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13/02/2020 – DIREITO DO CONSUMIDOR 
 
TEORIA DO DIÁLOGO DAS FONTES 
 
 Com o surgimento do Código Civil de 2002 e da teoria do diálogo das 
fontes, desenvolvida na Alemanha por Erik Jayme e trazida ao Brasil pela 
notável Claudia lima marques, há de haver um diálogo entre as leis. 
A essência da teoria do diálogo das fontes é de que as normas jurídicas não se 
excluem – supostamente por que pertencentes a ramos jurídicos distintos -, mas 
se complementam. Está baseada no art. 7° CDC a possibilidade de interação 
legislativa. Nesse contexto, é possível que a norma mais favorável ao 
consumidor esteja fora da própria lei consumerista, podendo o intérprete fazer a 
melhor opção. 
Os conceitos fundamentais privados constam do Código civil e não da lei 
consumerista. A título de exemplo, o CDC trata da prescrição e decadência, mas 
os conceitos estão no código civil. 
Claudia lima marques demostra três diálogos possíveis a partir da teoria exposta: 
A. Havendo aplicação simultânea das duas leis, servindo uma lei de base 
conceitual para a outra, estará presente o DIÁLOGO SISTEMÁTICO 
DE COERENCIA. EX: os conceitos de contrato podem ser retirados 
do código civil mesmo sendo um contrato de consumo. 
B. Se o caso for de aplicação coordenada de duas leis, uma norma 
complementando a outra, de forma direta (DIÁLOGO DE 
COMPLEMENTARIDADE) ou indireta (DIÁLOGO DE 
SUBSIDIARIEDADE). EX: contrato de consumo de adesão. 
C. DIÁLOGOS DE INFLUENCIAS RECIPROCAS SISTEMATICAS 
estão presentes quando os conceitos de uma lei sofrem influencias de 
outra EX (contratos telefônicos entre ausentes) influenciando o CDC 
 
 
20/02/2020 – DIREITO DO CONSUMIDOR 
 
PRINCIPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO DO CONSUMIDOR 
 
 Os princípios não são aplicados apenas em casos de lacunas da lei, de 
forma subsidiária, mas também de forma imediata, para corrigir normas 
injustas em determinadas situações. Nas relações de consumo os 
princípios têm incidência imediata. 
 
Muitos dos princípios podem ser retirados dos artigos 1°, 4° e 6° do CDC, bem 
como princípios implícitos do código civil como a função social dos contratos 
 
 Princípio do protecionismo do consumidor (art. 1° CDC) 
(ler art. 5 vezes) 
 Quando o fornecedor violar a saúde, a segurança e a vida do consumidor 
nós vamos utilizar o art. 6° CDC. 
 Para pedir dano moral ou material art. 12, 13 e 14 CDC 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 O princípio do protecionismo do consumidor enfeixa algumas 
consequências que não podem ser esquecidas. 
 A primeira consequência é que as regras do CDC não podem ser 
afastadas por convenção entre as partes, sob pena de nulidade 
absoluta. 
 Como segunda consequência, cabe sempre a intervenção do 
ministério público na qualidade de fiscal da lei ou na qualidade de 
parte. 
 Como terceira consequência, toda a proteção constante do CDC 
deve ser conhecida de ofício pelo juiz. 
 
 
 PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR (ART 4°, I, 
CDC) 
 
 
27/02/2020 – DIREITO DO CONSUMIDOR 
 
 
Princípio da vulnerabilidade do consumidor 
(art. 4° inciso I) 
 
 
 Produto não funciona > art 18 e 19 
cdc 
 Práticas abusivas art. 39 CDC 
 Cláusulas abusivas art. 51 
Ex: perca de comanda 
 
 Pela leitura do art.4 inciso I CDC, é constatada a clara intenção do 
legislador em dotar o consumidor, em todas as situações na condição de 
vulnerável na relação jurídica de consumo. A vulnerabilidade do 
consumidor constitui presunção legal absoluta. 
A doutrina e a jurisprudência veem distinguindo diversas espécies de 
vulnerabilidade. Entre nós é conhecida a lição de Claudia Lima Marques: 
 
A. Vulnerabilidade técnica: se da em face da hipótese na qual o 
consumidor não possui conhecimentos especializados sobre o produto 
ou serviço que adquiri. O fornecedor, por sua vez, presumi se que tem 
conhecimento aprofundado sobre o produto ou serviço que oferece, é 
dele que se exige expertise 
 
B. Vulnerabilidade Jurídica: se dá na hipótese da falta de 
conhecimentos, pelo consumidor dos direitos e deveres inerentes a 
relação de consumo, assim como a ausência de compreensão sobre 
as consequências jurídicas dos contratos que celebre. Claudia lima 
marques também denomina essa vulnerabilidade como cientifica, 
incluindo a ausência de conhecimentos em economia ou 
contabilidade. 
 
C. Vulnerabilidade Fática: é espécie ampla, que abrange diversas 
situações concretas. A mais comum, neste caso, é a vulnerabilidade 
econômica do consumidor. No caso, a fraqueza do consumidor situa 
se justamente na falta dos mesmos meios ou do mesmo porte 
econômico do fornecedor. * temos ainda os hiper vulneráveis ou 
duplamente vulneráveis que é o consumidor criança e o consumidor 
idoso que podem ter seu discernimento reduzido falta de percepção. 
 
D. Outra causa de vulnerabilidade agravada: para o consumidor reside 
na falta de compreensão da linguagem escrita, saber ler e escrever, 
na condição de analfabeto. Há uma segunda categoria de pessoas, 
que embora tenham formalmente a habilidade de se comunicar por 
escrito, bem como a leitura de textos simples e assinatura do próprio 
nome, não tem capacidade para compreender as ideias do texto, são 
os analfabetos funcionais. 
 
PRINCÍPIO DA HIPOSSUFICIENCIA DO CONSUMIDOR 
 
 Ao contrário com o que ocorre com a vulnerabilidade, a hipossuficiência 
é um conceito fático e não jurídico, fundado em uma disparidade ou 
discrepância notada no caso concreto. Assim sendo todo consumidor é 
vulnerável, mas nem todo consumidor é hipossuficiente. 
 
 
05/03/2020 – DIREITO DO CONSUMIDOR 
 
Princípio da boa-fé objetiva: (artigo 4º, III, CDC) 
 
 Regramento vital do CDC (código de defesa do consumidor), 
representando seu coração. 
Da atuação concreta de ambas as partes da relação contratual é que 
surge o conceito da boa-fé objetiva, que nas palavras da doutrina, constitui uma 
regra de conduta. 
Dessa forma, por esse princípio, exige-se no contrato de consumo o 
máximo de respeito e colaboração entre as partes, devendo aquele que atua 
com má fé ser penalizado. 
 
Princípio da transparência ou da confiança: (artigo 4º Caput e 6º, III CDC) 
 A informação no âmbito jurídico tem dupla face: O de 
ver de informar e o Direito de ser informado. Ex.: informação dos tributos na 
Nf’s, apresentação que o alimento é transgênico. 
 
Princípio da reparação integral dos danos (Artigo 6º, VI, CDC) 
 Teoria da perda de tempo útil 
 O regramento Fundamental é a reparação integral dos danos, que 
assegura os consumidores a prevenção e reparação de todos os danos 
suportados, sejam eles materiais, morais, individuais, coletivos ou difusos 
(danos emergentes, lucros cessantes, desvio produtivo, perda de uma 
chance e ainda dano em ricochete). 
 
12/03/2020 – DIREITO DO CONSUMIDOR 
 
A estrutura da relação jurídica de consumo 
 Para justificar a incidência do código de defesa do consumidor, é preciso 
estudar a relação jurídica de consumo, na perspectiva de seus 
elementos subjetivos e objetivos, ou seja, das partes relacionadas e o seu 
conteúdo. 
 
 
 Elementos subjetivos da relação de consumo 
 
A. Do fornecedor > Art. 3º CDC. 
 
 Pessoa Física ou jurídica; 
 Publica (Serviços Especializados) ou privada; 
 Nacional ou estrangeira (Se o negócio jurídico foi realizado no 
Brasil, será aplicado o CDC); 
 Ente Despersonalizado (quando a empresa não este devidamente 
registrado na Junta, ou seja, não possui personalidade jurídica); 
 
 Nota-se que o Artigo 3º do CDC amplia de forma considerável o número 
de pessoas que podem ser fornecedoras de produtos e serviços. 
Para se caracterizar uma relação de consumo o fornecedor deve desenvolver 
uma atividade profissional com habitualidade. 
 
B. O Consumidor > Teorias Existentes; o consumidor equiparado ou 
ByStander 
 
26/03/2020 – DIREITO DO CONSUMIDOR 
 
O CONSUMIDOR. TEORIAS EXISTENTES. O CONSUMIDOR EQUIPARADO 
OU BYSTANDER Enuncia expressamente o art. 2° da Lei 8.078/1990 que 
“Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza 
produto ou serviço como destinatário final”. 
 
Chamado de consumidor padrão, standard. 
 
Admite-se que o consumidor seja pessoa nacional ou estrangeira. (imagine-se o 
caso de um turista, em férias no Brasil, que fica intoxicado com um alimento 
consumido na praia ou em um restaurante, podendo demandar os agentes 
causadores do dano com base na responsabilidade objetiva prevista pela Lei 
8.078/1990.) 
 
O principal qualificador da condição de consumidor é que deve ele ser 
destinatário final do produto ou serviço. Tal elemento é o que desperta as 
maiores dúvidas a respeito da matéria, surgindo teorias divergentes no que toca 
a essa qualificação. Vejamos tais teorias, de forma detalhada. 
 
 
A) TEORIA FINALISTA 
 Na essência, a teoria finalista ou subjetiva foi a adotada expressamente 
pelo art.2° do Código Brasileiro de Defesa do Consumidor para a 
qualificação do consumidor, pela presença do elemento da destinação 
final do produto ou do serviço. Tem prevalecido no Brasil a ideia de que o 
consumidor deve ser destinatário final fático e econômico. 
 
Destinatário final seria aquele destinatário fático e econômico do bem ou 
serviço, seja ele pessoa jurídica ou física. Logo, não basta ser destinatário fático 
do produto, retirá-lo da cadeia de produção, levá-lo para o escritório ou 
residência – é necessário ser destinatário econômico do bem, não adquiri-lo para 
revenda, não adquiri-lo para uso profissional. 
 
B) TEORIA MAXIMALISTA 
 
 A definição do art. 2° deve ser interpretada o mais extensamente possível, 
segundo esta corrente, para que as normas do CDC possam ser aplicadas a um 
número cada vez maior de relações no mercado. Consideram que a definição do 
art. 2° é puramente objetiva, não importando se a pessoa física ou jurídica tem 
ou não fim de lucro quando adquire um produto ou utiliza um serviço. Destinatário 
final seria o destinatário fático do produto, aquele que o retira do mercado e o 
utiliza, o consome, por exemplo, a fábrica de toalhas que compra algodão para 
transformar, a fábrica de celulose que compra carros para o transporte dos 
visitantes. 
 
C) Teoria Finalista aprofundada ou mitigada 
 Em casos difíceis envolvendo pequenas empresas que utilizam insumos 
para a sua produção, mas não em sua área de expertise ou com uma 
utilização mista, principalmente na área dos serviços; provada a 
vulnerabilidade, concluiu-se pela destinação final de consumo prevalente. 
Assim, por exemplo, um automóvel pode servir para prestar os serviços 
da pequena empresa, comprado ou em leasing, mas também é o 
automóvel privado do consumidor. 
 
02/04/2020 – DIREITO DO CONSUMIDOR 
CONSUMIDOR EQUIPARADO OU BYSTANDER 
 O consumidor equiparado é retirado dos arts. 2º, parágrafo único, 17 e 
29 da Lei 8.078/1990 
 
Há um sentido de ampliação natural pela Lei Consumerista, ao considerar como 
consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja 
intervindo nas relações de consumo. Esse é o primeiro conceito de consumidor 
equiparado ou por equiparação, retirado do art. 2º, parágrafo único, do CDC. 
Exemplo: emissão de poluentes acima do aceitável por uma empresa, a causar 
danos potenciais à coletividade. 
 
De início, para os fins de responsabilidade civil, o art. 17 do CDC considera 
consumidora qualquer vítima da relação de consumo. Exemplo: envolvendo 
 
julgado do STJ que determinou ser consumidor equiparado o proprietário de uma 
residência sobre a qual caiu um avião. 
 
Já o art. 29 do CDC, equipara aos consumidores todas as pessoas, 
determináveis ou não, expostas às práticas comerciais e empresariais nele 
previstas. O último dispositivo, que consagra o último conceito de consumidor 
equiparado, tem incidência para as relações contratuais, como nos contratos 
bancários, no qual o banco muda as taxas unilateralmente. 
 
 
ELEMENTOS OBJETIVOS DA RELAÇÃO DE CONSUMO 
 
Produto 
 Nos termos literais do art. 3º, § 1º, da Lei 8.078/1990, produto é qualquer 
bem móvel ou imóvel material ou imaterial colocado no mercado de 
consumo. 
 
O bem móvel é aquele que pode ser transportado sem prejuízo de sua 
integridade, caso de um automóvel, que pode ser o conteúdo de uma relação de 
consumo, como na aquisição de automóvel para uso próprio em uma 
concessionária de veículos, seja ele novo ou usado. Por outra via, o bem imóvel 
é aquele cujo transporte ou remoção implica destruição ou deterioração 
considerável, hipótese de um apartamento, que, do mesmo modo, pode ser o 
objeto de uma relação de consumo, como presente em negócios de incorporação 
imobiliária (nesse sentido: STJ – REsp 334.829/DF – Terceira Turma – Rel. Min. 
Nancy Andrighi – j. 06.11.2001 – DJ 04.02.2002, p. 354). E isso ocorre inclusive 
se a incorporação for realizada por cooperativas especializadas (por todos: STJ 
– REsp 403.189/DF – Quarta Turma – Rel. Min. Aldir Passarinho Junior – j. 
26.05.2003 – DJ 01.09.2003, p. 291). 
 
O produto pode ser um bem material (corpóreo ou tangível) ou imaterial 
(incorpóreo ou intangível). Como ilustração do primeiro, vejam-se as hipóteses 
agora há pouco mencionadas, de aquisição do veículo e do apartamento. Como 
bem imaterial, destaque-se o exemplo do lazer, que envolve uma plêiade de 
situações contemporâneas, como as casas noturnas e de espetáculos, Festas 
populares, do mesmo modo, estão abrangidas pela Lei 8.078/1990, pela 
sistemática da questão do lazer. Assim, o caso dos rodeios, as festas 
carnavalescas que são exploradas por profissionais da área, caso das micaretas. 
 Atente-se ao fato de que os produtos digitais também podem ser englobados 
pela Lei Protetiva do consumidor, caso de programas de computador ou 
softwares. 
 
Serviço 
 Estabelece o art. 3º, § 2º, que o serviço é qualquer atividade fornecida no 
mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza 
bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das 
relações de caráter trabalhista. 
 
De início, cumpre esclarecer que, apesar de a lei mencionar expressamente a 
remuneração, dando um caráter oneroso ao negócio, admite-se que o prestador 
 
tenha vantagens indiretas, sem que isso prejudique a qualificação da relação 
consumerista. Como primeiro exemplo, invoca-se o caso do estacionamento 
gratuito em lojas, shoppings centers, supermercados e afins, respondendo a 
empresa que é beneficiada pelo serviço, que serve como atrativo aos 
consumidores. 
 
Exemplo que envolve as vantagens indiretas ao prestador é o sistema de 
milhagens ou de pontuação em companhias áreas, que igualmente serve como 
um atrativo aos consumidores, ou até mesmo como uma publicidade. No 
transporte aéreo, nacional e internacional, a responsabilidade do transportador 
em relação aos passageiros gratuitos, que viajarem por cortesia, é objetiva, 
devendo atender à integral reparação de danos patrimoniais e 
extrapatrimoniais”. 
 
Voltando à análise efetiva do conceito de serviço, a norma expressa que os 
serviços bancários, financeiros e de crédito são abrangidos pela norma 
consumerista. Podem ser citados, assim, os contratos de conta-corrente, conta 
poupança, depósito bancário de quantias e bens, mútuo bancário e negócios de 
investimentos, o contrato de cartão de crédito 
 
JURISPRUDÊNCIA E ENTENDIMENTOS SOBRE APLICAÇÃO DO CDC 
 
Atenção: 
 Conforme a jurisprudência do STJ, configura relação jurídica de consumo 
a relação jurídica entre entidade aberta de previdência complementar e 
seus participantes. 
 
NÃO se aplica o CDC: Crédito educativo (RESP 479.863), relação decorrente de 
contrato de locação predial urbana, atividade notarial, relação entre condômino 
e condomínio, contrato de franquia, beneficiários da previdência social, e 
serviços advocatícios. 
 
OS DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR 
 Tratando o Código de Defesa do Consumidor do estabelecimento de 
normas protetivas, note-seque a sua orientação lógica é pela 
exclusividade do reconhecimento de direitos subjetivos aos 
consumidores e estabelecimento de deveres jurídicos aos fornecedores, 
assim como fixar procedimentos e consequências na hipótese de 
violação destes deveres. Dentre estes direitos subjetivos, todavia, têm 
relevo os denominados direitos básicos do consumidor, estabelecidos no 
artigo 6º do CDC, como espécies de direitos indisponíveis pelos 
consumidores, uma vez que integram a ordem pública de proteção do 
consumidor. 
 
Direito à vida 
 Consagra-o o artigo 6º, I, do CDC, quando relaciona como primeiro direito 
básico do consumidor o direito à proteção da vida. O reconhecimento 
deste direito subjetivo admite múltiplas eficácias. Por um lado, determina 
a proteção da vida do consumidor individualmente considerado em uma 
relação de consumo específica, o que indica a necessidade de proteção 
 
de sua integridade física e moral e, neste sentido, o vínculo de 
dependência da efetividade deste direito com os demais de proteção da 
saúde e da segurança, igualmente previstos no CDC. 
 
Direito à saúde e à segurança 
 O direito básico à proteção da saúde e à segurança do consumidor está 
intimamente vinculado, como é intuitivo, com a proteção do direito à vida. 
Constam inclusive, na mesma disposição normativa, do artigo 6º, I, do 
CDC. Por direito à saúde podemos considerar o direito a que se seja 
assegurado ao consumidor no oferecimento de produtos e serviços, 
assim como no consumo e utilização dos mesmos, todas as condições 
adequadas à preservação de sua integridade física e psíquica. Já no que 
diz respeito ao direito à segurança, consiste basicamente em direito que 
assegura proteção contra riscos decorrentes do mercado de consumo. 
 
Direito à informação 
 O direito à informação um dos que maior repercussão prática vai alcançar 
no cotidiano das relações de consumo. Note-se, antes de outras 
considerações, que o direito a informações apresenta sua eficácia 
correspectiva na imposição aos fornecedores em geral de um dever de 
informar. 
 
O direito básico à informação do consumidor, estabelecido no artigo 6º, III, do 
CDC, é acompanhado de uma série de deveres específicos de informação ao 
consumidor, imputados ao fornecedor nas diversas fases da relação de 
consumo, como é o caso da informação sobre riscos e periculosidade, defeitos 
de informação, vícios de informação, eficácia vinculativa da informação, sua 
equiparação à oferta e proposta, e as consequências da violação do dever de 
informar, o dever de informar na publicidade, etc... 
 
Direito à proteção contra práticas e cláusulas abusivas 
 O direito básico do consumidor à proteção contra práticas e cláusulas 
abusivas constitui norma de grande relevância prática, considerando que 
a sistemática das normas de proteção do consumidor orienta-se, em boa 
medida, na coibição do comportamento abusivo do fornecedor. 
Estabelece o artigo 6º, IV, do CDC: "A proteção contra a publicidade 
enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem 
como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento 
de produtos e serviços". 
 
A referência e a proibição das práticas abusivas no CDC têm caráter 
exemplificativo, admitindo, além do que expressamente foi previsto pela 
legislação (em especial, o rol do artigo 39), o reconhecimento de diversos 
comportamentos que por sua natureza, ou pelo fato de se darem no curso de 
uma relação de consumo, caracterizam-se como violadores da boa-fé e da 
confiança dos consumidores. 
 
Direito ao equilíbrio contratual 
 O direito subjetivo do consumidor ao equilíbrio contratual constitui efeito 
da principiologia do direito do consumidor, muito especialmente dos 
 
princípios da boa-fé, da vulnerabilidade e, especialmente, do próprio 
princípio do equilíbrio. O artigo 6º, V, prevê o direito básico do 
consumidor à "modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam 
prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos 
supervenientes que as tornem excessivamente onerosas". Note-se que a 
proteção do equilíbrio contratual prevista neste inciso visa, 
essencialmente, à proteção do equilíbrio das prestações do contrato, 
tendo por finalidade a proteção do seu equilíbrio econômico. 
 
Direito à manutenção do contrato 
Outro direito básico do consumidor que se pode identificar da 
interpretação combinada dos artigos 6º, V, e 51, § 2º do CDC, é o direito 
à manutenção do contrato. Neste sentido, uma vez que exista o direito à 
revisão do contrato, seja em razão de desproporção das prestações por 
fato superveniente, ou mesmo com vista à decretação da nulidade de 
cláusula contratual abusiva, não se cogita a princípio da extinção por 
resolução ou a anulação do contrato. Ao contrário, quando se trate de 
cláusulas abusivas, o artigo 51, § 2º, do CDC, expressamente prevê o 
dever de integração do juiz, para suprir a lacuna determinada pela 
nulidade da cláusula, e apenas em caso de impossibilidade, 
caracterizada pelo fato de "apesar dos esforços de integração, decorrer 
ônus excessivo a qualquer das partes", é que se vai admitir então que a 
nulidade da cláusula contamine todo o contrato, acarretando o 
reconhecimento de sua invalidade. A providência do CDC teve em vista 
a proteção do interesse do consumidor que necessita do contrato, e que 
por isso mesmo não pode simplesmente admitir sua invalidade com a 
restituição da situação das partes ao estado anterior. 
 
Direito à efetiva reparação de danos 
 O direito básico do consumidor à efetiva reparação de danos é, 
igualmente, da maior relevância para efeito de proteção dos legítimos 
interesses dos consumidores. Note-se que, com relação à identificação 
de quais os danos ressarcíeis no regime do CDC, foi ampla a previsão 
do legislador, fazendo referência aos danos materiais e morais, 
individuais, difusos e coletivos. A reparabilidade dos danos morais e 
materiais em igualdade de condições, e mesmo a possibilidade de sua 
cumulação, foi tema de gradual evolução jurisprudencial em nosso 
direito, sobretudo a partir da Constituição da República de 1988, estando 
hoje totalmente consagrada. 
 
A efetividade da reparação do consumidor, assim, estará vinculada, no direito 
brasileiro, à integral reparação do dano, não se admitindo a aplicação, no 
microssistema do direito do consumidor, das regras de mitigação da 
responsabilidade ou de fixação do quantum indenizatório que desconsiderem 
esta diretriz fundamental do sistema, orientada pelo princípio da dignidade da 
pessoa humana e pelo direito fundamental à reparação de danos consagrados 
na Constituição da República. 
 
 Direito de acesso à justiça 
 
 O reconhecimento de direitos subjetivos aos consumidores, por si só, não 
assegura a efetividade da proteção jurídica conferida por lei. Neste 
sentido, é necessário tornar disponível ao consumidor a possibilidade real 
de defesa de seus interesses, o que na experiência brasileira incumbirá 
ao Estado por intermédio dos Órgãos da Administração Pública e, de 
modo decisivo, do Poder Judiciário. O artigo 6º, VII, do CDC, com este 
objetivo, vai consagrar como direito básico do consumidor "o acesso aos 
órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação 
de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, 
assegurada a proteção jurídica, administrativa e técnica aos 
necessitados". 
 
Direito à facilitação da defesa dos seus direitos e inversão do ônus da prova 
 Em consequência da diretriz de efetividade da proteção dos consumidores, 
outro direito básico do consumidor de grande repercussão prática é o que 
estabelece o artigo 6º, VIII, do CDC, ao assegurar "a facilitação da defesa de 
seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no 
processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for 
ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências". 
 
09/04/2020 – DIREITO DO CONSUMIDORDAS PRÁTICAS ABUSIVAS 
 O art. 39 da Lei 8.078/1990 tipifica, mais uma vez em rol exemplificativo 
ou numerus apertus, uma série de situações tidas como ensejadoras do 
abuso de direito consumerista. Deve-se entender que constitui prática 
abusiva qualquer conduta ou ato em contradição com o próprio espírito 
da lei consumerista. 
 
Inciso I - Condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao 
fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a 
limites quantitativos (art. 39, inc. I, do CDC) 
 
Esse primeiro inciso do art. 39 proíbe a venda casada, descrita e especificada 
pela norma. De início, veda-se que o fornecedor ou prestador submeta um 
produto ou serviço a outro produto ou serviço, visando um efeito caroneiro ou 
oportunista para venda de novos bens. Ato contínuo, afasta-se a limitação de 
fornecimento sem que haja justa causa para tanto, o que deve ser preenchido 
caso a caso. Ampliando-se o sentido da vedação, conclui-se que é venda casada 
a hipótese em que o fornecedor somente resolve um problema quanto a um 
produto ou serviço se um outro produto ou serviço for adquirido. 
 
II - Recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida 
de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os 
usos e costumes (art. 39, inc. II, do CDC) 
 
 A previsão engloba a negação de venda por parte dos fornecedores ou 
prestadores, levando-se em conta as suas disponibilidades e os 
costumes gerais. 
 
 
Os parâmetros descritos na norma são levados em conta no problema relativo à 
limitação para aquisição de produtos, especialmente em supermercados em dias 
de promoção. 
 
A jurisprudência superior posiciona-se no sentido de que o consumidor não tem 
o direito de exigir o produto que está em promoção em quantidade incompatível 
com o consumo pessoal ou familiar. 
 
III - Enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer 
produto, ou fornecer qualquer serviço (art. 39, inc. III, do CDC) 
 
 O envio de produto sem solicitação é prática abusiva bem comum no 
mercado de consumo. Em complemento à proibição, estabelece o 
parágrafo único do art. 39 do CDC que os serviços prestados e os 
produtos remetidos ou entregues ao consumidor sem a devida solicitação 
equiparam-se às amostras grátis, inexistindo obrigação de pagamento. 
 
A hipótese legal aqui abordada se faz presente em especial no envio de cartão 
de crédito sem que haja qualquer pedido por parte do consumidor. Presentes 
danos advindos dessa conduta ilícita, surge o dever de reparar por parte da 
empresa emitente 
 
IV – Prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em 
vista a sua idade, saúde e condição social, para vender-lhe produto ou 
serviço (art. 39, inc. IV, do CDC) 
 
 O comando visa a afastar o aproveitamento da condição de hiper 
vulneráveis de determinados consumidores, caso dos idosos (maiores de 
sessenta anos) e de pessoas com deficiências intelectuais ou culturais. 
 
Como expõe a melhor doutrina, a norma coíbe a chamada venda por impulso ou 
venda automática, em relação a pessoas que podem não ter total discernimento 
para compreensão do teor das informações que lhe são prestadas.12 Nesse 
contexto, “Efetivamente, e por diversas razões, há que se aceitar que o grupo 
dos idosos possui uma vulnerabilidade especial, seja pela sua vulnerabilidade 
técnica exagerada em relação a novas tecnologias (home-banking, relações com 
máquina, uso necessário da internet etc.); sua vulnerabilidade fática quanto à 
rapidez das contratações; sua saúde debilitada; a solidão do seu dia a dia, que 
transforma um vendedor de porta em porta, um operador de telemarketing, talvez 
na única pessoa com a qual tenham contato e empatia naquele dia; sem falar 
em sua vulnerabilidade econômica e jurídica, hoje, quando se pensa em um teto 
de aposentadoria único no Brasil de míseros 400 dólares para o resto da vida”.13 
A título de exemplo dessas dificuldades, é comum a venda para idosos de planos 
de previdência privada que nunca poderão ser usufruídos, por razões óbvias. 
Muitos dos idosos que celebram contratos como esses mal sabem o teor dos 
instrumentos que estão assinando. 
 
V - Exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva (art. 39, inc. 
V, do CDC) 
 
 
 A exemplo da previsão do art. 51, inc. IV, do CDC, o presente dispositivo 
veda a lesão objetiva e a onerosidade excessiva, tidas como geradoras 
de práticas comerciais abusivas. Interessante trazer à tona a comum 
prática do cheque-caução, exigido muitas vezes quando da internação 
de consumidores em hospitais 
 
VI - Executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização 
expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas 
anteriores entre as partes (art. 39, inc. VI, do CDC) 
 
 A exigência de orçamento prévio para a prestação de um serviço é outro 
exemplo típico de aplicação da boa-fé objetiva à fase pré-contratual do 
negócio de consumo, por representar incidência do dever anexo de 
informação. De acordo com o art. 40 da Lei 8.078/1990, o fornecedor de 
serviço será obrigado a entregar ao consumidor orçamento prévio 
discriminando o valor da mão de obra, dos materiais e equipamentos a 
serem empregados, as condições de pagamento, bem como as datas de 
início e término dos serviços 
 
VII - Repassar informação depreciativa referente a ato praticado pelo 
consumidor no exercício de seus direitos (art. 39, inc. VII, do CDC) 
 
 O comando veda as chamadas listas internas de maus consumidores ou 
listas negras, em relação a consumidores que buscam exercer os direitos 
que a lei lhes faculta. 
 
 O que se veda, a título de ilustração, é que empresas que exploram 
determinados setores troquem nomes de consumidores que ingressam em juízo 
para tutela de seus direitos, com o fim de dificultar novas aquisições de bens de 
consumo (consumidores indesejáveis). 
 
VIII - Colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em 
desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes 
ou, se normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de 
Normas Técnicas (ABNT) ou outra entidade credenciada pelo Conselho 
Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – CONMETRO 
(art. 39, inc. VIII, do CDC) 
 Na verdade, o dispositivo do CDC visa a uma padronização de condutas, 
para que os consumidores não sejam expostos a situações de risco ou 
perigo pelos produtos postos em circulação no mercado de consumo. 
Presente a prática abusiva, caberão as sanções administrativas do art. 
56 da Lei 8.078/1990, com a possibilidade de apreensão de produtos, 
sem prejuízo da responsabilização civil correspondente. 
 
IX - Recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a 
quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados 
os casos de intermediação regulados em leis especiais (art. 39, inc. IX, do 
CDC) 
 
 
 O preceito foi introduzido pela Lei 8.884/1994, tendo um sentido mais 
amplo do que o inciso II, pois dirigida a qualquer situação de alienação 
de bens, sendo proibida a negação de venda a quem de imediato se 
apresenta à celebração do negócio 
 
X - Elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços (art. 39, inc. X, 
do CDC) 
 
 Trata-se de mais um dispositivo incluído pela Lei 8.884/1994, mantendo 
relação direta com o art. 51, inc. X, do próprio Código Consumerista, que 
considera abusiva a cláusula de variação unilateral de preço. A 
expressão justa causa deve ser interpretada de acordo com a realidade 
social de ampla tutela dos consumidores e, em casos de dúvidas, deve 
prevalecer a sua proteção. 
 
A prática de alteração do preço sem motivo representa afronta à boa-fé objetiva 
e às justas expectativas depositadas no negócio de consumo. Como é notório, 
não se pode aceitar atos praticados pelos fornecedores e prestadores com o 
intuito de surpreender os consumidores em relação ao originalmente contratado, 
situação típica doabuso de direito não tolerado pelo sistema consumerista. 
 
Deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar 
a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério (art. 39, inc. XII, do 
CDC) 
 
 A inclusão da previsão se deu pela Lei 9.008/1995, pois o dispositivo 
havia sido revogado pela Lei 8.884/1994. Veda-se a prática puramente 
potestativa, dependente apenas do belprazer do fornecedor ou prestador. 
Diante da lealdade que se espera das relações negociais, os 
fornecedores e prestadores devem fixar prazo e termo para o 
adimplemento do afirmado, sob pena de total instabilidade das relações 
de consumo e descrédito de todo o sistema consumerista. 
 
Aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente 
estabelecido (art. 39, inc. XIII, do CDC) 
 
 Como bem leciona Herman Benjamin, “É comum no mercado a 
modificação unilateral dos índices ou fórmulas de reajuste nos negócios 
entre consumidores e fornecedores (contratos imobiliários, de educação, 
de planos de saúde, por exemplo). O dispositivo veda tal comportamento, 
criando um ilícito de consumo, que pode ser atacado civil ou 
administrativamente”.18 Mais uma vez, não se admite a mudança das 
regras do jogo por parte dos fornecedores e prestadores. 
 
Em outras palavras, a prática abusiva existe, pois não se pode admitir 
contrariedade ao que foi firmado com os consumidores ou à matéria regulada 
por norma de ordem pública. 
 
 
 
 
16/04/2020 – DIREITO DO CONSUMIDOR 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL – EXPLICAÇÃO 
 
 
23/04/2020 – DIREITO DO CONSUMIDOR 
(APLICAÇÃO AV1A) 
 
 
1.Segundo o doutrinador Rizzato Nunes, "A Lei n. 8.078 é norma de ordem 
pública e de interesse social, geral e principiológica, o que significa dizer que é 
prevalente sobre todas as demais normas especiais anteriores que com ela 
colidirem. As normas gerais principiológicas, pelos motivos que apresentamos 
no início deste trabalho ao demonstrar o valor superior dos princípios, têm 
prevalência sobre as normas gerais e especiais anteriores". Em relação ao art. 
2º do Código de Defesa do Consumidor - CDC, que trata da relação de consumo, 
e da jurisprudência do STJ, é correto afirmar que: 
Considera-se de consumo, nos termos do CDC, a relação estabelecida entre 
hospital público e paciente. 
As atividades securitárias e bancárias não se enquadram no conceito de 
fornecedor para fins de aplicação do CDC. 
São equiparados a consumidor apenas as pessoas determináveis, expostas 
às práticas comerciais previstas no CDC. 
Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto 
ou serviço como destinatário final, isto é, o destinatário fático. 
Para que seja configurada uma relação de consumo, é essencial que a 
atividade do fornecedor seja prestada mediante remuneração, ainda que 
indireta. 
 
2.Pedro juntou dinheiro que arrecadou ao longo de 20 anos trabalhando como 
caminhoneiro para adquirir um caminhão, zero quilômetros, que passou a utilizar 
em seu trabalho, realizando fretes no interior do Estado de São Paulo. Ainda no 
prazo de garantia, o veículo apresentou problemas e ficou imobilizado. Sua 
esposa, Cremilda, microempresária do ramo da costura, adquiriu uma máquina 
bordadeira de valor elevado de uma grande produtora mundial, que depois de 
poucas semanas de funcionamento, também apresentou parou de funcionar. 
Diante desses fatos, é correto afirmar que 
ambos podem ser considerados consumidores, desde que se configurem 
como usuários finais dos produtos adquiridos e comprovem hipossuficiência 
econômica em relação ao fornecedor, uma vez que, embora o Código de Defesa 
do Consumidor adote a teoria finalista como regra geral, a lei reconhece 
expressamente a hipótese de consumo intermediário mediante prova da 
hipossuficiência econômica e do desequilíbrio na relação. 
 
ambos podem ser considerados consumidores, ainda que não se configurem 
como usuários finais dos produtos adquiridos, uma vez que, embora o Código 
de Defesa do Consumidor adote a teoria finalista, em casos semelhantes, o 
Superior Tribunal de Justiça já admitiu a mitigação desta teoria diante da prova 
da hipossuficiência e do desequilíbrio na relação, caracterizando hipótese de 
consumo intermediário. 
nenhum dos dois pode se enquadrar no conceito de consumidor previsto no 
Código de Defesa do Consumidor, pois não são destinatários finais dos produtos; 
a lei adotou a teoria finalista, e a jurisprudência pacífica do Superior Tribunal de 
Justiça não admite a hipótese de consumo intermediário, afastando as 
disposições consumeristas para os produtos adquiridos para a utilização em 
cadeia de produção. 
ambos podem ser considerados consumidores, ainda que não se configurem 
como usuários finais dos produtos adquiridos, uma vez que a jurisprudência do 
Superior Tribunal de Justiça entende que o Código de Defesa do Consumidor 
não adotou a teoria finalista, bastando a prova da hipossuficiência e do 
desequilíbrio na relação e, portanto, se apresentando como irrelevante que o 
consumo tenha ocorrido na cadeia de produção. 
Sebastião pode ser considerado consumidor mesmo que não seja usuário 
final do produto adquirido, uma vez que, embora o Código de Defesa do 
Consumidor adote a teoria finalista, a jurisprudência do Superior Tribunal de 
Justiça admite a mitigação desta teoria diante da prova da hipossuficiência e do 
desequilíbrio na relação, caracterizando hipótese de consumo intermediário, 
mas Raimunda não poderá ser considerada consumidora, por se tratar de 
pessoa jurídica. 
 
3.(2013/ FGV/ AL-MT/ Procurador) A Lei n. 8078/90 estabelece a denominada 
Política Nacional das Relações de Consumo, elencando seus princípios 
norteadores e instrumentos a serem utilizados pelo Poder Público para sua 
efetivação. No tocante ao Código de Proteção e Defesa do Consumidor (CDC) 
assinale a afirmativa incorreta. 
Estabelece normas de ordem pública e de interesse social, em especial os 
direitos básicos do consumidor como a inversão do ônus da prova que podem 
ser aplicados pelo Judiciário, independentemente de requerimento específico. 
Consumidor é definido como toda pessoa física ou jurídica que adquire ou 
utiliza produto ou serviço como destinatário final. 
Mesmo não se enquadrando no conceito legal de Consumidor, o CDC prevê 
a figura do Consumidor por equiparação, a fim de preservar direitos de todas as 
vítimas do evento danoso. 
O fabricante, o produtor, o construtor nacional ou estrangeiro e o importador 
respondem, subjetivamente, pela reparação dos danos causados aos 
consumidores por defeitos de seus produtos, bem como por informações 
insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. 
 
A oferta tem caráter vinculante, obrigando o fornecedor a, por exemplo, 
vender um produto nas condições anunciadas por meio de publicidade 
suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação. 
 
4.(2015/ IDECAN/ Prefeitura de Rio Novo do Sul – ES/ Fiscal Sanitário) O art. 
39, do Código de Defesa do Consumidor, preconiza as seguintes ações que o 
fornecedor não pode fazer porque são proibidas por lei, EXCETO: 
Esconder um produto e dizer que o produto está em falta. 
Difamar o consumidor só porque ele praticou um ato no exercício de um 
direito seu. 
Prevalecer‐se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua 
idade, saúde, conhecimento ou posição social, para impingir‐lhe seus produtos 
ou serviços. 
Condicionar a venda de um produto à compra de outro produto, sem justa 
causa. 
recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem 
não disponha de meios suficientes para pagamento. 
 
5.(2017/ VUNESP/ Prefeitura de Porto Ferreira – SP/ Procurador Jurídico) Todo 
consumidor, assim reconhecido, é vulnerável, mas nem todo consumidor é 
hipossuficiente. Diante dessa afirmação, é correto afirmar que 
tal assertiva demonstra que a vulnerabilidade é pressuposto dacondição de 
ser consumidor, sendo que a hipossuficiência é característica que deve ser 
analisada casuisticamente 
as expressões vulnerabilidade e hipossuficiência são sinônimas, sendo que 
caracterizada a relação consumerista, o consumidor será obrigatoriamente 
vulnerável e hipossuficiente. 
a hipossuficiência é característica de todo consumidor assim reconhecido, 
sendo que a vulnerabilidade deve ser provada. 
se o consumidor referido for pessoa jurídica, é hipossuficiente, mas nunca 
será vulnerável. 
a vulnerabilidade trazida pelo legislador é exclusivamente técnica, não 
havendo outras modalidades. 
 
6.Para justificar a incidência do Código de Defesa do Consumidor, é preciso 
estudar a estrutura da relação jurídica de consumo, na perspectiva de seus 
elementos subjetivos e objetivos, ou seja, das partes relacionadas e o seu 
conteúdo. Em relação ao conceito de consumidor, assinale a opção correta: 
 
Consumidor é toda pessoa física que adquire ou utiliza produto ou serviço 
como destinatário final; 
 
Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, exceto as 
indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo; 
Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que 
indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo; 
A pessoa jurídica não pode ser consumidora de produtos ou serviços, pois 
utiliza-os como insumos para sua atividade principal 
Somente as pessoas jurídicas que possuem CEO podem ser consumidores 
7.(FGV/2017/ OAB/ EXAME XXII) Alvina, condômina de um edifício residencial, 
ingressou com ação para reparação de danos, aduzindo falha na prestação dos 
serviços de modernização dos elevadores. Narrou ser moradora do 10º andar e 
que hospedou parentes durante o período dos festejos de fim de ano. Alegou 
que o serviço nos elevadores estava previsto para ser concluído em duas 
semanas, mas atrasou mais de seis semanas, o que implicou falta de elevadores 
durante o período em que recebeu seus hóspedes, fazendo com que seus 
convidados, todos idosos, tivessem que utilizar as escadas, o que gerou 
transtornos e dificuldades, já que os hóspedes deixaram de fazer passeios e 
outras atividades turísticas diante das dificuldades de acesso. Sentindo-se 
constrangida e tendo que alterar todo o planejamento de atividades para o 
período, Alvina afirmou ter sofrido danos extrapatrimoniais decorrentes da mora 
do fornecedor de serviço, que, ainda que regularmente notificado pelo 
condomínio, quedou-se inerte e não apresentou qualquer justificativa que 
impedisse o cumprimento da obrigação de forma tempestiva. Diante da situação 
apresentada, assinale a afirmativa correta. 
Existe relação de consumo apenas entre o condomínio e o fornecedor de 
serviço, não tendo Alvina legitimidade para ingressar com ação indenizatória, por 
estar excluída da cadeia da relação consumerista. 
Inexiste relação consumerista na hipótese, e sim relação contratual regida 
pelo Código Civil, tendo a multa contratual pelo atraso na execução do serviço 
cunho indenizatório, que deve servir a todos os condôminos e não a Alvina, 
individualmente. 
Existe relação de consumo, mas não cabe ação individual, e sim a 
perpetrada por todos os condôminos, em litisconsórcio, tendo como objeto 
apenas a cobrança de multa contratual e indenização coletiva. 
Existe relação de consumo entre a condômina e o fornecedor, com base da 
teoria finalista, podendo Alvina ingressar individualmente com a ação 
indenizatória, já que é destinatária final e quem sofreu os danos narrados. 
Inexiste relação de consumo, mas não cabe ação individual, e sim a 
perpetrada por todos os condôminos, em litisconsórcio, tendo como objeto 
apenas a cobrança de multa contratual e indenização coletiva. 
 
8..(2017/ VUNESP/ Prefeitura de Porto Ferreira – SP/ Procurador Jurídico) Nair 
precisa comprar um remédio receitado pelo seu médico. Foi a uma farmácia e 
pediu tal medicação. O farmacêutico disse que tal produto tinha preço de R$ 
 
25,00 (vinte e cinco reais), mas que estavam com uma promoção naquele dia. 
Se ela levasse a medicação e mais três sabonetes, cujo valor unitário era de R$ 
3,00 (três reais), pagaria por tudo, R$ 30,00 (trinta reais). Diante dessa situação, 
é certo afirmar que: 
a atitude da farmácia configura prática de venda casada. 
a farmácia incorre na prática abusiva de elevar injustificadamente o valor dos 
preços. 
não há qualquer prática abusiva na conduta da farmácia, pois o produto que 
Nair precisa pode ser comprado separadamente. 
incorreu a farmácia em infração ao princípio da liberdade de escolha de Nair, 
sendo caracterizada pela recusa no atendimento às demandas dos 
consumidores. 
só será prática abusiva de venda casada se Nair efetivamente adquirir os 
produtos oferecidos de forma conjunta. 
 
9..O Código Brasileiro de Defesa do Consumidor, conhecido e denominado pelas 
iniciais CDC, foi instituído pela Lei 8.078/1990, constituindo uma típica norma de 
proteção de vulneráveis. Sobre a aplicação do Código de Defesa do Consumidor, 
é CORRETO afirmar: 
Não há relação de consumo em nenhum caso quando se trate de produto ou 
serviço oferecido gratuitamente pelo fornecedor. 
Aplica-se o Código às relações locatícias, equiparando-se o inquilino a 
consumidor. 
Os serviços públicos de água, saneamento, educação e saúde, mesmo 
quando prestados diretamente pelo Estado, são objetos de relação de consumo. 
Não se aplica aos contratos bancários e às relações de caráter trabalhista. 
Exclui as relações de natureza entre condômino e condomínio. 
 
10.(2016/ FGV/ Prefeitura de Paulínia – SP/ Procurador) Durante um temporal 
no litoral de São Paulo, houve corte do sistema de energia elétrica em três 
municípios, cujo reestabelecimento ocorreu 72 horas depois do episódio. Elisa 
havia alugado um imóvel para o período de réveillon em uma localidade daquela 
região e o acidente resultou na impossibilidade de sua família usufruir 
adequadamente dos dias destinados ao descanso e lazer. Indignada, Elisa 
ingressou com ação judicial em face da concessionária do serviço público pelos 
danos morais suportados. Em sua defesa, a ré arguiu motivo de força maior, 
pugnando pela exclusão da responsabilidade civil. A respeito dessa situação, 
com base no CDC e na Constituição Federal, assinale V para a afirmativa 
verdadeira e F para a falsa. ( ) A responsabilidade civil da concessionária de 
serviço público é objetiva, estando sujeita aos regramentos instituídos pelo CDC 
e pela Constituição Federal. ( ) Somente a responsabilidade civil subjetiva do 
fornecedor, aquela realizada por profissional liberal, possibilita as incidência das 
 
hipóteses de exclusão do dever de indenizar. ( ) Elisa não é a contratante do 
serviço público e, portanto, não possui legitimidade ad causam. As afirmativas 
são, respectivamente, 
V, F e V. 
V, V e F. 
F, V e V. 
V, V e V. 
V, F e F. 
 
11.O Código de Defesa do Consumidor trouxe definições de consumidor, sendo 
que três delas retratam o denominado consumidor por equiparação. Partindo 
dessa premissa, analise as assertivas e indique a alternativa incorreta: 
Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto 
ou serviço como destinatário intermediário ou final. 
Segundo posicionamento consolidado no Superior Tribunal de Justiça, a 
comprovação da vulnerabilidade da pessoa jurídica é pressuposto "sine qua non" 
para o enquadramento desta no conceito de consumidor previsto no CDC. Trata-
se da adoção pela jurisprudência da Teoria Finalista, porém de forma atenuada, 
mitigada ou aprofundada que admite a pessoa jurídica como consumidora, 
desde que comprovada sua fragilidade no caso concreto. 
Nos termos da jurisprudência dominante, Hospital adquirente do 
equipamento médico de vultosos valores para fins de incrementar a atividade 
profissional lucrativa, por se tratar de consumo intermediário, para 
desenvolvimento de sua própria atividadenegocial, não se caracteriza, 
tampouco destinatário final como hipossuficiente na relação contratual travada, 
pelo que não pode ser considerado “consumidor”. Em outros termos, ausente a 
relação de consumo, não incidindo o CDC. 
Consideram-se consumidores equiparados às vítimas do evento danoso — 
de um acidente de consumo —, independentemente da efetiva aquisição de um 
produto ou da contratação de um serviço. Assim, pouco importa saber qual foi a 
pessoa que adquiriu o produto ou o serviço no mercado de consumo. Existindo 
vítima do evento danoso, esta será equiparada a consumidor e far-se-á 
necessária a incidência do CDC. 
O CDC (art.29), quanto aos capítulos que se referem às práticas comerciais 
e contratuais, determina que se equipare a consumidor, todas as pessoas, 
determináveis ou não, expostas às práticas comerciais e contratuais, em 
especial as abusivas. Porém, deve-se interpretar tal comando em consonância 
com a aplicação do princípio da vulnerabilidade. 
 
12.O Código de Defesa do Consumidor é tido pela doutrina como uma norma 
principiológica, diante da proteção constitucional dos consumidores, que consta, 
especialmente, do art. 5º, XXXII, da Constituição Federal de 1988, ao enunciar 
 
que “o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor”. Leia as 
assertivas abaixo e, ao final, assinale a opção correta: I — As vítimas dos 
acidentes de consumo são consumidoras por equiparação. II — Existente vício 
redibitório, há casos nos quais os prazos decadenciais para a reclamação, no 
Código Civil, são melhores, para o consumidor, do que os da Lei 8.078 e, em 
tais hipóteses, aplicar-se-á o Código Civil. III — O prazo prescricional da 
pretensão à reparação de dano, no Código Civil, é de três anos, enquanto no 
Código de Defesa do Consumidor (CDC) o prazo é de cinco anos, iniciando-se 
a partir do conhecimento do dano e de sua autoria. IV - A disciplina da 
desconsideração da personalidade jurídica, no âmbito do CDC, abarca mais 
hipóteses do que as previstas no Código Civil e, em seu teor literal, poderá incidir 
sempre que a personalidade jurídica for, de alguma forma, obstáculo ao 
ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. 
Todas as assertivas estão corretas. 
Apenas a assertiva I é falsa. 
Apenas a assertiva II é falsa. 
Apenas a assertiva III é falsa. 
Apenas a assertiva IV é falsa 
 
13.Uma grande rede de lojas, que tem foco na venda pela internet, anunciou a 
venda de um celular, sendo que por um erro de digitação constou como preço 
final do produto R$ 2,00 (dois reais), ao invés do valor real de R$ 2.000,00 (dois 
mil reais). Diante dos princípios que informam o Código de Defesa do 
Consumidor, é correto afirmar que 
todo consumidor que adquirir o produto por R$ 2,00 (dois reais) terá o direito 
de receber o produto, pois a exposição do produto na internet é considerada 
oferta e vincula a compra que vier a ser celebrada. 
tendo em vista que o erro é grosseiro, e sabendo--se que no mercado de 
consumo um celular teria valor muito superior ao preço anunciado, pelo princípio 
da boa-fé objetiva que rege as relações de consumo, o fornecedor não é 
obrigado a vender o produto pelo preço anunciado. 
o consumidor só terá direito a comprar um produto neste valor, pois pelo 
princípio da boa-fé subjetiva, todos os que participam dessa relação têm o dever 
de agir honestamente. 
tendo em vista que o erro é grosseiro, e sabendo-se que no mercado de 
consumo um celular teria o preço muito superior ao anunciado, pelo princípio da 
boa-fé subjetiva que rege as relações de consumo, o fornecedor não é obrigado 
a vender o produto pelo preço anunciado. 
o consumidor só terá direito a comprar uma unidade do produto neste valor, 
pois, pelo princípio da transparência, todos os que participam dessa relação têm 
o dever de agir honestamente. 
 
 
14.(2014/ FUNCAB/ SEPLAG-MG) Sobre o conceito legal de consumidor e a sua 
interpretação, o Superior Tribunal de Justiça: 
adota a teoria objetiva ou maximalista, admitindo a possibilidade de pessoas 
jurídicas figurarem na qualidade de consumidoras. 
nega a possibilidade de que pessoa jurídica seja considerada consumidora. 
adota a teoria dos bens típicos de consumo, com abrandamentos em caso 
de pessoas físicas. 
adota a teoria finalista, com flexibilização em caso de comprovada 
vulnerabilidade de profissionais e pessoas jurídicas. 
adota a teoria maximalista pauliana, admitindo a possibilidade de pessoas 
estranhas ao negócio jurídico figurarem na qualidade de consumidores. 
 
30/04/2020 – DIREITO DO CONSUMIDOR 
(APLICAÇÃO AV1B) 
 
TEXTO BASE PARA QUESTÕES 
Em junho de 2009, Soraia, adolescente de 13 anos, perde a visão do olho direito 
após explosão de aparelho de televisão, que atingiu superaquecimento após 
permanecer 24 horas ligado ininterruptamente. A TV, da marca Eletrônicos S/A, 
fora comprada dois meses antes pela mãe da vítima. Exatos sete anos depois 
do ocorrido, em junho de 2016, a vítima propõe ação de indenização por danos 
morais e estéticos em face da fabricante do produto. Na petição inicial, a autora 
alegou que sofreu dano moral e estético em razão do acidente de consumo, 
atraindo a responsabilidade pelo fato do produto, sendo dispensada a prova da 
culpa, razão pela qual requer a condenação da ré ao pagamento da quantia de 
R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) a título de danos morais e R$ 50.000,00 
(cinquenta mil reais) pelos danos estéticos sofridos. No mais, realizou a juntada 
de todas as provas documentais que pretende produzir, inclusive laudo pericial 
elaborado na época, apontando o defeito do produto, destacando, desde já, a 
desnecessidade de dilação probatória. Recebida a inicial, o magistrado da 1ª 
Vara Cível da Comarca Y, determinou a citação da ré e após oferecida a 
contestação, na qual não se requereu produção de provas, decidiu proferir 
julgamento antecipado, decretando a improcedência dos pedidos da autora, com 
base em dois fundamentos: (i) inexistência de relação de consumo, com 
consequente inaplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor, pois a 
vítima/autora da ação já alegou, em sua inicial, que não participou da relação 
contratual com a ré, visto que foi sua mãe quem adquiriu o produto na época; e 
(ii) prescrição da pretensão autoral em razão do transcurso do prazo de três 
anos, previsto no Art. 206, § 3º, inciso V, do Código Civil. Na qualidade de 
advogado(a) de Soraia, responda as questões a seguir: 
1.Há relação de consumo entre Soraia e a empresa "Eletrônicos S/A"? 
Justifique e fundamente sua respostas com base na legislação. (valor 0,50) 
 
 Ha relação de consumo entre Soraia e a Empresa, e Soraia sera 
considerada consumidor por equiparação ou bystander (consumidor 
que não participa diretamente, mas de alguma forma foi atingido.) 
conforme o Art 2, paragrafo único e Art. 17 e 29 da lei 8.078/1990. 
2.Com base na matéria de Responsabilidade Civil, quem deve figurar no 
polo passivo da demanda o fabricante da TV ou comerciante vendedor)? 
Fundamente e justifique sua resposta. (valor 0,50) 
 Responderia no polo passivo da demanda primeiramente o 
fabricante, caso não fosse possível o identifica-lo, sera responsável o 
comerciante vendedor, como dispõe o Art. 12 do CDC. 
3.A sentença do juiz de 1ª instancia, reconhecendo a prescrição está 
correto? Fundamente e justifique sua resposta. (valor 0,50) 
 Por se trata-se de incapaz, não ocorre prescrição, tornando assim 
nula a contagem do prazo, conforme disposto no Art 198, I do CC. 
Portanto a sentença proferida do juiz esta incorreta. 
4.Qual o prazo prescricional, à luz das legislações vigentes, para que Soraia 
ajuizasse à ação? (valor 0,50) 
 O prazo prescricional, à luz das legislações vigente é de 5 anos 
conforme Art 27 do CDC, contados a partir do momento em que 
Soraia atingir a maioridade, após isso, ela terá 5 anos para ajuizar a 
ação. 
5.Qual espécie de Responsabilidade Civilé prevista pelo Código de Defesa 
do Consumidor? Justifique sua resposta. (valor 0,50) 
 A responsabilidade civil adotada pelo Código de Defesa do 
Consumidor é a objetiva, ou seja, independe de culpa ou dolo. Em 
seus artigos 12, 13, 14, 18, 19 e 20, o CDC expõe claramente que essa 
responsabilidade é objetiva, inclusive solidária, entre os fornecedores 
de produto e os prestadores de serviço 
6.Disserte sobre a diferença de vício do produto e fato do produto, 
fundamentando sua resposta (valor 0,50) 
 Vicio é considerado quando o produto é improprio e inadequado, não 
cumpre finalidade e tem ausência de informação, e é dividido em três 
partes: QUALIDADE, QUANTIDADE E VICIO DE SERVIÇO e todos que 
participarem da cadeia de consumo responde de forma solidaria, e esta 
disposto nos Arts 18 a 20 CDC 
 Fato (defeito) é considerado quando o produto causa acidentes de 
consumo, podendo assim ter indenização (mat/morais), tem um prazo de 
5 anos para prescrição e responde de forma objetiva, salvo, profissionais 
liberais como dispõe os Arts 12 a 17 do CDC. 
 
07/05/2020 – DIREITO DO CONSUMIDOR 
 
(CORREÇÕES) 
(MATERIAL DE RESPONSABILIDADE CIVIL) 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL NO CDC 
FATO (DEFEITO) Arts. 12 a 17 CDC 
 Acidente de consumo 
 Indenização (materiais / morais) 
 05 (cinco) anos – prescrição 
 Responsabilidade Objetiva, salvo profissionais liberais. 
 
VÍCIO ARTS. 18 A 20 CDC 
 Impróprio e Inadequado 
 Não cumpre finalidade 
 Ausência de informação 
 Todos que participarem da cadeia de consumo, são solidários. 
 
DIREITO DO CONSUMIDOR 
 FATO (DEFEITO) 
Respondem: 
1º I –Produtor 
II –Fabricante 
III –Construtor 
IV – Importador 
OBS: Nacional ou Estrangeiro 
 
2º Comerciante I – Não puder ser identificado o p/f/c/i 
II –Quando a identificação do p/f/c/i não for clara 
III – Má conservação dos produtos 
 
VÍCIOS 
 QUALIDADE 30 DIAS P/ FORNCEDOR - 7 DIAS ATÉ 180 DIAS 
I -TROCA 
II –DINHEIRO DE VOLTA 
III-ABATIMENTO DO PREÇO 
 
 QUANTIDADE 
I -TROCA 
II –DINHEIRO DE VOLTA 
III –ABATIMENTO OU COMPLEMENTO PESO/MEDIDA 
 
 
 VÍCIO DO SERVIÇO 
I –REEXECUÇÃO DO SERVIÇO 
II –DINHEIRO DE VOLTA 
III –ABATIMENTO PROPORCIONAL 
 
* O PRAZO DE 30 DIAS PARA O FORNECEDOR RESOLVER SEU PROBLEMA 
É SÓ PARA VÍCIO DE QUALIDADE 
* SE TRATANDO DE BEM ESSENCIAL, O VÍCIO DE QUALIDADE PODE SER 
EXIGIDO IMEDIATAMENTE. 
 
EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE CIVIL (ARTS. 12, §3°; 14, 3º) 
I. I - que não colocou o produto no mercado: Exemplo alguém que furto os 
produtos na fábrica ,antes do lançamento; 
II. II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste: 
É o caso do produto não ter ocasionado qualquer dano ao consumidor. 
III. III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro: Quando o próprio 
consumidor ocasiona o dano, como no caso de fazer uso errado do 
produto. 
Quanto ao terceiro, tem que ser alguém estranho à relação jurídica, que 
enseja um fato totalmente estranho. 
CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR 
 Conceito: Segundo Orlando Gomes, o caso fortuito é o evento totalmente 
imprevisível, enquanto a força maior é o evento previsível, mas inevitável. 
 
 Fortuito interno/Força maior interna: Têm relação com o fornecimento do 
produto e a prestação de serviços (ingressam no risco-proveito ou no risco 
do empreendimento). (NÃO SÃO EXCLUDENTES 
DERESPONSABILIDADECIVIL) 
 Fortuito externo /Força maior externa: Não têm relação com o 
fornecimento do produto ou a prestação de serviços. (São excludentes de 
responsabilidade.) 
 
DECADÊNCIA 
 Vícios aparentes ou de fácil constatação 
 
 
Duráveis 
I. 90 dias 
 
Não Duráveis 
I. 30 dias 
 
 
Entrega do produto 
ou término do serviço 
 
Entrega do produto ou 
término do serviço 
 
 
 
 
Vício Oculto 
Duráveis 
I. 90 dias 
Não Duráveis 
I. 30 dias 
Conta-se do 
momento que ficar 
evidenciado o vício. 
 
Conta-se do 
momento que ficar 
evidenciado o 
vício. 
 
 
CAUSAS QUE OBSTAM A DECADÊNCIA 
 
 Art. 26 
 - a reclamação comprovadamente 
formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e 
serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser 
transmitida de forma inequívoca; 
 
PRESCRIÇÃO 
 Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos 
causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste 
Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do 
dano e de sua autoria. 
 
14/05/2020 – DIREITO DO CONSUMIDOR 
 
 
PROTEÇÃO CONTRATUAL 
 
A REVISÃO CONTRATUAL POR FATO SUPERVENIENTE NO CÓDIGO DE 
DEFESA DO CONSUMIDOR 
 Trata-se de uma clara incidência da eficácia interna da função social do 
contrato, que veda a onerosidade excessiva e o enriquecimento sem 
causa. 
 
 
Um contrato que acarreta onerosidade excessiva a uma das partes, 
especialmente tida como vulnerável, não está cumprindo o seu papel 
sociológico, necessitando de revisão pelo órgão judicante. 
 
O Código de Defesa do Consumidor disciplina a revisão contratual por fato 
superveniente (fato novo) no seu art. 6º, inc. V. Constata-se que a norma trata 
da alteração das circunstâncias iniciais do negócio celebrado. 
 
Exemplo: Na prática, os principais acórdãos relativos à revisão contratual por 
fato superveniente no Brasil referem-se aos negócios de arrendamento mercantil 
(leasing) celebrados na década de noventa para a aquisição de veículos. Tais 
contratos tinham a atualização de valores atrelados à variação cambial, o que 
servia como um suposto atrativo aos consumidores. Com a alta do dólar em 
relação ao real em janeiro de 1999, os contratos ficaram excessivamente 
onerosos aos consumidores, o que motivou um enxame de ações judiciais de 
revisão 
 
A FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO E A NÃO VINCULAÇÃO DAS 
CLÁUSULAS DESCONHECIDAS E INCOMPREENSÍVEIS (ART. 46 DO CDC). 
A INTERPRETAÇÃO MAIS FAVORÁVEL AO CONSUMIDOR (ART. 47 DO 
CDC) 
 
 Da análise do art. 46 do CDC, para começar, são consideradas como não 
vinculativas as cláusulas desconhecidas, ou que o consumidor não teve 
a oportunidade de conhecer, havendo a chamada violação do dever de 
oportunizar. 
 
Exemplo: 
Ilustrando a incidência dessa primeira parte do art. 46 do CDC, o consumidor 
deve ter o devido conhecimento prévio a respeito da taxa de juros estipulada no 
contrato bancário ou financeiro, sob pena de sua não incidência. 
Ato contínuo de ilustração, no caso de um contrato de seguro de vida, a cláusula 
limitativa de direitos deve ser comunicada previamente e em termos claros e 
ostensivos, sob pena de sua não vinculação 
 
Seguindo no estudo do tema, do mesmo modo não vinculam o consumidor as 
cláusulas incompreensíveis ou ininteligíveis, geralmente diante de um sério 
problema de redação, que visa a enganar o consumidor. A não vinculação 
decorre de um dolo contratual praticado pelo fornecedor ou prestador, via de 
regra com o claro intuito de induzir o consumidor a erro e obter um 
enriquecimento sem causa. 
 
A título de exemplo, muitas vezes verifica-se em contratos de seguro cláusulas 
mal escritas ou mal elaboradas, de difícil entendimento até pelo mais experiente 
aplicador do Direito, por utilizar expressões técnicas da área jurídica ou de 
gerenciamento de riscos. 
Em casos tais, tem-se entendido que, se o conjunto probatório da demanda 
evidenciar a inexatidão das informações apresentadas, no ato da contratação, 
pois a proposta não traz informação precisa e clara a respeito das limitações de 
cobertura 
 
 
O art. 47 da Lei 8.078/1990 consagra a máxima in dubio pro consumidor, ao 
preconizar que “As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais 
favorável ao consumidor”. 
 
Exemplo: “Plano de saúde. Obrigação de fazer. Negativa de atendimento quanto 
à realização do tratamento denominado ‘oxigenoterapia em câmara hiperbárica’, 
sob alegação de se tratar de tratamento sem aprovação da ANS e estar excluído 
do contrato.Abusividade. Tratamento aprovado pela comunidade médica. Parte 
integrante do tratamento demandado pelo autor. Incidência do Código de Defesa 
do Consumidor e da Lei 9.656/1998. Presente o princípio da vulnerabilidade 
emergente do Código de Defesa do Consumidor. O contrato de consumo, como 
o de seguro individual de saúde, típicos de adesão, devem ser interpretados de 
modo favorável ao aderente (CDC, art. 47) atendendo à função social do 
contrato. Reconhecida a abusividade na exclusão do tratamento. Mantida a 
sentença de procedência. Recurso improvido” (TJSP – Apelação 0003799-
67.2009.8.26.0024 – Acórdão 4992907, Andradina – Quinta Câmara de Direito 
Privado – Rel. Des. James Siano – j. 02.03.2011 – DJESP 20.04.2011). 
 
O DIREITO DE ARREPENDIMENTO NOS CONTRATOS DE CONSUMO (ART. 
49 DA LEI 8.078/1990) 
 
 O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de 
sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre 
que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do 
estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio”. 
Ato contínuo, o parágrafo único da norma preceitua que, se o consumidor 
exercitar tal direito, os valores eventualmente pagos, a qualquer título, 
durante o prazo de reflexão, serão devolvidos de imediato, 
monetariamente atualizados, o que visa a afastar o enriquecimento sem 
causa ou indevido. 
 
 Os custos de devolução serão do fornecedor 
. 
A GARANTIA CONTRATUAL DO ART. 50 DA LEI 8.078/1990 
 
 A garantia contratual constitui modalidade de decadência convencional, 
sendo o prazo concedido geralmente pelo vendedor para ampliar o direito 
potestativo dado pela lei ao comprador de determinado bem de consumo. 
A título de ilustração, cite-se a comum garantia estendida, fornecida 
quando da venda de eletrodomésticos ou da prestação de serviços 
cotidianos. 
 
A categoria está tratada pelo art. 50 da Lei 8.078/1990, consagrando o seu caput 
o caráter complementar da garantia contratual em relação à garantia legal. 
O caput do art. 50 do CDC ainda prenuncia que a garantia contratual deve ser 
concebida por escrito pelo fornecedor de produtos ou prestador de serviços, o 
que é denominado como termo de garantia. A norma está em sintonia com o 
dever de informar próprio da boa-fé objetiva. 
 
 
28/05/2020 – DIREITO DO CONSUMIDOR 
 
A PROTEÇÃO QUANTO À OFERTA E À PUBLICIDADE NO CDC 
 
 Deve ser esclarecido que o termo oferta é genérico, devendo ser visto em 
sentido amplo (lato sensu), a englobar qualquer forma de comunicação 
ou transmissão da vontade que visa a seduzir ou a atrair o consumidor 
para a aquisição de bens. A construção, portanto, inclui a publicidade, 
principal artifício utilizado para fins de prestação de serviços ou 
fornecimento de produtos. Nesse contexto de definição, vejamos as 
palavras ilustrativas de Nelson Nery Jr. e Rosa Maria de Andrade Nery: 
 
“Conceito de oferta. Denomina-se oferta qualquer informação ou publicidade 
sobre preços e condições de produtos ou serviços, suficientemente precisa, 
veiculada por qualquer forma. Pode haver oferta por anúncio ou informação em 
vitrine, gôndola de supermercados, jornais, revistas, rádio, televisão, cinema, 
Internet, videotexto, fax, telex, catálogo, mala-direta, telemarketing, outdoors, 
cardápios de restaurantes, lista de preços, guias de compras, prospectos, 
folhetos, panfletos etc.”. 
 
 
 
 
 
Do ponto de vista técnico, não se pode confundir a publicidade, que tem fins de 
consumo e de circulação de riquezas, com a propaganda, que tem finalidades 
políticas, ideológicas ou sociais. 
 
 
A FORÇA VINCULATIVA DA OFERTA NO ART. 30 DA LEI 8.078/1990 
 
 O art. 30 da Lei Consumerista traz em seu conteúdo os princípios da boa-
fé objetiva e da transparência, ao vincular o produto, o serviço e o contrato 
ao meio de proposta e a publicidade, demonstrando que à conduta proba 
deve estar presente na fase pré-contratual do negócio de consumo. (ler 
artigo) 
 
Para se efetivar a vinculação, cabem as medidas de tutela específica previstas 
para as obrigações de fazer e não fazer, caso da busca e apreensão e da fixação 
de multa ou astreintes (art. 84 do CDC e CPC). Preceitua o importante art. 35 do 
 
Código Consumerista que, se o fornecedor de produtos ou serviços recusar o 
cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, 
alternativamente e à sua livre escolha: a) exigir o cumprimento forçado da 
obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade; b) aceitar outro 
produto ou prestação de serviço equivalente; c) rescindir o contrato, com direito 
à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, 
e a perdas e danos (resolução do negócio com a consequente responsabilização 
civil). Em suma, efetiva-se sobremaneira a possibilidade de o consumidor fazer 
respeitar a palavra dada pelo fornecedor ou prestador quando de sua oferta 
prévia. 
 
A vedação da publicidade enganosa (art. 37, § 1º, do CDC) 
 
 O caput do art. 37 da Lei 8.078/1990 proíbe expressamente a publicidade 
enganosa, aquela que induz o consumidor ao engano. Em tom de 
conceituação, define o § 1º da norma que “É enganosa qualquer 
modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira 
ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, 
capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, 
características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e 
quaisquer outros dados sobre produtos e serviços”. 
 
Na publicidade enganosa por ação, há um dolo positivo, uma atuação comissiva 
do agente. Cite-se como exemplo a campanha publicitária que afirma que 
determinado veículo tem um acessório, o que não é verdade. 
Na publicidade enganosa por omissão há um dolo negativo, com atuação 
omissiva. Conforme o § 3º do art. 37 do CDC, a publicidade é enganosa por 
omissão quando deixar de informar sobre dado essencial do produto ou serviço. 
 
A vedação da publicidade abusiva (art. 37, § 2º, do CDC) 
 
 Diferentemente da publicidade enganosa, que induz o consumidor a erro, 
a publicidade abusiva é aquela ilícita por trazer como conteúdo o abuso 
de direito. Dispõe o art. 37, § 2º, da Lei 8.078/1990, em tom mais uma vez 
exemplificativo, que são abusivas, dentre outras, as seguintes práticas: 
 
a) A publicidade discriminatória de qualquer natureza. 
b) A publicidade que incita à violência. 
c) A publicidade que explora o medo ou a superstição. 
d) A publicidade que se aproveita da deficiência de julgamento e 
experiência da criança. 
e) A publicidade que desrespeita valores ambientais. 
f) A publicidade que seja capaz de induzir o consumidor a se 
comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou 
segurança. 
 
Como explica Fábio Ulhoa Coelho, a publicidade abusiva é aquela que agride os 
valores sociais, presente uma conduta socialmente reprovável de abuso. E 
ilustra: “O fabricante de armas não pode promover o seu produto reforçando a 
ideologia da violência como meio de solução dos conflitos, ainda que esta 
 
solução resultasse suficiente, em termos mercadológicos, junto a determinados 
segmentos da sociedade, inclusive os consumidores de armamentos. Também 
é abusiva a publicidade racista, sexista, discriminatória e lesiva ao meio 
ambiente”.29 Deve ficar claro que, para a caracterização da publicidade abusiva, 
leva-se em conta os valores da comunidade e o senso geral comum. 
 
 
AS CLÁUSULAS ABUSIVAS NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. 
ANÁLISE DO ROL EXEMPLIFICATIVO DO ART. 51 DA LEI 8.078/1990 E 
SUAS DECORRÊNCIAS 
 
 Sintonizado com os princípios da função social do contrato e da boa-fé 
objetiva, o art. 51 da Lei 8.078/1990 consagra um rol exemplificativo ou 
numerus apertus de cláusulas abusivas, consideradas como nulas de 
pleno de direito nos contratos de consumo (nulidade absoluta ou tão 
somente nulidade). Esclareça-se que a expressão cláusulas abusivas é 
mais contemporânea,para substituir o antigo termo cláusulas leoninas, 
que remonta ao Direito Romano. 
 
Ler o artigo 51 
 
28/05/2020 – DIREITO DO CONSUMIDOR 
(APLICAÇÃO AV2A) 
 
 
TEXTO BASE PARA QUESTÕES 
Pedro Henrique, ao se mudar para sua nova casa, recém-comprado, adquiriu, 
em 20/10/2015, diversos eletrodomésticos de última geração, dentre os quais 
uma TV de LED com sessenta polegadas, acesso à Internet e outras facilidades, 
pelo preço de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Depois de funcionar perfeitamente 
por trinta dias, a TV apresentou superaquecimento que levou à explosão da fonte 
de energia do equipamento, provocando danos irreparáveis a todos os aparelhos 
eletrônicos que estavam conectados ao televisor. Não obstante a reclamação 
que lhes foi apresentada em 25/11/2015, tanto o fabricante (MaxTV S.A.) quanto 
o comerciante de quem o produto fora adquirido (Lojas de Eletrodomésticos 
Ltda.) permaneceram inertes, deixando de oferecer qualquer solução. Diante 
disso, em 10/03/2016, Pedro Henrique propôs ação perante Vara Cível em face 
tanto da fábrica do aparelho quanto da loja em que o adquiriu, requerendo: (i) a 
substituição do televisor por outro do mesmo modelo ou superior, em perfeito 
estado; (ii) indenização de aproximadamente trinta e cinco mil reais, 
correspondente ao valor dos demais aparelhos danificados; e (iii) indenização 
por danos morais, em virtude de a situação não ter sido solucionada em tempo 
razoável, motivo pelo qual a família ficou, durante algum tempo, sem usar a TV. 
O juiz, porém, acolheu preliminar de ilegitimidade passiva arguida, em 
contestação, pela loja que havia alienado a televisão ao autor, excluindo-a do 
polo passivo, com fundamento nos artigos 12 e 13 do Código de Defesa do 
Consumidor. Além disso, reconheceu a decadência do direito do autor, alegada 
 
em contestação pela fabricante do produto, com fundamento no Art. 26, inciso II, 
do CDC, considerando que decorreram mais de noventa dias entre a data do 
surgimento do defeito e a do ajuizamento da ação. A sentença não transitou em 
julgado. Na qualidade de advogado(a) do autor da ação, apresente os 
fundamentos do recurso de apelação, visando a reforma da decisão. Obs.: o 
examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo 
legal não confere pontuação. 
 
1.Disserte acerca da responsabilidade do comerciante à luz do Código de Defesa 
do Consumidor. Quais são às hipóteses que responde de forma solidária, 
subsidiária e exclusiva. 
 Por se tratar de FATO (DEFEITO) a responsabilidade é objetiva (salvo 
profissionais liberais) o comerciante só responderá caso o 
produtor/fabricante não for identificado, como dispõe o Art. 13, CDC. 
 Responsabilidade solidária refere-se ao vicio, todos que participarem da 
cadeia de consumo respondem solidariamente (Art. 18 a 20, CDC ) ; 
Responsabilidade subsidiária refere-se ao fato (defeito), de forma 
objetiva, se não for possível identificar o produtor/fabricante, a 
responsabilidade recai sobre o comerciante (Art. 12 a 17, CDC); e a 
Responsabilidade exclusiva é quando a culpa é exclusiva do consumidor 
ou de terceiro : Quando o próprio consumidor ocasiona o dano ,como no 
caso de fazer uso errado do produto. (Art. 14, §3°, e seus incisos). 
 
2.Disserte acerca da diferença entre VÍCIO e DEFEITO, apresentando seus 
conceitos e fundamentação jurídica. (valor 0,50) 
 Vicio é considerado quando o produto é improprio e inadequado, não 
cumpre finalidade e tem ausência de informação, e é dividido em três 
partes: QUALIDADE, QUANTIDADE E VICIO DE SERVIÇO e todos que 
participarem da cadeia de consumo responde de forma solidaria, e esta 
disposto nos Arts 18 a 20 CDC 
 Fato (defeito) é considerado quando o produto causa acidentes de 
consumo, podendo assim ter indenização (mat/morais), tem um prazo de 
5 anos para prescrição e responde de forma objetiva, salvo, profissionais 
liberais como dispõe os Arts 12 a 17 do CDC. 
 
3.Na qualidade de Advogado(a), apresente seus argumentos e fundamentos 
jurídicos que serão incluídos no recurso de apelação que será endereçado ao 
Tribunal de Justiça, visando reformar o seguinte ponto da sentença: "O juiz, 
porém, acolheu preliminar de ilegitimidade passiva arguida, em contestação, 
pela loja que havia alienado a televisão ao autor, excluindo-a do polo passivo, 
com fundamento nos artigos 12 e 13 do Código de Defesa do Consumidor (...)" 
(valor 0,5 pts) 
 Tratando-se da responsabilidade solidária entre a loja e o fabricante, a 
sentença merece reforma neste sentido pois foi contrária, como dispõe o 
Art. 18, CDC, "Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não 
duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou 
quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que 
se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles 
 
decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, 
da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as 
variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a 
substituição das partes viciadas.' 
 
4.Na qualidade de Advogado(a), apresente seus argumentos e fundamentos 
jurídicos que serão incluídos no recurso de apelação que será endereçado ao 
Tribunal de Justiça, visando reformar o seguinte ponto da sentença: "(...) Além 
disso, reconheceu a decadência do direito do autor, alegada em contestação 
pela fabricante do produto, com fundamento no Art. 26, inciso II, do CDC, 
considerando que decorreram mais de noventa dias entre a data do surgimento 
do defeito e a do ajuizamento da ação." (0,5 pts) 
 Como dispõe o Art. 26, §2, I, CDC, "O direito de reclamar pelos vícios 
aparentes ou de fácil constatação caduca em: § 2º Obstam a decadência: 
I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o 
fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa 
correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca.". Sendo 
assim, a sentença está impedida de reconhecer decadência, pois o autor 
fez a reclamação junto a loja e ao fabricante dentro do prazo legal. Tal 
hipótese obsta o prazo da decadência, sendo assim a sentença merece 
ser reformada neste sentido. 
 
04/06/2020 – DIREITO DO CONSUMIDOR 
(APLICAÇÃO AV2B) 
 
1.Antônio desenvolve há mais de 40 anos atividade de comércio no ramo de 
hortifrúti. Seus clientes chegam cedo para adquirir verduras frescas entregues 
pelos produtores rurais da região. Antônio também vende no varejo, com 
pesagem na hora, grãos e cereais adquiridos em sacas de 30 quilos, de uma 
marca muito conhecida e respeitada no mercado. Determinado dia, a cliente 
Maria desconfiou da pesagem e fez a conferência na sua balança caseira, que 
apontou suposta divergência de peso. Procedeu com a imediata denúncia junto 
ao Órgão Oficial de Fiscalização, que confirmou que o instrumento de medição 
do comerciante estava com problemas de calibragem e que não estava aferido 
segundo padrões oficiais, gerando prejuízo aos consumidores. A cliente 
denunciante buscou ser ressarcida pelo vício de quantidade dos produtos. Com 
base na hipótese sugerida, assinale a afirmativa correta. 
Trata-se de responsabilidade civil solidária, podendo Maria acionar tanto o 
comerciante quanto os produtores. 
Trata-se de responsabilidade civil subsidiária, pois o comerciante só 
responde se os demais fornecedores não forem identificados. 
Trata-se de responsabilidade civil exclusiva do comerciante, na qualidade de 
fornecedor imediato. 
Trata-se de responsabilidade civil objetiva, motivo pelo qual inexistem 
excludentes de responsabilidade. 
 
 
2.Mário firmou contrato de seguro de vida e acidentes pessoais, apontando como 
beneficiários sua esposa e seu filho. O negócio foi feito via telemarketing, com 
áudio gravado, recebendo informações superficiais a respeito da cobertura 
completa a partir do momento da contratação, atendido pequeno prazo de 
carência em caso de morte ou invalidez parcial e total, além do envio de brindes