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Saúde da mulher - Prova 2 (Fármacos em obstetrícia/Nidação, desenvolvimento embrionário e placentário/Anamnese obstétrica e pré-natal/Abdome agudo em ginecologia/Aleitamento materno/Avaliação pré-conc


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SAÚDE DA MULHER Talita B. Valente 
2023A 
FÁRMACOS EM OBSTETRÍCIA 
 
• As queixas mais frequentes durante a gestação são dores, dispepsia, náuseas, 
vômitos, febre, edema e infecções. 
• A prescrição de medicamentos na gestação pode causar ansiedade, muitas vezes 
na bula está escrito “não recomendado para gestantes”. 
• Os medicamentos mais utilizados são vitaminas e/ou antianêmicos, medicamentos 
com ação sobre o aparelho digestivo e analgésicos/antiinflamatórios. 
• Quando utilizamos uma medicação com um potencial mais agressivo sobre o 
começo da gestação podemos causar morte pré-natal, medicamentos agressivos 
utilizados no período embrionário podem causar malformações morfológicas 
maiores (como órgãos internos), medicações utilizadas no período fetal podem 
causar malformações morfológicas menores e funcionais. 
• Ainda há dificuldade de se estabelecer com precisão a repercussão das drogas, a 
FDA distribui os medicamentos nas seguintes categorias: 
o CATEGORIA A - estudos controlados em mulheres não demonstraram risco para o feto no 
primeiro ou demais trimestres. Possibilidade de teratogênese remota. 
o CATEGORIA B - estudos de reprodução animal não demonstraram risco fetal, mas não há 
estudos controlados no ser humano, ou estudos em reprodução animal demonstraram 
efeitos adversos que não foram confirmados em estudos controlados no ser humano nos 
vários trimestres. 
o CATEGORIA C - relatos em animais revelaram efeitos adversos no feto, não há estudos 
controlados em mulheres ou em animais. As drogas podem ser ministradas somente se o 
benefício justificar o potencial teratogênico. 
o CATEGORIA D - evidência positivo de risco fetal humano, porém, os benefícios do uso em 
gestantes podem ser aceitáveis. 
o CATEGORIA X - estudos em animais ou seres humanos revelaram efeitos deletérios sobre o 
concepto que ultrapassam os benefícios. O fármaco está contraindicado durante a gestação 
e em mulheres que pretendem engravidar. 
A – Estudos controlados não mostraram risco 
• 0,7% dos medicamentos 
B – Não há evidência de risco no ser humano 
• 19% dos medicamentos 
C – O risco não pode ser afastado; aqui estão incluídos fármacos recentemente 
lançados no mercado e/ou ainda não estudados. 
• 66% dos medicamentos 
D – Há evidência positiva de risco 
• 7,0% dos medicamentos 
X – Contra-indicados na gravidez 
• 7,0% dos medicamentos 
 
DROGAS FREQUENTEMENTE UTILIZADAS EM GESTANTES 
 
ANALGÉSICOS: 
 
Paracetamol (Acetaminofen) 
• Analgésico não opióide, antipirético 
• Risco: B/D 
• Posologia: 500 mg, 4-6 h, VO ou IM,dose máxima de 4000 mg/dia – 
SAÚDE DA MULHER Talita B. Valente 
2023A 
• Indicações: tratamento da dor menor e dor crônica, dismenorréia, febre, processo 
inflamatório, cefaléia, dor pós-operatória, reação vacinal 
• Gravidez: 
o doses terapêuticas de acetaminofeno são compatíveis; 
o consumo elevado por tempo prolongado pode provocar lesões hepáticas 
e renais nos organismos materno e fetal 
• Amamentação: compatível em doses habituais. 
 
Ácido acetilsalicílico 
• Antiinflamatório não hormonal, analgésico, antipirético 
• Risco: C/D 
• Posologia: 500 mg/dia, 1-4x/dia, antipirético e analgésico; 1000-1500 mg, 4x/dia 
antiinflamatório 
• Gravidez: 
o Doses elevadas, 4 g/dia, a partir do 3º trimestre inibe a síntese de 
prostaglandinas; prolonga a gravidez, determina oligúria fetal, oligoâmnio, 
dismorfoses faciais, contratura muscular, oclusão prematura do ducto 
arterioso e hipertensão pulmonar primária do RN. 
o Avaliar risco/benefício 
• Amamentação: 
o Evitar doses elevadas, maiores que 4g/dia; optar por ácido mefenâmico, 
cetoprofeno, diclofenaco, ibuprofeno, meloxicam. 
o Compatível em doses habituais. 
 
Codeína 
• Analgésico opióide. 
• Risco: C/D 
• Posologia: 30-60 mg, 3-6 h, VO 
• Indicações: calmante das tosses, laringites, faringites, traqueites, bronquites, 
sedativo, antiespasmódico 
• Gravidez: 
o Relatos de malformações do aparelho respiratório, hipospádia, hérnia inguinal 
e umbilical, estonose pilórica no 1º trimestre; não há estudos controlados. 
o Próximo ao termo - hipotonia e síndrome de privação do RN. 
o Avaliar risco/benefício. 
• Amamentação: doses elevadas/uso prolongado, monitorar lactente devido a 
possíveis efeitos colaterais. 
 
Meperidina 
• Analgésico narcótico 
• Risco: B/D 
• Posologia: 60 mg, anestesia peridural; 50-150 mg, IM ou IV 
• Indicações: tratamento da dor aguda ou crônica severa e pré-operatório, analgesia, 
cefaleia. 
• Gravidez: 
o No 1º trimestre e apenas 4,8% apresentaram polidactilia e hipospadia. 
o Verifica-se depressão respiratória dose-dependente após 60 minutos da 
injeção. 
SAÚDE DA MULHER Talita B. Valente 
2023A 
o Avaliar risco/benefício 
• Amamentação: compatível. 
 
Morfina 
• Analgésico opióide 
• Risco: B/D 
• Posologia: 30-60 mg, 4-4 h, VO; 1-2 mg, 4-4 h, SC, IM IV; 0,2-4 mg, intratecal; 5 mg, 
epidural 
• Indicações: dor intensa aguda e crônica, infarto do miocárdio, câncer, analgesia 
cirúrgica, doenças crônicas, politraumatismo. 
• Gravidez: 
o Não há relatos de defeitos congênitos; 
o Durante o trabalho de parto pode promover depressão respiratória no recém-
nascido e síndrome de privação; 
o Avaliar risco/benefício 
• Amamentação: doses elevadas/uso prolongado, monitorar lactente devido a 
possíveis efeitos colaterais. 
 
Outros: 
Dipirona - Risco B 
Cafeína - Risco B 
Sumatriptano - Risco C 
Ergotamina - Risco X 
 
ANTINFLAMATÓRIOS 
 
Ácido mefenâmico: 
• Antiinflamatório não hormonal 
• Risco: B/D 
• Posologia: 250 mg, 6-12 h, VO 
• Gravidez: 
o A partir do 3º trimestre inibe a síntese de prostaglandinas; prolonga a gravidez, 
determina oligúria fetal, oligoâmnio, dismorfoses faciais, contratura muscular, 
oclusão prematura do ducto arterioso e hipertensão pulmonar primária do RN. 
o Avaliar risco/benefício 
• Amamentação: compatível em doses habituais. 
 
Diclofenaco sódico 
• Antiinflamatório não hormonal 
• Risco: B/D 
• Posologia: 50 mg 8-8 h, VO; 75 mg 8-8 h IM 
• Indicações: dor, processos inflamatórios 
• Gravidez: 
o A partir do 3º trimestre inibe a síntese de prostaglandinas; prolonga a gravidez, 
determina oligúria fetal, oligoâmnio, dismorfoses faciais, contratura muscular, 
oclusão prematura do ducto arterioso e hipertensão pulmonar primária do RN. 
o Avaliar risco/benefício 
• Amamentação: compatível em doses habituais. 
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Ibuprofeno 
• Antiinflamatório não hormonal 
• Risco: B/D 
• Posologia: 200 mg a 800mg 3-4 x dia, VO 
• Indicações: dor, processos inflamatórios 
• Gravidez: 
o A partir do 3º trimestre inibe a síntese de prostaglandinas; prolonga a gravidez, 
determina oligúria fetal, oligoâmnio, dismorfoses faciais, contratura muscular, 
oclusão prematura do ducto arterioso e hipertensão pulmonar primária do RN. 
o Avaliar risco/benefício 
• Amamentação: compatível em doses habituais. 
 
Indometacina 
• Antiinflamatório não hormonal 
• Risco: B/D 
• Posologia: 25 mg, 2-3x/dia, VO; 100 mg, 2x/dia, via retal 
• Indicações: artrite aguda, espondilite anquilosante, osteoartrite, artrite reumatóide, 
carcinoma de cólon, prevenção de declínio cognitivo, colecistite, dismenorréia, 
eritema nodoso, gota 
• Gravidez: 
o A partir do 3º trimestre inibe a síntese de prostaglandinas; prolonga a gravidez, 
determina oligúria fetal, oligoâmnio, dismorfoses faciais, contratura muscular, 
oclusão prematura do ducto arterioso e hipertensão pulmonar primária do RN. 
o Avaliar risco/benefício 
• Amamentação: 
o Não há dados disponíveis; 
o Optar por ácido mefenâmico, cetoprofeno, diclofenaco, ibuprofeno, 
meloxicam. 
 
CORTICOSTERÓIDES: 
 
Prednisona 
• Corticóide.• Risco: D/C 
• Gravidez: compatível 
• Amamentação: doses habituais sem contra-indicações. 
• OBS: dexametasona é risco C. 
 
ANTIEMÉTICOS: 
 
Metoclopramida (Ondasetrona, Bromoprida, Meclizina) 
• Antiemético 
• Risco: B 
• Posologia: 10 mg, 3x/dia, VO, IM, IV ou via retal 
• Indicações: vômito, náusea 
• Gravidez: compatível 
• Amamentação:compatível em doses habituais. 
 
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ANTIÁCIDOS: 
 
Ranitidina 
• Antiulceroso 
• Risco: B 
• Posologia: 150-300 mg, dose única/dia VO 
• Indicações: úlcera gastroduodenal, síndrome Zollinger-Ellison, profilaxia de 
enterorragias. 
• Gravidez: compatível 
• Amamentação: 
o Doses habituais, uso criterioso; 
o Monitorar o lactente devido efeitos colaterais. 
 
Omeprazol / Pantoprazol 
• Antiulceroso 
• Risco: C 
• Posologia: 10-20mg, dose única/dia, VO 
• Indicações: úlcera gástrica e duodenal, esofagite erosiva grave 
• Gravidez: não há estudos controlados 
• Amamentação: 
o Doses habituais, uso criterioso 
o Monitorar o lactente devido efeitos colaterais 
 
ANTIFLACTULENTOS 
 
Dimeticona 
• Antiflactulento. 
• Risco: B. 
• Posologia: 40-80 mg, 4x/dia VO 
• Indicações: hiperacidez, flatulência 
• Gravidez: compatível 
• Amamentação: compatível. 
 
ANTIBIÓTICOS 
 
Penicilina G Benzatina 
• Antibiótico. 
• Risco: B 
• Posologia: 1.200.000 UI, dose única IM 
• Indicações: endocardite, erisipela, estreptococcia, gangrena gasosa, sífilis 
• Gravidez: compatível 
• Amamentação: compatível em doses habituais 
 
Amoxicilina 
• Antibiótico 
• Risco: B 
• Posologia: 500 mg 8-8 h/dia VO 
SAÚDE DA MULHER Talita B. Valente 
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• Indicações: infecções vias aéreas superiores, vias urinarias, meningite, demais 
infecções, causadas por germes sensíveis ao fármaco 
• Gravidez: compatível 
• Amamentação: compatível em doses habituais. 
 
Amoxicilina + Ácido clavulâmico 
• Antibiótico 
• Risco: B 
• Posologia: 500 mg 8-8 h VO; 1 g 8-8 h IV 
• Indicações: otite média, sinusite, infecções trato respiratório inferior, demais 
infecções causadas por bactérias sensíveis aos fármacos 
• Gravidez: compatível 
• Amamentação: compatível em doses habituais. 
 
Ampicilina 
• Antibiótico 
• Risco: A 
• Posologia: 500 mg 6-6 h VO; 1 g 8-8 h IV 
• Indicações: gonorrei,a meningite menigocócica, faringite, pneumonia, sepsis, 
infecçoes de partes moles e pele, sinusite, infecções trato respiratório inferior, 
demais infecções causadas por bactérias sensíveis aos fármacos 
• Gravidez: compatível 
• Amamentação: compatível em doses habituais. 
 
Ampicilina + Sulbactan 
• Antibiótico 
• Risco: C 
• Posologia: 250-500 mg, 6-6 h/dia, VO, IV 
• Indicações: infecções dos tratos urinário, genital e respiratório, dermatites causadas 
por germes sensíveis ao fármaco 
• Gravidez: não há estudos controlados 
• Amamentação: compatível em doses habituais. 
 
Sulfametoxazol + Trimetropim 
• Risco: C/D 
• Posologia: S 800mg + T 160mg 
• Trimetropin: antagonista do ácido fólico 
• Sulfas: próximo ao termo podem provocar hiperbilirrubinemia 
 
Cefalexina: 
• Antibiótico 
• Risco: B 
• Posologia: 0,5-1,0 g 8-8 h VO 
• Indicações: amigdalite, faringite, infecção das vias urinarias, de pele, de tecidos 
moles, otite media, pneumonia, demais infecções causadas por germes sensíveis ao 
fármaco 
• Gravidez: compatível 
SAÚDE DA MULHER Talita B. Valente 
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• Amamentação: compatível em doses habituais. 
 
Cefazolina 
• Antibiótico 
• Risco: B 
• Posologia: 0,25-1,5 g 6-8 h EV 
• Indicações: endocardite, infecções dermatologicas, dos tecidos moles, do sistema 
osteoarticular, das vias urinárias, septicemia e demais infecções causadas por 
agentes sensíveis ao fármaco 
• Gravidez: compatível 
• Amamentação: compatível em doses habituais. 
 
Ceftriaxona 
• Antibiótico 
• Risco: B 
• Posologia: 0,5-2 12/12h. IM ou EV 
• Indicações: infecção auricular, dos tecidos moles, das vias urinarias, pneumonia e 
demais infecções causadas por germes sensíveis ao fármaco 
• Gravidez: compatível. 
• Amamentação: compatível em doses habituais. 
 
Cefuroxima 
• Antibiótico 
• Risco: B 
• Posologia: 125-500 mg 12-12 h VO 
• Indicações: amigdalite, bronquite, faringite, infecções urinárias, osteoarticulares, de 
pele e de tecidos moles como as demais infecções causadas por germes sensíveis 
ao fármaco 
• Gravidez: compatível 
• Amamentação: compatível em doses habituais. 
 
Cloranfenicol 
• Antibiótico 
• Risco: C/D 
• Posologia: 250-500 mg 6-6 h VO 
• Indicações: infecções por bactérias gram-positivas e gram-negativas 
• Gravidez: não é teratogênico; ministrado na proximidade do parto prematuro pode 
promover colapso cardiovascular, respiração irregular, cianose – síndrome cinzenta 
do RN – podendo chegar ao óbito. 
o Avaliar risco/benefício 
• Amamentação: em doses habituais, uso criterioso - monitorar o lactente devido 
efeitos colaterais 
 
Norfloxacina/Criprofloxacina/Levofloxacino 
• Antiinfeccioso 
• Risco: C 
• Posologia: 400 mg, 12-12 h, VO 
• Indicações: conjuntivite, malaria, uretrites, diarréia 
SAÚDE DA MULHER Talita B. Valente 
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• Gravidez: não há risco de malformações; as fluoroquinolonas produzem artropatia 
devido a danos na cartilagem em animais de experimentação. 
o Há relatos no ser humano, porém, não há estudos controlados 
• Amamentação: compatível, em doses habituais. 
 
Clartitromicina 
• Antibiótico 
• Risco: D 
• Posologia: 250-500 mg 12-12h VO 
• Indicações: infecções dos tratos respiratórios e digestivo, dermatites causadas por 
agentes sensíveis ao fármaco 
• Gravidez: não é embriotóxica ou teratogênica em animais de experimentação 
enquanto no ser humano há relatos de malformações; avaliar risco/benefício 
• Amamentação: compatível em doses habituais. 
 
Clidamicina 
• Macrolideo 
• Risco: B 
• Posologia: 300-600mg 6-8h VO 
• Indicações: vaginites, endometrites, diverticulites, peritonite, doença inflamatória 
pélvica, pneumonias, faringites 
• Gravidez: compatível 
• Amamentação: doses habituais, uso criterioso - monitorar o lactente devido efeitos 
colaterais. 
 
Azitromicina 
• Risco: C 
• Posologia: 500-2000mg dia VO 
• Indicações: Gastroenterites, IVAS, infecções por clamídeas e micoplasmas 
• Gravidez: compatível 
• Amamentação: Compatível 
 
Doxiciclina 
• Antibiótico 
• Risco: D 
• Posologia: 100mg 12-12 h VO 
• Indicações: acne, actinomicose, infecções dos tratos respiratórios, gastrintestinal e 
geniturinário, malária, infecções oculares 
• Gravidez: inibição de crescimento da fíbula, prematuridade, óbito intra-uterino; 
descoloração do esmalte dentário na primeira dentição 
• Amamentação: compatível em doses habituais. 
 
Gentamicina 
• Antibiótico 
• Risco: D 
• Posologia: 80mg 12-12 h IM; 120 mg 24-24 h IM 
SAÚDE DA MULHER Talita B. Valente 
2023A 
• Indicações: septicemia, bacteremia, infecções graves do SNC e dos tratos 
respiratório, gastrintestinal e geniturinário, infecções ósseas, cutâneas ou de tecidos 
moles 
• Gravidez: não é teratogênica, porém ototóxica; avaliar risco/benefício 
• Amamentação: compatível em doses habituais. 
 
ANTIMICROBIANO E ANTIPROTOZOÁRIO 
 
Metronidazol - X/B 
 
Itraconazol - D/C 
 
Cetoconazol - C 
 
Fluconazol 
• Antifungico 
• Risco: X/C 
• Posologia: 150 mg/semana, VO 
• Indicações: afecções orofaríngeas, tratos gastrintestinal, respiratório e geniturinário, 
dermatomicoses 
• Gravidez: teratogênico em animais de experimentação e no humano quando 
ministrado continuadamente no primeiro trimestre 
• Amamentação: compatível em doses habituais. 
 
ANTIVIRAIS 
 
Aciclovir 
• Antiviral 
• Risco: C 
• Posologia:200-400mg, 5x/dia, VO; 250 mg, IV, 1 h – 
• Indicações: infecções de pele, mucosas e genitais, causadas por vírus sensíveis ao 
fármaco 
• Gravidez: não há estudos controlados 
• Amamentação: contra-indicada para evitar transmissão vertical do vírus para o RN. 
 
Fanciclovir 
• Antiviral 
• Risco: C 
• Posologia: 125-500 mg, 8-12 h, VO 
• Indicações: hepatite B, infecções por herpes simplex, periartrite nodosa 
• Gravidez: não há estudos controlados 
• Amamentação: contra-indicada para evitar transmissão vertical do vírus para o RN. 
 
Zidovudina 
• Antiviral 
• Risco: C 
• Posologia: 200 mg,4-4 h, VO 
• Indicações: infecção pelo HIV, hepatite B, sarcoma de Kaposi 
SAÚDE DA MULHER Talita B. Valente 
2023A 
• Gravidez: embriotóxica em animais de experimentação; não há estudos controlados 
no ser humano 
• Amamentação: contra-indicada para evitar transmissão vertical do vírus para o RN. 
 
ANTIHELMÍNTICOS 
 
Mebendazol 
• Anti-helmíntico 
• Risco: C 
• Posologia: 100 mg, 2x/dia, VO 
• Indicações: enterobíase, ascaridíase,tricuríase, ancilostomíase 
• Gravidez: embriotoxico e teratogênico em animais de experimentação; nada 
referido no humano 
• Amamentação: compatível em doses habituais. 
 
ANTIHIPERTENSIVOS 
 
Metildopa 
• bloqueador a-adrenérgico 
• Risco: B 
• Posologia: 250-500 mg 2-3x/dia VO 
• Indicações: insuficiência cardíaca congestiva, hipertensão arterial 
• Gravidez: os poucos relatos de efeitos adversos não estão associados ao uso do 
fármaco 
• Amamentação: compatível em doses habituais. 
 
Nifedipina 
• Bloqueador do canal de cálcio 
• Risco: C 
• Posologia: 10 mg, 3x/dia, VO 
• Indicações: angina pectoris, cardiomiopatia hipertrófica, doença pulmonar 
obstrutiva crônica, glaucoma, hipertensão arterial, insuficiência cardíaca congestiva 
• Gravidez: teratogênico e embriotóxico em animais de experimentação; 
teoricamente diminui o fluxo útero-placentário, como todos os bloqueadores de 
canal decálcio. Não há estudos controlados 
• Amamentação: compatível em doses habituais. 
 
Propanolol 
• bloqueador b-adrenérgico 
• Risco: C/D 
• Posologia: 40 mg, 2x/dia, VO 
• Indicações: angina pectoris, ansiedade, arritmia, ataxia neuroléptica, hipertensão 
arterial, insuficiência cardíaca congestiva 
• Gravidez: aumento da resistência vascular no binônio materno-fetal proporcional ao 
tempo de exposição. segundo trimestre, redução do peso da placenta e crescimento 
intra-uterino restrito; terceiro trimestre, redução do peso da placenta. Avaliar 
risco/benefício 
• Amamentação: compatível em doses habituais. 
SAÚDE DA MULHER Talita B. Valente 
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Pindolol 
• bloqueador b-adrenérgico 
• Risco: B/D 
• Posologia: 5 mg 2x/dia VO 
• Indicações: angina pectoris, arritmia, depressão, glaucoma, hipertensão, 
insuficiência cardíaca congestiva, hipertiroidismo 
• Gravidez: aumento da resistência vascular no binônio materno-fetal proporcional ao 
tempo de exposição. Segundo trimestre, redução do peso da placentae crescimento 
intra-uterino restrito; terceiro trimestre,redução do peso da placenta. Avaliar 
risco/benefício 
• Amamentação: compatível em doses habituais. 
 
Captopril: 
• inibidor da enzima conversora de angiotensina 
• Risco: X 
• Posologia: 25 mg 2-3x/dia VO 
• Indicações: angina pectoris, arritmia, edema pulmonar, hipertensão arterial, 
insuficiência cardíaca congestiva, nefropatias 
• Gravidez: a partir do segundo trimestre inibe efeito vasoconstritor da angiotensina. 
A hipotensão arterial determina diminuição do fluxo renal do concepto provocando 
anúria, oligoâmnio, conseqüententemente deformação facial, contratura de 
membros, crescimento intrauterino restrito, hipoplasia pulmonar, persistência do 
ducto arterioso; avaliar risco/benefício 
• Amamentação: compatível em doses habituais 
 
Espirolactona 
• diurético 
• Risco: D 
• Posologia: 25-100 mg dose única/dia VO 
• Indicações: ascite, hiperaldosteronismo, hipertensão arterial, insuficiência cardíaca 
congestiva, hipocalemia, edema, síndrome nefrótica 
• Gravidez: não é teratogênico, porém, inibe a reabsorção de sódio e diminui a 
excreção de potássio, promovendo hipercalemia, hipovolemia e acidose metabólica. 
diminui a perfusão placentáriaavaliar risco/benefício 
• Amamentação: compatível em doses habituais. 
 
Hidroclortiazida: Risco D 
 
Furosemide: Risco C 
 
DIURÉTICOS E GESTAÇÃO 
 
Furosemida: D 
Tiazídicos: D 
Contra-indicações: Diuréticos são contra-indicados em quadro clínico de redução da 
perfusão placentária, pacientes com pré-eclâmpsia e crescimento intra-uterino 
retardado 
SAÚDE DA MULHER Talita B. Valente 
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HIPOLIPEMIANTES 
 
Sinvastatina: 
• hipolipemiante 
• Risco: X 
• Posologia: 5-40 mg dose única/dia VO 
• Indicações: arteriosclerose, prevenção de doença coronariana, hipercolesterolemia, 
hiperlipoproteinemia 
• Gravidez: inibe a velocidade do processo de síntese hepática do colesterol, 
promovendo a redução dos níveis sanguíneos aumenta a síntese dos receptores de 
LDL, elevando sua depuração. Contra-indicado 
• Amamentação: evitar. 
 
ANSIOLÍTICOS 
 
Diazepam: 
• ansiolítico/anticonvulsionante 
• Risco: D 
• Posologia: 2-10 mg 2-4x/dia VO 
• Indicações: agitação, ansiedade, crises convulsivas, sedação, espasmos musculares 
• Gravidez: teratogênico em animais de experimentação; no ser humano pode 
produzir hérnia inguinal, malformações cardiovasculares, fenda palatina, lábio 
leporino, crescimento intra-uterino restrito. Avaliar risco/benefício 
• Amamentação: não recomendada. 
 
ANTIEPILÉTICOS 
 
Fenitoína 
• antiepiléptico 
• Risco: D 
• Posologia: 125mg 3x/dia VO 
• Indicações: crises tônico clônicas parciais 
• Gravidez: pode determinar dismorfoses faciais, hipoplasia da falange distal e unhas 
das mãos, microcefalias, crescimento intra-uterino restrito; avaliar risco/benefício 
• Amamentação: a Academia Americana de Pediatria considera compatível. 
 
Fenobarbital 
• antiepiléptico 
• Risco: D 
• Posologia: 60-200 mg, dose única/dia, VO 
• Indicações: crises tônico clônicas, “status epilepticus’’, ansiedade, distúrbios do 
sono, síndrome de abstinência alcoólica– 
• Gravidez: pode promover malformações menores, como hipoplasia de falanges e 
pelve; malformações maiores quando associado a outros anticonvulsivantes. Avaliar 
risco/benefício 
• Amamentação: doses habituais, uso criterioso; monitorar lactente devido a efeitos 
colaterais. 
SAÚDE DA MULHER Talita B. Valente 
2023A 
 
Carbamazepina: D 
 
ANTIDEPRESSIVOS 
 
Clomipramina 
• Antidepressivo 
• Risco: C/D 
• Posologia: 25 mg, 3x/dia, VO 
• Indicações: depressão mental, enurese noturna, fobia, síndrome obsessivo-
compulsiva e do pânico 
• Gravidez: não há estudos controlados; exposição prolongada resulta em síndrome 
de privação do RN. Avaliar risco/benefício 
• Amamentação: compatível em doses habituais. 
 
Fluoxetina - C 
 
Sertralina - C 
 
Amitriptilina - D 
 
ANTIHISTAMÍNICOS 
 
Dexclorfeniramina / Loratadina 
• Anti-histamínico 
• Risco: B/D 
• Posologia: 2 mg, 3-4x/dia, VO 
• Indicações: rinite e conjuntivite alérgicas, urticária– 
• Gravidez: compatível; é preciso lembrar que o uso de anti-histamínicos nas duas 
últimas semanas de gravidez pode provocar fibroplasia retrolental em prematuros - 
avaliar risco/benefício 
• Amamentação: compatível em doses habituais. 
 
Drogas X 
 
Talidomida 
hanseniostático/hipnótico 
Risco: X 
Posologia: 100 mg, 1-4x/dia, VO 
Indicações: lepra lepromatosa, ansiedade 
Gravidez: focomelia, encurtamento e ausência de extremidades; contra-indicada 
Amamentação: contra indicada. 
 
Ácido retinóico oral 
Anfepramona 
Anfetamina 
Benazepril 
Fibratos 
Captopril e derivados 
SAÚDE DA MULHERTalita B. Valente 
2023A 
Vastatinas 
Vciprterona 
Clomifeno 
Clorpropamida 
Desogestrel 
Danazol 
Epinefrina 
Estrogenios 
Femproporex 
Hipoglicemiantes orais 
Isotritinoina 
Misoprostol 
Varfarina 
 
NIDAÇÃO, DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO E PLACENTAR 
 
Início do desenvolvimento humano = ovócito + espermatozoide 
 
Espermatogênese: 
• A sequência de eventos inicia na puberdade. 
 
Ovocitogênese: 
• Os ovócitos ficam parados em prófase I da meiose desde a vida intra-uterina até a 
puberdade. 
• A não disjunção meiótica é o mecanismo de mutação mais comum na nossa espécie. 
A partir dele surgem as trissomias, está associado a idade materna avançada. 
 
 
1. As fímbrias da tuba uterina varrem o ovócito para a ampola, onde ele será fertilizado 
e completará a segunda divisão meiótica. 
SAÚDE DA MULHER Talita B. Valente 
2023A 
2. A fertilização completa-se quando os pronúcleos feminino e masculino se unem e 
os cromossomos materno e paterno misturam-se durante a primeira divisão mitótica 
do zigoto. 
3. A medida que o zigoto passa ao longo da tuba em direção ao útero, sofre a clivagem 
(uma série de divisões mitóticas), que forma várias células menores, os blastômeros. 
4. Cerca de 3 dias após a fertilização, uma bola de 12 ou mais blastômeros entra no 
útero, a mórula. 
5. Logo se forma uma cavidade na mórula, convertendo-a em um blastocisto, que 
consiste em: 
o Embrioblasto = dará origem ao embrião e alguns tecidos extra-embrionários. 
o Cavidade blastocística = espaço preenchido por fluído. 
o Trifoblasto = delgada camada celular externa que mais tarde vai formar 
estruturas extra-embrionárias e a parte embrionária da placenta. 
- No final da primeira semana, o blastocisto está superficialmente implantado no 
endométrio. 
- Fase em que mais acontecem abortos espontâneos. 
 
EMBRIÕES ANORMAIS E ABORTAMENTOS ESPONTÂNEOS 
 
• Uma grande quantidade de zigotos, mórulas e blastocistos abortam 
espontaneamente. 
• A paciente geralmente contra que o período menstrual foi retardado em vários dias 
e o fluxo menstrual foi de grande volume. 
• > 50% dos abortos espontâneos conhecidos - seleção natural de embriões. 
• A implantação inicial do blastocisto é um período crítico do desenvolvimento que 
pode falhar por diversas causas: 
o Causas maternas: hormonais (produção inadequada de progesterona e 
estrogênio pelo corpo lúteo). 
o Causas embrionárias: anormalidades genéticas (cromossomopatias). 
 
Término na implantação e desenvolvimento embrionário 
 
• A implantação do blastocisto completa-se durante a segunda semana do 
desenvolvimento. 
• O trofoblasto aumento contato com o endométrio e se diferencia em: 
o Citotrofoblasto - cama de células mononucleadas mitoticamente ativa 
o Sinciciotrofoblasto - massa multinucleada que se expande rapidamente e 
invade o tecido endometrial. 
• Enzimas proteolíticas são produzidas pelo sinciciotrofoblasto e as células 
endometriais vão sofrendo apoptose, o que facilita a implantação do embrioblasto. 
• Algumas das células do endométrio – as células deciduais – degeneram nessa 
região de penetração e fornecem uma rica fonte para a nutrição embrionária. 
• O sinciciotrofoblasto também produz um hormônio – gonadotrofina coriônica 
humana (hCG) – que mantém a atividade hormonal do corpo lúteo durante a gravidez 
(impedindo o início dos ciclos menstruais). A fração beta desse hormônio já pode ser 
captada em exames de gravidez no fim da segunda semana (β-hCG). 
• Com a progressão da implantação, há mudanças morfológicas no embrioblasto que 
resultam na formação de uma placa bilaminar – o disco embrionário – formado por 
duas camadas: 
SAÚDE DA MULHER Talita B. Valente 
2023A 
o Epiblasto: uma camada mais espessa, forma o assoalho da cavidade 
amniótica e é contínua com o âmnio. 
o Hipoblasto: pequenas células cuboides que formam o teto da cavidade 
exocelômica – que vão formar o saco vitelino primitivo. 
• Lacunas no sinciotrofoblasto - circulação útero-placentária primitiva 
• No 10º dia, o concepto humano está completamente implantado no endométrio. 
 
SÍTIO DE IMPLANTAÇÃO DO BLASTOCISTO 
 
• Normalmente, a implantação ocorre no endométrio, na porção superior do corpo do 
útero, mais frequentemente na parede posterior do que na anterior. 
• A implantação pode ser detectada por ultrassonografia ou por dosagem de β-hCG 
já no fim da segunda semana. 
• A evolução do embrião com batimentos cardíacos pode ser visualizada já no fim da 
quinta semana. 
 
IMPLANTAÇÃO EXTRA-UTERINA 
• Conhecidas como gestações ectópicas. 
• Ocorre de 1:80 – 250 gestações. 
• 95-97% das gestações ectópicas ocorrem na tuba uterina. 
• Existem diversos sítios possíveis para implantação de blastocistos. 
Clínica de gestação ectópica: 
• Sinais e sintomas próprios de gravidez: ausência de menstruação. 
• Dor abdominal, sensibilidade (peritonite) pela dilatação e inflamação da tuba, 
sangramento anormal. 
• A dor pode ser confundida com apendicite quando ocorre na tuba direita. 
• As gestações ectópicas produzem β-hCG mais lentamente do que a gestação 
normal – pode gerar um resultado falso-negativo quando o exame é realizado 
muito precoce. 
• O diagnóstico é realizado especialmente por ultrassonografia transvaginal. 
Causas de gestação ectópica: 
• Fatores que atrasam o transporte do zigoto em clivagem para o útero. 
• DIP – Doença Inflamatória Pélvica – cicatrizes / aderências na mucosa da tuba. 
Manejo da gestação ectópica: 
• Geralmente causa ruptura da tuba uterina e hemorragia na cavidade abdominal 
nas primeiras 8 semanas, seguida de morte do embrião. 
• A tuba afetada e o concepto são removidos cirurgicamente. 
• Risco elevado de mortalidade – gravidez ectópica abdominal. 
 
INIBIÇÃO DA IMPLANTAÇÃO 
• Existem métodos que alteram o metabolismo natural do endométrio, impedindo a 
implantação do blastocisto (mas não a fertilização). 
• Atuam por alteração hormonal: 
o Doses grandes de estrógenos – “pílula do dia seguinte”. 
o DIU (dispositivo intra-uterino) com progesterona. 
• Atuam por reação inflamatória local: 
o DIU (dispositivo intra-uterino) comum (de cobre). 
 
SAÚDE DA MULHER Talita B. Valente 
2023A 
PLACENTA 
 
• É o local básico das trocas de nutrientes e gases entre a mãe e o feto. 
• É um órgão maternofetal constituído por dois componentes: 
o Uma porção fetal – derivada do saco coriônico 
o Uma porção materna – derivada do endométrio gravídico (células deciduais). 
 
Circulação placentária fetal: 
• O sangue pouco oxigenado deixa o feto e vai para a placenta passando pelas 
artérias umbilicais. 
• Esse sangue entra em um sistema artério-capilar-venoso onde ocorre as trocas 
entre sangue fetal e materno. 
• A veia umbilical transporta sangue rico em oxigênio para o feto. 
Circulação placentária materna: 
• O sangue materno chega na placenta pelas artérias endometriais espiraladas. 
• Após percorrer o embrião, o sangue retorna ao ambiente materno pelas veias 
endometriais. 
• O bem-estar do embrião/feto depende de uma circulação materna adequada. 
Redução da circulação uteroplacentária pode resultar em hipóxia fetal e 
crescimento intra-uterino restrito. 
• Normalmente, não há mistura de sangue fetal com o materno; entretanto, 
quantidades muito pequenas de sangue fetal podem penetrar na circulação 
materna passando por pequenas aberturas na membrana placentária. 
Doença Hemolítica do Recém-Nascido (Eritroblastose Fetal): feto Rh+ / mãe Rh- 
(produção de anticorpos maternos anti-Rh). 
 
FUNÇÕES DA PLACENTA: 
• Metabolismo: síntese de glicogênio, colesterol e ácidos graxos. 
- Especialmente durante a fase inicial da gestação. 
- Fonte de nutrientes e energia para o embrião/feto. 
• Transporte de substâncias: gases, água, nutrientes (glicose, aminoácidos, 
vitaminas,hormônios, eletrólitos), anticorpos (IgG) e produtos de excreção. 
o Drogas e seus metabólitos: a grande maioria cruza a placenta. Algumas tem o 
potencial de causar malformações ou alterações funcionais no embrião / feto 
= teratógenos. 
o Agentes infecciosos: muitos tem a capacidade de atravessar a membrana 
placentar e podem causar infecção no feto e malformações graves. Existe na 
gestação um estado fisiológico de imunossupressão. 
• Síntese e secreção endócrina: gonadotrofina coriônica huamana (hCG), tireotrofina 
coriônica humana (hCT), corticotrofina coriônica humana (hCACTH), progesterona e 
estrógenos. 
 
ANORMALIDADES DA PLACENTA: 
• Placenta acreta: aderência anormal das vilosidades coriônicas ao miométrio. 
• Placenta percreta: vilosidades coriônicas penetram em toda a profundidade do 
miométrio e perimétrio (cobertura peritoneal). 
o Após o nascimento, a placenta não se separa da parede uterina e as tentativas 
de remoção podem causar hemorragias de difícil controle. 
SAÚDE DA MULHER Talita B. Valente 
2023A 
• Placenta prévia: o blastocisto se implanta próximo ao ou sobre o orifício interno do 
útero. 
• Essas anormalidades podem causar sangramento tardio (terceiro trimestre). 
• Na placenta prévia, quando há obstrução total do orifício uterino, o feto deve ser 
retirado por casariana. 
• Doença trofoblástica gestacional: proliferação anormal 
do trofoblasto. 
o Espectro de lesões que incluem tumores altamente 
malignos - coriocarcinoma gestacional. 
o As células invadem a decídua basal, penetram em 
seus vasos sanguíneos e linfáticos e podem sofrer 
metástases para os pulmões maternos, medula 
óssea e fígado. 
o São bastante sensíveis à quimioterapia e geralmente resultam em cura. 
o “Gestação molar”. 
 
ANAMNESE OBSTÉTRICA E ASSISTÊNCIA AO PRÉ-NATAL 
 
ANAMNESE OBSTÉTRICA 
 
• Nome, idade 
• G...P...C...A...E... 
• Idade gestacional (IG): 
o Por DUM 
o Por ecografia (até 12 semanas por via transvaginal, erros de +/- 3 dias) 
* Caso a IG por eco e DUM forem muito diferentes, considerar sempre pela 1ª eco. 
• Intercorrências em pré-natal anterior: TPP, pré-eclâmpsia, DMG, ITU, placenta prévia. 
• Gestação planejada? Bem aceita? Rede de apoio? 
• Atividade laboral? Atividade física? 
• Alergias 
• Comorbidades? Medicações em uso? 
• Tabagismo e/ou uso de drogas? 
• Cirurgias prévias? 
• HF para Ca de mama? 
• Última mamografia? (se > 40 anos) 
• Último CP? 
• Calendário vacinal? (Antitetânica, Hepatite B e Influenza) 
• Movimentação fetal presente? (se > 20 semanas) 
• Presença de contrações? Perda de líquido? Sangramento? 
• Procurou emergência por algum motivo? 
 
• Licença maternidade ® por lei, a partir da 36ª semana 
• Antes da 36ª semana pode ser avaliada por médico perito 
• Atestado para consulta e alguns dias se o médico julgar necessário 
 
 
 
 
SAÚDE DA MULHER Talita B. Valente 
2023A 
PRÉ-NATAL DE BAIXO RISCO 
 
EXAMES INICIAIS: 
 
• IG por DUM 
o Data provável do parto (DPP) é calculada pela regra de Naegele: 
Dia (dia da DUM + 7) / mês (mês da DUM -3) 
• IG por USG 
o A acuidade da USG para datar a IG é: 
§ De 7-10 semanas: erro de +/- 3 dias 
§ De 14-20 semanas: erro de +/- 7 dias 
§ 3º trimestre: erro de +/- 3-4 semanas 
o O ministério da saúde recomenda 1 ecografia, não é rotina USG morfológica, 
ecocardio fetal e doppler. 
• Número de consultas: no mínimo são 6. 
o Até 28 semanas: mensal 
o De 32-36 semanas: quinzenal 
o De 37-41 semanas: semanal 
1ª CONSULTA: 
• Exames: 
o Tipagem sanguínea (TS) (se Rh negativo, pedir coombs indireto) 
o Hemograma (HMG) 
o Glicemia de jejum (GJ) 
o EQU e urocultura 
o Toxoplasmose 
o VDRL / HBsAG (anticorpo anti-HBs ® hepatite B) / Anti-HIV (teste rápido) 
o TSH 
o Citopatológico 
o US obstétrica (de preferência < 12 semanas, via transvaginal) 
• Usar ácido fólico até as 12 semanas (5mg ou 400mcg) 
• Orientar sintomáticos se necessário: 
o Plasil 10mg 8/8h. se náusea ou vômito (outras opções são dramin, vonau e 
meclin) 
o Dipirona 500mg 6/6h. se dor 
o Paracetamol 500mg 6/6h. se dor 
o Buscopan simples 10mg se cólica 
o Ranitidina 150mg 12/12h. se azia 
• Orientar para realização de procedimentos “invasivos” após 12 semanas, como cp e 
vacina que, apesar de poderem ser realizados, podem ser associados à aborto pelos 
leigos. 
EXAMES 2º TRIMESTRE (24-28 semanas) 
• Teste de tolerância à glicose oral (TTG 75G ® GJ, 1h., 2h.) 
• Toxoplasmose (se IgG e IgM não reagente) 
• VDRL, HIV 
• Urocultura 
• Coombs Indireto (CI) (se Rh negativo) 
* USG obstétrica??? 
EXAMES 3º TRIMESTRE (>34 semanas) 
SAÚDE DA MULHER Talita B. Valente 
2023A 
• Hemograma 
• EQU e urocultura 
• Sorologias (HIV, VDRL, HBsAG) 
• Toxoplasmose (se IgG e IgM não reagentes) 
• Coombs indireto (se Rh negativo) 
• Glicemia jejum 
• Pesquisa de Estreptococo do grupo B (swab vaginal e retal) 
* USG obstétrica??? 
 
Exame físico no pré-natal: 
• Peso 
• Pressão arterial 
• Mamas 
• Medida de altura do fundo uterino 
• Batimento cardíaco fetal (BCF) (é audível geralmente apoós 12 semanas) 
• Exame especular: para coleta de CP, avaliação da perda de líquido e sangramento 
• Toque vaginal: nem sempre é necessário, cuidar com placenta prévia 
• Apresentação fetal (manobra Leopold) 
 
 
VACINAÇÃO EM GESTANTES: 
Calendário básico do ministério da saúde: 
o DT OU dTpa (difteria, tétano e coqueluche) 
o Hepatite B 
o Influenza (na época da campanha) 
Esquemas: 
• dTpa (informe técnico do ministério da saúde 2014): 
o Previamente vacinada com 3 doses de dT: Reforço de dTpa em cada 
gestação; 
o Incompleto = 1 dose dT: Aplicar 1 dose dT e 1 dose dTpa com intervalo de 60 
dias; 
SAÚDE DA MULHER Talita B. Valente 
2023A 
o Incompleto = 2 doses dT: Aplicar 1 dose dTpa; 
o Desconhecida: 2 doses de dT e 1 dose de dTpa entre 27ª-36ª semana 
gestação com intervalo de 60 dias entre as doses, mínimo de 30 dias. 
• Hepatite B: 
o Não vacinada / desconhecido / Anti-Hbs <10: 3 doses (0, 1 mês e 6 meses) 
o Incompleto: completar esquema 
 
GESTAÇÃO DE ALTO-RISCO 
 
• Toda gestação de baixo risco pode se tornar de alto risco. 
• Em todas as consultas é realizada a estratificação de risco. 
 
QUANDO ENCAMINHAR PARA ALTO RISCO: 
• Acretismo placentário (condição em que a formação da placenta ultrapassa os 
limites esperados dentro do útero, fixando-se profundamente na parede uterina) 
• Mau passado obstétrico: 
o Síndrome Hellp (complicação da gravidez caracterizada por hemólise, 
enzimas hepáticas elevadas e baixa contagem de plaquetas). 
o Trabalho de parto prematuro (<34 semanas). 
o Cesariana prévia com incisão uterina longitudinal. 
o Trombose venosa profunda (TVP). 
o Abortos de repetição. 
o Hiper/hipo tireoidismo central 
o Condições clínicas maternas graves ou descompensadas (HAS, DM prévio) 
Causas mais comuns de encaminhamento: 
• HAS crônica com mau controle: 
o Pré-eclâmpsia sobreposta: piora do controle da TA + proteína na urina > 
300mg/24h de coleta ou relação de proteína/creatinina em amostra de urina 
>0,3. 
• DM prévio. 
• DM gestacional sem controle não farmacológico. 
o GJ>92 ou 1 parâmetro do TTG 75g alterado (J>92, 1h.>180 e 2h.>153) 
o Se na primeira consulta GJ>126 = DM prévio 
 
PODE SE MANTER NA ATENÇÃO BÁSICA: 
• HAS crônica sem lesão de órgão alvo com bom controle pressórico apenas com 1 
medicação (sempre trocar a medicação da mamãe com HAS crônica para 
metildopa). 
• DM gestacional com bom controle glicêmico (HGT J<95, 2h. pós prandial <120) com 
dieta, atividade física e crescimento fetal adequado (Percentil 50). 
• Hipotireoidismo controlado com até 2,5 mcg/kg/dia de levotiroxina. 
o Meta: TSH 2,5 no 1º trimestre e TSH 3,0 no 2º e 3º trimestre.• Outros: extremos de idade, múltiplas cesarianas. 
 
CAUSAS QUE NECESSITAM DE OUTRAS ESPECIALIDADES: 
• HIV, Hepatites, Toxoplasmose ® Infectologista 
• Hipertireoidismo/ Hipot Central / DM ® Endocrinologista 
• Malformações fetais ® Medicina Fetal 
SAÚDE DA MULHER Talita B. Valente 
2023A 
• Cardiopatias maternas ® Cardiologista 
• Trombofilias ® Hematologista 
 
ABDOME AGUDO EM GINECOLOGIA 
 
• Definição: patologias ginecológicas que podem representar risco de morte iminente 
e sequelas irreversíveis. 
• Classificação: 
o Hemorrágico: gravidez ectópica; rotura de cistos; tumores pélvicos. 
o Inflamatórios: DIP; abscesso tubo-ovariano. 
o Isquêmico: torção de anexos; leiomioma pediculado; necrose de neoplasia. 
 
ABORDAGEM INICIAL DA PACIENTE COM DOR AGUDA: 
• Anamnese: idade, ciclo menstrual, uso de anticoncepcional, atraso menstrual, 
história de infertilidade, diagnóstico prévio de massa anexial. 
• Caracteísticas da dor, início súbito ou não. 
• Associações com secreção vaginal, sangramento ou febre. 
• Exame físico: 
o Palpação do abdome, sinais de irritação peritoneal. 
o Exame especular para avaliar sangramento, secreção purulenta. 
o Toque vaginal para avaliar desconforto à mobilização do colo (grito de 
Douglas), palpação de massa em anexos. 
o Abaulamento do fundo de saco de Douglas (culdocentese para avaliar líquido) 
• Exames complementares iniciais: 
o b-HCG (em todas as pacientes em idade fértil) 
o Hemograma e leucograma 
o PCR 
o EQU 
o Ultrassonografia 
transvaginal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SAÚDE DA MULHER Talita B. Valente 
2023A 
ABDOME AGUDO HEMORRÁGICO 
 
GRAVIDEZ ECTÓPICA (GE) 
• Causa mais comum de abdome agudo hemorrágico. 
• Incide em 1,5-2% das gestações. 
• É a causa mais comum de mortalidade materna no primeiro trimestre de gestação. 
• 90-95% doas casos ocorre na tuba uterina. 
• Β-HCG positivo (> 3.500) + Dor Aguda + Massa anexial = GE 
• Locais em que pode ocorrer GE: colo do útero, tuba uterina, ovário e cavidade 
abdominal. 
• Fatores de risco: DIP e DSTs prévias; Cirurgia tubária prévia; Técnica de fertilização 
assistida; Idade avançada (>35 anos); Tabagismo; Múltiplos parceiros; GE prévia; DIU; 
Endometriose; Exposição ao dietilbestrol. 
• Quadro clínico: 
o B-HCG positivo (sem gestação intra-útero, elevação lenta ou decréscimo) 
o Dor pélvica 
o Sangramento vaginal 
o Sinais de instabilidade hemodinâmica 
o Atraso ou não da menstruação 
o Massa anexial é o achado mais comum na US 
o Sinal de Lafond: Dor pélvica irradiada para o ombro - supõe irritação 
diafragmática pelo acúmulo de sangue. 
o Sinal de Cullen: Equimose periumbilical resultado do acúmulo de sangue 
intraperitoneal (raro). 
• Tratamento: 
o Expectante: Aborto tubário, B-HCG em declínio 
o Medicamentoso: Metotrexato 
§ Hemodinamicamente estável 
§ B-HCG< 5000 mUI/mL 
§ BCF ausente 
§ Massa anexial <3,5 cm 
o Cirúrgico: Salpingectomia X Salpingostomia 
§ Videolaparoscopia – via preferencial 
§ Laparotomia: pacientes instáveis e com hemoperitônio muito 
volumoso. 
• Diagnóstico diferencial: Rotura de cisto folicular ou corpo lúteo, endometrioma. 
Geralmente casos mais brandos. 
 
ABDOME AGUDO INFLAMATÓRIO 
 
DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA (DIP) 
• Progressão de microorganismos da vagina para colo (cervicite), útero (endometrite), 
trompas (salpingite), até acometer peritônio e órgãos adjacentes. 
• Prevalência de 2-12%. 
• 5ª causa de hospitalização entre as mulheres. 
• Infecção polimocrobiana – 30% por clamidia ou gonococo. Outros: micoplasma, 
ureaplasma, trichomonas. 
SAÚDE DA MULHER Talita B. Valente 
2023A 
• Fatores de risco: (semelhantes aos das DSTs), múltiplos parceiros; não uso de 
preservativos; inserção de DIU; biópsia endometrial; curetagem uterina; 
histeroscopia; histerossalpingografia. 
• Quadro clínico: 
o 60% são silenciosas, associação com clamídia, causa de infertilidade 
secundária. 
o Dor pélvica recente +: 
§ Dor à mobilização do colo útero 
§ Dor uterina 
§ Dor anexial 
o Outros: febre, secreção vaginal purulenta, PCR aumentada. 
o Síndome de Fitz-Hugh-Curtis: Peritonismo difuso em abdome inferior ou 
região hipogástrica, associado a punho-percussão dolorosa da loja hepática 
(envolvimento inflamatório parietal). Aderências na cápsula de Glisson. 
§ DIP avançada 
§ Envolvimento Intraperitoneal 
§ “Perihepatite” 
§ Sintomas semelhantes a Colecistite e Pielonefrite 
o Culdocentese: saída de secreção purulenta 
• Exames complentares: 
o b-HCG - negativo 
o Leucograma - infeccioso 
o PCR - elevada 
o Exame a fresco da secreção vaginal 
o Sorologias (risco para outras DSTs) 
o Abscesso tubo-ovariano: imagem US. 
• Tratamento: antibioticoterapia. 
o Esquema ambulatorial: Ceftriaxone 250mg IM + Azitromicina 1g/sem 
o Esquema internado (EV): 
§ Clindamicina 900mg 8h8h + Gentamicina 240mg/d 
§ Se Abscesso, acrescentar Ampicilina EV. ® Drenagem por US ou VDLP 
se não houver resposta 
• Critérios de internação para tratamento da DIP: 
o Gravidez 
o Clinicamente instável 
o Abscesso 
o Peritonite 
o Dúvida diagnóstica 
o Comorbidades, imunodepressão 
o Ruptura de abscesso 
• Diagnóstico diferencial: apendicite, diverticulite, gastroenterite, infecção ou litíase 
urinária, colecistite. 
 
ABDOME AGUDO ISQUÊMICO 
 
TORÇÃO DE MASSAS ANEXIAIS 
• Nos EUA, a torção ovariana é a 5ª causa de emergência cirúrgica ginecológica. 
• É mais comum em mulheres submetidas à estimulação ovariana. 
• Pode causa ainda hemoperitônio por extravasamento sanguíneo. 
SAÚDE DA MULHER Talita B. Valente 
2023A 
• Se possível, tentar manter e distorcer o ovário. 
 
Quadro clínico da torção ovariana: 
• Dor súbita, em faca, latejante + BHCG negativo. 
• US com massa anexial, pedículo sem vascularização ao Doppler. 
• Aumento progressivo da dor, sem sinal de irritação peritoneal 
¯ 
Sugere torção de tumores pediculados, anexiais ou uterinos. 
• Os tumores ovarianos que geralmente sofrem torção são de médio volume: 5/15 
cm3. 
• Na pós-menopausa atentar para possibilidade de necrose tumoral ou invasão de 
órgãos adjacentes (carcinoma ovariano e sarcoma uterino). 
• A torção de tumores malignos é rara. 
 
Tratamento: 
• É sempre cirúrgico: VDLP x laparotomia. 
• Rapidez no diagnóstico e tratamento evita necrose e perda da função ovariana. 
• Tentar preservar ovário. 
 
ALEITAMENTO MATERNO 
 
FISIOLOGIA DA LACTAÇÃO 
• Na 1ª metade da gestação ocorre a Mamogênese - proliferação de células epiteliais 
alveolares pela formação de novos ductos. 
• No final da gravidez ocorre diferenciação para atividade secretora, aumento das 
glândulas pela hipertrofia dos vasos, células mioepiteliais e tecido conjuntivo. 
• Lactogênese - logo após dequitação da placenta há queda na produção de 
hormônios esteroides, regredindo o bloqueio sobre a hipófise para a secreção de 
prolactina ocorrendo então o início da secreção láctea. 
• Lactopoese - manutenção da lactação pelo constante estímulo da sucção e 
produção da prolactina pela hipófise anterior. 
• A ejeção do leite ocorre devido à ação da ocitocina nas células mioepiteliais dos 
ductos. A sucção também estimula a secreção desse hormônio pela hipófise 
posterior. 
 
ASPECTOS GERAIS DO ALEITAMENTO MATERNO 
• O aleitamento materno (AM) não serve só para nutrir a criança, ele fornece não só 
uma interação profunda entre mãe e filho, mas também imunoglobulinas para 
defesa de infecções, influencia no desenvolvimento cognitivo e emocional da 
criança e influencia na saúde física e psíquica da mãe. 
• É papel do profissional da saúde entender a importância desse processo, tranquilizar 
e estimular a mãe. 
 
DEFINIÇÕES DO ALEITAMENTO MATERNO (OMS, 2007) 
• AM = quandoa criança recebe leite materno, independente de outros alimentos. 
• AM exclusivo = recebe SOMENTE leite materno da mama ou ordenhado, ou outro 
leite humano (doação), com exceção de gotas de vitaminas, suplementos. 
SAÚDE DA MULHER Talita B. Valente 
2023A 
• AM predominante = além do leite materno recebe outros líquidos a base de água, 
sucos. 
• AM complementado = além do leite materno recebe qualquer alimento sólido ou 
semi-sólido. 
• AM misto ou parcial = quando recebe leite materno e outros tipos de leite (fórmulas, 
leite de vaca). 
 
DURAÇÃO DA AMAMENTAÇÃO (OMS e MS) 
• Os 6 primeiros meses da criança devem ser com AM exclusivo. 
• Após esses meses, manter por 2-3 anos pois ainda fornece vitaminas, proteínas e 
energia. 
• A introdução precoce de alimentos está associada a: 
o Maior número de episódios de diarreia. 
o Maior número de hospitalizações por doenças respiratórias. 
o Risco de desnutrição. 
o Menor absorção de nutrientes presentes no LM, como ferro e zinco. 
o Menor duração do aleitamento materno. 
 
IMPORTÂNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO 
• Evita mortes infantis, principalmente nas famílias de menor nível socioeconômico. 
• Diminui o risco de diarreia e desidratação. Oferecer água ou chás para criança 
amamentada pode dobrar o risco de diarreia, NUNCA se deve oferecer até os 6 
meses. 
• Evita infecções respiratórias e otites. 
• Diminui o risco de alergias à proteína do leite de vaca, dermatite atópica e asma. 
• Diminui o risco de HAS, dislipidemia e DM. 
• Reduz a chance de obesidade (programação metabólica). 
• Efeito positivo na inteligência. 
• Melhor desenvolvimento da cavidade bucal, melhor conformação do palato duro e 
alinhamento correto dos dentes. 
Vantagens para as mães: 
• Proteção contra câncer de mama (o risco de desenvolver a doença diminui em 4,3% 
a cada 12m. de amamentação). 
• Evita nova gravidez em curto espaço de tempo. 
• Menores custos financeiros. 
• Vínculo afetivo. 
 
CARACTERÍSTICAS DO LEITE MATERNO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SAÚDE DA MULHER Talita B. Valente 
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• A concentração de gordura aumenta no decorrer da mamada: 
o Maior ganho de caloria e saciedade para o RN. 
o Por isso, sempre esvaziar completamente a mama. 
o Principais anticorpos IgA, reflexo contra antígenos entéricos e respiratórios da 
mãe. 
o Outros anticorpos IgM e IgG. 
o Produção de lactobacillus bífidus que acidifica as fezes, dificultando 
infecções por Shigella, Salmonella e E. Coli. 
 
TÉCNICA DE AMAMENTAÇÃO: 
Posicionamento adequado: 
• Rosto do bebê de frente para a mama, com o nariz na altura do mamilo. 
• Corpo do bebê próximo da mãe. 
• Bebê com cabeça e tronco alinhados (pescoço não torcido). 
• Bebê bem apoiado. 
Pega adequada: 
• Mais aréola visível acima da boca do bebê. 
• Boca bem aberta. 
• Lábio inferior virado para fora. 
• Queixo tocando a mama. 
 
NÚMERO DE MAMADAS POR DIA: 
Livre demanda: 
• Sem restrições quanto ao número e a duração de cada mamada. 
• Importante esvaziar toda a mama (final é mais calórico e estimula mais produção). 
• Recomeçar na mama oposta. 
• Em geral, o bebê em AME mama de 8-12x por dia. 
Mamas volumosas X mamas pequenas: 
• Produzem a mesma quantidade de leite, o que pode mudar é a quantidade de 
armazenamento. 
• Mulheres com mamas pequenas podem precisar amamentar com mais frequência. 
 
CUIDADOS COM A MÃE: 
• Tranquilizar. 
• Esclarecer que não existe leite fraco. 
• Estimular alimentação adequada, rica em derivados do leite e frutas, vegetais, 
carnes e carboidratos. 
• Não é necessário evitar nenhum alimento, mas retirar caso a criança apresente 
alguma alteração. 
Mães que retornam ao trabalho: 
• Praticar a ordenha do leite, manual, e congelar para usar no futuro. 
• Armazenar em vasilhame de vidro esterilizado com tampas plásticas. 
• Iniciar esse treinamento 15 dias antes de iniciar o trabalho. 
• Conhecer os locais apropriados no ambiente de trabalho para a ordenha e o 
armazenamento. 
• Leite cru pode ser conservado na geladeira por 12 horas e no congelador por 15 dias. 
• Descongelar e aquecer o leite em banho maria. 
• Oferecer em colher ou copo. 
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• Não usar mamadeira. 
 
PREVENÇÃO E MANEJO DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS RELACINADOS À 
AMAMENTAÇÃO 
 
DEMORA DA “DESCIDA DO LEITE”: 
• A apojadura só ocorre alguns dias após o parto. 
• Tranquilizar a mãe. 
• Estimular sucção e ordenha frequentemente. 
• Translactação (complemento por sonda). 
 
MAMILOS PLANOS OU INVERTIDOS: 
• Manobras para inverter. 
• Seringa de 10 ou 20 mL (cortar a saída estreita). 
• Ordenhar o leite para manter produção. 
• Evitar o uso de mamilos intermediários. 
 
INGURGITAMENTO MAMÁRIO: 
• 3 componentes básicos: 
o Congestão/aumento da vascularização da mama. 
o Retenção de leite nos alvéolos. 
o Edema decorrente da congestão. 
• Conduta: 
o Se a aréola estiver muito tensa, ordenhar antes de oferecer ao bebê. 
o Mamadas frequentes. 
o Ibuprofeno, massagens em movimentos circulares. 
o Suporte para as mamas. 
o Gelo no local não por mais de 20 minutos para evitar o efeito rebote. 
 
GALACTOCELE OU “NÓDULO DE LEITE”: 
• Formação cística nos ductos mamários contendo líquido leitoso. 
• Provavelmente causada por um bloqueio do ducto lactífero. 
• Conduta: USG e aspiração ou massagem para tentar desfazer, se recidivar, excisão 
para retirada do cisto. 
 
CANDIDÍASE / MONILÍASE: 
• Decorrente da umidade e lesões no mamilo. 
• Quadro clínico: aréola e mamilos avermelhados, coceira e descamação. 
• Tratamento: tópico no mamilo com nistatina, miconazol ou clotrimazol. Pode ser 
aplicado após cada mamada e não precisa retirar para a próxima. 
• Geralmente o bebê tem monilíase oral (‘sapinho”) e deve receber nistatina em 
solução (consultar pediatra). 
 
DOR NO MAMILO E FISSURAS 
• Geralmente ocorre por pega inadequada. 
• Uso prolongado dos protetores. 
• Exposição prolongada a panos úmidos. 
• Conduta: 
SAÚDE DA MULHER Talita B. Valente 
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o Manter mamilo seco e arejado. 
o Evitar uso de produtos, manter limpo e seco. 
o Manter sucção RN e ordenha para evitar ingurgitamento. 
o Colocar o dedo mínimo na comissura labial (canto da boca do RN), caso seja 
necessário interromper a mamada. 
o Conchas para evitar o contato com a roupa, deve ter furis para arejar. 
 
MASTITE PUERPERAL 
• Geralmente ocorre após a entrada de germes pelas fissuras. 
• Principais germes são os da pele materna: Staphylococcus aureus, Staphylococcus 
epidermidis e Streptococcus do Grupo B. 
• Quadro clínico: dor, calor, rubor, febre alta (39-40ºC) 
• Tratamento: analgésicos e anti-inflamatório, se quadro mais extenso associar ATB 
(Cefalexina 7-10 dias), manter amamentação e ordenha, usar sutiã firme. 
 
ABSCESSO MAMÁRIO 
• Geralmente evolui de uma mastite não tratada. 
• Mau esvaziamento das mamas. 
• Quadro clínico: extensa hiperemia com ponto de flutuação, febre, mal estado geral. 
• Conduta: drenagem cirúrgica e ATB geralmente EV (clindamicina para cobrir 
anaeróbios). Fazer a incisão o mais distante possível da aréola para manter a 
amamentação; se não for possível, manter ordenha manual para evitar 
infurgitamento. 
 
RESTRIÇÕES AO ALEITAMENTO MATERNO 
 
CONTRA-INDICAÇÃO 
• Mães infectadas pelo HIV, HTLV 1 e 2. 
• Uso de medicamentos incompatíveis com a amamentação (ex.: quimioterapia). 
• Criança portadora de galctosemia. 
Conduta para interromper a lactação: 
• Enfaixamento das mamas. 
• Cabergolina ou bromocriptina VO, dose única. 
 
EVITAR TEMPORARIAMENTE: 
• Infecção herpética na pele da mama, manter na mama sadia. 
• Varicela com vesículas na pele 5 dias antes do parto ou até 2 dias após o parto -isolar a mãe até que as vesículas virem crostas. RN deve receber imunoglobulina. 
• Tempo de interrupção conforme uso da droga: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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NÃO DEVE SER CONTRA-INDICADO: 
• Tuberculose (mãe deve usar máscara). 
• Hanseníase. 
• Hepatite B (RN deve receber vacina e imunoglobulina) 
• Hepatite C (cuidar com fissuras) 
• Dengue 
• Consumo de cigarros e álcool. (Deve se estimular a suspensão) 
 
AVALIAÇÃO PRÉ-CONCEPCIONAL E PLANEJAMENTO 
REPRODUTIVO 
 
• Conjunto de medidas de natureza médica, social e psíquica que visam permitir ao 
casal (ou à mulher) a determinação do período ideal para ocorrer a gestação. 
• Identificar e modificar os fatores de risco que podem interferir na saúde da mulher e 
na evolução da gestação. 
• Objetivos: 
o Identificar os potenciais riscos para a mãe, o fero e a gestação. 
o Orientar a gestante sobre riscos. 
o Realizar intervenções visando à melhora no desfecho da gestação. 
 
IDENTIFICAÇÃO DOS RISCOS: 
• Anamnese detalhada. 
• Idade materna. 
• Histórico obstétrico e ginecológico. 
• Doenças crônicas. 
• Doenças genéticas familiares. 
• Uso de fumo, álcool ou drogas. 
• Uso de medicamentos. 
• Exposição ambiental a toxinas. 
• Doenças infecciosas e histórico vacinal. 
• Estado nutricional, controle do peso, IMC. 
• Uso de ácido fólico. 
• Saúde mental. 
• Condições sociais e familiares. 
 
EXAME FÍSICO: 
• Peso, altura, IMC, medida da PA. 
• Avaliação do abdome. 
• Ausculta pulmonar e cardíaca. 
• Avaliação da tireóide. 
• Exame ginecológico completo, com exame de mamas e coleta de CP. 
 
EXAMES LABORATORIAIS: 
• Hemograma. 
• Tipagem sanguína do casal. 
• Anti-HIV, VDRL, HbsAg, rubeola, toxoplasmose. 
• Glicemia de jejum. 
SAÚDE DA MULHER Talita B. Valente 
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• TSH/T4 livre. 
• Hemoglobina glicada (Hb1Ac) para diabéticas. 
 
ACONSELHAMENTO GENÉTICO: 
• Abortamentos de repetição. 
• Casal portador de anomalia cromossômica. 
• Cosanguinidade. 
• HF de anomalias cromossômicas/retardo mental. 
• HF ou pessoal de malformações/doenças gênicas. 
• Idade materna avançada. 
• Uso crônico de medicações potencialmente teratogênicas. 
 
VITAMINAS: 
• A única que tem comprovação científica é o ácido fólico, que previne defeitos de 
fechamento do tubo neural. 
• Iniciar 30 dias antes da suspensão do anticoncepcional e manter até 12ª semana de 
gestação. 
• Dose: 5 mg/dia se história prévia de feto afetado; 0,4 mg/dia população geral. 
• Descontinuar poli vitamínicos e preparações com ervas (hipervitaminose A é 
teratogênica). 
 
ORIENTAÇÕES GERAIS: 
• Manter atividade física leve-moderada. 
• Evitar atividades extenuantes (hipertermia associada com malformações no período 
embrionário). 
• Alimentação saudável. 
• Abstinência de álcool (não existe dose segura) - malformações, prejuízo no 
desempenho neuro-intelectual. 
• Cigarro causa restrição do crescimento feral e parto prematuro. 
• Atualizar calendário vacinal. 
 
ENDOCRINOLOGIA DO CICLO GRAVÍDICO-PUERPERAL 
 
Gestação = Estado especial de adaptação do organismo materno para manutenção e 
desenvolvimento da gestação, permitindo uma alta velocidade de crescimento fetal. 
• Nesse período há um maior risco de adoecimento e morte de mãe e filho. 
• Ocorrem mudanças anatômicas, hormonais, metabólicas e imunológicas, que criam 
um ambiente favorável para o desenvolvimento do concepto. 
 
PLACENTA 
 
• A placenta é um órgão transitório que intermedeia as trocas fisiológicas entre mão e 
feto e possui duas funções, a endócrina e a metabólica. 
 
MUDANÇAS HORMONAIS: 
 
Progesterona - inicialmente é secretada pelo corpo lúteo e depois é secretada pela 
placenta. 
SAÚDE DA MULHER Talita B. Valente 
2023A 
• �A progesterona prepara o endométrio para a nidação e possui ação anti-inflamatória 
e imunossupressora, que protege o concepto do sistema imunológico materno. 
• �Ela bloqueia a ação contrátil do miométrio, garantindo que o concepto permaneca 
no útero. 
• �Realiza um relaxamento da musculatura lisa do intestino, aumentando os sintomas 
de constipação. 
 
Estrogênio - secretado pelo corpo lúteo, córtex adrenal e pela placenta. 
• �Realiza alterações mamárias, de pigmentação cutânea e auxilia o crescimento 
uterino. 
• �Possui função anabólica. 
• �Modifica o metabolismo glicídico. 
 
HORMÔNIOS PLACENTÁRIOS: 
 
HCG - ocorre por secreção ovular e pós placentária. 
• �Auxilia a manter o corpo lúteo e a secreção de progesterona. 
• �Os níveis sanguíneos duplicam a cada 48h e possuem pico entre a 8ª e 10ª semana 
> período de piora dos sintomas de enjoos e etc. 
• �Estimula replicação de células de Leydig testiculares e a secreção de testosterona, 
importantes para a diferenciação sexual. 
• �Mulher pode fazer um hipertireoidismo fisiológico > TSH no inicia da gestação 
precisa estar em torno de 2,5. 
• �Possui função vasodilatadora no útero e atua no relaxamento do miométrio. 
 
hPL - hormônio lactogênio placentário. 
• �Possui ação diabetogênica. 
• �Estimula a glicogenólise hepática > aumento da secreção de insulina pelo pâncreas. 
o Desenvolvimento de diabetes gestacional > mulher possui mais glicose no 
sangue para oferecer para o feto. Para ela não ter diabetes, o pâncreas precisa 
secretar insulina direito. 
o Valores de referência > glicemia de jejum inicial precisa estar a baixo de 92 > 
no teste oral de tolerância a glicose = glicemia de jejum abaixo de 92, na 
primeira hora abaixo de 180 e na segunda hora abaixo de 153. 
o Aumenta oferta de glicose para o feto. 
• �Estimula lipólise materna > fonte de energia materna e nutriçãoo fetal. 
 
Hormônio liberador de corticotrofina - estímulo da supra-renal. 
• �Aumento do cortisol na circulação materna fetal. > trabalho de parto prematuro. 
• �Estimula produção de precursores de colesterol e progesterona. 
• �Estimula produção de surfactante, responsável pela maturação pulmonar e feta. 
 
Existem outros hormônios também envolvidos > checar slides. 
• �Fator de crescimento vascular e fator de crescimento placentários > formação 
vascular da placenta > restrição desses hormônios está relacionada com a pré-
eclampsia. 
• Fator de crescimento semelhante à insulina. 
• Inibina. 
SAÚDE DA MULHER Talita B. Valente 
2023A 
• Activina. 
• Hormônio proteico semelhando ao paratormônio. 
• Hormônio do crescimento. 
 
 As trocas entre mãe e filho são feitas pelos espaços 
intervilosos > difusão > teoricamente não há contato direto 
entre o sangue do feto e da mãe. 
• A passagem por difusão simples ocorre em moléculas 
de água, oxigênio, CO e CO2, glicose, eletrólitos, ureia, 
ácido úrico e a maioria das drogas. 
• A passagem por difusão facilitada ocorre por transporte 
ativo ou pinocitose, que é o englobamento de 
partículas pelas células > transporta vitaminas, 
hormônios e anticorpos. 
• A passagem livre de certas substância, de vírus e 
microorganismos pela placenta pode provocar danos 
e/ou a morte do feto. 
 
PRINCIPAIS ALTERAÇÕES DO ORGANISMO MATERNO 
 
• As alterações endocrinológicas nas grávidas envolvem hipotálamo, hipófise, 
paratireóide, tireóide, adrenal e ovários. 
• Os hormônios hipotalâmicos são aumentados devido a produção de variantes 
semelhantes pela placenta. 
o Aumento no GnRh, do CRH, da somatostatina e do TRH > hormônios 
hipotalâmicos. 
• Hormônios hipofisários: 
o Hipófise triplica de tamanho da gestação. 
o Produz aumento de células secretoras de prolactina. > células lactotróficas. 
o O LH e o FSH estão suprimidos pelos altos níveis de estrogênio e 
progesterona. 
o O GH diminui devido a produção placentária. 
o O ACTH aumenta pelo estímulo do CRH placentário > aumento do cortisol. 
o TSH precisa estar diminuído > possuindovalor inversa ao HCG. 
§ �TSH é o hormônio que indica o funcionamento adequado da tireóide. > 
se o TSH está elevado, a paciente não está produzindo T3 e T4 
suficiente. 
§ �TSH precisa estar em valores inferiores a 2,5. 
o A prolactina possui um aumento progressivo durante a gestação, possuindo 
pico no fim da gestação. 
o O hormônio melanotrófico aumenta e causa a hiperpigmentação da linha 
nigra e do cloasma. 
o A ocitocina aumenta durante a gestação e está envolvida na hora do parto e 
na ejeção do leite depois. 
• Hormînios adrenais: 
o Aldosterona - o sistema renina-angiotensina-aldosterona está estimulado na 
gestação pela diminuição da resistência vascular periférica e diminuição da 
resposta vascular à angiotensina II 
o Cortisol - hipercortisolemia 
SAÚDE DA MULHER Talita B. Valente 
2023A 
o Testosterona - aumentada por causa do aumento das globulinas 
transportadoras de hormônios sexuais. 
o A insulina precisa estar aumentada para não desenvolver diabetes 
gestacional. 
§ �A insulina aumento em resposta a ação do hPL, que aumenta a 
glicogenólise materna e aumenta a resistência periféria a insulina. 
o Paratormônio - aumenta devido ao declínio do cálcio e depleção das reservas 
maternas em favor do feto. 
§ �O paratormonio aumenta a liberação de calcitonina para aumentar a 
absorção de cálcio. 
 
ADAPTAÇÕES FISIOLÓGICAS: 
 
Sistema circulatório: 
• Ocorre um aumento da volemia sanguínea, que nada mais é o aumento do volume 
plasmático além do volume de eritrócitos, causando uma anemia fisiológica. 
o Só se suspeita de anemia ferropriva se Hb<11. 
o Há aumento do débito cardíaco e diminuição da resistência vascular. 
o Isso causa aumento da presença de varizes e edema, e também piora o 
retorno venoso aumentando o risco de hemorroidas. 
 
Sistema respiratório: 
• Ocorre elevação do diafragma, tornando a respiração mais difícil. 
• Ampliação da caixa torácica antero-posterior. 
• Aumento da necessidade de O2. 
• Compressão do diafragma pelo útero. 
• Diminuição da extensão pulmonar. 
• Aumento da frequência respiratória. 
 
Aparelho digestivo: 
• Alteração de pH na boca, podendo causar mudança no sabor dos alimentos. 
o O pH mais baixo da saliva no período gestacional, aliado à deficiência dos 
hábitos higiênicos de cavidade bucal são responsáveis pelas cáries que 
surgem neste período (não é a gestação que aumenta o número de cáries). 
• Pode ocorrer uma hipertrofia da gengiva, aumentando a suscetibilidade para 
gengivites. 
o �As gengivas sofrem, por ação do estrógeno e da progesterona, hipertrofia 
notável, fator que limita a higienização da cavidade oral, tanto por cobrir parte. 
• Aumento da musculatura lisa do esôfago, podendo ocasionar refluxo pelo 
relaxamento do esfíncter inferior do esôfago. 
• Devido à compressão gástrica, pode haver uma compressão da vesícula biliar 
(aumenta o tempo de esvaziamento) e aumento da ocorrência de cálculos. 
• O relaxamento da musculatura lisa do intestino aumenta os sintomas de 
constipação. 
 
Sistema urinário: 
• Compressão da bexiga pelo útero > pode haver compressão dos ureteres e até 
mesmo um retardo do fluxo de urina. 
SAÚDE DA MULHER Talita B. Valente 
2023A 
• Aumento no tamanho dos rins. 
• Dilatação da pelve e ureteres. 
• Fluxo de urina retardado. 
• Maior risco de infecção urinária. 
 
Sistema músculo-esquelético: 
• Há uma mudança no centro de gravidade, causando uma lordose para compensar 
o equilíbrio. Causa mais dor. 
• Andar anserino = andar com pernas afastadas. 
• Instabilidade das articulações pélvicas. 
• Atividade física no pré-natal diminui a incidência de dores > pilates, yoga, natação, 
exercícios de baixo impacto.... 
 
Órgãos reprodutores: 
• Útero - Ocorre um aumento acentuado no tamanho, ocorrendo uma intensificações 
de contrações normais (contrações de Braxton Hicks) 
o �Hipertrofia e alongamento de células musculares. 
o �Mudança de forma e posição 
• O colo do útero realiza um aumento da vascularização e do edema, possuindo um 
aspectoamolecido, com aumento de secreção. 
o �O colo fica mais vermelho pois possui mais vasos > coleta de cp da 
ectocervice > espátula. 
o �Corrimento aumentado é normal, desde que não tenha cheiro forte e coceira. 
o �Conforme o útero cresce, o colo também se eleva. 
o �Próximo ao nascimento do bebê, o colo tende a diminuir de espessura e 
encurtar. 
• Vagina - ocorre um aumento da vascularização e da elasticidade, causando um 
amolecimento, pois o tecido conjuntivo torna-se mais frouxo. Também ocorre 
mudança da coloração. 
• Vulva - 
o �Ocorre uma 
hipertrofia dos 
grandes lábios 
o �Mudança de 
coloração. 
o �Aumento da 
vascularização. 
o �Surgimento de 
edemas. 
• O períneo também 
aumenta sua 
vascularização, fica 
hipertrofiado e muda sua 
coloração. Cuidado com 
varizes. 
 
 
 
SAÚDE DA MULHER Talita B. Valente 
2023A 
ENDOCRINOLOGIA DO PARTO 
 
• O parto é um evento fisiológico multifatorial. 
• Ativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal. 
• Ativação endometrial - estrógenos aumentam os receptores para prostaglandinas e 
ocitocina. 
o As prostaglandinas modificam o cérvix e estimulam a ruptura das membranas. 
o Glicocorticóides aumentam produção de prostaglandinas. 
 
PUERPÉRIO 
 
• Do primeiro ao décimo dia pós nascimento. 
• As principais complicações são: hemorragia puerperal, trombose venosa profunda, 
cefaleia pós raquidiana (mudança do liquor – buraco que fica pós anestesia), fissura 
e engurgitamento mamário, disfunções miccionais, transtornos psiquiátricos. 
• É necessário fazer profilaxia para trombose venosa profunça. 
• Cuidado com distúrbios miccionais, constipação, infecções. 
• Transtornos psiquiátricos. 
• Puerpério tardio, sendo do 10º ao 45º dia > ocorrência de mastites e de doenças 
psiquiátricas. 
• A infecção puerperal é a terceira causa de morte materna no BR. 
o Cesárea é fator predisponente. > sempre se faz ATB profilático. 
o Trabalho de parto prolongado. 
o Cesariana indicada por trabalho de parto distócico. 
o Ruptura prematura de membranas. 
o Extração manual de placenta. 
o Infecção pelo HIV ou colonização pelo strepto. 
o Obesidade. 
o Tempo cirúrgico prolongado. 
o Diabete melitus. 
o Tabagismo. 
• Das infecções puérperas, a endometrite é a mais comum, que geralmente se 
instala no 4º ou 5º dia pós-parto. 
o Ocorre aumento da temperatura bucal. 
o Lóquios purulentos e com mau cheiro 
o Útero amolecido, doloroso, colo permeável 
o Bactérias: 
§ �Aeróbios: Streptococcus, Enterococcus, E. coli, Klebsiella, Proteus 
§ �Anaeróbios: Peptostreptococcus, Bacteroides fragilis, Clostridium sp 
§ �Outros: Clamidia, Mycoplasma 
o Esquema tríplice de antibióticos = ampicilina, clindamicina e gentamicina. 
o Quando não responder ao tratamento para endometrite pensar em 
complicações: 
§ �Abscesso pélvico, 
§ �Peritonite, > sepse > laparotomia : possibilidade de corpo estranho. 
• Geralmente, se o útero for o foco da infecção, é realizada uma 
histerectomia. 
§ Tromboflebite pélvica > êmbolos sépticos que podem se alojar em 
outros órgãos. 
SAÚDE DA MULHER Talita B. Valente 
2023A 
• Trombose da v. ovariana 
• Quadro geralmente arrastado, “febre de origem obscura” 
• Tratamento: ATB + Heparina 
 
ALTERAÇÕES: 
• O peso do útero no pós-parto imediato é de 1kg e regride até 100g em 30 dias. No 
momento da alta hospitalar, precisa estar abaixo da cicatriz umbilical. 
• A cérvice uterina permite a passagem de 1 dedo 2 dias após o parto e em uma 
semana o colo está fechado. 
o O artifício externo do colo aparece como uma fenda transversal após um parto 
vaginal. 
o Se não houver fechamento do colo em 1 semana, isso pode indicar a presença 
de restos placentários. 
• Lóquios (eliminação do conteúdouterino que ocorre pós-parto): 
o Rubra - sangue vivo/vermelho, sai nos primeiros dias pós-parto. 
o Fusca - secreção serosa, depois de 3-4 dias, começando a ficar descolorada. 
o Alba - décimo dia pós-parto, eliminação esbranquiçada. 
o Quando for abundante ou fétida, está associada a um útero que ainda está um 
pouco alto e não muito contraído geralmente vinculado a retenção 
placentária e infecção do endométrio. 
• O débito cardíaco e o volume plasmático estavam aumentados na gravidez, 
havendo sobrecarga e aumento da resistência periférica. Então ocorre o retorno 
normal da pressão venosa, melhorando possíveis varizes/edemas/hemorroidas. 
o Este é o momento mais importante para evitar trombose, deve-se motivar a 
prática de exercícios. 
o Em mulheres obesas faz-se o uso de heparina profilática para evitar trombos. 
• Sistema urinário possui sintomas de superdistensão, com sensação de 
esvaziamento incompleto. 
o Se o parto foi cesárea e usou morfina e sonda, há mais risco de infecção e 
pode demorar para retornar ao esvaziamento completo da bexiga. 
o Quando também há sintomas de incontinência, normalmente são passageiros 
mas a paciente deve fazer exercícios específicos. 
o Quando há febre, é necessário descartar infecção no trato urinário. 
• A ovulação depende muito da amamentação pois a prolactina inibe a produção de 
FSH e LH, ajudando a bloquear a ovulação nos 2 ou 3 meses iniciais, depois disso a 
mulher pode engravidar. 
o Em mulheres que não amamentam a ovulação normalmente retorna na sexta 
semana pós-parto. 
o Uso de anticoncepcionais - injeção de 3 em e meses, desogestrel ou DIU de 
cobre (só com estrogênio). 
• Puerpério patológico = trombose, hemorragia quando não há contração adequada 
do útero, depressão, psicose e infecções.

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