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12 Jéssica N. Monte – Turma 106 Patologia Aplicada NEOPLASIAS BENIGNAS NEOPLASIAS BENIGNAS EPITELIAIS: ◊ Papiloma intraductal. ◊ Hemartoma. ◊ Papilomatose florida (adenoma do mamilo). ◊ Adenomioepitelioma. NEOPLASIAS BENIGNAS ESTROMAIS: ◊ Fibroadenoma. ◊ Tumor phyllodes: 20% sofrem malignização. TUMORES MESENQUIMAIS FIBROADENOMA A. A imagem radiológica mostra massa caracteristicamente bem circunscrita. B. Na macroscopia, nódulo bem delimitado no tecido adiposo, circunscrito, branco e elástico. C. A proliferação do estroma envolve, empurra e distorce o epi- télio ductal. As margens são bem delimitadas no tecido adja- cente. TUMOR PHYLLOIDE (CISTOSARCOMA FILOIDE) Raro, corresponde a menos de 1% dos tumores de mama. Há maior celularidade do estroma, crescimento excessivo, com- parado a “folhas” (do grego, phyllon = folha). Geralmente tem comportamento benigno, mesmo quando tem grandes dimensões. No entanto, pode ser lesão de alto grau (carcinoma). C A B 13 Jéssica N. Monte – Turma 106 Patologia Aplicada NEOPLASIAS MALIGNAS O carcinoma da mama é a neoplasia maligna extra-cutânea mais comum em mulheres. Só perde em mortes por câncer para o tumor de pulmão. É raro antes dos 25 anos, mas a incidência aumenta rapidamente a partir dos 30 anos. Esse grupo de tumores mostra diferenças quanto às características do paciente, características histológi- cas, resposta terapêutica e sobrevida. A maioria dos tumores são adenocarcinomas, os quais podem ser divididos em três subgrupos biológicos principais, de acordo com a expressão de receptores hormonais e HER2 (C-Erb). Os tumores HER2 positivos são mais agressivos, mas apresentam mais uma opção terapêutica. Tumores luminais: ◊ Receptor hormonal (RH) de estrogênio (RE) e/ou progesterona (RP) positivos. ◊ HER2 (C-Erb) negativo. ◊ Correspondem entre 50 e 65% dos tumores. Tumores com HER2 positivo: ◊ Podem ser receptor hormonal (RH) positivo ou negativo: Tumor HER2+: significa que o tumor é negativo para hormônios (RH) e positivo para HER2 (C-Erb). Luminal HER2+: significa que o tumor é positivo para hormônios (RH) e para positivo para HER2 (C-Erb). ◊ Correspondem entre 10 e 20% dos tumores. Tumores triplo negativos: ◊ Receptores hormonais (RH) (RE/RP) negativos e HER2 negativo: ◊ Correspondem entre 10 e 20% dos tumores. CARCINOMA DE MAMA ESPORÁDICO Fatores de risco mais importantes: ◊ Exposição hormonal: Gênero, idade da menarca e menopausa, história reprodutiva, amamentação e estrogênios exógenos (estrógeno e progesterona administrados juntos por muitos anos). A ooforectomia (remoção dos ovários) diminui o risco em até 75%. Fármacos que bloqueiam os efeitos estrogênicos (Tamoxifeno) ou a formação do estrogênio (inibidores da aromatase) também diminuem o risco de tumores RE+. ◊ Exposição à radiação: Secundária a tratamentos de câncer, exposição à bomba atômica ou acidentes nucleares. O risco é maior com exposição em idade jovem e altas doses. Mulheres entre 10 e 20 anos, com radiação torácica para tratamento de linfoma Hodgkin têm entre 20 e 30% de risco de desenvolverem câncer de mama nos próximos 10 a 30 anos. As mulheres idosas não têm este risco. CARCINOMA DE MAMA HEREDITÁRIO Entre 5 e 10% dos carcinomas de mama ocorrem em indivíduos com mutações hereditárias nos genes su- pressores de tumor. O risco para estes pacientes é de mais de 90%. ◊ BCRA-1 e BCRA-2: presentes entre 80 e 90% dos carcinomas de mama hereditários e em 3% de todos os carcinomas de mama. Também aumentam o risco de carcinoma de ovário, câncer de mama masculino, próstata e pâncreas. ◊ TP53 e CHEK2: presentes em 8% dos carcinomas de mama hereditários. ◊ PTEN, STK11 e ATM: presentes em 1% dos carcinomas de mama hereditários. 14 Jéssica N. Monte – Turma 106 Patologia Aplicada CARCINOMA DUCTAL CARCINOMA DUCTAL IN SITU OU NÃO INVASIVO Proliferação epitelial maligna das células epiteliais restrita aos ductos ou dúctulos mamários, sem invasão estromal. Raramente é palpável, costuma ser detectado por mamo- grafia. São classificados em alto grau, grau intermediário e baixo grau, dependendo do grau nuclear e presença ou não de necrose. O carcinoma in situ de alto grau frequentemente recidiva e tende a desenvolver focos de invasão. CARCINOMA DUCTAL INVASIVO Grupo heterogêneo de lesões, com vários subtipos, conforme a expressão gênica (luminais, ba- sais, HER2/neu e outros). Massa palpável, endurecida, com 2 a 3 cm de diâmetro. Mamografia: densidade irregular e microcalcificações frequentes. Macroscopia: massa relativa- mente bem individualizada, amarelada e firme, com aspecto estrelado. Microscopia: formação de glândulas, ninhos, trabéculas ou ilhotas de células pleomórficas. CARCINOMA LOBULAR CARCINOMA LOBULAR IN SITU OU NÃO INVASIVO Localizado nos lóbulos mamários. Corresponde entre 10 a 30% dos carci- nomas in situ. Geralmente multicêntrico, pode ser bi- lateral e costuma ser um achado inci- dental. 15 Jéssica N. Monte – Turma 106 Patologia Aplicada CARCINOMA LOBULAR INVASIVO Corresponde a 10% dos casos. Tem prognóstico melhor, com sobrevida de 10 anos em 80% das pacientes. Tende a bilateralidade e recidiva sistêmica tardia, com metástases sistêmicas em vários locais (cavidade abdo- minal, pleura, pulmão). Clinicamente pode formar nódulo ou ser difuso, não de- tectável à mamografia. Macroscopicamente: pode formar massas firmes e es- treladas ou somente espessamentos difusos. Microscopicamente: as células são pequenas, infiltrando o estroma como filas indianas ou formando alvos. OUTROS TUMORES MALIGNOS ◊ Carcinoma tubular (5 a 10%): quando puro, é o carcinoma invasor de mama com melhor prognóstico. ◊ Carcinoma medular (7%): prognóstico um pouco melhor que o ductal. Pode ser familiar. ◊ Carcinoma mucinoso (2 a 3%): geralmente pós-menopausa, bom prognóstico. ◊ Carcinoma micropapilar: geralmente tem metástases precoces. ◊ Doença de Paget: disseminação intraepidérmica de tumor no mamilo. ◊ Carcinoma inflamatório: sinais clínicos inflamatórios, simulando mastite. ◊ Carcinomas metaplásicos: mistura complexa de tumor com elementos escamosos ou sarcomatoide. Ra- ros, prognóstico ruim. ◊ Outros: adenoide cístico; secretor; papilífero; de células acinares; rico em lipídeos e apócrino; sarcomas; metástases. FATORES PROGNÓSTICOS E PREDITIVOS Um marcador de prognóstico consiste em qualquer elemento que possa, no momento do diagnóstico, dar informações a respeito da evolução da doença. Um marcador preditivo fornece informações para a seleção de pacientes suscetíveis de responderem a uma determinada terapêutica (ex: receptores hormonais). ◊ Envolvimento axilar: a existência de metástases axilares diminui em 10 anos a sobrevida. ◊ Tamanho do tumor: < 1,0 cm raramente metastatiza; > 3,0 cm tem recidiva elevada. ◊ Tipo histológico. ◊ Grau histológico: formação tubular + pleomorfismo nuclear + número de mitoses. ◊ Índice prognóstico de Nottingham: baseado no tamanho do tumor + metástases + grau histológico. ◊ Invasão angiolinfática: chance de metástases. ◊ Angiogênese/linfangiogênese: quantidade de neoformação vascular tumoral. ◊ Receptores hormonais (RE + RP): tumores positivos geralmente respondem ao tratamento antiestrogênio. ◊ HER2/neu (C-Erb): hiperexpressão em tumores mais agressivos. ◊ Índice proliferativo (MIB1/Ki-67): índice maior que 10% e RE positivo respondem melhor aos inibidores da aromatase (quimioterapia). ◊ Perfil de expressão gênica (cDNA microarrays): tenta explicar o comportamento distinto dos tumores. ◊ Genômica e sequenciamento de nova geração: perda do gene CDH1 no tumor lobular (e-caderina); muta- ção nos TP53, PTEN e PI3K no tumor ductal. 16 Jéssica N. Monte – Turma 106 Patologia Aplicada DISSEMINAÇÃO Os carcinomas de mama podem ter invasão local e por via linfática. 25% dos tumoresinvadem o mamilo. Entre 30 e 50% dos casos se apresentam já com metástase linfonodal. Metástases sistêmicas: pulmões, ossos, fígado, suprarrenais, ovários e SNC. 30% das pacientes sem metástases para linfonodos desenvolvem metástases sistêmicas anos depois. Os carcinomas lobulares geralmente disseminam-se para cavidades serosas, trato gastrintestinal e menin- ges, anos após a cirurgia. LINFONODO SENTINELA Com o rastreamento populacional para tumores de mama, conse- gue-se diagnosticar tumores em estágios iniciais, sem envolvi- mento axilar. Juntamente com a adoção de cirurgias conservadoras, foi intro- duzida a análise do primeiro linfonodo a receber a drenagem lin- fática, visando evitar o esvaziamento axilar pela grande morbidade (linfedema, dor, parestesia, hipoestesia e seroma). ◊ Nível I: LN laterais à borda externa do músculo peitoral menor. ◊ Nível II: LN sob e entre as bordas do peitoral menor. ◊ Nível III: LN medialmente à borda interna do peitoral menor. ESTADIAMENTO SISTEMA TNM O sistema TNM utilizado pela patologia é diferente do usado na clínica, por isso contém a letra “p”. A letra “y” é adicionada antes da classificação quando a paciente fez quimioterapia neoadjuvante antes da cirurgia. T: TAMANHO DO TUMOR ◊ pTx - o tumor primário não pode ser avaliado. ◊ pT0 - não há evidências de tumor primário. ◊ pTis - carcinoma “in situ” lobular ou ductal, do- ença de Paget do mamilo sem o tumor. ◊ pT1 - tumor de 2 cm ou menos em sua maior dimensão. ◊ pT1mic - microinvasão de 0,1 cm, porém não mais de 0,5 cm em sua maior dimensão. ◊ pT1a - mais de 0,1 cm, porém não mais de 0,5 cm em sua maior dimensão. ◊ pT1b - mais de 0,5 cm, porém não mais de 1 cm em sua maior dimensão. ◊ pT1c - mais de 1 cm, porém não mais de 2 cm em sua maior dimensão. ◊ pT2 - tumor com mais de 2 cm, porém não mais de 5 cm em sua maior dimensão. ◊ pT3 - tumor com mais de 5 cm em sua maior dimensão. ◊ pT4 - tumor de qualquer dimensão, com exten- são direta à parede torácica ou à pele. ◊ pT4a - extensão à parede torácica. ◊ pT4b – edema, incluindo “peau d’orange”, ulce- ração da pele ou nódulo(s) cutâneo(s) satélite(s) homolateral. ◊ pT4c – associação do T4a e o T4b. ◊ pT4d – carcinoma inflamatório. N: NÚMERO DE LINFONODOS COMPROMETIDOS ◊ pNx: os linfonodos regionais não podem ser avaliados. ◊ pN0: ausência de metástases em linfonodos re- gionais. ◊ pN1: metástase em linfonodo(s) axilar(es), ho- molateral(ais), móvel(eis). ◊ pN1a: somente micrometástase, sendo nenhum linfonodo maior que 0,2 cm. ◊ pN1b: metástase em linfonodo(s) com mais de 0,2 cm. 17 Jéssica N. Monte – Turma 106 Patologia Aplicada ◊ pN1bi: metástase em 1 a 3 linfonodos, com um maior que 0,2 cm e todos os outros menores que 2 cm em sua maior dimensão. ◊ pN1bii: metástase em 4 linfonodos, com um maior que 0,2 cm e todos os outros menores que 2 cm em sua maior dimensão. ◊ pN1biii: extensão do tumor além da cápsula de um linfonodo metastático, com menos de 2 cm em sua maior dimensão. ◊ pN1biv: metástase em um linfonodo, com 2 cm ou mais em sua maior dimensão. ◊ pN2: metástase em linfonodos axilares homola- terais, fixos uns aos outros ou a outras estrutu- ras. ◊ pN3: metástase em linfonodo(s) mamário(s) in- terno(s) homolateral(ais). TRATAMENTO CIRÚRGICO: Tumorectomia (em desuso), setorectomia, quadrantectomia, mastectomia simples, mastectomias radicais, esvaziamento axilar. RADIOTERAPIA: Após cirurgia conservadora, tumores maiores que 4 cm, 4+ linfonodos metastáticos, sem segurança de mar- gem (< 1 mm). QUIMIOTERAPIA: Neoadjuvante ou pré-operatória: ◊ Usada para diminuir o tamanho da lesão. ◊ Antraciclina + Ciclofosfamida + Fluouracil é o esquema mais utilizado. Adjuvante: ◊ Individualizada e dependente de fatores de mau prognóstico. ◊ Dispõe de vários esquemas. Os mais utilizados são: antraciclina (Epirrubicina ou Doxorrubicina ou Adriami- cina) + taxano, se axila positiva (Docetaxel ou Paclitaxel). O tratamento costuma ser de 4 a 6 ciclos, durante 12 a 18 semanas. TRASTUZUMABE: Anticorpo monoclonal desenvolvido para bloquear o receptor de membrana (não é quimioterápico). Usado em pacientes que são HER2+ por 12 meses. HORMONIOTERAPIA: A finalidade é diminuir a atividade hormonal sobre a mama por 5 a 10 anos. ◊ Cirúrgica: ooforectomia. ◊ Medicamentosa: Tamoxifeno, inibidores da aromatase (Nanastrozol, Letrozol, Exemestano). ◊ Análogos do GnRH: Goserelina.i i Fonte: Aula Prof. Nara Martins – Novembro/2020.
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