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13/02/2020 – DIREITO DO CONSUMIDOR TEORIA DO DIÁLOGO DAS FONTES Com o surgimento do Código Civil de 2002 e da teoria do diálogo das fontes, desenvolvida na Alemanha por Erik Jayme e trazida ao Brasil pela notável Claudia lima marques, há de haver um diálogo entre as leis. A essência da teoria do diálogo das fontes é de que as normas jurídicas não se excluem – supostamente por que pertencentes a ramos jurídicos distintos -, mas se complementam. Está baseada no art. 7° CDC a possibilidade de interação legislativa. Nesse contexto, é possível que a norma mais favorável ao consumidor esteja fora da própria lei consumerista, podendo o intérprete fazer a melhor opção. Os conceitos fundamentais privados constam do Código civil e não da lei consumerista. A título de exemplo, o CDC trata da prescrição e decadência, mas os conceitos estão no código civil. Claudia lima marques demostra três diálogos possíveis a partir da teoria exposta: A. Havendo aplicação simultânea das duas leis, servindo uma lei de base conceitual para a outra, estará presente o DIÁLOGO SISTEMÁTICO DE COERENCIA. EX: os conceitos de contrato podem ser retirados do código civil mesmo sendo um contrato de consumo. B. Se o caso for de aplicação coordenada de duas leis, uma norma complementando a outra, de forma direta (DIÁLOGO DE COMPLEMENTARIDADE) ou indireta (DIÁLOGO DE SUBSIDIARIEDADE). EX: contrato de consumo de adesão. C. DIÁLOGOS DE INFLUENCIAS RECIPROCAS SISTEMATICAS estão presentes quando os conceitos de uma lei sofrem influencias de outra EX (contratos telefônicos entre ausentes) influenciando o CDC 20/02/2020 – DIREITO DO CONSUMIDOR PRINCIPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO DO CONSUMIDOR Os princípios não são aplicados apenas em casos de lacunas da lei, de forma subsidiária, mas também de forma imediata, para corrigir normas injustas em determinadas situações. Nas relações de consumo os princípios têm incidência imediata. Muitos dos princípios podem ser retirados dos artigos 1°, 4° e 6° do CDC, bem como princípios implícitos do código civil como a função social dos contratos Princípio do protecionismo do consumidor (art. 1° CDC) (ler art. 5 vezes) Quando o fornecedor violar a saúde, a segurança e a vida do consumidor nós vamos utilizar o art. 6° CDC. Para pedir dano moral ou material art. 12, 13 e 14 CDC O princípio do protecionismo do consumidor enfeixa algumas consequências que não podem ser esquecidas. A primeira consequência é que as regras do CDC não podem ser afastadas por convenção entre as partes, sob pena de nulidade absoluta. Como segunda consequência, cabe sempre a intervenção do ministério público na qualidade de fiscal da lei ou na qualidade de parte. Como terceira consequência, toda a proteção constante do CDC deve ser conhecida de ofício pelo juiz. PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR (ART 4°, I, CDC) 27/02/2020 – DIREITO DO CONSUMIDOR Princípio da vulnerabilidade do consumidor (art. 4° inciso I) Produto não funciona > art 18 e 19 cdc Práticas abusivas art. 39 CDC Cláusulas abusivas art. 51 Ex: perca de comanda Pela leitura do art.4 inciso I CDC, é constatada a clara intenção do legislador em dotar o consumidor, em todas as situações na condição de vulnerável na relação jurídica de consumo. A vulnerabilidade do consumidor constitui presunção legal absoluta. A doutrina e a jurisprudência veem distinguindo diversas espécies de vulnerabilidade. Entre nós é conhecida a lição de Claudia Lima Marques: A. Vulnerabilidade técnica: se da em face da hipótese na qual o consumidor não possui conhecimentos especializados sobre o produto ou serviço que adquiri. O fornecedor, por sua vez, presumi se que tem conhecimento aprofundado sobre o produto ou serviço que oferece, é dele que se exige expertise B. Vulnerabilidade Jurídica: se dá na hipótese da falta de conhecimentos, pelo consumidor dos direitos e deveres inerentes a relação de consumo, assim como a ausência de compreensão sobre as consequências jurídicas dos contratos que celebre. Claudia lima marques também denomina essa vulnerabilidade como cientifica, incluindo a ausência de conhecimentos em economia ou contabilidade. C. Vulnerabilidade Fática: é espécie ampla, que abrange diversas situações concretas. A mais comum, neste caso, é a vulnerabilidade econômica do consumidor. No caso, a fraqueza do consumidor situa se justamente na falta dos mesmos meios ou do mesmo porte econômico do fornecedor. * temos ainda os hiper vulneráveis ou duplamente vulneráveis que é o consumidor criança e o consumidor idoso que podem ter seu discernimento reduzido falta de percepção. D. Outra causa de vulnerabilidade agravada: para o consumidor reside na falta de compreensão da linguagem escrita, saber ler e escrever, na condição de analfabeto. Há uma segunda categoria de pessoas, que embora tenham formalmente a habilidade de se comunicar por escrito, bem como a leitura de textos simples e assinatura do próprio nome, não tem capacidade para compreender as ideias do texto, são os analfabetos funcionais. PRINCÍPIO DA HIPOSSUFICIENCIA DO CONSUMIDOR Ao contrário com o que ocorre com a vulnerabilidade, a hipossuficiência é um conceito fático e não jurídico, fundado em uma disparidade ou discrepância notada no caso concreto. Assim sendo todo consumidor é vulnerável, mas nem todo consumidor é hipossuficiente. 05/03/2020 – DIREITO DO CONSUMIDOR Princípio da boa-fé objetiva: (artigo 4º, III, CDC) Regramento vital do CDC (código de defesa do consumidor), representando seu coração. Da atuação concreta de ambas as partes da relação contratual é que surge o conceito da boa-fé objetiva, que nas palavras da doutrina, constitui uma regra de conduta. Dessa forma, por esse princípio, exige-se no contrato de consumo o máximo de respeito e colaboração entre as partes, devendo aquele que atua com má fé ser penalizado. Princípio da transparência ou da confiança: (artigo 4º Caput e 6º, III CDC) A informação no âmbito jurídico tem dupla face: O de ver de informar e o Direito de ser informado. Ex.: informação dos tributos na Nf’s, apresentação que o alimento é transgênico. Princípio da reparação integral dos danos (Artigo 6º, VI, CDC) Teoria da perda de tempo útil O regramento Fundamental é a reparação integral dos danos, que assegura os consumidores a prevenção e reparação de todos os danos suportados, sejam eles materiais, morais, individuais, coletivos ou difusos (danos emergentes, lucros cessantes, desvio produtivo, perda de uma chance e ainda dano em ricochete). 12/03/2020 – DIREITO DO CONSUMIDOR A estrutura da relação jurídica de consumo Para justificar a incidência do código de defesa do consumidor, é preciso estudar a relação jurídica de consumo, na perspectiva de seus elementos subjetivos e objetivos, ou seja, das partes relacionadas e o seu conteúdo. Elementos subjetivos da relação de consumo A. Do fornecedor > Art. 3º CDC. Pessoa Física ou jurídica; Publica (Serviços Especializados) ou privada; Nacional ou estrangeira (Se o negócio jurídico foi realizado no Brasil, será aplicado o CDC); Ente Despersonalizado (quando a empresa não este devidamente registrado na Junta, ou seja, não possui personalidade jurídica); Nota-se que o Artigo 3º do CDC amplia de forma considerável o número de pessoas que podem ser fornecedoras de produtos e serviços. Para se caracterizar uma relação de consumo o fornecedor deve desenvolver uma atividade profissional com habitualidade. B. O Consumidor > Teorias Existentes; o consumidor equiparado ou ByStander 26/03/2020 – DIREITO DO CONSUMIDOR O CONSUMIDOR. TEORIAS EXISTENTES. O CONSUMIDOR EQUIPARADO OU BYSTANDER Enuncia expressamente o art. 2° da Lei 8.078/1990 que “Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final”. Chamado de consumidor padrão, standard. Admite-se que o consumidor seja pessoa nacional ou estrangeira. (imagine-se o caso de um turista, em férias no Brasil, que fica intoxicado com um alimento consumido na praia ou em um restaurante, podendo demandar os agentes causadores do dano com base na responsabilidade objetiva prevista pela Lei 8.078/1990.) O principal qualificador da condição de consumidor é que deve ele ser destinatário final do produto ou serviço. Tal elemento é o que desperta as maiores dúvidas a respeito da matéria, surgindo teorias divergentes no que toca a essa qualificação. Vejamos tais teorias, de forma detalhada. A) TEORIA FINALISTA Na essência, a teoria finalista ou subjetiva foi a adotada expressamente pelo art.2° do Código Brasileiro de Defesa do Consumidor para a qualificação do consumidor, pela presença do elemento da destinação final do produto ou do serviço. Tem prevalecido no Brasil a ideia de que o consumidor deve ser destinatário final fático e econômico. Destinatário final seria aquele destinatário fático e econômico do bem ou serviço, seja ele pessoa jurídica ou física. Logo, não basta ser destinatário fático do produto, retirá-lo da cadeia de produção, levá-lo para o escritório ou residência – é necessário ser destinatário econômico do bem, não adquiri-lo para revenda, não adquiri-lo para uso profissional. B) TEORIA MAXIMALISTA A definição do art. 2° deve ser interpretada o mais extensamente possível, segundo esta corrente, para que as normas do CDC possam ser aplicadas a um número cada vez maior de relações no mercado. Consideram que a definição do art. 2° é puramente objetiva, não importando se a pessoa física ou jurídica tem ou não fim de lucro quando adquire um produto ou utiliza um serviço. Destinatário final seria o destinatário fático do produto, aquele que o retira do mercado e o utiliza, o consome, por exemplo, a fábrica de toalhas que compra algodão para transformar, a fábrica de celulose que compra carros para o transporte dos visitantes. C) Teoria Finalista aprofundada ou mitigada Em casos difíceis envolvendo pequenas empresas que utilizam insumos para a sua produção, mas não em sua área de expertise ou com uma utilização mista, principalmente na área dos serviços; provada a vulnerabilidade, concluiu-se pela destinação final de consumo prevalente. Assim, por exemplo, um automóvel pode servir para prestar os serviços da pequena empresa, comprado ou em leasing, mas também é o automóvel privado do consumidor. 02/04/2020 – DIREITO DO CONSUMIDOR CONSUMIDOR EQUIPARADO OU BYSTANDER O consumidor equiparado é retirado dos arts. 2º, parágrafo único, 17 e 29 da Lei 8.078/1990 Há um sentido de ampliação natural pela Lei Consumerista, ao considerar como consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. Esse é o primeiro conceito de consumidor equiparado ou por equiparação, retirado do art. 2º, parágrafo único, do CDC. Exemplo: emissão de poluentes acima do aceitável por uma empresa, a causar danos potenciais à coletividade. De início, para os fins de responsabilidade civil, o art. 17 do CDC considera consumidora qualquer vítima da relação de consumo. Exemplo: envolvendo julgado do STJ que determinou ser consumidor equiparado o proprietário de uma residência sobre a qual caiu um avião. Já o art. 29 do CDC, equipara aos consumidores todas as pessoas, determináveis ou não, expostas às práticas comerciais e empresariais nele previstas. O último dispositivo, que consagra o último conceito de consumidor equiparado, tem incidência para as relações contratuais, como nos contratos bancários, no qual o banco muda as taxas unilateralmente. ELEMENTOS OBJETIVOS DA RELAÇÃO DE CONSUMO Produto Nos termos literais do art. 3º, § 1º, da Lei 8.078/1990, produto é qualquer bem móvel ou imóvel material ou imaterial colocado no mercado de consumo. O bem móvel é aquele que pode ser transportado sem prejuízo de sua integridade, caso de um automóvel, que pode ser o conteúdo de uma relação de consumo, como na aquisição de automóvel para uso próprio em uma concessionária de veículos, seja ele novo ou usado. Por outra via, o bem imóvel é aquele cujo transporte ou remoção implica destruição ou deterioração considerável, hipótese de um apartamento, que, do mesmo modo, pode ser o objeto de uma relação de consumo, como presente em negócios de incorporação imobiliária (nesse sentido: STJ – REsp 334.829/DF – Terceira Turma – Rel. Min. Nancy Andrighi – j. 06.11.2001 – DJ 04.02.2002, p. 354). E isso ocorre inclusive se a incorporação for realizada por cooperativas especializadas (por todos: STJ – REsp 403.189/DF – Quarta Turma – Rel. Min. Aldir Passarinho Junior – j. 26.05.2003 – DJ 01.09.2003, p. 291). O produto pode ser um bem material (corpóreo ou tangível) ou imaterial (incorpóreo ou intangível). Como ilustração do primeiro, vejam-se as hipóteses agora há pouco mencionadas, de aquisição do veículo e do apartamento. Como bem imaterial, destaque-se o exemplo do lazer, que envolve uma plêiade de situações contemporâneas, como as casas noturnas e de espetáculos, Festas populares, do mesmo modo, estão abrangidas pela Lei 8.078/1990, pela sistemática da questão do lazer. Assim, o caso dos rodeios, as festas carnavalescas que são exploradas por profissionais da área, caso das micaretas. Atente-se ao fato de que os produtos digitais também podem ser englobados pela Lei Protetiva do consumidor, caso de programas de computador ou softwares. Serviço Estabelece o art. 3º, § 2º, que o serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. De início, cumpre esclarecer que, apesar de a lei mencionar expressamente a remuneração, dando um caráter oneroso ao negócio, admite-se que o prestador tenha vantagens indiretas, sem que isso prejudique a qualificação da relação consumerista. Como primeiro exemplo, invoca-se o caso do estacionamento gratuito em lojas, shoppings centers, supermercados e afins, respondendo a empresa que é beneficiada pelo serviço, que serve como atrativo aos consumidores. Exemplo que envolve as vantagens indiretas ao prestador é o sistema de milhagens ou de pontuação em companhias áreas, que igualmente serve como um atrativo aos consumidores, ou até mesmo como uma publicidade. No transporte aéreo, nacional e internacional, a responsabilidade do transportador em relação aos passageiros gratuitos, que viajarem por cortesia, é objetiva, devendo atender à integral reparação de danos patrimoniais e extrapatrimoniais”. Voltando à análise efetiva do conceito de serviço, a norma expressa que os serviços bancários, financeiros e de crédito são abrangidos pela norma consumerista. Podem ser citados, assim, os contratos de conta-corrente, conta poupança, depósito bancário de quantias e bens, mútuo bancário e negócios de investimentos, o contrato de cartão de crédito JURISPRUDÊNCIA E ENTENDIMENTOS SOBRE APLICAÇÃO DO CDC Atenção: Conforme a jurisprudência do STJ, configura relação jurídica de consumo a relação jurídica entre entidade aberta de previdência complementar e seus participantes. NÃO se aplica o CDC: Crédito educativo (RESP 479.863), relação decorrente de contrato de locação predial urbana, atividade notarial, relação entre condômino e condomínio, contrato de franquia, beneficiários da previdência social, e serviços advocatícios. OS DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR Tratando o Código de Defesa do Consumidor do estabelecimento de normas protetivas, note-seque a sua orientação lógica é pela exclusividade do reconhecimento de direitos subjetivos aos consumidores e estabelecimento de deveres jurídicos aos fornecedores, assim como fixar procedimentos e consequências na hipótese de violação destes deveres. Dentre estes direitos subjetivos, todavia, têm relevo os denominados direitos básicos do consumidor, estabelecidos no artigo 6º do CDC, como espécies de direitos indisponíveis pelos consumidores, uma vez que integram a ordem pública de proteção do consumidor. Direito à vida Consagra-o o artigo 6º, I, do CDC, quando relaciona como primeiro direito básico do consumidor o direito à proteção da vida. O reconhecimento deste direito subjetivo admite múltiplas eficácias. Por um lado, determina a proteção da vida do consumidor individualmente considerado em uma relação de consumo específica, o que indica a necessidade de proteção de sua integridade física e moral e, neste sentido, o vínculo de dependência da efetividade deste direito com os demais de proteção da saúde e da segurança, igualmente previstos no CDC. Direito à saúde e à segurança O direito básico à proteção da saúde e à segurança do consumidor está intimamente vinculado, como é intuitivo, com a proteção do direito à vida. Constam inclusive, na mesma disposição normativa, do artigo 6º, I, do CDC. Por direito à saúde podemos considerar o direito a que se seja assegurado ao consumidor no oferecimento de produtos e serviços, assim como no consumo e utilização dos mesmos, todas as condições adequadas à preservação de sua integridade física e psíquica. Já no que diz respeito ao direito à segurança, consiste basicamente em direito que assegura proteção contra riscos decorrentes do mercado de consumo. Direito à informação O direito à informação um dos que maior repercussão prática vai alcançar no cotidiano das relações de consumo. Note-se, antes de outras considerações, que o direito a informações apresenta sua eficácia correspectiva na imposição aos fornecedores em geral de um dever de informar. O direito básico à informação do consumidor, estabelecido no artigo 6º, III, do CDC, é acompanhado de uma série de deveres específicos de informação ao consumidor, imputados ao fornecedor nas diversas fases da relação de consumo, como é o caso da informação sobre riscos e periculosidade, defeitos de informação, vícios de informação, eficácia vinculativa da informação, sua equiparação à oferta e proposta, e as consequências da violação do dever de informar, o dever de informar na publicidade, etc... Direito à proteção contra práticas e cláusulas abusivas O direito básico do consumidor à proteção contra práticas e cláusulas abusivas constitui norma de grande relevância prática, considerando que a sistemática das normas de proteção do consumidor orienta-se, em boa medida, na coibição do comportamento abusivo do fornecedor. Estabelece o artigo 6º, IV, do CDC: "A proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços". A referência e a proibição das práticas abusivas no CDC têm caráter exemplificativo, admitindo, além do que expressamente foi previsto pela legislação (em especial, o rol do artigo 39), o reconhecimento de diversos comportamentos que por sua natureza, ou pelo fato de se darem no curso de uma relação de consumo, caracterizam-se como violadores da boa-fé e da confiança dos consumidores. Direito ao equilíbrio contratual O direito subjetivo do consumidor ao equilíbrio contratual constitui efeito da principiologia do direito do consumidor, muito especialmente dos princípios da boa-fé, da vulnerabilidade e, especialmente, do próprio princípio do equilíbrio. O artigo 6º, V, prevê o direito básico do consumidor à "modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas". Note-se que a proteção do equilíbrio contratual prevista neste inciso visa, essencialmente, à proteção do equilíbrio das prestações do contrato, tendo por finalidade a proteção do seu equilíbrio econômico. Direito à manutenção do contrato Outro direito básico do consumidor que se pode identificar da interpretação combinada dos artigos 6º, V, e 51, § 2º do CDC, é o direito à manutenção do contrato. Neste sentido, uma vez que exista o direito à revisão do contrato, seja em razão de desproporção das prestações por fato superveniente, ou mesmo com vista à decretação da nulidade de cláusula contratual abusiva, não se cogita a princípio da extinção por resolução ou a anulação do contrato. Ao contrário, quando se trate de cláusulas abusivas, o artigo 51, § 2º, do CDC, expressamente prevê o dever de integração do juiz, para suprir a lacuna determinada pela nulidade da cláusula, e apenas em caso de impossibilidade, caracterizada pelo fato de "apesar dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das partes", é que se vai admitir então que a nulidade da cláusula contamine todo o contrato, acarretando o reconhecimento de sua invalidade. A providência do CDC teve em vista a proteção do interesse do consumidor que necessita do contrato, e que por isso mesmo não pode simplesmente admitir sua invalidade com a restituição da situação das partes ao estado anterior. Direito à efetiva reparação de danos O direito básico do consumidor à efetiva reparação de danos é, igualmente, da maior relevância para efeito de proteção dos legítimos interesses dos consumidores. Note-se que, com relação à identificação de quais os danos ressarcíeis no regime do CDC, foi ampla a previsão do legislador, fazendo referência aos danos materiais e morais, individuais, difusos e coletivos. A reparabilidade dos danos morais e materiais em igualdade de condições, e mesmo a possibilidade de sua cumulação, foi tema de gradual evolução jurisprudencial em nosso direito, sobretudo a partir da Constituição da República de 1988, estando hoje totalmente consagrada. A efetividade da reparação do consumidor, assim, estará vinculada, no direito brasileiro, à integral reparação do dano, não se admitindo a aplicação, no microssistema do direito do consumidor, das regras de mitigação da responsabilidade ou de fixação do quantum indenizatório que desconsiderem esta diretriz fundamental do sistema, orientada pelo princípio da dignidade da pessoa humana e pelo direito fundamental à reparação de danos consagrados na Constituição da República. Direito de acesso à justiça O reconhecimento de direitos subjetivos aos consumidores, por si só, não assegura a efetividade da proteção jurídica conferida por lei. Neste sentido, é necessário tornar disponível ao consumidor a possibilidade real de defesa de seus interesses, o que na experiência brasileira incumbirá ao Estado por intermédio dos Órgãos da Administração Pública e, de modo decisivo, do Poder Judiciário. O artigo 6º, VII, do CDC, com este objetivo, vai consagrar como direito básico do consumidor "o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção jurídica, administrativa e técnica aos necessitados". Direito à facilitação da defesa dos seus direitos e inversão do ônus da prova Em consequência da diretriz de efetividade da proteção dos consumidores, outro direito básico do consumidor de grande repercussão prática é o que estabelece o artigo 6º, VIII, do CDC, ao assegurar "a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências". 09/04/2020 – DIREITO DO CONSUMIDORDAS PRÁTICAS ABUSIVAS O art. 39 da Lei 8.078/1990 tipifica, mais uma vez em rol exemplificativo ou numerus apertus, uma série de situações tidas como ensejadoras do abuso de direito consumerista. Deve-se entender que constitui prática abusiva qualquer conduta ou ato em contradição com o próprio espírito da lei consumerista. Inciso I - Condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos (art. 39, inc. I, do CDC) Esse primeiro inciso do art. 39 proíbe a venda casada, descrita e especificada pela norma. De início, veda-se que o fornecedor ou prestador submeta um produto ou serviço a outro produto ou serviço, visando um efeito caroneiro ou oportunista para venda de novos bens. Ato contínuo, afasta-se a limitação de fornecimento sem que haja justa causa para tanto, o que deve ser preenchido caso a caso. Ampliando-se o sentido da vedação, conclui-se que é venda casada a hipótese em que o fornecedor somente resolve um problema quanto a um produto ou serviço se um outro produto ou serviço for adquirido. II - Recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes (art. 39, inc. II, do CDC) A previsão engloba a negação de venda por parte dos fornecedores ou prestadores, levando-se em conta as suas disponibilidades e os costumes gerais. Os parâmetros descritos na norma são levados em conta no problema relativo à limitação para aquisição de produtos, especialmente em supermercados em dias de promoção. A jurisprudência superior posiciona-se no sentido de que o consumidor não tem o direito de exigir o produto que está em promoção em quantidade incompatível com o consumo pessoal ou familiar. III - Enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço (art. 39, inc. III, do CDC) O envio de produto sem solicitação é prática abusiva bem comum no mercado de consumo. Em complemento à proibição, estabelece o parágrafo único do art. 39 do CDC que os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao consumidor sem a devida solicitação equiparam-se às amostras grátis, inexistindo obrigação de pagamento. A hipótese legal aqui abordada se faz presente em especial no envio de cartão de crédito sem que haja qualquer pedido por parte do consumidor. Presentes danos advindos dessa conduta ilícita, surge o dever de reparar por parte da empresa emitente IV – Prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista a sua idade, saúde e condição social, para vender-lhe produto ou serviço (art. 39, inc. IV, do CDC) O comando visa a afastar o aproveitamento da condição de hiper vulneráveis de determinados consumidores, caso dos idosos (maiores de sessenta anos) e de pessoas com deficiências intelectuais ou culturais. Como expõe a melhor doutrina, a norma coíbe a chamada venda por impulso ou venda automática, em relação a pessoas que podem não ter total discernimento para compreensão do teor das informações que lhe são prestadas.12 Nesse contexto, “Efetivamente, e por diversas razões, há que se aceitar que o grupo dos idosos possui uma vulnerabilidade especial, seja pela sua vulnerabilidade técnica exagerada em relação a novas tecnologias (home-banking, relações com máquina, uso necessário da internet etc.); sua vulnerabilidade fática quanto à rapidez das contratações; sua saúde debilitada; a solidão do seu dia a dia, que transforma um vendedor de porta em porta, um operador de telemarketing, talvez na única pessoa com a qual tenham contato e empatia naquele dia; sem falar em sua vulnerabilidade econômica e jurídica, hoje, quando se pensa em um teto de aposentadoria único no Brasil de míseros 400 dólares para o resto da vida”.13 A título de exemplo dessas dificuldades, é comum a venda para idosos de planos de previdência privada que nunca poderão ser usufruídos, por razões óbvias. Muitos dos idosos que celebram contratos como esses mal sabem o teor dos instrumentos que estão assinando. V - Exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva (art. 39, inc. V, do CDC) A exemplo da previsão do art. 51, inc. IV, do CDC, o presente dispositivo veda a lesão objetiva e a onerosidade excessiva, tidas como geradoras de práticas comerciais abusivas. Interessante trazer à tona a comum prática do cheque-caução, exigido muitas vezes quando da internação de consumidores em hospitais VI - Executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes (art. 39, inc. VI, do CDC) A exigência de orçamento prévio para a prestação de um serviço é outro exemplo típico de aplicação da boa-fé objetiva à fase pré-contratual do negócio de consumo, por representar incidência do dever anexo de informação. De acordo com o art. 40 da Lei 8.078/1990, o fornecedor de serviço será obrigado a entregar ao consumidor orçamento prévio discriminando o valor da mão de obra, dos materiais e equipamentos a serem empregados, as condições de pagamento, bem como as datas de início e término dos serviços VII - Repassar informação depreciativa referente a ato praticado pelo consumidor no exercício de seus direitos (art. 39, inc. VII, do CDC) O comando veda as chamadas listas internas de maus consumidores ou listas negras, em relação a consumidores que buscam exercer os direitos que a lei lhes faculta. O que se veda, a título de ilustração, é que empresas que exploram determinados setores troquem nomes de consumidores que ingressam em juízo para tutela de seus direitos, com o fim de dificultar novas aquisições de bens de consumo (consumidores indesejáveis). VIII - Colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – CONMETRO (art. 39, inc. VIII, do CDC) Na verdade, o dispositivo do CDC visa a uma padronização de condutas, para que os consumidores não sejam expostos a situações de risco ou perigo pelos produtos postos em circulação no mercado de consumo. Presente a prática abusiva, caberão as sanções administrativas do art. 56 da Lei 8.078/1990, com a possibilidade de apreensão de produtos, sem prejuízo da responsabilização civil correspondente. IX - Recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de intermediação regulados em leis especiais (art. 39, inc. IX, do CDC) O preceito foi introduzido pela Lei 8.884/1994, tendo um sentido mais amplo do que o inciso II, pois dirigida a qualquer situação de alienação de bens, sendo proibida a negação de venda a quem de imediato se apresenta à celebração do negócio X - Elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços (art. 39, inc. X, do CDC) Trata-se de mais um dispositivo incluído pela Lei 8.884/1994, mantendo relação direta com o art. 51, inc. X, do próprio Código Consumerista, que considera abusiva a cláusula de variação unilateral de preço. A expressão justa causa deve ser interpretada de acordo com a realidade social de ampla tutela dos consumidores e, em casos de dúvidas, deve prevalecer a sua proteção. A prática de alteração do preço sem motivo representa afronta à boa-fé objetiva e às justas expectativas depositadas no negócio de consumo. Como é notório, não se pode aceitar atos praticados pelos fornecedores e prestadores com o intuito de surpreender os consumidores em relação ao originalmente contratado, situação típica doabuso de direito não tolerado pelo sistema consumerista. Deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério (art. 39, inc. XII, do CDC) A inclusão da previsão se deu pela Lei 9.008/1995, pois o dispositivo havia sido revogado pela Lei 8.884/1994. Veda-se a prática puramente potestativa, dependente apenas do belprazer do fornecedor ou prestador. Diante da lealdade que se espera das relações negociais, os fornecedores e prestadores devem fixar prazo e termo para o adimplemento do afirmado, sob pena de total instabilidade das relações de consumo e descrédito de todo o sistema consumerista. Aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente estabelecido (art. 39, inc. XIII, do CDC) Como bem leciona Herman Benjamin, “É comum no mercado a modificação unilateral dos índices ou fórmulas de reajuste nos negócios entre consumidores e fornecedores (contratos imobiliários, de educação, de planos de saúde, por exemplo). O dispositivo veda tal comportamento, criando um ilícito de consumo, que pode ser atacado civil ou administrativamente”.18 Mais uma vez, não se admite a mudança das regras do jogo por parte dos fornecedores e prestadores. Em outras palavras, a prática abusiva existe, pois não se pode admitir contrariedade ao que foi firmado com os consumidores ou à matéria regulada por norma de ordem pública. 16/04/2020 – DIREITO DO CONSUMIDOR RESPONSABILIDADE CIVIL – EXPLICAÇÃO 23/04/2020 – DIREITO DO CONSUMIDOR (APLICAÇÃO AV1A) 1.Segundo o doutrinador Rizzato Nunes, "A Lei n. 8.078 é norma de ordem pública e de interesse social, geral e principiológica, o que significa dizer que é prevalente sobre todas as demais normas especiais anteriores que com ela colidirem. As normas gerais principiológicas, pelos motivos que apresentamos no início deste trabalho ao demonstrar o valor superior dos princípios, têm prevalência sobre as normas gerais e especiais anteriores". Em relação ao art. 2º do Código de Defesa do Consumidor - CDC, que trata da relação de consumo, e da jurisprudência do STJ, é correto afirmar que: Considera-se de consumo, nos termos do CDC, a relação estabelecida entre hospital público e paciente. As atividades securitárias e bancárias não se enquadram no conceito de fornecedor para fins de aplicação do CDC. São equiparados a consumidor apenas as pessoas determináveis, expostas às práticas comerciais previstas no CDC. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final, isto é, o destinatário fático. Para que seja configurada uma relação de consumo, é essencial que a atividade do fornecedor seja prestada mediante remuneração, ainda que indireta. 2.Pedro juntou dinheiro que arrecadou ao longo de 20 anos trabalhando como caminhoneiro para adquirir um caminhão, zero quilômetros, que passou a utilizar em seu trabalho, realizando fretes no interior do Estado de São Paulo. Ainda no prazo de garantia, o veículo apresentou problemas e ficou imobilizado. Sua esposa, Cremilda, microempresária do ramo da costura, adquiriu uma máquina bordadeira de valor elevado de uma grande produtora mundial, que depois de poucas semanas de funcionamento, também apresentou parou de funcionar. Diante desses fatos, é correto afirmar que ambos podem ser considerados consumidores, desde que se configurem como usuários finais dos produtos adquiridos e comprovem hipossuficiência econômica em relação ao fornecedor, uma vez que, embora o Código de Defesa do Consumidor adote a teoria finalista como regra geral, a lei reconhece expressamente a hipótese de consumo intermediário mediante prova da hipossuficiência econômica e do desequilíbrio na relação. ambos podem ser considerados consumidores, ainda que não se configurem como usuários finais dos produtos adquiridos, uma vez que, embora o Código de Defesa do Consumidor adote a teoria finalista, em casos semelhantes, o Superior Tribunal de Justiça já admitiu a mitigação desta teoria diante da prova da hipossuficiência e do desequilíbrio na relação, caracterizando hipótese de consumo intermediário. nenhum dos dois pode se enquadrar no conceito de consumidor previsto no Código de Defesa do Consumidor, pois não são destinatários finais dos produtos; a lei adotou a teoria finalista, e a jurisprudência pacífica do Superior Tribunal de Justiça não admite a hipótese de consumo intermediário, afastando as disposições consumeristas para os produtos adquiridos para a utilização em cadeia de produção. ambos podem ser considerados consumidores, ainda que não se configurem como usuários finais dos produtos adquiridos, uma vez que a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça entende que o Código de Defesa do Consumidor não adotou a teoria finalista, bastando a prova da hipossuficiência e do desequilíbrio na relação e, portanto, se apresentando como irrelevante que o consumo tenha ocorrido na cadeia de produção. Sebastião pode ser considerado consumidor mesmo que não seja usuário final do produto adquirido, uma vez que, embora o Código de Defesa do Consumidor adote a teoria finalista, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça admite a mitigação desta teoria diante da prova da hipossuficiência e do desequilíbrio na relação, caracterizando hipótese de consumo intermediário, mas Raimunda não poderá ser considerada consumidora, por se tratar de pessoa jurídica. 3.(2013/ FGV/ AL-MT/ Procurador) A Lei n. 8078/90 estabelece a denominada Política Nacional das Relações de Consumo, elencando seus princípios norteadores e instrumentos a serem utilizados pelo Poder Público para sua efetivação. No tocante ao Código de Proteção e Defesa do Consumidor (CDC) assinale a afirmativa incorreta. Estabelece normas de ordem pública e de interesse social, em especial os direitos básicos do consumidor como a inversão do ônus da prova que podem ser aplicados pelo Judiciário, independentemente de requerimento específico. Consumidor é definido como toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Mesmo não se enquadrando no conceito legal de Consumidor, o CDC prevê a figura do Consumidor por equiparação, a fim de preservar direitos de todas as vítimas do evento danoso. O fabricante, o produtor, o construtor nacional ou estrangeiro e o importador respondem, subjetivamente, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. A oferta tem caráter vinculante, obrigando o fornecedor a, por exemplo, vender um produto nas condições anunciadas por meio de publicidade suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação. 4.(2015/ IDECAN/ Prefeitura de Rio Novo do Sul – ES/ Fiscal Sanitário) O art. 39, do Código de Defesa do Consumidor, preconiza as seguintes ações que o fornecedor não pode fazer porque são proibidas por lei, EXCETO: Esconder um produto e dizer que o produto está em falta. Difamar o consumidor só porque ele praticou um ato no exercício de um direito seu. Prevalecer‐se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou posição social, para impingir‐lhe seus produtos ou serviços. Condicionar a venda de um produto à compra de outro produto, sem justa causa. recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem não disponha de meios suficientes para pagamento. 5.(2017/ VUNESP/ Prefeitura de Porto Ferreira – SP/ Procurador Jurídico) Todo consumidor, assim reconhecido, é vulnerável, mas nem todo consumidor é hipossuficiente. Diante dessa afirmação, é correto afirmar que tal assertiva demonstra que a vulnerabilidade é pressuposto dacondição de ser consumidor, sendo que a hipossuficiência é característica que deve ser analisada casuisticamente as expressões vulnerabilidade e hipossuficiência são sinônimas, sendo que caracterizada a relação consumerista, o consumidor será obrigatoriamente vulnerável e hipossuficiente. a hipossuficiência é característica de todo consumidor assim reconhecido, sendo que a vulnerabilidade deve ser provada. se o consumidor referido for pessoa jurídica, é hipossuficiente, mas nunca será vulnerável. a vulnerabilidade trazida pelo legislador é exclusivamente técnica, não havendo outras modalidades. 6.Para justificar a incidência do Código de Defesa do Consumidor, é preciso estudar a estrutura da relação jurídica de consumo, na perspectiva de seus elementos subjetivos e objetivos, ou seja, das partes relacionadas e o seu conteúdo. Em relação ao conceito de consumidor, assinale a opção correta: Consumidor é toda pessoa física que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final; Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, exceto as indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo; Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo; A pessoa jurídica não pode ser consumidora de produtos ou serviços, pois utiliza-os como insumos para sua atividade principal Somente as pessoas jurídicas que possuem CEO podem ser consumidores 7.(FGV/2017/ OAB/ EXAME XXII) Alvina, condômina de um edifício residencial, ingressou com ação para reparação de danos, aduzindo falha na prestação dos serviços de modernização dos elevadores. Narrou ser moradora do 10º andar e que hospedou parentes durante o período dos festejos de fim de ano. Alegou que o serviço nos elevadores estava previsto para ser concluído em duas semanas, mas atrasou mais de seis semanas, o que implicou falta de elevadores durante o período em que recebeu seus hóspedes, fazendo com que seus convidados, todos idosos, tivessem que utilizar as escadas, o que gerou transtornos e dificuldades, já que os hóspedes deixaram de fazer passeios e outras atividades turísticas diante das dificuldades de acesso. Sentindo-se constrangida e tendo que alterar todo o planejamento de atividades para o período, Alvina afirmou ter sofrido danos extrapatrimoniais decorrentes da mora do fornecedor de serviço, que, ainda que regularmente notificado pelo condomínio, quedou-se inerte e não apresentou qualquer justificativa que impedisse o cumprimento da obrigação de forma tempestiva. Diante da situação apresentada, assinale a afirmativa correta. Existe relação de consumo apenas entre o condomínio e o fornecedor de serviço, não tendo Alvina legitimidade para ingressar com ação indenizatória, por estar excluída da cadeia da relação consumerista. Inexiste relação consumerista na hipótese, e sim relação contratual regida pelo Código Civil, tendo a multa contratual pelo atraso na execução do serviço cunho indenizatório, que deve servir a todos os condôminos e não a Alvina, individualmente. Existe relação de consumo, mas não cabe ação individual, e sim a perpetrada por todos os condôminos, em litisconsórcio, tendo como objeto apenas a cobrança de multa contratual e indenização coletiva. Existe relação de consumo entre a condômina e o fornecedor, com base da teoria finalista, podendo Alvina ingressar individualmente com a ação indenizatória, já que é destinatária final e quem sofreu os danos narrados. Inexiste relação de consumo, mas não cabe ação individual, e sim a perpetrada por todos os condôminos, em litisconsórcio, tendo como objeto apenas a cobrança de multa contratual e indenização coletiva. 8..(2017/ VUNESP/ Prefeitura de Porto Ferreira – SP/ Procurador Jurídico) Nair precisa comprar um remédio receitado pelo seu médico. Foi a uma farmácia e pediu tal medicação. O farmacêutico disse que tal produto tinha preço de R$ 25,00 (vinte e cinco reais), mas que estavam com uma promoção naquele dia. Se ela levasse a medicação e mais três sabonetes, cujo valor unitário era de R$ 3,00 (três reais), pagaria por tudo, R$ 30,00 (trinta reais). Diante dessa situação, é certo afirmar que: a atitude da farmácia configura prática de venda casada. a farmácia incorre na prática abusiva de elevar injustificadamente o valor dos preços. não há qualquer prática abusiva na conduta da farmácia, pois o produto que Nair precisa pode ser comprado separadamente. incorreu a farmácia em infração ao princípio da liberdade de escolha de Nair, sendo caracterizada pela recusa no atendimento às demandas dos consumidores. só será prática abusiva de venda casada se Nair efetivamente adquirir os produtos oferecidos de forma conjunta. 9..O Código Brasileiro de Defesa do Consumidor, conhecido e denominado pelas iniciais CDC, foi instituído pela Lei 8.078/1990, constituindo uma típica norma de proteção de vulneráveis. Sobre a aplicação do Código de Defesa do Consumidor, é CORRETO afirmar: Não há relação de consumo em nenhum caso quando se trate de produto ou serviço oferecido gratuitamente pelo fornecedor. Aplica-se o Código às relações locatícias, equiparando-se o inquilino a consumidor. Os serviços públicos de água, saneamento, educação e saúde, mesmo quando prestados diretamente pelo Estado, são objetos de relação de consumo. Não se aplica aos contratos bancários e às relações de caráter trabalhista. Exclui as relações de natureza entre condômino e condomínio. 10.(2016/ FGV/ Prefeitura de Paulínia – SP/ Procurador) Durante um temporal no litoral de São Paulo, houve corte do sistema de energia elétrica em três municípios, cujo reestabelecimento ocorreu 72 horas depois do episódio. Elisa havia alugado um imóvel para o período de réveillon em uma localidade daquela região e o acidente resultou na impossibilidade de sua família usufruir adequadamente dos dias destinados ao descanso e lazer. Indignada, Elisa ingressou com ação judicial em face da concessionária do serviço público pelos danos morais suportados. Em sua defesa, a ré arguiu motivo de força maior, pugnando pela exclusão da responsabilidade civil. A respeito dessa situação, com base no CDC e na Constituição Federal, assinale V para a afirmativa verdadeira e F para a falsa. ( ) A responsabilidade civil da concessionária de serviço público é objetiva, estando sujeita aos regramentos instituídos pelo CDC e pela Constituição Federal. ( ) Somente a responsabilidade civil subjetiva do fornecedor, aquela realizada por profissional liberal, possibilita as incidência das hipóteses de exclusão do dever de indenizar. ( ) Elisa não é a contratante do serviço público e, portanto, não possui legitimidade ad causam. As afirmativas são, respectivamente, V, F e V. V, V e F. F, V e V. V, V e V. V, F e F. 11.O Código de Defesa do Consumidor trouxe definições de consumidor, sendo que três delas retratam o denominado consumidor por equiparação. Partindo dessa premissa, analise as assertivas e indique a alternativa incorreta: Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário intermediário ou final. Segundo posicionamento consolidado no Superior Tribunal de Justiça, a comprovação da vulnerabilidade da pessoa jurídica é pressuposto "sine qua non" para o enquadramento desta no conceito de consumidor previsto no CDC. Trata- se da adoção pela jurisprudência da Teoria Finalista, porém de forma atenuada, mitigada ou aprofundada que admite a pessoa jurídica como consumidora, desde que comprovada sua fragilidade no caso concreto. Nos termos da jurisprudência dominante, Hospital adquirente do equipamento médico de vultosos valores para fins de incrementar a atividade profissional lucrativa, por se tratar de consumo intermediário, para desenvolvimento de sua própria atividadenegocial, não se caracteriza, tampouco destinatário final como hipossuficiente na relação contratual travada, pelo que não pode ser considerado “consumidor”. Em outros termos, ausente a relação de consumo, não incidindo o CDC. Consideram-se consumidores equiparados às vítimas do evento danoso — de um acidente de consumo —, independentemente da efetiva aquisição de um produto ou da contratação de um serviço. Assim, pouco importa saber qual foi a pessoa que adquiriu o produto ou o serviço no mercado de consumo. Existindo vítima do evento danoso, esta será equiparada a consumidor e far-se-á necessária a incidência do CDC. O CDC (art.29), quanto aos capítulos que se referem às práticas comerciais e contratuais, determina que se equipare a consumidor, todas as pessoas, determináveis ou não, expostas às práticas comerciais e contratuais, em especial as abusivas. Porém, deve-se interpretar tal comando em consonância com a aplicação do princípio da vulnerabilidade. 12.O Código de Defesa do Consumidor é tido pela doutrina como uma norma principiológica, diante da proteção constitucional dos consumidores, que consta, especialmente, do art. 5º, XXXII, da Constituição Federal de 1988, ao enunciar que “o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor”. Leia as assertivas abaixo e, ao final, assinale a opção correta: I — As vítimas dos acidentes de consumo são consumidoras por equiparação. II — Existente vício redibitório, há casos nos quais os prazos decadenciais para a reclamação, no Código Civil, são melhores, para o consumidor, do que os da Lei 8.078 e, em tais hipóteses, aplicar-se-á o Código Civil. III — O prazo prescricional da pretensão à reparação de dano, no Código Civil, é de três anos, enquanto no Código de Defesa do Consumidor (CDC) o prazo é de cinco anos, iniciando-se a partir do conhecimento do dano e de sua autoria. IV - A disciplina da desconsideração da personalidade jurídica, no âmbito do CDC, abarca mais hipóteses do que as previstas no Código Civil e, em seu teor literal, poderá incidir sempre que a personalidade jurídica for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. Todas as assertivas estão corretas. Apenas a assertiva I é falsa. Apenas a assertiva II é falsa. Apenas a assertiva III é falsa. Apenas a assertiva IV é falsa 13.Uma grande rede de lojas, que tem foco na venda pela internet, anunciou a venda de um celular, sendo que por um erro de digitação constou como preço final do produto R$ 2,00 (dois reais), ao invés do valor real de R$ 2.000,00 (dois mil reais). Diante dos princípios que informam o Código de Defesa do Consumidor, é correto afirmar que todo consumidor que adquirir o produto por R$ 2,00 (dois reais) terá o direito de receber o produto, pois a exposição do produto na internet é considerada oferta e vincula a compra que vier a ser celebrada. tendo em vista que o erro é grosseiro, e sabendo--se que no mercado de consumo um celular teria valor muito superior ao preço anunciado, pelo princípio da boa-fé objetiva que rege as relações de consumo, o fornecedor não é obrigado a vender o produto pelo preço anunciado. o consumidor só terá direito a comprar um produto neste valor, pois pelo princípio da boa-fé subjetiva, todos os que participam dessa relação têm o dever de agir honestamente. tendo em vista que o erro é grosseiro, e sabendo-se que no mercado de consumo um celular teria o preço muito superior ao anunciado, pelo princípio da boa-fé subjetiva que rege as relações de consumo, o fornecedor não é obrigado a vender o produto pelo preço anunciado. o consumidor só terá direito a comprar uma unidade do produto neste valor, pois, pelo princípio da transparência, todos os que participam dessa relação têm o dever de agir honestamente. 14.(2014/ FUNCAB/ SEPLAG-MG) Sobre o conceito legal de consumidor e a sua interpretação, o Superior Tribunal de Justiça: adota a teoria objetiva ou maximalista, admitindo a possibilidade de pessoas jurídicas figurarem na qualidade de consumidoras. nega a possibilidade de que pessoa jurídica seja considerada consumidora. adota a teoria dos bens típicos de consumo, com abrandamentos em caso de pessoas físicas. adota a teoria finalista, com flexibilização em caso de comprovada vulnerabilidade de profissionais e pessoas jurídicas. adota a teoria maximalista pauliana, admitindo a possibilidade de pessoas estranhas ao negócio jurídico figurarem na qualidade de consumidores. 30/04/2020 – DIREITO DO CONSUMIDOR (APLICAÇÃO AV1B) TEXTO BASE PARA QUESTÕES Em junho de 2009, Soraia, adolescente de 13 anos, perde a visão do olho direito após explosão de aparelho de televisão, que atingiu superaquecimento após permanecer 24 horas ligado ininterruptamente. A TV, da marca Eletrônicos S/A, fora comprada dois meses antes pela mãe da vítima. Exatos sete anos depois do ocorrido, em junho de 2016, a vítima propõe ação de indenização por danos morais e estéticos em face da fabricante do produto. Na petição inicial, a autora alegou que sofreu dano moral e estético em razão do acidente de consumo, atraindo a responsabilidade pelo fato do produto, sendo dispensada a prova da culpa, razão pela qual requer a condenação da ré ao pagamento da quantia de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) a título de danos morais e R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) pelos danos estéticos sofridos. No mais, realizou a juntada de todas as provas documentais que pretende produzir, inclusive laudo pericial elaborado na época, apontando o defeito do produto, destacando, desde já, a desnecessidade de dilação probatória. Recebida a inicial, o magistrado da 1ª Vara Cível da Comarca Y, determinou a citação da ré e após oferecida a contestação, na qual não se requereu produção de provas, decidiu proferir julgamento antecipado, decretando a improcedência dos pedidos da autora, com base em dois fundamentos: (i) inexistência de relação de consumo, com consequente inaplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor, pois a vítima/autora da ação já alegou, em sua inicial, que não participou da relação contratual com a ré, visto que foi sua mãe quem adquiriu o produto na época; e (ii) prescrição da pretensão autoral em razão do transcurso do prazo de três anos, previsto no Art. 206, § 3º, inciso V, do Código Civil. Na qualidade de advogado(a) de Soraia, responda as questões a seguir: 1.Há relação de consumo entre Soraia e a empresa "Eletrônicos S/A"? Justifique e fundamente sua respostas com base na legislação. (valor 0,50) Ha relação de consumo entre Soraia e a Empresa, e Soraia sera considerada consumidor por equiparação ou bystander (consumidor que não participa diretamente, mas de alguma forma foi atingido.) conforme o Art 2, paragrafo único e Art. 17 e 29 da lei 8.078/1990. 2.Com base na matéria de Responsabilidade Civil, quem deve figurar no polo passivo da demanda o fabricante da TV ou comerciante vendedor)? Fundamente e justifique sua resposta. (valor 0,50) Responderia no polo passivo da demanda primeiramente o fabricante, caso não fosse possível o identifica-lo, sera responsável o comerciante vendedor, como dispõe o Art. 12 do CDC. 3.A sentença do juiz de 1ª instancia, reconhecendo a prescrição está correto? Fundamente e justifique sua resposta. (valor 0,50) Por se trata-se de incapaz, não ocorre prescrição, tornando assim nula a contagem do prazo, conforme disposto no Art 198, I do CC. Portanto a sentença proferida do juiz esta incorreta. 4.Qual o prazo prescricional, à luz das legislações vigentes, para que Soraia ajuizasse à ação? (valor 0,50) O prazo prescricional, à luz das legislações vigente é de 5 anos conforme Art 27 do CDC, contados a partir do momento em que Soraia atingir a maioridade, após isso, ela terá 5 anos para ajuizar a ação. 5.Qual espécie de Responsabilidade Civilé prevista pelo Código de Defesa do Consumidor? Justifique sua resposta. (valor 0,50) A responsabilidade civil adotada pelo Código de Defesa do Consumidor é a objetiva, ou seja, independe de culpa ou dolo. Em seus artigos 12, 13, 14, 18, 19 e 20, o CDC expõe claramente que essa responsabilidade é objetiva, inclusive solidária, entre os fornecedores de produto e os prestadores de serviço 6.Disserte sobre a diferença de vício do produto e fato do produto, fundamentando sua resposta (valor 0,50) Vicio é considerado quando o produto é improprio e inadequado, não cumpre finalidade e tem ausência de informação, e é dividido em três partes: QUALIDADE, QUANTIDADE E VICIO DE SERVIÇO e todos que participarem da cadeia de consumo responde de forma solidaria, e esta disposto nos Arts 18 a 20 CDC Fato (defeito) é considerado quando o produto causa acidentes de consumo, podendo assim ter indenização (mat/morais), tem um prazo de 5 anos para prescrição e responde de forma objetiva, salvo, profissionais liberais como dispõe os Arts 12 a 17 do CDC. 07/05/2020 – DIREITO DO CONSUMIDOR (CORREÇÕES) (MATERIAL DE RESPONSABILIDADE CIVIL) RESPONSABILIDADE CIVIL NO CDC FATO (DEFEITO) Arts. 12 a 17 CDC Acidente de consumo Indenização (materiais / morais) 05 (cinco) anos – prescrição Responsabilidade Objetiva, salvo profissionais liberais. VÍCIO ARTS. 18 A 20 CDC Impróprio e Inadequado Não cumpre finalidade Ausência de informação Todos que participarem da cadeia de consumo, são solidários. DIREITO DO CONSUMIDOR FATO (DEFEITO) Respondem: 1º I –Produtor II –Fabricante III –Construtor IV – Importador OBS: Nacional ou Estrangeiro 2º Comerciante I – Não puder ser identificado o p/f/c/i II –Quando a identificação do p/f/c/i não for clara III – Má conservação dos produtos VÍCIOS QUALIDADE 30 DIAS P/ FORNCEDOR - 7 DIAS ATÉ 180 DIAS I -TROCA II –DINHEIRO DE VOLTA III-ABATIMENTO DO PREÇO QUANTIDADE I -TROCA II –DINHEIRO DE VOLTA III –ABATIMENTO OU COMPLEMENTO PESO/MEDIDA VÍCIO DO SERVIÇO I –REEXECUÇÃO DO SERVIÇO II –DINHEIRO DE VOLTA III –ABATIMENTO PROPORCIONAL * O PRAZO DE 30 DIAS PARA O FORNECEDOR RESOLVER SEU PROBLEMA É SÓ PARA VÍCIO DE QUALIDADE * SE TRATANDO DE BEM ESSENCIAL, O VÍCIO DE QUALIDADE PODE SER EXIGIDO IMEDIATAMENTE. EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE CIVIL (ARTS. 12, §3°; 14, 3º) I. I - que não colocou o produto no mercado: Exemplo alguém que furto os produtos na fábrica ,antes do lançamento; II. II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste: É o caso do produto não ter ocasionado qualquer dano ao consumidor. III. III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro: Quando o próprio consumidor ocasiona o dano, como no caso de fazer uso errado do produto. Quanto ao terceiro, tem que ser alguém estranho à relação jurídica, que enseja um fato totalmente estranho. CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR Conceito: Segundo Orlando Gomes, o caso fortuito é o evento totalmente imprevisível, enquanto a força maior é o evento previsível, mas inevitável. Fortuito interno/Força maior interna: Têm relação com o fornecimento do produto e a prestação de serviços (ingressam no risco-proveito ou no risco do empreendimento). (NÃO SÃO EXCLUDENTES DERESPONSABILIDADECIVIL) Fortuito externo /Força maior externa: Não têm relação com o fornecimento do produto ou a prestação de serviços. (São excludentes de responsabilidade.) DECADÊNCIA Vícios aparentes ou de fácil constatação Duráveis I. 90 dias Não Duráveis I. 30 dias Entrega do produto ou término do serviço Entrega do produto ou término do serviço Vício Oculto Duráveis I. 90 dias Não Duráveis I. 30 dias Conta-se do momento que ficar evidenciado o vício. Conta-se do momento que ficar evidenciado o vício. CAUSAS QUE OBSTAM A DECADÊNCIA Art. 26 - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca; PRESCRIÇÃO Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria. 14/05/2020 – DIREITO DO CONSUMIDOR PROTEÇÃO CONTRATUAL A REVISÃO CONTRATUAL POR FATO SUPERVENIENTE NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR Trata-se de uma clara incidência da eficácia interna da função social do contrato, que veda a onerosidade excessiva e o enriquecimento sem causa. Um contrato que acarreta onerosidade excessiva a uma das partes, especialmente tida como vulnerável, não está cumprindo o seu papel sociológico, necessitando de revisão pelo órgão judicante. O Código de Defesa do Consumidor disciplina a revisão contratual por fato superveniente (fato novo) no seu art. 6º, inc. V. Constata-se que a norma trata da alteração das circunstâncias iniciais do negócio celebrado. Exemplo: Na prática, os principais acórdãos relativos à revisão contratual por fato superveniente no Brasil referem-se aos negócios de arrendamento mercantil (leasing) celebrados na década de noventa para a aquisição de veículos. Tais contratos tinham a atualização de valores atrelados à variação cambial, o que servia como um suposto atrativo aos consumidores. Com a alta do dólar em relação ao real em janeiro de 1999, os contratos ficaram excessivamente onerosos aos consumidores, o que motivou um enxame de ações judiciais de revisão A FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO E A NÃO VINCULAÇÃO DAS CLÁUSULAS DESCONHECIDAS E INCOMPREENSÍVEIS (ART. 46 DO CDC). A INTERPRETAÇÃO MAIS FAVORÁVEL AO CONSUMIDOR (ART. 47 DO CDC) Da análise do art. 46 do CDC, para começar, são consideradas como não vinculativas as cláusulas desconhecidas, ou que o consumidor não teve a oportunidade de conhecer, havendo a chamada violação do dever de oportunizar. Exemplo: Ilustrando a incidência dessa primeira parte do art. 46 do CDC, o consumidor deve ter o devido conhecimento prévio a respeito da taxa de juros estipulada no contrato bancário ou financeiro, sob pena de sua não incidência. Ato contínuo de ilustração, no caso de um contrato de seguro de vida, a cláusula limitativa de direitos deve ser comunicada previamente e em termos claros e ostensivos, sob pena de sua não vinculação Seguindo no estudo do tema, do mesmo modo não vinculam o consumidor as cláusulas incompreensíveis ou ininteligíveis, geralmente diante de um sério problema de redação, que visa a enganar o consumidor. A não vinculação decorre de um dolo contratual praticado pelo fornecedor ou prestador, via de regra com o claro intuito de induzir o consumidor a erro e obter um enriquecimento sem causa. A título de exemplo, muitas vezes verifica-se em contratos de seguro cláusulas mal escritas ou mal elaboradas, de difícil entendimento até pelo mais experiente aplicador do Direito, por utilizar expressões técnicas da área jurídica ou de gerenciamento de riscos. Em casos tais, tem-se entendido que, se o conjunto probatório da demanda evidenciar a inexatidão das informações apresentadas, no ato da contratação, pois a proposta não traz informação precisa e clara a respeito das limitações de cobertura O art. 47 da Lei 8.078/1990 consagra a máxima in dubio pro consumidor, ao preconizar que “As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor”. Exemplo: “Plano de saúde. Obrigação de fazer. Negativa de atendimento quanto à realização do tratamento denominado ‘oxigenoterapia em câmara hiperbárica’, sob alegação de se tratar de tratamento sem aprovação da ANS e estar excluído do contrato.Abusividade. Tratamento aprovado pela comunidade médica. Parte integrante do tratamento demandado pelo autor. Incidência do Código de Defesa do Consumidor e da Lei 9.656/1998. Presente o princípio da vulnerabilidade emergente do Código de Defesa do Consumidor. O contrato de consumo, como o de seguro individual de saúde, típicos de adesão, devem ser interpretados de modo favorável ao aderente (CDC, art. 47) atendendo à função social do contrato. Reconhecida a abusividade na exclusão do tratamento. Mantida a sentença de procedência. Recurso improvido” (TJSP – Apelação 0003799- 67.2009.8.26.0024 – Acórdão 4992907, Andradina – Quinta Câmara de Direito Privado – Rel. Des. James Siano – j. 02.03.2011 – DJESP 20.04.2011). O DIREITO DE ARREPENDIMENTO NOS CONTRATOS DE CONSUMO (ART. 49 DA LEI 8.078/1990) O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio”. Ato contínuo, o parágrafo único da norma preceitua que, se o consumidor exercitar tal direito, os valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão devolvidos de imediato, monetariamente atualizados, o que visa a afastar o enriquecimento sem causa ou indevido. Os custos de devolução serão do fornecedor . A GARANTIA CONTRATUAL DO ART. 50 DA LEI 8.078/1990 A garantia contratual constitui modalidade de decadência convencional, sendo o prazo concedido geralmente pelo vendedor para ampliar o direito potestativo dado pela lei ao comprador de determinado bem de consumo. A título de ilustração, cite-se a comum garantia estendida, fornecida quando da venda de eletrodomésticos ou da prestação de serviços cotidianos. A categoria está tratada pelo art. 50 da Lei 8.078/1990, consagrando o seu caput o caráter complementar da garantia contratual em relação à garantia legal. O caput do art. 50 do CDC ainda prenuncia que a garantia contratual deve ser concebida por escrito pelo fornecedor de produtos ou prestador de serviços, o que é denominado como termo de garantia. A norma está em sintonia com o dever de informar próprio da boa-fé objetiva. 28/05/2020 – DIREITO DO CONSUMIDOR A PROTEÇÃO QUANTO À OFERTA E À PUBLICIDADE NO CDC Deve ser esclarecido que o termo oferta é genérico, devendo ser visto em sentido amplo (lato sensu), a englobar qualquer forma de comunicação ou transmissão da vontade que visa a seduzir ou a atrair o consumidor para a aquisição de bens. A construção, portanto, inclui a publicidade, principal artifício utilizado para fins de prestação de serviços ou fornecimento de produtos. Nesse contexto de definição, vejamos as palavras ilustrativas de Nelson Nery Jr. e Rosa Maria de Andrade Nery: “Conceito de oferta. Denomina-se oferta qualquer informação ou publicidade sobre preços e condições de produtos ou serviços, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma. Pode haver oferta por anúncio ou informação em vitrine, gôndola de supermercados, jornais, revistas, rádio, televisão, cinema, Internet, videotexto, fax, telex, catálogo, mala-direta, telemarketing, outdoors, cardápios de restaurantes, lista de preços, guias de compras, prospectos, folhetos, panfletos etc.”. Do ponto de vista técnico, não se pode confundir a publicidade, que tem fins de consumo e de circulação de riquezas, com a propaganda, que tem finalidades políticas, ideológicas ou sociais. A FORÇA VINCULATIVA DA OFERTA NO ART. 30 DA LEI 8.078/1990 O art. 30 da Lei Consumerista traz em seu conteúdo os princípios da boa- fé objetiva e da transparência, ao vincular o produto, o serviço e o contrato ao meio de proposta e a publicidade, demonstrando que à conduta proba deve estar presente na fase pré-contratual do negócio de consumo. (ler artigo) Para se efetivar a vinculação, cabem as medidas de tutela específica previstas para as obrigações de fazer e não fazer, caso da busca e apreensão e da fixação de multa ou astreintes (art. 84 do CDC e CPC). Preceitua o importante art. 35 do Código Consumerista que, se o fornecedor de produtos ou serviços recusar o cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha: a) exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade; b) aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente; c) rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos (resolução do negócio com a consequente responsabilização civil). Em suma, efetiva-se sobremaneira a possibilidade de o consumidor fazer respeitar a palavra dada pelo fornecedor ou prestador quando de sua oferta prévia. A vedação da publicidade enganosa (art. 37, § 1º, do CDC) O caput do art. 37 da Lei 8.078/1990 proíbe expressamente a publicidade enganosa, aquela que induz o consumidor ao engano. Em tom de conceituação, define o § 1º da norma que “É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços”. Na publicidade enganosa por ação, há um dolo positivo, uma atuação comissiva do agente. Cite-se como exemplo a campanha publicitária que afirma que determinado veículo tem um acessório, o que não é verdade. Na publicidade enganosa por omissão há um dolo negativo, com atuação omissiva. Conforme o § 3º do art. 37 do CDC, a publicidade é enganosa por omissão quando deixar de informar sobre dado essencial do produto ou serviço. A vedação da publicidade abusiva (art. 37, § 2º, do CDC) Diferentemente da publicidade enganosa, que induz o consumidor a erro, a publicidade abusiva é aquela ilícita por trazer como conteúdo o abuso de direito. Dispõe o art. 37, § 2º, da Lei 8.078/1990, em tom mais uma vez exemplificativo, que são abusivas, dentre outras, as seguintes práticas: a) A publicidade discriminatória de qualquer natureza. b) A publicidade que incita à violência. c) A publicidade que explora o medo ou a superstição. d) A publicidade que se aproveita da deficiência de julgamento e experiência da criança. e) A publicidade que desrespeita valores ambientais. f) A publicidade que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança. Como explica Fábio Ulhoa Coelho, a publicidade abusiva é aquela que agride os valores sociais, presente uma conduta socialmente reprovável de abuso. E ilustra: “O fabricante de armas não pode promover o seu produto reforçando a ideologia da violência como meio de solução dos conflitos, ainda que esta solução resultasse suficiente, em termos mercadológicos, junto a determinados segmentos da sociedade, inclusive os consumidores de armamentos. Também é abusiva a publicidade racista, sexista, discriminatória e lesiva ao meio ambiente”.29 Deve ficar claro que, para a caracterização da publicidade abusiva, leva-se em conta os valores da comunidade e o senso geral comum. AS CLÁUSULAS ABUSIVAS NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. ANÁLISE DO ROL EXEMPLIFICATIVO DO ART. 51 DA LEI 8.078/1990 E SUAS DECORRÊNCIAS Sintonizado com os princípios da função social do contrato e da boa-fé objetiva, o art. 51 da Lei 8.078/1990 consagra um rol exemplificativo ou numerus apertus de cláusulas abusivas, consideradas como nulas de pleno de direito nos contratos de consumo (nulidade absoluta ou tão somente nulidade). Esclareça-se que a expressão cláusulas abusivas é mais contemporânea,para substituir o antigo termo cláusulas leoninas, que remonta ao Direito Romano. Ler o artigo 51 28/05/2020 – DIREITO DO CONSUMIDOR (APLICAÇÃO AV2A) TEXTO BASE PARA QUESTÕES Pedro Henrique, ao se mudar para sua nova casa, recém-comprado, adquiriu, em 20/10/2015, diversos eletrodomésticos de última geração, dentre os quais uma TV de LED com sessenta polegadas, acesso à Internet e outras facilidades, pelo preço de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Depois de funcionar perfeitamente por trinta dias, a TV apresentou superaquecimento que levou à explosão da fonte de energia do equipamento, provocando danos irreparáveis a todos os aparelhos eletrônicos que estavam conectados ao televisor. Não obstante a reclamação que lhes foi apresentada em 25/11/2015, tanto o fabricante (MaxTV S.A.) quanto o comerciante de quem o produto fora adquirido (Lojas de Eletrodomésticos Ltda.) permaneceram inertes, deixando de oferecer qualquer solução. Diante disso, em 10/03/2016, Pedro Henrique propôs ação perante Vara Cível em face tanto da fábrica do aparelho quanto da loja em que o adquiriu, requerendo: (i) a substituição do televisor por outro do mesmo modelo ou superior, em perfeito estado; (ii) indenização de aproximadamente trinta e cinco mil reais, correspondente ao valor dos demais aparelhos danificados; e (iii) indenização por danos morais, em virtude de a situação não ter sido solucionada em tempo razoável, motivo pelo qual a família ficou, durante algum tempo, sem usar a TV. O juiz, porém, acolheu preliminar de ilegitimidade passiva arguida, em contestação, pela loja que havia alienado a televisão ao autor, excluindo-a do polo passivo, com fundamento nos artigos 12 e 13 do Código de Defesa do Consumidor. Além disso, reconheceu a decadência do direito do autor, alegada em contestação pela fabricante do produto, com fundamento no Art. 26, inciso II, do CDC, considerando que decorreram mais de noventa dias entre a data do surgimento do defeito e a do ajuizamento da ação. A sentença não transitou em julgado. Na qualidade de advogado(a) do autor da ação, apresente os fundamentos do recurso de apelação, visando a reforma da decisão. Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação. 1.Disserte acerca da responsabilidade do comerciante à luz do Código de Defesa do Consumidor. Quais são às hipóteses que responde de forma solidária, subsidiária e exclusiva. Por se tratar de FATO (DEFEITO) a responsabilidade é objetiva (salvo profissionais liberais) o comerciante só responderá caso o produtor/fabricante não for identificado, como dispõe o Art. 13, CDC. Responsabilidade solidária refere-se ao vicio, todos que participarem da cadeia de consumo respondem solidariamente (Art. 18 a 20, CDC ) ; Responsabilidade subsidiária refere-se ao fato (defeito), de forma objetiva, se não for possível identificar o produtor/fabricante, a responsabilidade recai sobre o comerciante (Art. 12 a 17, CDC); e a Responsabilidade exclusiva é quando a culpa é exclusiva do consumidor ou de terceiro : Quando o próprio consumidor ocasiona o dano ,como no caso de fazer uso errado do produto. (Art. 14, §3°, e seus incisos). 2.Disserte acerca da diferença entre VÍCIO e DEFEITO, apresentando seus conceitos e fundamentação jurídica. (valor 0,50) Vicio é considerado quando o produto é improprio e inadequado, não cumpre finalidade e tem ausência de informação, e é dividido em três partes: QUALIDADE, QUANTIDADE E VICIO DE SERVIÇO e todos que participarem da cadeia de consumo responde de forma solidaria, e esta disposto nos Arts 18 a 20 CDC Fato (defeito) é considerado quando o produto causa acidentes de consumo, podendo assim ter indenização (mat/morais), tem um prazo de 5 anos para prescrição e responde de forma objetiva, salvo, profissionais liberais como dispõe os Arts 12 a 17 do CDC. 3.Na qualidade de Advogado(a), apresente seus argumentos e fundamentos jurídicos que serão incluídos no recurso de apelação que será endereçado ao Tribunal de Justiça, visando reformar o seguinte ponto da sentença: "O juiz, porém, acolheu preliminar de ilegitimidade passiva arguida, em contestação, pela loja que havia alienado a televisão ao autor, excluindo-a do polo passivo, com fundamento nos artigos 12 e 13 do Código de Defesa do Consumidor (...)" (valor 0,5 pts) Tratando-se da responsabilidade solidária entre a loja e o fabricante, a sentença merece reforma neste sentido pois foi contrária, como dispõe o Art. 18, CDC, "Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.' 4.Na qualidade de Advogado(a), apresente seus argumentos e fundamentos jurídicos que serão incluídos no recurso de apelação que será endereçado ao Tribunal de Justiça, visando reformar o seguinte ponto da sentença: "(...) Além disso, reconheceu a decadência do direito do autor, alegada em contestação pela fabricante do produto, com fundamento no Art. 26, inciso II, do CDC, considerando que decorreram mais de noventa dias entre a data do surgimento do defeito e a do ajuizamento da ação." (0,5 pts) Como dispõe o Art. 26, §2, I, CDC, "O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em: § 2º Obstam a decadência: I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca.". Sendo assim, a sentença está impedida de reconhecer decadência, pois o autor fez a reclamação junto a loja e ao fabricante dentro do prazo legal. Tal hipótese obsta o prazo da decadência, sendo assim a sentença merece ser reformada neste sentido. 04/06/2020 – DIREITO DO CONSUMIDOR (APLICAÇÃO AV2B) 1.Antônio desenvolve há mais de 40 anos atividade de comércio no ramo de hortifrúti. Seus clientes chegam cedo para adquirir verduras frescas entregues pelos produtores rurais da região. Antônio também vende no varejo, com pesagem na hora, grãos e cereais adquiridos em sacas de 30 quilos, de uma marca muito conhecida e respeitada no mercado. Determinado dia, a cliente Maria desconfiou da pesagem e fez a conferência na sua balança caseira, que apontou suposta divergência de peso. Procedeu com a imediata denúncia junto ao Órgão Oficial de Fiscalização, que confirmou que o instrumento de medição do comerciante estava com problemas de calibragem e que não estava aferido segundo padrões oficiais, gerando prejuízo aos consumidores. A cliente denunciante buscou ser ressarcida pelo vício de quantidade dos produtos. Com base na hipótese sugerida, assinale a afirmativa correta. Trata-se de responsabilidade civil solidária, podendo Maria acionar tanto o comerciante quanto os produtores. Trata-se de responsabilidade civil subsidiária, pois o comerciante só responde se os demais fornecedores não forem identificados. Trata-se de responsabilidade civil exclusiva do comerciante, na qualidade de fornecedor imediato. Trata-se de responsabilidade civil objetiva, motivo pelo qual inexistem excludentes de responsabilidade. 2.Mário firmou contrato de seguro de vida e acidentes pessoais, apontando como beneficiários sua esposa e seu filho. O negócio foi feito via telemarketing, com áudio gravado, recebendo informações superficiais a respeito da cobertura completa a partir do momento da contratação, atendido pequeno prazo de carência em caso de morte ou invalidez parcial e total, além do envio de brindes