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1 Aula I (OBS: TRATA-SE DE SIMPLES MATERIAL DE APOIO, QUE NÃO ESGOSTA A MATÉRIA E NÃO DISPENSA ANOTAÇÕES EM SALA DE AULA, SENDO IMPRESCINDÍVEL A LEITURA DO CÓDIGO CIVIL, DA DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA.) Professora Christiane C. Marcellos (PROIBIDA REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL SEM AUTORIZAÇÃO) DA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA Sucessão testamentária ( também chamada de voluntária) : é aquela governada pela vontade do autor da herança ; aquela em que o autor da herança realiza sua disposição de última vontade. OBS: A sucessão testamentária não exclui a sucessão legítima, o autor da herança pode ter as duas. Objeto (art. 1827): questões patrimoniais (herança/legado) e disposições de caráter não patrimonial (reconhecimento de filho, conf. art. 1609,III; as disposições sobre o próprio corpo do testador, conf. Art. 14; disposições sobre funeral, sepultura e atos religiosos, conf. art. 1998; nomeação de tutor para filhos menores, conf. arts. 1634, IV e 1729, parágrafo único; revogação de testamento anterior, conf. 1969; nomeação de testamenteiro, conf. 1976; reabilitação do indigno, conf. 1818; criação de fundação, conf. 62 etc. Testamento: corresponde ao negócio jurídico personalíssimo, solene, revogável, gratuito e condicional, por meio do qual alguém realiza disposições para valerem após sua morte. Capacidade para testar: Art. 1.860. Além dos incapazes, não podem testar os que, no ato de fazê-lo, não tiverem pleno discernimento. Parágrafo único. Podem testar os maiores de dezesseis anos. Art. 1.861. A incapacidade superveniente do testador não invalida o testamento, nem o testamento do incapaz se valida com a superveniência da capacidade. 2 Da Vocação Hereditária Sucessão legítima e testamentária Sucessão testamentária Art. 1.798. Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão. Art. 1.799. Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder: I - os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão; II - as pessoas jurídicas; III - as pessoas jurídicas, cuja organização for determinada pelo testador sob a forma de fundação. PROLE EVENTUAL: herdeiro esperado, art. 1799. *Bens da prole eventual: Art. 1.800. No caso do inciso I do artigo antecedente, os bens da herança serão confiados, após a liquidação ou partilha, a curador nomeado pelo juiz. *Prazo para nascimento: art. 1800, § 4 o Se, decorridos dois anos após a abertura da sucessão, não for concebido o herdeiro esperado, os bens reservados, salvo disposição em contrário do testador, caberão aos herdeiros legítimos. *Nascimento com vida: art. 1800, § 3 o Nascendo com vida o herdeiro esperado, ser-lhe-á deferida a sucessão, com os frutos e rendimentos relativos à deixa, a partir da morte do testador. Art. 1.801. Não podem ser nomeados herdeiros nem legatários: I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos; II - as testemunhas do testamento; III - o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de fato do cônjuge há mais de cinco anos; IV - o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem se fizer, assim como o que fizer ou aprovar o testamento. Art. 1.802. São nulas as disposições testamentárias em favor de pessoas não legitimadas a suceder, ainda quando simuladas sob a forma de contrato oneroso, ou feitas mediante interposta pessoa. Parágrafo único. Presumem-se pessoas interpostas os ascendentes, os descendentes, os irmãos e o cônjuge ou companheiro do não legitimado a suceder. Art. 1.803. É lícita a deixa ao filho do concubino, quando também o for do testador. 3 FORMAS DE TESTAMENTO Ordinária Especial Testamento de forma ordinária: é aquele redigido em circunstâncias normais (art. 1862) : I - o público; II - o cerrado; III - o particular. Testamento de forma especial: são redigidos em face de circunstâncias que impedem o testador de realizar sua vontade de forma regular ou ordinária (Art. 1.886): I - o marítimo; II - o aeronáutico; III - o militar. FORMAS ORDINÁRIAS DE TESTAMENTO TESTAMENTO PÚBLICO art. 1864 CERRADO (secreto ou místico) Art. 1868 PARTICULAR (hológrafo) Art. 1876 - Conceito: é aquele em que o testador verbaliza sua vontade para o tabelião, com subscrição em livro próprio, na presença de 2 (duas) testemunhas. - Característica: unidade de ato (deve ter início e fim no mesmo ato) - Verbalização da vontade: não se admite pré-escrito, pode levar uma anotação, mas tem que verbalizar, pode ser anulado se este fato for levado pelas testemunhas em juízo) Testamento Cerrado (1868) : é aquele em escrito pelo testador, ou por outra pessoa, a seu rogo, e por aquele assinado, será válido se aprovado pelo tabelião ou seu substituto legal. Testamento particular (art. 1876) : é aquele redigido exclusivamente pelo testador ou alguém a seu rogo, cuja validade dependerá de sua leitura posterior perante 3 (três) testemunhas. É a forma menos segura de testar, porque depende da confirmação das testemunhas em juízo. Escritura pública - manual ou mecanicamente Art. 1864. Parágrafo único. O testamento público pode ser escrito manualmente ou mecanicamente, bem como ser feito pela inserção da declaração de vontade em partes impressas de livro de notas, desde que rubricadas Escrito em caráter sigiloso (só o testador conhece seu conteúdo) - escrito pelo próprio testador ou a rogo (cuidado: deve ser assinado apenas pelo testador) -manual ou mecanicamente. Art. 1.868. O testamento escrito pelo testador, ou por Escrito de próprio punho ou mecanicamente (sem espaços/rasuras) Art. 1.876. O testamento particular pode ser escrito de próprio punho ou mediante processo mecânico. § 1 o Se escrito de próprio punho, são requisitos essenciais à sua validade seja lido e assinado por quem o escreveu, na presença de pelo menos três 4 todas as páginas pelo testador, se mais de uma. outra pessoa, a seu rogo, e por aquele assinado, será válido se aprovado pelo tabelião ou seu substituto legal, observadas as seguintes formalidades: I - que o testador o entregue ao tabelião em presença de duas testemunhas; II - que o testador declare que aquele é o seu testamento e quer que seja aprovado; III - que o tabelião lavre, desde logo, o auto de aprovação, na presença de duas testemunhas, e o leia, em seguida, ao testador e testemunhas; IV - que o auto de aprovação seja assinado pelo tabelião, pelas testemunhas e pelo testador. Parágrafo único. O testamento cerrado pode ser escrito mecanicamente, desde que seu subscritor numere e autentique, com a sua assinatura, todas as paginas. -É entregue ao tabelião perante as testemunhas somente para a lavratura do auto de aprovação, bem como para cerrar (fechar) e coser (costurar/manter fechado) Art. 1.869. O tabelião deve começar o auto de aprovação imediatamente depois da última palavra do testador, declarando, sob sua fé, que o testador lhe entregou para ser aprovado na presença das testemunhas; passando a cerrar e coser o instrumento aprovado. Parágrafo único. Se não houver testemunhas, que o devem subscrever. § 2 o Se elaborado por processo mecânico, não pode conter rasuras ou espaços em branco, devendo ser assinado pelo testador, depois de o ter lido na presença de pelo menos três testemunhas, que o subscreverão. 5 espaço na última folha do testamento, para in Língua nacional Nacional ou estrangeira Língua nacional e estrangeira(art. 1880) Art. 1.880. O testamento particular pode ser escrito em língua estrangeira, contanto que as testemunhas a compreendam. 2 testemunhas 2 testemunhas Obs: as testemunhas não precisam conhecer o idioma 3 testemunhas Obs: as testemunhas precisam conhecer o idioma Art. 1.878. Se as testemunhas forem contestes sobre o fato da disposição, ou, ao menos, sobre a sua leitura perante elas, e se reconhecerem as próprias assinaturas, assim como a do testador, o testamento será confirmado. Parágrafo único. Se faltarem testemunhas, por morte ou ausência, e se pelo menos uma delas o reconhecer, o testamento poderá ser confirmado, se, a critério do juiz, houver prova suficiente de sua veracidade. Não podem: Mudos e surdos-mudos não podem Não podem: analfabetos (CC, 1872), cego Art. 1.872. Não pode dispor de seus bens em testamento cerrado quem não saiba ou não possa ler. Não podem: cego, o analfabeto e os incapacitados de escrever. Podem testar: Surdos (que não sejam mudos), os alfabetizados e os analfabetos Art. 1.865. Se o testador não souber, ou não puder assinar, o tabelião ou seu substituto legal assim o declarará, assinando, neste caso, pelo testador, e, a seu rogo, uma das testemunhas instrumentárias. Art. 1.873. Pode fazer testamento cerrado o surdo- mudo, contanto que o escreva todo, e o assine de sua mão, e que, ao entregá-lo ao oficial público, ante as duas testemunhas, escreva, na face externa do papel ou do envoltório, que aquele é o seu testamento, cuja aprovação lhe pede. Pode testar: quem sabe ler e escrever 6 Art. 1.866. O indivíduo inteiramente surdo, sabendo ler, lerá o seu testamento, e, se não o souber, designará quem o leia em seu lugar, presentes as testemunhas. Cego – art. 1867 (única forma) Art. 1.867. Ao cego só se permite o testamento público, que lhe será lido, em voz alta, duas vezes, uma pelo tabelião ou por seu substituto legal, e a outra por uma das testemunhas, designada pelo testador, fazendo-se de tudo circunstanciada menção no testamento. É a forma mais segura Não é usual. Possui grande fragilidade quanto a vícios externos, pois deve ser conservado em sua integralidade. A deterioração por qualquer meio, como a umidade, calor excessivo, violação do lacre invalidam o testamento. É a forma menos segura, pois depende da confirmação das testemunhas em juízo. (Obs: basta uma testemunha, se for convincente) Art. 1.864. São requisitos essenciais do testamento público: I - ser escrito por tabelião ou por seu substituto legal em seu livro de notas, de acordo com as declarações do testador, podendo este servir-se de minuta, notas ou apontamentos; II - lavrado o instrumento, ser lido em voz alta pelo tabelião ao testador e a duas testemunhas, a um Art. 1.874. Depois de aprovado e cerrado, será o testamento entregue ao testador, e o tabelião lançará, no seu livro, nota do lugar, dia, mês e ano em que o testamento foi aprovado e entregue. Art. 1.875. Falecido o testador, o testamento será apresentado ao juiz, que o abrirá e o fará registrar, ordenando seja cumprido, se não achar vício externo que o torne eivado de nulidade ou suspeito de falsidade. Testamento de emergência= Testamento hológrafo simplificado (art. 1879) Art. 1.879. Em circunstâncias excepcionais declaradas na cédula, o testamento particular de próprio punho e assinado pelo testador, sem testemunhas, poderá ser confirmado, a critério do juiz. Enunciado 611 da VII Jornada de Direito Civil (CJF): O testamento hológrafo simplificado, previsto no art. 1.879 do Código Civil, perderá sua eficácia se, nos 90 7 só tempo; ou pelo testador, se o quiser, na presença destas e do oficial; III - ser o instrumento, em seguida à leitura, assinado pelo testador, pelas testemunhas e pelo tabelião. Parágrafo único. O testamento público pode ser escrito manualmente ou mecanicamente, bem como ser feito pela inserção da declaração de vontade em partes impressas de livro de notas, desde que rubricadas todas as páginas pelo testador, se mais de uma. dias subsequentes ao fim das circunstâncias excepcionais que autorizaram a sua confecção, o disponente, podendo fazê-lo, não testar por uma das formas testamentárias ordinárias. Ou seja, caducará o testamento se o testador não morrer e nem declarar sua vontade na forma ordinária nos 90 dias subsequentes do fim da situação emergencial. Ex. testando em meio a enchente, incêndio, local isolado, perdido. TESTAMENTO CERRADO Imagem: site anoreg, http://ceraparalacre.com.br/wp-content/uploads/2016/09/lacre-para-testamento- cerrado.jpg, acesso em 18/08/2020 http://ceraparalacre.com.br/wp-content/uploads/2016/09/lacre-para-testamento-cerrado.jpg http://ceraparalacre.com.br/wp-content/uploads/2016/09/lacre-para-testamento-cerrado.jpg 8 Link da imagem: http://fm.cartorios.net/plugins/filemanager/files//canarana/1o_testamento.jpg, acesso em 18/08/2020) FORMAS ESPECIAIS DE TESTAMENTO MARÍTIMO AERONÁUTICO MILITAR Forma: que corresponda ao testamento público ou ao cerrado. Forma: que corresponda ao testamento público ou ao cerrado Forma: correspondente ao testamento público (CC, art. 1893), testamento cerrado (art. 1894) e a nuncupativa ( art. 1896). - O testamento militar admite a espécie nuncupativa, ou seja “in extremis” quando o militar ferido, agonizante, confia sua vontade oralmente a duas testemunhas. Depois as testemunhas terão que escrever o que ouviram e entregar o documento ao comandante do batalhão Pode ser feito por passageiros e tripulantes, estando o testador em viagem, a bordo de navio nacional, de guerra ou mercante, diante do surgimento de algums risco de vida. Viagem em aeronave Feito por militares, médicos, engenheiros, padres, repórteres, reféns e prisioneiros em época de guerra, em combate ou em cidades cercadas (1.893). É destinado a militares e demais pessoas a serviço das Forças Armadas em http://fm.cartorios.net/plugins/filemanager/files/canarana/1o_testamento.jpg 9 campanha, dentro do País ou fora dele, assim como em praça sitiada, ou que esteja de comunicações interrompidas Atua como tabelião o comandante do navio Atua como tabelião o comandante da aeronave Não havendo tabelião, será escrito pelo comandante, - Se o testador pertencer a corpo ou seção de corpo destacado, o testamento será escrito pelo respectivo comandante, ainda que de graduação ou posto inferior. - Se o testador estiver em tratamento em hospital, o testamento será escrito pelo respectivo oficial de saúde, ou pelo diretor do estabelecimento. - Se o testador for o oficial mais graduado, o testamento será escrito por aquele que o substituir. - Se o testador souber escrever, poderá fazer o testamento de seu punho, contanto que o date e assine por extenso, e o apresente aberto ou cerrado, na presença de duas testemunhas ao auditor, ou ao oficial de patente, que lhe faça as vezes neste mister. 2 testemunhas 2 testemunhas 2, ou 3 testemunhas, se o testador não puder, ou não souber assinar, caso em que assinará por ele uma delas. Registro no diário de bordo Registro no diário de bordo Guarda é atribuída ao comandante, que o entregará às autoridades administrativas do primeiro porto, contra recibo Guarda é atribuída ao comandante, que o entregará às autoridades administrativas do primeiro aeroporto nacional, contra O auditor, ou o oficial a quem o testamento se apresente notará, em qualquer parte dele, lugar, dia, mês e ano, em que lhe 10 averbado no diário de bordo.recibo averbado no diário de bordo. for apresentado, nota esta que será assinada por ele e pelas testemunhas. Caducará o testamento marítimo se o testador não morrer na viagem, nem nos noventa dias subseqüentes ao seu desembarque em terra, onde possa fazer, na forma ordinária, outro testamento. Caducará o testamento aeronáutico, se o testador não morrer na viagem, nem nos noventa dias subseqüentes ao seu desembarque em terra, onde possa fazer, na forma ordinária, outro testamento. Caducará após noventa dias em que o testador já estiver em lugar seguro, onde possa testar de forma ordinária (art. 1895) e não terá efeito se o testador não morrer na guerra ou convalescer do ferimento (art. 1896, parágrafo único). Não valerá o testamento marítimo, ainda que feito no curso de uma viagem, se, ao tempo em que se fez, o navio estava em porto onde o testador pudesse desembarcar e testar na forma ordinária. Codicilo – art. 1881 Ato de última vontade, algo de pequeno valor; Instrumento particular escrito pelo testador, por ele datado e assinado; Não se exige assinatura de testemunha Pode ser ato autônomo ou complementar de testamento Art. 1.881. Toda pessoa capaz de testar poderá, mediante escrito particular seu, datado e assinado, fazer disposições especiais sobre o seu enterro, sobre esmolas de pouca monta a certas e determinadas pessoas, ou, indeterminadamente, aos pobres de certo lugar, assim como legar móveis, roupas ou jóias, de pouco valor, de seu uso pessoal. Finalidade: disposições sobre enterro, esmolas de pouca monta, legar móveis, roupas, joias de pouco valor; nomear e substituir testamenteiro; reabilitar indigno; destinar verbas para o sufrágio de sua alma; reconhecer filho havido fora do casamento (art. 1609,II) Objeto: bens e valor de pequeno valor Revogação: Outro codicilo; testamento posterior, sem confirmação do codicilo (revogação tácita); testamento revoga codicilo (codicilo não revoga testamento). Art. 1.884. Os atos previstos nos artigos antecedentes revogam-se por atos iguais, e consideram-se revogados, se, havendo testamento posterior, de qualquer natureza, este os não confirmar ou 11 modificar. Art. 1.885. Se estiver fechado o codicilo, abrir-se-á do mesmo modo que o testamento cerrado. (Fonte: Parte integrante do Livro Tabelionato de Notas (Coleção Cartórios, Coord. Christiano Cassettari). Ferreira, Paulo Roberto Gaiger; Rodrigues, Felipe Leonardo. São Paulo: Editora Saraiva, 2013, extraído do site https://www.26notas.com.br/blog/wp- content/uploads/2013/06/Minutas-para-estudo_Livro-Tabelionato-de-Notas_2013-v2.pdf, acesso em 19q08/2019) MODELO DE - Testamento ESCRITURA DE TESTAMENTO (com herdeiros necessários) S A I B A M todos os que virem esta escritura pública que aos XX dias do mês de XX do ano de XX(XX/XX/XXXX), às XX horas e XX minutos, nesta cidade de XX, Estado de XX, República Federativa do Brasil, no XXº Tabelionato de Notas de XX, instalado à Praça, perante mim, XXXXXXX, tabelião, e das duas testemunhas adiante nomeadas e no final assinadas, comparece como testadora JOSEFA SILVA, que também é conhecida e se assina JOZEFA SILVA, portuguesa, viúva, do lar, portadora da cédula de identidade RNE nº XXXXXXX/DPMAF/DPF, inscrita no CPFMF sob nº XXXXXXX, domiciliada e residente nesta Capital, na Av. Dr. Melo, 67. Juntamente com as testemunhas, reconheço a identidade da presente e sua capacidade para o ato. E na presença destas testemunhas expressamente convocadas para este ato pela testadora, JOSEFA SILVA, que está em seus perfeitos juízos e discernimento, claro entendimento e livre de toda e qualquer coação, sugestão ou induzimento, segundo o meu parecer e o das aludidas testemunhas, do que dou fé, me diz que faz o seu testamento declarando o seguinte: I) É natural de Areal, Conselho, Portugal, onde nasceu ao primeiro dia do mês de julho do ano de um mil e novecentos e trinta e nove (01/07/1939); II) É filha de José Silva e Maria Silva, ambos já falecidos; III) Foi casada pelo regime da comunhão universal de bens com José Santos, falecido em 9 de fevereiro de 2002; IV) De seu casamento teve os seguintes filhos: João Santos e Carlos Santos; V) Ela testadora, por ocasião de sua morte, com fundamento no artigo 2.014 do Código Civil, quer e determina o seguinte: a) Determina que os seus dois filhos fiquem com partes rigorosamente iguais de seus bens; b) Fique pertencendo para o seu filho, João Santos, 50% (cinquenta por cento) da parte que ela testadora possuí dos imóveis situados à Rua Vale, 1288, e na Travessa, 47, ambos nesta Capital; c) Fique pertencendo para o seu neto, José Santos Neto, 50% (cinquenta por cento) da parte da nua-propriedade que ela testadora possuí dos imóveis situados à Rua Vale, 933, e na Travessa, 47, ambos nesta Capital, reservando o usufruto vitalício destes dois imóveis, em relação exclusivamente a este quinhão do neto, para o seu filho, João Santos; d) De sua parte disponível, com fundamento nos artigos 803 e seguintes, determina e constitui renda vitalícia, a favor de sua irmã, Maria Pereira, no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais) mensais que devem ser pagos com os recursos oriundos de suas contas correntes e investimentos bancários na data de seu falecimento, por seus herdeiros legais, instituindo o testamenteiro como curador desta obrigação; VI) Nomeia para sua testamenteira, Alice Silva, brasileira, solteira, advogada, portadora da cédula de identidade RG nº XXXXXXX-SSP/SP e inscrita no CPF/MF nº XXXXXXX, residente e domiciliada nesta Capital, na Praça, 27, fixando a vintena em 5% (cinco por cento) do valor da herança, e dando-a por abonada em juízo e fora dele. E por este modo tem por feito o seu testamento, o qual considera bom, firme e valioso, revogando desde já em todos os seus termos, qualquer outro anteriormente feito. Certifico haverem sido observadas e cumpridas todas as formalidades prescritas pelo artigo 1864 do Código Civil Brasileiro. Assim diz, pede e lavro a presente escritura, que feita e lida, aceita, outorga e assina, na presença das testemunhas que são: MARCIA SILVA, brasileira, casada, advogada, portadora da cédula de identidade RG nº XXXXXXX-SSP/SP e inscrita no CPF-MF sob nº XXXXXXX, domiciliada e residente nesta https://www.26notas.com.br/blog/wp-content/uploads/2013/06/Minutas-para-estudo_Livro-Tabelionato-de-Notas_2013-v2.pdf https://www.26notas.com.br/blog/wp-content/uploads/2013/06/Minutas-para-estudo_Livro-Tabelionato-de-Notas_2013-v2.pdf 12 capital, na Praça, 6, e MARIA SOUZA, brasileira, solteira, auxiliar administrativa, portadora da cédula de identidade RG nº XXXXXXX-SSP/SP e inscrita no CPF-MF sob nº XXXXXXX, domiciliada e residente nesta capital, na Rua Silva, 103, ambas reconhecidas como as próprias em vista dos documentos de identidade apresentados e cuja capacidade reconheço. Escrita pelo tabelião. Dou fé. TESTAMENTO (sem herdeiros necessários) S A I B A M todos os que virem esta escritura pública que æData_lav2>, às æHora_Lav_Extenso>, nesta cidade de São Paulo, SP, República Federativa do Brasil, no 26º Tabelionato de Notas, instalado à Praça João Mendes nº 42, 1º andar, perante mim, Paulo Roberto Gaiger Ferreira, tabelião, e das duas testemunhas adiante nomeadas e no final assinadas, comparece como §1testador§ ¿QUALIFICACAO_TESTADOR> . Juntamente com as testemunhas, reconheço a identidade §1do§ presente e sua capacidade para o ato. E na presença destas testemunhas convocadas para este ato §1pelo§ §1testador§, ¿NOME_TESTADOR> , que está em seus perfeitos juízo e discernimento, claro entendimento e livre de toda e qualquer coação, sugestão ou induzimento, segundo o meu parecer e o das testemunhas, do que dou fé, me diz que faz o seu testamento declarando o seguinte: I) É natural de ¿LOCAL_DE_NASCIMENTO> , onde nasceu¿DATA_DE_NASCIMENTO> ; II) É filho de ¿NOME_DOS_PAIS> , ¿VIVOS?> ; III) Foi §1casado§ com ¿NOME_CONJUGE> sob o regime da ...; IV) De seu casamento não teve filhos; V) Não tendo herdeiros necessários e podendo dispor livremente da totalidade de seus bens para depois de sua morte, deixa a totalidade de sua herança para ¿NOME_E_QUALIFICACAO_DO_HERDEIRO> ; VI) Representação e poderes em caso de morte: O testador outorga poderes para a sua cônjuge e seus filhos para, em caso de seu falecimento, obterem junto a qualquer médico, clínica ou hospital a integralidade de seu prontuário médico, solicitarem cópias de documentos ou outras informações sobre o seu tratamento de saúde e as causas da morte, em conformidade com o Código de Ética Médica vigente, art. 102, e com o Parecer CFM nº 6/10 e eventuais alterações posteriores; VII) Nomeia para seu testamenteiro o herdeiro instituído e o dá por abonado em juízo e fora dele. Assim tem por feito o seu testamento, que considera bom, firme e valioso, revogando desde já em todos os seus termos qualquer outro anteriormente feito. Certifico haverem sido observadas e cumpridas todas as formalidades prescritas pelo artigo 1864 do Código Civil. Assim diz, pede e lavro a presente escritura que, feita e lida por este tabelião, aceita, outorga e assina na presença das testemunhas que são: ¿QUALIFICACAO_DE_TESTEMUNHAS> , ambas reconhecidas como as próprias em vista dos documentos de identidade apresentados e cuja capacidade reconheço. Escrita pelo tabelião. Dou fé. Testamento Cerrado Aos .„„ dias do mês de ,,„, do ano de dois mil e ,.,.. (20..), eu, L.L., em meu perfeito juízo e entendimento, livre de qualquer coação, induzimento ou sugestão, deliberei fazer esse meu testamento cerrado, escrito e assinado do meu próprio punho (ou: escrito por pessoa de minha inteira confiança, a quem roguei que o fizesse), pela forma seguinte: (colocar as disposições testamentárias). Nomeio como meu testamenteiro o Sr. L.P, {qualificar). Deste modo dou por concluído este meu testamento cerrado, que espero seja cumprido como nele se contém, e que expressa minha livre e última vontade, pelo que tenho como bom, firme e valioso, rogando à Justiça que o faça cumprir. (data e assinatura do testador) 13 Auto de aprovação de testamento cerrado SAÍBAM quantos este público instrumento de aprovação de testamento virem, que aos ..,„ dias do mês de ,.,do ano de dois mil e „,,. (20.,), nesta cidade de , Estado de , ao meu cartório compareceu GHX. (qualificar), acompanhado de duas testemunhas idôneas e capazes, adiante nomeadas e assinadas, de mim conhecidas, do que dou fé. E, em presença dessas testemunhas, as quais comigo se certifiquem que o mesmo testador, GHX, se encontrava em seu perfeito juízo e entendimento, me foi entregue esse papel, dizendo-me ser o seu testamento e disposição de última vontade, que há por bom, firme e valioso, escrito, datado e assinado do seu próprio punho (ou escrito por ...... a quem rogou o testador que o fizesse), sem constrangimento ou coação de qualquer espécie, e que desejava fosse por mim aprovado, nas formas das Seis civis, para que surta os desejados efeitos jurídicos. Recebendo, como me cumpria, o dito papel, que escrito em______laudas, o examinei, sem ler, verificando não conter o mesmo qualquer entrelinhas, borrão, rasura, nem coisa que dúvida faca, e lho aprovei, observando todas as formalidades legais, do que dou fé. Feito isto, e antes de ser devolvido ao testador este testamento, será ele, depois de assinado o presente auto, e juntamente com este, cerrado, costurado e lacrado com pingos de lacre. E, para constar, escrevi este instrumento que o testador e as testemunhas (nome e qualificação}, a todo ato sempre presentes, vão assinar, depois de lhes ser lido voz alta por mim, , tabelião, que o escrevi e também assino, em público e raso. (Ass. do tabelião, lançamento de seu sinal público e as assinaturas do testador e das testemunhas.) Anotação pelo tabelião no seu livro de notas da lavratura do instrumento de aprovação do testamento cerrado No dia __ do mês____ do ano de dois mil e ___(20..), nesta cidade de ____, em meu cartório, na presença das testemunhas.... entreguei a GHX (qualificar) o seu testamento cerrado, por mim devidamente aprovado, mediante auto com essa mesma data, escrito e assinado do meu próprio punho, subscrito pelo testador e por aquelas testemunhas, tudo de acordo como art. 1643 do Código Civil. (data e assinatura do tabelião) (Fonte: https://www.jurisway.org.br/v2/modelos1.asp?idmodelo=7769, acesso me 19/08/2019) TESTAMENTO PARTICULAR Eu, ........................................… brasileira, professora inativa, domiciliada e residente nesta cidade, na rua ........................................… nº RG/SSP/RS ....................., CPF natural da cidade de............................,.. , nascida em ......................... de .........de 19..., filha de .............e .............., ambos já falecidos, casada, pelo regime.................................d… bens, com ....................................., com quem tenho .......... filhas, (ou não) estando em perfeito juízo e em pleno gozo de minhas faculdades intelectuais, na presença de (03) três testemunhas a seguir qualificadas: ........................................… ........................................… de qualquer induzimento ou coação, resolvo lavrar o presente testamento particular para dispor de meus bens para após a minha morte da seguinte forma: PRIMEIRO: não podendo dispor de todo o meu patrimônio por ter herdeiros necessários deixo para ........................................… brasileiro, funcionário público federal aposentado, natural da cidade de ................., , a totalidade da parte disponível de meu patrimônio https://www.jurisway.org.br/v2/modelos1.asp?idmodelo=7769 14 existente por ocasião de minha morte; SEGUNDO: para meu testamenteiro, nomeio .........................., acima qualificado, fixando o prêmio de (1%) um por cento, ao qual peço que cumpra e faça cumprir as presentes disposições de última vontade. Declaro não existir testamento anterior em qualquer de suas formas legais. Nada mais tendo a lavrar, dou por encerrado o presente testamento na presença das (03) três testemunhas acima qualificadas, para as quais li a íntegra do que nele se contém. Local e data..................._________________… TESTEMUNHAS: 01) ______________________________________ (fulano de tal) 02)___________________________________… (Idem) 03)___________________________ (idem) As diretivas antecipadas de vontade na jurisprudência brasileira Fábio Massaroli e Roni Edson Fabro Estudo sobre decisões judiciais envolvendo as Diretivas Antecipadas de Vontade (DAV´s). terça-feira, 18 de abril de 2017 I-Introdução Pretende-se, com a elaboração deste trabalho, desenvolver um breve estudo acerca de decisões judiciais envolvendo as denominadas Diretivas Antecipadas de Vontade (DAV's), uma vez que a legislação brasileira não contempla com uma norma específica o assunto, por conta da existência de uma única Resolução do Conselho Federal de Medicina, de 19951, de 9 de agosto de 2012. Para tanto, uma pesquisa jurisprudencial é necessária, com a finalidade de verificar as demandas judiciais em trâmite e averiguar o posicionamento dos tribunais brasileiros sobre o assunto. A compreensão de como os tribunais estão interpretando o instituto das Diretivas Antecipadas de Vontade é fundamental e se acentua no momento em que a sociedade brasileira passa por inúmeras transformações, onde uma sociedade tradicional está evoluindo para uma sociedade contemporânea, globalizada e conectada à tecnologia. Desta forma, o Direito deve ser adequado à realidade e dar guarida às necessidadesde cada pessoa, observado o ordenamento jurídico vigente. https://www.migalhas.com.br/depeso/257492/as-diretivas-antecipadas-de-vontade-na-jurisprudencia-brasileira https://www.migalhas.com.br/depeso/257492/as-diretivas-antecipadas-de-vontade-na-jurisprudencia-brasileira 15 Observa-se, por conta do instituto inovador, uma grande preocupação dos profissionais médicos quando se deparam com paciente acometido por uma moléstia irreversível e o próprio paciente ou seus familiares manifestam-se em acolher e observar a manifestação de última vontade (do paciente) em ter uma morte digna, sem postergar seu sofrimento. Entretanto, esses profissionais da saúde não possuem segurança jurídica e ficam à mercê de uma eventual resposta jurisdicional, a qual se pretende verificar e compreender. O estudo se justifica, então, pela importância do instituto, especialmente por envolver a vida humana e tem, como objetivo geral verificar, nos tribunais estaduais, federais e superiores brasileiros, a existência de decisões judiciais que contemplem as Diretivas Antecipadas de Vontade. Como objetivos específicos, é imprescindível, para melhor entendimento, conceituar as Diretivas Antecipadas de Vontade, conceituar, também, ortotanásia, posto que institutos diretamente ligados, além de realizar um levantamento efetivo das decisões jurisprudenciais existentes no ordenamento jurídico nacional, utilizando verbetes específicos, com ferramentas próprias de busca, após a edição da já mencionada Resolução do Conselho Federal de Medicina 1995, de 9 de agosto de 2012. A pesquisa utiliza os sites institucionais dos Tribunais Estaduais, Tribunais Federais e Tribunais Superiores, notadamente STJ e STF, na busca de decisões atinentes às Diretivas Antecipadas de Vontade, a fim de verificar se há decisões nas quais a matéria foi objeto de análise, bem como o sentido da medida judicial no que tange à validação, eficácia e aplicação do instituto. O método utilizado, a partir da busca e tabulação (se necessário) de decisões jurisprudenciais do país inteiro, é o método analítico. II – Ortotanásia, Diretivas Antecipadas de Vontade, Testamento Vital e Mandato Duradouro Discutir o fim da vida é um tema evitado por muitas pessoas, já que considerado um verdadeiro tabu. Todavia, mesmo em se tratando de fato certo e incontroverso, é preciso ter em mente a imprevisibilidade do fim da vida e qual será a causa mortis, se natural e instantânea ou violenta ou, ainda, se decorrente de doença grave e incurável. A saúde é um estado completo de bem estar físico, mental e social, e não consiste somente na ausência de doença ou enfermidade2. O paciente acometido por doença grave incurável, por si só, mesmo que esteja inicialmente sem dores ou sofrendo, já se encontra em descompasso pelo mal estar mental e social a que está submetido. Não obstante na continuidade a doença acarretar inúmeras transformações, causando 16 abundante sofrimento, incluindo, por óbvio, a dor física, além de outros aspectos, sociais, psicológicos e espirituais, o paciente tem, ao seu dispor, a denominada ortotanásia, ou seja, a "morte a seu tempo certo", quando poderá renunciar a submeter- se a tratamentos e procedimentos fúteis e desnecessários, que somente prolongarão sua vida e submeter-se (ou não) apenas aos métodos paliativos de tratamento, que possibilitem minimizar as dores e o sofrimento. Nessa reflexão se filiava Hipócrates3, quando pregava que o médico deve curar quando possível, aliviar quando necessário e consolar sempre, em outras palavras, quando não há mais nada a fazer sob o aspecto médico. Forçoso é reconhecer que o tratamento dito paliativo não altera o quadro clínico da pessoa enferma, sendo utilizado somente para manutenção do paciente. Como exemplo pode-se utilizar a hemodiálise, para tratamento ordinário de pacientes com insuficiência renal, mas que, nos casos de pacientes debilitados, com idade avançada e com insuficiência renal definitiva, como o Papa João Paulo II e o ex-governador de São Paulo Mário Covas, já falecidos, foi utilizada somente como paliativo, tendo em vista as condições dos pacientes. A ortotanásia é um procedimento previsto na condição de procedimento ético-médico, por conta da Resolução 18054, do Conselho Federal de Medicina, de 9 de novembro de 2006. A própria Igreja Católica, que é extremamente ortodoxa no que concerne ao direito à vida, reconheceu como legítima a ortotanásia com a promulgação da Encíclica Evangelium Vitae5, ainda em 1995, pelo então Papa João Paulo ll, tendo rechaçado apenas a eutanásia e a distanásia. A ortotanásia, sendo fato penal atípico, uma vez que lhe falta elemento subjetivo para preencher o conceito tripartido do Direito Penal, considerando a previsão na CF quanto aos princípios da liberdade e da dignidade da pessoa humana, apresenta-se como a finalidade do profissional médico, que não é (ou não deveria ser) o de violação do bem jurídico "vida", mas de reduzir o sofrimento do paciente que não possui mais quaisquer chances de cura para sua doença e seu sofrimento. O tema é complexo e, por óbvio, implica em inquietações nas entidades e nos profissionais da saúde, uma vez que a ortotanásia está situada em uma linha muito tênue de (i)legalidade, podendo gerar um processo criminal, outro processo, administrativo, perante o órgão de classe e, ainda, a responsabilização civil, com pretensões patrimoniais indenizatórias. Desta forma, com a finalidade de uniformizar as condutas éticas e balizar harmonicamente as ações, o Conselho Federal de Medicina, https://www.migalhas.com.br/depeso/257492/as-diretivas-antecipadas-de-vontade-na-jurisprudencia-brasileira https://www.migalhas.com.br/depeso/257492/as-diretivas-antecipadas-de-vontade-na-jurisprudencia-brasileira https://www.migalhas.com.br/depeso/257492/as-diretivas-antecipadas-de-vontade-na-jurisprudencia-brasileira 17 no art. 1º6, da Resolução 1805, de 9 de novembro de 2006, permitiu que o médico intervisse no procedimento que prolongasse a vida do doente terminal, respeitando a vontade do paciente ou de seu representante legal. A Resolução 1805 provocou a propositura de uma Ação Civil Pública, em 9 de maio de 2007, pelo MPF, contra o Conselho Federal de Medicina, distribuída perante a Décima Quarta Vara Federal do Distrito Federal – autos 2007.34.00.014809-3. A ACP tramitou durante pouco mais de 3 (três) anos, pois alegava o MPF que se tratava de matéria legislativa, da qual o Conselho Federal de Medicina não detinha competência para legislar, além de não poder regulamentar, como ética, uma conduta tipificada como crime. Ao final, o Magistrado, em sentença de 1º de dezembro de 20107, julgou improcedente a Ação Civil Pública, da qual não houve recurso, ao argumento de que a conduta balizada pelo Conselho Federal de Medicina não se enquadraria como crime. Logo, a ortotanásia seria conduta atípica e, portanto, não violaria o ordenamento jurídico brasileiro. Importante verificar, na própria sentença mencionada, na qual o Magistrado Federal prolator, Roberto Luis Luchi Demo, fez uso da manifestação da Procuradora da República Luciana Loureiro Oliveira, as interessantes e pontuais diferenciações entre ortotanásia (morte no tempo certo, no momento adequado), eutanásia (morte provocada por terceiro, de paciente terminal, por compaixão), distanásia (prolongamento artificial do estado de degenerescência) e mistanásia (eutanásia social, por conta da absoluta falta de infraestrutura adequada na saúde pública). Após o trâmite regular da ACP, foi reconhecida a validade da Resolução 1805, do Conselho Federal de Medicina e, ainda em 2006, o Conselho Federal de Medicina instituiu uma Câmara Técnica de Teminalidade da Vida e Cuidados Paliativos, reunindo médicos e juristas, com o objetivo de revisar o Código de Ética Médica, que vigoravaa mais de 20 anos. Com a Resolução 19318, de 24 de setembro de 2009, foi editado o Novo Código de Ética Médica, trazendo à tona o respeito à autonomia da vontade do paciente como uma de suas premissas fundamentais, especialmente em seu art. 249, quando deixa claro que o direito de decisão livre é do paciente, sendo vedado ao profissional médico não garantir esse direito. O código de ética médica explica que a autonomia da vontade do paciente deve ser respeitada, vedando ao médico o desrespeito às prescrições ou tratamento de outro médico, exceto se com manifesto benefício ao paciente. O novo código se pauta na https://www.migalhas.com.br/depeso/257492/as-diretivas-antecipadas-de-vontade-na-jurisprudencia-brasileira https://www.migalhas.com.br/depeso/257492/as-diretivas-antecipadas-de-vontade-na-jurisprudencia-brasileira https://www.migalhas.com.br/depeso/257492/as-diretivas-antecipadas-de-vontade-na-jurisprudencia-brasileira https://www.migalhas.com.br/depeso/257492/as-diretivas-antecipadas-de-vontade-na-jurisprudencia-brasileira https://www.migalhas.com.br/depeso/257492/as-diretivas-antecipadas-de-vontade-na-jurisprudencia-brasileira 18 possibilidade de permissão da ortotanásia, ponderando seu respeito para com a dignidade da pessoa humana. A CF de 1988, intitulada Constituição Cidadã, também evidencia, como fundamentos do Estado Democrático de Direito, dentre outros, em seu art. 1º10, III, a dignidade da pessoa humana como princípio constitucional, o que é corroborado pelo art. 5º11, caput, II e III, quando enaltece o direito à vida, à liberdade, à autonomia da vontade e proíbe tratamento desumano ou degradante. Além das disposições constitucionais, o CC de 2002 auxilia no estudo, especialmente em seus arts. 1112 e 1513, haja vista que referidos dispositivos proíbem a submissão de pessoa a tratamento ou intervenção médica em havendo risco de vida e que esse direito, ainda, se constitui como irrenunciável. Embora não exista no Brasil uma lei que regulamente as Diretivas Antecipadas de Vontade, é possível afirmar que, na prática, elas efetivamente existem, mesmo que de forma tímida, pois estão em consonância com a norma Constitucional, posto que se trata de negócio jurídico unilateral, personalíssimo, revogável, gratuito e informal. A única norma vigente no ordenamento jurídico brasileiro é a Resolução 1995, de 9 de agosto de 2012, que em seu arts. 1º 14e 2º 15 define as diretivas antecipadas de vontade como os desejos manifestados pelo paciente acerca de tratamentos a que quer, ou não, ser submetido, especialmente quando incapacitado para se expressar, além de esclarecer questões limítrofes, inclusive quanto à hipótese de manifestação pelo representante designado do paciente. Há teórica vinculação do médico à manifestação de vontade do paciente, uma vez que exaure possíveis e eventuais demandas judiciais, tendo em vista o amparo legitimado pelo paciente, no exercício da sua autonomia da vontade. Diante dessa definição, tem-se que se o médico suspender os procedimentos sem a devida manifestação de vontade do paciente, estará, em tese, praticando o crime de homicídio, pois a figura que desqualifica a tipicidade é a manifestação da autonomia da vontade do paciente. Como a pesquisa abrange as Diretivas Antecipadas de Vontade, é importante esclarecer sua terminologia, haja vista a existência do testamento vital e também do mandato duradouro, institutos estreitamente ligados. O testamento vital16 diverge um pouco das Diretivas Antecipadas de Vontade, pois seus objetivos, apesar de aparentemente similares, possuem significados diversos. Conforme Elcio Luiz Bonamigo et al (2013, p. 89), especificamente sob o palium da legislação brasileira e de acordo com a legislação portuguesa, o termo mais adequado seria Diretivas Antecipadas de Vontade, considerando que o testamento vital diz respeito a procedimentos e tratamentos que o paciente deseja ou não receber ou ser submetido, em havendo incapacidade de comunicação do paciente. As diretivas antecipadas de https://www.migalhas.com.br/depeso/257492/as-diretivas-antecipadas-de-vontade-na-jurisprudencia-brasileira 19 vontade possuem sentido mais amplo, haja vista que, além de incluir o testamento vital, permite ao indivíduo dispor ainda sobre outros desejos: doação ou não de órgãos e tecidos, destinação do próprio corpo e até mesmo designando terceira pessoa, ou seja, um representante designado para tomar as medidas necessárias para implementar sua vontade (do paciente) quando incapaz de decidir ou de se comunicar, hipótese na qual se constitui o mandato duradouro17. Os Estados Unidos da América, pioneiros na matéria, iniciaram a utilização do testamento vital a pouco mais de 50 anos e, ainda conforme Elcio Luiz Bonamigo et al (2013, p. 84), sua expansão para a América Latina e Europa ocorreu ainda no final do século passado. Também é importante esclarecer a inexistência de relação do denominado testamento vital para com o testamento civil. O CC, em seu art. 185718, especialmente o § 2°, trata de sua característica mais marcante: a mortis causa, haja vista que o testamento produzirá efeitos somente após a morte do testador. Logo, antes o testamento civil não gera efeitos e também não vincula o testador ao negócio, a partir do que dispõe o art. 185819, também do CC. No testamento vital, incluído nas diretivas antecipadas de vontade, via de regra, estão previstas disposições referentes a atos anteriores à morte, daí a sensível diferença para com o testamento civil. As Diretivas Antecipadas de Vontade, então, se referem ao gênero do qual derivam as espécies testamento vital e mandato duradouro. Perceba-se que não se trata de abreviação da vida, mas sim a morte no seu tempo natural, sem prolongamento que se sabe, no caso concreto, ineficaz. Quanto ao procedimento de expressão da vontade, para assegurar segurança jurídica ao declarante, a sugestão é que o documento seja lavrado por escritura pública, a fim de evitar o registro de um documento que possa, eventualmente, ser anulado por meio de ação judicial, mas nada impede que as diretivas antecipadas de vontade estejam inseridas em documento privado, mas de conhecimento dos familiares e, ainda, podem ocorrer em condições especiais, sob a forma verbal, informadas diretamente ao médico, que deverá inclui-las no prontuário médico do paciente. Ainda, tem-se que estes instrumentos, personalíssimos, atuam para atribuir natureza jurídica aos direitos de personalidade, tendo em vista que o direito subjetivo foi concebido dentro de uma ótica estritamente patrimonialista. Adverte-se que dentro de uma ótica patrimonial é possível reparar uma situação que não ocorre quando se está diante de um bem supremo como a própria existência. 20 Desta forma, não há que se questionar a autonomia do paciente, uma vez que o ordenamento jurídico dispõe que o cidadão goza das prerrogativas constitucionais impostas. Portanto, a previsão do art. 5º, caput, da CF, se constitui em direito e não em obrigação, tanto é que o legislador não capitulou como crime o suicídio, apenas o auxílio ao suicídio, o que ratifica a tese da autonomia da vontade, que deve se sobressair no caso concreto, se for esse o desejo do paciente, em detrimento do dever de viver, hipótese do já referido art. 5º, II. Para Ana Carolina Brochado Teixeira (2013, pg. 544), "quando a Constituição previu o catálogo aberto de direitos fundamentais, para que a pessoa encontre a melhor forma de se realizar, pode-se entender como implícita a liberdade de dispor do próprio corpo." E prossegue, sintetizando que o se o corpo humano se constitui em "espaço de autonomia, a liberdade de dispor do próprio corpo deve ser a regra e suas limitações são exceções, pois os conceitos de saúde, liberdade e personalidade devem ter a mesma direção." Também seentende que os instrumentos mencionados devem ser levados a efeito por pessoa capaz, de acordo com os arts. 3º20 e 4º21, do CC, de preferência sob orientação de um médico de confiança da família e de um advogado, a fim de estar plenamente ciente do que se está registrando, até porque os registros devem ser realizados em obediência à lei posta, embora seja possível a revogação a qualquer tempo, desde que utilizada a forma adequada. No que concerne ao mandato duradouro, poderá ser realizado através de uma declaração de outorga, uma vez que a pessoa a ser nomeada deverá exteriorizar e decidir de acordo com a vontade prévia do paciente, por isso a importância de ser, também, uma pessoa próxima do paciente, de sua família e que conheça satisfatoriamente o paciente, pois a decisão deve ser como se o próprio paciente estivesse se expressando. Deve constar no instrumento, também, apenas procedimentos que se refiram à ortotanásia e isso engloba apenas as práticas terapêuticas que tem seu cerne na suspensão ou cerceamento de tratamentos extraordinários ou fúteis, que devido ao quadro do paciente não trarão a cura, mantendo, entretanto, cuidados paliativos. Imperioso esclarecer que a declaração ocorre antes do paciente estar acometido por doença, mas se ocorrer no leito hospitalar, poderá o médico colher a declaração de vontade do paciente no próprio prontuário médico, para que a vontade do paciente fique registrada e justifique alguma prática específica, que atenda à vontade do paciente. 21 Clique aqui para ler o artigo na íntegra. _________________ 1 Resolução CFM 1.995/12. Acesso em: 9 mar. 2016 2 A definição consta no preâmbulo da Constituição da Organização Mundial da Saúde, adotada pela Conferência Sanitária Internacional realizada em Nova Iorque entre 19 e 22 de junho de 1946, assinada em 22 de julho de 1946 pelos representantes de 61 Estados e vigorou a partir de 1948. 3 Biografia de Hipócrates. Acesso em: 30 nov. 2016 4 Resolução CFM 1.805/06. Acesso em: 11 maio 2016 5 Carta Encíclica Evangelium Vitae do Sumo Pontífice, João Paulo ll. Acesso em: 7 jan. 2017. 6 Art. 1º. É permitido ao médico limitar ou suspender procedimentos e tratamentos que prolonguem a vida do doente em fase terminal, de enfermidade grave e incurável, respeitada a vontade da pessoa ou de seu representante legal. § 1º O médico tem a obrigação de esclarecer ao doente ou a seu representante legal as modalidades terapêuticas adequadas para cada situação. § 2º A decisão referida no caput deve ser fundamentada e registrada no prontuário. § 3º É assegurado ao doente ou a seu representante legal o direito de solicitar uma segunda opinião médica. 7 Sentença Judiciária do Distrito Federal. Acesso em: 20 dez. 2016 8 Código de Ética Médica. Acesso em: 12 maio 2016 9 Art. 24. Deixar de garantir ao paciente o exercício do direito de decidir livremente sobre sua pessoa ou seu bem-estar, bem como exercer sua autoridade para limitá-lo. 10 Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: III – a dignidade da pessoa humana. 11 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: https://www.migalhas.com.br/depeso/257492/as-diretivas-antecipadas-de-vontade-na-jurisprudencia-brasileira https://www.migalhas.com.br/depeso/257492/as-diretivas-antecipadas-de-vontade-na-jurisprudencia-brasileira https://www.migalhas.com.br/depeso/257492/as-diretivas-antecipadas-de-vontade-na-jurisprudencia-brasileira https://www.migalhas.com.br/depeso/257492/as-diretivas-antecipadas-de-vontade-na-jurisprudencia-brasileira https://www.migalhas.com.br/depeso/257492/as-diretivas-antecipadas-de-vontade-na-jurisprudencia-brasileira https://www.migalhas.com.br/depeso/257492/as-diretivas-antecipadas-de-vontade-na-jurisprudencia-brasileira https://www.migalhas.com.br/depeso/257492/as-diretivas-antecipadas-de-vontade-na-jurisprudencia-brasileira 22 II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante. 12 Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. 13 Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica. 14 Art. 1º Definir diretivas antecipadas de vontade como o conjunto de desejos, prévia e expressamente manifestados pelo paciente, sobre cuidados e tratamentos que quer, ou não, receber no momento em que estiver incapacitado de expressar, livre e autonomamente, sua vontade. 15 Art. 2º Nas decisões sobre cuidados e tratamentos de pacientes que se encontram incapazes de comunicar-se, ou de expressar de maneira livre e independente suas vontades, o médico levará em consideração suas diretivas antecipadas de vontade. § 1º Caso o paciente tenha designado um representante para tal fim, suas informações serão levadas em consideração pelo médico. § 2º O médico deixará de levar em consideração as diretivas antecipadas de vontade do paciente ou representante que, em sua análise, estiverem em desacordo com os preceitos ditados pelo Código de Ética Médica. § 3º As diretivas antecipadas do paciente prevalecerão sobre qualquer outro parecer não médico, inclusive sobre os desejos dos familiares. § 4º O médico registrará, no prontuário, as diretivas antecipadas de vontade que lhes foram diretamente comunicadas pelo paciente. § 5º Não sendo conhecidas as diretivas antecipadas de vontade do paciente, nem havendo representante designado, familiares disponíveis ou falta de consenso entre estes, o médico recorrerá ao Comitê de Bioética da instituição, caso exista, ou, na falta deste, à Comissão de Ética Médica do hospital ou ao Conselho Regional e Federal de Medicina para fundamentar sua decisão sobre conflitos éticos, quando entender esta medida necessária e conveniente. 16 Na Resolução 1995, para manter a uniformização terminológica entre os países de língua portuguesa (conforme adotado na lei 25/12 portuguesa), optou-se pela denominação Diretivas Antecipadas de Vontade (na sigla DAV), tendo como outras denominações, para testamento vital, as seguintes variações, diversas nos diferentes países: advance decisions, advanced directives, advance health care plan, directivas antecipadas, directives anticipées du patient, diretivas antecipadas de vontade, testamento vital e voluntad antecipada, ainda de acordo com Elcio Luiz Bonamigo et al (2013, p. 89). 23 17 Testamento Vital. Acesso em 28 set. 2016. 18 Art. 1857. Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade dos seus bens, ou de parte deles, para depois de sua morte. § 1º A legítima dos herdeiros necessários não poderá ser incluída no testamento. § 2º São válidas as disposições testamentárias de caráter não patrimonial, ainda que o testador somente a elas se tenha limitado. 19 Art. 1858. O testamento é ato personalíssimo, podendo ser mudado a qualquer tempo. 20 Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos. 21 Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: I – os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II – os ébrios habituais e os viciados em tóxico; III – aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; IV – os pródigos. ___________________ * FábioMassaroli é acadêmico do curso de Direito da Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC Joaçaba (SC). * Roni Edson Fabro é advogado. Fonte: site migalhas - https://www.migalhas.com.br/depeso/257492/as-diretivas-antecipadas-de- vontade-na-jurisprudencia-brasileira https://www.migalhas.com.br/depeso/257492/as-diretivas-antecipadas-de-vontade-na-jurisprudencia-brasileira https://www.migalhas.com.br/depeso/257492/as-diretivas-antecipadas-de-vontade-na-jurisprudencia-brasileira https://www.migalhas.com.br/depeso/257492/as-diretivas-antecipadas-de-vontade-na-jurisprudencia-brasileira 24 TESTAMENTO ESPECIAL Testamentos especiais: São aqueles elaborados em situações excepcionais, como viagens e passeios, dos quais podem surgir acidentes, catástrofes ou situações excepcionais que exigem a realização de um testamento de última hora. Os testamentos especiais são mais simples e fáceis de fazer do que os testamentos ordinários, com menos solenidades. Porém eles não são de livre escolha do cidadão, só podendo o testador optar por eles se estiver numa situação especial. Outra característica é a de que os testamentos especiais prescrevem, ou seja, têm prazo de eficácia e precisam ser confirmados. Lembrando que o testamento ordinário pode ser celebrado por alguém aos 16 anos e será válido mesmo que venha a falecer aos 90 anos, por todo este tempo o documento ainda estará válido . Vejamos as espécies de testamento especial: MARÍTIMO: normalmente é feito por aqueles que estão com medo de morrer em alto- mar. Porém, atualmente as viagens marítimas não são mais tão longas. Esse testamento precisa ser confirmado quando terminar a viagem, sob pena de caducidade (1.891). MILITAR: feito por militares, médicos, engenheiros, padres, repórteres, reféns e prisioneiros em época de guerra, em combate ou em cidades cercadas (1.893). Forma: correspondente ao testamento público (CC, art. 1893), testamento cerrado (art. 1894) e a nuncupativa ( art. 1896). 25 É destinado a militares e demais pessoas a serviço das Forças Armadas em campanha, dentro do País ou fora dele, assim como em praça sitiada, ou que esteja de comunicações interrompidas. Não havendo tabelião, será escrito pelo comandante, perante duas, ou três testemunhas, se o testador não puder, ou não souber assinar, caso em que assinará por ele uma delas. - Se o testador pertencer a corpo ou seção de corpo destacado, o testamento será escrito pelo respectivo comandante, ainda que de graduação ou posto inferior. - Se o testador estiver em tratamento em hospital, o testamento será escrito pelo respectivo oficial de saúde, ou pelo diretor do estabelecimento. - Se o testador for o oficial mais graduado, o testamento será escrito por aquele que o substituir. - Se o testador souber escrever, poderá fazer o testamento de seu punho, contanto que o date e assine por extenso, e o apresente aberto ou cerrado, na presença de duas testemunhas ao auditor, ou ao oficial de patente, que lhe faça as vezes neste mister. O auditor, ou o oficial a quem o testamento se apresente notará, em qualquer parte dele, lugar, dia, mês e ano, em que lhe for apresentado, nota esta que será assinada por ele e pelas testemunhas. Também caducará após noventa dias em que o testador já estiver em lugar seguro, onde possa testar de forma ordinária (art. 1895) e não terá efeito se o testador não morrer na guerra ou convalescer do ferimento (art. 1896, parágrafo único). - O testamento militar admite a espécie nuncupativa, ou seja “in extremis” quando o militar ferido, agonizante, confia sua vontade oralmente a duas testemunhas. Depois as testemunhas terão que escrever o que ouviram e entregar o documento ao comandante do batalhão (1.896).