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Aula 1_ sucessão testamentária

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Aula I 
 
(OBS: TRATA-SE DE SIMPLES MATERIAL DE APOIO, QUE NÃO ESGOSTA A 
MATÉRIA E NÃO DISPENSA ANOTAÇÕES EM SALA DE AULA, SENDO 
IMPRESCINDÍVEL A LEITURA DO CÓDIGO CIVIL, DA DOUTRINA E 
JURISPRUDÊNCIA.) 
 
Professora Christiane C. Marcellos 
(PROIBIDA REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL SEM AUTORIZAÇÃO) 
 
 
 
DA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA 
 
 
 
Sucessão testamentária ( também chamada de voluntária) : é aquela governada pela 
vontade do autor da herança ; aquela em que o autor da herança realiza sua disposição de 
última vontade. 
OBS: A sucessão testamentária não exclui a sucessão legítima, o autor da herança pode ter 
as duas. 
 
 
Objeto (art. 1827): questões patrimoniais (herança/legado) e disposições de caráter não 
patrimonial (reconhecimento de filho, conf. art. 1609,III; as disposições sobre o próprio 
corpo do testador, conf. Art. 14; disposições sobre funeral, sepultura e atos religiosos, 
conf. art. 1998; nomeação de tutor para filhos menores, conf. arts. 1634, IV e 1729, 
parágrafo único; revogação de testamento anterior, conf. 1969; nomeação de 
testamenteiro, conf. 1976; reabilitação do indigno, conf. 1818; criação de fundação, conf. 
62 etc. 
 
Testamento: corresponde ao negócio jurídico personalíssimo, solene, revogável, gratuito e 
condicional, por meio do qual alguém realiza disposições para valerem após sua morte. 
 
 
 
Capacidade para testar: 
Art. 1.860. Além dos incapazes, não podem testar os que, no ato de fazê-lo, não tiverem 
pleno discernimento. Parágrafo único. Podem testar os maiores de dezesseis anos. 
Art. 1.861. A incapacidade superveniente do testador não invalida o testamento, nem o 
testamento do incapaz se valida com a superveniência da capacidade. 
 
 
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Da Vocação Hereditária 
Sucessão legítima e testamentária Sucessão testamentária 
Art. 1.798. Legitimam-se a suceder as 
pessoas nascidas ou já concebidas no 
momento da abertura da sucessão. 
 
Art. 1.799. Na sucessão testamentária 
podem ainda ser chamados a suceder: 
I - os filhos, ainda não concebidos, de 
pessoas indicadas pelo testador, desde que 
vivas estas ao abrir-se a sucessão; 
II - as pessoas jurídicas; 
III - as pessoas jurídicas, cuja organização 
for determinada pelo testador sob a forma 
de fundação. 
 PROLE EVENTUAL: herdeiro esperado, 
art. 1799. 
*Bens da prole eventual: Art. 1.800. No caso do 
inciso I do artigo antecedente, os bens da herança 
serão confiados, após a liquidação ou partilha, a 
curador nomeado pelo juiz. 
*Prazo para nascimento: art. 1800, § 4 o Se, 
decorridos dois anos após a abertura da sucessão, 
não for concebido o herdeiro esperado, os bens 
reservados, salvo disposição em contrário do 
testador, caberão aos herdeiros legítimos. 
*Nascimento com vida: art. 1800, § 
3 o Nascendo com vida o herdeiro esperado, ser-lhe-á 
deferida a sucessão, com os frutos e rendimentos 
relativos à deixa, a partir da morte do testador. 
 
Art. 1.801. Não podem ser nomeados herdeiros nem legatários: 
I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou companheiro, ou os 
seus ascendentes e irmãos; 
II - as testemunhas do testamento; 
III - o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de fato 
do cônjuge há mais de cinco anos; 
IV - o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem se fizer, assim 
como o que fizer ou aprovar o testamento. 
Art. 1.802. São nulas as disposições testamentárias em favor de pessoas não legitimadas a 
suceder, ainda quando simuladas sob a forma de contrato oneroso, ou feitas mediante 
interposta pessoa. 
Parágrafo único. Presumem-se pessoas interpostas os ascendentes, os descendentes, os 
irmãos e o cônjuge ou companheiro do não legitimado a suceder. 
Art. 1.803. É lícita a deixa ao filho do concubino, quando também o for do testador. 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
FORMAS DE TESTAMENTO 
 
Ordinária Especial 
 Testamento de forma ordinária: é 
aquele redigido em circunstâncias 
normais (art. 1862) : 
 I - o público; 
 II - o cerrado; 
 III - o particular. 
 
Testamento de forma especial: são 
redigidos em face de circunstâncias que 
impedem o testador de realizar sua vontade 
de forma regular ou ordinária (Art. 1.886): 
 I - o marítimo; 
 II - o aeronáutico; 
 III - o militar. 
 
 
 
 
FORMAS ORDINÁRIAS DE TESTAMENTO 
TESTAMENTO 
PÚBLICO art. 1864 
CERRADO (secreto ou 
místico) 
Art. 1868 
PARTICULAR (hológrafo) 
Art. 1876 
- Conceito: é aquele em 
que o testador verbaliza 
sua vontade para o 
tabelião, com subscrição 
em livro próprio, na 
presença de 2 (duas) 
testemunhas. 
- Característica: unidade 
de ato (deve ter início e 
fim no mesmo ato) 
- Verbalização da 
vontade: não se admite 
pré-escrito, pode levar 
uma anotação, mas tem 
que verbalizar, pode ser 
anulado se este fato for 
levado pelas testemunhas 
em juízo) 
Testamento Cerrado (1868) : 
é aquele em escrito pelo 
testador, ou por outra pessoa, 
a seu rogo, e por aquele 
assinado, será válido se 
aprovado pelo tabelião ou seu 
substituto legal. 
 
Testamento particular (art. 1876) : 
é aquele redigido exclusivamente 
pelo testador ou alguém a seu rogo, 
cuja validade dependerá de sua 
leitura posterior perante 3 (três) 
testemunhas. É a forma menos 
segura de testar, porque depende da 
confirmação das testemunhas em 
juízo. 
 
Escritura pública 
- manual ou 
mecanicamente 
 
Art. 1864. Parágrafo único. 
O testamento público pode 
ser escrito manualmente ou 
mecanicamente, bem como 
ser feito pela inserção da 
declaração de vontade em 
partes impressas de livro de 
notas, desde que rubricadas 
Escrito em caráter sigiloso 
(só o testador conhece seu 
conteúdo) 
- escrito pelo próprio 
testador ou a rogo 
(cuidado: deve ser assinado 
apenas pelo testador) 
-manual ou 
mecanicamente. 
Art. 1.868. O testamento 
escrito pelo testador, ou por 
Escrito de próprio punho ou 
mecanicamente (sem 
espaços/rasuras) 
Art. 1.876. O testamento particular 
pode ser escrito de próprio punho ou 
mediante processo mecânico. 
§ 1 o Se escrito de próprio punho, 
são requisitos essenciais à sua validade 
seja lido e assinado por quem o 
escreveu, na presença de pelo menos três 
4 
 
todas as páginas pelo 
testador, se mais de uma. 
 
outra pessoa, a seu rogo, e por 
aquele assinado, será válido se 
aprovado pelo tabelião ou seu 
substituto legal, observadas as 
seguintes formalidades: 
I - que o testador o 
entregue ao tabelião em 
presença de duas testemunhas; 
II - que o testador declare 
que aquele é o seu testamento e 
quer que seja aprovado; 
III - que o tabelião lavre, 
desde logo, o auto de aprovação, 
na presença de duas 
testemunhas, e o leia, em 
seguida, ao testador e 
testemunhas; 
IV - que o auto de 
aprovação seja assinado pelo 
tabelião, pelas testemunhas e 
pelo testador. 
Parágrafo único. O 
testamento cerrado pode ser 
escrito mecanicamente, desde 
que seu subscritor numere e 
autentique, com a sua assinatura, 
todas as paginas. 
 
-É entregue ao tabelião 
perante as testemunhas 
somente para a lavratura 
do auto de aprovação, bem 
como para cerrar (fechar) e 
coser (costurar/manter 
fechado) 
Art. 1.869. O tabelião deve 
começar o auto de aprovação 
imediatamente depois da última 
palavra do testador, declarando, 
sob sua fé, que o testador lhe 
entregou para ser aprovado na 
presença das testemunhas; 
passando a cerrar e coser o 
instrumento aprovado. 
Parágrafo único. Se não houver 
testemunhas, que o devem subscrever. 
§ 2 o Se elaborado por processo 
mecânico, não pode conter rasuras ou 
espaços em branco, devendo ser 
assinado pelo testador, depois de o ter 
lido na presença de pelo menos três 
testemunhas, que o subscreverão. 
 
5 
 
espaço na última folha do 
testamento, para in 
Língua nacional Nacional ou estrangeira 
 
Língua nacional e estrangeira(art. 
1880) 
Art. 1.880. O testamento particular 
pode ser escrito em língua estrangeira, 
contanto que as testemunhas a 
compreendam. 
 
2 testemunhas 2 testemunhas 
Obs: as testemunhas não 
precisam conhecer o 
idioma 
3 testemunhas 
Obs: as testemunhas precisam 
conhecer o idioma 
Art. 1.878. Se as testemunhas 
forem contestes sobre o fato da 
disposição, ou, ao menos, sobre a sua 
leitura perante elas, e se reconhecerem 
as próprias assinaturas, assim como a do 
testador, o testamento será confirmado. 
Parágrafo único. Se faltarem 
testemunhas, por morte ou ausência, e se 
pelo menos uma delas o reconhecer, o 
testamento poderá ser confirmado, se, a 
critério do juiz, houver prova suficiente 
de sua veracidade. 
 
Não podem: Mudos e 
surdos-mudos não 
podem 
Não podem: analfabetos 
(CC, 1872), cego 
Art. 1.872. Não pode 
dispor de seus bens em 
testamento cerrado quem não 
saiba ou não possa ler. 
Não podem: cego, o analfabeto e 
os incapacitados de escrever. 
Podem testar: Surdos 
(que não sejam mudos), 
os alfabetizados e os 
analfabetos 
Art. 1.865. Se o 
testador não souber, ou não 
puder assinar, o tabelião ou 
seu substituto legal assim o 
declarará, assinando, neste 
caso, pelo testador, e, a seu 
rogo, uma das testemunhas 
instrumentárias. 
Art. 1.873. Pode fazer 
testamento cerrado o surdo-
mudo, contanto que o escreva 
todo, e o assine de sua mão, e 
que, ao entregá-lo ao oficial 
público, ante as duas 
testemunhas, escreva, na face 
externa do papel ou do 
envoltório, que aquele é o seu 
testamento, cuja aprovação lhe 
pede. 
 
Pode testar: quem sabe ler e 
escrever 
6 
 
Art. 1.866. O 
indivíduo inteiramente 
surdo, sabendo ler, lerá o 
seu testamento, e, se não o 
souber, designará quem o 
leia em seu lugar, presentes 
as testemunhas. 
 
Cego – art. 1867 (única 
forma) 
Art. 1.867. Ao cego só 
se permite o testamento 
público, que lhe será lido, 
em voz alta, duas vezes, 
uma pelo tabelião ou por 
seu substituto legal, e a 
outra por uma das 
testemunhas, designada pelo 
testador, fazendo-se de tudo 
circunstanciada menção no 
testamento. 
 
É a forma mais segura Não é usual. Possui grande 
fragilidade quanto a vícios 
externos, pois deve ser 
conservado em sua 
integralidade. A 
deterioração por qualquer 
meio, como a umidade, 
calor excessivo, violação 
do lacre invalidam o 
testamento. 
É a forma menos segura, pois 
depende da confirmação das 
testemunhas em juízo. (Obs: 
basta uma testemunha, se for 
convincente) 
Art. 1.864. São 
requisitos essenciais do 
testamento público: 
I - ser escrito por 
tabelião ou por seu 
substituto legal em seu livro 
de notas, de acordo com as 
declarações do testador, 
podendo este servir-se de 
minuta, notas ou 
apontamentos; 
II - lavrado o 
instrumento, ser lido em voz 
alta pelo tabelião ao testador 
e a duas testemunhas, a um 
Art. 1.874. Depois de 
aprovado e cerrado, será o 
testamento entregue ao testador, 
e o tabelião lançará, no seu livro, 
nota do lugar, dia, mês e ano em 
que o testamento foi aprovado e 
entregue. 
Art. 1.875. Falecido o 
testador, o testamento será 
apresentado ao juiz, que o abrirá 
e o fará registrar, ordenando seja 
cumprido, se não achar vício 
externo que o torne eivado de 
nulidade ou suspeito de 
falsidade. 
Testamento de emergência= 
Testamento hológrafo 
simplificado (art. 1879) 
Art. 1.879. Em circunstâncias 
excepcionais declaradas na cédula, o 
testamento particular de próprio punho e 
assinado pelo testador, sem testemunhas, 
poderá ser confirmado, a critério do juiz. 
Enunciado 611 da VII Jornada de 
Direito Civil (CJF): O testamento 
hológrafo simplificado, previsto 
no art. 1.879 do Código Civil, 
perderá sua eficácia se, nos 90 
7 
 
só tempo; ou pelo testador, 
se o quiser, na presença 
destas e do oficial; 
III - ser o instrumento, 
em seguida à leitura, 
assinado pelo testador, pelas 
testemunhas e pelo tabelião. 
Parágrafo único. O 
testamento público pode ser 
escrito manualmente ou 
mecanicamente, bem como 
ser feito pela inserção da 
declaração de vontade em 
partes impressas de livro de 
notas, desde que rubricadas 
todas as páginas pelo 
testador, se mais de uma. 
 
 dias subsequentes ao fim das 
circunstâncias excepcionais que 
autorizaram a sua confecção, o 
disponente, podendo fazê-lo, não 
testar por uma das formas 
testamentárias ordinárias. 
Ou seja, caducará o testamento se 
o testador não morrer e nem 
declarar sua vontade na forma 
ordinária nos 90 dias 
subsequentes do fim da situação 
emergencial. 
Ex. testando em meio a enchente, 
incêndio, local isolado, perdido. 
 
 
 
 
 
TESTAMENTO CERRADO 
 
 
Imagem: site anoreg, http://ceraparalacre.com.br/wp-content/uploads/2016/09/lacre-para-testamento-
cerrado.jpg, acesso em 18/08/2020 
 
 
 
http://ceraparalacre.com.br/wp-content/uploads/2016/09/lacre-para-testamento-cerrado.jpg
http://ceraparalacre.com.br/wp-content/uploads/2016/09/lacre-para-testamento-cerrado.jpg
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Link da imagem: http://fm.cartorios.net/plugins/filemanager/files//canarana/1o_testamento.jpg, 
acesso em 18/08/2020) 
 
 
FORMAS ESPECIAIS DE TESTAMENTO 
MARÍTIMO AERONÁUTICO MILITAR 
Forma: que corresponda ao 
testamento público ou ao 
cerrado. 
Forma: que corresponda ao 
testamento público ou ao 
cerrado 
Forma: correspondente ao 
testamento público (CC, art. 
1893), testamento cerrado 
(art. 1894) e a nuncupativa ( 
art. 1896). 
- O testamento militar 
admite a espécie 
nuncupativa, ou seja “in 
extremis” quando o militar 
ferido, agonizante, confia 
sua vontade oralmente a 
duas testemunhas. Depois 
as testemunhas terão que 
escrever o que ouviram e 
entregar o documento ao 
comandante do batalhão 
Pode ser feito por 
passageiros e tripulantes, 
estando o testador em 
viagem, a bordo de navio 
nacional, de guerra ou 
mercante, diante do 
surgimento de algums risco 
de vida. 
Viagem em aeronave Feito por militares, 
médicos, engenheiros, 
padres, repórteres, reféns e 
prisioneiros em época de 
guerra, em combate ou em 
cidades cercadas (1.893). 
É destinado a militares e 
demais pessoas a serviço 
das Forças Armadas em 
http://fm.cartorios.net/plugins/filemanager/files/canarana/1o_testamento.jpg
9 
 
campanha, dentro do País 
ou fora dele, assim como 
em praça sitiada, ou que 
esteja de comunicações 
interrompidas 
 
Atua como tabelião o 
comandante do navio 
Atua como tabelião o 
comandante da aeronave 
Não havendo tabelião, será 
escrito pelo comandante, 
- Se o testador pertencer a 
corpo ou seção de corpo 
destacado, o testamento 
será escrito pelo respectivo 
comandante, ainda que de 
graduação ou posto inferior. 
- Se o testador estiver em 
tratamento em hospital, o 
testamento será escrito pelo 
respectivo oficial de saúde, 
ou pelo diretor do 
estabelecimento. 
- Se o testador for o oficial 
mais graduado, o 
testamento será escrito por 
aquele que o substituir. 
- Se o testador souber 
escrever, poderá fazer o 
testamento de seu punho, 
contanto que o date e assine 
por extenso, e o apresente 
aberto ou cerrado, na 
presença de duas 
testemunhas ao auditor, ou 
ao oficial de patente, que 
lhe faça as vezes neste 
mister. 
 
2 testemunhas 2 testemunhas 2, ou 3 testemunhas, se o 
testador não puder, ou não 
souber assinar, caso em que 
assinará por ele uma delas. 
Registro no diário de bordo Registro no diário de bordo 
Guarda é atribuída ao 
comandante, que o 
entregará às autoridades 
administrativas do primeiro 
porto, contra recibo 
Guarda é atribuída ao 
comandante, que o 
entregará às autoridades 
administrativas do primeiro 
aeroporto nacional, contra 
O auditor, ou o oficial a 
quem o testamento se 
apresente notará, em 
qualquer parte dele, lugar, 
dia, mês e ano, em que lhe 
10 
 
averbado no diário de 
bordo.recibo averbado no diário 
de bordo. 
for apresentado, nota esta 
que será assinada por ele e 
pelas testemunhas. 
 
Caducará o testamento 
marítimo se o testador não 
morrer na viagem, nem nos 
noventa dias subseqüentes 
ao seu desembarque em 
terra, onde possa fazer, na 
forma ordinária, outro 
testamento. 
Caducará o testamento 
aeronáutico, se o testador 
não morrer na viagem, nem 
nos noventa dias 
subseqüentes ao seu 
desembarque em terra, onde 
possa fazer, na forma 
ordinária, outro testamento. 
Caducará após noventa 
dias em que o testador já 
estiver em lugar seguro, 
onde possa testar de forma 
ordinária (art. 1895) e não 
terá efeito se o testador não 
morrer na guerra ou 
convalescer do ferimento 
(art. 1896, parágrafo único). 
 
Não valerá o testamento 
marítimo, ainda que feito no 
curso de uma viagem, se, ao 
tempo em que se fez, o 
navio estava em porto onde 
o testador pudesse 
desembarcar e testar na 
forma ordinária. 
 
 
 
 
 
Codicilo – art. 1881 
Ato de última vontade, algo de pequeno valor; 
Instrumento particular escrito pelo testador, por ele datado e assinado; 
Não se exige assinatura de testemunha 
Pode ser ato autônomo ou complementar de testamento 
Art. 1.881. Toda pessoa capaz de testar poderá, mediante escrito particular seu, datado e assinado, 
fazer disposições especiais sobre o seu enterro, sobre esmolas de pouca monta a certas e 
determinadas pessoas, ou, indeterminadamente, aos pobres de certo lugar, assim como legar 
móveis, roupas ou jóias, de pouco valor, de seu uso pessoal. 
Finalidade: disposições sobre enterro, esmolas de pouca monta, legar móveis, roupas, 
joias de pouco valor; nomear e substituir testamenteiro; reabilitar indigno; destinar 
verbas para o sufrágio de sua alma; reconhecer filho havido fora do casamento (art. 
1609,II) 
 
Objeto: bens e valor de pequeno valor 
Revogação: Outro codicilo; testamento posterior, sem confirmação do codicilo 
(revogação tácita); testamento revoga codicilo (codicilo não revoga testamento). 
Art. 1.884. Os atos previstos nos artigos antecedentes revogam-se por atos iguais, e consideram-se 
revogados, se, havendo testamento posterior, de qualquer natureza, este os não confirmar ou 
11 
 
modificar. 
Art. 1.885. Se estiver fechado o codicilo, abrir-se-á do mesmo modo que o testamento cerrado. 
 
 
 
(Fonte: Parte integrante do Livro Tabelionato de Notas (Coleção Cartórios, Coord. Christiano 
Cassettari). Ferreira, Paulo Roberto Gaiger; Rodrigues, Felipe Leonardo. São Paulo: Editora 
Saraiva, 2013, extraído do site https://www.26notas.com.br/blog/wp-
content/uploads/2013/06/Minutas-para-estudo_Livro-Tabelionato-de-Notas_2013-v2.pdf, acesso 
em 19q08/2019) 
MODELO DE - Testamento ESCRITURA DE TESTAMENTO (com herdeiros necessários) 
 
S A I B A M todos os que virem esta escritura pública que aos XX dias do mês de XX do ano de 
XX(XX/XX/XXXX), às XX horas e XX minutos, nesta cidade de XX, Estado de XX, República 
Federativa do Brasil, no XXº Tabelionato de Notas de XX, instalado à Praça, perante mim, 
XXXXXXX, tabelião, e das duas testemunhas adiante nomeadas e no final assinadas, comparece 
como testadora JOSEFA SILVA, que também é conhecida e se assina JOZEFA SILVA, 
portuguesa, viúva, do lar, portadora da cédula de identidade RNE nº XXXXXXX/DPMAF/DPF, 
inscrita no CPFMF sob nº XXXXXXX, domiciliada e residente nesta Capital, na Av. Dr. Melo, 67. 
Juntamente com as testemunhas, reconheço a identidade da presente e sua capacidade para o ato. E 
na presença destas testemunhas expressamente convocadas para este ato pela testadora, JOSEFA 
SILVA, que está em seus perfeitos juízos e discernimento, claro entendimento e livre de toda e 
qualquer coação, sugestão ou induzimento, segundo o meu parecer e o das aludidas testemunhas, 
do que dou fé, me diz que faz o seu testamento declarando o seguinte: I) É natural de Areal, 
Conselho, Portugal, onde nasceu ao primeiro dia do mês de julho do ano de um mil e novecentos e 
trinta e nove (01/07/1939); II) É filha de José Silva e Maria Silva, ambos já falecidos; III) Foi 
casada pelo regime da comunhão universal de bens com José Santos, falecido em 9 de fevereiro de 
2002; IV) De seu casamento teve os seguintes filhos: João Santos e Carlos Santos; V) Ela 
testadora, por ocasião de sua morte, com fundamento no artigo 2.014 do Código Civil, quer e 
determina o seguinte: a) Determina que os seus dois filhos fiquem com partes rigorosamente iguais 
de seus bens; b) Fique pertencendo para o seu filho, João Santos, 50% (cinquenta por cento) da 
parte que ela testadora possuí dos imóveis situados à Rua Vale, 1288, e na Travessa, 47, ambos 
nesta Capital; c) Fique pertencendo para o seu neto, José Santos Neto, 50% (cinquenta por cento) 
da parte da nua-propriedade que ela testadora possuí dos imóveis situados à Rua Vale, 933, e na 
Travessa, 47, ambos nesta Capital, reservando o usufruto vitalício destes dois imóveis, em relação 
exclusivamente a este quinhão do neto, para o seu filho, João Santos; d) De sua parte disponível, 
com fundamento nos artigos 803 e seguintes, determina e constitui renda vitalícia, a favor de sua 
irmã, Maria Pereira, no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais) mensais que devem ser pagos com os 
recursos oriundos de suas contas correntes e investimentos bancários na data de seu falecimento, 
por seus herdeiros legais, instituindo o testamenteiro como curador desta obrigação; VI) Nomeia 
para sua testamenteira, Alice Silva, brasileira, solteira, advogada, portadora da cédula de 
identidade RG nº XXXXXXX-SSP/SP e inscrita no CPF/MF nº XXXXXXX, residente e 
domiciliada nesta Capital, na Praça, 27, fixando a vintena em 5% (cinco por cento) do valor da 
herança, e dando-a por abonada em juízo e fora dele. E por este modo tem por feito o seu 
testamento, o qual considera bom, firme e valioso, revogando desde já em todos os seus termos, 
qualquer outro anteriormente feito. Certifico haverem sido observadas e cumpridas todas as 
formalidades prescritas pelo artigo 1864 do Código Civil Brasileiro. Assim diz, pede e lavro a 
presente escritura, que feita e lida, aceita, outorga e assina, na presença das testemunhas que são: 
MARCIA SILVA, brasileira, casada, advogada, portadora da cédula de identidade RG nº 
XXXXXXX-SSP/SP e inscrita no CPF-MF sob nº XXXXXXX, domiciliada e residente nesta 
https://www.26notas.com.br/blog/wp-content/uploads/2013/06/Minutas-para-estudo_Livro-Tabelionato-de-Notas_2013-v2.pdf
https://www.26notas.com.br/blog/wp-content/uploads/2013/06/Minutas-para-estudo_Livro-Tabelionato-de-Notas_2013-v2.pdf
12 
 
capital, na Praça, 6, e MARIA SOUZA, brasileira, solteira, auxiliar administrativa, portadora da 
cédula de identidade RG nº XXXXXXX-SSP/SP e inscrita no CPF-MF sob nº XXXXXXX, 
domiciliada e residente nesta capital, na Rua Silva, 103, ambas reconhecidas como as próprias em 
vista dos documentos de identidade apresentados e cuja capacidade reconheço. Escrita pelo 
tabelião. Dou fé. 
 
 
 
TESTAMENTO (sem herdeiros necessários) 
S A I B A M todos os que virem esta escritura pública que æData_lav2>, às æHora_Lav_Extenso>, 
nesta cidade de São Paulo, SP, República Federativa do Brasil, no 26º Tabelionato de Notas, 
instalado à Praça João Mendes nº 42, 1º andar, perante mim, Paulo Roberto Gaiger Ferreira, 
tabelião, e das duas testemunhas adiante nomeadas e no final assinadas, comparece como 
§1testador§ ¿QUALIFICACAO_TESTADOR> . Juntamente com as testemunhas, reconheço a 
identidade §1do§ presente e sua capacidade para o ato. E na presença destas testemunhas 
convocadas para este ato §1pelo§ §1testador§, ¿NOME_TESTADOR> , que está em seus perfeitos 
juízo e discernimento, claro entendimento e livre de toda e qualquer coação, sugestão ou 
induzimento, segundo o meu parecer e o das testemunhas, do que dou fé, me diz que faz o seu 
testamento declarando o seguinte: I) É natural de ¿LOCAL_DE_NASCIMENTO> , onde nasceu¿DATA_DE_NASCIMENTO> ; II) É filho de ¿NOME_DOS_PAIS> , ¿VIVOS?> ; III) Foi 
§1casado§ com ¿NOME_CONJUGE> sob o regime da ...; IV) De seu casamento não teve filhos; 
V) Não tendo herdeiros necessários e podendo dispor livremente da totalidade de seus bens para 
depois de sua morte, deixa a totalidade de sua herança para 
¿NOME_E_QUALIFICACAO_DO_HERDEIRO> ; VI) Representação e poderes em caso de 
morte: O testador outorga poderes para a sua cônjuge e seus filhos para, em caso de seu 
falecimento, obterem junto a qualquer médico, clínica ou hospital a integralidade de seu prontuário 
médico, solicitarem cópias de documentos ou outras informações sobre o seu tratamento de saúde e 
as causas da morte, em conformidade com o Código de Ética Médica vigente, art. 102, e com o 
Parecer CFM nº 6/10 e eventuais alterações posteriores; VII) Nomeia para seu testamenteiro o 
herdeiro instituído e o dá por abonado em juízo e fora dele. Assim tem por feito o seu testamento, 
que considera bom, firme e valioso, revogando desde já em todos os seus termos qualquer outro 
anteriormente feito. Certifico haverem sido observadas e cumpridas todas as formalidades 
prescritas pelo artigo 1864 do Código Civil. Assim diz, pede e lavro a presente escritura que, feita 
e lida por este tabelião, aceita, outorga e assina na presença das testemunhas que são: 
¿QUALIFICACAO_DE_TESTEMUNHAS> , ambas reconhecidas como as próprias em vista dos 
documentos de identidade apresentados e cuja capacidade reconheço. Escrita pelo tabelião. Dou fé. 
 
 
 
Testamento Cerrado 
 
 
Aos .„„ dias do mês de ,,„, do ano de dois mil e ,.,.. (20..), eu, L.L., em meu perfeito juízo e 
entendimento, livre de qualquer coação, induzimento ou sugestão, deliberei fazer esse meu 
testamento cerrado, escrito e assinado do meu próprio punho (ou: escrito por pessoa de minha 
inteira confiança, a quem roguei que o fizesse), pela forma seguinte: (colocar as 
disposições testamentárias). Nomeio como meu testamenteiro o Sr. L.P, {qualificar). Deste modo 
dou por concluído este meu testamento cerrado, que espero seja cumprido como nele se contém, e 
que expressa minha livre e última vontade, pelo que tenho como bom, firme e valioso, rogando à 
Justiça que o faça cumprir. 
(data e assinatura do testador) 
13 
 
 
 
Auto de aprovação de testamento cerrado 
 
SAÍBAM quantos este público instrumento de aprovação de testamento virem, que aos 
..,„ dias do mês de ,.,do ano de dois mil e „,,. (20.,), nesta cidade de , Estado de 
 , ao meu cartório compareceu GHX. (qualificar), acompanhado de duas testemunhas idôneas 
e capazes, adiante nomeadas e assinadas, de mim conhecidas, do que dou fé. E, em presença 
dessas testemunhas, as quais comigo se certifiquem que o mesmo testador, GHX, se 
encontrava em seu perfeito juízo e entendimento, me foi entregue esse papel, dizendo-me ser o seu 
testamento e disposição de última vontade, que há por bom, firme e valioso, escrito, datado e 
assinado do seu próprio punho (ou escrito por ...... a quem rogou o testador que o fizesse), sem 
constrangimento ou coação de qualquer espécie, e que desejava fosse por mim aprovado, nas 
formas das Seis civis, para que surta os desejados efeitos jurídicos. Recebendo, como me cumpria, 
o dito papel, que escrito em______laudas, o examinei, sem ler, verificando não conter o mesmo 
qualquer entrelinhas, borrão, rasura, nem coisa que dúvida faca, e lho aprovei, observando todas as 
formalidades legais, do que dou fé. Feito isto, e antes de ser devolvido ao testador este testamento, 
será ele, depois de assinado o presente auto, e juntamente com este, cerrado, costurado e lacrado 
com pingos de lacre. E, para constar, escrevi este instrumento que o testador e as testemunhas 
(nome e qualificação}, a todo ato sempre presentes, vão assinar, depois de lhes ser lido voz alta por 
mim, , tabelião, que o escrevi e também assino, em público e raso. (Ass. do tabelião, lançamento de 
seu sinal público e as assinaturas do testador e das testemunhas.) 
Anotação pelo tabelião no seu livro de notas da lavratura do instrumento de aprovação do 
testamento cerrado 
 
 
 
No dia __ do mês____ do ano de dois mil e ___(20..), nesta cidade de ____, em meu cartório, na 
presença das testemunhas.... entreguei a GHX (qualificar) o seu testamento cerrado, por mim 
devidamente aprovado, mediante auto com essa mesma data, escrito e assinado do meu próprio 
punho, subscrito pelo testador e por aquelas testemunhas, tudo de acordo como art. 1643 do 
Código Civil. 
(data e assinatura do tabelião) 
(Fonte: https://www.jurisway.org.br/v2/modelos1.asp?idmodelo=7769, acesso me 19/08/2019) 
 
 
 
 
TESTAMENTO PARTICULAR 
 
Eu, ........................................… brasileira, professora inativa, domiciliada e residente nesta cidade, 
na rua ........................................… nº RG/SSP/RS ....................., CPF natural da cidade 
de............................,.. , nascida em ......................... de .........de 19..., filha de .............e .............., 
ambos já falecidos, casada, pelo regime.................................d… bens, com ....................................., 
com quem tenho .......... filhas, (ou não) estando em perfeito juízo e em pleno gozo de minhas 
faculdades intelectuais, na presença de (03) três testemunhas a seguir qualificadas: 
........................................… ........................................… de qualquer induzimento ou coação, 
resolvo lavrar o presente testamento particular para dispor de meus bens para após a minha morte 
da seguinte forma: PRIMEIRO: não podendo dispor de todo o meu patrimônio por ter herdeiros 
necessários deixo para ........................................… brasileiro, funcionário público federal 
aposentado, natural da cidade de ................., , a totalidade da parte disponível de meu patrimônio 
https://www.jurisway.org.br/v2/modelos1.asp?idmodelo=7769
14 
 
existente por ocasião de minha morte; SEGUNDO: para meu testamenteiro, nomeio 
.........................., acima qualificado, fixando o prêmio de (1%) um por cento, ao qual peço que 
cumpra e faça cumprir as presentes disposições de última vontade. Declaro não existir testamento 
anterior em qualquer de suas formas legais. Nada mais tendo a lavrar, dou por encerrado o presente 
testamento na presença das (03) três testemunhas acima qualificadas, para as quais li a íntegra do 
que nele se contém. Local e data..................._________________… 
 
TESTEMUNHAS: 
01) ______________________________________ 
 
(fulano de tal) 
02)___________________________________… 
 
(Idem) 
03)___________________________ 
 
(idem) 
 
 
 
 
 
 
 
As diretivas antecipadas de vontade na jurisprudência brasileira 
Fábio Massaroli e Roni Edson Fabro 
Estudo sobre decisões judiciais envolvendo as Diretivas Antecipadas de Vontade (DAV´s). 
terça-feira, 18 de abril de 2017 
 
I-Introdução 
Pretende-se, com a elaboração deste trabalho, desenvolver um breve estudo acerca de 
decisões judiciais envolvendo as denominadas Diretivas Antecipadas de Vontade 
(DAV's), uma vez que a legislação brasileira não contempla com uma norma específica 
o assunto, por conta da existência de uma única Resolução do Conselho Federal de 
Medicina, de 19951, de 9 de agosto de 2012. Para tanto, uma pesquisa jurisprudencial é 
necessária, com a finalidade de verificar as demandas judiciais em trâmite e averiguar o 
posicionamento dos tribunais brasileiros sobre o assunto. 
 
A compreensão de como os tribunais estão interpretando o instituto das Diretivas 
Antecipadas de Vontade é fundamental e se acentua no momento em que a sociedade 
brasileira passa por inúmeras transformações, onde uma sociedade tradicional está 
evoluindo para uma sociedade contemporânea, globalizada e conectada à tecnologia. 
Desta forma, o Direito deve ser adequado à realidade e dar guarida às necessidadesde 
cada pessoa, observado o ordenamento jurídico vigente. 
https://www.migalhas.com.br/depeso/257492/as-diretivas-antecipadas-de-vontade-na-jurisprudencia-brasileira
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Observa-se, por conta do instituto inovador, uma grande preocupação dos profissionais 
médicos quando se deparam com paciente acometido por uma moléstia irreversível e o 
próprio paciente ou seus familiares manifestam-se em acolher e observar a 
manifestação de última vontade (do paciente) em ter uma morte digna, sem postergar 
seu sofrimento. Entretanto, esses profissionais da saúde não possuem segurança 
jurídica e ficam à mercê de uma eventual resposta jurisdicional, a qual se pretende 
verificar e compreender. 
O estudo se justifica, então, pela importância do instituto, especialmente por envolver a 
vida humana e tem, como objetivo geral verificar, nos tribunais estaduais, federais e 
superiores brasileiros, a existência de decisões judiciais que contemplem as Diretivas 
Antecipadas de Vontade. Como objetivos específicos, é imprescindível, para melhor 
entendimento, conceituar as Diretivas Antecipadas de Vontade, conceituar, também, 
ortotanásia, posto que institutos diretamente ligados, além de realizar um levantamento 
efetivo das decisões jurisprudenciais existentes no ordenamento jurídico nacional, 
utilizando verbetes específicos, com ferramentas próprias de busca, após a edição da já 
mencionada Resolução do Conselho Federal de Medicina 1995, de 9 de agosto de 
2012. 
 
A pesquisa utiliza os sites institucionais dos Tribunais Estaduais, Tribunais Federais e 
Tribunais Superiores, notadamente STJ e STF, na busca de decisões atinentes às 
Diretivas Antecipadas de Vontade, a fim de verificar se há decisões nas quais a matéria 
foi objeto de análise, bem como o sentido da medida judicial no que tange à validação, 
eficácia e aplicação do instituto. O método utilizado, a partir da busca e tabulação (se 
necessário) de decisões jurisprudenciais do país inteiro, é o método analítico. 
 
II – Ortotanásia, Diretivas Antecipadas de Vontade, Testamento Vital e Mandato 
Duradouro 
 
Discutir o fim da vida é um tema evitado por muitas pessoas, já que considerado um 
verdadeiro tabu. Todavia, mesmo em se tratando de fato certo e incontroverso, é 
preciso ter em mente a imprevisibilidade do fim da vida e qual será a causa mortis, se 
natural e instantânea ou violenta ou, ainda, se decorrente de doença grave e incurável. 
 
A saúde é um estado completo de bem estar físico, mental e social, e não consiste 
somente na ausência de doença ou enfermidade2. O paciente acometido por doença 
grave incurável, por si só, mesmo que esteja inicialmente sem dores ou sofrendo, já se 
encontra em descompasso pelo mal estar mental e social a que está submetido. 
 
Não obstante na continuidade a doença acarretar inúmeras transformações, causando 
16 
 
abundante sofrimento, incluindo, por óbvio, a dor física, além de outros aspectos, 
sociais, psicológicos e espirituais, o paciente tem, ao seu dispor, a denominada 
ortotanásia, ou seja, a "morte a seu tempo certo", quando poderá renunciar a submeter-
se a tratamentos e procedimentos fúteis e desnecessários, que somente prolongarão 
sua vida e submeter-se (ou não) apenas aos métodos paliativos de tratamento, que 
possibilitem minimizar as dores e o sofrimento. Nessa reflexão se filiava Hipócrates3, 
quando pregava que o médico deve curar quando possível, aliviar quando necessário e 
consolar sempre, em outras palavras, quando não há mais nada a fazer sob o aspecto 
médico. 
 
Forçoso é reconhecer que o tratamento dito paliativo não altera o quadro clínico da 
pessoa enferma, sendo utilizado somente para manutenção do paciente. Como exemplo 
pode-se utilizar a hemodiálise, para tratamento ordinário de pacientes com insuficiência 
renal, mas que, nos casos de pacientes debilitados, com idade avançada e com 
insuficiência renal definitiva, como o Papa João Paulo II e o ex-governador de São 
Paulo Mário Covas, já falecidos, foi utilizada somente como paliativo, tendo em vista as 
condições dos pacientes. 
 
A ortotanásia é um procedimento previsto na condição de procedimento ético-médico, 
por conta da Resolução 18054, do Conselho Federal de Medicina, de 9 de novembro de 
2006. 
 
A própria Igreja Católica, que é extremamente ortodoxa no que concerne ao direito à 
vida, reconheceu como legítima a ortotanásia com a promulgação da 
Encíclica Evangelium Vitae5, ainda em 1995, pelo então Papa João Paulo ll, tendo 
rechaçado apenas a eutanásia e a distanásia. 
 
A ortotanásia, sendo fato penal atípico, uma vez que lhe falta elemento subjetivo para 
preencher o conceito tripartido do Direito Penal, considerando a previsão na CF quanto 
aos princípios da liberdade e da dignidade da pessoa humana, apresenta-se como a 
finalidade do profissional médico, que não é (ou não deveria ser) o de violação do bem 
jurídico "vida", mas de reduzir o sofrimento do paciente que não possui mais quaisquer 
chances de cura para sua doença e seu sofrimento. 
 
O tema é complexo e, por óbvio, implica em inquietações nas entidades e nos 
profissionais da saúde, uma vez que a ortotanásia está situada em uma linha muito 
tênue de (i)legalidade, podendo gerar um processo criminal, outro processo, 
administrativo, perante o órgão de classe e, ainda, a responsabilização civil, com 
pretensões patrimoniais indenizatórias. Desta forma, com a finalidade de uniformizar as 
condutas éticas e balizar harmonicamente as ações, o Conselho Federal de Medicina, 
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no art. 1º6, da Resolução 1805, de 9 de novembro de 2006, permitiu que o médico 
intervisse no procedimento que prolongasse a vida do doente terminal, respeitando a 
vontade do paciente ou de seu representante legal. 
 
A Resolução 1805 provocou a propositura de uma Ação Civil Pública, em 9 de maio de 
2007, pelo MPF, contra o Conselho Federal de Medicina, distribuída perante a Décima 
Quarta Vara Federal do Distrito Federal – autos 2007.34.00.014809-3. A ACP tramitou 
durante pouco mais de 3 (três) anos, pois alegava o MPF que se tratava de matéria 
legislativa, da qual o Conselho Federal de Medicina não detinha competência para 
legislar, além de não poder regulamentar, como ética, uma conduta tipificada como 
crime. 
 
Ao final, o Magistrado, em sentença de 1º de dezembro de 20107, julgou improcedente a 
Ação Civil Pública, da qual não houve recurso, ao argumento de que a conduta balizada 
pelo Conselho Federal de Medicina não se enquadraria como crime. Logo, a ortotanásia 
seria conduta atípica e, portanto, não violaria o ordenamento jurídico brasileiro. 
 
Importante verificar, na própria sentença mencionada, na qual o Magistrado Federal 
prolator, Roberto Luis Luchi Demo, fez uso da manifestação da Procuradora da 
República Luciana Loureiro Oliveira, as interessantes e pontuais diferenciações entre 
ortotanásia (morte no tempo certo, no momento adequado), eutanásia (morte provocada 
por terceiro, de paciente terminal, por compaixão), distanásia (prolongamento artificial 
do estado de degenerescência) e mistanásia (eutanásia social, por conta da absoluta 
falta de infraestrutura adequada na saúde pública). 
 
Após o trâmite regular da ACP, foi reconhecida a validade da Resolução 1805, do 
Conselho Federal de Medicina e, ainda em 2006, o Conselho Federal de Medicina 
instituiu uma Câmara Técnica de Teminalidade da Vida e Cuidados Paliativos, reunindo 
médicos e juristas, com o objetivo de revisar o Código de Ética Médica, que vigoravaa 
mais de 20 anos. 
 
Com a Resolução 19318, de 24 de setembro de 2009, foi editado o Novo Código de 
Ética Médica, trazendo à tona o respeito à autonomia da vontade do paciente como uma 
de suas premissas fundamentais, especialmente em seu art. 249, quando deixa claro 
que o direito de decisão livre é do paciente, sendo vedado ao profissional médico não 
garantir esse direito. 
 
O código de ética médica explica que a autonomia da vontade do paciente deve ser 
respeitada, vedando ao médico o desrespeito às prescrições ou tratamento de outro 
médico, exceto se com manifesto benefício ao paciente. O novo código se pauta na 
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possibilidade de permissão da ortotanásia, ponderando seu respeito para com a 
dignidade da pessoa humana. 
 
A CF de 1988, intitulada Constituição Cidadã, também evidencia, como fundamentos do 
Estado Democrático de Direito, dentre outros, em seu art. 1º10, III, a dignidade da 
pessoa humana como princípio constitucional, o que é corroborado pelo art. 5º11, caput, 
II e III, quando enaltece o direito à vida, à liberdade, à autonomia da vontade e proíbe 
tratamento desumano ou degradante. 
 
Além das disposições constitucionais, o CC de 2002 auxilia no estudo, especialmente 
em seus arts. 1112 e 1513, haja vista que referidos dispositivos proíbem a submissão de 
pessoa a tratamento ou intervenção médica em havendo risco de vida e que esse 
direito, ainda, se constitui como irrenunciável. 
 
Embora não exista no Brasil uma lei que regulamente as Diretivas Antecipadas de 
Vontade, é possível afirmar que, na prática, elas efetivamente existem, mesmo que de 
forma tímida, pois estão em consonância com a norma Constitucional, posto que se 
trata de negócio jurídico unilateral, personalíssimo, revogável, gratuito e informal. A 
única norma vigente no ordenamento jurídico brasileiro é a Resolução 1995, de 9 de 
agosto de 2012, que em seu arts. 1º 14e 2º 15 define as diretivas antecipadas de vontade 
como os desejos manifestados pelo paciente acerca de tratamentos a que quer, ou não, 
ser submetido, especialmente quando incapacitado para se expressar, além de 
esclarecer questões limítrofes, inclusive quanto à hipótese de manifestação pelo 
representante designado do paciente. Há teórica vinculação do médico à manifestação 
de vontade do paciente, uma vez que exaure possíveis e eventuais demandas judiciais, 
tendo em vista o amparo legitimado pelo paciente, no exercício da sua autonomia da 
vontade. Diante dessa definição, tem-se que se o médico suspender os procedimentos 
sem a devida manifestação de vontade do paciente, estará, em tese, praticando o crime 
de homicídio, pois a figura que desqualifica a tipicidade é a manifestação da autonomia 
da vontade do paciente. 
Como a pesquisa abrange as Diretivas Antecipadas de Vontade, é importante 
esclarecer sua terminologia, haja vista a existência do testamento vital e também do 
mandato duradouro, institutos estreitamente ligados. O testamento vital16 diverge um 
pouco das Diretivas Antecipadas de Vontade, pois seus objetivos, apesar de 
aparentemente similares, possuem significados diversos. Conforme Elcio Luiz 
Bonamigo et al (2013, p. 89), especificamente sob o palium da legislação brasileira e de 
acordo com a legislação portuguesa, o termo mais adequado seria Diretivas 
Antecipadas de Vontade, considerando que o testamento vital diz respeito a 
procedimentos e tratamentos que o paciente deseja ou não receber ou ser submetido, 
em havendo incapacidade de comunicação do paciente. As diretivas antecipadas de 
https://www.migalhas.com.br/depeso/257492/as-diretivas-antecipadas-de-vontade-na-jurisprudencia-brasileira
19 
 
vontade possuem sentido mais amplo, haja vista que, além de incluir o testamento vital, 
permite ao indivíduo dispor ainda sobre outros desejos: doação ou não de órgãos e 
tecidos, destinação do próprio corpo e até mesmo designando terceira pessoa, ou seja, 
um representante designado para tomar as medidas necessárias para implementar sua 
vontade (do paciente) quando incapaz de decidir ou de se comunicar, hipótese na qual 
se constitui o mandato duradouro17. 
 
Os Estados Unidos da América, pioneiros na matéria, iniciaram a utilização do 
testamento vital a pouco mais de 50 anos e, ainda conforme Elcio Luiz Bonamigo et 
al (2013, p. 84), sua expansão para a América Latina e Europa ocorreu ainda no final do 
século passado. 
 
Também é importante esclarecer a inexistência de relação do denominado testamento 
vital para com o testamento civil. O CC, em seu art. 185718, especialmente o § 2°, trata 
de sua característica mais marcante: a mortis causa, haja vista que o testamento 
produzirá efeitos somente após a morte do testador. Logo, antes o testamento civil não 
gera efeitos e também não vincula o testador ao negócio, a partir do que dispõe o art. 
185819, também do CC. No testamento vital, incluído nas diretivas antecipadas de 
vontade, via de regra, estão previstas disposições referentes a atos anteriores à morte, 
daí a sensível diferença para com o testamento 
civil. 
 
As Diretivas Antecipadas de Vontade, então, se referem ao gênero do qual derivam as 
espécies testamento vital e mandato duradouro. Perceba-se que não se trata de 
abreviação da vida, mas sim a morte no seu tempo natural, sem prolongamento que se 
sabe, no caso concreto, ineficaz. Quanto ao procedimento de expressão da vontade, 
para assegurar segurança jurídica ao declarante, a sugestão é que o documento seja 
lavrado por escritura pública, a fim de evitar o registro de um documento que possa, 
eventualmente, ser anulado por meio de ação judicial, mas nada impede que as 
diretivas antecipadas de vontade estejam inseridas em documento privado, mas de 
conhecimento dos familiares e, ainda, podem ocorrer em condições especiais, sob a 
forma verbal, informadas diretamente ao médico, que deverá inclui-las no prontuário 
médico do paciente. 
 
Ainda, tem-se que estes instrumentos, personalíssimos, atuam para atribuir natureza 
jurídica aos direitos de personalidade, tendo em vista que o direito subjetivo foi 
concebido dentro de uma ótica estritamente patrimonialista. Adverte-se que dentro de 
uma ótica patrimonial é possível reparar uma situação que não ocorre quando se está 
diante de um bem supremo como a própria existência. 
 
20 
 
Desta forma, não há que se questionar a autonomia do paciente, uma vez que o 
ordenamento jurídico dispõe que o cidadão goza das prerrogativas constitucionais 
impostas. Portanto, a previsão do art. 5º, caput, da CF, se constitui em direito e não em 
obrigação, tanto é que o legislador não capitulou como crime o suicídio, apenas o 
auxílio ao suicídio, o que ratifica a tese da autonomia da vontade, que deve se 
sobressair no caso concreto, se for esse o desejo do paciente, em detrimento do dever 
de viver, hipótese do já referido art. 5º, II. 
 
Para Ana Carolina Brochado Teixeira (2013, pg. 544), "quando a Constituição previu o 
catálogo aberto de direitos fundamentais, para que a pessoa encontre a melhor forma 
de se realizar, pode-se entender como implícita a liberdade de dispor do próprio corpo." 
E prossegue, sintetizando que o se o corpo humano se constitui em "espaço de 
autonomia, a liberdade de dispor do próprio corpo deve ser a regra e suas limitações 
são exceções, pois os conceitos de saúde, liberdade e personalidade devem ter a 
mesma direção." 
 
Também seentende que os instrumentos mencionados devem ser levados a efeito por 
pessoa capaz, de acordo com os arts. 3º20 e 4º21, do CC, de preferência sob orientação 
de um médico de confiança da família e de um advogado, a fim de estar plenamente 
ciente do que se está registrando, até porque os registros devem ser realizados em 
obediência à lei posta, embora seja possível a revogação a qualquer tempo, desde que 
utilizada a forma adequada. 
 
No que concerne ao mandato duradouro, poderá ser realizado através de uma 
declaração de outorga, uma vez que a pessoa a ser nomeada deverá exteriorizar e 
decidir de acordo com a vontade prévia do paciente, por isso a importância de ser, 
também, uma pessoa próxima do paciente, de sua família e que conheça 
satisfatoriamente o paciente, pois a decisão deve ser como se o próprio paciente 
estivesse se expressando. 
 
Deve constar no instrumento, também, apenas procedimentos que se refiram à 
ortotanásia e isso engloba apenas as práticas terapêuticas que tem seu cerne na 
suspensão ou cerceamento de tratamentos extraordinários ou fúteis, que devido ao 
quadro do paciente não trarão a cura, mantendo, entretanto, cuidados paliativos. 
 
Imperioso esclarecer que a declaração ocorre antes do paciente estar acometido por 
doença, mas se ocorrer no leito hospitalar, poderá o médico colher a declaração de 
vontade do paciente no próprio prontuário médico, para que a vontade do paciente fique 
registrada e justifique alguma prática específica, que atenda à vontade do paciente. 
 
21 
 
Clique aqui para ler o artigo na íntegra. 
_________________ 
 
1 Resolução CFM 1.995/12. Acesso em: 9 mar. 2016 
 
2 A definição consta no preâmbulo da Constituição da Organização Mundial da Saúde, adotada 
pela Conferência Sanitária Internacional realizada em Nova Iorque entre 19 e 22 de junho de 
1946, assinada em 22 de julho de 1946 pelos representantes de 61 Estados e vigorou a partir de 
1948. 
 
3 Biografia de Hipócrates. Acesso em: 30 nov. 2016 
 
4 Resolução CFM 1.805/06. Acesso em: 11 maio 2016 
 
5 Carta Encíclica Evangelium Vitae do Sumo Pontífice, João Paulo ll. Acesso em: 7 jan. 2017. 
 
6 Art. 1º. É permitido ao médico limitar ou suspender procedimentos e tratamentos que 
prolonguem a vida do doente em fase terminal, de enfermidade grave e incurável, respeitada a 
vontade da pessoa ou de seu representante legal. 
§ 1º O médico tem a obrigação de esclarecer ao doente ou a seu representante legal as 
modalidades terapêuticas adequadas para cada situação. 
§ 2º A decisão referida no caput deve ser fundamentada e registrada no prontuário. 
§ 3º É assegurado ao doente ou a seu representante legal o direito de solicitar uma segunda 
opinião médica. 
 
7 Sentença Judiciária do Distrito Federal. Acesso em: 20 dez. 2016 
 
8 Código de Ética Médica. Acesso em: 12 maio 2016 
 
9 Art. 24. Deixar de garantir ao paciente o exercício do direito de decidir livremente sobre sua 
pessoa ou seu bem-estar, bem como exercer sua autoridade para limitá-lo. 
 
10 Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e 
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como 
fundamentos: 
III – a dignidade da pessoa humana. 
 
11 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos 
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à 
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
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II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; 
III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante. 
 
12 Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são 
intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. 
 
13 Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento 
médico ou a intervenção cirúrgica. 
 
14 Art. 1º Definir diretivas antecipadas de vontade como o conjunto de desejos, prévia e 
expressamente manifestados pelo paciente, sobre cuidados e tratamentos que quer, ou não, 
receber no momento em que estiver incapacitado de expressar, livre e autonomamente, sua 
vontade. 
 
15 Art. 2º Nas decisões sobre cuidados e tratamentos de pacientes que se encontram incapazes de 
comunicar-se, ou de expressar de maneira livre e independente suas vontades, o médico levará 
em consideração suas diretivas antecipadas de vontade. 
§ 1º Caso o paciente tenha designado um representante para tal fim, suas informações serão 
levadas em consideração pelo médico. 
§ 2º O médico deixará de levar em consideração as diretivas antecipadas de vontade do paciente 
ou representante que, em sua análise, estiverem em desacordo com os preceitos ditados pelo 
Código de Ética Médica. 
§ 3º As diretivas antecipadas do paciente prevalecerão sobre qualquer outro parecer não médico, 
inclusive sobre os desejos dos familiares. 
§ 4º O médico registrará, no prontuário, as diretivas antecipadas de vontade que lhes foram 
diretamente comunicadas pelo paciente. 
§ 5º Não sendo conhecidas as diretivas antecipadas de vontade do paciente, nem havendo 
representante designado, familiares disponíveis ou falta de consenso entre estes, o médico 
recorrerá ao Comitê de Bioética 
da instituição, caso exista, ou, na falta deste, à Comissão de Ética Médica do hospital ou ao 
Conselho Regional e Federal de Medicina para fundamentar sua decisão sobre conflitos éticos, 
quando entender esta medida necessária e conveniente. 
 
16 Na Resolução 1995, para manter a uniformização terminológica entre os países de língua 
portuguesa (conforme adotado na lei 25/12 portuguesa), optou-se pela denominação Diretivas 
Antecipadas de Vontade (na sigla DAV), tendo como outras denominações, para testamento vital, 
as seguintes variações, diversas nos diferentes países: advance decisions, advanced directives, 
advance health care plan, directivas antecipadas, directives anticipées du patient, diretivas 
antecipadas de vontade, testamento vital e voluntad antecipada, 
ainda de acordo com Elcio Luiz Bonamigo et al (2013, p. 89). 
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17 Testamento Vital. Acesso em 28 set. 2016. 
 
18 Art. 1857. Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade dos seus bens, ou de 
parte deles, para depois de sua morte. 
§ 1º A legítima dos herdeiros necessários não poderá ser incluída no testamento. 
§ 2º São válidas as disposições testamentárias de caráter não patrimonial, ainda que o testador 
somente a elas se tenha limitado. 
 
19 Art. 1858. O testamento é ato personalíssimo, podendo ser mudado a qualquer tempo. 
 
20 Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores 
de 16 (dezesseis) anos. 
 
21 Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: 
I – os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
II – os ébrios habituais e os viciados em tóxico; 
III – aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; 
IV – os pródigos. 
 
___________________ 
 
* FábioMassaroli é acadêmico do curso de Direito da Universidade do Oeste de Santa 
Catarina – UNOESC Joaçaba (SC). 
 
* Roni Edson Fabro é advogado. 
Fonte: site migalhas - https://www.migalhas.com.br/depeso/257492/as-diretivas-antecipadas-de-
vontade-na-jurisprudencia-brasileira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://www.migalhas.com.br/depeso/257492/as-diretivas-antecipadas-de-vontade-na-jurisprudencia-brasileira
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TESTAMENTO ESPECIAL 
 
Testamentos especiais: São aqueles elaborados em situações excepcionais, como 
viagens e passeios, dos quais podem surgir acidentes, catástrofes ou situações 
excepcionais que exigem a realização de um testamento de última hora. 
Os testamentos especiais são mais simples e fáceis de fazer do que os testamentos 
ordinários, com menos solenidades. Porém eles não são de livre escolha do cidadão, só 
podendo o testador optar por eles se estiver numa situação especial. Outra característica é 
a de que os testamentos especiais prescrevem, ou seja, têm prazo de eficácia e precisam 
ser confirmados. Lembrando que o testamento ordinário pode ser celebrado por alguém 
aos 16 anos e será válido mesmo que venha a falecer aos 90 anos, por todo este tempo 
o documento ainda estará válido . Vejamos as espécies de testamento especial: 
 
MARÍTIMO: normalmente é feito por aqueles que estão com medo de morrer em alto-
mar. Porém, atualmente as viagens marítimas não são mais tão longas. Esse testamento 
precisa ser confirmado quando terminar a viagem, sob pena de caducidade (1.891). 
 
MILITAR: feito por militares, médicos, engenheiros, padres, repórteres, reféns e 
prisioneiros em época de guerra, em combate ou em cidades cercadas (1.893). 
Forma: correspondente ao testamento público (CC, art. 1893), testamento cerrado (art. 
1894) e a nuncupativa ( art. 1896). 
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É destinado a militares e demais pessoas a serviço das Forças Armadas em campanha, 
dentro do País ou fora dele, assim como em praça sitiada, ou que esteja de comunicações 
interrompidas. Não havendo tabelião, será escrito pelo comandante, perante duas, ou três 
testemunhas, se o testador não puder, ou não souber assinar, caso em que assinará por ele 
uma delas. 
- Se o testador pertencer a corpo ou seção de corpo destacado, o testamento será escrito 
pelo respectivo comandante, ainda que de graduação ou posto inferior. 
- Se o testador estiver em tratamento em hospital, o testamento será escrito pelo 
respectivo oficial de saúde, ou pelo diretor do estabelecimento. 
- Se o testador for o oficial mais graduado, o testamento será escrito por aquele que o 
substituir. 
- Se o testador souber escrever, poderá fazer o testamento de seu punho, contanto que o 
date e assine por extenso, e o apresente aberto ou cerrado, na presença de duas 
testemunhas ao auditor, ou ao oficial de patente, que lhe faça as vezes neste mister. O 
auditor, ou o oficial a quem o testamento se apresente notará, em qualquer parte dele, 
lugar, dia, mês e ano, em que lhe for apresentado, nota esta que será assinada por ele e 
pelas testemunhas. 
Também caducará após noventa dias em que o testador já estiver em lugar seguro, onde 
possa testar de forma ordinária (art. 1895) e não terá efeito se o testador não morrer na 
guerra ou convalescer do ferimento (art. 1896, parágrafo único). 
- O testamento militar admite a espécie nuncupativa, ou seja “in extremis” quando o 
militar ferido, agonizante, confia sua vontade oralmente a duas testemunhas. Depois as 
testemunhas terão que escrever o que ouviram e entregar o documento ao comandante do 
batalhão (1.896).

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