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Há direitos autorais sobre este material, portanto é proibida a sua distribuição em qualquer meio de comunicação. 1 G a b r i e l a G o m e s d a S i l v a | P s i c o l o g i a | 6 º p e r í o d o | @ p s i c o m g a b i RESUMO PSICOLOGIA ESCOLAR MEDICALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO Quando as questões da vida social que afetam o sujeito fazem com que ele apresente sintomas, no processo de medicalização esse adoecimento é considerado uma patologia do próprio indivíduo. São questões identificadas considerando apenas próprio sujeito. Nesse sentido, os problemas da esfera da vida humana são transformados em questões biológicas. A pessoa é tratada como causa e origem do problema. Aqui, o contexto não é considerado como produtor do adoecimento, então ele não é tratado, e sim o sujeito. A vida cotidiana é transformada numa doença. Isso produz uma epidemia de diagnósticos. A indústria farmacêutica investe mais em marketing (para vender o medicamento) do que em pesquisa e desenvolvimento, e o medicamento é o instrumento que mantém a cultura da medicalização. SOCIEDADE MEDICALIZADA O Brasil é o 2º país com maior consumo de Ritalina (metilfenidato - droga da obediência); Ano 2000: 71000 caixas; Ano 2008: 1.147.000 caixas. A disponibilidade de medicamentos cria a necessidade de automedicação; a precarização dos equipamentos públicos de saúde no Brasil contribui com a cultura da medicalização (demora na marcação de consultas e exames, etc). Além disso, o processo de medicalização nega os direitos conquistados pelo Estatuto da Criança e do Adolescentes (ECA), no sentido de patologizar a criança. Há também uma naturalização dos aspectos sociais patologizantes: trânsito, condições de trabalho precárias, etc. Reducionismo biológico: reduzimos qualquer problema da esfera humana a uma causa biológica, sem considerar os aspectos sociais e do contexto em que o sujeito ocupa. MEDICALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO A concepção dominante é de que a questão levantada pela queixa escolar é de ordem individual e orgânica. Existe uma ideologia que explica o fracasso escolar pelos próprios atores da escola; e uma política pública que busca no aluno a causa das suas dificuldades. Projetos de lei na esfera macro » PL 321/2004: Programa Estadual para Identificação e Tratamento da Dislexia na escola (ir até a escola e identificar crianças com dislexia, sem levar em consideração os processos de ensino e aprendizagem); etc; Esfera micro » Boletim escolar » Individualização da queixa e encaminhamento (não se leva em consideração as diferenças individuais no processo de aprendizagem) » Tirocínio diagnóstico » Problemas familiares aparecem como justificativa dos comportamentos desviantes *O primeiro passo do psicólogo escolar é romper com a esfera micro. DA EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE É comum que ignorem a história do processo de escolarização, mas se o problema foi identificado na escola, deve ser tratado na escola. É necessário incrementar a formação dos profissionais de saúde quanto a compreensão dos problemas de escolarização. A definição das dificuldades escolares como "transtornos" alivia a família e a escola, porque o problema e solução foram "descobertos". O DSM leva em consideração sintomas externos, e mantém a questão da medicalização, gerando diagnósticos classificatórios e não explicativos. A dislexia, segundo o DSM-5, está ligada ao processo de alfabetização e letramento. No protocolo diagnóstico, não se investigam as questões intraescolares ou a história do processo de escolarização do sujeito. A pergunta que fazemos é: como ocorreu o processo de alfabetização? *Há evidências de que a orientação de pais tem mais eficácia do que a medicalização. Por que patologizar os processos de escolarização?; TDAH, TOD e dislexia são transtornos do aluno ou patologizas produzidas no sistema escolar?; A vida confinada (escola - muros) e longe da natureza contribui com a medicalização e quadros depressivos nos alunos e professores. Aumento de casos de depressão, ideação suicida, automutilação e violência; Professores diagnosticados com síndrome de Burnout (mas não se fala das condições precárias de trabalho que levam ao Burnout). Populações que mais sofrem com a medicalização: crianças em idade escolar, adolescentes e adultos em privação de liberdade, usuários que necessitam de atenção em saúde mental, pessoas com mais de 60 anos Análise do processo, não só do produto Há direitos autorais sobre este material, portanto é proibida a sua distribuição em qualquer meio de comunicação. 2 G a b r i e l a G o m e s d a S i l v a | P s i c o l o g i a | 6 º p e r í o d o | @ p s i c o m g a b i COMO DESMEDICALIZAR A ESCOLA? Compreender que o processo de aprendizado não acontece apenas na sala de aula; Ouvir as crianças; Proporcionar passeios, visitas de campo, excursões e contato com a natureza; Desspatologizar a infância e adolescência; Oferecer alternativas que instiguem o desejo do aluno por permanecer na escola; Reorganizar a rotina da escola, pensando no equilíbrio entre as atividades escolares e o brincar; Tornar o professor menos controlador e mais mediador. JUDICIALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO A fragilidade do diálogo entre os elementos que integram o processo de escolarização (gestores, professores, pais, alunos) causa problemas na busca por soluções dos conflitos cotidianos da escola, o que faz com que esses conflitos sejam judicializados e resolvidos pela justiça. Exemplos de judicialização da educação: Matrícula; Aceleração de estudos (superdotados que avançam séries só têm esse direito expresso em legislação); Brigas e/ou acidentes no interior da escola: quando acontece algo com a criança e a família processa a escola. Ex: uma criança quebrou o braço e a mãe entrou na justiça. Como consequência, a diretora proibiu que as crianças brincassem no intervalo dali em diante.
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