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Unidade 1: A cultura digital
1. Circulação de informação, formas de comunicação e práticas sociais
Seja bem-vindo(a), professor(a)!
Para iniciarmos nossas reflexões sobre a presença das tecnologias digitais no mundo contemporâneo e sobre seu impacto na forma como organizamos nossas vidas, propomos que acesse a animação “O dia”, da plataforma Escola Digital. Ela ilustra as ações de um dia comum na vida de um jovem estudante.
No vídeo, é possível visualizar os reflexos de diferentes tecnologias na vida do personagem. Desde tempos passados, os avanços tecnológicos (por exemplo, a invenção da imprensa na época moderna) vêm impactando a forma de organização da vida social. Você já parou para pensar nisso? Como você se organizava para o dia, se comunicava e se informava há 20 ou 30 anos?
Seguramente, um tipo de tecnologia tem tido mais impacto na vida contemporânea: o conjunto das TDIC (tecnologias digitais de informação e comunicação). Por que será? O que essas tecnologias têm de diferente de outras a ponto de alterarem tanto o nosso modo de viver (e de pensar também)?
Vejamos a seguir algumas práticas sociais e produções bastante significativas na atualidade. Vamos refletir sobre elas e pensar um pouco mais sobre as características da cultura digital.
 
Saiba mais
Quer saber o que é flashmob, um dos eventos registrados pelo estudante que protagoniza a animação? Na matéria da revista Galileu, você encontra informações e exemplos dessa prática.
 
Referências:
EDITORA GLOBO. Os dez melhores flash mobs já feitos. Revista Galileu. Disponível em: <http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI235996-17770,00-OS+DEZ+MELHORES+FLASH+MOBS+JA+FEITOS.html>. Acesso em: 10 dezembro 2019.
INSTITUTO NATURA. O Dia – vídeo EaD Escola Digital. Set. 2015. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?time_continue=13&v=PUR6SbKL4mM&feature=emb_logo>. Acesso em: 10 dezembro 2019.
2. O que nos dizem os comportamentos nas redes sociais?
As ações e reações em redes sociais são algumas das condutas do personagem no vídeo. Embora pareçam, em uma primeira leitura, triviais, é preciso que estejamos atentos aos significados que podem carregar, sobretudo ao tratarmos com jovens e estudantes. Raquel Recuero (2014) examina as manifestações e os reflexos conversacionais dos já conhecidos comportamentos de “curtir”, “compartilhar” e “comentar”. Roxane Rojo e Jacqueline Barbosa (2015) adicionam à análise desse conjunto a reflexão sobre a conduta de "seguir".
Curtir
Segundo Raquel Recuero, o botão “curtir” parece ser percebido como uma forma de tomar parte na conversação sem precisar elaborar uma resposta. Toma-se parte, torna-se visível a participação, portanto, com um investimento mínimo, pois o ator não necessariamente precisa ler tudo o que foi dito. É uma forma de participar da conversação, sinalizando que a mensagem foi recebida. Além disso, ao “curtir” algum enunciado, os atores passam a ter seu nome vinculado a ele e tornam público a toda a sua rede social que a mensagem foi “curtida” (essa mensagem aparece como uma notificação para as conexões de quem “curtiu”). Nesse sentido, “curtir” algo adquiriria uma série de contornos de sentido. Primeiro, seria uma forma menos comprometida de expor a face na situação, pois não há a elaboração de um enunciado para explicitar a participação do ator. Segundo, seria visto como uma forma de apoio e visibilidade, no sentido de mostrar para a rede que se está ali. São duas formas de capital social, focadas na difusão da informação para a rede social e na difusão do apoio/contato entre os dois participantes da conversação (RECUERO, 2014, p. 119).
Compartilhar
Em suas pesquisas, Raquel Recuero observou que o botão “compartilhar”, por outro lado, tem outras funções e valores associados. Sua principal função parece ser a de dar visibilidade à conversação ou à mensagem, ampliando o alcance dela. (...) Parece-nos que compartilhar algo que seja valorizado pela rede é um valor positivo. Compartilhar uma informação também é tomar parte na difusão da conversação, na medida em que permite que os usuários construam algo que pode ser passível de discussão, uma vez que é de seu interesse, para sua rede social. O compartilhamento também pode legitimar e reforçar a face, na medida em que contribui para a reputação do compartilhado e valoriza a informação que foi originalmente publicada. Embora tenhamos observado, em alguns casos, o compartilhamento para crítica, de modo geral, o compartilhamento parece ser positivo, no sentido de apoiar determinada ideia, um manifesto ou uma mensagem (RECUERO, 2014, p. 120).
Comentar
Raquel Recuero destaca que os comentários, por sua vez, são as práticas mais evidentemente conversacionais. Trata-se de uma mensagem que é agregada através do botão da postagem original, é visível tanto para o autor da postagem quanto para os demais comentaristas, atores que “curtam” e compartilhem a mensagem em suas redes sociais. O comentário, portanto, parece envolver um maior engajamento do ator com a conversação e um maior risco para a face, pois é uma participação mais visível. Isso porque aquilo que é dito pode ser facilmente descontextualizado quando migrar para outras redes através das ferramentas de compartilhamento, de curtida e mesmo de comentário. Essa compreensão do comentário como um risco para a face também leva muitos usuários a desistir de comentar e optar por apenas “curtir” a postagem (RECUERO, 2014, p. 121).
Seguir
Para Roxane Rojo e Jacqueline Barbosa (2015, p. 123), o ato de seguir alguém, alguma publicação ou instituição é, dentre outras possibilidades, uma forma de filtrar algo de interesse no meio de um oceano de conteúdos: isso pode se dar em relação à vida de celebridades, como desdobramento das colunas sociais, que já faziam sucesso; a comentaristas e analistas, como quando acompanhamos colunas de periódicos; em relação a produções ou produtores culturais a que se tem apreço ou dos quais se é fã; a assuntos de interesse, etc. 
 
Referências:
RECUERO, Raquel. Curtir, compartilhar, comentar: trabalho de face, conversação e redes sociais no Facebook. Unisinos: Verso e Reverso, XXVIII (68):114-124, maio-agosto, 2014.
ROJO, Roxane; BARBOSA, Jacqueline. Hipermodernidade, multiletramentos e gêneros discursivos. São Paulo: Parábola Editorial, 2015.
4. Como educar o olhar?
Reflexão
O dia a dia na cultura digital
Agora, a proposta é que leia a matéria Clicar, em vez de viver, tornou-se norma!, da revista Carta Capital, e reflita sobre as questões a seguir: 
A escola poderia/deveria fazer alguma coisa que contribua para uma educação do olhar? 
O que poderia ser feito? 
Comentário
Nessa reportagem, coloca-se em foco a prática, hoje bastante difundida, de fotografar excessivamente tudo, sem necessariamente fruir ou aprofundar a experiência que um momento de contemplação pode nutrir. Com o advento da fotografia digital, não tem sido incomum irmos a museus, exposições, shows, etc. e observarmos um número significativo de pessoas que mais fotografam e gravam do que prestam atenção no que está acontecendo ao vivo. Mais do que viver, o que parece importar é “possuir” aquele momento, provar que se esteve ali. Muitas vezes, grande parte das fotos não é sequer revisitada (como destacado na matéria jornalística, “quanto maior o acervo pessoal, menos sentido ele faz”). Procura-se rapidamente por uma em que se tenha “saído bem”, publica-se logo nas redes sociais e, depois, contabiliza-se o número de curtidas que acumula – mais uma manifestação exacerbada do narcisismo. As fotos perdem assim sua função de registro, de contar uma história com base na ótica do fotógrafo. Não amplificam a experiência. Apenas são mais uma via do consumo. Nesse sentido, veja o que diz o educador Larrosa Bondía:
"A experiência é o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca. Não o que se passa, não o que acontece ou o que toca. A cada dia, se passam muitas coisas, porém, ao mesmo tempo, quase nada nos acontece.
Dir-se-ia que tudo o que se passa está organizado para que nada nos aconteça. Walter Benjamin, em um texto célebre, já observava a pobreza de experiências que caracteriza o nosso mundo. Nunca se passaram tantas coisas, mas a experiência é cada vez mais rara. (...) A informação não é experiência. E mais, a informação não deixa lugar para a experiência. Ela é quase o contrário da experiência, quase uma antiexperiência. Por isso a ênfase contemporânea na informação, em estar informados, e toda a retórica destinada a constituir-nos como sujeitos informantes e informados. A informação não faz outra coisa senão cancelar nossas possibilidades de experiência. O sujeito da informação sabe muitas coisas, passa seu tempo buscando informação, o que mais o preocupa é não ter bastante informação. Cada vez sabe mais, cada vez está mais bem informado, porém, com essa obsessão pela informação e pelo saber (mas saber não no sentido de “sabedoria”, mas no sentido de “estar informado”), o que consegue é que nada lhe aconteça" (2002, p. 21-22).
Ressignificar o fotografar e o gravar pode criar oportunidade para que os alunos tenham experiências. É preciso que haja espaço na escola para que essas questões sejam tematizadas, tanto por meio de conversas que enfoquem o alto grau de exposição nas redes e a febre dos selfies, por exemplo, como por meio de atividades em que o fotografar e o gravar sejam usados como um recurso de memória a serviço da elaboração de relatos vividos com significados refletidos e partilhados, pautados por critérios éticos, estéticos e políticos.
 
Referências:
BONDÍA, Jorge Larrosa. Notas sobre o saber da experiência. In: Revista Brasileira de Educação, n. 19, 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbedu/n19/n19a02.pdf>. Acesso em: 20 dezembro 2019.
CARTA CAPITAL. Clicar, em vez de viver, tornou-se norma. Abr. 2013. Disponível em: <https://www.cartacapital.com.br/cultura/clicar-em-vez-de-viver-tornou-se-norma>. Acesso em: 20 dezembro 2019.
5. Escola na Web 2.0
A web criou condições para a constituição da cultura digital. Como o ser humano está sempre criando novas ferramentas na dinâmica da vida social, a própria internet tem sido reinventada. Vamos explorar a diferença entre o que se convencionou chamar Web 1.0 e Web 2.0 e algumas questões que decorrem dessas mudanças na rede.
A Web 2.0 altera o fluxo de comunicação e cria a possibilidade de que todos produzam conteúdos e disponibilizem para que outros se manifestem em relação aos mesmos. Levando isso em consideração, assista ao vídeo “Web 2.0” (“Not in words”), que trata do tema, e reflita sobre a seguinte questão: 
Quais as decorrências que esse traço fundante da cultura digital pode trazer para a escola?
https://www.youtube.com/watch?v=Bc0oDIEbYFc
Unidade 2: Modos de a tecnologia estar presente na escola
1. Tecnologias na escola
Antes de pensarmos sobre como as tecnologias podem ou devem estar presentes na escola, é preciso pensar a serviço do que elas podem estar presentes: atender às demandas da sociedade da informação ou estabelecer um diálogo crítico com elas?
Essa talvez seja a questão “existencial” que a instituição escolar deve continuamente colocar no cotidiano do seu trabalho com crianças, jovens e adultos.
Clique aqui e leia o artigo "Materiais mediadores e abertos para construção de conhecimento - Maraberto": quem os produz, para quem são produzidos e eles pertencem a quem? Qual a relação deles com o currículo? (ALMEIDA, SILVA e FRANCO, 2012). Nesse artigo, os autores nos colocam uma instigante questão: “estaríamos formando pequenos soldados gestionários de dados, para os quais é apresentada apenas uma cultura comum medíocre, a da inovação tecnocrática?”.
 
Reflexão
A escola enquanto instituição social reflete e refrata as características dessa cultura digital originária e atravessada pelas tecnologias. Como já mencionado, é fato que, em maior ou menor medida, de forma mais orgânica ou mesmo conflituosa, a presença das tecnologias vai sendo observada em diferentes situações didáticas, em maior ou menor amplitude.
Este não deixa de ser ainda um desafio ao papel contemporâneo da escola: estabelecer uma relação mais articulada no cerne do currículo escolar com as ferramentas e práticas constituídas na cultura digital.
Para pensarmos em como a tecnologia pode estar presente na escola, nas etapas a seguir você irá analisar dois cenários diferentes de práticas escolares:
Cenário 1: Colonização brasileira.
Cenário 2: Como vivem os indígenas no Brasil atual? 
 
Referência:
ALMEIDA, Fernando José de; SILVA, Maria da Graça Moreira da; FRANCO, Monica M. Gardelli. Materiais mediadores e abertos para construção de conhecimento - Maraberto: quem os produz, para quem são produzidos e eles pertencem a quem? Qual a relação deles com o currículo? Currículo sem Fronteiras, v. 12, n. 3, p. 97-124, set/dez. 2012. Disponível em: <http://www.curriculosemfronteiras.org/vol12iss3articles/almeida-silva-franco.pdf>. Acesso em: 10 dezembro 2019.
1. Tecnologias na escola
1.1. Cenário 1: Colonização brasileira
Para trabalhar o tema da colonização brasileira, o professor Jorge deu três aulas.
Na primeira, ele expôs (de forma dialogada) a temática da colonização, baseando-se principalmente no conteúdo disponível no livro didático.
Na segunda aula, apresentou o vídeo História do Brasil por Boris Fausto (Ministério da Educação, TV Escola). No decorrer do vídeo, foi fazendo paradas e comentando aspectos importantes para a melhor compreensão dos alunos (como as motivações de Portugal no período das grandes navegações e as consequências do encontro dos indígenas com os portugueses).
Tendo em vista que o vídeo já havia iniciado uma abordagem sobre os povos indígenas, ele solicitou aos alunos uma pesquisa a respeito de como vivem os indígenas no Brasil hoje. Para tanto, dividiu os alunos em seis grupos.
Ele combinou ainda com os alunos que a apresentação dos trabalhos de pesquisa ficaria para a semana seguinte. 
1. Tecnologias na escola
1.2. Cenário 2: Como vivem os indígenas no Brasil atual?
O professor de História do 8° ano levou para a turma ler a reportagem Quem são os povos indígenas do Brasil?, da revista Carta Capital (Carta na Escola).
Antes da leitura, perguntou aos alunos se, além dos momentos nas aulas de História, pararam para pensar em como vivem atualmente os indígenas brasileiros. Muitos alunos disseram não saber e alguns mencionaram ter visto em uma rede social algumas pessoas com nomes indígenas.
O professor então leu a reportagem e fez comentários sobre o desafio da demarcação de terras indígenas no Brasil e os recorrentes conflitos que têm se estabelecido entre latifundiários e população indígena.
Propôs aos alunos conhecer um pouco mais sobre a diversidade dos povos indígenas e algumas de suas características. Para dar uma ideia dessa diversidade, apresentou as habitações disponíveis no site Povos indígenas no Brasil (foi projetando as imagens e comentando atributos de cada um dos povos indígenas, acrescentando informações que havia pesquisado anteriormente).
Na segunda aula, levou os alunos ao laboratório de informática e, juntos, navegaram no site Povos indígenas no Brasil, investigando aspectos sobre os modos de vida, as questões de demografia e outros elementos relacionados aos povos indígenas.
Ao final da aula, organizou a turma em cinco subgrupos. Cada subgrupo ficaria responsável por pesquisar sobre povos indígenas em uma das cinco regiões brasileiras. 
Quem e quantos são? Onde vivem? Estão em terras demarcadas? Estão nos centros urbanos?
Que língua falam? Como vivem? Como se dá sua subsistência? Como educam as crianças e os jovens? O que produzem? Como se relacionam com populações não indígenas? Há conflitos locais pela demarcação das terras?
Outros aspectos considerados importantes para conhecer melhor como vive essa população.
Enfatizou para o grupo a importância de pesquisar em sites confiáveis e buscar imagens que ilustrassem o
modo de vida dessas populações. Lembrou os alunos sobre alguns dos procedimentos importantes, como procurar em várias fontes, grifar passagens para responder às questões propostas, anotar, parafrasear as informações, etc.
Os resultados da pesquisa deveriam ser apresentados depois de duas semanas e contar com o apoio de slides projetados. O gênero apresentação oral seria trabalhado nas aulas de Língua Portuguesa, durante a semana posterior, e as aulas de História seriam dedicadas ao trabalho dos subgrupos.
Como finalização, deveriam produzir um álbum de fotodenúncias sobre o desrespeito aos direitos dos povos indígenas. O álbum contaria com uma apresentação inicial do número dos povos indígenas no Brasil e com uma breve contextualização das situações de conflito, seguida de fotos legendadas dos povos que vivem em tal situação.
 
Referências:
CARTA CAPITAL. Quem são os povos indígenas do Brasil? Mar. 2016. Disponível em: <https://www.cartacapital.com.br/educacao/quem-sao-os-povos-indigenas-do-brasil/>. Acesso em: 20 dezembro 2019.
POVOS INDÍGENAS NO BRASIL. Disponível em: <https://pib.socioambiental.org/pt/P%C3%A1gina_principal>. Acesso em: 20 dezembro 2019.
2. Usos dos espaços e das tecnologias digitais
Estabelecidos os cenários, como você, professor(a), os avalia? Há diferenças nas abordagens? Quais os pontos altos e desafios de cada um? Que abertura à exteriorização do pensamento dos estudantes promovem?
 
Redes sociais
Quando se trata da participação - efetiva - dos alunos nas ações pedagógicas, devemos ter em conta meios que permitam revelar como pensam, que hipóteses têm, que concepções guardam sobre os assuntos abordados. Conhecer suas ideias é o primeiro passo para ajudá-los no desenvolvimento da aprendizagem. E, ao falarmos de espaços de interlocução e exposição de pontos de vista, somos naturalmente movidos a pensar nas redes sociais.
As redes sociais têm sido o palco de uma diversidade de formas de interação. Se, de um lado, como já destacado na unidade 1, caracterizam-se pelo excesso de informações e de opiniões, de outro têm sido apropriadas por grupos mobilizados em torno de objetivos coletivos, que mostram seu valor ao aproximar as pessoas e promover o protagonismo de grupos sociais. 
Vamos, agora, conhecer uma experiência protagonizada por jovens alunos que se apropriaram do espaço virtual para elaborar e compartilhar suas produções escritas. Leia a reportagem a seguir (de Maria Izabel Leão para a Plataforma do Letramento) e navegue um pouco pelos blogs indicados por ela: Protagonismo e colaboração: jovens se apropriam do espaço virtual para expressão e comunicação.
São inspiradoras essas comunidades de jovens em que o protagonismo é um fator fundamental na dinâmica de construção de espaços virtuais, não é verdade? Você conhece outras experiências como essa? Deixamos o convite para que integre o Fórum - Troca de ideias e as compartilhe. 
Importante!
Ainda que o uso de redes sociais demonstre potencial pedagógico (contanto que mediado e orientado), é necessário que docentes e familiares estejam atentos a questões como acesso com idade inferior à permitida, ausência de indicações classificatórias de conteúdo e riscos da falta de moderação ou de acompanhamento no caso do uso por crianças.
 
Referência:
LEÃO, Maria Izabel. Protagonismo e colaboração: jovens se apropriam do espaço virtual para expressão e comunicação. Plataforma do Letramento (Fundação Volkswagen e Cenpec). 2017. Disponível em: <http://www.plataformadoletramento.org.br/em-revista-reportagem-detalhe/627/protagonismo-e-colaboracao-jovens-se-apropriam-do-espaco-virtual-para-expressao-e-comunicacao.html>. Acesso em: 20 dezembro 2019.
3. Confiabilidade e credibilidade
A produção e a disponibilização de informações na web também colocam em pauta o desafio do docente em trabalhar os conceitos de confiabilidade e de credibilidade das informações com seus alunos.
Confiabilidade é aquilo em que podemos confiar.
Credibilidade é da ordem do que é crível, confiável, o que se pode acreditar.
Cada vez que buscamos algo na web, devemos nos perguntar: será que essa informação é verídica? Em que condições foi produzida e disponibilizada? 
Responder a algumas questões pode ajudar a definir a credibilidade e a confiabilidade do conteúdo publicado na internet:
Quem publicou o conteúdo? Uma pessoa física de comprovado saber? Um veículo ou uma instituição de renome em termos de confiabilidade?
Há alguma curadoria de conteúdos para o caso de textos, vídeos, áudios, simulações, infográficos, etc. que tratam de conhecimentos científicos? Há alguma referência a outras fontes bibliográficas confiáveis? Há uma editoria que possa certificar a qualidade dos conteúdos para o caso de sites de notícias?
Que interesses estão ou podem estar em jogo com a publicação da informação? Qual costuma ser o posicionamento do autor ou do veículo em que o texto foi publicado em relação a questões desse tipo?
Há outras versões possíveis em relação ao fato publicado? O que pode ter motivado essa diferença de versões?
Há outras posições em relação à questão discutida? Os argumentos usados para sustentá-las são sólidos?
4. Reflexões sobre o papel do professor
Diante da série de transformações nas formas de viver com o advento das tecnologias digitais de comunicação, algumas pessoas chegaram a fazer conjecturas em torno da atuação do professor, no sentindo de que ela fosse minimizada ou colocada no lugar apenas de um apoio aos alunos no desenvolvimento de atividades pré-programadas. Ledo engano! O que se vê hoje é cada vez mais a importância dos professores que, norteados por pensamento e ações críticos, tenham clareza da intencionalidade de sua ação pedagógica, assim como criatividade e autonomia na construção de um currículo que compreenda ferramentas e práticas próprias da cultura digital.
Em entrevista a Cinthia Rodrigues - Aprendizagem não é saber muito (2015) -, o educador português António Nóvoa problematiza a relação dos professores com o uso da tecnologia na escola: “os educadores sempre tiveram resistências em relação às tecnologias por receio de que elas pudessem prejudicar o convívio e a proximidade entre as pessoas. A grande novidade dos últimos tempos é que as tecnologias têm se desenvolvido no sentido de facilitar a relação e a comunicação. Nesse sentido, contêm um importante potencial educativo, sem nunca substituírem a ‘educação de humanos por humanos para o bem da humanidade’, como diz Mikhail Epstein”.
Após analisarmos manifestações da presença das tecnologias na escola, assim como de sua relação com alunos e professores, na próxima unidade, nossa reflexão se centrará nas formas como, ao comporem o cotidiano escolar, os recursos digitais podem ou não integrar – e mesmo transformar – o currículo.
 
Referência:
RODRIGUES, Cinthia. António Nóvoa: aprendizagem não é saber muito. Carta Capital. Abr. 2015. Disponível em: <https://www.cartacapital.com.br/educacao/antonio-novoa-aprendizagem-nao-e-saber-muito/>. Acesso em: 20 dezembro 2019.
 
Siga para a Unidade 3: Currículo e tecnologia, como integrar?
Unidade 3: Currículo e tecnologia, como integrar?
1. Webcurrículo
Como vimos até este momento do curso, a tecnologia pode estar integrada ao currículo de diferentes formas, que abrangem desde o uso de seus recursos sem alterar muito as práticas de sala de aula até ações que efetivamente alteram as relações escolares, incluindo a cultura digital.
Assista ao vídeo Currículo e Tecnologia, da plataforma Escola Digital, e atente para a ideia de webcurrículo, apresentada pela professora Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida.
Enquanto assiste, convidamos a que analise os seguintes pontos:
Quais as finalidades para a presença das tecnologias no currículo da escola?
Que princípios norteiam a construção de um webcurrículo?
https://www.youtube.com/watch?v=0T-3pw3IhSQ
Para saber mais sobre o webcurrículo e a presença das tecnologias na sala de aula,
leia a entrevista que Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida, coordenadora e docente do Programa de Pós-Graduação em Educação: Currículo, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), deu à revista Nova Escola. 
 
Referências:
FERNANDES, Elisângela. Maria Elizabeth de Almeida fala sobre tecnologia na sala de aula. Revista Nova Escola, Gestão da sala de aula. Jun. 2010. Disponível em: <https://gestaoescolar.org.br/conteudo/627/maria-elizabeth-de-almeida-fala-sobre-tecnologia-na-sala-de-aula>. Acesso em: 21 dezembro 2019.
INSTITUTO NATURA. Tecnologia na escola – vídeo EaD Escola Digital. Set. 2015. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=vHh-fntr5Nw&feature=emb_rel_pause>. Acesso em: 21 dezembro 2019.
2. BNCC e a cultura digital
A cultura digital e seus reflexos sobre a vida dos estudantes são tematizados na BNCC (Base Nacional Comum Curricular, 2018).
A quinta das competências gerais para todo o ciclo da educação básica refere a utilização e criação de “tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva” (BRASIL, 2018, p. 9).
Desde o Ensino Fundamental, há a orientação de que os docentes usufruam as vantagens dessa natural inserção dos alunos na cultura digital para além da perspectiva do consumo, incentivando que sejam protagonistas em novas formas de interação multimidiática e multimodal e de atuação social em rede. O texto da Base alerta também para cuidados na relação com os elementos que constituem essa cultura, uma vez que apresenta “forte apelo emocional e induz ao imediatismo de respostas e à efemeridade das informações, privilegiando análises superficiais e o uso de imagens e formas de expressão mais sintéticas, diferentes dos modos de dizer e argumentar característicos da vida escolar” (BRASIL, 2018, p. 61).
Cabe a professores e gestores realizar planos e ações que busquem alcançar o equilíbrio do encorajamento à autoria e à fluência em novos letramentos em consonância com condutas críticas e responsáveis. O segundo parágrafo da página 61 da BNCC constitui uma oportuna síntese a esse respeito:
“Todo esse quadro impõe à escola desafios ao cumprimento do seu papel em relação à formação das novas gerações. É importante que a instituição escolar preserve seu compromisso de estimular a reflexão e a análise aprofundada e contribua para o desenvolvimento, no estudante, de uma atitude crítica em relação ao conteúdo e à multiplicidade de ofertas midiáticas e digitais. Contudo, também é imprescindível que a escola compreenda e incorpore mais as novas linguagens e seus modos de funcionamento, desvendando possibilidades de comunicação (e também de manipulação), e que eduque para usos mais democráticos das tecnologias e para uma participação mais consciente na cultura digital. Ao aproveitar o potencial de comunicação do universo digital, a escola pode instituir novos modos de promover a aprendizagem, a interação e o compartilhamento de significados entre professores e estudantes” (BRASIL, 2018, p. 61). 
Podemos dizer que, na etapa do Ensino Médio, esses desafios são ampliados e aprofundados. Espera-se dos educadores que apoiem a consolidação, em relação aos estudantes, das competências/ práticas de:
buscar dados e informações de forma crítica nas diferentes mídias, inclusive as sociais, analisando as vantagens do uso e da evolução da tecnologia na sociedade atual, como também seus riscos potenciais;
apropriar-se das linguagens da cultura digital, dos novos letramentos e dos multiletramentos para explorar e produzir conteúdos em diversas mídias, ampliando as possibilidades de acesso à ciência, à tecnologia, à cultura e ao trabalho;
usar diversas ferramentas de software e aplicativos para compreender e produzir conteúdos em diversas mídias, simular fenômenos e processos das diferentes áreas do conhecimento, e elaborar e explorar diversos registros de representação matemática;
utilizar, propor e/ou implementar soluções (processos e produtos) envolvendo diferentes tecnologias, para identificar, analisar, modelar e solucionar problemas complexos em diversas áreas da vida cotidiana, explorando de forma efetiva o raciocínio lógico, o pensamento computacional, o espírito de investigação e a criatividade (BRASIL, 2018, p. 474, 475).
Assim, ao pensar o planejamento pedagógico incluindo tecnologias digitais, recomendamos que se considere também o alinhamento à BNCC, seja por meio das competências gerais, seja via competências específicas, objetos de conhecimento e habilidades que podem ser mobilizadas nos estudantes.
Dica!
As aprendizagens essenciais e habilidades previstas para cada etapa da educação básica podem ser encontradas no documento “BNCC em PDF” ou baixadas em formato de planilha personalizada, a partir da seleção dos campos área/componente/ano desejados.
 
Referência:
BRASIL, Ministério da Educação. BNCC: Base Nacional Comum Curricular. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2018. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/>. Acesso em: 20 julho 2019.
3. Tecnologias na educação: por quê?
Para encerrar este módulo e ampliar o foco de olhar sobre a presença/ o uso das tecnologias digitais na escola, assista ao vídeo Por que usar tecnologia?, da plataforma Porvir.
Procure observar:
os desafios que ajudam a superar (equidade, qualidade, contemporaneidade);
os riscos a evitar com o uso das tecnologias digitais;
o papel do professor;
as condições que devem ser garantidas na escola.
https://www.youtube.com/watch?v=IzsHAiCvxR8
4. Finalizando o módulo
Você chegou ao fim do primeiro módulo do nosso curso. Nele, percorreu questões que abordaram:
características e práticas próprias da cultura digital;
o impacto da cultura digital na vida cotidiana e na escola;
diferentes formas de a tecnologia estar presente no currículo escolar;
questões éticas, políticas e pedagógicas que se colocam no debate sobre as tecnologias e o currículo;
a articulação da tecnologia no currículo escolar.
Agora, o convite é seguir para o módulo 2: Plataforma Escola Digital.
Nele, você terá oportunidade de conhecer e explorar a Plataforma Escola Digital, além de refletir sobre questões relativas à seleção e à utilização de objetos e ferramentas digitais no âmbito da ação educativa.
Atenção: não se esqueça de realizar o questionário do módulo. Ele pode ser desenvolvido até o final do período do curso, mas é importante que você organize seu tempo e seus estudos para garantir a obtenção da média necessária para aprovação.
Bom trabalho!
 
Siga para o Questionário - Módulo 1.

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