Prévia do material em texto
Doen~as Ocupacionais "O sabia antevt o perigo e protege-se, mas os imprudentes passam e sofrem as consequtncias." Proverbios: 22:3 5.1 lntrodu~ao lniciamos este capftulo definindo como doenc;a ocupacional toda molestia causada pelo trabalho ou pelas condic;oes do ambiente em que ele e executado e que com ele se relacio- ne diretamente. As doenc;as ocupacionais ou doenc;as profissionais, como definem mui- tos profissionais da area de seguranc;a e medicina do trabalho, siio temas muito relevantes para a seguranc;a do trabalho, porem sua aplicac;iio pratica torna -se, muitas vezes, grande embarac;o para os membros do SESMT, pois muitos trabalhadores fazem pouco caso dos sintomas dessas doenc;as, que costumam aparecer somente ap6s anos e anos de trabalho. Chega as vezes a demorar mais de 20 anos para que os trabalhadores envolvidos sintam a necessidade de reclamar os sintomas, dificultando assim os trabalhos de conscientizac;iio e prevenc;iio efetuados pelos profissionais da area de seguranc;a do trabalho (medico do tra- balho, tecnico de seguranc;a do trabalho, entre outros ). Foi no seculo XVI que surgiram as primeiras relac;oes entre trabalho e doenc;a, mas foi apenas em 1700, no seculo XVIII, que se chamou atenc;iio para as doenc;as profissionais, quando Bernardino Ramazzini, medico italiano, publicou o livro De Morbis Artificum Diatriba ("As Doenc;as dos Trabalhadores"). N esse livro, ele descreve com extraordinaria precisiio para a epoca uma serie de doenc;as relacionadas com mais de 50 profissoes dife- rentes. Em virtude disso, Bernardino Ramazzini foi cognominado o "Pai da Medicina do Trabalho''. A partir daf, as perguntas classicas que o medico deveria fazer aos seus pacien- tes, durante a anamnese clfnica, foi acrescentada outra pergunta: "Qual a sua ocupac;iio?". Como advento da Revoluc;iio Industrial, surgiram diversas fabricas que passaram a em- pregar grande parte da populac;iio desempregada, multiplicando assim as ocupac;oes e tra- zendo, como consequencia, uma serie de problemas de saude. Com isso, surgiu tambem a necessidade de o medico entrar nas fabricas, conhecer os "chiios de fabrica" e dedicar total atenc;ao ao trabalhador e as suas condic;oes de trabalho, Figura 5.1. 10s ~eo@eo Seguranya do Trabalho • Gula Pralico e Didatico Edilora ~, ica - S0guranca do Trabalho: Guia Prcitico e Oidtalico - Paulo Roberto sarsano e Rildo Pereira B..:irbosa . 11 Ed~ o Figura 5.1 5.2 Breves Conceitos de Saude Aplicados as Doen~as Ocupacionais 1 1 1 A evolu1rao das a1roes no campo da rela1rao saude versus trabalho e resultado de diferen- tes conceitos e praxis entre diversas correntes que tentaram, ao longo dos ultimos seculos, trazer para si a hegemonia do conhecimento. E comum apontarem essas diferen1ras como sendo de cunho ideol6gico, materializadas em metodologias e legisla1roes diferenciadas (WAISSMANN, s.d.). 0 conceito de saude (medicina do trabalho, saude ocupacional e saude do trabalhador) vem a cada dia merecendo primordial aten1rao dos profissionais da area de seguran1ra e medicina do trabalho que atuam arduamente para prevenir nos trabalhadores envolvidos essas "terrfveis" molestias, que sao as doen1ras ocupacionais, as quais nao raras vezes afe- tam a saude dos colaboradores de maneira violenta. Vejamos a seguir uma breve descri1rao desses conceitos. 5.2.1 Medicina do Trabalho A medicina do trabalho surgiu, no seculo XIX, como pratica da rela1rao saude versus tra- balho e nao como uma especialidade medica, Figura 5.2. Sua inten1rao era melhorar a produ- tividade por atos medicos dirigidos as patologias dos trabalhadores (WAISSMANN, 2000). Ainda de acordo com os ensinamentos de Mendes e Dias (1991), a medicina do trabalho pode ser conceituada como: ( ... ) especialidade medica voltada primordialmente para o tratamento (da doenfa), a recuperafiiO da saude ... tratamento dos efeitos ou diminuifiiO de sequelas causadas pe- los acidentes e doenfas. Doe"9as Ocupacionais oe@oe0 109 Edilora ~, ica - S0guranca do Trabalho: Guia Prcitico e Oidtalico - Paulo Roberto sarsano e Rildo Pereira B..:irbosa . 11 Ed~ o Neilton Sticky Note Ela pode ser caracterizada como o espa<;o de atua<;ao empirica restrita ao medico; o atendimento clinico individual como fun<;ao primordial; a dissocia<;ao dos agravos gera- dos a saude em rela<;ao ao trabalho (WAISSMANN, s.d.). Figura 5.2 Medicina do Trabalho 5.2.2 Saude Ocupacional A saude ocupacional "( ... ) surge como uma resposta a este ambiente insalubre, ( ... ) com um clamor multidisciplinar, aliando medicos e engenheiros a um pensamento que enfatiza a higiene industrial" (SILVA, p. 32, 2000). Em reuniao realizada em Genebra, em 1949, o comite misto da OIT e da OMS (ILO/ WHO, 1950) procurou definir como saude ocupacional aquela que: 110 --- ( ... ) visa a promofiio e manutenfiio, no mais alto grau do bem-estar ffsico, mental e social dos trabalhadores em todas as ocupaf6es; a prevenfiiO, entre os trabalhadores, de doenfas ocupacionais causadas por suas condip'ies de trabalho; a protefiiO dos tra- balhadores em seus labores, dos riscos resultantes de fatores adversos a saude; a colo- cafiio e conservafiiO dos trabalhadores nos ambientes ocupacionais adaptados as suas aptid6es fisiologicas e psicol6gicas; em resumo: a adaptafiio do trabalho ao homem e de cada homem ao seu pr6prio trabalho, Figura 5.3. ) • Figura 5.3 Seguranr,i do Trabalho - Guia Pra6co e Didatico Edilora ~, ica - S0guranca do Trabalho: Guia Prcitico e Oidtalico - Paulo Roberto sarsano e Rildo Pereira B..:irbosa . 11 Ed~ o Neilton Sticky Note Neilton Sticky Note 5.2.3 Saude do Trabalhador 0 enfoque a saude do trabalhador surgiu no Brasil com a 1 • c .onferencia Nacional de Saude dos Trabalhadores, realizada em BrasHia, em 1986 (MATTOS E MASCULO, 2011). Podemos dizer que o conceito ja vinha amadurecendo em anos anteriores nos ambientes academicos e sindicais de diversas instituic;:oes brasileiras, em um contex:to hist6rico de transic;:ao do regime polftico, saindo de uma situac;:ao de repressiio social (ditadura militar) para a construc;:ao da sociedade civil, em busca da participac;:ao e reivindicac;:ao social, ca- racterizadas pela l6gica da cidadania e pela formac;:ao de novas leis trabalhistas e mudan- c;:as nos sistemas institucionais (SIMONI, 1989). A saude do trabalhador pode ser compreendida como um modelo participativo, em de- trimento do tecnicista comum visto nas abordagens anteriores, no qual: " o trabalhador e sujeito das ac;:oes, participando das avaliac;:oes e das mudanc;:as nos processos e organizac;:ao de trabalho; " os espac;:os produtivos siio sistemas diniimicos formados por redes de processos e os riscos variam com os homens, tempos, espac;:os; processos siio cargas de trabalho; a epidemiologia volta-separa questoes sanitarias que afetam a massa de trabalhado- res (grupo homogeneo), reduzindo a pratica das analises individuais; introduz-se o conceito de desgastes, representando transformac;:oes indesejaveis re- lacionadas com o trabalho, investigadas no estado biopsicossocial dos trabalhado- res. Os agravos siio determinados, principalmente, por macrocondicionantes sociais ex:ternos ao trabalho ( economia global, nacional, local e setorial, condic;:oes sani- tarias e socioeconomicas populacionais etc.) que conformam as caractedsticas de funcionamento produtivo, a organizac;:ao do trabalho, os espac;:os e os processos la- borais. E estes determinam os perigos (riscos/ cargas) e agravos ( doenc;:as/ desgastes) sobre os grupos homogeneos dos trabalhadores (WAISSMANN, s.d.). 5.3 Principais Doen~as Ocupacionais 5.3.1 Asbestose A asbestose (doenc;:a do asbesto) e uma doenc;:a ocupacional de origem respirat6ria. A longa exposic;:ao ocupacional do trabalhador, sem protec;:ao adequada, ao amianto ou as- besto (em pequenas partfculas em forma de fibra) causa naquele uma fibrose pulmonar intensa e muito grave. Essa exposic;:ao pode ocorrer em trabalhosde minerac;:ao de amianto, fabricac;:ao de fi- brocimento, baquelite, componentes eletricos, fiac;:ao de tecidos com amianto etc. 0 quadro de asbestose e semelhante ao de silicose, quanto a fibrose pulmonar, mas com o agravante de ser frequente o aparecimento de cancer de pulmiio nos indivfduos acometi- dos dessa doenc;:a. Doe"9as Ocupacionais 111 Edilora ~, ica - S0guranca do Trabalho: Guia Prcitico e Oidtalico - Paulo Roberto sarsano e Rildo Pereira B..:irbosa • 11 Ed~ o Neilton Sticky Note 0 controle medico dessa doen~a deve seguir o estabelecido no quadro II9 da NR 7, como o aerodispersoide fibrogenico, cujos exames sao telerradiografia do torax (RX de torax) no admissional e anual, espirometria no admissional e bianual. 5.3.2 Silicose A langa exposi<;:ao ocupacional do trabalhador, sem prote<;:ao adequada, a poeiras de sf- lica, livre e cristalina, em pequenas partfculas geradas em processos industriais, como em jateamento de areia, em lixamento de pe~as de ceramica, na britagem de pedras, no traba- lho com tijolos refratarios, no corte e polimento de granito na minera<;:ao etc., pode causar essa doen<;:a. 0 acumulo da poeira de silica livre e cristalina no pulmao provoca uma rea~ao do orga- nismo a essas partlculas e, como consequencia, leva a uma fibrose pulmonar (como cica- trizes internas), a qual diminui a capacidade de trocas gasosas do pulmao. Essa fibrose e irreversfvel e, mesmo se afastarmos o trabalhador acometido de silicose, ela continua evo- luindo e culmina na morte por insuficiencia respiratoria, Figura 5.4. Figura 5.4 0 controle medico e feito por radiografias (nao abreugrafias) de t6rax, semestralmente, e se aparecer um minimo sinal de fibrose, afasta-se imediatamente o trabalhador da expo- si1rao. Se o trabalhador for afastado em estagio muito inicial, a doen<;:a tera uma progres- sao muito lenta (dezenas de anos) e ele pode levar uma vida normal. Portanto, o quanto antes for diagnosticada a silicose, mais tempo tera o trabalhador para usufruir dos momentos prazerosos de sua vida. 9 0 quadro II da NR 7 foi alterado pela Portaria 223, de 06/05/201 1, do Ministerio do Trabalho e Emprego, tam bem disponivel no site do MTE: www.mte.gov.br, fevereiro/2012. 112 Seguranr,i do Trabalho - Guia Pra6co e Didatico Edilora ~, ica - S0guranca do Trabalho: Guia Prcitico e Oidtalico - Paulo Roberto sarsano e Rildo Pereira B..:irbosa • 11 Ed~ o Neilton Sticky Note 5.3.3 Saturnismo E a doen1ya ocupacional que acomete os trabalhadores expostos, sem nenhuma prote1yiio adequada, ao chumbo, Figura 5.5. 1. Pode Ct1USM anemia 2. lnlbt> &c;A,o de ~do IXl" inib~ do .finteM e prou,:tnes da hemoglobina 3. Fraqut221 noa dedol,pw,hoo ou c:olconhor Figura 5.5 4. 0 chumbo afeta 5. Atinge os nEIV08 pmc:ipoment• optic:o. ouditivo os.toma Nt,voeoC.,,,tn,J 0 chumbo e amplamente utilizado em fundi1yoes, fabricas de baterias, ceramicas, pig- mentos inorganicos etc. Sua intoxica1yiio pode provocar alguns sintomas, como anemia, dor abdominal, fraqueza, problemas de nervos perifericos e problemas renais. A preven1yiio medica e feita por meio de dosagens de chumbo no sangue e de metaboli- tos urinarios e sangufneos que aparecem quando existe a intoxica<;iio. 0 principal objetivo para os membros do SESMT, por meio de exames especfficos, e diagnosticar um acumulo do metale de seus efeitos biol6gicos antes do aparecimento dos sintomas dessa molestia. 5.3.4 Hidrargirismo E a doen1ya ocupacional que acomete os trabalhadores expostos, sem nenhuma prote1yiio adequada, ao mercurio. 0 mercurio (Hg) e utilizado como eletrodo em diversos processos industriais. E usado nas lampadas fluorescentes, na eletr6lise da salmoura para fabrica<;iio de soda caustica, de componentes de circuitos eletricos e de algumas baterias especiais. Tambem e encontrado na industria belica (fulminato de mercurio), na odontologia para amalgamas, na analise geol6gica, nos agrot6xicos etc. 0 hidrargirismo provoca lesiio renal importante e grave altera<;iio no sistema nervoso central, com altera1yiio cerebral que causa tremores nas extremidades e dificuldade de an- dar, de escrever e de falar. 0 tecnico de seguran<;a do trabalho, ou outro membro do SESMT, percebendo que al- gum trabalhador exposto ao mercurio apresenta algum desses sintomas, deve, de imedia- Doe"9as Ocupacionais 113 Edilora ~, ica - S0guranca do Trabalho: Guia Prcitico e Oidtalico - Paulo Roberto sarsano e Rildo Pereira B..:irbosa . 11 Ed~ o to, encaminha-lo para o medico do trabalho, que e o profissional competente para diag- nosticar essa doen~a. A medida preventiva medica e a analise do mercurio presente na urina, alem de acurado exame neurol6gico dos indivfduos expostos. 5.3.5 Elaioconiose E a doen~a ocupacional que acomete os trabalhadores expostos, sem nenhuma prote~ao adequada, a 6leos e graxas. 0 contato prolongado com 6leos e graxas causa uma lesao de pele conhecida como elaio- coniose. Se o contato, sem nenhuma prote~ao adequada, persistir por muitos anos, tambem pode causar cancer de pele. 0 mais perigoso, do ponto de vista cancerfgeno, sao os 6leos de corte ou os soluveis, pois contc!m nitrosaminas, que sao potentes cancerfgenos. Nessa doen~a, a pele apresenta varios pequenos pontos com pus e perda de pelos nas re- gioes afetadas, em geral coxas e antebra~os. A medida preventiva ideal e a boa higiene corporal ap6s o trabalho e o uso de avental de plastico que imp~a o borrifo de 6leo nas roupas do colaborador. Essa molestia acomete frequentemente os trabalhadores mecanicos e metalurgicos e e de tratamento prolongado, exigindo longos afastamentos do trabalho para a cura completa. 5.3.6 Pulmao Negro E a doen~a ocupacional que acomete os trabalhadores expostos, durante alguns anos, sem nenhuma prote~ao adequada, ao minerio de carvao, Figura 5.6. 1 - 1 1 1 , • • • • • - ·~~ Figura 5.6 Essa pneumoconiose e considerada por inurneros autores como sendo, na verdade, uma silicose, enquanto outros dizem que e uma doen~a a parte, provocada, evidentemente, pelo trabalho nas minas de carvao. 114 ~eo@eo Seguranr,i do Trabalho - Guia Pra6co e Didatico Edilora ~, ica - S0guranca do Trabalho: Guia Prcitico e Oidtalico - Paulo Roberto sarsano e Rildo Pereira B..:irbosa • 11 Ed~o 5.3.7 Outras Doen;as Ocupacionais Siderose E a doenc;a ocupacional que acomete os trabalhadores expostos, durante alguns anos, sem nenhuma protec;iio adequada, ao ferro (Fe). Estanose E a doenc;a ocupacional que acomete os trabalhadores expostos, durante alguns anos, sem nenhuma protec;iio adequada, ao estanho. Baga!;ose E a doenc;a ocupacional que acomete os trabalhadores expostos, durante alguns anos, sem nenhuma protec;iio adequada, ao fungo Themophilico acthomyceto que se prolifera no bagac;o de cana-de-ac;ucar armazenado mofado. Logo, a bagac;ose niio e uma pneumoco- niose, e sim uma alveolite alergica extrinseca. Aluminiose E a doenc;a ocupacional que acomete os trabalhadores expostos, durante alguns anos, sem nenhuma protec;iio adequada, ao aluminio (Al). Bissinose E a doenc;a ocupacional que acomete os trabalhadores expostos, durante alguns anos, sem nenhuma protec;iio adequada, as fibras de algodao, Figura 5. 7. B1Ssl11S8 Figura 5.7 Doe"9as Ocupacionais 115 Edilora ~, ica - S0guranca do Trabalho: Guia Prcitico e Oidtalico - Paulo Roberto sarsano e Rildo Pereira B..:irbosa . 11 Ed~o O tecnico de seguranc;a do trabalho, ou outro membro do SESMT, percebendo que algum trabalhador esteja exposto a esses agentes, sem prote9iio adequada, e apresente sintomas caracteristicos de cada doenc;a, deve, de imediato, encaminha-lo para o medico do trabalho, que e o profissional oompetente para o oorreto diagn6stico e respectivo tratamento. 5.4 Resumo Doenc;a ocupacional e toda molestia causada pelo trabalho ou pelas condic;oes do am- biente em que ele e executado e que com ele se relacione diretamente. As doenc;as ocupacionais ou doenc;as profissionais,como definem muitos profissionais da area de seguranc;a e medicina do trabalho, sao temas muito relevantes para a seguran- c;a do trabalho, porem sua aplicac;ao pratica torna-se, muitas vezes, grande embarac;o para os membros do SESMT, pois muitos trabalhadores fazem pouco caso dos sintomas dessas doenc;as, que costumam aparecer somente ap6s anos e anos de trabalho. Chega as vezes a demorar mais de 20 anos para que os trabalhadores envolvidos sintam a necessidade de redamar os sintomas. Foi no seculo XVI que surgiram as primeiras relac;oes entre trabalho e doenc;a, mas foi apenas em 1700, no seculo XVIII, que se chamou atenc;ao para as doenc;as profissionais, quando Bernardino Ramazzini, medico italiano, publicou o livro De Morbis Artificum Diatriba ('i\s Doenc;as dos Trabalhadores"). N esse livro, ele descreve com extraordinaria precisao para a epoca uma serie de doenc;as relacionadas com mais de 50 profissoes dife- rentes. Em virtude disso, Bernardino Ramazzini foi cognominado o "Pai da Medicina do Trabalho''. A partir daf, as perguntas classicas que o medico deveria fazer aos seus pacien- tes, durante a anamnese clfnica, foi acrescentada outra pergunta: "Qual a sua ocupac;ao?". A medicina do trabalho surgiu, no seculo XIX, como pratica da relac;ao saude versus tra- balho e nao como uma especialidade medica. Sua intenc;ao era melhorar a produtividade por atos medicos dirigidos as patologias dos trabalhadores (WAISSMANN, 2000). Ela pode ser caracterizada como o espac;o de atuac;ao empfrica restrita ao medico; o atendimento dfnico individual como func;ao primordial; a dissociac;ao dos agravos gera- dos a saude em relac;ao ao trabalho (WAISSMANN, s.d.). A asbestose (doenc;a do asbesto) e uma doenc;a ocupacional de origem respirat6ria. A longa exposic;ao ocupacional do trabalhador, sem protec;ao adequada, ao amianto ou as- besto (em pequenas partfculas em forma de fibra) causa naquele uma fibrose pulmonar intensa e muito grave. A longa exposic;ao ocupacional do trabalhador, sem protec;ao adequada, a poeiras de sllica, livre e cristalina, em pequenas partfculas geradas em processos industriais, como em jatea- mento de areia, em lixamento de pec;as de ceramica, na britagem de pedras, no trabalho com tijolos refratarios, no corte e polimento de granito na minerac;ao etc., pode causar a silicose. Sao tambem doenc;as ocupacionais que acometem os trabalhadores em suas atividades laborais: saturnismo (chumbo), hidrargirismo (mercurio), elaioconiose (6leos e graxas), pulmao negro (minerio de carvao), siderose (ferro), estanose (estanho), bagac;ose (bagac;o de cana), aluminiose (aluminio) e bissinose, cujo agente causador e a fibra do algodao. 116 Seguranr,i do Trabalho - Guia Pra6co e Didatico Edilora ~, ica - S0guranca do Trabalho: Guia Prcitico e Oidtalico - Paulo Roberto sarsano e Rildo Pereira B..:irbosa • 11 Ed~ o Neilton Sticky Note 5.5 Exercicios 5.5.1 Exercicios de Revisao 1. 0 que sao doen~as ocupacionais? 2. Quem foi Bernardino Ramazzini? 3. Como foi definida a saude ocupacional pela Organiza~ao Mundial de Saude (OMS)? 4. Qual a finalidade da medicina do trabalho? 5. 0 que e asbestose? Qual seu principal agente causador? 6. 0 que e silicose? Qual seu principal agente causador? 7. 0 que e hidrargirismo? Qual seu principal agente causador? Doe"9as Ocupacionais 117 Edilora ~, ica - S0guranca do Trabalho: Guia Prcitico e Oidtalico - Paulo Roberto sarsano e Rildo Pereira B..:irbosa . 11 Ed~ o 8. 0 que e saturnismo? Qual seu principal agente causador? 9. 0 que e siderose? Qual seu principal agente causador? 10. 0 que e pulmao negro? Qual seu principal agente causador? 5.5.2 Exercicios de Fixa~ao 1. Pela sua dedica~ao aos estudos, as doen~as ocupacionais e por ter descoberto diversas doen~as relacionadas ao trabalho, ficou conhecido como o pai da medicina do traba- lho. Estamos falando de: a. Bernardino Ramazzini b. Pericles, o magnffico c. Dr. Ubirajara Mattos d. Bernardo Ramazzum 2. Sao doen~as ocupacionais, EXCETO: a. Asbestose b. Silicose c. Sffilis d. Saturnismo 118 Seguranr,i do Trabalho - Guia Pra6co e Didatico Edilora ~, ica - S0guranca do Trabalho: Guia Prcitico e Oidtalico - Paulo Roberto sarsano e Rildo Pereira B..:irbosa • 11 Ed~ o 3. Identifique a unica alternativa correta quanto a doenc;a e sua respectiva definic;iio: a. Bag~ose: doenc;a ocupacional que acomete os trabalhadores expostos, durante alguns anos, sem nenhuma prote<;:iio adequada, as fibras do algodao. b. Hidrargirismo: doenc;a ocupacional que acomete os trabalhadores expostos, sem nenhuma protec;iio adequada, durante muitos anos, ao mercurio. c. Saturnismo: doenc;a ocupacional que acomete os trabalhadores expostos, sem nenhuma protec;iio adequada, durante muitos anos, ao mercurio. d. Siderose: doenc;a ocupacional que acomete os trabalhadores expostos, durante alguns anos, sem nenhuma prote<;:iio adequada, ao aluminio (Al). (CITEPE-TECNICO EM SEGURANc;:A DO TRABALHO JUNIOR/201 1) 4. A doenc;a ocupacional denominada siderose, que e uma pneumoconiose, e provocada pelo agente: a. SHica livre b. Asbestos c. 6xido de ferra d. 6xido de estanho 5. visa a promoc;ao e manutenc;iio, no mais alto grau do bem- -estar ffsico, mental e social dos trabalhadores em todas as ocupac;oes; a prevenc;iio, entre os trabalhadores, de doenc;as ocupacionais causadas por suas condic;oes de tra- balho; a protec;ao dos trabalhadores em seus labores, dos riscos resultantes de fatores adversos a saude; a colocac;ao e conserva<;:iio dos trabalhadores nos ambientes ocupa- cionais adaptados as suas aptidoes fisiol6gicas e psicol6gicas; em resumo: a adaptac;iio do trabalho ao homem e de cada homem ao seu pr6prio trabalho. Preenche corretamente a lacuna a seguinte alternativa: a. A saude ocupacional b. A medicina do trabalho c. A bissinose d. A silicose Doe"9as Ocupacionais 119 Edilora ~, ica - S0guranca do Trabalho: Guia Prcitico e Oidtalico - Paulo Roberto sarsano e Rildo Pereira B..:irbosa . 11 Ed~ o