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Taxa de mortalidade de doenças infecciosas

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“Evolução da mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias” 
 
 
por 
 
 
Pollyana Rocha de Araújo 
 
 
Dissertação apresentada com vistas à obtenção do título de Mestre 
Modalidade Profissional em Epidemiologia em Saúde Pública. 
 
 
 
 
Co - orientador: Prof. Dr.Arthur Orlando Correa Schilithz 
 
Orientador principal: Prof.ª Dr. Silvana Granado Nogueira da Gama 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Teresina, outubro de 2015. 
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Esta dissertação, intitulada 
 
 
“Evolução da mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias” 
 
 
 
apresentada por 
 
 
Pollyana Rocha de Araújo 
 
 
foi avaliada pela Banca Examinadora composta pelos seguintes membros: 
 
 
 
 
Prof.ª Dr.ª Sonia Duarte Azevedo Bittencourt 
Prof. Dr. Paulo Roberto Borges de Souza Júnior 
Prof. Dr.Arthur Orlando Correa Schilithz – Co-orientador 
Prof.ª Dr.ª Silvana Granado Nogueira da Gama – Orientador principal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dissertação defendida e aprovada em 06 de outubro de 2015. 
 
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 Catalogação na fonte 
 Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica 
 Biblioteca de Saúde Pública 
 
 
 
P777e Araújo, Pollyana Rocha de 
Evolução da mortalidade por doenças infecciosas e 
parasitárias. / Pollyana Rocha de Araújo. -- 2015. 
61 f. : tab. ; graf. 
 
Orientador: Silvana Granado Nogueira da Gama 
Arthur Orlando Correa Schilithz 
Dissertação (Mestrado) – Escola Nacional de Saúde 
Pública Sergio Arouca, Rio de Janeiro, 2015. 
 
1. Doenças Transmissíveis - mortalidade. 2. Doenças 
Parasitárias - mortalidade. 3. Registros de Mortalidade. 4. 
Anos Potenciais de Vida Perdidos. 5. Vigilância 
Epidemiológica. I. Título. 
 
CDD – 22.ed. – 616.96 
 
 
 
 
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Dedico esta dissertação... 
 
Aos meus pais, 
Manoel Vicente Brito de Araújo (in memorian) e 
Maria de Fátima Rocha de Araújo 
Pelos valores repassados, pelo incentivo, pelas renuncias 
que fizeram por mim e meus irmãos. 
 
 
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Agradecimentos 
 
À Deus, energia que sempre ilumina minha vida com grandes 
desafios e oportunidades 
 
Aos meus orientadores, pelo aprendizado e ajuda durante toda a 
construção deste trabalho. O Arthur pela competência e 
generosidade com que repassou um pouco dos seus conhecimentos 
em estatística, e a professora Silvana Granado, pela compreensão, 
dedicação e paciência que teve comigo ao longo desse período. 
 
Aos meus colegas de turma, pelos momentos inesquecíveis juntos 
 
Às amigas que conquistei nessa jornada, que me apoiaram e me 
incentivaram em momentos difíceis, Mohema e Margarete 
 
A todos os professores do mestrado, que se deslocaram de tão longe 
para repassar um pouco de conhecimento. 
 
A FIOCRUZ, pela oportunidade oferecida 
 
À minha família, que sempre acreditou, incentivou e esperou o 
melhor de mim. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 09 
2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................. 11 
3 JUSTIFICATIVA ....................................................................................................... 22 
4 OBJETIVOS ............................................................................................................... 23 
4.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................. 23 
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................... 23 
5 LIMITAÇÕES DO ESTUDO .................................................................................... 23 
6 METODOLOGIA ....................................................................................................... 23 
6.1 ANOS POTENCIAIS DE VIDA PERDIDOS .......................................................... 24 
7 RESULTADOS ........................................................................................................... 25 
8 DISCUSSÃO ............................................................................................................... 30 
9 CONCLUSÃO ............................................................................................................. 46 
REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 48 
APÊNDICE .................................................................................................................... 60 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 – Percentual de óbitos por causas mal definida ................................................ 21 
Figura 2 – Anos potenciais de vida perdidos ................................................................... 26 
Figura 3 – Número de óbitos por diarreia e gastroenterites ............................................ 29 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 – Número absoluto de óbitos e taxa de mortalidade ......................................... 26 
Tabela 2 – Características dos óbitos por doenças infecciosas e parasitárias ................. 27 
Tabela 3 – Anos potenciais de vida e taxa de mortalidade das doenças infecciosas e 
parasitárias mais prevalentes .......................................................................................... 28 
Tabela 4 - Anos potenciais de vida e taxa de mortalidade das doenças negligenciadas e 
parasitárias mais prevalentes ........................................................................................... 29 
Tabela 5 - Óbitos por doenças infecciosas e parasitárias considerando a causa básica e a causa 
mencionada no Piau ........................................................................................................... 30 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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RESUMO 
 A taxa de mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias - DIP tem sofrido 
um acentuado declínio nos últimos anos, entretanto, verifica-se no Brasil que essas 
enfermidades ainda ocupam papel relevante entre as causas de morte, levando a um 
grande número de óbitos prematuros, o que justifica a utilização do indicador anos 
potenciais de vida perdidos. Esse indicador quantifica o número de anos de vida 
desperdiçados quando a morte ocorre prematuramente, ou seja, antes da idade média 
prevista (expectativa de vida ao nascer) para o local estudado. OBJETIVO: analisar a 
evolução da mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias no estado do Piauí e os 
anos potenciais de vida perdidos no período de 2001 a 2012. Os objetivos específicos 
foram: descrever a evolução da mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias no 
estado do Piauí por idade e por sexo; caracterizar a mortalidade por doenças infecciosas 
e parasitárias considerando as causas mais incidentes e as doenças negligenciadas; 
analisar os anos potenciais de vida perdidos por doenças infecciosas e parasitárias. 
METODOLOGIA: foi realizado um estudo ecológico a partir dos dados do 
DATASUS, provenientes do sistema de informação de mortalidade - SIM. Os dados 
coletados foram referentes ao período de janeiro de 2001 a dezembro de 2012. Foram 
incluídos todos os óbitos por doença infecciosa e parasitária do capítulo I da 10ª revisão 
da classificação internacional de doenças. Foram descritas as DIP com maior taxa de 
mortalidade no período de estudo e as doenças negligenciadas mais relevantes no 
tocante à mortalidade no Piauí. Finalmente, foram calculados os anos potenciais de vida 
perdidos por essas morbidades, considerando 70 anos a expectativa de vida ao nascer. 
RESULTADOS: foramregistrados 5.779 óbitos por doenças infecciosas e parasitárias, 
que geraram 105.483 anos potencias de vida perdido. As doenças infecciosas e 
parasitárias com maiores taxas de mortalidade foram: diarreia e gastroenterite, AIDS, 
doença de chagas, tuberculose e leishmaniose. Com relação às doenças negligenciadas 
se destacaram a doenças de chagas, a leishmaniose, a hanseníase, a dengue e a 
cisticercose. Quanto aos anos potenciais de vida perdidos se destacaram a AIDS, a 
dengue e a leishmaniose. CONCLUSÃO: verificou-se aumento discreto da 
mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias ao longo do período estudado, no 
entanto os anos potenciais de vida perdidos diminuíram, apontando aumento na idade 
média dos óbitos. O resultado encontrado leva à reflexão sobre a necessidade de 
controle dessas doenças, fortalecimento da vigilância epidemiológica e avanço no 
diagnóstico precoce e tratamento oportuno dessas morbidades. Nesse sentido, utilizar 
dados sobre mortalidade aliado aos anos potenciais de vida perdidos para definir 
prioridades no âmbito da saúde pública pode alcançar maior impacto nos resultados em 
saúde. 
PALAVRAS CHAVES: Doenças infecciosas e parasitárias. Mortalidade. Anos 
Potencias de Vida Perdidos. 
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ABSTRACT 
The mortality rate from infectious and parasitic diseases - DIP has suffered a sharp 
decline in recent years, however, there is in Brazil that these diseases still occupy an 
important role among the causes of death, leading to a large number of premature 
deaths, which justifies the use of the indicator potential years of life lost. This indicator 
quantifies the number of years of wasted life when death occurs prematurely, in other 
words ,before the average expected age (life expectancy at birth) to the location studied. 
OBJECTIVE: To analyze the evolution of mortality from infectious and parasitic 
diseases in the state of Piauí and the potential years of life lost from 2001 to 2012. The 
specific objectives were to describe the evolution of mortality from infectious and 
parasitic diseases in the state of Piauí by age and sex; characterize the mortality from 
infectious and parasitic diseases considering the most incident causes and neglected 
diseases; analyze the potential years of life lost due to infectious and parasitic diseases. 
METHODS: We performed an ecological study based on data from the DATASUS, 
from the mortality information system - SIM. The data collected were for the period 
from January 2001 to December 2012. We included all deaths from infectious disease 
and parasitic of Chapter I of the 10th revision of the International Classification of 
Diseases. DIP been described with higher mortality rate during the study period and 
major neglected diseases in relation to mortality in Piauí. Finally, the potential years of 
life lost were calculated for these morbidities, considering 70 years life expectancy at 
birth. RESULTS: There were 5,779 recorded deaths from infectious and parasitic 
diseases, which generated 105,483 years of potential life lost. Infectious and parasitic 
diseases with higher mortality rates were: diarrhea and gastroenteritis, AIDS, Chagas 
disease, tuberculosis and leishmaniasis. With respect to neglected diseases stood out 
Chagas disease, leishmaniasis, leprosy, dengue and cysticercosis. As for the lost years 
of potential life stood AIDS, dengue and leishmaniasis. CONCLUSION: There was a 
slight increase in mortality from infectious and parasitic diseases during the study 
period, however the lost years of potential life decreased, indicating increase in the 
average age of death. The results found leads to reflection on the need to control these 
diseases, strengthen epidemiological surveillance and advances in early diagnosis and 
timely treatment of these morbidities. In this sense, using mortality data combined with 
the potential life lost years to set priorities in public health can achieve greater impact 
on health outcomes. 
 
KEY WORDS: Infectious and parasitic diseases. Mortality. Potential Years of Life 
Lost. 
9 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
A taxa de mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias (DIP) tem sofrido um 
acentuado declínio nos últimos anos, entretanto, verifica-se no Brasil que essas 
enfermidades ainda ocupam papel relevante entre as causas de morte. Há uma relação 
direta entre sua ocorrência e o Índice de Desenvolvimento Humano – IDH, com um 
maior número de pessoas afetadas nas áreas de maior pobreza no país, havendo maior 
frequência dessas doenças nas regiões Norte e Nordeste (LINDOSO; LINDOSO, 2009). 
 A ocorrência dessas doenças revela os níveis de saúde e de vida da população e 
podem ser utilizados como indicadores de saúde para o planejamento de políticas 
públicas. O padrão de mortalidade de uma dada região, definido pela mortalidade 
específica por determinadas causas, pode refletir o grau de qualidade de vida existente e 
o acesso à assistência à saúde, podendo fornecer subsídios para uma política de saúde 
mais eficiente e eficaz à medida que permite estabelecer normas e metas prioritárias 
(PAES; GOUVEIA, 2010). 
 As informações sobre as taxas de mortalidade, o local onde ocorrem e quem é mais 
afetado proporciona uma contribuição crucial para debates sobre políticas, 
planejamento, intervenções, e para a priorização de novas pesquisas em tecnologias de 
saúde, sendo sem dúvida uma medida fundamental para análise de saúde de uma 
população (LOZANO et al, 2012). 
 No entanto, a utilização pura e simples da taxa de mortalidade como uma 
medida para informar prioridades de saúde tem algumas limitações, uma vez que a taxa 
de mortalidade dá um peso igual a uma morte na idade de 90 anos, 25 anos ano ou 5 
anos de idade. Considerando o fato que as doenças crônicas matam um maior número 
de pessoas, mas geralmente em idades mais avançadas, sua relevância pode estar 
superestimada. Por outro lado, muitas DIP costumam afetar parcela considerável de 
pessoas ainda na infância e na juventude (LOZANO et al, 2012). 
 A utilização dos Anos Potenciais de Vida perdidos para avaliação das condições 
de saúde de uma população e prioridades de saúde torna-se assim uma medida mais 
fidedigna. Este indicador é capaz de medir a mortalidade prematura conseguindo 
associar a quantidade de óbitos e o valor social dessa morte, expresso pela idade 
(PEIXOTO, 1995). 
10 
 
 
 
 Apesar da redução crucial da mortalidade por doenças infecciosas, algumas 
dessas doenças continuam impactando sobremaneira o cenário mundial. Em 2010, 
ocorreram 7,6 milhões de mortes em crianças de 0 a 5 anos no mundo, sendo 64% 
devido a causas infecciosas, a maioria por pneumonia, diarreia e malária, especialmente 
em regiões da áfrica e sudeste da Ásia (LIU, 2012). 
 Nesse mesmo ano, em adultos jovens de 15 a 49 anos, a mortalidade global por 
tuberculose foi responsável por 4,6% das mortes em mulheres e 5,1% das mortes em 
homens em todo mundo. Também a AIDS tem papel relevante nesse cenário, sendo 
responsável por 14,4% das mortes em mulheres e 10,7% em homens nessa mesma faixa 
etária (LOZANO et al, 2012). 
 Além do número de mortes e dos anos potenciais de vida perdidos relacionados 
às doenças infecciosas e parasitárias, as alterações nos padrões dessas doenças tem 
aumentado ainda mais sua relevância. Estudos têm demonstrado aumento dos distúrbios 
metabólicos em pacientes com HIV/AIDS, hanseníase, tuberculose, leishmaniose e 
hepatites virais, o que torna a análise dessas doenças ainda mais importantes (PONTE, 
2010). A interação entre esses dois processos está associada a maiores complicações. 
A infecção pelo HIV/AIDS está associada a distúrbios metabólicos, ao maior risco 
para doenças cardiovasculares, e também ao aumento de colesterol total e triglicerídeo 
em pacientes submetidos à terapia antirretroviral (DOMINGOS, 2009). Estudos 
evidenciaram risco quatro vezes maior para o surgimentodo diabetes mellitus tipo 2 - 
DM2 em homens portadores do HIV quando comparados a pacientes soronegativos 
(BROWN, 2005). 
Existe aumento de risco de DM2 e de resistência à insulina em pacientes infectados 
pelo vírus da hepatite C (ROUAIBHIA, 2010) e uma maior prevalência de DM2 em 
pacientes com hanseníase (PONTE, 2010). 
A relação entre a tuberculose e o diabetes é bidirecional, existindo evidências que 
demonstram que há aumento de risco para desenvolvimento de diabetes em indivíduos 
com tuberculose e vice-versa (PICKUT, 2004). 
Além dos distúrbios metabólicos, as DIP têm ganhado notoriedade pela própria 
associação entre elas, modificando o curso e a gravidade de muitas doenças. 
 A infecção pelo HIV é hoje importante fator de risco para desenvolvimento de 
várias doenças infecciosas. Entre elas a associação com a tuberculose está entre as mais 
importantes, não apenas pela interação patológica, mas por uma combinação de fatores 
que favorecem a evolução da doença em ambas as condições (MUNIZ, 2006). 
11 
 
 
 
 O aumento da tuberculose em portadores de HIV/AIDS traz aos serviços de 
saúde uma sobrecarga e apresenta aos profissionais de saúde desafios na definição do 
diagnóstico, na avaliação e no tratamento devido às modificações da tuberculose nesses 
pacientes, desde sua sintomatologia e evolução clínica até a resposta ao tratamento 
preconizado (REID, 2006). 
 Esse conjunto de fatores colocam as DIP em um local de destaque no cenário 
mundial e nacional entre as causas mortes e, dessa forma requerem medidas de 
controles mais efetivas e, sobretudo estudos abrangendo essa temática, o que justifica 
compor o sexto 6° objetivo do milênio, que visa combater a AIDS, a malária e outras 
doenças (PNUD). 
 
 
2 REVISÃO DE LITERATURA 
 
2.1 TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA 
 
As doenças infecciosas e parasitárias têm apresentado comportamento heterogêneo 
nas últimas décadas em todo o mundo. Por trás das mudanças estão, entre outros 
aspectos, o próprio progresso científico e tecnológico, as transformações econômicas e 
sociais de caráter mundial, que determinam modificações radicais na vida do homem, 
influenciadas pelas tecnologias clínicas (WALDMAN; SILVA; MONTEIRO, 1999). 
Os países industrializados e considerados pólo centrais da economia mundial, 
apresentaram mudanças significativas em seu perfil epidemiológico a partir da segunda 
metade do século XX (ARAÚJO, 2012). Essas mudanças ocorridas ao longo do tempo 
nos padrões de mortalidade e morbidade das populações foram denominadas de 
transição epidemiológica por OMRAM, 2001. E foram norteadas por dois fatores 
principais: as alterações associada à estrutura etária da população ocorrida ao longo do 
processo de transição demográfica; e as alterações nos padrões de morbidade e 
mortalidade, havendo a substituição gradual das doenças infecciosas e parasitárias e das 
deficiências nutricionais pelas doenças crônico-degenerativas e aquelas relacionadas às 
causas externas. 
Segundo a teoria da transição epidemiológica de OMRAM, a humanidade teria 
atravessado três fases epidemiológicas ao longo da sua história: A 'Era da Fome das 
Pestilências', que durou desde o início dos tempos históricos até o fim da Idade Média, 
12 
 
 
 
foi caracterizada por uma mortalidade e fecundidade elevadas, sendo essas altas taxas 
de mortalidade relacionadas com as doenças infecciosas e parasitárias, em caráter 
endêmico e epidêmico que, assumiam, com frequência, caráter pandêmico, com grande 
impacto na dinâmica das populações. A expectativa de vida estava era muito baixa, em 
torno de 20 anos, e o crescimento demográfico era lento. 
A 'Era do Declínio das Pandemias', correspondeu historicamente ao período que vai 
da Renascença até o início da Revolução Industrial, foi caracterizado pela progressiva 
redução das grandes pandemias e epidemias, embora as doenças infecciosas 
continuassem a ser a principal causa de morte. Nesse período verificou-se uma gradual 
melhora no padrão de vida e a expectativa de vida alcançou os 40 anos. Com a queda 
das taxas de mortalidade e a manutenção das altas taxas de natalidade iniciou-se um 
longo período de crescimento populacional. As doenças infecciosas e parasitárias e a 
fome de caráter endêmico, apesar de terem reduzido, mantinham entre os principais 
problemas de saúde pública. 
A 'Era das Doenças Degenerativas e das Causadas pelo Homem' estende-se da 
Revolução Industrial até o período contemporâneo. Caracterizou-se pala redução e 
estabilização da mortalidade, diminuição da fecundidade e declínio das doenças 
infecciosas, que se iniciaram várias décadas antes do aparecimento das sulfas e dos 
antibióticos, acentuando-se com os progressos da medicina. As doenças infecciosas 
deixam de ser a principal causa de óbitos, lugar ocupado pelas doenças cardiovasculares 
e as neoplasias malignas. Nessa fase, houve uma desaceleração no crescimento 
demográfico, a expectativa de vida aumentou progressivamente até atingir os 70 anos, 
nos meados daquele século. Tudo isso relacionado a uma progressiva melhora do 
padrão de vida das populações, com a ampliação do saneamento básico, melhoria das 
condições de nutrição, habitação e educação, além do avanço de novas tecnologias em 
saúde e ampliação da cobertura de serviços clínicos e de diagnóstico. 
Segundo Chaimowicz (1997), existe uma correlação direta entre os processos de 
transição demográfica e epidemiológica. De um modo geral a queda inicial da 
mortalidade concentra-se seletivamente entre as doenças infecciosas e tende a beneficiar 
os grupos mais jovens da população que, por sua vez, passam a conviver com fatores de 
risco para as doenças crônico-degenerativas. Na medida em que cresce o número de 
idosos e aumenta a expectativa de vida, tornam-se mais frequentes as complicações 
dessas enfermidades, modificando-se, assim, o perfil de saúde da população. 
13 
 
 
 
Uma curiosidade sobre a transição epidemiológica no Brasil, assim como em toda a 
América Latina é que essa não tem seguido o mesmo modelo dos países industrializados 
e centrais do capitalismo de substituição das doenças infecciosas e parasitárias por 
doenças crônico-degenerativas, acidentes e violência. Observa-se uma transição 
prolongada ou polarizada, com a superposição de contextos epidemiológicos no qual 
permanece como desafio para a saúde pública as doenças infecciosas e parasitárias e o 
aumento das doenças crônico-degenerativas e outros agravos não infecciosos. A 
reintrodução de processos infecciosos, como dengue e cólera, ou a persistência e o 
recrudescimento de outras, como a malária, a tuberculose, a hanseníase e as 
leishmanioses, e o surgimento de novas endemias como a AIDS, mostram a natureza 
não unidirecional, diferente do modelo proposto por Omram, que pode ser denominada 
de “contra transição” (PONTES ET AL, 2009). 
Essa ideia de polarização e contra transição foi primeiramente defendida por Frenk 
(1991). Segundo Araújo (2012) o Brasil é um exemplo da polarização epidemiológica, 
combinando elevadas taxas de morbidade e mortalidade por doenças crônico-
degenerativas com altas incidências de doenças infecciosas e parasitárias, e a 
prolongada persistência de níveis diferenciados de transição entre grupos sociais 
distintos. 
Segundo Pontes et al (2009), apesar da acentuada queda da mortalidade as DIP 
ainda constituem a terceira causa de internação hospitalar, a frente das causas externas e 
das neoplasias. Isso é um indicador indireto de que a despeito de menor importância 
relativa em termos de mortalidade, as DIP continuam a apresentar um papel relevante 
em termos de morbidade, o que evidencia a persistência de uma situação de polarização 
epidemiológica no país. 
Este contexto está associado a aspectos como as grandes desigualdades econômicas 
e sociais, ao processo migratório para as grandes cidades, aos problemas ambientais e 
outros problemas de ordem estrutural quegerou um panorama complexo para a saúde 
pública, dificultando a erradicação e/ou eliminação das doenças infecciosas e 
parasitárias em curto prazo (WALDMAN, 1999). Todo esse processo bem como a 
maneira heterogênea como ele vem ocorrendo nas diversas regiões do país, decorrente 
das desigualdades sociais e econômicas, torna-se um grande e complexo desafio para a 
saúde pública. 
Diferentemente dos países industrializados, onde a queda das taxas de fecundidade e 
mortalidade foi acompanhada da ampliação da cobertura dos sistemas de proteção social 
14 
 
 
 
e melhorias nas condições de vida da população como habitação, alimentação, trabalho 
e saneamento básico, no Brasil, o declínio da mortalidade que deu início à transição 
demográfica e epidemiológica foi determinado pela ação médico-sanitária do Estado, 
por meio de mudanças estruturais e políticas urbanas de saúde pública como as 
campanhas de vacinação, higiene pública e outras campanhas sanitaristas (YAZAKI; 
SAAD, 1990). 
As desigualdades sociais em saúde resultam das diferenças produzidas pelas formas 
de inserção dos indivíduos nas sociedades e encontram-se relacionadas com a forma de 
divisão social da riqueza (BARATA, 2006). A desigualdade em que se processa a queda 
da mortalidade em diferentes regiões e classes sociais no Brasil comprova a importância 
dessa dinâmica de intervenção do estado, em detrimento da real conquista de direitos 
sociais pela população (OLIVEIRA; FELIX, 1995). 
 
2.1 DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS - DIP 
 
 Existem muitas doenças infecciosas e parasitárias que ainda estão entre as 
principais causas de morte no mundo. No ranking global das causas de mortes, de 1990 
a 2010, a maior mudança foi à mortalidade por HIV/AIDS, subindo da 35ª posição para 
6° principal causa de morte no mundo, a diarreia passou da 5° para a 7° posição, a 
tuberculose da 6° para a décima e a malária da 9° para 11° (LOZANO et al, 2012). 
 Com relação aos APVP, este mesmo estudo mostra o impacto das DIP. Em 
1990, no ranking, a diarreia ocupava o 2°, a tuberculose o 9°, a malária o 6° e o 
HIV/AIDS o 24°. Em 2010, a diarreia passou a ocupar o 4°, a tuberculose o 11°, a 
malária o 5° e o HIV/AIDS O 6° em anos potenciais de vida perdidos. Assim temos que 
de 1990 para 2010, essas doenças mudaram de posição, mas ainda estão entre as 
principais causas de mortes no mundo. 
Segundo dados do DATA/SUS (2013) as doenças infecciosas e parasitárias 
constituem a terceira causa de morte em crianças de 1 a 4 anos de idade no estado do 
Piauí e a quarta causa de óbito no Brasil nessa mesma faixa etária. De acordo com 
Caldeira et al (2005), as doenças infecciosas e parasitárias consistem em uma causa de 
óbito infantil intimamente relacionada com fatores socioeconômicos e 
ambientais. Ainda segundo este autor, para determinados grupos populacionais a sua 
ocorrência é mais expressiva devido às precárias condições de vida. Esse grupamento de 
15 
 
 
 
doenças destaca-se como uma das principais causas de internações hospitalares e 
mortalidade infantil no Brasil e no mundo. 
A proporção de óbitos por DIP no estado do Piauí no ano de 2013 foi 3,79%, sendo 
esta a 8° (oitava) causa de óbito no estado. (DATASUS/SIM, 2014). No tocante a 
morbidade, as doenças infecciosas e parasitárias foram no ano de 2012 a 6° (sexta) 
causa de internação hospitalar no Brasil, estando ainda como uma das principais causas 
de internações do país. No estado do Piauí e na região Nordeste, neste mesmo período, 
essas doenças foram à segunda causa de internação ficando atrás apenas do capítulo XV 
da Cid 10 (gravidez, parto e puerpério) (DATASUS/SIH, 2014). Essas informações 
mostram a magnitude dessas doenças nas regiões mais pobre do país e chama a atenção 
para a relação direta dessas doenças com as iniqüidades sociais e econômicas do país 
Diferenças importantes são verificadas quando se analisam as diversas regiões do 
país, mostrando que mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias, maternas, 
perinatais e nutricionais ainda são marcantes no Norte e Nordeste e a mortalidade por 
causas externas atinge maiores proporções nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Este 
cenário demonstra a manifestação dos agravos segundo grupos de causas de doenças 
ocorre de maneira diferente nas regiões do país. As doenças relacionadas à pobreza e/ou 
precárias condições de atendimento à saúde acometem principalmente as mulheres e as 
regiões Norte e Nordeste (SCHARAMM et al, 2004). 
Campelo, Gonçalves e Donadi (2005), observaram em Teresina-PI, que 63,8% dos 
óbitos por DIP que ocorreram no ano 2000 foram por septicemia (25,6%), doenças 
infecciosas intestinais (21,6%) e tuberculose (16,6%). 
 No Brasil, o Ministério da Saúde tem classificado as DIP segundo três 
tendências principais no sentido de orientar as ações de controle: doenças com tendência 
decrescente, doenças com quadro de persistência e doenças emergentes e reemergentes. 
O primeiro grupo são aquelas que apresentam reduções drásticas nos coeficientes de 
incidência composta principalmente pelas doenças imunopreveníveis controladas pelo 
Programa Nacional de Imunização criado em 1973. Inclui-se a varíola, poliomielite, 
sarampo, raiva humana, tétano acidental, difteria, rubéola, e ainda outras doenças não 
imunopreveníveis como a doenças de Chagas, febre tifoide, oncocercose, filariose e a 
peste (BRASIL, 2010a). 
Entre as doenças caracterizadas com tendência de persistência encontra-se a malária, 
a tuberculose, as leishmanioses, a hanseníase, a esquistossomose, a doença de Chagas, a 
febre amarela silvestre, as hepatites virais, a leptospirose, a meningite por Neisseria 
16 
 
 
 
Meningitidis B e C, a meningite por Haemophilus influenzae tipo B e os acidentes por 
animais peçonhentos. Algumas dessas doenças ainda apresentam elevados coeficientes 
de incidência, com tendência de aumento nos últimos anos. E por último, o grupo das 
doenças emergentes e reemergentes no qual se destacam o surgimento da AIDS em 
1980, a dengue em 1982, a cólera reintroduzida em 1991, e a hantavirose, 1993 
(BRASIL, 2010a). 
 
2.4 DOENÇAS DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIAS 
 
No sentido de coordenar as ações relacionadas ao controle das doenças 
transmissíveis, o Ministério da Saúde, através da Lei n.6259 de 30 de outubro de 1975, 
regulamentada pelo Decreto n.78.231 de 12/08/1976, tornou obrigatória a notificação de 
algumas doenças transmissíveis e assim, a primeira lista nacional de doenças de 
notificação compulsória foi estabelecida, incluindo aquelas evitáveis por imunizações, 
transmitidas por vetores, tuberculose, hanseníase e, posteriormente, doença 
meningocócica e raiva humana. 
Segundo Silva (2005), os princípios da vigilância epidemiológica foram 
inicialmente utilizados em programas de controle de malaria, febre amarela e, 
principalmente, na Campanha de Erradicação da Varíola, de 1966 a 1973 com grande 
sucesso. Nesse sentido, foi organizado em 1969, um sistema de notificação semanal de 
doenças, baseado na rede de unidades permanentes de saúde, sob a coordenação das 
Secretarias Estaduais de Saúde e as informações de interesse desse sistema passaram a 
ser divulgadas regularmente pelo Ministério da Saúde, por meio de um boletim 
epidemiológico de circulação quinzenal. 
A lei orgânica da saúde, Lei 8080/90, define vigilância epidemiológica como um 
conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou prevenção de 
qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou 
coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle 
das doenças ou agravos. 
Na década de 80, junto ao processo de construção do Sistema Único de Saúde 
(SUS), houve também a descentralização das ações de vigilância e o fortalecimento dos 
sistemas municipais de vigilância epidemiológica, com uma reestruturação do Sistema 
Nacional Vigilância Epidemiológica paradar conta da heterogeneidade do rol de 
eventos sob vigilância na esfera municipal, frente às transformações do perfil 
17 
 
 
 
epidemiológico das doenças transmissíveis no Brasil, com isso, a relação de doenças de 
notificação compulsória passa a ter revisões sistemáticas, com vistas a englobar outros 
problemas de saúde e não somente aqueles voltados às doenças evitáveis por 
imunização ou causados por vetores. Sendo incluídos outros critérios para a inclusão de 
doenças como magnitude, potencial de disseminação, transcendência, vulnerabilidade, 
compromissos internacionais (PENNA et al, 2011). 
A portaria nº 1.271, de 06 de junho de 2014, define a mais atual Lista Nacional de 
Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública nos serviços 
de saúde públicos e privados em todo o território nacional, incluindo conceitos, 
responsabilidades e agravos novos no âmbito da notificação compulsória. 
 
2.5 PLANO DE AÇÕES ESTRATÉGICAS 
 
Com intuito de reverter esse quadro de desigualdade na morbimortalidade por 
doenças infecciosas e parasitárias nas regiões brasileiras, o Ministério da Saúde lançou 
em agosto de 2011 o Plano Integrado de Ações Estratégicas em que foi definido um 
conjunto de endemias que demandam ações estratégicas para eliminação como 
problema de saúde pública ou para redução drástica da carga dessas doenças. Segundo a 
classificação das doenças negligenciadas e outras relacionadas com a pobreza, essas 
formam um conjunto de doenças que tendem a coexistir em áreas em que a população 
apresenta precárias condições de vida. Apesar de se reconhecer a importância dessas 
morbidades no adoecimento e morte da população, a carga das doenças negligenciadas é 
subestimada no Brasil, por isso assim são chamadas. Neste grupo estão incluídas a 
hanseníase, esquistossomose, filariose linfática, geohelmintíases, oncocercose e tracoma 
(BRASIL, 2012) 
De acordo com esse Plano, o governo do Brasil assume o compromisso público de 
eliminar esses agravos ou reduzir drasticamente a carga dessas doenças. Este plano 
integrado de ações estratégicas de eliminação da hanseníase, filariose, esquistossomose 
oncocercose como problema de saúde pública, tracoma como causa de cegueira e 
controle das geohelmintíases caracteriza-se principalmente pela proposição de 
estratégias de busca ativa de casos novos e tratamento oportuno, considerando-se, neste 
contexto, quando indicado, as intervenções de tratamento coletivo. A oferta de serviços 
de saúde de atendimento da demanda espontânea de casos de tais endemias não tem sido 
suficiente para sua eliminação e redução da carga da doença. Portanto, esforços 
18 
 
 
 
dirigidos especificamente para a detecção precoce de casos, bem como para o 
tratamento do maior número de indivíduos, impactarão na redução da circulação 
ambiental dos agentes etiológicos dessas endemias, na redução do surgimento de novos 
casos e de suas conseqüências (BRASIL, 2012). 
 
2.6 DOENÇAS NEGLIGENCIADAS 
 
Segundo a OMS (2006), cerca de 1 bilhão de pessoas (um sexto da população 
mundial) sofrem de uma ou mais tipo de Doenças Tropicais Negligenciadas (DTN), 
essas doenças têm afligido a humanidade desde os tempos antigos e adquiriram 
notoriedade por serem incapacitantes e deformantes. 
As doenças tropicais negligenciadas têm uma maior prevalência nas regiões entre as 
latitudes 35º N e 35º S, com altitudes inferiores a 2.200 metros e temperaturas que 
variam de 15º C a 40º C. Estas doenças são prevalentes em áreas tropicais e 
subtropicais, em países com um alto índice de pobreza, e onde a maioria dos habitantes 
vive com menos de dois dólares por dia. No Brasil, as DTN são mais prevalentes nas 
regiões Norte e Nordeste, que apresentam os mais baixos IDH do país. A pobreza está 
intimamente associada à prevalência de DTN e com a maior vulnerabilidade a essas 
doenças. A infecção pelos agentes causadores de DTN provoca profundo impacto 
econômico, social e político (LINDOSO; LINDOSO, 2009). 
Um diferencial importante das DTN é que elas frequentemente provocam 
morbidades crônicas, sem causar a morte. A baixa mortalidade global dessas doenças é 
considerada uma das principais razões para que essas condições sejam negligenciadas 
por tanto tempo. Sem o grande número de mortes anuais, os formuladores de políticas 
internacionais, não podem contar com essa métrica tradicional para expressar a 
importância global de saúde pública das DTN (BETHONY, 2011). No entanto usando 
os anos potenciais de vida perdidos por incapacidade (DAYLE) as estimativas indicam 
que as DTN podem ser tão importantes quanto à malária e o HIV no âmbito da saúde 
pública (HOTEZ, 2006). 
 No Brasil, as populações mais afetadas por DTN vivem em áreas rurais e nos 
subúrbios das grandes cidades, onde há a maior prevalência de pobreza (MATHERS, 
2007). O Brasil responde por mais de 50% de todas as DTN nas Américas segundo 
Hotez (2008). Quase 1 milhão de casos de filariose linfática ainda ocorrem em quatro 
países da região da América Latina, liderados pelo Haiti, com 80% dos casos, seguido 
19 
 
 
 
pelo Brasil, República Dominicana e Guiana (HOTEZ, 2008 II). Estima-se que 1 milhão 
de casos de tracoma ocorrem principalmente na região amazônica do Brasil. 
(GAUTAM, 2009). A leptospirose é uma importante infecção bacteriana zoonótica de 
ratos que afeta os moradores das favelas brasileiras (KO AL; PICARDEAU, 2009). 
A Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou em 2010 o seu primeiro relatório 
sobre doenças tropicais negligenciadas no mundo hoje no qual foram citados: dengue, 
hidrofobia, tracoma, úlcera de Buruli (infecção por Mycobacterium ulcerans), 
reponematoses endêmicas, Lepra (hanseníase), doença de Chagas (tripanossomíase 
americana), tripanossomíase humana africana (doença do sono), Leishmaniose, 
Cisticercose, dracunculíase (infecção pelo verme da Guiné), equinococose, infecções 
alimentares por trematódeos, filariose linfática, oncocercose (cegueira dos rios), 
esquistossomose (bilharziose) e helmintíases transmitidas pelo solo. 
 Segundo Camargo (2008) a designação "doenças tropicais" não foi invenção da 
OMS, pois já constava do vocabulário médico desde o século XIX. Surgiu sem data fixa 
e foi se consolidando na medida em que microrganismos eram reconhecidos como 
causadores de doenças e tinham seus mecanismos de transmissão elucidados. 
Essas doenças são assim denominadas negligenciadas porque os investimentos em 
pesquisa geralmente não se revertem em desenvolvimento e ampliação do acesso a 
novos medicamentos, diagnóstico ou vacinas para sua prevenção e controle. 
Considerando o fato de que as indústrias farmacêuticas são principalmente movidas 
pelo lucro a disponibilidade de medicamentos torna-se um problema grave já que essas 
doenças atingem populações marginalizadas, de baixa renda e pouca influência política, 
localizadas em sua maioria nos países em desenvolvimento (WERNECK, 2011). 
 
2.7 QUALIDADE DOS DADOS DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE 
MORTALIDADE - SIM 
 
A qualidade dos dados disponíveis nos sistemas de informação sobre mortalidade – 
SIM, depende diretamente do preenchimento correto das declarações de óbito e refletem 
a capacidade resolutiva diagnóstica dos serviços de saúde (SILVA ET AL, 2011). 
Um dos fatores que afetam diretamente os dados do SIM são os óbitos por causas 
mal definidas. As causas mal definidas são aquelas declaradas como “sintomas”, 
“sinais” ou por expressões como “causa indeterminada” ou “causa ignorada” e na CID-
10 estas causas de morte estão agrupadas no Capítulo XVIII. Quanto maior a proporção 
20 
 
 
 
de óbitos por causas mal definidas, menor a exatidão dos dados sobre mortalidade por 
causas, no entanto é importante lembrar que sempre haverá alguns óbitos por causas mal 
definidas (BORGES E COSTA, 2008). 
 Os óbitos por causas mal definidas têm diminuído nas últimas décadas em todas as 
regiões brasileiras, o quesugere uma melhoria na qualidade da informação registrada no 
SIM. Todavia, nas regiões Norte e Nordeste, ainda há valores expressivos de óbitos por 
causas mal definidas (BRASIL, 2005). 
De acordo com Lima e Mota (2011), os estudos desenvolvidos sobre a Região 
Nordeste observaram que a proporção de óbitos por causa mal definida tem se mantido 
acima de 20,0% da totalidade de óbitos da região, nas últimas três décadas, e 
historicamente o Piauí tem uma das situações mais críticas. 
 Lima e Mota (2011), em um estudo sobre tendência da mortalidade por causas 
mal definidas no estado do Piauí de 2000 a 2006, observaram que após a redistribuição 
dos óbitos por causas mal definidas investigados 31,44% dos óbitos permaneceram 
indefinidos e os demais foram recodificados e migraram para 17 dos 21 grupos de causa 
básica, sendo os principais grupos receptores: doenças relacionadas ao aparelho 
circulatório (41,0%); neoplasias (13,0%); causas externas de morbidade e mortalidade 
(9,5%); doenças do aparelho respiratório (7,5%); e algumas doenças infecciosas e 
parasitárias (5,7%). Nos demais grupos 22,3% dos óbitos foram recodificados. Esses 
resultados foram encontrados calculando-se a proporção de óbitos migrados para cada 
grupo de causa em relação ao total de óbitos recodificados. Apesar dos resultados os 
autores do estudo afirmam que se todos os óbitos por causa mal definidas tivessem sido 
investigados, não haveria alteração do quadro sanitário quanto ao perfil de óbito do 
estado. 
O estudo observou também que com a intervenção (implantação da ficha de 
investigação de óbito), a partir de janeiro de 2006, observou-se no estado do Piauí, 
acentuada redução na mortalidade proporcional por causa mal definidas, de 22,3% em 
2005 para 7,3% no ano de 2006. Tal redução também foi verificada na freqüência 
absoluta de óbitos dos dois anos: em 2005 foram registrados 3.141 óbitos por causa mal 
definida, enquanto no ano de 2006 registraram-se apenas 1.408 óbitos nesse grupo de 
causa básica. O estudo mostrou ainda que a capital, Teresina, por contar com serviço de 
verificação de óbito (SVO), e um maior número de profissionais médicos, encontra-se 
em uma situação mais confortável que os demais municípios do estado com relação aos 
óbitos mal definidos. 
21 
 
 
 
Laurenti et all (2008), afirma que apesar de não ser totalmente fidedignos, as 
estatísticas de mortalidade por causa trazem relevante contribuição à característica do 
perfil epidemiológico de uma população. De acordo com Laurenti (2004), sempre 
haverá óbitos por causas mal definidas, porém idealmente, esta proporção deve ser 
baixa, entre 4% e 6%. 
Em 2013, a proporção de óbitos por causas mal definidas no estado do Piauí foi de 
3,19% segundo dados do DATASUS, o que mostra uma maior confiabilidade das 
informações do SIM no estado. 
 
FIGURA 1. Percentual de óbitos por causa mal definidas no estado do Piauí, 
2001 a 2013. 
 
FONTE: Sistema de Informação de Mortalidade - SIM 
 
Outro fator importante do trabalho diz respeito ao sub-registro de óbitos. Segundo 
Justino & Freire (2012) para uma boa mensuração do número de óbitos e padrão de 
mortalidade é fundamental diminuir a estimativa de sub-registro de óbitos no país. 
De acordo com dados do IBGE o sub-registro de óbitos vem diminuindo em todo 
Brasil na última década, o seu valor estimado para o conjunto do país em 2001, foi de 
16,3%, declinando para 6,2%, em 2011. Na região Nordeste, apesar estar entre as piores 
situações juntamente com a região Norte, também se observa melhorias na cobertura 
dos óbitos, mas a magnitude do sub-registro ainda é elevada, sendo de 38,7% em 2001 e 
20,6%, em 2011. O estado do Piauí apresenta a quinta maior proporção de sub-registro 
de óbitos do nordeste, com 25,6% em 2011. 
22 
 
 
 
 O sub-registro de óbitos provém primordialmente das desigualdades de acesso aos 
serviços de saúde, de fatores culturais e socioeconômicos, e das dificuldades de acesso 
geográfico ocasionado pelas grandes distancias entre comunidades e cartórios que estão 
frequentemente mais localizados nas áreas de maior densidade populacional (IBGE, 
2011). 
 
2.8 PIAUÍ 
 
Segundo dados do IBGE (2010), o Piauí tem uma população 3.160.748 habitantes, 
área de 251.529,19 km², e 223 municípios. Considerado historicamente como um dos 
estados mais pobre do Brasil possui uma renda per capita baixa (R$ 408,27 reais), 
superior apenas a do estado do Maranhão, com uma proporção de pessoas com baixa 
renda de 60,84% (pessoas ocupadas com rendimento até dois salários mínimos); possui 
a segunda maior taxa de analfabetismo do país, 22,24%, perdendo apenas para o estado 
de Alagoas e uma taxa de mortalidade infantil 20,8 por mil nascidos vivos, a segunda 
maior do país (DATASUS, 2011). 
O estado do Piauí aparece no Plano de Ações Estratégicas com alguns municípios 
considerados estratégicos para a eliminação da hanseníase, tracoma como causa de 
cegueira e redução drástica da carga das geohelmintíases. 
 
3. JUSTIFICATIVA 
 
As doenças infecciosas e parasitárias ainda têm grande relevância como causa de 
morbidade e mortalidade no Brasil, em especial por se tratar de doenças potencialmente 
evitáveis. No estado do Piauí, devido à estreita relação das DIP com as condições 
sociais e econômicas da população, o estudo da mortalidade por essas doenças se mostra 
pertinente considerando seu grande contingente populacional vivendo em situação de 
pobreza. Além disso, as doenças infecciosas e parasitárias constituem a terceira causa de 
morte em crianças de 1 a 4 anos de idade no estado do Piauí e a quarta causa de óbito no 
Brasil segundo dados do DATASUS. Outra questão relevante foi mostrar o impacto das 
DIP na mortalidade do estado do Piauí, expondo os anos de vida desperdiçados por 
essas morbidades. 
 
 
23 
 
 
 
4. OBJETIVOS 
 
4.1 OBJETIVO GERAL 
 
 O objetivo geral deste estudo foi analisar a evolução da mortalidade por doenças 
infecciosas e parasitárias no estado do Piauí e os anos potenciais de vida perdidos. 
 
 4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
 
 Descrever a evolução da mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias no 
estado do Piauí por idade e por sexo, 2001-2012; 
 Caracterizar a mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias considerando 
as causas mais incidentes e as negligenciadas do Piauí; 
 Analisar os anos potenciais de vida perdidos por doenças infecciosas e 
parasitárias no estado do Piauí, 2001-2012. 
 
 
5. LIMITAÇÕES DO ESTUDO 
 
 Por se tratar de um estudo com dados secundários, não há controle do 
pesquisador em relação a erros decorrentes de digitação, registro e confiabilidade das 
informações prestadas. 
 
6 METODOLOGIA 
 
Foi realizado um estudo ecológico a partir dos dados do Sistema de Informação de 
Mortalidade (SIM). Os dados coletados foram referentes ao período de janeiro de 2001 
a dezembro de 2012. Utilizou – se o CENSO de 2010 e as estimativas populacionais 
para os anos intercensitários para obtenção da população utilizada, disponível no site do 
DATASUS (DATASUS, 2015). 
Foram incluídos todos os óbitos por doença infecciosa e parasitária (capítulo I da 
10ª revisão da Classificação Internacional de Doenças - CID 10) de pessoas residentes 
no estado do Piauí. 
24 
 
 
 
Utilizou-se como critério de exclusão os óbitos por septicemia para não 
comprometer a fidedignidade e não superestimar o número dos óbitos. A septicemia não 
é propriamente uma doença, mas é decorrente de uma doença complicada por infecção 
generalizada (PAES, 2004). Para o cálculo considerando as causas básicas foram 
excluídos todos os óbitos que tinha a septicemia aparecia como causa básica, e nas 
causas mencionadas foram excluídos todos os óbitos em que foi mencionado apenas 
septicemia como DIP. 
Foram descritas as DIP com maior taxa de mortalidade no período de estudo. E as 
doenças negligenciadas com maior taxa de mortalidadeno estado: dengue, doença de 
chagas, hanseníase, leishmaniose e cisticercose. 
Para o cálculo da taxa de mortalidade e dos anos potenciais de vida perdido (APVP) 
na análise dessas doenças foi considerada primeiramente a causa básica da declaração 
de óbito. 
Dividiu-se o período em quadriênios a fim de evitar possíveis flutuações: 2001-2004 
(primeiro quadriênio), 2005-2008 (segundo quadriênio) e 2009-2012 (terceiro 
quadriênio). 
Posteriormente foi feito uma análise comparativa das doenças segundo a causa 
básica e a causa mencionada. 
Para a causa mencionada foi considerado as doenças infecciosas e parasitárias 
citadas em qualquer parte da declaração de óbito. 
 A apresentação dos resultados foi feita por meio de tabelas de frequências e de 
contingência e gráficos de linhas. As ferramentas computacionais utilizadas para 
preparo e análise de dados foram o Tabwin 3.6b, o Tabnet (DATASUS), Microsoft 
Excel 2010 e o SPSS Statistics 20. 
A Pesquisa seguiu resolução N° 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde que 
regula a pesquisa com seres humanos. Não foi necessária a utilização de Termo de 
Consentimento Livre Esclarecido – TCLE, uma vez que o estudo se restringiu aos dados 
disponíveis em base de dados de acesso livre. 
 
 
6.1 ANOS POTENCIAIS DE VIDA PERDIDOS – APVP 
Os anos potenciais de vida perdidos (APVP) medem o impacto da mortalidade, 
porque dão maior peso às mortes em idades mais jovens e são úteis na priorização de 
25 
 
 
 
intervenções de saúde pública (RODRIGUEZ, 2015). São também importantes para 
comparar a importância relativa das diferentes doenças, para monitorizar as diferenças 
nas tendências entre os países e as tendências ao longo do tempo (MURRAY, 2002). 
Esse indicador quantifica o número de anos de vida perdidos quando a morte ocorre 
de forma prematura, ou seja, em idade menor do que a expectativa de vida ao nascer da 
região estudada. Nesse caso utilizou-se a expectativa de vida do IBGE para cada sexo 
do estado do Piauí. 
Para cada morte ocorrida se contabiliza a quantidade de APVP subtraindo da 
idade esperada de vida (segundo a projeção populacional do IBGE) a idade em que a 
morte ocorreu. Assim, uma pessoa que morreu aos 30 anos, perdeu 40 Anos Potenciais 
de Vida, considerando que a expectativa de vida fosse 70 anos para sua faixa etária. 
O total de APVP foi calculado para total dos óbitos por DIP, para as doenças 
infecciosas e parasitárias mais prevalentes e as doenças negligenciadas mais relevantes 
no estado. 
A fórmula utilizada foi de Romeder e Whinnie (1988): 
 Limite superior 
APVP = Ʃ aidi 
 I = limite inferior 
 
Onde: 
ai = número de anos que faltam para completar a idade correspondente ao limite 
superior considerado, quando a morte ocorre entra as idades i e i+1 anos; 
 di = número de óbitos ocorridos entre as idades de i e i+1 anos. 
 
7 RESULTADOS 
 
Foram identificados no sistema de informação sobre mortalidade (SIM) 12.630 
óbitos por doenças infecciosas e parasitárias – DIP, considerando as causas 
mencionadas, e 5.779 óbitos por DIP registrados pela causa básica, no estado do Piauí, 
no período de 2001 a 2012. 
A taxa de mortalidade por DIP apresentou um discreto aumento no período 
analisado passando de 14,55 óbitos /100.000 habitantes no primeiro quadriênio para 
16,09 óbitos /100.000 habitantes no terceiro considerando as DIP como causa básica. 
No que concernem as causas mencionadas, esse aumento foi bem mais significativo, 
26 
 
 
 
passando 21,43 no primeiro quadriênio para 49,21 óbitos por /100.000habitantes no 
terceiro quadriênio. 
As taxas foram padronizadas pelo método direto e a população padrão utilizada 
foi a de Teresina, no entanto a padronização não mostrou grandes alterações nas taxas 
originais. 
 
Tabela 1. Número absoluto de óbitos e taxa de mortalidade considerando as DIP como 
causa básica e causa mencionada, no Piauí, 2001 - 2012. (por 100.000 habitantes) 
 Óbitos por 
causa 2001-2004 2005-2008 2008-2012 TOTAL 
 
N Taxa N Taxa N Taxa N Taxa 
Básica 1695 14,55 2062 16,86 2022 16,09 5779 15,86 
Mencionada 2493 21,41 3953 32,32 6184 49,21 12630 34,66 
FONTE: Sistema de Informação sobre Mortalidade - SIM 
 N: número de óbitos 
 
Com relação aos anos potencias de vida perdidos (APVP) foram 105.483 APVP 
tendo como causa básica as DIP. Diferentemente da taxa de mortalidade, os anos 
potencias de vida perdidos no Piauí diminuiram ao longo do período passando de 
10.427 em 2001 para 7.855 em 2012 APVP (figura 2). 
 
Figura 2. Número de anos potencias de vida perdidos - APVP por doenças 
infecciosas e parasitárias seundo a causa básica, no Piauí, 20012 a 2012. 
 
 FONTE: Sistema de Informação de Mortalidade - SIM 
27 
 
 
 
 
Os resultados apresentados na tabela 2 são referentes aos óbitos cuja causa 
básica foi uma doença infecciosa parasitária no período de 2001 a 2012 
Com relação às características dos óbitos, 3.465 eram do sexo masculino e 2.314 
do sexo feminino. A faixa etária com maior percentagem de óbitos foi a de 60 anos ou 
mais (43,4%) e a raça/cor com maior percentagem foi a parda (58%). Mais de um 
quarto dos óbitos foram de residentes da capital e 73,25% das demais cidades do estado 
(tabela 2). 
 
Tabela 2. Características dos óbitos por doenças infecciosas e parasitárias no Piauí, 
2001 a 2012 
 
 2001-2004 2005-2008 2009-2012 TOTAL 
 N % N % N % N % 
FAIXA ETÁRIA 
 0 - 4 anos 409 24,2 319 15,6 139 6,9 867 15,1 
5-14 anos 35 2,1 35 1,7 35 1,7 105 1,9 
15-24 anos 68 4,1 53 2,6 57 2,8 178 3,0 
25-39 anos 220 13,0 268 13,1 314 15,6 802 14,0 
40-59 anos 364 21,6 438 21,3 501 25,0 1303 22,6 
60 ou + 593 35,0 940 45,7 963 48,0 2496 43,4 
SEXO 
 Feminino 658 39,3 827 40,1 829 40,5 2314 40,03 
Masculino 1037 60,7 1235 59,9 1193 59,5 3465 60,0 
RAÇA/COR 
 Branca 348 20,6 390 19,0 369 18,2 1107 19,1 
Preta 187 11,0 215 10,4 214 10,6 616 10,6 
Amarela 6 0,4 13 0,6 5 0,2 24 0,4 
Parda 874 51,5 1256 60,9 1294 64,0 3424 59,3 
Indígena 5 0,3 3 0,1 2 0,1 10 0,2 
Ignorado 275 16,2 185 9,0 138 6,9 598 10,4 
CAPITAL 
 Sim 500 30,0 550 26,7 589 28,7 1639 28,4 
Não 1165 70,0 1512 73,3 1463 71,3 4140 71,6 
 
FONTE: Sistema de Informação sobre Mortalidade 
– SIM 
 
Na tabela 3, podem ser observados o número de óbitos e a taxa de mortalidade 
por 100.000 habitantes. As DIP com maior número de óbitos foram a diarreia e as 
28 
 
 
 
gastroenterites, 1.817 óbitos (31,4‰), o HIV/AIDS, 942 óbitos (16,3‰), a doença de 
chagas, 848 (14,7‰), tuberculose, 838, (14,50‰) e a leishmaniose, 241 óbitos (4,2‰). 
Do mesmo modo, em relação aos anos potenciais de vida perdido – APVP 
calculado de acordo com as projeções populacionais do IBGE, a diarreia e 
gastroenterites ocuparam o primeiro lugar (39.194 anos), seguido do HIV/AIDS (27.453 
anos). A leishmaniose, apesar de ter sido a quinta causa de óbito por DIP, na análise dos 
APVP ficou em terceiro lugar com 8.975 anos perdidos de vida. A doença de chagas 
apresentou 1.871 APVP e a tuberculose 822 APVP (tabela 3). 
 
Tabela 3. Anos Potenciais de Vida Perdido – APVP e Taxa de Mortalidade das doenças 
infecciosas e parasitárias mais prevalentes no Piauí – 2001 a 2012. 
 
 A figura 3 mostra a evolução dos óbitos por diarreia e gastroenterites nas 
diversas faixas etárias. As faixas etárias de 0 a 4 anos e acima de 60 anos foram as mais 
acometidas, mas ao longo do período se observa uma inversão do número de óbitos nas 
duas faixas etárias, com uma clara redução desses óbitos nas crianças de 0 a 4 anos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIP 2001-2004 2005-2008 2009-2012 TOTAL 
 N° Taxa APVP N° Taxa APVP N° Taxa APVP N° Taxa APVP 
Diarreia e 
gastroenterites 
556 4,8 18541 722 5,9 15700 539 4,3 4952 1817 4,9 39193 
HIV/AIDS 
 
213 1,8 5941 293 2,4 8606 436 3,5 12906 942 2,58 27453 
Doença deChagas 
220 1,9 525 314 2,6 764 314 2,5 583 848 2,32 1871 
Tuberculose 
 
270 2,3 2766 307 2,5 2466 261 2,1 2784 838 2,29 8016 
Leishmaniose 
 
83 0,7 3990 87 0,7 3034 71 0,6 1951 241 0,66 8975 
 
FONTE: Sistema de Informação sobre Mortalidade - SIM 
 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE 
 N: número de óbitos 
 
 
 
 
 
29 
 
 
 
Figura 3. Número de óbitos por diarreia e gastroenterites nas diversas faixas 
Etárias, no Piauí de 2001 a 2012. 
 
 
FONTE: Sistema de informação de mortalidade – SIM 
 
No que concernem as doenças negligenciadas, a doença de Chagas apresentou a 
maior taxa de mortalidade (2,3‰), seguida da leishmaniose (0,66‰), hanseníase 
(0,26‰), dengue (0,12‰) e cisticercose (0,05‰). Entretanto, no tocante aos APVP, a 
leishmaniose foi a DIP que apresentou o maior número de anos perdidos (8.975) e a 
dengue ocupou o terceiro lugar, com 1.566 anos potenciais de vida perdido. 
 
Tabela 4. Número absoluto, taxa de Mortalidade e anos potenciais de vida perdido por doenças 
negligenciadas mais incidentes no Piauí, de 2001 a 2012 (por 100.000 hab.) 
 
 2001-2004 2005-2008 2009-2012 TOTAL 
 
N° Taxa APVP N° Taxa APVP N° Taxa APVP N° Taxa APVP 
 
D. de Chagas 
 
220 1,89 525 314 2,56 764 314 2,49 583 848 2,32 1871 
Leishmaniose 
 
83 0,71 3990 87 0,71 3034 71 0,56 1951 241 0,66 8975 
Hanseníase 
 
26 0,22 390 43 0,35 178 28 0,22 312 97 0,26 879 
Dengue 
 
03 0,03 79 18 0,15 591 25 0,19 895 47 0,13 1566 
Cisticercose 04 0,03 116 07 0,06 177 09 0,07 181 20 0,05 475 
FONTE: Sistema de Informação sobre Mortalidade – SIM 
 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE 
 
 
 A tabela 5 mostra uma comparação da taxa de mortalidade dessas doenças 
considerando a causa básica e a causa mencionada. Os dados revelam que a diarreia e a 
gastroenterites apresentaram um aumento considerado da taxa de mortalidade de 4,98 
30 
 
 
 
para 7,1. O HIV/AIDS, a doença de chagas e a tuberculose apresentaram um discreto 
aumento. A taxa de mortalidade da dengue e da cisticercose permaneceu quase 
inalterada. 
Tabela 5. Óbitos por doenças infecciosas e parasitárias considerando a causa básica e a causa 
mencionada no Piauí, 2001 a 2012. 
 TOTAL 
 
N° de óbitos 
por causa 
básica 
Taxa de 
mortalidade por 
causa básica 
N° de óbitos 
por causa 
mencionada 
Taxa de 
mortalidade por 
causa mencionada 
Diarreia e gastroenterites 1817 4,98 2590 7,10 
AIDS 
 
942 2,58 966 2,65 
Doença de Chagas 
 
848 2,32 999 2,74 
Tuberculose 
 
838 2,29 1056 2,89 
Leishmaniose 
 
241 0,66 289 0,79 
Hanseníase 
 
97 0,26 219 0,60 
Dengue 
 
47 0,12 55 0,15 
Cisticercose 20 0,05 26 0,07 
FONTE: Sistema de Informação Sobre Mortalidade 
 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
 
 
 8 DISCUSSÃO 
 
O aumento da taxa de mortalidade por DIP no estado do Piauí é um dado que 
surpreende, uma vez que nos últimos anos vem se observando uma redução na 
mortalidade por essas doenças em todo o mundo, inclusive no Brasil. Segundo o 
Ministério da Saúde (2012) a mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias vem 
declinando desde a década de 1940, inicialmente de forma acelerada, e atualmente mais 
lenta, embora persistente. Entre 2000 e 2010, a mortalidade proporcional por DIP no 
país caiu de 4,7 para 4,3%, muito embora, essa redução tenha sido mais pronunciada em 
algumas doenças infecciosas do que em outras (MS, 2012). 
Campelo et al (2005) em estudo da mortalidade por doenças infecciosas e 
parasitárias na população residente em Teresina de 1971 a 2000, utilizando como base 
de dados o SIM, observaram redução acentuada no coeficiente de mortalidade de 168,8 
para 27,8 /100.000 ao longo do período. No entanto, apesar da redução acentuada da 
mortalidade por DIP ao longo desses anos, no final do período, a partir de 1995 
observa-se discreta elevação na taxa, como evidenciado no presente estudo. Ressalta-se 
que o estudo de Campelo foi em período bem anterior ao estudo atual. 
31 
 
 
 
Para esses autores, o que pode ter contribuído para o aumento na taxa de 
mortalidade por DIP foi o processo de urbanização da cidade, associado às questões 
econômicas e ecológicas favorecendo a endemicidade de algumas doenças como a 
leishmaniose e a dengue. Também a falta de um programa efetivo para o controle da 
tuberculose, que permitiu que ocorresse um número cada vez maior de acometidos, 
além do seu deslocamento para indivíduos acima de 60 anos e à expansão da epidemia 
da AIDS. 
Teixeira et al (2002) em estudo sobre mortalidade por doenças infecciosas em 
Salvador no período de 1991 a 1998 com os dados do SIM, observaram aumento 
discreto na proporção de nos óbitos por DIP, passando de 43% em 1991 para 44, 6% em 
1998. Segundo este autor o modelo excludente de desenvolvimento social e econômico 
adotado nos países menos desenvolvidos, a emergência e a reemergência de algumas 
doenças infecciosas têm influenciado na mortalidade e principalmente na morbidade em 
todo o mundo. 
A despeito das causas elencadas pelos autores citados acima, é importante 
destacar que outros fatores podem ter influenciado no aumento da taxa de mortalidade e 
nos APVP, considerando que houve grandes avanços sociais, econômicos e no acesso à 
assistência à saúde da população ao longo desse período. 
Segundo Hoffman (2008), os programas de transferência de renda para as 
populações mais carentes no Brasil ajudaram a reduzir a pobreza e as desigualdades 
sociais e econômicas pela primeira vez na história do Brasil, o que contribuiu, sem 
dúvida, para o controle de muitas doenças infecciosas. 
No entanto, apesar desses avanços, os resultados deste estudo mostram que se 
por um lado o óbito por algumas doenças infecciosas diminuíram, outras apresentaram 
um aumento substancial como a AIDS, o que impulsionando, consideravelmente, o 
aumento no número de mortes DIP. 
Outros fatores a serem considerados são os avanços no campo da vigilância em 
saúde com investigação de casos suspeitos, aumento do diagnóstico de muitas doenças, 
melhoria no preenchimento da declaração de óbito e dos dados do SIM dos estados do 
Nordeste. Segundo DATASUS no ano de 2001 a proporção de óbitos por causas mal 
definidas no estado do Piauí era 29,58% e no ano de 2012 essa proporção caiu para 
4,76%. A redução proporcional das causas mal definidas se constitui em uma das 
principais medidas para o aprimoramento da qualidade das estatísticas de mortalidade 
32 
 
 
 
no país (SANTO, 2008). No entanto, na medida em que se diminuem os óbitos por 
causas mal definidas, tem-se ao aumento das demais causas de óbitos. 
Além disso, mesmo com os avanços da última década, as condições de vida em 
alguns locais, como nas favelas urbanas permanecem com ambiente favorável à 
transmissão de muitas doenças infecciosas, como por exemplo, a dengue, a 
leishmaniose e a tuberculose (RILEY, 2007). 
Com relação às características dos óbitos, Campelo et al (2005) observaram a 
redução dos óbitos por DIP na faixa etária de 0-4 anos de 695,6/100.000 em 1971 para 
73,8/100.000 em 2000, enquanto na faixa etária de 50 anos e mais a redução foi de 
menor intensidade, de 221,4 para 100,5 (por 100 mil hab.) no mesmo período. 
Também no presente estudo a maior queda proporcional de óbitos se deu na 
faixa etária de 0-4, corroborando com os achados de Campelo. Essa foi à faixa etária 
que apresentou a maior redução. No entanto, na faixa acima de 60 anos a proporção de 
óbitos aumentou de 35% para 48%. Como exemplo tem-se os óbitos por diarreia e 
leishmaniose que aumentaram nas faixas etárias maiores. 
Reduzir a taxa de mortalidade em menores de cinco anos é o quarto objetivo do 
milênio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD. O Brasil 
alcançoua meta antes do prazo, reduzindo de 52,7 em 1990 para 17,7 óbitos/1000 
habitantes em 2011 (PNUD, 2015). 
Também a mortalidade infantil vem diminuindo por todas as causas no Brasil 
nos últimos anos e em especial pelas doenças infecciosas e parasitarias (ALMEIDA & 
SZWARCWALD, 2012). 
 A melhoria das condições sanitárias aliada ao maior acesso aos serviços de 
saúde e o aumento na cobertura da Estratégia de Saúde da Família tiveram efeitos 
importante na redução da mortalidade infantil em todo país (CARVALHO et al, 2015). 
 As infecções em idosos apresentam características diferenciadas da população 
jovem, isso decorre das alterações imunológicas ou mau funcionamento orgânico dos 
idosos. As doenças infecciosas são causas comuns do aumento de morbidades e 
mortalidades em pacientes idosos e se revelam como problema frequente na prática 
diária da Geriatria (CHANTRI, 2007). Ademais, deve-se levar em conta o crescimento 
da população idosa no Brasil nas últimas décadas, com o aumento da expectativa de 
vida no país. 
No tocante ao sexo o estudo mostrou ao longo de todo período uma maior 
proporção de óbitos no sexo masculino. 
33 
 
 
 
 Do mesmo modo, Silveira & Franch (2013) ao estudar os riscos das doenças 
infecciosas nos sexos encontraram maior vulnerabilidade no sexo masculino para quase 
todas as doenças infecciosas. Esses autores atribuem esse fato aos hábitos e 
comportamentos masculinos na idade adulta como, exposição a fatores de riscos, 
consumo de álcool e menor procura por serviços de saúde, dado que na infância não são 
foram encontradas diferenças na vulnerabilidade entre os sexos por doenças infecciosas 
e nos idosos essas diferenças tendem a cair. 
 O fato da maior incidência de óbitos por DIP ter como causa básica a diarreia e 
gastroenterites pode estar relacionado às condições precárias de vida da população do 
Piauí, especialmente nas cidades do interior. Associado a essas causas tem-se ainda a 
doença de chagas e a tuberculose, também associadas às condições adversas de vida da 
população. Teixeira et al (2002), verificou que 70% dos óbito por DIP em Salvador de 
1991 a 1998 eram por diarreia, tuberculose, doenças de chagas e septicemia, problemas 
para os quais segundo este autor, se dispões de recursos para tratamento e prevenção. A 
proporção de óbitos encontrada por Teixeira et al foi semelhante, diarreia 14,3%, 
tuberculose, 19,8%, doença de chagas 15,5%, AIDS, 16,3%. . 
Buchalla (2003) em um estudo sobre mortalidade por doenças infecciosas no 
início e no final do século XX em São Paulo (1901 a 2000) afirma que, apesar dos 
coeficientes de mortalidade terem diminuído substancialmente no último século, a 
tuberculose, as septicemias, a doenças de Chagas e as diarreias infecciosas juntamente 
com a AIDS ainda constituem principais causas de morte por DIP. 
 
DIARREIA E GASTROENTERITES 
 
 A diarréia é responsável por um número elevado de hospitalizações e 
mortalidade em todo o mundo principalmente nos países em desenvolvimento. De 
acordo com a OMS (2012), a cada ano se registram no mundo dois bilhões de casos de 
doença diarréica, e 1.9 milhões de mortes em crianças com menos de 5 anos de idade 
por diarreia, fundamentalmente nos países em desenvolvimento. Entretanto esse número 
vem diminuindo, segundo Lozano (2012) a taxa global de mortalidade padronizada por 
idade por doenças diarréicas caiu em 49% no mundo de 1990 para 2010. 
 Nesse trabalho, apesar de ser observada redução na mortalidade por diarreia e 
gastroenterites, esta ainda foi a causa que apresentou a maior taxa de mortalidade e o 
maior número de APVP no Piauí de 2001 a 2012 entre todas as doenças infecciosas. 
 
 
34 
 
 
 
De acordo com os resultados deste estudo pode se observar que do primeiro para 
o segundo quadriênio houve um aumento na mortalidade e a partir desse período a 
mortalidade por diarreia e gastroenterites reduz. Já os APVP, tendem sempre a cair de 
maneira acentuada indicando que as mortes por diarreia diminuíram mais nas faixas 
etárias menores que na população idosa. 
 Oliveira (2010), ao estudar a tendência da internação e da mortalidade infantil 
por diarreia Brasil de 1995 a 2005, encontrou uma redução da mortalidade por diarreia 
em quase todas as capitais brasileiras, incluindo Teresina, capital do Piauí. Até meados 
dos anos 90, a dirreia foi responsável por um altíssimo número de mortes, e foi 
exatamente a redução desses óbitos, especialmente em menores de cinco anos, que mais 
impactaram na redução da mortalidade por doenças infecciosas contribuindo para 
aumento da esperança de vida e envelhecimento da população (BUCHALLA et al, 
2003). 
 A mortalidade global por diarreia diminui 4% de 2000 para 2010, neste mesmo 
período a redução nos países americanos foi maior, 10,2%. (LIU, 2012). 
A evolução dos indicadores socioeconômicos, demográficos e de saúde, como a 
ampliação da cobertura dos serviços de saneamento básico, diminuição da desnutrição 
infantil, aumento da cobertura vacinal e do aleitamento materno, melhoria do nível de 
escolaridade materna, do acesso a serviços de saúde, oferta de terapia de reidratação 
oral e o acesso à informação são apontados em diversos estudos como responsáveis pela 
redução morbimortalidade por doenças diarreicas na infância. (MELI & WALDMAN, 
2011; OLIVEIRA & LATORRE, 2010;). 
Além disso, Silva (2005) cita a implantação de programas de saúde, como o 
Programa de Agentes Comunitários de Saúde e o Programa de Saúde da Família como 
principais responsáveis por essa redução. 
O manejo por meio de ações de Atenção Básica de Saúde contribuiu de maneira 
substancial para a diminuição da mortalidade infantil, especialmente por diarreia 
(TORRES, et al, 2013). Houve ainda a disponibilização da vacina contra Rotavírus a 
partir de 2006, que se mostrou bastante eficaz na redução da mortalidade infantil por 
diarreia aguda. (GURGEL et al, 2011). 
 Existem muitos estudos sobre a morbimortalidade por diarreia em crianças, mas 
poucos estudos nas demais faixas etárias. Um dos fatores que pode estar relacionado à 
maior redução da mortalidade por diarreia nas crianças em comparação aos idosos, pode 
ser o fato de haver maior investimento em tempo e dinheiro para o cuidado de crianças, 
35 
 
 
 
devido à sua maior vulnerabilidade, além de serem mais cuidadas por seus responsáveis, 
o que nem sempre se observa no cuidado com o idoso, inclusive porque muitos são 
independentes e vivem sem assistência de adultos mais jovens. Assim, muitos idosos 
não devem considerar episódios de diarreia importante o suficiente para leva-lo a 
procurar tratamento profissional (CHOWDHURY, 2015). 
Há de questionar também o preenchimento correto da causa básica de morte, 
Jorge et al (2008) sugerem que pode haver maior dificuldade em diagnosticar a 
verdadeira causa básica da morte quando se trata de idosos, tendo em vista que ao 
envelhecerem, passam a apresentar, concomitantemente, várias morbidade. 
 
HIV/AIDAS 
 
A AIDS foi a causa de óbito que mais cresceu no período estudado, sua taxa de 
mortalidade quase dobrou do primeiro para o terceiro quadriênio e anos potenciais de 
vida perdidos aumentaram 117% no mesmo período discordando da tendência mundial 
de redução da mortalidade por AIDS. 
Segundo dados da OMS (2011) a mortalidade global por AIDS tem diminuído 
substancialmente, fato que vem sendo observado desde 2005, e que foi impulsionado 
por dois fatores principais: a maior disponibilidade de terapia antirretroviral e o menor 
número de pessoas infectadas desde o final dos anos 90 (OMS, 2011). 
No Brasil, de 2002 a 2011, o coeficiente de mortalidade por AIDS vem 
apresentando tendência de queda, com uma média de redução anual de 1,3%, no entanto 
essa redução não foi homogênea em todo o país. Em 2011, o coeficiente padronizado 
de mortalidade no Brasil foi de 5,6 óbitos por 100.000 habitantes. As regiões Sudeste, 
Sul e Centro-Oesteapresentaram a mesma tendência nacional, entretanto com 
intensidades diferentes, sendo as maiores reduções na região sudeste. Já os coeficientes 
de mortalidade das regiões Norte e Nordeste apresentam tendência de aumento nos 
nesse mesmo período (BRASIL, 2012). 
O grande aumento nos APVP chama atenção uma vez que implantado a terapia 
antirretroviral gratuita esperar-se-ia que as mortes ocorressem em uma idade mais 
avançada impactando menos nesse indicador. 
Dourado e Barreira (2006) apontam alguns fatores que podem explicar as 
diferenças na tendência na epidemia da AIDS nas macrorregiões do Brasil, como o grau 
de implementação das medidas de prevenção e tratamento, o conhecimento da 
36 
 
 
 
população sobre a doença, a desigualdade no nível de escolaridade e dos fatores 
socioeconômicos, diferentes categorias de exposição, adesão ao tratamento. Todos esses 
fatores podem estar relacionados com tendência diferenciada da epidemia de AIDS no 
Piauí. 
Lucena e Sousa (2009), em estudo sobre anos potenciais de vida perdidos por 
AIDS em Pernambuco em 1996 e 2005, observaram redução de 0,75% no número de 
óbitos e 6,20% nos APVP naquele estado. Entretanto, quando analisado as 
mesorregiões, observaram variação acentuada entre as tendências, com algumas 
mesorregiões apresentando aumento de até 92% no número de óbitos e 58% nos APVP, 
o que corrobora com as afirmações anteriores de que não se pode esperar uma tendência 
uniforme na epidemia de AIDS, onde as desigualdades sociais e de acesso ao cuidado 
com a saúde ainda persistem. 
De acordo com Lucena e Sousa (2009), no ano de 2005, a AIDS foi responsável 
por 12.744,5 APVP no estado de Pernambuco, sendo a idade média ao morrer 37,98 
anos. No Piauí, nesse mesmo ano a AIDS foi responsável por de 2.200 APVP, bem 
abaixo do encontrado em Pernambuco. 
Com relação ao aumento da mortalidade em algumas mesorregiões do 
Pernambuco, os autores ressaltam a redução das proporções de óbitos por causa mal 
definidas, a melhora no sistema de vigilância epidemiológica e no preenchimento da 
declaração de óbito e, consequentemente, na codificação da causa básica. 
Possivelmente, esses fatores podem ter sido responsáveis pelo aumento na taxa de 
mortalidade e nos APVP no estado do Piauí, onde também ocorreu grande redução dos 
óbitos por causa mal definidas, especialmente a partir de 2005. 
Apesar da tendência mundial de redução no número de óbito por AIDS, estudos 
mostram que há locais onde essas mortes têm aumentado igualmente ao estado do Piauí. 
 Na china, por exemplo, a taxa de mortalidade por AIDS aumentou de 0,10 em 
1999 para 1,01 casos por milhão em 2005, em seguida, para 4,58 casos por milhão em 
2008, correspondendo a uma taxa de crescimento anual de 44% (LEI, 2012). 
Rodriguez (2015) também encontrou aumento nos APVP por AIDS na 
Colômbia, de 1998 a 2011 os APVP passaram de 64.282 para 101.344. 
Deeks (2009) cita estilo de vida (uso de drogas, tabagismo e abuso de álcool), a 
co-infecção com outros vírus (hepatites B e C, vírus do papiloma humano) e com outras 
doenças (tuberculose) e a toxicidade específica de drogas utilizadas no tratamento da 
37 
 
 
 
AIDS, como fatores contribuem para o maior risco relativo de mortalidade relacionada 
ao AIDS. 
A OMS traz o teste e o aconselhamento como essenciais para a expansão do 
acesso ao tratamento e prevenção do HIV. O acesso ao teste diagnóstico avançou muito 
especialmente para gestantes, no entanto, a maioria dos que vivem com AIDS, em 
países de baixo e médio nível de desenvolvimento, não conhece seu estado sorológico. 
Em muitos casos, mesmo após receber um teste positivo, muitas pessoas não procuram 
o serviço para iniciar o tratamento, fato decorrente de aconselhamento inapropriado 
(OMS, 2011). 
No estado do Piauí, o acesso ao diagnóstico e fundamentalmente ao tratamento 
da AIDS está vinculado aos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA), serviços de 
saúde onde se realizam ações de diagnóstico e prevenção de doenças sexualmente 
transmissíveis. Todavia, a procura por esse serviço é tida para muitos usuários como 
constrangedora pelo medo de ser reconhecido e pelo estigma (SOUZA, 2008). 
Os CTA foram criados em 1997, a partir do Centro de Orientação e Apoio 
Sorológico (COAS) e tem como meta a incorporação da prática de aconselhamento, nas 
atividades assistenciais já existentes nos serviços de saúde (BRASIL, 2015a). Apesar do 
crescimento das ações de combate e controle do HIV/AIDS, atualmente os CTA 
encontram-se localizado em apenas 5 cidades do estado do Piauí o que restringe o 
acesso ao tratamento da AIDS (BRASIL, 2015b). 
Esses serviços de atendimento especializado que contam com unidade 
dispensadora de antirretrovirais, são compostos por uma equipe multidisciplinar e não 
demanda tecnologia sofisticada para funcionarem, mesmo assim, estão concentrados 
nos grandes centros urbanos (REIS, 2008). Para este autor, isso ocasiona dificuldades de 
acesso ao tratamento dos doentes residentes em regiões mais distantes dos grandes 
centros urbanos e constituem um desafio para a universalização dos avanços 
terapêuticos alcançados na luta contra a epidemia. 
 A interiorização da doença tem sido descrita, como um fenômeno que dificulta o 
tratamento e acompanhamento desses indivíduos, devido à distância dos grandes centros 
urbanos, deixando os moradores infectados pelo HIV dessas áreas mais vulneráveis à 
doença (REIS, 2008), uma vez que a transmissão em baixo nível ainda ocorre em 
municípios de pequeno e médio porte, o que sugere que os que as ações de controle da 
doença não são uniformes (GRANJEIRO, 2010). 
 
38 
 
 
 
TUBERCULOSE 
 
 A taxa de mortalidade e os APVP por tuberculose (TB) permaneceram quase 
sem alterações no Piauí apresentando pequena redução no final do período. 
Apesar de se tratar de uma doença antiga, a tuberculose configura-se como 
desafio para a saúde pública em níveis globais, sendo umas das metas da OMS reduzir 
em 95% as mortes por tuberculose e em 90% o número de casos até 2035. O controle da 
enfermidade tem se mostrado difícil principalmente nos países em desenvolvimento, os 
quais concentram aproximadamente 95% dos casos (OMS, 2014). 
Resultados semelhantes a esses foram encontrados em outros estudos. 
Bierrenbach et al (2007) estudaram a evolução da tuberculose no Brasil de 1980 a 2004 
e observaram redução da mortalidade por TB no início do estudo, mas ao final do 
período a taxa de mortalidade permaneceu quase inalterada. 
 Fiuza (2011) em um estudo sobre a tuberculose nos estados brasileiros de 2001 
a 2010 encontrou nos estados do nordeste as maiores taxas de mortalidade e os menores 
percentuais de redução da mortalidade. A redução encontrada por Fiuza para o nordeste 
foi à mesma do presente trabalho para o Piauí, aproximadamente 9%. 
 A análise dos óbitos de TB por causa mencionada apontou um aumento de 0,7% 
no estudo de Fiuza. No trabalho atual, foram encontrados valores muito semelhantes, 
aumento de 0,6% nos óbitos comparando-se a causa básica e a mencionada no período 
de no estudo, no Piauí. 
Mesmo com a implantação do Plano de Combate à Tuberculose em 2004, com 
distribuição gratuita de medicamentos e dos investimentos no controle da doença, essas 
informações vêm corroborar os dados encontrados no estudo atual que mostra uma 
tendência à estabilização da taxa de mortalidade por TB entre 2001 e 2012. 
Segundo Murray (2013) apesar de se dispor de tratamento estabelecido e eficaz 
contra as formas sensíveis de TB, o declínio das mortes parece ter estabilizado nos 
últimos anos em vários países. Entre os fatores contribuintes para a estabilização da 
mortalidade por TB estão principalmente a co-morbidade como a AIDS, o atraso no 
diagnóstico e o uso irregular aliado ao abandono da quimioterapia (Oliveira, 2004). 
Além da AIDS, o diabetes mellitus, doença que anteriormente era mais 
identificada em países ricos, tem afetado

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