Prévia do material em texto
ESUCRI - ESCOLA SUPERIOR DE ENSINO DE CRICIUMA CURSO SUPERIOR DE PSICOLOGIA 1 Acadêmico de Graduação em Bacharel em Psicologia. E-mail: carol.mattos20@hotmail.com 2 Acadêmico de Graduação em Bacharel em Psicologia. E-mail: mbrodrigues7@gmail.com 3 Acadêmico de Graduação em Bacharel em Psicologia. E-mail: michelleparodiag@gmail.com 4 Acadêmico de Graduação em Bacharel em Psicologia. E-mail: n.nichele@yahoo.com.br 5 Professora da Faculdades Esucri/Criciúma-SC. E-mail: jaqueline@esucri.com.br OS EFEITOS DO DIVÓRCIO NAS FAMÍLIAS 2018 Carolina Mattos 1 Melissa Teifke 2 Michelle Rodrigues 3 Natalia Nichele 4 Professora: Jaqueline B. Taufembach 5 RESUMO A forma que o casal enfrenta o fim de um relacionamento exige muito cuidado principalmente quando se tem filhos, portanto é fundamental que o casal enfrente a situação de forma equilibrada a fim de causar menos prejuízos psíquicos para esta família. Palavras-chave: Divórcio, Família, Filhos, Pais. 1. INTRODUÇÃO A separação representa uma mudança na estrutura familiar que provoca alterações nas relações que seus membros estabelecem entre si, tanto entre os cônjuges quanto entre pais e filhos (Hetherington& Stanley-Hagan, 1999). Toda separação causa um grau de sofrimento a todos e à criança em particular, pois ela depende física e psiquicamente de seus genitores. A separação provoca, indubitavelmente, repercussões importantes nos filhos, porém nem sempre catastróficas ou traumáticas. A partir de pesquisas e estudos, sabe-se que crianças menores, tem facilidade de se ajustarem às novas configurações familiares, enquanto adolescentes e jovens adultos têm mais dificuldade. Outra questão, é que a minoria dos casais consegue separar funções conjugais da função de criação dos filhos após o divórcio (SCHABBEL, 2005). Por tanto, é relevante abordar desses assuntos para que se tenha uma conclusão correta sobre a separação de um casal e os prejuízos psicológicos que podem acometer uma família. 2. RELAÇÕES FAMILIARES NA SEPARAÇÃO CONJUGAL 2.1. Contribuições da mediação 2 No processo de divórcio a mediação contribui na conciliação do acordo judicial, é realizada por um ou mais profissionais, porém a psicologia que fundamenta toda a estratégia dessa prática, fornecendo informações sem aconselhar, decidir ou favorecer um parecer. (GONÇALVES et al, 2013). Durante a separação e divórcio, o casal passa por um conjunto de frustrações pessoais e sentimentos negativos assim desencadeando difíceis comunicações e disputas. Diante disso, um dos pais ou o casal poderá incluir os filhos na disputa, formando o triângulo relacional, que caracteriza interdependência emocional na criança ou adolescente. O processo da triangulação afeta a família, fortalece as brigas e disputas judiciais. (COSTA et al, 2009). As comunicações de equilíbrio utilizadas por casais são simétrica e complementar, no entanto, no divórcio litigioso é encontrada a comunicação simétrica, que pode levar a um padrão patológico da comunicação do casal, de maneira que os conflitos podem durar anos. (COSTA et al, 2009). Contudo, a mediação contribui na separação e nas relações familiares, auxiliando nos interesses individuais do casal, promovendo diálogo, esclarecendo condições emocionais, redefinindo os limites de intimidade e poder, papéis parentais e renegociações de um relacionamento com objetivo de assumir novas funções de estruturas familiares. (SCHABBEL, 2005). A mediação, na separação e no divórcio, apresenta características que lhe são peculiares, em virtude da complexidade das disputas. Há aspectos legais que envolvem guarda, pensão e divisão patrimonial, todos mesclados, e sentimentos conflituosos. A mediação, ao reconhecer e atuar nos aspectos emocionais da crise de separação vivida pelo casal, reconhece que as emoções são tanto parte do problema quanto de sua solução e, uma vez endereçados, clareados e resolvidos, facilitam a negocia. (OLIVEIRA, 1999, p. 18). 2.2. Filhos durante separação Antes mesmo da separação, os filhos presenciam inúmeras brigas do casal. E quando ocorre a separação, os pais tendem a “comprá-los” ou super protegê-los. Presos a um círculo vicioso, intensificado pelos processos, os pais acabam por arrolar as crianças em suas impossibilidades. A separação conjugal traz inúmeras mudanças para o homem, mulher e os filhos. A decisão de que a guarda dos filhos ficará com a mãe permanece, ainda hoje, como uma realidade da maioria das famílias. É fruto da organização tradicional de papéis de gênero que condicionou a estrutura familiar (RAMIRES, 1997). 2 De acordo com Winnicott (1982), a doença das crianças que sofrem privações não resulta da própria perda, mas que esta ocorreu num estágio do desenvolvimento emocional em que a criança ou bebê ainda não era capaz de uma reação madura a ela. O ego imaturo não pode lamentar a perda, não pode sentir o luto. Nesse sentido, seria importante alertar os pais a ficarem atentos ao sofrimento que a desorganização familiar poderá acarretar à criança principalmente na primeira infância. Os filhos precisam consideravelmente dos pais durante o processo de separação, e é exatamente neste período que tanto o pai quanto a mãe estão mais vulneráveis e frágeis, uma vez que há uma perda a ser elaborada e inúmeros sentimentos não são compreendido, além de aspectos práticos a ser resolvidos. Esse ponto pode ser ilustrado pelos casais que chegam às Varas da Família para homologar sua separação, seja por consenso ou para discussão em ação litigiosa, e apresentam um sentimento de perda ao falharem no casamento, sentindo-se profundamente fracassados (CEZAR-FERREIRA, 1995). 2.3. Efeitos do divórcio na família com filhos pequenos A decisão de separação gera um processo de mudanças constantes dentro da família, sendo necessário que os pais estejam atentos para que os filhos não sejam diretamente atingidos e não terem prejuízos biopsicossociais. Para Giddens (1999), “os efeitos do divórcio na vida dos filhos serão sempre de difícil avaliação, porque não sabemos o que teria acontecido se os pais estivessem juntos” (p.102). Este fato fica validado pela citação de Mcgoldrick (1995) que afirma ser o divórcio considerado um dos eventos mais estressantes para a família. O impacto do divórcio nas crianças de seis a oito anos são mais profundos. Entende-se na pesquisa de Wallerstein e Kelly (apud MCGOLDRICK; CARTER, 1995), que as crianças nessa idade são mais crescidas, porém não conseguem lidar com esse impacto do rompimento. Demonstram sentimento de responsabilidade, de tristeza e saudade do genitor que partiu. Com isso, as crianças muitas vezes pensam que pode solucionar os problemas dos pais, e tentam reaproximar o casal. Quando não têm sucesso na reconciliação, sentem-se frustradas emocionalmente. De acordo com Mcgoldrick e Carter (1995), é preciso ter três objetivos para um trabalho clínico do casal que está se divorciando. O primeiro é tornar lenta a decisão do divórcio, para que isso cause menos danos à família, e principalmente ao filho, quando o casal decidir se separar. 2.4. Filhos de pais separados e como psicologia pode ajudar Acompanhamento Psicológico após uma separação vem sendo indispensável não somente para os adultos envolvidos, como também para os seus filhos. O casal que se encontra a beira de um divórcio, muitas vezes optam por deixar seus filhos no escuro sobre o 2 ocorrido, com a esperança de poupá-los de qualquer tipo de tristeza envolvida. “Emprega-se aqui esclarecer no sentido de conversar sobre o assunto com os filhos, deixai que estes façam perguntas e respondê-las, o que difere de um simples comunicado que era dado, às vezes, quando da saída de casa de um dos pais, ou dias após o fato transcorrido.” (Brito 2006, pg.36). Segundo Carter & McGoldrick (1980/2001) citado por Grzybowski e Wagner (2010,pg.77). “Dentre as diversas tarefas pós-divórcio, provavelmente a mais complexa fique ao encargo dos progenitores. Estes, recém-separados como casal, permanecem unidos pelos laços parentais, devendo compartilhar a tarefa comum de educar os filhos”. A coparentalidade não é algo fácil, e que demanda muito esforço de ambas as partes. Respeito, determinação, e muita paciência são necessários, para garantir que a criança não seja envolvida em brigas pessoais do ex-casal. Segundo Kaslow e Schwartz (1995) citado por Almeida (2000, pg. 40) “reconhecem que a separação causa mudanças nos divorciados, as quais interferem em seus comportamentos privados (sentimentos, emoções e pensamentos)”. Portanto há a necessidade de acompanhamento psicológico após a separação do casal para assim garantir a estabilidade emocional de ambos os pais e filhos, ajudando todos a melhor lidar com a situação ocorrida e as emoções envolvidas. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Através dos temas abordados, conclui-se que a atuação do profissional de psicologia é fundamental para a família no processo de separação, amparando nos aspectos emocionais e psíquicos de cada sujeito e reajuste das novas configurações familiares. Considera-se que o psicólogo enquanto mediador na separação judicial, além de colaborar para o acordo, pode minimizar ou “solucionar” conflitos e crises do casal, contribuindo nos processos de reajuste familiar. 2 REFERÊNCIAS BRITO Leila Maria Torraca de. Família pós-divórcio: a visão dos filhos. Psicol. Cienc. Prof. Brasília, v.27, n.1, p.32-45, Mar. 2007. Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414- 98932007000100004&lng=en&nrm=iso>. access on 26 Oct. 2018. http://dx.doi.org/10.1590/S1414-98932007000100004. CÉZAR-FERREIRA, V. A. M. Da pertinência da interdisciplinaridade nas questões de família. São Paulo, Revista Direito de Família e Ciências Humanas, 1995, p.165-176. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S1516- 36872005000100002 Acessado em 16/10/2018. COSTA, Liana Fortunato; PENSO Maria Aparecida; LEGNANI, Viviani Neves; SUDBRACK, Maria Fátima Oliver. As competências da psicologia jurídica na avaliação psicossocial de famílias em conflito. Revista Redalyc. 2009. Acesso em: 12/10/2018. GONÇALVES, Maria Lucia Ribeiro; PEREIRA, Regina Poliana Andrade; ESTEVAN, Ionara Dantas; DA SILVA, GilvanoEstevan; FORMIGA, Nilton S. A mediação familiar nos processos de separação conjugal. 2013. Acesso em: 12/10/ 2018. HETHERINGTON EM e STANLEY-HAGAN, M. (1999) O ajustamento de crianças com pais divorciados: uma perspectiva de risco e resiliência. Jornal de Psicologia Infantil e Psiquiatria, 40, 129-140. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/%0D/pe/v9n2/v9n2a05.pdf Acessado em 16/10/2018. OLIVEIRA, M. C. Família, Escola e Participação. Educação. Porto Alegre, n. 37, p.18, 1999. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/pee/v13n2/v13n2a11.pdf. Acessado em 16/10/2018. RAMIRES, V. R. O exercício da paternidade hoje. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1997. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/estpsi/v24n4/v24n4a15.pdf. Acessado em 16/10/2018. SCHABBEL, Corinna. Relações familiares na separação conjugal: contribuições da mediação. São Paulo. 2005. Acesso em: 12/10/2018. WINNICOTT, D. Agressão e sua relação com o desenvolvimento emocional. In: Textos selecionados da Pediatria à Psicanálise. Ed Francisco Alves, 1982. Disponível em: about:blank 2 http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-24302000000100001 Acessado em 16/10/2018. ALMEIDA, Carmen Garcia de et al. Pais separados e filhos: análise funcional das dificuldades de relacionamento. Estud. psicol. (Campinas), Campinas , v. 17, n. 1, p. 31- 43, Apr. 2000 Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103- 166X2000000100003&lng=en&nrm=iso>. access on 26 Oct. 2018. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-166X2000000100003. GIDDENS, A. A Terceira Via: Reflexões sobre o Impasse Político Atual e o Futuro da Socialdemocracia. Rio de Janeiro: Record, 1999. GRZYBOWSKI, Luciana Suárez; WAGNER, Adriana. O envolvimento parental após a separação/divórcio. Psicol. Reflex. Crit. Porto Alegre , v. 23, n. 2, p. 289-298, 2010 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102- 79722010000200011&lng=en&nrm=iso>. access on 26 Oct. 2018. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-79722010000200011. GRZYBOWSKI, Luciana Suárez; WAGNER, Adriana. Casa do pai, casa da mãe: a coparentalidade após o divórcio. Psic.: Teor. e Pesq. Brasília, v. 26, n. 1, p. 77- 87, Mar. 2010. Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102- 37722010000100010&lng=en&nrm=iso>. access on 26 Oct. 2018. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-37722010000100010. MCGOLDRICK, M.; CARTER, B. As Mudanças no Ciclo de Vida Familiar. Porto Alegre: Artmed, 2ª. Ed, 1995. WALLERSTEIN,J.S. Os filhos do divórcio. Revista Veja. São Paulo, ed. 1679, dezembro. 2000. about:blank about:blank about:blank