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Tema: Regulamentação do trabalho vinculado às novas tecnologias digitais Aluna Victoria Zambon Brondani – Turma Smart Riacuhelo O século XX, apelidado pelo historiador Eric Hobsbawn como “Era dos Extremos”, deixou ao período sucesso ecos de revolução de grande impacto, o que originou o advento de novas dinâmicas de organização trabalhistas e sociais. Em meio a esse cenário turbulento, destaca-se a eclosão de tecnologias no meio trabalhista, que, ora apresentam-se em perspectivas benéficas, ora atingem os cidadãos de maneira antagônica. Nesse sentido, convém analisar a regulamentação do trabalho veiculado às novas tecnologias digitais. De fato, o desenvolvimento tecnológico é um dos principais fatores do crescente desemprego. Um estudo do Instituto McKinsey concluiu que, atualmente, os robôs executam 50% dos trabalhos atribuídos aos homens. Nesse cenário, a automação dos serviços modificou drasticamente a forma como a sociedade se relaciona com o mercado de trabalho e, sem dúvida, descartou profissões outrora necessárias, o que ocasionou uma redução de empregos e a busca por fontes de renda que, por vezes, são desconexas de direitos constitucionais. Portanto, percebe-se que as tecnologias forçaram os indivíduos a adaptarem-se ao meio empregatício, para, assim, sobreviverem. Como consequência, o enfraquecimento dos direitos trabalhistas em frente as novas tecnologias é uma realidade negativa. Nesse âmbito, o trabalho autônomo aliado ao meio digital, como Uber e Ifood, é, infelizmente, precário, pois os trabalhadores que, continuamente, operam com jornadas exorbitantes para aumentar a renda, não possuem garantia de direitos trabalhistas e previdenciários. Tal realidade vai de encontro à afirmação do sociólogo Zygmunt Bauman, que definiu as “instituições zumbi”, referindo-se a organizações que perderam sua função social, mas conservaram sua forma a qualquer custo – nesse caso o Estado e sua CLT. Desse modo, é notável certa ineficiência do ordenamento legislativo quanto a fiscalização e cumprimento dos direitos trabalhistas. A regulamentação do trabalho vinculado às novas tecnologias digitais representa um desafio e, por conseguinte, medidas devem ser adotadas. Para isso, convém ao Ministério do Trabalho, por meio da elaboração de um projeto de lei, regulamentar e fiscalizar a legislação de aplicativos de serviço para que se enquadrem às Leis Trabalhistas, com regras a serem seguidas pelas empresas e aplicação de multas caso sejam violadas, a fim de oferecer melhores condições de serviços aos trabalhadores autônomos e fiscalização das condições empregatícias, assim como auxiliar no processo de adaptação frente aos meios digitais. Com essas medidas, os empregados em situação de vulnerabilidade e precariedade poderão alcançar melhores condições de trabalho, pois como afirmou o filósofo Hegel “o trabalho é a essência do homem, liberta-o”.