acompanhada de 
inflamação crônica, caracterizada por 
hiperresponsividade das vias aéreas inferiores e por 
limitação variável ao fluxo aéreo, reversível 
espontaneamente ou com tratamento, manifestando-se 
clinicamente por episódios recorrentes de sibilância, 
dispnéia, aperto no peito e tosse, particularmente à 
noite e pela manhã ao despertar, são os horários que 
normalmente tem exacerbação da crise.” 
 Então ela é variável, vai depender do grau de 
comprometimento da VA inferior. 
CARACTERÍSTICAS DA ASMA 
 
 Inflamação das vias aéreas 
 Hiper-reatividade brônquica 
 Hipersecreção de muco 
 Essas três características vão estar todas ligadas a uma só 
situação. Semelhante a que mostramos na bronquiolite, 
um bronquíolo normal e um bronquíolo do asmático, que 
é igual o bronquíolo da bronquiolite, só o mecanismo 
que é diferente. 
 
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 Aqui nós temos o mecanismo de alergia, que vai através 
da IgE fazer a liberação dos mediadores inflamatórios e 
na bronquiolite é o mesmo mecanismo, mas o fator 
desencadeante na bronquiolite vai ser o vírus, e na asma 
é o antígeno alérgeno. 
 Então a gente tem como Agudização o principal fator 
fisiotagênico = ao PROCESSO INFLAMATÓRIO. Esse 
processo inflamatório vai fazer: 
o Contração da musculatura lisa brônquica; 
diminuindo o calibre da VA 
o Hipersecreção glandular; maior quantidade de 
muco 
o Liberação de mediadores inflamatórios; 
o Os mediadores inflamatórios vão Recrutamento 
de células inflamatórias para árvore brônquica. 
Isso vai perpetuar essa contração da 
musculatura, hipersecreção de muco, a 
diminuição do movimento ciliar, para manter 
esse processo inflamatório por um tempo 
maior. 
ETIOPATOGENIA 
O QUE LEVA AO PROCESSO INFLAMATÓRIO? 
 Nós temos fatores endógenos e exógenos (ambientais). 
Como fatores endógenos, os 
principais são: 
 Predisposição genética 
 Atopia. Ou seja, tem um fator familiar 
existente, é uma família que tem asma, 
dermatite de contato; quando tem mais de 
um caso na família. 
 Atopia associada. A gente fala que quando 
tem asma tem outras patologias com ‘’ite’’, 
rinite, dermatite, sinusite. 
 Hiperreatividade das vias aéreas 
 Sexo. Não tem tanta importância 
 Etnia? Não tem tanta importância 
 Obesidade?Discutida. Acredita-se que tem 
um fator associado, até por conta da 
restrição da caixa torácica, visto que se 
você já tem tendência ao broncoespasmo 
você vai ter mais tendência por restrição da 
caixa torácica 
 Infecções virais no início da vida? É sobre o 
que falamos na aula anterior, em que o 
paciente que teve bronquiolite tem mais 
tendência a ter broncoespasmo, então 
paciente atópico, que já tem tendência a 
ter asma pode desenvolver uma asma mais 
cedo se ele já teve bronquiolite nos 
primeiros meses de vida. Acredita-se nisso, 
mas não existe comprovação 
cientificamente, porém comprova-se isso 
na pratica. 
FATORES EXÓGENOS OU 
AMBIENTAIS: 
 Alérgenos 
 Sensibilizadores ocupacionais 
 Tabagismo passivo 
 Infecções respiratórias 
OUTROS FATORES: 
 Nos outros fatores entram o tratamento 
inadequado 
 Exposição da criança precocemente na 
creche 
 Vários outros fatores que desencadeiem a 
asma mais cedo fazendo com que ela se 
perpetue 
FATORES PRECIPITANTES 
NOS FATORES PRECIPTANTES NOS TEMOS: 
 Aeroalérgenos: fungos, baratas, ácaros, alérgenos 
animais 
 Infecções virais 
 Exercícios / hiperventilação 
 Ar frio 
 Irritantes / poluentes 
 Estresse 
 Drogas (beta bloqueador; aspirina e antibióticos) 
FISIOPATOGÊNIA 
 
 
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 Aqui nós temos um esquema. Em que há ativação pelo 
alérgeno, que vai desencadear a formação de 
mediadores inflamatórios, produção de muco, edema , 
ativação sensorial colinérgicos fazendo 
broncoconstricção, os mediadores entram dentro da 
célula e vão manter isso ativo até intervir com a 
medicação e fazer o bloqueio do processo todo. 
FENÓTIPOS DE ASMA 
 
QUADRO CLÍNICO 
 Principais sintomas: Tosse seca – Desconforto 
respiratório – Tiragem intercostal e SC e batimentos de 
asas do nariz 
 Taquipnéia – taquicardia – Se já tiver em falência 
respiratória a bradicardia 
 Alteração nível de consciência. No início ele está agitado, 
pois como ele está hiperventilando tem aumento do 
nível de CO2 e por isso a agitação; e no caos mais grave o 
paciente vai ter uma hipóxia importante com depressão 
do nível de consciência. 
 Acidose - devido a hipóxia grave – PH baixo – 
 No início vai ter uma paO2> 60 mmHg – paCO2 normal 
ou aumentada e depois já vai ter uma PaO2<60mmhg e 
PaCO2 muito aumentado 
 Fadiga. Primeiro ele tenta compensar o quadro fazendo 
uma hiperventilação, depois ele vai cansar e entrarem 
fadiga. 
 MV no início diminuído com presença de sibilos, que 
inicialmente são Expiratórios e no quadro mais grave ele 
apresenta sibilos INSpiratório e Expiratório; na asma 
muito grave vai ter o MV ausente, isso porque o calibre 
do bronquíolo está tão pequeno que não entra mais ar. 
 Quando já está muito cansado não consegue completar 
uma frase em uma respiração 
CLASSIFICAÇÃO DA INTENSIDADE DA CRISE 
AGUDA DA ASMA 
 
Classificação da Intensidade da Crise Aguda da Asma 
 Leve a 
moderada 
Grave Muito 
grave 
Dispnéia Ausente ou 
leve, fala 
frases 
completas, 
deambula 
Moderada, 
fala frases 
incompletas, 
dificuldade 
de se 
alimentar 
Fala frases 
curtas, 
posição 
semi-
sentada 
Consciência Normal Excitado Deprimida 
FR Aumentada Aumentada Aumentada 
 
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Musculatura 
acessória 
Leve ou 
nenhuma 
retração 
Moderada 
retração 
Retração 
intensa ou 
em declínio 
Ausculta Sibilos no 
final da 
expiração 
Sibilos ins e 
expiratórios 
MV 
inaudível 
Sat O2 (ar 
ambiente) 
95% 91 a 94% ≤ 90% 
Pa O2 (ar 
ambiente) 
Normal ± 60%mmHg <60%mmHg 
Pa CO2 (ar 
ambiente) 
40%mmHg 40%mmHg >40%mmHg 
DIAGNÓSTICO 
 História familiar; 
 História pessoal; 
 Exposição a alérgenos ou irritantes químicos; 
 Associação com mudança de tempo; É muito comum, em 
que os asmáticos dois dias antas já sabem que o clima vai 
mudar 
 Suspensão do uso de medicação profilática; é quando ele 
ta acha que está bem e para de usar o medicamento 
 Exame físico. 
APRESENTAÇÃO EM MENORES DE 5 ANOS. 
COMO ELA APARECE NA PRÁTICA MÉDICA? 
A mãe chega e fala a frase ‘’Meu filho tem bronquite. Ele fica 
quase sempre chiando. Doutor, não sei mais o que fazer… O 
senhor é a minha salvação.” 
CARACTERÍSTICAS ANATÔMICAS E FUNCIONAIS 
QUE PREDISPÕEM O LACTENTE À SIBILÂNCIA 
O LEVA O PACIENTE A TER SIBILÂNCIA? Mesma coisa que a 
gente falou na bronquiolite. 
 Vias aéreas de pequeno calibre. 
 Resistência maior nas vias aéreas periféricas. 
 Sustentação das vias aéreas menos rígidas. 
 Caixa torácica menos complacente. 
 Pobreza de poros de Khon e canais de Lambert. 
 Diafragma mais horizontalizado. 
 Maior resistência nasal. 
Então isso tudo são fatores que dificultam a passagem de ar, 
e ainda tem o broncoespasmo que piora. 
SÍNDROME DO LACTENTE SIBILANTE 
ABORDAGEM PRÁTICA: 
 Na abordagem prática afinar a linguagem (comunicação) 
com a mãe. Normalmente ela chega falando que a 
criança está sempre chiando, ou gripada. Então a gente 
tem que afinar essa conversa pra saber o que é essa 
gripe, o que é esse chiado. 
 Caracterizar se essa criança realmente tem crise e qual o 
intervalo 
 Pesquisar a possibilidade outras causas de sibilância 
(uma cardiopatia, refluxo, outra doença pulmonar 
crônica) 
 Observar se a dificuldade respiratória é alta ou baixa 
 Avaliar risco para asma. Ver os fatores que podem levar 
ela realmente a ter asma 
ÍNDICE CLÍNICO PARA O DIAGNÓSTICO DE ASMA 
NO LACTENTE 
 Nós temos critérios nos lactentes (que são as crianças < 2 
anos) para avaliar se ele realmente tem diagnóstico de 
asma. Temos os critérios maiores e os menores. 
Critérios Maiores: 
 Um dos pais com asma 
 Diagnóstico de dermatite atópica 
Critérios Menores: 
 Diagnóstico médico de rinite alérgica 
 Sibilância não associada a viroses 
respiratórias 
 Eosinofilia maior ou igual a 4%, sem 
verminose. A gente sabe que eosinofilo é 
mediador inflamatório nos quadros de 
alergia, estando presente nos mesmo. 
 
 Tendo um desses critérios e excluindo os diagnósticos 
diferencias pode-se definir como asma. 
 
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III CONSENSO PEDIÁTRICO INTERNACIONAL DE 
ASMA 
DEFINIÇÃO DE ASMA NO LACTENTE OU PRÉ-
ESCOLAR 
“Sibilância recorrente e/ou tosse persistente, em uma 
situação na qual a asma é provável e outras doenças 
frequentes foram excluídas. ” 
 Na asma não existe o diagnóstico com exames 
complementares, é um diagnóstico de exclusão. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
NA CRIANÇA MAIOR DE 5 ANOS 
 Na criança maior é mais fácil, pois ela vai te falar os 
sintomas que ela sente. 
 SINTOMAS: 
o TOSSE 
o DOR NO PEITO 
o FALTA DE AR E CANSAÇO 
o Ela fala que não consegue respirar porque o ar 
para. 
o Normalmente na criança maior ela tem um 
broncoespasmo que impede de fazer atividade 
física, esforço, jogar bola, correr, bicicleta. 
ANAMNESE E EXAME FÍSICO 
COMO A GENTE VAI FAZER O DIAGNÓSTICO? 
HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL (HDA). 
 A gente vai ver que tem situações que levam a: 
o Hiperreatividade 
o Obstrução reversível 
o Inflamação 
HISTORIA DA PESSOA: 
 Feito o diagnóstico, avalia a gravidade vendo a historia 
da pessoa, se tem atopia se não tem para ver como vai 
tratar. 
 Pesquisar outras causas de sibilância. Se tiver outra causa 
você tira essa outra causa, e se não tiver, você trata a 
asma. 
Anamnese e Exame Físico
História da doença atual (HDA).
- Hiperreatividade
- Obstrução reversível
- Inflamação
 História da pessoa.
DIAGNÓSTICO
AVALIAÇÃO DA GRAVIDADE
ATOPIA ? 
PESQUISAR OUTRAS CAUSAS DE SIBILÂNCIA
 
EXEMPLOS TOPOGRAFICOS DE ECZEMAS NO 
LACTENTE 
 Os locais mais comuns de eczema atópico são nas áreas 
de dobras e face. 
 
 
 
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 Nessa imagem abaixo vemos uma criança mais grave, ela 
tem afundamento de esterno e baqueteamento digital, 
com um desconforto crônico e uma dificuldade 
respiratória crônica: 
 
 
DIANGÓSTICO DIFERENCIAL 
Nem tudo o que reluz é ouro… Nem tudo o que sibila é 
asma! 
 
 Então você tem alguns critérios, você afastou, vai 
classificar como asmas e vai tratar. Depois vai reavaliar 
quando vê o resultado. Antes disso você vai fazer um 
teste terapêutico pra você ver se realmente encaixa, que 
é a espirometria. 
DIAGNÓSTICO 
 Radiografia de tórax. Para ver se tem outras anomalias, 
aumento de área cardíaca, infecção... 
 Teste terapêutico. Vai fazer um broncodilatador e ver se 
vai melhor o broncoespasmo 
 Espirometria com prova BD 
 Testes para atopia: cutâneos, IgE total e específica. São 
teste que não são feitos por pediatras e devem ser feitos 
acima de 2 anos. 
EXAME DE IMAGEM NA ASMA 
 Tem um raio-x hiperinsuflado 
 A parte pulmonar fica mais preta 
 Tem normalmente infiltrados perihilares 
 Tem rebaixamento de diafragma 
 Aumento de arcos costais 
 Aumento da caixa torácica com retificação dos arcos 
costais 
 
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 Pode ter atelectasia como na imagem acima do lado 
direito, no lobo superior direito. As vezes o 
broncoespasmo é muito intenso, então quando a criança 
expira o alvéolo colaba, aí faz atelectasia. 
TERAPEUTICO 
 Abaixo temos as bombinhas 
Peak Flow
 
 O ideal na suspeita clínica é fazer a espirometria (é um 
texto que a gente faz a prova brocodilatadora). Se der 
positiva FAZ DIAGNÓSTICO DE ASMA 
 Se der negativa FAZ O TESTE DE BRONCOPROVOCAÇÃO, 
se deu positiva É ASMA. Você vai avaliar o paciente. 
 
 
QUANDO VOCE CONSIDERA A PROVA 
BRONCODILATADORA POSITVA? 
 Quando o volume de expiração forçado (VEF) aumenta 
200ml ou 12%. 
 A espirometria é quando num aparelhinho o paciente vai 
soprar e fazer uma expiração forçada, depois você vai 
dar o broncodilatador pra ele, e quando ele fizer a 
expiração forçada ele vai conseguir com um volume 
maior, vai fazer uma broncodilatação. 
 Então se ele não conseguiu, ou conseguiu um mesmo 
valor, você vai fazer um teste de broncoprovocação, 
vendo se ele reage fazendo broncoespasmo e vai fazer 
de novo o teste. 
 Quandotiver asma a gente vai tratar 
 
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OBJETIVOS DO TRATAMENTO 
 Nos temos vários objetivos, um deles é o controle do 
sintoma na fase aguda 
 Diminuir o risco das exacerbações da crise 
 Evitar os efeitos colaterais das drogas, e um dos 
principais medicamentos usados são os corticóides 
 Evitar o remodelamento brônquico. Pois se você deixa o 
asmático sempre em crise, ele vai fazer o 
remodelamento brônquico e lesão do brônquio 
permanente, ficando com um pulmão com seqüelas. 
PASSOS DO TRATAMENTO DE MANUTENÇÃO 
 Controle ambiental 
 Anti-inflamação 
 Desobstrução dos brônquios 
 Reabilitação 
 Prevenção de complicações 
 Então a gente tem uma gama de etapas nesse 
tratamento 
TRATAMENTO DA ASMA 
O tratamento é multidisciplinar, precisamos de uma equipe 
junto nesse tratamento. 
TRATAMENTO NÃO MEDICAMENTOSO: 
 
 O paciente vai precisar de um tto ambulatorial, suporte 
hospitalar nas crises, mudar os hábitos de vida, mudar o 
ambiente em que vive, e isso tudo a gente consegue com 
EDUCAÇÃO. 
 A educação do paciente é parte fundamental da 
terapêutica da asma e deve integrar todas as fases do 
atendimento ambulatorial e hospitalar. 
 Levar em conta aspectos culturais e abranger aspectos 
de conhecimento da doença, incluindo medidas para 
redução da exposição aos fatores desencadeantes, e 
adoção de plano de autocuidado baseado na 
identificação precoce dos sintomas. 
 Redução da exposição a fatores desencadeantes, 
incluindo alérgenos/irritantes respiratórios (tabagismo) e 
medicamentos. 
 O acompanhamento desse paciente vai ser agendar a 
reconsulta conforme a gravidade, e não só quanto a 
gravidade do broncoespasmo, mas quanto a gravidade 
global desse paciente, sendo um paciente que interage 
melhor, se o cuidador compreende melhor, se as 
condições dele são mais favoráveis, e se for melhor pode 
prolongar mais a consulta, se não for temos que 
acompanhar mais de perto. 
QUANDO A GENTE VAI COMEÇAR REALMENTE O 
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO? 
 Uso continuado de medicamento com ação 
antiinflamatória, e o que a gente usa PRIMEIRO SÃO OS 
CORTICOIDES INALATÓRIOS. Isso porque a via inalatória 
é a preferida, pois tem menos risco de efeitos colaterais, 
visto que a gente usa em doses mais baixas e a absorção 
da dose inalatoria que a gente usa é muito pequena a 
nível sistêmico. 
 MEDICAMENTOS DE ALÍVIO: são os medicamentos com 
efeito BRONCODILATADOR. 
 E as doses? Quais serão? Depende, a gente primeiro 
começa com uma dose padrão e vai ajustar de acordo 
com o quadro clinico de cada paciente. 
A CONDUTA INICIAL DE PACIENTES SEM 
TRATAMENTO PRÉVIO 
 Devemos considerar a gravidade da doença, em que a 
gente tem o padronizado pelo guideline, e veremos 
então a classificação. 
 Pela gravidade a gente vai classificar em: 
o Asma intermitente 
o Asma persistente leve 
o Asma persistente moderada 
o Asma persistente grave 
 Baseado na classificação a gente trata 
ASMA INTERMITENTE: 
 O tratamento medicamentoso é de alívio imediato 
dos eventuais sintomas decorrentes de obstrução. 
 
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 Se o paciente tiver uma crise eventual: faz um 
broncodilatador inalatório de ação curta. 
Tratamento 
medicamentoso 
ALÍVIO 
Crise B2CA inalatório 
 
ASMA PERSISTENTE: 
 O tratamento medicamentoso volta-se para a 
supressão da inflamação 
 Uso contínuo de corticóide inalatório de ação 
antiinflamatória 
 Se entrar em crise: fazer um broncodilatador de ação 
Curta (só durante as crises, no processo agudo). 
 Se tiver exacerbações graves ou moderadas: além do 
broncodilatador de ação curta e o corticóide 
inalatório a gente usa durante a crise o corticóide 
sistêmico também 
Tratamento 
medicamentoso 
SUPRIMIR INFLAMAÇÃO 
Uso contínuo CORTICÓIDE INALATÓRIO 
Crise B2CA 
Exacerbação moderada a 
grave 
B2CA + CORTICÓIDE 
INALATÓRIO + CORTICÓIDE 
SISTÊMICO 
 
TRATAMENTO DE MANUTENÇÃO: 
 A asma é dita controlada quando todos os seguintes 
itens são observados: 
o – Não há sintomas diários (ou dois ou 
menos/semana). 
o – Não há limitações para atividades diárias 
(inclusive exercícios) 
o – Não há sintomas noturnos ou despertares 
decorrentes de asma. 
o – Não há necessidade de uso de 
medicamentos de alívio. 
o – A função pulmonar (VEF1) é normal ou 
quase normal. 
o – Não ocorrem exacerbações. 
 
 O controle é avaliado a cada retorno do paciente. 
 
ARSENAL TERAPÊUTICO 
 
 Corticóide inalatório 
 Corticóide sistêmico 
 Agonistas beta-2 adrenérgicos de longa ação (B2LA): 
terbutalina, bambuteral, formoterol, salmeterol 
 Agonistas beta-2 adrenégicos de curta ação (B2CA): 
salbutamol, fenoterol e terbutalina. 
 Anticolinérgicos inalatórios: O brometo de ipratrópio 
associado ao beta-2 agonista de curta duração ou em sua 
substituição. 
 Inibidores do leucotrieno (montelucaste) 
 Cromonas: cromoglicato de sódio 
 Imunoterapia específica 
 Omalizumabe (anticorpo monoclonal anti IgE) 
 
AVALIAÇÃO DO CONTROLE DA ASMA 
 Aqui imagem tirado do guideline 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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TIPOS E DOSES DOS CORTICÓIDES INALATÓRIOS 
 Os que a gente mais usa são a budesonida e o 
fluticazona. 
MDI: INALADOR DOSIMETRADO 
 São os mais usados 
 Na criança maior a gente usa direto na boca 
 Nas crianças menores usamos com espaçador 
 
NEBULIZADORES 
 Nos nebulizadores, lembrando que a gente tem tanto os 
anticolinérgicos como os broncodiladores de ação curta 
(aerolin-salbutamol), que a gente tem pra fazer com 
inalação. 
 Lembrar que a gente tem que usar um corticóide 
também, como clenil, lembrar que tem que fazer com o 
nebulizador de compressor. O nebulizador ultrassonico, 
aquele bonitinho que as mãe gostam e o bebê não chora, 
não serve, pois a partícula não chega no pulmão. A 
nebulização efetiva é com o baratinho, o que faz barulho. 
SEGUIMENTO 
 
 A gente vai avaliar no seguimento os sintomas, as 
exacerbações, os efeitos colaterais, a satisfação do 
paciente e a função pulmonar. Então você vai ver se ele 
ficou com ou sem sintomas, se teve exacerbação na 
crise... 
 Vai avaliar se acertou o diagnóstico, se resolveu o 
broncoespasmo, o controle dos sintomas e fatores de 
risco, incluindo se ele fez a profilaxia dos fatores de risco 
que estava causando, a técnica inalatoria e a adesão, a 
preferência de acordo com as opções medicamentosas 
que você deu a ele, se sentiu-se melhor com a opção 
inalatoria ou spray. 
 Vai ver as medicações, as estratégias não farmacológicas, 
o que ele fez ou não no tto não farmacológico, tratar os 
fatores de risco modificáveis e ajustar o tto e a resposta. 
PASSOS ANTES DE QUESTIONAR SE A ASMA É 
GRAVE 
 Fazer o seguimento, para avaliar se a asma é grave ou 
não. 
 Ver se ele não melhorou porque fez o tratamento 
inalatorio incorreto. 
 Se o problema é com a adesão do tratamento, em que 
ele não fez o que foi prescrito. 
 Ou se ele continuou exposto aos agentes precipitantes, 
porque não adianta você tratar, e os fatores 
desencadeantes estarem todos presentes. 
 Ou se ele teve alguma comorbidade que agravou. 
 Ou ele pode ter outro diagnóstico. 
 
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MANEJO DAS EXACERBAÇÕES NOS SERVIÇOS DE 
URGÊNCIA 
MANEJO DA CRISE AGUDA 
 Chegou o paciente na emergência, o que a gente fará 
inicialmente é a avaliação inicial. 
 Avaliação inicial: FC e FR, uso musculatura acessória, cor 
do paciente, cianose, nível de consciência, saturação de 
O2, ausculta respiratória. Isso é o que a gente vai ser 
para avaliar se ele tem umaasma leve à moderada ou 
grave. 
1. PRIMEIRA COISA A SE FAZER: 
 
 NBZ com ß2 agonista – fenoterol + brometo de ipatrópio 
de 20/20 minutos por 1 hora ou Salbutamol inalatório 
(inalador pressurizado acoplado a espaçador, valvulado 
ou não valvulado) 
 Então a gente vai fazer 3 NBZ com berotec e atrovent, 
em um intervalo de 20min ou o salbutamol inalatório 
com inalador pressurizado. 
 Depois que fizer as 3 NBZ você vai reavaliar o paciente 
depois desse período. 
 SE NÃO MELHOROU VAI PRO SECUNDO PASSO: 
2. SECUNDO PASSO: 
 Fazer corticóide sistêmico. No PS pode usá-lo oral ou 
venoso. Os guidelines dizem que a ação de VO ou EV é 
igual. Em asma leva a moderada faz a corticóide VO e o 
que a gente costuma usar VO é a prednisolona. 
 
 Em asma grave ele não vai conseguir alimentar então 
você hidrata e faz corticóide EV. Normalmente o 
corticóide EV é a metilprednisolona nos serviços 
particulares e no SUS a hidrocortisona. A 
metilprednisolona é baixa potencia então menos efeito 
colateral, porém é cara. 
 Outras coisas que se pode usar: 
o Sulfato de magnésio: normalmente quase não 
vê usar no serviço de urgência, mais usado na 
UTI, pois tem risco de depressão respiratória, 
por isso tem médicos que não usam, e em 
hospital que não tem UTI nem se usa. Indicado 
nas exacerbações muito graves, sem resposta 
ao tratamento usual. Quando favorável, a 
resposta terapêutica ocorre em 1-2 h após a 
infusão. Pode ser considerada uma terapêutica 
segura. Seus principais efeitos adversos são 
rubor cutâneo e náuseas, geralmente durante a 
infusão. Fraqueza, arreflexia e depressão 
respiratória podem potencialmente ocorrer, 
mas com níveis séricos da droga muito elevados 
(> 12 mg/dL). 
o Salbutamol venoso: quando a gente tem que 
fazer alguma droga endovenosa a gente usa o 
salbutamol em infusão continua, e não a 
aminofilina. 
o Aminofilina: em criança a gente não usa 
 
 Se a oximetria de pulso manteve-se SaO2 <92 depois que 
você fez o inalatorio, corticóide e não melhorou, você vai 
repetir a nebulização de 20 em 20min. Melhorou? 
Manda pra casa com NBZ com b2 agonista. Não 
melhorou? Então interna. 
 Então, fez o primeiro esquema, repetiu a avaliação, 
melhorou = manda embora pra casa. 
 Se não melhorou, repete a NBZ mais 1h dividida em 3 
vezes de 20 em 20min e faz o corticóide. Fez o corticóide, 
avalia de novo, se melhorou = manda embora pra casa 
com NBZ ou com corticóide 
 Se não melhorou = internação 
 OBS: A NEBULIZAÇÃO SEMPRE TEM QUE SER FEITA 
COM SORO FISIOLOGICO, EM HIPÓTESE ALGUMA PODE 
SER FEITA COM AGUA DESTILADA. A AGUA DESTILADA 
PODE AGRAVAR O BRONCOESPASMO E LESAR A 
MUCOSA E PODE LEVAR ATÉ A ÓBITO. 
 
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AULA 4 (P1) – SAÚDE DA CRIANÇA II 
MARIA ESTER VIEIRA CURTY BERNARDO 
02/03/2020 
 
 
 
Manejo das exacerbações nos serviços de 
urgência 
 Repetir avaliação inicial
 Melhora clínica Piora ou manutenção quadro clínico
Alta com NBZ com ß2 corticóide + NBZ 20/20 minutos 1 H
agonista
Avaliar uso corticóide reavaliar
melhora sem melhora
Internar
 
MANEJO DAS EXACERBAÇÕES NOS SERVIÇOS DE 
URGÊNCIA 
TRATAMENTO NA UNIDADE DE INTERNAÇÃO 
 As medidas terapêuticas gerais e o suporte 
farmacológico utilizado são os mesmos que os 
recomendados para o ambiente do serviço de pronto 
atendimento. O tratamento na unidade de internação 
deve ser considerado como uma oportunidade para 
revisar com o paciente (avaliar se as medidas estão 
sendo feitas em casa com familiares e responsáveis no 
caso das crianças) os potenciais fatores desencadeantes 
da exacerbação, os aspectos relacionados ao controle 
ambiental e os hábitos de vida (aqui incluído o tabagismo 
passivo e ativo), assim como corrigir e revisar o plano 
terapêutico e estabelecer um plano de ação baseado em 
uma correta orientação quanto à piora dos sintomas ou 
dos testes funcionais. 
 Vão ser mantidas as nebulizações com um intervalo mais 
curto de tempo, fisioterapia respiratória e avaliar. 
 Vai fazer hidratação com corticóide venoso e vai avaliar 
se tem a necessidade da terapia intensiva. 
 QUAIS SÃO OS CRÍTERIOS DE INDICAÇÃO DE TERAPIA 
INTENSIVA PARA ESSA CRINAÇA? 
o Se ela tem hipercapnia, acidose (ph<7.30) ou 
hipóxia 
o Níveis elevados de lactato sérico 
o Hipotensão arterial ou arritmias cardíacas 
graves 
o Persistência dos sinais e sintomas de gravidade 
(sonolência, confusão mental, exaustão, 
cianose, silêncio respiratório ou PFE < 30% do 
valor previsto) a despeito do tratamento 
adequado 
o Necessidade de monitorização acurada em 
função da gravidade da doença ou do 
tratamento a ser utilizado (infusões 
intravenosas com doses elevadas de β2 -
agonistas, infusões intravenosas de quetamina, 
uso de misturas gasosas hélio-oxigênio e 
utilização de suporte ventilatório não invasivo 
ou invasivo) 
o Parada cardiorrespiratória. 
o Então, um paciente mais grave precisa de uma 
unidade de terapia intensiva. 
 
ABAIXO TEM UM QUADRO COM TODAS AS DROGAS QUE 
SÃO USADAS 
 
 Salbutamol gotas 
 Salbutamol spray 
 Salbutamol injetável 
 Todas as drogas que a gente usa pra asmas e as doses 
 OBS.: não é preciso decorar, tem no Black book. 
→Gire a folha  
 
 
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MARIA ESTER VIEIRA CURTY BERNARDO 
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PNEUMONIA 
DEFINIÇÃO 
 Pneumonia é a inflamação do parênquima pulmonar 
causada, quase sempre, por agentes infecciosos, que 
comprometem o trato respiratório inferior, geralmente 
agudos, que podem comprometer os alvéolos, os 
bronquíolos e o espaço intersticial. O quadro clínico é 
semelhante, independente do agente etiológico – tosse, 
febre e dificuldade respiratória. 
 A maioria das crianças tem de 4 a 6 infecções 
respiratórias agudas (IRA) por ano, sendo normal e não 
quer dizer que a criança tenha baixa imunidade. Destas 
3% evoluem com pneumonia. 
 Patologia com alto índice de morbidade e mortalidade. 
 Corresponde a cerca de 20% dos óbitos em menores de 5 
anos. (A mortalidade infantil a gente sabe que é de na 
criança com 28 dias a 5 anos). 
ETIOLOGIA 
 A gente tem os agentes etiológicos mais comuns e 
variam de acordo com a idade. 
 O mais comum no nosso meio é o sincicial respiratório 
seguido da clamídia 
 
FATORES MAIS ASSOCIADOS A PNM 
 Doenças respiratórias e cardíacas 
 Imunodeficiência. A criança que realmente tem 
imunodeficiência no primeiro ano de vida tem 
pneumonias respiratórias de repetição. 
 Aglomeração (shopping, creches) 
 Baixa cobertura vacinal. 
 Baixo nível socioeconômico. 
 Baixo peso ao nascer. 
 Desmame precoce. 
 Elevado número de crianças abaixo de 5 anos na família. 
 Dificuldade de assistência médica. 
 Tabagismo domiciliar. 
 Lactente <6 meses, que também tem a imunidade mais 
baixa, normalmente é o período que tem o desmame de 
6 a 9m, teoricamente, mesmo que mamou no peito até 
9m ele fica mais exposto nesse período. 
FATORES DE RISCO PARA MORBIDADE EM 
MENORES DE 2 ANOS 
 Lactente menor de 9 meses; 
 Residência com aglomerado de pessoas, pouca 
escolaridade e pai ausente; 
 Mãe com menos de 20 anos; 
 Início precoce creche; 
 Baixo peso ao nascer; 
 Refluxo gastroesofágico; 
 Desnutrição; 
 Desmame precoce; 
 Doenças pulmonares preexistentes; 
 Doenças neurológicas; 
 Imunodeficiências congênitas ou adquiridas 
ASPECTOS CLÍNICOS 
 Estado Geral: irritabilidade, cefaléia, inapetência, 
vômitos, dor abdominal (15%). (a dor abdominal é muito 
freqüente por irritação do diafragma) 
 Tosse 
 Febre 
 Taquipnéia: relacionada a gravidade e hipoxemia 
 Tiragem Subcostal/Intercostal e batimento de aletas 
nasais BAN( principalmente nos <1a) 
 EF: estertores crepitações e MV diminuído 
 A suspeita clínica é a tríade: taquipnéia, tosse e febre. 
 
 
 
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MARIA ESTER VIEIRACURTY BERNARDO 
02/03/2020 
 
 
 
 Acima um quadro para considerar taquipnéia de acordo 
com as faixas etárias. Leva-se em conta a freqüência 
respiratória 
 DEVE-SE SABER O QUADRO ACIMA 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS QUE AUXILIAM NO 
DIAGNÓSTICO 
 Haemófilos: evolução arrastada, associado normalmente 
a otite e sinusite. 
 Estafilococo: início agudo, com febre alta e persistente, a 
criança chega toxemia, anemia, presença de impetigo ou 
abscesso, processo pneumônico extenso com 
complicações mais frequentes (pneumatocele, abscesso 
e derrame pleural). Normalmente, chega com algum 
impetigo, abcesso, alguma infecção estafilocócica 
externa, ligada a pele. 
 Mycoplasma ou Chlamydia pneumoniae: tosse 
importante, normalmente acometendo vários indivíduos 
na mesma família, quadro arrastado, acompanhado de 
cefaleia, miringite bolhosa, e exantema. 
 Vírus: exantema, conjuntivite, faringite, mialgia e pode 
ter acometimento de outras pessoas na família, da escola 
e da creche. Ficar atento também ao sarampo, que está 
emergindo novamente. 
 Chlamydia trachomatis: síndrome da pneumonia afebril 
do lactente (idade entre 1 e 3 meses), tosse importante 
(pode ser paroxística). Pode confundir com a 
bronquiolite, só que tem uma história perinatal de 
vulvovaginite materna, parto normal, conjuntivite 
neonatal e hemograma eosinofilia no sangue periférico. 
 Já na coqueluche tem uma leucocitose importante. 
AS IMAGENS VARIAM DE ACORDO COM O AGENTE 
ETIOLÓGICO E GRAVIDADE DA DOENÇA. 
 As imagens são diferentes nesses quadros, ou seja, elas 
diferem umas das outras. 
 Aqui todos os dois Raio-x de tórax são normais 
 O primeiro raio x praticamente é igual do adulto 
 E no secundo, se fosse de um adulto a gente ia achar que 
tinha algo na direita. Essa imagem no lobo superior a 
direita é o que chamamos de barco a vela, que é o timo 
da criança, ou seja, imagem normal. 
 Lembrar de ter cuidado, pois como na criança não tem 
como falar ‘’enche o peito de ar e segura’’, então as 
vezes quando bate o olho no raio x tem a impressão que 
a área cardíaca está aumentada, aí tem que contar os 
arcos costais. 
 
 
 
 Na figura abaixo um raio x apresentando infiltrado 
intersticial 
 Pode-se ver um raio x ‘’sujo’’, uma trama aumentada nos 
dois pulmões, que é mais comum no raio x de 
bronquiolite, pneumonia viral, clamídia e mycoplasma. 
 Ou seja, abaixo é um raio x comum de pneumonia viral e 
atípica. 
 
 Abaixo um raio x com pneumonia lobar 
 A pnm lobar é mais comum por pneumococos e 
haemofilos 
 
 
 
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AULA 4 (P1) – SAÚDE DA CRIANÇA II 
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 Abaixo raio x com derrame pleural 
 Pode ser tanto por pneumococo como por estafilococos 
 Como saber se é uma pnm por pneumo ou estafilo? O 
quadro clínico é diferente. 
 
 Abaixo imagem com Pneumatocele 
 
PNEUMONIAS BACTERIANAS – PNEUMONIA 
PNEUMOCÓCICA 
 Nós iremos falar de cada pneumonia separadamente 
 A pnm pneumocócica é a mais comum da criança 
 A idade prevalente dela é 6m a 5a 
 É a maior causa de bacteremia, pnm e otite media aguda 
 2ª maior causa de meningite bacteriana (a primeira é o 
meningococo) 
 Prevalência: 6 meses a 5 anos – principalmente nas 
crianças com baixa resistência imunogênica aos 
polissacarídeos dos germes capsulados. 
 Quais são as crianças com baixa resistência imunogênica 
aos polissacarídeos dos germes capsulados? 
o São os portadores de: 
o Anemia falciforme; 
o Asplenia (não tem o baço, pode nascer sem o 
baço) ou esplenectomia; 
o Imunodeficiências congênitas ou adquiridas; 
o Cardiopatias; 
o Doença pulmonar crônica. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: 
 Inicia com sintomas inespecíficos de IVAS. 
 Variam de acordo com a faixa etária 
 LACTENTES: inicia com sintomas de infecção do trato 
respiratório superior, seguida de febre alta, tosse 
produtiva, gemência, taquicardia, taquipnéia, tiragem 
intercostal, subcostal e batimento de aletas nasais, 
distensão abdominal. 
 CRIANÇAS E ADOLESCENTES: Vai ter febre alta, calafrios, 
dor torácica, tosse, taquipnéia, tiragem intercostal e 
subcostal; murmúrio vesicular diminuído com estertores 
creptantes, sopro tubário e MV abolido em caso de 
derrame pleural. 
EXAMES COMPLEMENTARES: 
 Hemograma: leucocitose com predomínio de 
polimorfonucleares; normalmente não tem anemia, ou 
discreta. 
 Hemocultura: 30% positividade (baixa) 
 Cultura líquido pleural: 50% de positividade 
 Vamos pedir outros de acordo com quadro clinico: 
gasometria, eletrólitos. 
EXAMES RADIOLÓGICOS: 
 Aspecto de pneumonia lobar: hepatização 
 Derrame pleural: pode estar presente 
 Imagem radiológica pode persiste por semanas, portanto 
não tem valor para controle de cura, sendo pertinente 
pedir então para controle de piora. 
 Tomografia: reservada para casos graves e duvidosos. Se 
não tiver dúvida não tem indicação de TC. 
TRATAMENTO AMBULATORIAL 
 Na maioria das vezes é uma pnm em criança hígida, por 
isso sem necessidade de internação hospitalar. 
 Medidas de suporte: tratar a febre, alimentação e 
hidratação; 
 Antibioticoterapia: penicilina procaína ou amoxacilina 
por 7 a 10 dias; 
 Orienta sobre sinais de piora e necessidade de retorno 
imediato à Unidade de Saúde; 
 Marcar retorno em 48 horas; 
TRATAMENTO HOSPITALAR 
 Penicilina cristalina por 10 a 14 dias; 
 Em caso de resistência bacteriana: ceftriaxone, 
vancomicina ou cloranfenicol. 
PNEUMONIAS BACTERIANAS – PNEUMONIA 
ESTAFILOCÓCICA 
STAPHILOCOCCUS AUREUS 
 A pnm por stafilo é causa de infecção grave, início súbito 
e evolução rápida. 
 Alta morbidade e mortalidade. 
 
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 Baixa incidência em crianças hígidas. 
PREVALÊNCIA: 
 Pode ocorrer em qualquer idade; 
 Maior incidência em menores de um ano <1 ano, sendo 
30% em menores de 3 meses. 
FATORES DE RISCO: 
 Pode acontecer nas crianças hígidas e nelas sempre tem 
um fator associado, como Furunculose e doenças 
dermatológicas; 
 Internação recente; 
 Lesões pós traumáticas. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: 
 Normalmente se inicia após infecção de pele ou com 
sintomas inespecíficos de IVAS. 
 Piora abrupta do estado geral, febre alta, tosse e 
desconforto respiratório; 
 Sintomas gastrointestinais podem estar presentes. Muito 
comum chegar com queixa de desconforto abdominal 
 Dificuldade respiratória progressiva dependendo da 
evolução da broncopneumonia, da necrose hemorrágica, 
das áreas de cavitação e da presença e extensão do 
derrame pleural. 
 Então o raio x pode ter cavitação, condensação lobar, 
derrame pleural. Então como vou saber se é por 
pneumococo ou stafilo? Pelo quadro clínico. Uma criança 
com DP com pnm por stafilo ele vai estar grave, 
toxémico, e no pneumoco não, em que mesmo com o DP 
vai estar com a ‘’carinha boa ‘’. 
EXAMES COMPLEMENTARES: 
 Hemograma: leucocitose com predomínio de 
polimorfonucleares em lactentes maiores e leucometria 
normal em lactentes de baixa idade (menores de 2 
meses), pois o lactentes com idade mais baixa as vezes 
não consegue nem responder, em que a evolução do 
quadro pulmonar é muito mais rápido e isso é indicativo 
de prognóstico ruim. O fato de estar com hemograma 
normal não indica que a infecção é mais branda, pelo 
contrário, pode ser mais grave. 
 Hemocultura: 5 a 10% positividade 
 Cultura líquido pleural: também com baixa positividade 
 Outros de acordo com quadro clinico: gasometria, 
eletrólitos. 
EXAMES RADIOLÓGICOS: 
 Aspecto de broncopneumonia; 
 Derrame pleural; 
 Empiema pleural; 
 Pneumatoceles; 
 Abscesso pulmonar. 
 Tomografia: reservada para casos graves e duvidosos. 
TRATAMENTO HOSPITALAR 
 O tto da pnm estafilocócica é sempre hospitalar, não 
existe tto pra pnm estafilo ambulatorial 
 Medidasde suporte: tratar a febre, alimentação e 
hidratação; 
 Antibioticoterapia: 
 1ª opção Oxacilina ou cefalotina ou clindamicina; 
 Em caso de resistência bacteriana: associação de 
oxacilina + ceftriaxone; vancomicina; meropenem. 
 Duração do tratamento: 21 dias, em média. 
 Punção pleural. Dependendo do aspecto e quantidade do 
liquido fazer drenagem. 
 Drenagem pleural 
 Suporte ventilatório, pois tem toxicidade, precisando de 
o2 ou VM 
 Fisioterapia respiratória. 
PNEUMONIAS BACTERIANAS – PNEUMONIA 
POR HAEMOPHILUS INFLUENZA 
HAEMOPHILUS INFLUENZA TIPO B: 
 Causa infecção grave, mais em lactentes não vacinados 
com a vacina anti-hemófilos. 
 Causa também meningite e epiglotite. 
 Atualmente rara pnm por haemophilus devido a 
vacinação em massa a partir de 2 meses de idade. 
 Quadro clínico de início insidioso. 
 Rx tórax: evolui com padrão de condensação lobar 
 Hemograma: leucocitose. 
 Tratamento: ceftriaxone ou cefuroxima por 10 a 14 dias. 
 Importante saber que existe, mas na prática não é vista 
mais. 
PNEUMONIAS ATÍPICAS 
 DEFINIÇÃO 
 Pneumonias clinicamente diferentes de outras 
pneumonias normalmente encontradas. 
 Normalmente início insidioso; febre baixa ou ausente; 
tosse seca; não responde aos antibióticos usuais 
 São de evolução arrastada 
 E na maioria das vezes podem cursar com sibilância 
PNEUMONIAS ATÍPICAS: ETIOLIOGIA 
 
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 Hantavírus 
 Legionela pneumophila 
 Chlamydia (trachomatis, psittaci, pneumoniae) 
 Mycoplasma pneumoniae (é o agente etiológico mais 
freqüente dentro das pneumonias atípicas) 
 Franciella tularensis (tularemia) 
 Bacillus anthracis (antraz) 
 
PNEUMONIAS BACTERIANAS – PNEUMONIA 
POR MYCOPLASMA PNEUMONIAE 
MICOPLASMA PNEUMONIAE 
 Bactérias invisíveis ao microscópio óptico 
 Desprovidas de parede celular; então não são coradas 
pelo gram 
 Essa bactéria tem efeito tóxico nas células ciliares do 
trato respiratório, fazendo uma paralisia ciliar e 
destruição celular 
 A maioria das infecções por mycoplasma se restringe a 
vias aéreas superiores, mas pode fazer inflamação da VA 
inferior e levar a uma Inflamação que causa hiper-
reatividade brônquica → gera sibilos (o mesmo 
mecanismo que o vírus sincicial respiratório faz na 
bronquiolite, a pnm por mycoplasma também faz) 
 Predomina em escolares e adolescentes (diferente do 
pneumococo e do stafilo). 
 Transmissão por gotículas da via respiratória. 
 Período de incubação de uma a três semanas. 
 Causa infecciosa mais comum da Síndrome torácica 
aguda nos falcêmicos. 
QUADRO CLÍNICO: 
 Sintomas iniciais de febre, rinorréia, cefaléia, mal estar e 
dor na garganta. 
 Por que da dor na garganta? Porque ele acomete a VA 
superior. Parece uma ‘’faringitezinha’’, parece uma 
virose de garganta, pois é semelhante a um quadro viral, 
só que evolui com tosse e rouquidão que piora 
gradativamente nas 2 primeiras semanas. 
 Remissão dos sintomas, o seja, o desaparecimento dos 
sintomas demora em média de 3 a 4 semanas, e as vezes 
não desaparece. 
 A gente pensa que é uma sinusite, pois tosse com mais 
de 10 dias, aí faz amoxicilina + clavulanato e não 
melhora. 
COMPLICAÇÕES: 
 As complicações não são comuns, mas podem acontecer. 
 Otite média 
 Pericardite 
 Miocardite 
 Meningoencefalite 
 Síndrome de Stevens-Johnson 
EXAMES COMPLEMENTARES: 
 Hemograma completo: sem alterações 
 VHS elevado 
 Fechar diagnóstico: Sorologia para Micoplasma 
 Mas a sorologia cm micoplasma demora 
EXAMES COMPLEMENTARES – RAIO X TÓRAX 
 Basicamente o aspecto radiológico vai ter um infiltrado 
típico, igual de pnm viral. 
 
 A imagem a baixo é raro termos na pnm por mycoplasma 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 O que a gente mais vê é semelhante à imagem abaixo, 
com um infiltrado perihilar. 
 
 
 
 Abaixo, uma imagem com atelectasia, devido ao 
broncoespasmo. 
 
TRATAMENTO PNM POR MYCOPLASMA 
 Macrolídio → Claritromicina por 14 dias 
 Macrolídio → Azitromicina por 5 dias 
 Tetraciclinas → adultos 
 Quinolonas → Ciprofloxacino ou levofloxacino 
 Por que melhora com macrolídio? Porque é devido a 
aquela mesma situação que passei pra vocês na aula de 
bronquiolíte, o macrolídio melhora a resposta 
inflamatória, visto que a bactéria mycoplasma causa 
reação inflamatória na via aérea inferior, e o macrolídeo 
tem mais ação antiinflamatória do que bactericida, por 
isso melhora com macrolídio. 
 O que a gente mais usa e tem resposta melhor é a 
claritromicina. A azitromicina a resposta não é muito 
boa, às vezes até pior. Por isso a que a gente usa mesmo 
é a claritromicina por 14 dias 
 No adulto ou adolescente a gente pode até usar 
quinolonas (cipro), mas na criança a gente trata com 
claritromicina. 
 Se tiver com broncoespasmo pode fazer Nebulização 
com B2 agonista, que dará um alívio dos sintomas. Mas o 
que melhora mesmo é o macrolídeo. 
 Medidas de suporte 
 OBS.: normalmente tem mais de uma pessoa da família 
com o quadro. 
 
PNEUMONIAS BACTERIANAS – PREVENÇÃO 
 Aqui nós vamos falar da prevenção de pnm em geral. 
 Combate à desnutrição, baixo peso nascer e desmame 
precoce. 
VACINAÇÃO: 
 PNI (programa nacional de imunização) 
 Antipneumocócica conjugada 10 valente (quem puder 
tomar na rede privada a 13 valente, que tem 3 cepas a 
mais, e as 3 cepas a mais são as mais virulentas e 
resistentes a antibiótico, só que é muito mais cara). 
 Anti-Haemophilus influenzae tipo B 
 Anti-gripal 
 Pneumo 23 – para os grupos de risco, como os 
falcêmicos, esplenectomizados, portadores de doença 
crônica cardíaca e pulmonar (que são risco para 
criança>5 anos, pois a pnm pneumocócica vai de 6m a 
5a). Mas para os pacientes com os fatores de risco acima 
é para qualquer idade a vacina. Portanto, a pneumo 23 
tem 23 cepas, muito mais que a pneumo 10 e a 13, e só 
pode ser feita acima de 2 anos de idade, com duas doses 
no intervalo de 5 anos, ou seja, não é uma dose de 5 em 
5 anos, são só duas doses sendo dada uma e depois de 5 
anos a outra. Os maiores de 60 anos também são grupo 
de risco para a pneumocócica, sendo vacinas na rede 
pública.