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CAMPUS DE ARAÇATUBA CURSO DE DIREITO COORDENAÇÃO ATIVIDADES ACADÊMICAS REMOTAS PERÍODO(S) DISCIPLINA DIURNO METODOLOGIAS ALT RES CONF: ARBITRAGEM PROFESSOR/A RESPONSÁVEL DAIANE ZANATA M. F. SCHONFELD E-MAIL PARA DEVOLUÇÃO DATA LIMITE Daianezanata.profa@gmail.com MATERIAL DE APOIO http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9307.htm Estudos de caso anexos ATIVIDADE(S) PROPOSTA(S) 1. Disserte sobre a regra da Kompetenzkompetenz do juízo arbitral, informando qual o entendimento do STJ bem como o fundamento legal. 2. Em relação às disposições relativas à arbitragem diferencie cláusula compromissória e o compromisso arbitral, com sua fundamentação legal. 3. Discorra sobre o procedimento arbitral e atribuições e impedimentos dos árbitros. 4. Quando as partes optarem pela arbitragem existe lesão ao princípio da inafastabilidade? Fundamente sua resposta. 5. Nos termos da legislação vigente quais as formas de extinção do compromisso arbitral? 6. A Lei nº 9.307, que dispõe a sobre arbitragem, elenca em seu texto itens que devem constar, obrigatoriamente, do compromisso arbitral, quais são esses itens? 7. Em quais hipóteses se dá a negativa a homologação para o reconhecimento ou execução de sentença arbitral estrangeira e qual o Tribunal competente para homologá-la RESERVADO PARA A COORDENAÇÃO AAR/NCJ – MODELO 1/2020 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9307.htm CAMPUS DE ARAÇATUBA CURSO DE DIREITO COORDENAÇÃO APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÃO INDENIZATÓRIA. CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA. EXTINÇÃO DO FEITO. SENTENÇA MANTIDA. A existência de cláusula expressa de convenção de arbitragem justifica a extinção do feito, com fulcro no art. 485, VII, do CPC. A jurisprudência do STJ tem firmado o entendimento de que incumbe ao juízo arbitral a decisão acerca de todas questões nascidas do contrato, inclusive a própria existência, validade e eficácia da cláusula compromissória. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. NÃO CARACTERIZAÇÃO. Não incorrendo em nenhuma das hipóteses previstas no artigo 80 do NCPC, não há falar em imposição de multa por litigância de má-fé. APELOS DESPROVIDOS. APELAÇÃO CÍVEL VIGÉSIMA CÂMARA CÍVEL Nº 70073362527 (Nº CNJ: 0100367- 32.2017.8.21.7000) COMARCA DE PORTO ALEGRE QUATENUS - SISTEMAS INTELIGENTES DE LOCALIZACAO GLOBAL LTDA. APELANTE/APELADO EPACOM TELECOMUNICACOES LTDA. APELANTE/APELADO A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos os autos. Acordam os Desembargadores integrantes da Vigésima Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em negar provimento aos apelos. Custas na forma da lei. Participaram do julgamento, além do signatário (Presidente), os eminentes Senhores DES.ª WALDA MARIA MELO PIERRO E DES. DILSO DOMINGOS PEREIRA. Porto Alegre, 11 de setembro de 2019. DES. GLÊNIO JOSÉ WASSERSTEIN HEKMAN, Presidente e Relator. R E L A T Ó R I O DES. GLÊNIO JOSÉ WASSERSTEIN HEKMAN (PRESIDENTE E RELATOR) Trata-se de apelações cíveis interpostas por QUATENUS - SISTEMAS INTELIGENTES DE LOCALIZACAO GLOBAL LTDA. e EPACOM TELECOMUNICACOES LTDA. contra sentença que julgou extinta, sem resolução de mérito, a ação indenizatória, tendo a decisão o seguinte dispositivo: CAMPUS DE ARAÇATUBA CURSO DE DIREITO COORDENAÇÃO “ANTE O EXPOSTO, julgo extinto o processo, sem resolução de mérito, nos termos do art. 485, VII, do NCPC, pela existência de compromisso arbitral vigente entre as partes. Transitada em julgado expeça-se alvará em favor da parte autora quanto ao valor da caução depositada no feito (fl. 618). Custas por conta da autora. Condeno a parte requerente, ainda, a pagar os honorários do patrono da parte demandada, que fixo em 10% sobre o valor atualizado da causa. Publique-se. Registre-se. Intime-se.” Em suas razões recursais (fls. 986/992), a parte ré postula o reconhecimento da litigância de má-fé da parte adversa por ter alterado a verdade dos fatos, pugnando pela condenação desta à multa prevista no art. 81 do CPC, acrescida de perdas e danos. Requer o provimento do recurso. Por sua vez (fls. 998/1012), a parte autora sustenta que a vigência do contrato estava condicionada à confirmação de pagamento da taxa de adesão prevista 18 do contrato, o que não ocorreu, pelo que não deveria ser considerada a cláusula arbitral que amparou a sentença de extinção do feito. Argumenta ainda a aplicabilidade do art. 51 do Código de Defesa do Consumidor, o qual declara nula a cláusula compromissória em contratos que regem relação de consumo. Pede a desconstituição da dívida, a exclusão da inscrição indevida e a reparação por danos extrapatrimoniais. Requer o provimento do apelo. Subiram os autos, com as contrarrazões, vindo conclusos para julgamento. Tendo em vista a adoção do sistema informatizado, os procedimentos para observância dos ditames do CPC foram simplificados, mas observados em sua integralidade. É o relatório. V O T O S DES. GLÊNIO JOSÉ WASSERSTEIN HEKMAN (PRESIDENTE E RELATOR) Eminentes Colegas. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço dos apelos. De plano, constato que não procedem os argumentos tecidos pela parte autora em seu recurso de apelação. O contrato firmado pelas partes contém previsão expressa de convenção de arbitragem, tendo as cláusulas que tratam da questão a seguinte redação: “16. Resolução de divergências 16.1. As eventuais divergências que possam surgir entre as Partes em matéria de aplicação, interpretação ou integração das disposições do mesmo, ou de qualquer disposição legal, deverão ser resolvidas por comum acordo. 16.2. Não sendo estabelecido Termo em 60 (sessenta) dias após envio de comunicação escrita estabelecendo os termos da divergência e solicitando a resolução do mesmo, qualquer parte pode submeter a divergência à arbitragem. CAMPUS DE ARAÇATUBA CURSO DE DIREITO COORDENAÇÃO 16.3. A arbitragem será conduzida de acordo com a Lei da Arbitragem 9.307/98 em vigor na data da celebração do presente Contrato, ficando desde já eleito o Tribunal de Mediação e Arbitragem de Joinville como instituto competente ou outro que mereça o acordo explícito das partes. “ Inegável, portanto, que as partes livremente pactuaram que as divergências contratuais seriam resolvidas por meio de arbitragem. Quanto à alegação de que a cláusula arbitral não seria válida no caso concreto, descabe o enfrentamento por este órgão julgador. A jurisprudência do STJ tem firmado o entendimento de que incumbe ao juízo arbitral a decisão acerca de todas questões nascidas do contrato, inclusive a própria existência, validade e eficácia da cláusula compromissória. A esse respeito, Fredie Didier Jr. discorre da seguinte forma: “É preciso observar, assim, a regra da Kompetenzkompetenz do juízo arbitral: é do juízo arbitral a competência para examinar a sua própria competência. O art. 8º, parágrafo único, da Lei n. 9.307/1996 (Lei de Arbitragem), é claro ao dizer que "caberá ao árbitro decidir de ofício, ou por provocação das partes, as questões acerca da existência, validade e eficácia da convenção de arbitragem e do contrato que contenha a cláusula compromissória". O art. 485, VII, dispõe que o juiz estatal extinguirá o processo, quando "o juízo arbitral reconhecer sua competência". Eis, então, a consagração da regra da competência do árbitro para julgar a própria competência. A regra da Kompetenzkompetenz não decorre apenas da autonomia da vontade das partes na arbitragem: se fosse apenas disso, não explicaria a natureza jurisdicional de uma decisão de árbitro ou tribunal arbitral declaratória de inexistência de convenção de arbitragem. Haveria a esdrúxula situação de um árbitro com poderes jurisdicionais conferidos por um negócio jurídico inexistente. A regra da Kornpetenzkompetenz do juízo arbitral é mais que isso: é um reconhecimento normativo por parte do Estado de quea jurisdição, em tese sob seu monopólio, pode ser exercida por agentes privados em algumas circunstâncias. Assim, essa regra é uma declaração estatal de reconhecimento do Direito da arbitragem como conjunto normativo em que está contido um método jurisdicional privado para solução de um litígio. “ 1 Nesse sentido, precedentes do E. STJ: RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. ARBITRAGEM. CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA. COMPETÊNCIA DO JUÍZO ARBITRAL. PRINCÍPIO KOMPETENZ-KOMPETENZ. PRECEDENTES. DISSÍDIO NOTÓRIO. 1. Contrato celebrado entre as partes com cláusula compromissória expressa, estabelecendo a arbitragem como instrumento para solução das controvérsias resultantes de qualquer disputa ou reivindicação dele decorrente, e 1 DIDIER Jr., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de conhecimento. Salvador: Ed. Jus Podivm, 2017. p. 727-728. CAMPUS DE ARAÇATUBA CURSO DE DIREITO COORDENAÇÃO impossibilitando que as partes recorram ao Poder Judiciário para solucionar contenda relativa ao seu cumprimento. 2. O princípio Kompetenz-Kompetenz, positivado no art. 8º, § único, da Lei n. 9.307/96, determina que a controvérsia acerca da existência, validade e eficácia da cláusula compromissória deve ser resolvida, com primazia, pelo juízo arbitral, não sendo possível antecipar essa discussão perante a jurisdição estatal. 3. Incumbe, assim, ao juízo arbitral a decisão acerca de todas questões nascidas do contrato, inclusive a própria existência, validade e eficácia da cláusula compromissória. 4. A hipossuficiência reconhecida na origem não é causa suficiente para caracterização das hipóteses de exceção à cláusula Kompetenz-Kompetenz. 5. Dissídio notório do acórdão recorrido com a linha jurisprudencial do STJ acerca da questão. 6. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. (REsp 1598220/RN, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 25/06/2019, DJe 01/07/2019) AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE INTERDITO PROIBITÓRIO CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS. CONTRATO COM CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA. COMPETÊNCIA DO JUÍZO ARBITRAL COM PRECEDÊNCIA AO PODER JUDICIÁRIO. EXTINÇÃO DO PROCESSO. AGRAVO INTERNO PROVIDO. AGRAVO CONHECIDO E RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. É entendimento assente desta Corte Superior que cabe ao Juízo Arbitral analisar a própria existência, validade e eficácia da cláusula compromissória, definindo, inclusive, os limites de sua aplicação. 2. Assim, não compete ao Tribunal a quo aferir se o pleito apresentado pela parte, no caso dos autos, de indenização por perdas e danos, estaria ou não abrangido pela cláusula compromissória constante do contrato firmado entre as partes, mas sim ao Juízo Arbitral, razão pela qual impõe-se a extinção do feito sem resolução do mérito. 3. Agravo interno provido para conhecer do agravo e dar provimento ao recurso especial. (AgInt no AREsp 1197814/RS, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 25/06/2019, DJe 01/07/2019) Na mesma senda, julgados desta Corte, inclusive desta Câmara: APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS À EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM. CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA. EXTINÇÃO DA EXECUÇÃO. A previsão contratual de convenção de arbitragem implica na extinção do feito executivo, forte no art. 485, VII do NCPC, mormente porque revela a competência do Juízo arbitral na solução de impasse advindo do instrumento sub judice. Precedentes deste Tribunal e do STJ. Honorários de sucumbência invertidos. Apelo provido. Unânime.(Apelação Cível, Nº 70081407652, Vigésima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Dilso Domingos Pereira, Julgado em: 29-05-2019) APELAÇÃO CÍVEL. REPRESENTAÇÃO COMERCIAL. AÇÃO DE RESCISÃO DE CONTRATO C/ INDENIZAÇÃO. I. Cláusula de convenção de arbitragem. CAMPUS DE ARAÇATUBA CURSO DE DIREITO COORDENAÇÃO Competência do Juízo arbitral para decidir com primazia sobre o Poder Judiciário. Precedentes deste Tribunal de Justiça e do STJ. II. Não verificada qualquer nulidade no contrato firmado entre as partes, bem como que a submissão da lide à via arbitral acarretaria qualquer prejuízo ao demandante, a prevalência da convenção é medida que se impõe, em observância ao princípio do pacta sunt servanda. III. Não merece prosperar o requerimento da autora, ora apelante, pela continuidade do processo quanto ao primeiro contrato firmado, tendo em vista haver a continuidade da prestação de serviço e não a rescisão do primeiro instrumento. Mantida sentença de extinção do feito. IV. Honorários sucumbenciais majorados, por expressa previsão legal. NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO. UNÂNIME.(Apelação Cível, Nº 70080786296, Décima Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ergio Roque Menine, Julgado em: 18-04-2019) Destarte, merece ser confirmada a sentença que determinou a extinção do feito, sem resolução de mérito, com fulcro no art. 485, VII, do CPC, por pela existência de compromisso arbitral, restando prejudicados os demais pedidos de mérito formulados. Concernente ao pedido de condenação da parte autora a multa por litigância de má-fé, tenho que igualmente não merece prosperar. Não vislumbro o dolo processual na conduta da parte autora a merecer a incidência da censura legal, pois ausentes quaisquer das hipóteses previstas no art. 80 do NCPC. Entendo que a parte autora não agiu de má fé, limitando-se a exercer seu direito constitucional de ação. Ademais, deve-se atentar para o fato de que argumenta no sentido de que o contrato em discussão não estar vigente por não haver comprovação de que teria sido paga a taxa de adesão, razão pela qual equivocadamente entendeu presentes as condições da ação. Portanto, afasto o pedido de condenação por litigância de má-fé imposta. Pelo exposto, voto por julgar improcedentes os apelos. Por fim, em atendimento ao disposto no art. 85, §11, do CPC, majoro os honorários devidos ao patrono da parte demandada para 11% sobre o valor atualizado da causa. É o voto. DES.ª WALDA MARIA MELO PIERRO - De acordo com o(a) Relator(a). DES. DILSO DOMINGOS PEREIRA - De acordo com o(a) Relator(a). DES. GLÊNIO JOSÉ WASSERSTEIN HEKMAN - Presidente - Apelação Cível nº 70073362527, Comarca de Porto Alegre: "NEGARAM PROVIMENTO AOS APELOS. UNÂNIME." CAMPUS DE ARAÇATUBA CURSO DE DIREITO COORDENAÇÃO Julgador(a) de 1º Grau: PAULO CESAR FILIPPON PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO Registro: 2020.0000141811 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível nº 1021438- 95.2019.8.26.0100, da Comarca de São Paulo, em que é apelante AKRON DO BRASIL CONSULTORIA E INVESTIMENTOS LTDA, são apelados SERVTEC ENERGIA LTDA e IN-HAUS INDUSTRIAL E SERVIÇOS DE LOGÍSTICA LTDA..ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 35ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Negaram provimento ao recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Desembargadores ARTUR MARQUES (Presidente sem voto), MORAIS PUCCI E FLAVIO ABRAMOVICI. São Paulo, 28 de fevereiro de 2020. GILBERTO LEME Relator Assinatura Eletrônica Apelação n.º 1021438-95.2019.8.26.0100 Comarca: São Paulo / Foro Central Cível Apelante: Akron do Brasil Consultoria e Investimentos Ltda. Apelada: Servtec Energia Ltda. Interessada: In-Haus Industrial e Serviços de Logística Ltda. Juíza sentenciante: Priscilla Bittar Neves Netto PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. AÇÃO DE COBRANÇA. MULTA RESCISÓRIA. CONTRATO QUE PREVÊ CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO MANTIDA. EXEGESE DO ART. 485, INCISO VII, DO NCPC. Com o advento da Lei 9.307/96, a previsão contratual de convenção de arbitragem enseja a extinção sem resoluçãodo mérito do processo judicial. Competência do juízo arbitral para solução do litígio. Convenção de arbitragem livremente pactuada entre as partes, que deve ser respeitada. Ausência de violação do art. 5.º, inciso XXXV, da CF. Recurso desprovido. Trata-se de recurso de apelação interposto à r. sentença proferida a fls. 1.598/1.602 e disponibilizada no DJE em 20.9.2019 que extinguiu o processo sem resolução do mérito, nos termos do art. 485, inciso VIII, do CPC. Em razão do princípio da causalidade, a autora foi condenada a arcar com o pagamento das custas, das despesas processuais e dos honorários advocatícios fixados em R$ 15.000,00. Valor da causa atribuído em R$ 482.226,80.Os embargos declaratórios opostos pelas rés foram parcialmente providos a fls. 1.612/1.613 para constar que os honorários advocatícios fixados em R$ 15.000,00 CAMPUS DE ARAÇATUBA CURSO DE DIREITO COORDENAÇÃO devem ser rateados de forma igualitária entre os causídicos das rés, com disponibilização no DJE em 10.10.2019. Apela a autora, alegando que a arbitragem não é medida obrigatória em nosso ordenamento, consistindo em faculdade por deliberação das partes. Aduz que chegou a recolher as custas iniciais para instauração da arbitragem em 1.11.2017, mas por falta de interesse das rés não houve o devido seguimento, pelo que a convenção de arbitragem não tem mais eficácia, nos termos do art. 4.º, parágrafo 2.º, da Lei de Arbitragem. No mérito, argumenta que as rés são devedoras da multa pela rescisão sem aviso prévio do contrato, além do dever de indenizar as perdas e danos. Recurso tempestivo, preparado e respondido. É o relatório. Consta da inicial que a autora foi contratada pela ré Servtec para a prestação de serviços contábeis pelo prazo determinado de 24 meses, com início em abril de 2014 e término em março de 2016, vigorando por prazo indeterminado a partir de então. Alega a autora que, em setembro de 2014, a empresa ré foi vendida ao grupo GPS, a qual informou que não concordava com o contrato e que apenas se responsabilizaria pelo pagamento dos serviços referentes ao exercício de 2015. Aduz que, havendo rescisão contratual em novembro de 2014 imotivadamente, é devida a multa rescisória, além das perdas e danos. Ocorre que consta do aludido instrumento contratual firmado entre as partes, o qual é objeto da presente demanda, que “as partes elegem a Câmara de Arbitragem e Mediação Fiesp, para dirimir quaisquer dúvidas oriundas deste contrato, renunciando a qualquer outro, por mais privilegiado que seja” (cláusula 10.1 fl. 38). A arbitragem foi instituída pela Lei 9.307, de 23 de setembro de 1996, que facultou às pessoas capazes de contratar a se valer da arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis. E, existindo convenção de arbitragem, segundo a qual as partes comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios que possam vir a surgir em relação ao contrato entre elas firmado, deve prevalecer a autonomia de vontade das partes, tanto que a aludida lei alterou a redação do inciso VII do art. 267 do CPC/73, prevendo ser caso de extinção do processo sem resolução do mérito a existência de convenção de arbitragem. Conforme leciona HUMBERTO THEODORO JÚNIOR, “com o novo regime de arbitragem, instituído pela Lei n.º 9.307, basta existir entre as partes a cláusula compromissória (isto é, a promessa de submeter-se ao juízo arbitral) para ficar a causa afastada do âmbito do Judiciário. Esta cláusula funciona, portanto, como impedimento ao exercício do direito de ação, tornando a parte carecedora da ação por ausência da condição de possibilidade jurídica do respectivo exercício. Se a convenção de arbitragem é anterior ao processo, impede sua abertura; se é superveniente, provoca sua imediata extinção, impedindo que o órgão judicial lhe aprecie o mérito.” (Curso de Direito Processual Civil, vol. I, pág. 312, Forense, 2009) CAMPUS DE ARAÇATUBA CURSO DE DIREITO COORDENAÇÃO No mesmo sentido, J. E Carreira Alvim: “A supremacia da arbitragem sobre a justiça togada é garantida pelo inc. VII do art. 267, extinguindo-se o processo judicial, sem resolução de mérito, se alguma das partes oferecer exceção de arbitragem.” (Comentários ao Código de Processo Civil Brasileiro, vol. 2, pag. 370, Juruá, 2009) Nem se argumente que a impossibilidade de apreciação do mérito pelo Poder Judiciário em caso de existência de convenção de arbitragem afrontaria o princípio da inafastabilidade da jurisdição. Segundo ensina LUIZ GUILHERME MARINONI, “o princípio da inafastabilidade, ao afirmar que 'a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito' (CF, art. 5.º, XXXV), evidentemente não proíbe que pessoas capazes possam excluir a possibilidade de o Poder Judiciário rever conflitos que digam respeito a direitos patrimoniais disponíveis. Portanto, não há qualquer cabimento em pensar em lesão ao princípio da inafastabilidade quando as partes, usando livremente da vontade, optam pela arbitragem. Nesse caos, como é óbvio, não se exclui direito algum do cidadão ou se retira qualquer poder do Estado, pois os litigantes, quando se definem pela arbitragem, exercem uma faculdade que está em suas mãos como corolário do princípio da autonomia da vontade.” (Curso de Processo Civil, vol. 1, pág. 153, RT, 2010) Tanto isso é verdade que a Lei de Arbitragem foi considerada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal (RTJ 190/908: Pleno, SE 5.206, quatro votos vencidos).Não se ignora que “a convenção de arbitragem impede apenas a instauração de processo de conhecimento fora do juízo arbitral. Nessas condições, ela não obsta que se instaure no Poder Judiciário processo de execução com lastro no contrato ao qual está atrelada (STJ-3.ª T., REsp 944.917, Min. Nancy Andrighi, j. 18.9.08, Dj 3.10.08)”. (THEOTÔNIO NEGRÃO, Código de Processo Civil e Legislação Processual em Vigor, nota 40 ao art. 267 do CPC, pág. 364, Saraiva, 2010) É exatamente o caso dos autos em que se cuida de ação de cobrança de multa rescisória, pelo que, sendo incontroversa a convenção de arbitragem, com arguição pela ré em contestação, nos termos do art. 337, inciso X, do NCPC, era mesmo de rigor a extinção do processo sem resolução do mérito, nos termos do art. 485, VII, do NCPC. Esse é o entendimento consolidado por esta Corte: “APELAÇÃO. AÇÃO DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS CUMULADA COM DISSOLUÇÃO DE SOCIEDADE E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. ARBITRAGEM. Recurso interposto contra a sentença que acolheu a preliminar de convenção de arbitragem, extinguindo o processo sem resolução do mérito. Matéria discutida nos autos que está abrangida pela cláusula arbitral. Previsão que não viola a garantia constitucional de acesso à justiça. Existência de cláusula de eleição de foro no mesmo instrumento que também não retira a validade da cláusula arbitral, dada a competência residual do Poder Judiciário. Demais questões CAMPUS DE ARAÇATUBA CURSO DE DIREITO COORDENAÇÃO relacionadas à existência, validade e eficácia da cláusula que somente podem ser apreciadas pelo juízo arbitral, tendo em vista a aplicação do princípio da Kompetenz-Kompetenz. Sentença mantida. Recurso improvido.” m(Apelação n.º 1007485-32.2017.8.26.0004, Rel. Des. Hamid Bdine, 1.ª Câmara de Direito Empresarial, j. 1.10.2018) “AÇÃO DECLARATÓRIA CUMULADA COM RESCISÃO CONTRATUAL - PRESTAÇÃO DE SERVIÇO - DESENVOLVIMENTO E IMPLANTAÇÃO DE SOFTWARE - CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA DE ARBITRAGEM (LEI 9.307/96) - JUSTIÇA COMUM - INCOMPETÊNCIA - RECONHECIMENTO FEITO - EXTINÇÃO - INTELIGÊNCIA DO ART. 485, VII, DO CPC - SENTENÇA - MANUTENÇÃO. APELO DA AUTORA NÃOPROVIDO.” (Apelação n.º 1009719-53.2018.8.26.0100, Rel. Des.Tavares de Almeida, 14.ª Câmara de Direito Privado, j.13.6.2018) Nesse sentido,também precedentes do Colendo Superior Tribunal de Justiça: “PROCESSUAL CIVIL. ARBITRAGEM. OBRIGATORIEDADE DA SOLUÇÃO DO LITÍGIO PELA VIA ARBITRAL, QUANDO EXISTENTE CLÁUSULA PREVIAMENTE AJUSTADA ENTRE AS PARTES NESTE SENTIDO. INTELIGÊNCIA DOS ARTS. 1.º, 3.º e 7.º DA LEI 9.307/96. PODER JUDICIÁRIO PRECEDENTES. PROVIMENTO NESTE PONTO. ALEGADA OFENSA AO ART. 535 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE PROVIDO.” (RESP n.º 791260/RS, Rel. Min. Paulo Furtado Des. Convocado do TJ/BA), Terceira Turma, k. 22.6.2010, DJe 1.7.2010) No mais, de se consignar que o parágrafo 2.º do art. 4.º da Lei 9.307/96 trata apenas da convenção de arbitragem nos contratos de adesão, em nada se relacionando com a concordância da parte contrária em levar adiante a demanda junto ao juízo arbitral, o que, conforme já consignado, é obrigatório se convencionado entre as partes quando da contratação. Por todo o exposto, nego provimento ao recurso. Nos termos do parágrafo 11 do art. 85 do NCPC, de rigor a majoração dos honorários sucumbenciais para R$ 18.000,00, com correcao monetária a partir desta data e com juros de mora de 1% ao mês a contar do trânsito em julgado. GILBERTO LEME Relator