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SISTEMA DE ENSINO
DIREITO 
EMPRESARIAL
Sociedade no Código Civil
Livro Eletrônico
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Tacio Muzzi Carvalho e Carneiro
Sociedade no Código Civil
DIREITO EMPRESARIAL
Apresentação . ............................................................................................................................3
Sociedade no Código Civil . ........................................................................................................4
Sociedades não Personificadas . ..............................................................................................4
Sociedade em Comum ...............................................................................................................4
Sociedade em Conta de Participação . .....................................................................................9
Sociedades Personificadas . ................................................................................................... 15
Sociedade Simples .................................................................................................................. 16
Sociedade Limitada ................................................................................................................. 41
Sociedade em Nome Coletivo . .............................................................................................. 69
Sociedade Anônima . ................................................................................................................73
Sociedade em Comandita por Ações . ....................................................................................73
Sociedade Cooperativa . ..........................................................................................................75
Dissolução, Liquidação e Extinção das Sociedades . ........................................................... 81
1ª Etapa: Ato de Dissolução (Dissolução Estrito Senso ou “Dissolução Ato”) . ................ 81
2ª Etapa: Liquidação ................................................................................................................83
3ª Etapa: Extinção . ..................................................................................................................83
Sociedades Coligadas . ........................................................................................................... 84
Operações Societárias: Transformação, Incorporação, Fusão e Cisão das Sociedades 85
Sociedade Dependente de Autorização .................................................................................87
Sociedade Nacional e Estrangeira . ....................................................................................... 88
Resumo . .................................................................................................................................. 90
Questões de Concurso . ......................................................................................................... 104
Gabarito . ................................................................................................................................. 116
Questões Comentadas . .......................................................................................................... 117
Referências ............................................................................................................................ 150
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ApresentAção
Caro(a) aluno(a), salve, salve!
Iremos nos debruçar especificamente nesta aula sobre os tipos societários disciplinados 
pelo Código Civil (CC) e, mais adiante, falaremos de outros aspectos relacionados às socieda-
des em geral e sobre o próprio término da sociedade (dissolução em sentido amplo).
Mãos à obra!
Obs.: � Pontos do edital:
� Sociedades no Código Civil. Sociedade em Comum. Sociedade em Conta de Participa-
ção. Sociedade Simples. Sociedade em nome coletivo. Sociedade em comandita sim-
ples. Sociedade Limitada. Sociedade em comandita por ações. Sociedade coopera-
tiva. Sociedades Coligadas. Liquidação da sociedade. Transformação, incorporação, 
Fusão e Cisão das Sociedades.
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DIREITO EMPRESARIAL
SOCIEDADE NO CÓDIGO CIVIL
sociedAdes não personificAdAs
Conforme já tivemos oportunidade de ver, um dos critérios para classificar a sociedade é 
o fato de ela ter (ou não) personalidade jurídica própria, distinta da dos seus sócios.
Vimos também que o próprio Código Civil expressamente disciplina dois tipos societários 
não personificados (Subtítulo I – Da Sociedade Não Personificada, do Título II – Da Socieda-
de), a saber, sociedade em comum (Capítulo I – Da Sociedade em Comum) e sociedade em 
conta de participação (Capítulo II – Da Sociedade em Conta de Participação).
1º Ponto: Nos termos do art. 985 do CC, a aquisição da personalidade jurídica ocorrerá efeti-
vamente com a inscrição no registro próprio dos atos constitutivos da sociedade:
Art. 985. A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no registro próprio e na forma 
da lei, dos seus atos constitutivos (arts. 45 e 1.150).
2º ponto: a personalidade jurídica – embora seja instituto importantíssimo, não é elemento
que necessariamente integra a constituição da sociedade, até pelo fato de termos sociedades 
não personificadas disciplinadas pelo próprio Código Civil.
3º ponto - para não esquecer mais: os elementos específicos para a constituição da socieda-
de são: i) acordo de vontade com fim comum; ii) pluralidade de sócios; iii) definição de obriga-
ções recíprocas; iv) exercício de atividade econômica; e v) partilha dos resultados.
sociedAde em comum
A sociedade em comum, nos termos do art. 986 do CC, é aquela cujos atos constitutivos
ainda não foram inscritos na Junta Comercial (se sociedade empresária) ou no Registro Civil 
das Pessoas Jurídicas (se sociedade simples):
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Art. 986. Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a sociedade, exceto por ações 
em organização, pelo disposto neste Capítulo, observadas, subsidiariamente e no que com ele fo-
rem compatíveis, as normas da sociedade simples.
Nesse sentido, aplicam-se à sociedade em comum as normas previstas no capítulo pró-
prio que a disciplina e, subsidiariamente e no que com ele (Capítulo I) forem compatíveis, 
as normas da sociedade simples.
De forma expressa, o art. 986 exclui as sociedades por ações em organização da sua dis-
ciplina, ou seja, às sociedades por ações em criação serão aplicadas as normas da Lei 6.404, 
de 1976 (LSA).
Antes de mais nada, é interessante sabermos que a hoje denominada “sociedade em co-
mum” compreende as figuras que eram anteriormente chamadas pela doutrina de “sociedade 
irregular” e “sociedade de fato”, então sob a égide do Código Comercial de 1850.
Confira a respeito o Enunciado 58 da I Jornada de Direito Civil do Conselho de Justiça 
Federal (CJF):
Enunciado 58. Arts. 986 e seguintes: A sociedade em comum compreende as figuras doutrinárias 
da sociedade de fato e da irregular.
Alguns autores, como André Santa Cruz, entendem que o Capítulo I (Da Sociedade em Co-
mum) tem como principal escopo disciplinar a situação de sociedades em formação, cujos 
atos constitutivos ainda não foram devidamente registrados (cita como evidência a expressa 
menção às sociedades por ações “em organização”).
Nesse sentido, conceitualmente não se deveria confundir “sociedade em comum” (sociedade 
ainda em formação)com a denominada “sociedade irregular” (sociedade com contrato escri-
to e registrado que começou suas atividades, mas apresentou irregularidade superveniente) 
ou com a “sociedade de fato” (sociedade em funcionamento sem contrato por escrito).
De qualquer forma, saliento: independente de se entender que a sociedade em comum é gê-
nero ou não, fato é que se aplicam as regras do Capítulo I a todas elas (sociedade em comum 
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estrito senso, sociedade irregular e sociedade de fato), robustecendo esse entendimento o 
Enunciado 383 da IV Jornada de Direito Civil:
Enunciado 383. A falta de registro do contrato social (irregularidade originária, art. 998) 
ou de alteração contratual versando sobre matéria referida no art. 997 (irregularidade 
superveniente, art. 999, parágrafo único) configuram a sociedade em comum (art. 986).
Sociedade em Comum: Prova de Existência
Consoante o art. 987 do CC, “os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente 
por escrito podem provar a existência da sociedade, mas os terceiros podem prová-la de 
qualquer modo.”
Ou seja, diferentemente dos sócios, que precisam de prova escrita para provar a exis-
tência da sociedade em comum, os terceiros que com ela se relacionarem podem provar por 
qualquer meio a sua existência, por exemplo, usando a prova testemunhal.
Sociedade em Comum: Patrimônio Especial (Bens e Dívidas) e Responsabi-
lidade dos Sócios
Já os bens e dívidas sociais constituirão patrimônio especial, do qual os sócios são titu-
lares em comum (art. 988 do CC).
Nesse sentido, verificamos que o CC institui uma espécie de “patrimônio de afetação” 
em relação àqueles bens dos sócios utilizados especificamente na atividade econômica da 
sociedade em comum. Tais bens responderão inicialmente por eventual dívida da sociedade, 
sendo que os demais bens dos sócios, não afetados diretamente à atividade, somente pode-
rão ser alcançados, em regra, de forma subsidiária.
Confira a respeito o Enunciado 210 da III Jornada de Direito Civil:
Enunciado 210. Art. 988: O patrimônio especial a que se refere o art. 988 é aquele afe-
tado ao exercício da atividade, garantidor de terceiro, e de titularidade dos sócios em 
comum, em face da ausência de personalidade jurídica.
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No que diz respeito à condução dos negócios, em regra os bens sociais respondem pelos 
atos de gestão praticados por qualquer dos sócios. Contudo, nos termos do art. 989 do CC, 
pode haver pacto expresso limitativo de poderes, “que somente terá eficácia contra o terceiro 
que o conheça ou deva conhecer.”
No que diz respeito à responsabilidade, o art. 990 do CC estabelece que “todos os sócios 
respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do benefício de or-
dem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade.”
É importante interpretarmos o art. 990 em conjunto com o art. 1.024 do CC, que dispõe:
Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da sociedade, 
senão depois de executados os bens sociais.
Assim, como regra geral, os sócios respondem pelas dívidas da sociedade de forma sub-
sidiária em relação a terceiros, ou seja, primeiro tem que ser alcançado o patrimônio afetado à 
atividade social. Os sócios podem inclusive se valer do “benefício de ordem” para indicar bens 
da sociedade que possam responder pelas obrigações. Caso tal patrimônio de afetação não 
baste, aí sim os sócios responderão ilimitadamente com os seus bens e de forma solidária
entre si.
Mas temos uma exceção: o sócio que contratou pela sociedade (ou seja, que atuou como 
o seu representante), não poderá se valer do benefício de ordem, respondendo com o patrimô-
nio próprio deste o início de forma solidária (e não subsidiária, como os demais).
Transcrevo o Enunciado 212 da III Jornada de Direito Civil, cujo entendimento é nesse 
sentido:
Enunciado 212. Art. 990: Embora a sociedade em comum não tenha personalidade jurí-
dica, o sócio que tem seus bens constritos por dívida contraída em favor da sociedade, 
e não participou do ato por meio do qual foi contraída a obrigação, tem o direito de indi-
car bens afetados às atividades empresariais para substituir a constrição. (grifo nosso).
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Questão 1 (FMP/2017/PGE-AC/PROCURADOR DO ESTADO) De acordo com a Lei 10.406, 
de 10 de janeiro de 2002, a respeito da sociedade em comum, é INCORRETO afirmar:
a) Os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente por escrito podem provar a exis-
tência da sociedade, mas os terceiros podem prová-la de qualquer modo.
b) Os bens e dívidas sociais constituem patrimônio especial, do qual os sócios são titulares 
em comum.
c) Na sociedade em comum, a atividade constitutiva do objeto social é exercida unicamente 
pelo sócio ostensivo, em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade, 
participando os demais dos resultados correspondentes.
d) Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído 
do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade.
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e) Os bens sociais respondem pelos atos de gestão praticados por qualquer dos sócios, salvo 
pacto expresso limitativo de poderes, que somente terá eficácia contra o terceiro que o co-
nheça ou deva conhecer.
Letra c.
Não há a figura de sócio ostensivo ou participante na sociedade em comum que, conforme 
veremos, são peculiaridades da sociedade em conta de participação (art. 991 do CC).
a) Correto. O art. 997 do CC dispõe exatamente de tal forma:
Art. 987 do CC. Os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente por escrito podem pro-
var a existência da sociedade, mas os terceiros podem prová-la de qualquer modo.
b) Correto. É o que preceitua o art. 998 do CC:
Art. 988. Os bens e dívidas sociais constituem patrimônio especial, do qual os sócios são titulares 
em comum.
d) Correto. Confira o art. 990 do CC:
Art. 990. Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído 
do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade.
e) Correto. O art. 989 do CC diz:
Art. 989. Os bens sociais respondem pelos atos de gestão praticados por qualquer dos sócios, sal-
vo pacto expresso limitativo de poderes, que somente terá eficácia contra o terceiro que o conheça 
ou deva conhecer.
sociedAde em contA de pArticipAção
A sociedade em conta de participação é um tipo societário menos usual, sendo que alguns 
autores citam que a sua origem é bem antiga, remontando às antigas commendas da Idade Mé-
dia, tipo societário que serviu também de inspiração para a sociedade em comandita simples.
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Embora o Código Civil a classifique como sociedade (alguns a chamam de “sociedade se-
creta”), disciplinando-a no bojo do Título I – Da Sociedade, a doutrina sustenta que a socieda-
de em conta de participação se trata propriamente de um contrato especial de investimento, 
já que não terá nome empresarial, alguns ‘sócios’ (sócios participantes)sequer aparecem 
perante terceiros e, também, não se exige que haja um contrato formal por escrito (“indepen-
de de formalidade e pode provar-se por todos os meios de direito”, consoante art. 992 do CC).
E mais: o seu contrato social produz efeito somente entre os sócios (ou seja, a sociedade 
somente existe internamente) e, mesmo que haja o registro do seu contrato social, tal ato não
conferirá personalidade jurídica à sociedade em conta de participação (art. 993 do CC).
De qualquer forma, tendo em vista que o CC a enquadra como sociedade, cabe-nos dizer 
que nela coexistem duas categorias de ‘sócios’:
• Sócio ostensivo: será ele que irá exercer unicamente a atividade constitutiva do objeto 
social, em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade (art. 991, 
caput do CC);
• Sócios participantes (ou ‘sócios ocultos’): apenas participam dos resultados sociais 
correspondentes (art. 991, caput do CC).
No que diz respeito ao sócio participante, apesar de ter o direito de fiscalizar a gestão 
exercida pelo sócio ostensivo, ele não pode tomar parte na relação do sócio ostensivo com 
terceiros, “sob pena de responder solidariamente com este pelas obrigações em que intervier” 
(art. 993, parágrafo único do CC).
Assim como ocorre na sociedade em comum, as contribuições dos sócios ostensivos e 
participantes também irão constituir patrimônio especial (o chamado patrimônio de afeta-
ção), objeto da conta de participação relativa aos negócios sociais. No entanto, a especializa-
ção patrimonial somente produz efeitos em relação aos sócios (art. 994 do CC).
Quanto à falência dos sócios, temos duas situações:
• falência do sócio ostensivo: acarreta a dissolução da sociedade e a liquidação da res-
pectiva conta, cujo saldo constituirá crédito quirografário;
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• falência do sócio participante: o contrato social fica sujeito às normas que regulam os 
efeitos da falência nos contratos bilaterais do falido.
Por se tratar de sociedade de pessoas (e não de capitais), em que a figura dos sócios tem 
grande relevância, como regra o sócio ostensivo não pode admitir novo sócio sem o consen-
timento expresso dos demais, salvo disposição em contrário (art. 995 do CC).
Por fim, devemos saber que se aplica a ela, subsidiariamente e no que com ela for compa-
tível, o disposto para a sociedade simples, e a sua liquidação rege-se pelas normas relativas 
à prestação de contas, na forma da lei processual.
Em relação a esse último ponto, temos julgados do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que, 
além de reconhecer a sua natureza societária, entendeu ser possível o ajuizamento de ação 
de dissolução da sociedade em conta de participação, de forma que somente a liquidação 
(fase em que se apurará os haveres para o pagamento das obrigações) é que será regida pe-
las normas relativas à prestação de contas:
DIREITO CIVIL. DISSOLUÇÃO DE SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO.
Aplica-se subsidiariamente às sociedades em conta de participação o art. 1.034 do CC, 
o qual define de forma taxativa as hipóteses pelas quais se admite a dissolução judicial 
das sociedades. Apesar de despersonificadas e de os seus sócios possuírem graus de 
responsabilidade distintos, as sociedades em conta de participação decorrem da união 
de esforços, com compartilhamento de responsabilidades, comunhão de finalidade eco-
nômica e existência de um patrimônio especial garantidor das obrigações assumidas no 
exercício da empresa. Não há diferença ontológica entre as sociedades em conta de par-
ticipação e os demais tipos societários personificados, distinguindo-se quanto aos efei-
tos jurídicos unicamente em razão da dispensa de formalidades legais para sua cons-
tituição. Sendo assim, admitindo-se a natureza societária dessa espécie empresarial, 
deve-se reconhecer a aplicação subsidiária do art. 1.034 do CC — o qual define de forma 
taxativa as hipóteses pelas quais se admite a dissolução judicial das sociedades — às 
sociedades em conta de participação, nos termos do art. 996 do CC, enquanto ato ini-
cial que rompe o vínculo jurídico entre os sócios. Ora, as sociedades não personificadas, 
diversamente das universalidades despersonalizadas, decorrem de um vínculo jurídico 
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negocial e, no mais das vezes, plurissubjetivo. São contratos relacionais multilaterais de 
longa duração, os quais podem ser rompidos pela vontade das partes, em consenso ou 
não, porquanto não se pode exigir a eternização do vínculo contratual. E é essa a fina-
lidade do instituto jurídico denominado dissolução. Por fim, ressalte-se que, somente 
após esse ato inicial, que dissolve as amarras contratuais entre os sócios, inicia-se o
procedimento de liquidação. E, nesta fase, sim, a ausência de personalidade jurídica 
terá clara relevância, impondo às sociedades em conta de participação um regime dis-
tinto dos demais tipos societários. Isso porque a especialização patrimonial das socie-
dades em conta de participação só tem efeitos entre os sócios, nos termos do § 1º do 
art. 994 do CC, de forma a existir, perante terceiros, verdadeira confusão patrimonial 
entre o sócio ostensivo e a sociedade. Assim, inexistindo possibilidade material de apu-
ração de haveres, disciplinou o art. 996 do mesmo diploma legal que a liquidação dessas 
sociedades deveriam seguir o procedimento relativo às prestações de contas, solução 
que era adotada mesmo antes da vigência do novo Código Civil. Dessa forma, o procedi-
mento especial de prestação de contas refere-se tão somente à forma de sua liquidação, 
momento posterior à dissolução do vínculo entre os sócios ostensivo e oculto. Contudo, 
essa disciplina da liquidação não afasta nem poderia atingir o ato inicial, antecedente 
lógico e necessário, qual seja, a extinção do vínculo contratual de natureza societária 
por meio da dissolução. REsp 1.230.981-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 
16/12/2014,
DJe 5/2/2015.
[STJ, Informativo 554, 25-02-2015]
Registro, por oportuno, que a sociedade em conta de participação é muito usada em em-
preendimentos imobiliários, seja para viabilizar a construção de imóveis (o construtor figura-
rá como sócio ostensivo e os investidores como sócios participantes), seja para a adminis-
tração de imóveis de temporada, como flats (corretora imobiliária será sócia ostensiva e os 
proprietários serão sócios participantes).
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Questão 2 (FCC/2014/TJ-CE/JUIZ) João e Paulo, empresários, constituíram uma socieda-
de em conta de participação para atuação no mercado imobiliário. Ajustaram que João seria 
o sócio ostensivo e Paulo o sócio participante, cada qual contribuindo com R$ 50.000,00 (cin-
quenta mil reais) para a consecução do objeto social. Nesse caso,
a) sem prejuízo do direito de fiscalizar a gestão dos negócios sociais, Paulo não poderá to-
mar parte nas relações de João com terceiros, sob pena de responder subsidiariamente pelas 
obrigações em que intervier.
b) na omissão do contrato social, João poderá admitir novo sócio sem o consentimento ex-
presso de Paulo.
c) a inscrição do contrato social no Registro do Comércio confere personalidade jurídica à 
sociedade em conta de participação.
d) a falência de João acarreta a dissolução da sociedade e a liquidação da respectiva conta, 
cujo saldo constituirá crédito quirografário, porém, falindo Paulo, o contrato social fica sujeito 
às normas que regulamos efeitos da falência nos contratos bilaterais do falido.
e) a contribuição de Paulo constitui, com a de João, patrimônio especial, objeto da conta de 
participação relativa aos negócios sociais e a especialização patrimonial produz efeitos tanto 
em relação aos sócios, quanto em relação a terceiros.
Letra d.
A assertiva está correta, nos termos dos §§ 2º e 3º do art. 994 do CC. Assim, a falência do 
sócio ostensivo (João) acarreta a dissolução da sociedade e a liquidação da respectiva conta, 
cujo saldo constituirá crédito quirografário. Falindo o sócio participante (Paulo), o contrato 
social fica sujeito às normas que regulam os efeitos da falência nos contratos bilaterais do 
falido:
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Art. 994. A contribuição do sócio participante constitui, com a do sócio ostensivo, patrimônio es-
pecial, objeto da conta de participação relativa aos negócios sociais.
(...)
§2º A falência do sócio ostensivo acarreta a dissolução da sociedade e a liquidação da respectiva 
conta, cujo saldo constituirá crédito quirografário.
§3º Falindo o sócio participante, o contrato social fica sujeito às normas que regulam os efeitos da 
falência nos contratos bilaterais do falido.
a) Errado. Nos termos do art. 993, parágrafo único, do CC “o sócio participante (Paulo) não 
pode tomar parte nas relações do sócio ostensivo com terceiros, sob pena de responder soli-
dariamente (e não subsidiariamente) com este pelas obrigações em que intervier.” (destaquei)
b) Errado. É o oposto, nos termos do art. 995 do CC:
Art. 995. Salvo estipulação em contrário, o sócio ostensivo não pode admitir novo sócio sem o 
consentimento expresso dos demais.
c) Errado. Conforme o art. 993 do CC, a inscrição do ato constitutivo jamais conferirá perso-
nalidade jurídica à sociedade em conta de participação:
Art. 993. O contrato social produz efeito somente entre os sócios, e a eventual inscrição de seu 
instrumento em qualquer registro não confere personalidade jurídica à sociedade. (grifo nosso)
e) Errado. Embora as contribuições dos sócios ostensivo e participantes constituam patri-
mônio especial, tal especialização só produz efeitos entre os sócios — e não em relação a 
terceiros, consoante o § 1º do art. 994 do CC:
Art. 994. A contribuição do sócio participante constitui, com a do sócio ostensivo, patrimônio es-
pecial, objeto da conta de participação relativa aos negócios sociais.
§1º A especialização patrimonial somente produz efeitos em relação aos sócios.
(...)
Em provas da Fundação Carlos Chagas (FCC), inclusive para a magistratura, verifico um gran-
de número de questões versando sobre a sociedade em conta de participação. Sugestão: 
deem sempre uma lida nesse ponto na véspera da prova.
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sociedAdes personificAdAs
As sociedades personificadas são disciplinadas no Subtítulo II – Da Sociedade Personifi-
cada, inserto no Título II – Da Sociedade, podendo se revestir dos seguintes tipos:
• Sociedade simples (Capítulo I);
• Sociedade em nome coletivo (Capítulo II);
• Sociedade em comandita simples (Capítulo III);
• Sociedade limitada (Capítulo IV);
• Sociedade anônima (Capítulo V – sendo regulada especificamente pela LSA);
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• Sociedade em comandita por ações (Capítulo VI – sendo regulada especificamente 
pela LSA);
• Sociedade cooperativa (Capítulo VII – sendo regulada especificamente pela Lei 5.764, 
de 1971).
Abordaremos inicialmente a sociedade simples, uma vez que o Código Civil a elegeu como 
modelo padrão em relação à disciplina dos principais pontos relacionados à sociedade, sendo 
que as suas normas são aplicadas, em regra, subsidiariamente aos outros tipos, no que for 
compatível.
Após, iremos nos debruçar sobre os aspectos específicos da sociedade limitada, sem dú-
vida o tipo societário mais popular, na medida em que restringe a responsabilidade dos sócios 
e permite uma racional segregação de risco. Em relação à sociedade anônima, que também 
limita a responsabilidade dos acionistas, a sociedade limitada é menos complexa e, portanto, 
menos onerosa.
Registramos que a abordagem dos demais tipos societários será concentrada nas suas 
especificidades, lembrando que estudaremos as sociedades anônimas em aula própria.
sociedAde simples
Antes de mais, é importante sabermos que o termo ‘sociedade simples’ possui dois signi-
ficados distintos, conforme leciona Fabio Ulhoa Coelho:
Em sentido amplo: irá significar a categoria das sociedades não empresariais (em contra-
ponto às “sociedades empresárias”), consoante dispõe o art. 982 do CC: “Salvo as exceções 
expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade 
própria de empresário sujeito a registro ( art. 967 ); e, simples, as demais.” (grifos nossos);
Em sentido estrito: designará um tipo societário específico chamado de sociedade 
simples pura (sociedade simples propriamente dita ou sociedade simples simples), ao lado 
dos demais modelos como a sociedade limitada, a sociedade em nome coletivo, a socie-
dade anônima etc. É o que se depreende do art. 983 do CC: “A sociedade empresária deve 
constituir-se segundo um dos tipos regulados nos arts. 1.039 a 1.092 ; a sociedade simples 
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art967
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art1.039
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pode constituir-se de conformidade com um desses tipos, e, não o fazendo, subordina-se às 
normas que lhe são próprias.”
Apesar de a sociedade simples designar, em sentido amplo, necessariamente uma sociedade 
não empresária, a importância do seu estudo em material de Direito Empresarial é o fato de 
as suas normas serem aplicadas subsidiaria ou supletivamente a todos os tipos societários!
Até mesmo em relação às sociedades por ações, que são empresariais por natureza e disci-
plinadas por lei específica (Lei 6.404, de 1976), as regras da sociedade simples são aplicadas 
supletivamente (art. 1.089 do CC).
Em relação à sociedade simples em sentido amplo (sociedade não empresária), ressalto 
que ela poderá adotar, a princípio, os seguintes tipos societários (art. 983, primeira parte do 
CC – referência aos arts. 1.039 a 1.092):
• Sociedade em nome coletivo (arts. 1.039 a 1.044 do CC);
• Sociedade em comandita simples (arts. 1.045 a 1.051 do CC);
• Sociedade limitada (arts. 1.052 a 1.087 do CC);
• Sociedade cooperativa (arts. 1.093 a 1.096 do CC);
• Sociedade simples em sentido estrito (chamada de “sociedade simples pura”, “socie-
dade simples propriamente dita” ou “sociedade simples simples”), consoante art. 983, 
parte final do CC.
Mas, professor, a sociedade simples não pode adotar a forma de sociedade anônima ou 
sociedade em comandita por ações?
A questão é controversa.
A princípio, interpretando literalmente o disposto no art. 983, a sociedade simples poderia 
adotar todos os tipos societários previstos no Código Civil (arts. 1.039 a 1.092), incluindo o 
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da sociedade anônima (mencionada nos arts. 1.088 e 1.089) e o da sociedade em comandita 
por ações(disciplinada no CC nos arts. 1.090 a 1.092):
Art. 983. A sociedade empresária deve constituir-se segundo um dos tipos regulados nos arts. 1.039 
a 1.092; a sociedade simples pode constituir-se de conformidade com um desses tipos, e, não o 
fazendo, subordina-se às normas que lhe são próprias.
No entanto, tal interpretação, em tese, não faz sentido, uma vez que, por força do disposto 
no parágrafo único do art. 982 do CC, o modelo das sociedades por ações (cujas espécies são 
a sociedade anônima e a sociedade em comandita por ações) necessariamente transforma 
a sociedade em empresarial, independentemente do objeto (ou seja, exatamente o oposto da 
sociedade simples em sentido amplo, cuja característica é exatamente não ser empresária):
Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto 
o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais.
Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por 
ações; e, simples, a cooperativa.
Verificamos que há entendimentos contraditórios até mesmo no âmbito da Jornada de 
Direito Civil do CJF, conforme se extrai do teor do Enunciado 57 da I Jornada e do Enunciado 
477 da V Jornada:
Enunciado 57. A opção pelo tipo empresarial não afasta a natureza simples da sociedade.
Enunciado 477. O art. 983 do Código Civil permite que a sociedade simples opte por 
um dos tipos empresariais dos arts. 1.039 a 1.092 do Código Civil. Adotada a forma de 
sociedade anônima ou de comandita por ações, porém ela será considerada empresária.
Como desatamos esse imbróglio, amigo(a) aluno(a)?!?
Primeiro, entendo que o art. 983 do CC não foi redigido da forma mais técnica. Quando 
preceituou que “a sociedade simples pode constituir-se de conformidade com um desses 
tipos”, na verdade quis dizer que a atividade não empresária (não necessariamente “socie-
dade simples”) poderia ser explorada por meio de todos os tipos societários previstos no CC, 
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obviamente subordinando-se às previsões normativas que especificamente orientam o tipo
societário escolhido.
Em razão disso, por exemplo, se determinadas pessoas constituem uma sociedade para 
explorar objeto não empresarial (v.g., atividades intelectuais) e escolhem o formato da socie-
dade anônima, tal sociedade será necessariamente empresarial (e não sociedade simples), 
porque, nesse caso, a norma de regência desse tipo societário preceitua que, independente-
mente do objeto, a sociedade anônima será sempre empresária (não só o art. 982, parágrafo 
único do CC, como o art. 2º, §1º da Lei das S.A).
Ou seja, em tal hipótese, a configuração como sociedade empresária não se dará com 
base no critério material (utilizado como regra, em que se analisa a atividade econômica ex-
plorada em concreto), mas sim no critério legal (ou seja, é empresarial porque assim determi-
na a lei — parágrafo único do art. 982 do CC).
Assim, fazemos coro com Gladston Mamede, no sentido de o art. 983 do CC ter sido redi-
gido de forma equivocada:
A norma está equivocada, já que nos artigos listados estão dois tipos societários defesos às so-
ciedades simples: a sociedade anônima (artigos 1.088 e 1.089) e a sociedade em comandita por 
ações (artigos 1.090 a 1.092). Ambas são, por força de lei, sociedades empresárias (artigo 982, 
parágrafo único).
Em resumo: se for adotado o modelo da sociedade anônima ou sociedade em comandita 
por ações, mesmo que o objeto a ser explorado não seja a “empresa”, a sociedade neces-
sariamente será considerada empresarial, por força legal (ou seja, não se enquadrará como 
sociedade simples em sentido amplo).
O STJ tem julgado nesse sentido, entendendo não ser possível a adoção do modelo da 
sociedade anônima, pois, caso assim ocorra, tal sociedade passará a ser caracterizada como 
sociedade empresária:
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO ANULATÓRIA.
ISSQN. SOCIEDADE DE PROFISSIONAIS. SERVIÇOS DE ANÁLISES CLÍNICAS.
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OPTANTE DO SIMPLES NACIONAL. RAZÕES DISSOCIADAS E FALTA DE IMPUGNAÇÃO. 
SÚMULAS 284 E 283 DO STF. DISPOSITIVOS LEGAIS E TESES VINCULADAS. AUSÊNCIA 
DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS 282 E 356 DO STF.
DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL PREJUDICADO. SOCIEDADE UNIPROFISSIONAL.
PESSOALIDADE NA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS. TRIBUTAÇÃO POR ALÍQUOTA FIXA. 
POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. DISSÍDIO INTERPRETATIVO NÃO DEMONSTRADO. 
AUSÊNCIA DE EMPRESARIALIDADE. JUÍZO FIRMADO NO CONTEXTO FÁTICO DOS 
AUTOS. REVISÃO. IMPOSSIBILIDADE. SERVIÇO COM REGIME DE TRIBUTAÇÃO DIFEREN-
CIADA PREVISTA EM LEI LOCAL. SÚMULA 280/STF.
RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESSA EXTENSÃO, NÃO PROVIDO.
(...)
Assim sendo, o fato de a apelante ser constituída na forma de responsabilidade limitada 
não inibe a responsabilidade pessoal decorrente da prestação dos serviços por cada 
profissional. Aliás, a similaridade das sociedades limitadas às sociedades simples resta 
visível ao prever, o próprio Código Civil, a aplicação subsidiária das normas relativas a 
esta última — às sociedades de responsabilidade limitada, vide o disposto no art. 1053, 
caput do diploma, e, excepcionalmente — apenas caso previsto no contrato social —, 
a aplicação das normas aplicáveis às sociedades anônimas (art. 1053, parágrafo único, 
do Código Civil).
De qualquer forma, creio que o ponto já tenha sido suficientemente analisado no jul-
gado de n. 70069861416, proferido por esta Câmara Cível, sob a relatoria do Des. Irineu 
Mariani, conforme excerto abaixo transcrito:
1.2 - Forma social ou modelo. Às sociedades empresariais vigora o princípio da tipici-
dade (CC, art. 983, _IP parte), quer dizer, se o objeto for atividade empresarial, só pode 
adotar um dos modelos de sociedade previstos na legislação, por exemplo, sociedade 
limitada, anônima, em nome coletivo, etc.
Já em relação às sociedades simples, que é o caso dos autos, não vigora o princípio da 
tipicidade (CC, art. 983, 2.2 parte), quer dizer, tanto pode adotar a forma ou modelo pró-
prio da sociedade simples, quanto pode adotar a forma ou modelo de uma sociedade 
empresária, SALVO DA ANÔNIMA, POIS ESTA É SEMPRE EMPRESARIAL, INDEPENDEN-
TEMENTE DO OBJETO (Lei 6.404/76, art. 2-°, §1f2).
É por isso que vimos com muita frequência uma sociedade simples (antiga civil) com a 
expressão final Limitada ou abreviadamente Ltda. Ressalvo a sociedade de advogados, 
face ao disposto no art. 16, caput, e § 32, da Lei 8.906/94.
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Isso, porém, não torna sociedade não empresarial em sociedade empresarial se o objeto 
não é empresarial, como é o caso da sociedade de serviços médicos, atividade científica 
(CC/02, parágrafo único do art. 966), que fazendo uso de uma faculdade legal adota o 
modelo de uma sociedade limitada, na qual cada sócio responde individualmente pela 
sua quota e coletiva e solidariamente pelo total do capital social (CC, art. 1.052). (grifos 
nossos)
[STJ, REsp 1842496, Relator Ministro BENEDITO GONÇALVES, data da publicação 
13/02/2020]
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Feitas essas importantes considerações, caro(a) aluno(a), iremos nos debruçar agora so-
bre os principais pontos da denominada ‘sociedade simples pura’, ‘sociedade simples pro-
priamente dita’ ou ‘sociedade simplessimples’ (apesar de essa última expressão ser estra-
nha, fato é que a doutrina também utiliza tal termo para indicar esse peculiar tipo societário 
que não se confunde com os tipos societários clássicos...).
Sociedade Simples Pura: Constituição e Contrato Social
A sociedade simples será constituída por meio de contrato escrito, particular ou público
(art. 997, caput do CC), sendo que tal sociedade deverá requerer a sua inscrição no Registro 
Civil das Pessoas Jurídicas (e não na Junta Comercial, como as sociedades empresárias) do 
local de sua sede nos trinta dias subsequentes à sua constituição (art. 998, caput do CC).
A sociedade simples pura sempre irá requerer a sua inscrição no Registro Civil das Pessoas 
Jurídicas. Contudo, se a sociedade simples adotar o modelo de cooperativa, o seu registro 
deverá ser feito na Junta Comercial, por força do art. 18, § 6º da Lei 5.764, de 1971:
Art. 18. (...)
§ 6º Arquivados os documentos na Junta Comercial e feita a respectiva publicação, a cooperativa 
adquire personalidade jurídica, tornando-se apta a funcionar.
Questão 3 (FUNDEP/2014/TJ-MG/JUIZ) (QUESTÃO ADAPTADA) Analise as afirmativas so-
bre os tipos de sociedades e o exercício da atividade empresarial, assinalando com V as ver-
dadeiras e com F as falsas.
A sociedade simples pode constituir-se em conformidade com os tipos de sociedade limita-
da, em nome coletivo, em comandita simples e em cooperativa. Todavia, seu contrato social 
deve ser inscrito no Registro Civil das Pessoas Jurídicas do local de sua sede.
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Errado.
Como regra, a sociedade simples deve ser inscrita no Registro Civil das Pessoas Jurídicas, 
nos termos do art. 998, caput do CC:
Art. 998. Nos trinta dias subsequentes à sua constituição, a sociedade deverá requerer a inscrição 
do contrato social no Registro Civil das Pessoas Jurídicas do local de sua sede.
Contudo, as sociedades cooperativas, embora sempre seja sociedade simples em sentido 
amplo, devem ter o registro feito na Junta Comercial, consoante disciplina o art. 18, § 6º da 
Lei 5.764, de 1971:
Art. 18. (...)
§ 6º Arquivados os documentos na Junta Comercial e feita a respectiva publicação, a cooperativa 
adquire personalidade jurídica, tornando-se apta a funcionar.
O contrato social da sociedade simples deverá conter, além das cláusulas estipuladas pelas 
partes, cláusulas obrigatórias, nos termos do art. 997 do CC:
• nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas natu-
rais, e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas (ou seja, 
tanto as pessoas naturais como as pessoas jurídicas podem ser sócias);
• denominação, objeto, sede e prazo da sociedade;
• capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer 
espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária;
• a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la (ou seja, o capital subs-
crito e a forma que será integralizado);
• as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços;
• as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e atri-
buições (conclusão: pessoa jurídica não poderá administrar a sociedade simples pura);
• a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas (na ausência de cláusula, pre-
sume-se que é na proporção das respectivas quotas – art. 1.007). Lembre-se: será 
nula a estipulação que exclua qualquer sócio de participar dos lucros ou das perdas 
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(art. 1.008 – a denominada cláusula leonina), ressalvado o sócio que contribua exclu-
sivamente com serviços, que somente participará nos lucros na proporção da média do 
valor das quotas (art. 1.007);
• se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente (leia-se: solidariamente — veremos 
mais adiante), pelas obrigações sociais (há controvérsia sobre a possibilidade de limi-
tar a responsabilidade dos sócios e se o termo “subsidiariamente” deve ser lido como 
“solidariamente”).
Além disso, o parágrafo único do art. 997 preceitua que é ineficaz em relação a terceiros
qualquer pacto separado, contrário ao disposto no instrumento do contrato.
Saliento que no âmbito da III Jornada de Direito Civil do CJF se entendeu que o rol de dis-
posições constantes no art. 997 do CC não é exaustivo, podendo haver outras exigências em 
lei especial, para fins de registro:
Enunciado 214. Arts. 997 e 1.054: As indicações contidas no art. 997 não são exaustivas, 
aplicando-se outras exigências contidas na legislação pertinente, para fins de registro.
Caro(a) aluno(a), temos previsão de dois tipos de quóruns para alteração do contrato social 
da sociedade simples: i) como regra, o art. 999 do CC estabelece a maioria absoluta de votos 
(salvo se houver exigência de unanimidade no contrato) para a alteração do contrato social da 
sociedade simples; ii) contudo, para alterar as matérias indicadas no art. 997 será necessário 
consentimento de todos os sócios (ou seja, deliberação unânime):
Art. 997. As modificações do contrato social, que tenham por objeto matéria indicada no 
art. 997, dependem do consentimento de todos os sócios; as demais podem ser decididas por 
maioria absoluta de votos, se o contrato não determinar a necessidade de deliberação unâni-
me. (negritei).
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Questão 4 (VUNESP/2018/TJ-MT/JUIZ) (QUESTÃO ADAPTADA) Em relação à sociedade 
simples, dispõe o Código Civil:
A modificação do contrato social, que tenha por objeto a participação de cada sócio nos lu-
cros e nas perdas, dependem do consentimento da maioria absoluta de sócios, se o contrato 
não determinar a necessidade de deliberação unânime dos votos.
Errado.
A participação de cada sócio nos lucros e nas perdas da sociedade é questão elencada no 
art. 997, VII do CC. Portanto, nos termos do art. 999 do CC, dependerá de decisão unânime (e 
não de maioria absoluta) para a sua aprovação:
Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que, além de 
cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará:
(...)
VII – a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas;
(...)
Art. 999. As modificações do contrato social, que tenham por objeto matéria indicada no art. 997, 
dependem do consentimento de todos os sócios; as demais podem ser decididas por maioria ab-
soluta de votos, se o contrato não determinar a necessidade de deliberação unânime.
Ainda em relação ao capital social, é obrigação do sócio subscrever (compromisso de 
contribuição) parcela do capital social e integralizar (efetivamente aportar) tal parcela na for-
ma e nos prazos ajustados, sob pena de responder perante a sociedade pelo dano emergente 
da mora, caso não efetue o pagamento nos 30 dias seguintes após ser notificado (art. 1.004, 
caput do CC).
Caso o sócio opte por integralizar a sua quota com bem suscetível de avaliação pecu-
niária, responderá por eventual evicção (ou seja, perda da posse ou propriedade por decisão 
judicial), sendo que responderá pela solvência do devedor caso integralize a sua quota parte 
com crédito (art. 1.005 do CC).
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Na sociedade simples pura é possível que o sócio contribua exclusivamente com serviços, 
hipótese em que, salvo cláusula em contrário,não poderá se empregar em atividade estranha 
à sociedade, sob pena de ser privado de seus lucros e dela excluído (art. 1.006 do CC). Confira 
o Enunciado 206 da III Jornada de Direito Civil do CJF:
Enunciado 206. Arts. 981, 983, 997, 1.006, 1.007 e 1.094: A contribuição do sócio exclusi-
vamente em prestação de serviços é permitida nas sociedades cooperativas (art. 1.094, 
I) e nas sociedades simples propriamente ditas (art. 983, 2ª parte).
Sociedade Simples Pura: Administração
A administração da sociedade simples somente pode ser realizada por pessoa natural
(art. 997, VI do CC), que deverá exercer a função com “o cuidado e a diligência que todo homem 
ativo e probo costuma empregar na administração de seus próprios negócios” (art. 1.011, 
caput do CC).
Saliento que o administrador tanto poderá ser sócio como não sócio, uma vez que não há 
exigência nesse sentido.
Em relação à atividade dos administradores, serão aplicadas as disposições concernen-
tes ao mandato, no que couber (art. 1.011, § 2º do CC).
No entanto, nem toda pessoa natural poderá ser administradora. Além das impedidas le-
galmente (estudamos na Aula 01: p. ex., magistrados), o Código Civil veda que pessoas que 
tenham sido condenadas pela prática de algumas modalidades de crimes — enquanto du-
rarem o efeito da condenação — exerçam essa função, nos termos do art. 1.011, § 1º do CC:
Art. 1.011. O administrador da sociedade deverá ter, no exercício de suas funções, o cuidado e a 
diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na administração de seus próprios 
negócios.
§ 1 o Não podem ser administradores, além das pessoas impedidas por lei especial, os condenados
a pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou por crime falimentar, 
de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato; ou contra a economia popular, contra o 
sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa da concorrência, contra as relações de 
consumo, a fé pública ou a propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação.
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O interessante em relação a esse dispositivo legal é que, embora o Código Civil tenha sido 
promulgado em 2002, foram utilizadas algumas terminologias ultrapassadas, que é o caso da 
menção aos crimes de “peita ou suborno”, nomenclaturas que foram originalmente utilizadas 
no Código Criminal do Império de 1830!!!
Nesse sentido, leia-se “peita ou suborno” como a prática dos crimes de corrupção ativa e 
passiva. Esse foi o entendimento consolidado na I Jornada de Direito Civil do CJF ao redigir o 
Enunciado 60:
Enunciado 60. Art. 1.011, § 1º: As expressões “de peita” ou “suborno” do § 1º do art. 1.011 
do novo Código Civil devem ser entendidas como corrupção, ativa ou passiva.
Questão 5 (IBFC/2019/TRF2/JUIZ) (QUESTÃO ADAPTADA) Julgue os itens a seguir e mar-
que a opção correta, considerando o disposto no Código Civil e nos Enunciados das Jornadas 
de Direito Civil.”
As expressões “de peita” ou “suborno” § 1º do art. 1011 do Código Civil brasileiro devem ser 
entendidas como corrupção ativa ou passiva.
Certo.
No âmbito da I Jornada de Direito Civil do CJF o entendimento foi nesse sentido ao se editar 
o Enunciado 60:
Enunciado 60. Art. 1.011, § 1º: As expressões “de peita” ou “suborno” do § 1º do art. 1.011 
do novo Código Civil devem ser entendidas como corrupção, ativa ou passiva.
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Além dessas exigências, devemos notar que a atividade do administrador é considerada 
personalíssima, uma vez que o CC veda a ele “fazer-se substituir no exercício de suas fun-
ções, sendo-lhe facultado, nos limites de seus poderes, constituir mandatários da sociedade, 
especificados no instrumento os atos e operações que poderão praticar” (art. 1.018).
O nome do administrador deverá ser previsto no contrato social, no momento da consti-
tuição da sociedade (art. 997, VI do CC). Contudo, posteriormente poderá haver a nomeação 
de administrador por instrumento em separado.
Tal instrumento em separado deverá ser averbado à margem da inscrição da sociedade, 
sendo que, caso tal pessoa natural pratique atos de gestão antes de ser requerida a averba-
ção, responderá pessoal e solidariamente com a sociedade (art. 1.012 do CC).
Professor, há diferença entre o administrador designado no contrato social e aquele no-
meado posteriormente por instrumento em separado?
Ótima pergunta, caro(a) aluno(a) (rsss)!
Há diferença sim, caso o administrador nomeado no contrato social seja sócio!
Isso porque o art. 1.019, caput, do CC preceitua que “são irrevogáveis os poderes do sócio 
investido na administração por cláusula expressa do contrato social, salvo justa causa, reco-
nhecida judicialmente, a pedido de qualquer dos sócios.”
Ou seja, tal administrador tem os seus poderes muito mais blindados, uma vez que, em 
relação ao administrador que não seja sócio ou que seja nomeado por instrumento em se-
parado (sócio ou não sócio), os poderes a eles conferidos são revogáveis a qualquer tempo
(art. 1.019, parágrafo único do CC).
Tudo bem, professor, entendi a diferença dos administradores (sócios) nomeados ori-
ginalmente no contrato social e aqueles nomeados posteriormente por instrumento em 
separado. Mas e se o contrato social não designar expressamente o nome dos adminis-
tradores?
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Nesse caso, se não houver a designação expressa dos administradores no contrato so-
cial, o art. 1.013 do CC estabelece que a gestão competirá separadamente a cada sócio.
Em tal hipótese, havendo vários administradores separadamente, cada um poderá impug-
nar operação pretendida pelo outro, sendo que a divergência será decidida pelos sócios, por 
maioria de votos (art. 1.013, §1º do CC).
E atenção: o administrador que realizar operações, sabendo ou devendo saber que estava 
agindo em desacordo com a maioria, responderá por perdas e danos perante a sociedade 
(art. 1.013, §2º do CC).
Da mesma forma, caso o contrato social silencie sobre os poderes conferidos ao adminis-
trador, entende-se que eles podem praticar todos os atos pertinentes à gestão da sociedade
(poder geral de administração). Em relação à oneração ou à venda de bens imóveis, se não for 
objeto da sociedade (p. ex., a compra e a venda de imóveis estão inseridas no objeto social 
de uma construtora, mas não de uma concessionária de veículos), tais atos dependerão da 
aprovação da maioria dos sócios.
Nesse sentido, pela teoria da aparência, a princípio presume-se que todos os atos prati-
cados pelos administradores são legítimos e no interesse da sociedade. Assim, como regra, 
a sociedade irá responder pelos atos praticados pelos administradores — mesmo que even-
tualmente sejam praticados com excesso de poder.
Confira a respeito o Enunciado 11 da I Jornada de Direito Comercial do CJF, em que se re-
conhece o princípio da aparência, de forma que, como regra, a sociedade deve se obrigar por 
atos de seus administradores perante terceiros de boa-fé:
Enunciado 11. A regra do art. 1.015, parágrafo único, do Código Civil deve ser aplicada à 
luz da teoria da aparência e do primado da boa-fé objetiva, de modo a prestigiar a segu-
rança do tráfego negocial. As sociedades se obrigam perante terceiros de boa-fé.
No entanto, como exceção, o parágrafo único do art. 1.015 do Código Civil estabelece três 
hipóteses em que o excesso por parte dos administradores pode ser oposto a terceiros (ou 
seja, a sociedade nãoirá responder por esses atos):
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• 1ª hipótese: se a limitação de poderes estiver inscrita ou averbada no registro próprio 
da sociedade (ou seja, há publicização da limitação de poder);
• 2ª hipótese: provando-se que a limitação de poder era conhecida do terceiro (no caso, 
não houve a publicização da limitação, mas se consegue provar que o terceiro tinha 
conhecimento dela); ou
• 3ª hipótese: tratando-se de operação evidentemente estranha aos negócios da socie-
dade. Aqui, estaremos diante da teoria ‘ultra vires’, em que não há limitação expressa 
de poderes por parte da sociedade, mas o negócio jurídico destoa completamente do 
objeto da sociedade.
Em relação à última hipótese, em que se verifica a adoção da teoria ultra vires pelo Código 
Civil, registro que, por conta da insegurança que tal teoria causa há que se ter cautela na sua 
aplicação. Isso porque nem sempre será fácil verificar se determinada matéria colide ou não 
com o objeto social, até porque a doutrina e a jurisprudência reconhecem a existência de po-
deres implícitos dos administradores
Nesse sentido, o Enunciado 219 da III Jornada de Direito Civil do CJF estabelece critérios 
interpretativos para a aplicação da teoria ultra vires (3ª hipótese), inclusive reconhecendo po-
deres implícitos dos administradores para realizar negócios acessórios ou conexos ao objeto 
social:
Enunciado 219. Art. 1.015: Está positivada a teoria ultra vires no Direito brasileiro, com 
as seguintes ressalvas:
(a) o ato ultra vires não produz efeito apenas em relação à sociedade;
(b) sem embargo, a sociedade poderá, por meio de seu órgão deliberativo, ratificá-lo;
(c) o Código Civil amenizou o rigor da teoria ultra vires, admitindo os poderes implí-
citos dos administradores para realizar negócios acessórios ou conexos ao objeto 
social, os quais não constituem operações evidentemente estranhas aos negócios da 
sociedade;
(d) não se aplica o art. 1.015 às sociedades por ações, em virtude da existência de regra 
especial de responsabilidade dos administradores (art. 158, II, Lei n. 6.404/76) (grifos 
nossos).
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No mesmo sentido, registro que o STJ — embora reconheça a adoção da teoria ultra vi-
res pelo Código Civil — tem mitigado sua aplicação, conferindo maior enfoque à boa-fé do 
terceiro:
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO 
ESPECIAL. OBRIGAÇÃO ASSUMIDA PELO PRESIDENTE DA ENTIDADE. AUSÊNCIA DE 
ASSINATURA CONJUNTA DO VICE-PRESIDENTE. PRESTAÇÃO DO SERVIÇO EM FAVOR 
DA PESSOA JURÍDICA NÃO QUESTIONADA. AGENTE “FIFA” CREDENCIADO. RELA-
ÇÃO DIRETA COM O OBJETO SOCIAL DA PESSOA JURÍDICA. BENEFÍCIO DA ENTIDADE 
ESPORTIVA. VALIDADE. POSIÇÃO JURISPRUDENCIAL CONSOLIDADA. INCIDÊNCIA DA 
SÚMULA N. 83/STJ. OBSCURIDADE. AUSÊNCIA.
1. O Superior Tribunal de Justiça tem mitigado os rigores da teoria da ultra vires, mesmo 
após a edição do novo Código Civil, dando prevalência à boa-fé de terceiro, mormente 
nos casos em que a obrigação guarda relação com o objeto social e não se nega a pres-
tação do serviço em benefício da sociedade contratante.
(...)
4. Embargos de declaração rejeitados. (negritei)
[STJ, EDcl no AgRg no AREsp 161495 / RJ, Relator Ministro RICARDO VILLAS BÔAS 
CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 17/12/2013]
De qualquer forma, caso os administradores ajam com culpa, eles responderão solidaria-
mente perante a sociedade e os terceiros prejudicados (art. 1.016 do CC).
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Sociedade Simples Pura: Responsabilidade dos Sócios e dos Ex-Sócios
Em razão de haver dispositivos legais contraditórios, há controvérsia em relação à limita-
ção da responsabilidade dos sócios da sociedade simples pura.
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O entendimento majoritário é que os sócios de tal tipo societário respondem ilimitada-
mente caso os bens sociais não sejam suficientes para cobrirem as dívidas da sociedade, por 
conta do disposto nos arts. 1.023 e 1.024 do CC, que teriam natureza cogente (obrigatória):
Art. 1.023. Se os bens da sociedade não lhe cobrirem as dívidas, respondem os sócios pelo saldo, 
na proporção em que participem das perdas sociais, salvo cláusula de responsabilidade solidária.
Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da sociedade, 
senão depois de executados os bens sociais.
Com base em tal artigo, os sócios responderão de forma ilimitada, porém subsidiariamen-
te à sociedade (ou seja, somente responderão caso o patrimônio social não seja suficiente 
para cobrir as suas dívidas).
Nesse sentido, como regra, cada sócio arcará com as despesas que eventualmente não 
forem pagas pela sociedade na proporção de sua participação na sociedade, salvo se houver 
no contrato social cláusula de responsabilidade solidária.
Contudo, conforme mencionado, existe polêmica a respeito, em virtude de a redação do 
art. 997, VII do CC dar a entender ser possível o contrato social limitar a responsabilidade dos 
sócios:
Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que, além de 
cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará:
(...)
VIII – se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais. (destaquei)
No entanto, a doutrina majoritária, chancelada por decisão do STJ a respeito, entende que 
tal dispositivo deve ser interpretado em conjunto com os arts. 1.023 e 1.024 do CC, no sentido 
de que o inciso VII do art. 997 do CC refere-se à estipulação, ou não, da mencionada cláusula 
de responsabilidade solidária, constante no final do art. 1.023 do CC.
Ou seja, devemos interpretar que o inciso VII do art. 997, na verdade, quis fazer menção à 
referida cláusula, de forma que deve ser lido: VII - se os sócios respondem, ou não, solidaria-
mente (e não subsidiariamente, como consta redigido), pelas obrigações sociais.
O Enunciado 61 da I Jornada de Direito Civil do CJF encampa esse entendimento, confira:
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Enunciado 61. Art. 1.023: O termo “subsidiariamente” constante do inc. VIII do art. 997 
do Código Civil deverá ser substituído por “solidariamente” a fim de compatibilizar esse 
dispositivo com o art. 1.023 do mesmo Código.
Também entendendo que a responsabilidade dos sócios da sociedade simples é ilimitada, 
confira excerto de decisão constante no Informativo 468, de 2011, do STJ:
RESPONSABILIDADE. SÓCIOS. SOCIEDADE SIMPLES. NEGÓCIO JURÍDICO. PROVA TES-
TEMUNHAL.
In casu, a sociedade empresária recorrida ajuizou, na origem, ação de cobrança e res-
sarcimento em desfavor das recorrentes sob a alegação de que o contrato de prestação 
de serviços celebrado com a sociedade civil da qual elas eram sócias — extinta pelo 
decurso do prazo — não foi cumprido. Esse contrato previa a elaboração pela recorrida 
do marketing do texto que seria entregue ao comitê olímpico quando da apresentação 
da candidatura de cidade brasileira para sediar os jogos olímpicos de 2004. Nos recur-
sos especiais, as sócias sustentaram, entre outras questões, sua ilegitimidade passiva 
ad causam, a irregularidade da desconsideraçãoda personalidade jurídica e a impossi-
bilidade de se comprovar a prestação do serviço por prova exclusivamente testemunhal. 
Nesse contexto, a Turma negou-lhes provimento por entender que, nas sociedades cuja 
responsabilidade dos sócios é ilimitada — como na hipótese, em que se trata de socie-
dade simples —, uma vez exaurido o patrimônio da pessoa jurídica, não é necessário 
desconsiderar sua personalidade para que se atinjam os bens dos sócios, conforme o 
art. 1.023 do CC/2002, o que evidencia a legitimidade das recorrentes para figurar na 
demanda. Ressaltou-se ainda que a vedação para utilizar prova exclusivamente teste-
munhal descrita nos arts. 401 do CPC e 227 do CC/2002 restringe-se à demonstração da 
existência do negócio jurídico em si, não alcançando a verificação dos fatos e circuns-
tâncias atinentes ao contrato. Precedente citado: EREsp 263.387-PE, DJ 17/3/2003. 
REsp 895.792-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 7/4/2011.
[STJ, Informativo n. 0468, 28 de março a 8 de abril de 2011]
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Contudo, registro que há divergência no âmbito das próprias Jornadas de Direito Civil, uma 
vez que na V Jornada de Direito Civil do CJF foram editados os Enunciados 474 e 479, reco-
nhecendo a possibilidade de limitação de responsabilidade dos sócios da sociedade simples:
Enunciado 474. Arts. 981 e 983: Os profissionais liberais podem organizar-se sob a 
forma de sociedade simples, convencionando a responsabilidade limitada dos sócios 
por dívidas da sociedade, a despeito da responsabilidade ilimitada por atos praticados 
no exercício da profissão.
Enunciado 479. Art. 997, VII: Na sociedade simples pura (art. 983, parte final, do CC/2002), 
a responsabilidade dos sócios depende de previsão contratual. Em caso de omissão, 
será ilimitada e subsidiária, conforme o disposto nos arts. 1.023 e 1.024 do CC/2002. 
(negritei)
DICA
Em suma, caro(a) aluno(a), há polêmica a respeito. Assim, não 
é uma questão muito própria para cair em prova objetiva. De 
qualquer maneira, pode ser cobrada em prova discursiva ou 
oral, de forma que o mais importante é você expor que há di-
vergência, mas sobretudo argumentar qual o posicionamento 
acha mais apropriado (possibilidade ou não de se limitar a 
responsabilidade dos sócios na sociedade simples pura).
Questão 6 (IBFC/2019/TRF2/JUIZ) Julgue os itens a seguir e marque a opção correta, con-
siderando o disposto no Código Civil e nos Enunciados das Jornadas de Direito Civil.
O termo “subsidiariamente” constante do inciso VIII, art. 997, do Código Civil brasileiro deverá 
ser substituído por “solidariamente” a fim de compatibilizar esse dispositivo com o art. 1023 
do mesmo Código.
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Certo.
Esse é o entendimento firmado na I Jornada de Direito Civil, em que se deliberou pela edição 
do Enunciado 61:
Enunciado 61. Art. 1.023: O termo “subsidiariamente” constante do inc. VIII do art. 997 
do Código Civil deverá ser substituído por “solidariamente” a fim de compatibilizar esse 
dispositivo com o art. 1.023 do mesmo Código.
Sociedade Simples: Penhora dos Lucros e Quotas dos Sócios
Em relação a eventuais dívidas do sócio, o art. 1.026 do CC permite expressamente que o 
credor adote duas atitudes:
• penhorar parte dos lucros que cabe ao sócio devedor;
• penhorar a própria participação que caberia ao sócio devedor no caso de liquidação.
Confira a redação do art. 1.026:
Art. 1.026. O credor particular de sócio pode, na insuficiência de outros bens do devedor, fazer 
recair a execução sobre o que a este couber nos lucros da sociedade, ou na parte que lhe tocar em 
liquidação.
Parágrafo único. Se a sociedade não estiver dissolvida, pode o credor requerer a liqui-
dação da quota do devedor, cujo valor, apurado na forma do art. 1.031, será depositado em 
dinheiro, no juízo da execução, até noventa dias após aquela liquidação.
Muito importante: a escolha entre essas duas medidas deverá ser orientada pelos princí-
pios da menor onerosidade e da função social da empresa, conforme entendimento materia-
lizado no Enunciado 387 da IV Jornada de Direito Civil do CJF:
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Enunciado 387. A opção entre fazer a execução recair sobre o que ao sócio couber no 
lucro da sociedade ou sobre a parte que lhe tocar em dissolução orienta-se pelos prin-
cípios da menor onerosidade e da função social da empresa.
Sociedade Simples Pura: Resolução da Sociedade em Relação a Um Sócio
O Código Civil estabelece hipóteses em que o sócio poderá ter a quota liquidada, o que 
a doutrina também chama de dissolução parcial da sociedade (há autores que preferem a 
nomenclatura adotada pelo CC — “resolução”, pois quando sai um sócio não propriamente 
dissolução).
A primeira possibilidade diz respeito à morte de um dos sócios. Como regra, a quota po-
derá ser liquidada, salvo: i) se o contrato dispuser diferentemente; ii) se os sócios remanes-
centes optarem pela dissolução da sociedade (ou seja, haverá a dissolução total); iii) se, por 
acordo com os herdeiros, regular-se a substituição do sócio falecido.
Além disso, qualquer sócio pode retirar-se da sociedade exercendo o seu direito de reti-
rada (também conhecido como direito de recesso) nos seguintes termos (art. 1.029 do CC):
• se de prazo indeterminado, mediante notificação aos demais sócios, com antecedência 
mínima de sessenta dias (o entendimento do STJ é que se trata de direito potestativo, 
sem necessidade de justificativa);
• se de prazo determinado, provando judicialmente justa causa (atenção: demandará 
procedimento judicial em que se terá que provar justa causa);
• outras hipóteses previstas no contrato social ou em lei.
No entanto, os demais sócios também podem tomar a iniciativa para efetivar a exclusão 
de algum dos sócios nos seguintes termos:
• sócio remisso: os sócios que não realizarem as contribuições estabelecidas no con-
trato social (integralizar o capital social) após trinta dias de notificação a ser feita pela 
sociedade poderão ser excluídos, caso assim decidam a maioria dos demais sócios 
(art. 1.004, parágrafo único);
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• falta grave no cumprimento da obrigação ou incapacidade superveniente: pode o sócio 
ser excluído judicialmente, mediante iniciativa da maioria dos demais sócios, por falta 
grave no cumprimento de suas obrigações (p. ex., grave inadimplência de obrigação 
social), ou, ainda, por incapacidade superveniente (art. 1.030);
• falido ou sócio que teve a sua quota parte executada: será de pleno direito excluído da 
sociedade, ou seja, sem necessidade de decisão judicial, o sócio declarado falido, ou 
aquele cuja quota tenha sido liquidada (art. 1.030, parágrafo único).
Alguns pontos merecem destaque em relação à exclusão de sócios da sociedade simples.
O primeiro deles é que não só os sócios minoritários, mas também o sócio majoritário 
pode ser excluído judicialmente, caso se comprove ter ele cometido falta grave no cumpri-
mento de suas obrigações. Isso porque, nos termos do art. 1.030, a maioria exigida para a 
iniciativa será extraída a partir da participação dos “demais sócios”. Confira:
Art. 1.030. Ressalvado o disposto no art. 1.004 e seu parágrafo único, pode o sócio ser excluído
judicialmente, mediante iniciativada maioria dos demais sócios, por falta grave no cumprimento de 
suas obrigações, ou, ainda, por incapacidade superveniente.
Parágrafo único. Será de pleno direito excluído da sociedade o sócio declarado falido, ou aquele 
cuja quota tenha sido liquidada nos termos do parágrafo único do art. 1.026.
É o que se extrai do Enunciado 216 da 3ª Jornada de Direito Civil do CJF:
Enunciado 216. Arts. 999, 1.004 e 1.030: O quórum de deliberação previsto no art. 1.004, 
parágrafo único, e no art. 1.030 é de maioria absoluta do capital representado pelas 
quotas dos demais sócios, consoante a regra geral fixada no art. 999 para as delibe-
rações na sociedade simples. Esse entendimento aplica-se ao art. 1.058 em caso de 
exclusão de sócio remisso ou redução do valor de sua quota ao montante já integrali-
zado. (grifos nossos)
Esse também é o entendimento do STJ, conforme se depreende de excerto de decisão 
reproduzida no Informativo 616, de 17/01/2018:
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Processo
REsp 1.653.421-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por unanimidade, julgado em 
10/10/2017, DJe 13/11/2017
Ramo
DIREITO EMPRESARIAL
Tema
Sociedade limitada. Ação de dissolução parcial. Sócio majoritário. Prática de falta grave. 
Exclusão. Iniciativa dos sócios minoritários. Dispensa da maioria de capital social. Pos-
sibilidade.
Destaque
O quórum deliberativo para exclusão judicial do sócio majoritário por falta grave no cum-
primento de suas obrigações deve levar em conta a maioria do capital social de socie-
dade limitada, excluindo-se do cálculo o sócio que se pretende jubilar.
Informações do Inteiro Teor
Trata-se, na origem, de ação de dissolução parcial de sociedade limitada proposta pelo 
espólio do sócio falecido, em que se alega a quebra da affectio societatis e a prática de 
concorrência desleal pelo sócio administrador. Na hipótese analisada, não há discussão 
a respeito da efetiva quebra da affectio societatis, girando a controvérsia apenas quanto 
à necessidade de interpretação do art. 1.030 do CC/02 de forma conjunta ao art. 1.085 
do mesmo diploma legal, exigindo-se, portanto, a iniciativa dos sócios detentores da 
maioria do capital social para a exclusão por falta grave. Sobre o tema cumpre salien-
tar que, nos termos do Enunciado n. 216/CJF, aprovado na III Jornada de Direito Civil, “o 
quórum de deliberação previsto no art. 1.004, parágrafo único, e no art. 1.030 é de maio-
ria absoluta do capital representado pelas quotas dos demais sócios, consoante a regra 
geral fixada no art. 999 para as deliberações na sociedade simples”. Segundo a dou-
trina, “a maioria será computada excluindo-se do cálculo o sócio que se pretende jubilar. 
Se o sócio a ser excluído detém a maioria do capital social da sociedade, a sua exclu-
são poderá, em tese, se dar por decisão dos sócios restantes, ou seja, por decisão dos 
sócios minoritários”. Frise-se que interpretação diversa redundaria na impossibilidade 
de exclusão judicial do quotista majoritário, por mais nocivos que fossem os seus atos 
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em relação aos interesses e objetivos da sociedade, o que, em determinados aspectos, 
não se coaduna com o princípio da preservação da empresa. Assim, o caput do art. 1.030 
do Código Civil, ao dispor que a exclusão judicial de sócio majoritário por falta grave é de 
“iniciativa da maioria dos demais sócios”, determina que apenas as quotas dos sócios 
minoritários sejam consideradas, excluídas aquelas pertencentes ao sócio que se pre-
tende excluir. Desse modo, na exclusão judicial de sócio em virtude da prática de falta 
grave não incide a condicionante prevista no art. 1.085 do CC/02, somente aplicável na 
hipótese de exclusão extrajudicial de sócio por deliberação da maioria representativa 
de mais da metade do capital social, mediante alteração do contrato social. (destaquei)
[STJ, Informativo 616, de 17/011/2018]
No que diz respeito ao sócio que teve a sua quota parte executada, também chamado de 
sócio insolvente, cabe citar o Enunciado 481 da V Jornada de Direito Civil, que reforça o fato 
de ele ser excluído da sociedade de pleno direito, ou seja, sem necessidade de intervenção 
judicial:
Enunciado 481. O insolvente civil fica de pleno direito excluído das sociedades contra-
tuais das quais seja sócio.
É importante destacar em relação à retirada (direito de recesso), exclusão ou morte do 
sócio, a responsabilidade remanescente por 2 anos, nos termos do art. 1.032 do CC:
Art. 1.032. A retirada, exclusão ou morte do sócio, não o exime, ou a seus herdeiros, da responsabi-
lidade pelas obrigações sociais anteriores, até dois anos após averbada a resolução da sociedade; 
nem nos dois primeiros casos, pelas posteriores e em igual prazo, enquanto não se requerer a 
averbação.
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Por oportuno, registro que o Código de Processo Civil estabelece procedimento específico 
para a resolução da sociedade em relação a um dos sócios (Da Ação de Dissolução Parcial – 
arts. 599 a 609 do CPC).
sociedAde limitAdA
A sociedade limitada é, sem dúvida, o tipo societário mais adotado no Brasil, representan-
do aproximadamente 90% das sociedades existentes.
Isso porque, além de limitar a responsabilidade dos sócios, apresenta a característica da 
contratualidade, que confere maior liberdade aos sócios de moldá-la aos seus interesses e 
objetivos por meio do contrato social.
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A contratualidade da sociedade limitada, que permite aos sócios maior liberdade para es-
truturá-la de acordo com seus interesses, difere da institucionalidade das sociedades por 
ações (cujas espécies são a sociedade anônima e a sociedade em comandita por ações) que 
são mais rígidas por natureza em razão do grande detalhamento da estruturação imposta 
pela LSA.
Atualmente, a sociedade limitada é disciplinada pelo Código Civil no Capítulo IV (Da Socie-
dade Limitada), composto por 36 artigos. Anteriormente, a sua regulação era feita por norma 
especial — o Decreto 3.708, de 1919, sendo chamada de “sociedade por quotas de responsa-
bilidade limitada” e regulada por enxutos 19 artigos. Registro que os comercialistas entendem 
que tal regulação mais enxuta dava maior liberdade aos sócios de moldá-la “ao seu gosto” 
(ou seja, menos era mais...).
Importante saber, caro(a) aluno(a), que, caso o Capítulo IV apresente lacuna na regulação 
da sociedade limitada, o Código Civil estabelece, como regra, a aplicação subsidiária das nor-
mas da sociedade simples (art. 1.053 do CC).
Contudo, o contrato social poderá prever a regência supletiva da sociedade limitada pelas 
normas da sociedade anônima (art. 1053, parágrafo único). É interessante anotar que, quan-
do adotada essa opção, Fábio Ulhoa Coelho nomina esse subtipo de sociedade limitada de 
vínculo estável — por conta sobretudo do maior rigor na retirada dos sócios sem justa causa 
— ao passo que chama de sociedade limitada de vínculo instável a que é regida subsidiaria-
mente pela sociedade simples.
Questão 7 (VUNESP/2016/TJ-RJ/JUIZ) A sociedade limitada rege-se pelas disposições do 
Código Civil, e nas omissões deste, não havendo previsão no contrato social acerca da regên-
cia supletiva, pelas normas aplicáveis à sociedade
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