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Linguística Aplicada ao Ensino de Língua Portuguesa Aula 4: Descrição Gramatical, Pesquisa Linguística e Ensino de Língua Portuguesa: Re�exão e Crítica Apresentação Nesta aula, você vai compreendeu o processo de estabelecimento do padrão da língua portuguesa no Brasil e identi�car a discrepância entre o português padrão e o português culto. Além disso, irá reconhecer o papel do falante culto na formação do Português Brasileiro. Objetivos Compreender o processo de estabelecimento do padrão da língua portuguesa no Brasil; Identi�car a discrepância entre o português padrão e o português culto; Reconhecer o papel do falante culto na formação do Português Brasileiro. Introdução Começaremos esta aula com as palavras do professor José Carlos de Azeredo. “A gramática não é só um meio auxiliar no processo de produzir e entender textos, pois é a própria garantia de uma parte fundamental do texto. Não há língua sem gramática; é dispondo as palavras numa ordem e formando conjuntos com elas no interior dos enunciados que exprimimos ideias e compomos sentidos. As regras responsáveis por esse ‘arranjo signi�cativo’ pertencem à gramática da língua. Ensinar gramática é ensinar a organizar as palavras para formar orações, e orações para formar trechos maiores, que à vezes se manifestam na escrita como parágrafos. Se o professor acha que gramática é só nomenclatura, uma camisa de força para enquadrar o uso da língua em um padrão rígido de correção não está preparado para ensinar gramática”. - (Entrevista concedida à revista Língua Portuguesa, ano 3, n. 41, março de 2009, p. 11) Com esta aula, chegaremos quase a concluir a apresentação das etapas em que se desdobra o projeto de pesquisa: vamos tratar dos tópicos da bibliogra�a e da metodologia. No mais, daquele arcabouço que apresentamos na aula 2, �cará faltando apenas o sumário, sobre o qual trataremos na próxima aula, que também é destinada a considerações acerca das normas técnicas para a apresentação de trabalhos acadêmicos, as célebres normas da ABNT. Considerando uma atividade simples, Travaglia nos propõe uma atividade de interação comunicativa que seja efetivamente relevante para a vida do aluno, que lide, por exemplo, com recursos linguísticos que causem diferentes efeitos de sentidos. Leitura Maria Helena de Moura Neves critica diversos exercícios apresentados em livros didáticos de língua portuguesa. Veja o capítulo A gramática: conhecimento e ensino presente no livro Que gramática estudar na escola? Norma e uso na língua portuguesa, disponível na Biblioteca Virtual do SIA, e procure seu professor on-line para discutir os questionamentos da autora. Exemplo Quer saber mais sobre os PCN + Ensino Médio Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais de Ensino Médio? Então, baixe o arquivo disponível aqui. Vamos ler trechos de uma entrevista? Vamos re�etir sobre as palavras do professor Ataliba de Castilho, autor de uma gramática sobre a linguagem falada. “O objetivo da escola é formar o cidadão a falar de modo prestigioso. Mas a aula pode virar um lugar de problematização, não de transferência de achados feitos pelos gramáticos e pelos linguistas. Eles são os peritos, chegaram antes no pedaço. São pro�ssionais, mas eu, aluno do fundamental ou do médio, posso pensar a minha língua. Posso fazer descrições e ver o que eles acham, se coincidem comigo, se perceberam coisas que não notei. É isso o que vai rolar nas escolas. É tarefa para a geração que tem hoje entre 30 e 40 anos, que dá aula hoje.” Percebeu a mudança no foco? A importância dada ao ponto de vista do aluno? Ao papel de orientador do professor? Avance de tela e veja o trecho �nal da entrevista. Faz parte de diversos trechos dos PCN a preocupação com a variação linguística: considera-se o fato de o aluno, ao entrar na escola, já ser portador de uma das variedades da Língua Portuguesa: A linguística. Além disso, preocupam-se os PCN com a avaliação certo x errado que não deixa margens a usos intermediários, possíveis e não marcados. Quer um exemplo? Saiba mais Para a variedade padrão da língua, conheça o quadro pronominal da Língua Portuguesa com o respectivo paradigma verbal. Por isso, os PCN reforçam a necessidade do trabalho com a variação linguística. Devemos ampliar nossa ideia de variação para muito além de ausência de marcação de plural e de estruturas como “garage” e “pobrema”. Há inúmeros itens nesse rol da variação/mudança que já desaparecem da fala do indivíduo culto, mas que ainda continuam prescritos por força dessa gramática Normativa pautada no Português Europeu. Exemplo Quer mais exemplos, então leia o arquivo a seguir intitulado Traços graduais do vácuo geral brasileiro. Atenção Alguns dos exemplos apresentados no arquivo Traços graduais do vernáculo geral brasileiro são mais comuns do que se pensa na norma culta do Português Brasileiro. Vamos comentar um deles. javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); O não uso da preposição nas orações relativas, chamadas ‘orações adjetivas’ nas gramáticas normativas. Observe as frases: 1) Oração relativa padrão – prescrita pela gramática normativa. Ex.: Este é um livro de que gosto. 2) Oração relativa copiadora – considerada pertencente à variedade não padrão da língua. Ex.: Esse é um livro que eu gosto dele. 3) Oração relativa cortadora – também rejeitada pelos gramáticas normativas, mas utilizada na fala de indivíduos cultos. Ex.: Esse é um livro que eu gosto dele 3) Oração relativa cortadora – também rejeitada pelos gramáticas normativas, mas utilizada na fala de indivíduos cultos. Ex.: Esse é um livro Ø que eu gosto Como chegamos a essas três estruturas? Saiba mais Nos PCNs do Terceiro e Quarto Ciclos do Ensino Fundamental, no item Prática de análise linguística temos, entre outros aspectos, a variação linguística como uma das preocupações. Vejamos parte do que se diz nesse documento. Veja que o quarto item já trata da variação no que concerne à sintaxe. Como será que os livros didáticos de fato “trabalham”? Em O livro didático de português: múltiplos olhares temos análises realizadas por diferentes autores sobre alguns temas e o tratamento a eles dispensado em manuais didáticos de Língua Portuguesa. Um do capítulos, escrito por Angela Paiva Dionísio, analisa o fenômeno de variação linguística. Saiba mais Vejamos um trecho desse capítulo do livro. javascript:void(0); javascript:void(0); Lembram-se dos PCNs + Ensino Médio sobre o qual conversamos na aula 3? Nele, há algumas situações com soluções comentadas. Uma delas, a situação 2, lida com uma questão gramatical, fato que nos interessa para o fechamento desta aula. Exemplo Veja a situação 2. Finalizamos esta aula com as palavras de Travaglia (2003) em Gramática: ensino plural. Segundo ele, os objetivos do ensino de língua materna devem contemplar: a) ensinar a língua, o que resulta em habilidades de uso da língua, e b) ensinar sobre a língua, o que resulta em conhecimento teórico (descritivo e explicativo) sobre a língua e pode desenvolver a habilidade de análise de fatos da língua.” - TRAVAGLIA, 2003, p. 77 javascript:void(0); (Fonte: https://acervo.estadao.com.br/noticias/acervo,educacao-moral-e-civica-criacao-da-ditadura,10033,0.htm . Em um primeiro momento, o foco das discussões estava no modo de ensinar, mas, a partir da década de 80, essa discussão passa a focar no conteúdo, naquilo que é ou deveria ser ensinado. Se, na década anterior, o ensino puramente gramatical parecia adequado, tem-se nos anos 80 as pesquisas linguísticas apontando outros caminhos, novas possibilidades. Atividade Para entender melhor os conceitos estudados nesta aula, vamos �xar o conteúdo? Segundo Travaglia, os objetivos do ensino de língua materna devem contemplar: “ensinar a língua, o que resulta em habilidades de uso da língua, e ensinar sobre a língua, o que resulta em conhecimento teórico.” Essa alternativa é: Verdadeira Falsa Notas Título modal 1 Lorem Ipsum é simplesmenteuma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Título modal 1 Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Referências AZEREDO, José Carlos (org.). Língua Portuguesa em debate: conhecimento e ensino. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000. Bechara, Evanildo. Ensino da gramática. Opressão? Liberdade? 8ª ed. São Paulo: Ática, 1995. VIEIRA, Sílvia Rodrigues e BRANDÃO, Sílvia Figueiredo. Ensino de gramática: descrição e uso. 2ª ed. São Paulo: Contexto, 2009. Próxima aula A pesquisa linguística e o ensino de língua; fenômenos de concordância. Explore mais Pesquise na internet sites, vídeos e artigos relacionados ao conteúdo visto. Se ainda tiver alguma dúvida, fale com seu professor online, utilizando os recursos disponíveis no ambiente de aprendizagem.