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Resumo feito por: Jéssica Cristina da Silva Introdução O tecido nervoso se distribui pelo organismo, formando uma rede de comunicações que constitui o sistema nervoso, que é dividido em: ● Sistema nervoso central (SNC): formado pelo encéfalo e medula espinhal. ● Sistema nervoso periférico (SNP): formado pelos nervos e por gânglios nervosos que são pequenos agregados de neurônios. Obs: os nervos são constituídos principalmente por prolongamentos dos neurônios (células nervosas) situados no SNC ou nos gânglios nervosos. O tecido nervoso apresenta dois componentes principais: ● Neurônios: células geralmente com longos prolongamentos ● Células da glia ou neuróglia: existem vários tipos dessas células, elas sustentam os neurônios e participam de outras funções importantes. No sistema nervoso central existe uma segregação entre os corpos celulares e os prolongamentos dos neurônios, isso faz com que perceba-se a olho nu duas regiões distintas no encéfalo: 1 ● Substância branca: é chamada dessa forma pois é mais esbranquiçada do que a substância cinzenta e a razão disso é que essa substância possui grande quantidade de mielina (nas bainhas de mielina) que dá um aspecto esbranquiçado aos axônios. Essa substância possui tanta mielina pois não possui corpos celulares de neurônios, sendo constituída apenas por seus prolongamentos (os axônios) e por células da glia. ● Substância cinzenta: como o próprio nome já diz, é chamada assim pois apresenta uma cor acinzenta. Essa substância é formada principalmente por corpos de neurônios e células da glia e contém também prolongamentos dos neurônios. As principais funções do sistema nervoso são: ● Detectar, transmitir, analisar e utilizar as informações geradas pelos estímulos as informações geradas sensoriais provenientes do calor, luz, energia mecânica e modi�cações químicas do ambiente externo e interno. ● Organizar e coordenar, direta ou indiretamente o funcionamento de quase todas as funções no organismo, como as funções motoras, endócrinas, psíquicas e viscerais, controlando as condições intrínsecas do organismo como a pressão sanguínea, o teor de glicose, o pH do sangue e os comportamentos em relação ao mundo exterior, como alimentação, reprodução, defesa e interação social. Neurônios As células nervosas ou neurônios são responsáveis pela recepção, transmissão e processamento de estímulos, eles também in�uenciam diversas atividades do organismo e liberam neurotransmissores e outras moléculas informacionais. Além disso, os neurônios respondem às alterações no meio em que se encontram, ou seja, aos estímulos com modi�cações da diferença de potencial elétrico que existe entre as superfícies externa e interna de suas membranas plasmáticas, quando as células exibem essa propriedade são chamadas de células "excitáveis", além dos neurônios, células musculares e de algumas 2 glândulas também possuem essa propriedade. A modi�cação do potencial elétrico pode se restringir ao local do estímulo ou ser transmitida para toda a célula nervosa através de sua membrana. Essa propagação constitui o que se denomina impulso nervoso, cuja função é transmitir informações a outros neurônios, músculos ou glândulas. Os neurônios, por meio de seus prolongamentos geralmente longos e numerosos, formam circuitos neuronais, e como os circuitos eletrônicos, apresentam diversos tamanhos e complexidades podendo ser simples, porém, na maioria das vezes, trata-se da combinação de dois ou mais circuitos que interagem para executar uma função. Muitos circuitos elementares se comunicam em grau crescente de complexidade para desempenhar funções cada vez mais complexas. As células nervosas são formadas por: ● Corpo celular ou pericário: é o centro da célula, onde está o núcleo e de onde os prolongamentos partem. É capaz de receber estímulos ● Dendritos: são numerosos prolongamentos, especializados na função de receber os estímulos do meio, de células epiteliais sensoriais ou de outros neurônios. ● Axônio: prolongamento único, especializado na condução de impulsos que transmitem informações do neurônio para outras células (nervosas, musculares, glandulares). As dimensões e a forma dos neurônios e seus prolongamentos variam. O pericário pode ser esférico, piriforme ou anguloso. De acordo com sua morfologia os neurônios podem ser classi�cados em: ● Multipolares: possuem vários dendritos e um axônio. A maioria dos neurônios é multipolar. Podem ser encontrados em todo o sistema nervoso. Esse tipo de neurônio pode ter seu pericário em forma piramidal (ex: córtex cerebral), piriforme (ex: córtex cerebelar) ou estrelado (ex: medula espinhal). A direção dos impulsos é do dendrito para o corpo celular até o axônio ou do corpo celular para o axônio. 3 ● Bipolares: tem um dendrito e um axônio, são encontrados nos gânglios coclear e vestibular, na retina e na mucosa olfatória. ● Pseudounipolares: apresentam, próximo ao corpo celular, prolongamento único, mas este logo se divide em dois, dirigindo-se um ramo para a periferia e outro para o sistema nervoso central. Os dois prolongamentos desse tipo de neurônio são axônios, mas as arborizações terminais do ramo periférico recebem estímulos e funcionam como dendritos. O estímulo captado passa direto dos dendritos para o axônio, sem passar pelo corpo celular. São encontrados nos gânglios espinhais, que são gânglios sensoriais situados nas raízes dorsais dos nervos espinhais, e também nos gânglios cranianos. De acordo com sua função os neurônios podem ser classi�cados em: ● Motores ou eferentes: controlam órgãos efetores, como glândulas exócrinas e endócrinas e �bras musculares. ● Sensoriais ou aferentes: recebem estímulos sensoriais do meio ambiente e do próprio organismo. ● Interneurônios: estabelecem formam uma rede de comunicação e de integração entre os neurônios sensoriais e motores formando circuitos complexos. Os interneurônios constituem a grande maioria dos neurônios do corpo. Seus corpos celulares originam-se no SNC e estão inteiramente con�nados a ele. Corpo celular ou pericário O corpo celular ou pericário é o centro tró�co da célula, ou seja, parte da célula nervosa que encontra-se o núcleo e demais organelas. Tem função de recepção e integração de estímulos excitatórios ou inibitórios gerados em outras células nervosas. É também um local de síntese de proteínas neuronais e constituintes das células e membranas. O pericário é rico em retículo endoplasmático granuloso, que forma agregados de cisternas paralelas, 4 entre as quais ocorrem numerosos polirribossomos livres. Esses conjuntos de cisternas e ribossomos podem ser vistos no microscópio óptico como manchas basó�las espalhadas pelo citoplasma, são chamados de corpúsculos de Nissl. Dendritos São geralmente curtos e rami�cados, eles aumentam consideravelmente a superfície receptora dos neurônios e são especializados em receber estímulos. A maioria das células nervosas tem numerosos dendritos, que aumentam consideravelmente a superfície celular, tornando possível receber e integrar impulsos trazidos por numerosos terminais axônicos de outros neurônios. Os dendritos se a�nam conforme se rami�cam. Axônios Cada neurônio contém apenas um único axônio, que é um cilindro de comprimento e diâmetro variáveis conforme o tipo de neurônio e geralmente o axônio da célula é mais longo que seus dendritos, sua função é conduzir os impulsos nervosos. Geralmente, o axônio se origina de uma estrutura piramidal do corpo celular, denominada cone de implantação, já sua porção �nal é chamada telodendro e é muito rami�cada, nas extremidades dessas rami�cações formam-se dilatações denominadas botões terminais. Existe um movimento muito ativo de moléculas e organelas ao longo dos axônios, logo, o transporte axônico ou transporte axonal é necessário para conduzir o material sintetizado do pericário para o axônio visto que a atividade sintética do neurônio é concentrada no corpo da célula nervosa, assim como para transportar 5 moléculas e informação do axônio para o corpo da célulanervosa. Esse transporte é realizado por proteínas motoras que prendem vesículas, organelas ou moléculas e transitam sobre os microtúbulos, ambas são ATPases, ou seja, rompem uma ligação do ATP, liberando assim energia. Se o transporte é do pericário para o axônio, é denominado anterógrado e a proteína motora associada a microtúbulos responsável por mediar esse transporte é a quinesina. Já se o sentido é oposto, isto é, do axônio para o pericário, é chamado transporte retrógrado e é mediado por outra proteína motora associada a microtúbulos, a dineína. ● Obs: o �uxo retrógrado pode levar moléculas e partículas estranhas e prejudiciais para o corpo celular situado no SNC. É por essa via, por exemplo, que o vírus da raiva, depois de penetrar os nervos, é transportado para o corpo das células nervosas, provocando encefalite muito grave. O transporte axonal pode ser rápido ou lento. O sistema de transporte lento só existe no transporte anterógrado e conduz substâncias do corpo celular até o botão terminal na velocidade de 0,2 a 4 mm/dia. Já o sistema de transporte rápido conduz substâncias em uma velocidade de 20 a 400 mm/dia em ambas as direções, logo pode ser tanto anterógrado quanto retrógrado. Células da glia ou neuróglia O tecido nervoso tem apenas uma quantidade mínima de material extracelular, e as células da glia fornecem um microambiente adequado para os neurônios, desempenhando as funções de suporte estrutural, nutrição, proteção imunológica, revestimento do canal medular e ventrículos cerebrais e produção da bainha de mielina. No SNP, as células de sustentação são denominadas glia periférica ou neuróglia periférica enquanto no SNC, elas são denominadas glia central ou neuróglia central. Dentre as células da glia ou neuróglia existem vários tipos de célula. Na glia central encontra-se: ● Astrócitos ● Oligodendrócitos ● Células ependimárias ● Micróglia Na glia periférica encontra-se: ● Células de Schwann ● Células satélites Astrócitos São as maiores e mais abundantes células da neuróglia, são células de forma estrelada com múltiplos prolongamentos irradiando 6 do corpo celular. Essas células ligam os neurônios aos capilares sanguíneos e à pia-máter. Eles formam uma rede de células dentro do SNC e se comunicam com os neurônios para dar suporte e modular muitas de suas atividades, são importantes nos movimentos dos metabólitos e resíduos para os neurônios e a partir deles. Eles ajudam a manter as zônulas de oclusão dos capilares que formam a barreira hematencefálica (que é uma barreira funcional criada em grande parte pelas zônulas de oclusão entre as células endoteliais que di�culta a passagem de determinadas substâncias, como alguns antibióticos, agentes químicos e toxinas, do sangue para o tecido nervoso) através de seus prolongamentos e fornecem também uma cobertura para as “áreas desnudas” dos axônios mielinizados por exemplo, nos nós de Ranvier e nas sinapses pois nas extremidades de seus prolongamentos os astrócitos apresentam os prolongamentos podálicos, pés terminais que cobrem grandes áreas da superfície externa do vaso sanguíneo ou do axolema, os pés que se ligam ao vaso são chamados pés perivasculares e os que se ligam ao axônio são chamados pés perineurais. Existem dois tipos de astrócitos, os astrócitos �brosos e os astrócitos protoplasmáticos ● Astrócitos �brosos: possuem prolongamentos menos numerosos e mais longos e se localizam na substância branca. ● Astrócitos protoplasmáticos: possuem muitos prolongamentos que são curtos e muito rami�cados e se localizam na substância cinzenta. Oligodendrócitos Os oligodendrócitos produzem e mantêm as bainhas de mielina que servem de 7 isolantes elétricos para os neurônios do SNC, ela é formada por camadas concêntricas da membrana plasmática do oligodendrócito. Cada oligodendrócito pode emitir inúmeros prolongamentos, semelhantes a uma língua, e cada um reveste um curto segmento de um axônio, portanto, ao longo de seu comprimento, um axônio é revestido por uma sequência de prolongamentos de diversos olingodendrócitos. axônios passam a ser referido como axônios mielínicos por possuírem a bainha de mielina. Já os axônios que não possuem bainha de mielina são chamados de axônios amielínicos. A condução dos impulsos nervosos é mais rápida ao longo dos axônios mielínicos do que nos axônios amielínicos. Ao longo de toda a extensão do axônio, há interrupções entre um bainha de mielina e outra, expondo o axônio ao espaço extracelular; estas interrupções são chamadas de nodos de Ranvier. Células de Schwann As células de Schwann produzem a bainha de mielina no SNP, que servem de isolantes elétricos para os neurônios do SNP, sua membrana plasmática é organizada numa bainha que se enrola várias vezes ao redor do axônio. Essa membrana enrolada se funde, dando origem à mielina, um complexo lipoproteico branco. Assim, a mielina é constituída por diversas camadas de membrana celular modi�cada. 8 Essa membrana tem maior proporção de lipídios do que as membranas celulares em geral. Assim como nos axônios localizados no SNC, ao longo de toda a extensão do axônio, interrupções com intervalos regulares ocorrem na bainha de mielina, expondo o axônio; estas interrupções são denominadas nodos de Ranvier ou nódulos de Ranvier que são recobertos por expansões laterais das células de Schwann. O intervalo entre dois nódulos é denominado internódulo. Cada nodo indica uma interface entre a bainha de mielina de duas células de Schwann diferentes localizadas ao longo do axônio, pois diferente dos oligodendrócitos que possuem vários prolongamentos podendo mielinizar segmentos de axônios diferentes, cada célula de Schwann forma mielina em torno de um segmento de um único axônio. Conforme a membrana forma uma espiral em torno do axônio, ela produz uma série de linhas largas, mais densas, alternadas com linhas menos densas, mais estreitas. As linhas largas são conhecidas como linhas densas principais e representam as superfícies citoplasmáticas fundidas das membranas plasmáticas das células de Schwann. As linhas mais estreitas são chamadas linhas intraperiódicas e representam a aposição dos folhetos externos da membrana plasmática da célula de Schwann. Existem pequenos intervalos nas linhas intraperiódicas entre as camadas espiraladas da bainha de mielina, denominados intervalos intraperiódicos. Acredita-se que estes intervalos possibilitem o acesso de pequenas moléculas ao axônio. A região da linha intraperiódica que está intimamente em contato com o axônio é conhecida como mesoaxônio interno, enquanto seu lado mais externo, que está em contato com o corpo da célula de Schwann, é o mesoaxônio externo. A bainha de mielina formada pelas células de Schwann apresenta também várias fendas oblíquas e de formato cônico, chamadas fendas (ou incisuras) de Schmidt-Lanterman, que são resquícios do citoplasma da célula de Schwann presos dentro das lamelas de mielina. Obs: a mielina no SNC exibe menos incisuras de Schmidt-Lantermann do que a do SNP porque são os astrócitos que proporcionam o suporte metabólico para os neurônios do SNC e não os oligodendrócitos. 9 Bainha de mielina A bainha de mielina no SNC e no SNP são diferentes, mas em ambos sua função é a mesma, servir como um isolante elétrico para acelerar a transmissão de sinais através do impulso saltatório. Os oligodendrócitos no SNC, durante a mielinização, expressam proteínas especí�cas da mielina diferentes daquelas expressas pelas células de Schwann no SNP. Os nós de Ranvier no SNC são maiores que no SNP. Assim, as áreas maiores de axolema exposto tornam a condução saltatória ainda mais e�ciente no SNC. Mas como ocorre essa condução saltatória? Veja bem, os íons podem atravessar a membrana plasmática axonal, iniciando a despolarização, somente nos nodos de Ranvier, pois os canais de Na+ voltagem-dependentes da membrana plasmática do axônio agrupam-se principalmente nos nodos de Ranvier e a bainha de mielina que recobre os axônios impede o movimento do excesso de Na+ para fora do axoplasmaassociado ao potencial de ação. Consequentemente, o excesso de íons positivos pode se difundir somente através do axoplasma para o próximo nodo, desencadeando ali a despolarização. Desta maneira, o potencial de ação “salta” de um nodo para outro, esse processo também pode ser chamado de impulso saltatório. Células ependimárias As células ependimárias são células epiteliais colunares que revestem os ventrículos do cérebro e o canal central da medula espinhal (ou canal ependimário). Em alguns locais as células ependimárias são ciliadas, o que facilita a movimentação do líquido cefalorraquidiano (LCR). Essas células revestem os plexos coroides, cuja função é secretar o LCR. Micróglia São células pequenas com núcleo alongado e muitos prolongamentos curtos e irregulares. Essas células podem ser identi�cadas nas lâminas histológicas coradas pela 10 hematoxilina-eosina porque seus núcleos são escuros e alongados, contrastando com os núcleos esféricos das outras células da glia. Diferentemente das outras células da neuroglia, que são embriologicamente derivadas do tubo neural, as células da microglia se originam da medula óssea e representam o sistema mononuclear fagocitário no SNC. Elas participam da in�amação e da reparação do sistema nervoso central. Estas células atuam como fagócitos removendo fragmentos e estruturas dani�cadas no SNC como células lesionadas e os resíduos celulares que sofrem apoptose, protegem o sistema nervoso contra vírus, bactérias, microrganismos e formação de tumores, elas atuam como células apresentadoras de antígenos e secretam citocinas reguladoras do processo imunitário. Meninges O sistema nervoso central está contido e protegido na caixa craniana e no canal vertebral, sendo envolvido por membranas de tecido conjuntivo chamadas meninges. Existem 3 meninges, são elas, da mais externa para a mais interna: ● Duramater ● Aracnóide ● Pia-máter A duramater é a meninge mais densa e mais externa, é constituída por tecido conjuntivo denso modelado e em sua porção cranial é contínua com o periósteo dos ossos da caixa craniana, já em sua porção vertebral é separada do periósteo das vértebras, o que forma um espaço, chamado de espaço epidural ou espaço peridural. Este espaço contém veias de parede muito �na, tecido conjuntivo frouxo e tecido adiposo. A superfície interna da dura-máter (na caixa craniana) e na dura-máter do canal vertebral, a superfície interna e a superfície externa são revestidas por um epitélio simples pavimentoso de origem mesenquimatosa. A aracnóide é a meninge localizada no meio das outras duas, é um folheto delicado de tecido conjuntivo adjacente à superfície interna da dura mater. Entre a aracnóide e a duramater se encontra o espaço subdural que não existe em condições normais, visto que essas meninges se encontram em contato constante, entretanto, é um local de fácil clivagem, onde muitas 11 vezes, em situações patológicas, pode acumular-se sangue e se dilatar. Já entre a aracnóide e a pia-máter, existem trabéculas que ligam as duas meninges, essas trabéculas se assemelham a teias de aranha, daí deriva o nome dessa meninge, esse espaço é chamado espaço subaracnóideo, ele comunica-se com os ventrículos cerebrais, mas não tem comunicação com o espaço subdural, além disso, contém LCR que serve para proteger o sistema nervoso central contra traumas mecânicos. A aracnoide é formada por tecido conjuntivo sem vasos sanguíneos e suas superfícies são todas revestidas pelo mesmo tipo de epitélio simples pavimentoso, de origem mesenquimatosa, que reveste a dura-máter. A pia-máter é a meninge mais interna, é uma camada delicada de tecido conjuntivo, é muito vascularizada e aderente ao tecido nervoso seguindo todos os seus contornos, embora não �que em contato direto com células ou �bras nervosas pois sempre há uma delgada camada de prolongamentos de astrócitos interposta entre eles. Entre a pia-máter e os elementos nervosos situam-se prolongamentos dos astrócitos, que, formando uma camada muito delgada, unem-se �rmemente à face interna da pia-máter, enquanto sua superfície externa é revestida por células achatadas, originadas do mesênquima embrionário. Plexos coroides Os plexos coróides são dobras da pia-máter, constituídos pelo tecido conjuntivo frouxo dessa meninge, são ricos em capilares fenestrados e revestidos por um epitélio simples cúbico ou colunar baixo (formado por células ependimárias modi�cadas), que provocam saliência para o interior dos ventrículos e sua função é secretar o líquido cefalorraquidiano 12 (LCR), também conhecido como líquido cerebro-espinhal (LCE) ou líquor, que contém apenas pequena quantidade de sólidos e ocupa as cavidades dos ventrículos, o canal central da medula, o espaço subaracnóideo e os espaços perivasculares. Ele é importante para o metabolismo do sistema nervoso central e o protege contra traumatismos. Sistema nervoso central O SNC, constituído pelo encéfalo (cérebro, cerebelo e tronco encefálico) e pela medula espinhal, consiste em substância branca e substância cinzenta. A substância branca é constituída, em sua maioria, por �bras nervosas mielínicas e células neurogliais; sua cor branca resulta da abundância de mielina que envolve os axônios. Não possui corpos celulares, entretanto na região da substância branca existem ilhas de substância cinzenta que são aglomerados de corpos celulares de neurônios, denominados núcleos. As células da glia presentes nessa substância são: astrócitos �brosos, oligodendrócitos e células da microglia. A substância cinzenta é constituída, em sua maioria, por corpos celulares de neurônios, dendritos, �bras nervosas amielínicas e células neurogliais; a ausência de mielina leva estas regiões a apresentarem uma aparência cinzenta. As células da glia presentes nessa substância são: astrócitos protoplasmáticos, 13 oligodendrócitos, células ependimárias e células da microglia. Os axônios, os dendritos e os prolongamentos das células da glia formam uma trama emaranhada de tecido neural chamada de neurópilo presente tanto na substância branca quanto na cinzenta. A substância cinzenta no encéfalo está localizada na periferia, formando assim o córtex cerebral e o córtex cerebelar enquanto a substância branca está presente mais profundamente, no centro do encéfalo. Na medula espinhal o inverso acontece, a substância cinzenta está presente em seu centro, formando o H medular, e a substância branca está presente na periferia. O córtex cerebelar tem três camadas: a camada molecular, a mais externa; a camada de células de Purkinje (que são um tipo de interneuronio); e a camada granulosa, que é a mais interna. As células de Purkinje são muito grandes, bem visíveis, e seus dendritos são muito desenvolvidos, assumindo o aspecto de um leque. Esses dendritos ocupam a maior parte da camada molecular. Por esse motivo, as células da camada molecular são muito esparsas. A camada granulosa é formada por neurônios muito pequenos (os menores do organismo) e organizados de modo muito compacto. No centro do H medular encontra-se o canal central da medula (ou canal ependimário). As barras verticais superiores do H medular são os cornos dorsais da medula espinhal, os quais recebem as �bras dos neurônios situados nos gânglios das raízes dorsais dos nervos espinhais (�bras sensoriais). Os corpos celulares de interneurônios também estão localizados nos cornos dorsais. As barras verticais inferiores do H são os cornos ventrais da medula espinhal e abrigam os corpos celulares dos grandes neurônios motores multipolares cujos axônios dão origem às raízes ventrais dos nervos raquidianos, saindo assim da medula espinhal para inervar o corpo. 14 Sistema nervoso periférico Os componentes do sistema nervoso periférico são os nervos, gânglios e terminações nervosas. Sua função é conduzir as informações entre órgãos receptores de estímulos (informações sensoriais) e o SNC e entre o SNC e os órgãos efetores das respostas. Fibras nervosas As �bras nervosas são constituídas por um axônio e suas bainhas envoltórias.Grupos de �bras nervosas formam os feixes ou tratos do SNC e os nervos do SNP. Todos os axônios do tecido nervoso são envolvidos por dobras únicas ou múltiplas formadas por uma célula envoltória, os axônios de pequeno diâmetro são envolvidos por dobras únicas, constituindo as �bras 15 amielínicas e os axônios mais calibrosos, são envolvidos por dobras múltiplas enroladas em espiral em volta do axônio constituindo assim as �bras mielínicas. Nas �bras periféricas a célula envoltória é a célula de Schwann. No SNC as células envoltórias são os oligodendrócitos. Tanto nas �bras mielínicas como nas amielínicas as porções de membrana da célula envoltória, que se prendem internamente ao axônio e externamente à superfície da célula envoltória, constituem os mesaxônios interno e externo respectivamente. Nas �bras amielínicas periféricas uma única célula de Schwann envolve várias �bras nervosas, cada �bra tendo o seu próprio mesaxônio, nesse tipo de �bras do SNP não existem nódulos de Ranvier, pois nelas as células de Schwann formam uma bainha contínua. No SNC as �bras amielínicas frequentemente são encontradas desnudas, ou seja, elas não estão incluídas nos prolongamentos dos oligodendrócitos. No SNC axônios amielínicos são mais numerosos, no encéfalo e na medula espinhal esses axônios �cam livres entre os outros elementos neurais e os prolongamentos das células da glia. Nervos No SNP as �bras nervosas envolvidas em tecido conjuntivo se agrupam em feixes, dando origem aos nervos que podem ser cranianos (emergem do encéfalo) ou espinhais (emergem da medula espinhal). 16 Devido ao seu conteúdo em mielina e colágeno, os nervos são esbranquiçados, exceto os raros nervos muito �nos formados somente por �bras amielínicas. O tecido de sustentação dos nervos é o tecido conjuntivo e três camadas os envolvem, são elas: ● Epineuro: é a camada mais externa, composta por tecido conjuntivo denso não modelado, essa camada reveste o nervo e preenche os espaços entre os feixes de �bras nervosas. O epineuro é mais espesso na raíz dos nervos e vão se a�nando conforme os nervos se rami�cam em componentes nervosos menores, e �nalmente desaparece. ● Perineuro: é a camada intermediária dos envoltórios, cobrindo cada feixe de �bras nervosas (fascículos) dentro do nervo, essa camada é mais delgada do que o epineuro e é constituída por várias camadas de células achatadas, justapostas circundadas por uma lâmina basal que isola o ambiente neural. A espessura do perineuro diminui progressivamente até �car reduzida a uma lâmina de células achatadas. ● Endoneuro: é a camada mais interna das três, recobre individualmente as �bras nervosas (axônios), essa camada é uma camada de tecido conjuntivo frouxo, e se encontra em contato com a lâmina basal das células de Schwann, portanto, o endoneuro está contido em um compartimento completamente isolado do perineuro e das células de Schwann, um importante fator na regulação do microambiente da �bra nervosa. Próximo da terminação distal do axônio, o endoneuro é reduzido a poucas �bras reticulares que circundam a lâmina basal das células de Schwann do axônio. 17 As �bras nervosas são funcionalmente divididas em �bras sensitivas (aferentes) e �bras motoras (eferentes). As �bras nervosas sensitivas levam informações sensitivas do corpo para o SNC para processamento, enquanto as �bras nervosas motoras levam impulsos motores do SNC aos órgãos efetores. A maioria dos nervos tem �bras dos dois tipos, sendo, portanto, nervos mistos. Gânglios Os gânglios são agregados de corpos celulares de neurônios localizados fora do sistema nervoso central. Existem dois tipos de gânglios: os sensitivos (aferentes) e os gânglios do sistema nervoso autônomo (eferentes). Gânglios sensitivos: os gânglios sensitivos abrigam os corpos celulares de neurônios sensitivos, esses neurônios são pseudounipolares e transmitem para o sistema nervoso central estímulos oriundos de receptores sensitivos, isto é, de dor, tato, pressão e temperatura. O gânglio do nervo acústico é o único gânglio craniano cujas células são bipolares. Legenda da lâmina ao lado: Gânglio da raiz dorsal, gato. A, axônio; CC, corpo celular do neurônio; CSat, células satélites; FN, �bras nervosas; N, núcleos da célula nervosa; NL, nucléolo Os gânglios sensitivos quando associados aos nervos cranianos são chamados gânglios cranianos e quando se localizam nas raízes dorsais dos nervos espinhais são chamados gânglios espinhais. Os gânglios espinhais são aglomerados de grandes corpos neuronais, com muitos corpúsculos de Nissl e são circundados por células da glia chamadas de células satélites. 18 Gânglios autônomos: os gânglios do sistema nervoso autônomo aparecem, geralmente, como formações bulbosas ao longo dos nervos do sistema nervoso autônomo, localizando-se alguns no interior de determinados órgãos, principalmente na parede do tubo digestivo, formando os gânglios intramurais, os quais contêm pequeno número de células nervosas. Nos gânglios do sistema nervoso autônomo os neurônios geralmente são multipolares e nos cortes histológicos mostram um aspecto estrelado. Frequentemente, a camada de células satélites que envolve os neurônios desses gânglios é incompleta, e os gânglios intramurais têm apenas raras células satélites. Os gânglios do sistema nervoso autônomo podem ser simpáticos ou parassimpáticos mas para entendê-los melhor é preciso entender o sistema nervoso autônomo. O sistema nervoso autônomo é formado por duas partes, distintas por sua anatomia e por suas funções: o sistema simpático e o parassimpático. O conceito de sistema nervoso autônomo é principalmente funcional. Anatomicamente, ele é formado por aglomerados de células nervosas localizadas no sistema nervoso central, por �bras que saem do sistema nervoso central através de nervos cranianos e espinhais, (que são parte do SNP) e pelos gânglios nervosos situados no curso dessas �bras (que também são parte do SNP). Os núcleos nervosos (grupos de células nervosas) do simpático se localizam nas porções torácica e lombar da medula espinhal. Axônios desses neurônios (�bras pré-ganglionares) saem pelas raízes ventrais dos nervos 19 espinhais dessas regiões. Os núcleos nervosos (grupos de neurônios) do parassimpático situam-se no encéfalo e na porção sacral da medula espinhal. As �bras desses neurônios saem por quatro nervos cranianos (III, VII, IX e X) e pelo segundo, terceiro e quarto nervos espinhais sacrais. O sistema autônomo é uma rede de dois neurônios. O primeiro neurônio de cadeia autônoma está localizado no sistema nervoso central; seu axônio entra em conexão sináptica com o segundo neurônio da cadeia, localizado em um gânglio do sistema autônomo ou no interior de um órgão. As �bras nervosas (axônios) que ligam o primeiro neurônio ao segundo são chamadas de pré-ganglionares e as que partem do segundo neurônio para os efetores são as pós-ganglionares. Os neurônios pré -sinápticos enviam axônios da medula espinhal torácica e lombar anterior para os gânglios vertebrais paravertebrais. Os gânglios paravertebrais no tronco simpático contêm os corpos celulares dos neurônios efetores pós- sinápticos da divisão simpática. Os neurônios parassimpáticos pré -sinápticos enviam axônios do tronco encefálico, ou seja, do mesencéfalo, ponte e bulbo, e dos segmentos sacrais da medula espinhal (S2- S4) para os gânglios viscerais. Os gânglios localizados na parede abdominal ou próximo dela e dos órgãos pélvicos e os gânglios motores viscerais dos nervos cranianos III, VII, IX e X contêm corpos celulares dos neurônios efetores pós- sinápticos da divisão parassimpática. A maioria dos órgãos inervados pelo sistema nervoso autônomo recebe �bras do simpático e do parassimpático. Em geral, nos órgãos em que o simpático é estimulador, o parassimpático tem ação inibidora, e vice-versa. Por exemplo, a estimulação do simpático acelera o ritmo cardíaco, enquanto a estimulação das �bras parassimpáticas diminui esse ritmo. Plexos nervosos O sistema nervoso autônomo apresenta uma divisão chamadadivisão entérica. A divisão entérica do SNA consiste nos gânglios e seus prolongamentos que inervam o tubo digestivo. Ela controla a motilidade (contrações da parede intestinal), as secreções exócrinas e endócrinas e o �uxo sanguíneo através do trato 20 gastrintestinal; ela também regula os processos imunológicos e in�amatórios. O sistema nervoso entérico pode funcionar independentemente do SNC e é considerado o “cérebro do intestino”. Entretanto, a digestão requer comunicação entre os neurônios entéricos e o SNC, que é fornecida pelas �bras nervosas parassimpáticas e simpáticas. Na parede do trato intestinal são encontrados os plexos nervosos, eles são formados por uma rede de grupos de �bras nervosas e pequenos gânglios (intramurais) e células da glia. Na submucosa do trato digestivo, a rede de �bras nervosas não mielinizadas e de células ganglionares constitui o plexo submucoso de Meissner. Localizada entre as duas camadas musculares desse trato está uma camada delgada de tecido conjuntivo. Nesse tecido conjuntivo situa -se o plexo mioentérico de Auerbach, contendo corpos celulares (nos gânglios) de neurônios parassimpáticos pós- ganglionares e neurônios do sistema nervoso entérico, bem como vasos sanguíneos e vasos linfáticos. A �gura ao lado mostra a base da mucosa do estômago, a submucosa (SubM), e parte da muscular externa (ME). A muscular da mucosa (MM) é a parte mais profunda da mucosa. A submucosa consiste em tecido conjuntivo de densidade moderada. Presentes na submucosa estão os adipócitos (A), os vasos sanguíneos (VS) e um grupo de células ganglionares (CG). Essas células, em particular, pertencem ao plexo submucoso (plexo de Meissner [PM]). O detalhe mostra algumas das células ganglionares (CG) em maior aumento. Estes são os corpos celulares grandes dos neurônios entéricos. Cada corpo celular é circundado por células satélites intimamente apostas ao corpo celular do neurônio. As pontas de seta apontam para os núcleos das células satélites. Sinapses e a Transmissão do Impulso Nervoso Mas a�nal, como um neurônio transmite uma informação através de impulsos nervosos? A resposta é simples: através das sinapses. As sinapses são locais onde os impulsos nervosos são transmitidos de uma célula pré-sináptica (um neurônio) para uma célula pós-sináptica (um outro neurônio, uma célula muscular, ou uma célula glandular). A transmissão do impulso nervoso através de uma sinapse pode ser elétrica ou química. Embora as sinapses elétricas não sejam comuns em mamíferos, elas estão presentes no tronco encefálico, na retina e no córtex cerebral. As sinapses elétricas são frequentemente representadas pelas junções 21 comunicantes (do tipo gap) que possibilitam o livre movimento de íons de uma célula para outra. Quando este movimento de íons ocorre entre os neurônios, há um �uxo de corrente. A transmissão do impulso é mais rápida através das sinapses elétricas do que através das sinapses químicas. As sinapses químicas são as maneiras de comunicação mais comuns entre duas células nervosas. A despolarização que se propaga ao longo da membrana celular abre canais de cálcio na região pré-sináptica, promovendo o in�uxo de cálcio que dispara a exocitose das vesículas sinápticas dentro da fenda sináptica, um pequeno espaço localizado entre a membrana pré-sináptica da primeira célula e a membrana pós-sináptica da segunda célula. O neurotransmissor se difunde pela fenda sináptica até receptores que são canais ativados por íons presentes na membrana pós-sináptica. A ligação do neurotransmissor a estes receptores inicia a despolarização da membrana pós-sináptica que leva à abertura dos canais iônicos, os quais permitem a passagem de certos íons, alterando a permeabilidade da membrana pós-sináptica e invertendo o seu potencial de membrana. Essas sinapses são excitatórias, porque causam impulsos na membrana pós-sináptica. Em outras sinapses, a interação do neurotransmissor com os receptores provoca uma hiperpolarização, sem transmissão do impulso nervoso. Essas sinapses são chamadas inibitórias. Assim, as sinapses podem excitar ou inibir a transmissão do impulso, regulando a atividade neural. É importante salientar que os neurotransmissores não efetuam os eventos de reação na membrana pós-sináptica; eles somente ativam a resposta. Vários tipos de contatos sinápticos foram observados entre os neurônios. Os seguintes tipos de sinapses são os mais comuns: Sinapse axodendrítica — entre um axônio e um dendrito Sinapse axossomática — entre um axônio e um soma Sinapse axoaxônica — entre dois axônios Sinapse dendrodendrítica — entre dois dendritos Referências bibliográ�cas e fontes das fotos: Junqueira, L. C., Carneiro, J. Histologia básica. 11ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2011, 524p. Leslie, P., Gartner, L. Tratado de Histologia. 4ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017, 664p. 22 Pawlina, W., Ross, M. H. Ross Histologia Texto e Atlas-Correlações com Biologia Celular e Molecular. 7ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016, 1000p. 23