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Profª Emanuela M. Echeverria Fabrini Duração do Trabalho: é o tempo de dedicação do trabalhador à empresa; é a duração diária, semanal, mensal ou até anual (sentido mais amplo) Jornada de trabalho: é o tempo diário que o empregado tem que se colocar em disponibilidade perante seu empregador (sentido mais restrito) Horário de trabalho: corresponde à delimitação entre o início e o fim da duração diária de trabalho (mais rigoroso). ->Critérios gerais: tempo efetivamente trabalhado (art. 58, CLT); tempo à disposição do empregador (art. 4o.,CLT); *tempo despendido no deslocamento residência-trabalho-residência -> NÃO COMPUTA MAIS NA JORNADA O TEMPO IN ITINERE - Quanto à duração: Ordinária ou normal: quando se desenvolve dentro dos limites legais. Extraordinária ou suplementar: quando ultrapassa os limites normais. Limitada: quando há duração máxima definida. Ex: médico Ilimitada: quando a lei não fixa termo final para sua prestação. Ex: Casos de força maior. Contínua: sem intervalos. Descontínua: quando tem intervalos. Intermitente: quando há sucessivas paralisações. Ex: motoristas rodoviários. - Quanto ao período: Diurna: Urbano-> 5h às 22h Rural-> Lavoura: 5h às 21h e Pecuária: 4h às 20 h. Noturna: Urbano-> 22h às 5h - 20% sobre a hora 1h noturna – 52´30´´ Rural-> Lavoura: 21h às 5h e Pecuária: 20 h às 4h. 25 % sobre a hora 1h- 60´ Mista: quando transcorre tanto no período diurno quanto no noturno. Ex: 18h às 24h Revezamento: quando num período há trabalho à noite e em outro no dia. Adicional noturno Carlos Renato da Silva é um trabalhador recém-formado, mas altamente qualificado e disputado no mercado de trabalho. Após analisar diversas ofertas de emprego, resolve aceitar a proposta apresentada por uma das maiores empresas no segmento de informática, a Tecbitz Ltda., para exercer as funções de vendedor. Ficou ajustado horário de trabalho de 09:00 horas às 18:00 horas, de segunda a sexta-feira, com uma hora de intervalo para refeição e descanso. Quando completou dois anos de trabalho, Carlos foi promovido a gerente, ficando responsável por uma equipe composta por mais 15 outros trabalhadores. Entretanto, não tinha autonomia plena, isto é, somente coordenava sua equipe de trabalho, não tendo poderes para contratar e dispensar funcionários, assim como não representava a empresa Tecbitz perante terceiros. Na condição de gerente, laborava de 08:00 às 19:00 horas, de segunda-feira a sábado, com intervalo intrajornada de uma hora. Diante destas situações, Carlos tem várias dúvidas. A primeira delas é se a jornada máxima legal foi ultrapassada. A segunda é se há necessidade de controle de sua jornada de trabalho, por exemplo, via cartão de ponto, no período em que atuava como gerente. Diante destas situações, deve-se responder às seguintes indagações: 1) Carlos Renato ultrapassava a jornada máxima permitida? 2) Enquanto gerente havia necessidade de controle de jornada? Para solucionar o caso proposto, é imperioso compreender: a) jornada de trabalho; b) controle de jornada e exceções legais. CF -> art. 7º, inciso XIII, que prevê a “duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho”. CLT -> Art. 58 - A duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer atividade privada, não excederá de 8 (oito) horas diárias, desde que não seja fixado expressamente outro limite. CLT -> Art. 59. A duração diária do trabalho poderá ser acrescida de horas extras, em número não excedente de duas, por acordo individual, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho. Assim, tem-se que o trabalho não pode superar 10 (dez) horas por dia. 08h00 ÀS 18h00 – intervalo intrajornada de 2h Jornada total -> 10 h – 2h (intervalo) = 8h 08h00 às 17h00 – intervalo de 1h Jornada total -> 9h – 1h (intervalo) = 8h Art. 71 (...) § 2º – Os intervalos de descanso não serão computados na duração do trabalho CONTROLE DA JORNADA DE TRABALHO Art. 74, § 2º, CLT. Art. 74 – (...) § 2º Para os estabelecimentos com mais de 20 (vinte) trabalhadores será obrigatória a anotação da hora de entrada e de saída, em registro manual, mecânico ou eletrônico, conforme instruções expedidas pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, permitida a pré-assinalação do período de repouso. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019) OBS: Não se aplica a empregada doméstica (LC 105/2015) § 3º Se o trabalho for executado fora do estabelecimento, o horário dos empregados constará do registro manual, mecânico ou eletrônico em seu poder, sem prejuízo do que dispõe o caput deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019) § 4º Fica permitida a utilização de registro de ponto por exceção à jornada regular de trabalho, mediante acordo individual escrito, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art15 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art15 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art15 Ônus da prova: Súmula 338 do TST. Súmula nº 338 do TST JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO. ÔNUS DA PROVA (incorporadas as Orientações Jurisprudenciais nºs 234 e 306 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) empregados o registro da jornada de trabalho na forma do art. 74, § 2º, da CLT. A não-apresentação injustificada dos controles de freqüência gera presunção relativa de veracidade da jornada de trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrário. (ex- Súmula nº 338 – alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003) II - A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que prevista em instrumento normativo, pode ser elidida por prova em contrário. (ex-OJ nº 234 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001) III - Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e saída uniformes são inválidos como meio de prova, invertendo-se o ônus da prova, relativo às horas extras, que passa a ser do empregador, prevalecendo a jornada da inicial se dele não se desincumbir. (ex-OJ nº 306 da SBDI-1- DJ 11.08.2003) Pedido: Hora extra Ônus da prova: Empregador com mais de 20 empregados -> O ônus da prova é do empregador em apresentar os cartões de ponto. Ônus -> empregado – desconstituir a jornada de trabalho registrado no ponto. Não é admitido! Desta forma, se não serão aceitos como válidos os cartões de ponto britânicos, se o trabalhador registrar o ponto às 07:57 horas, sendo o horário contratual 08:00 horas, fará ele jus a 03 minutos como extras? NÃO -> ART. 58 (...) § 1º Não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as variações de horário no registro de ponto não excedentes de cinco minutos, observado o limite máximo de dez minutos diários. O tempo que o trabalhador adentra o estabelecimento, mas ainda não está efetivamente trabalhando, deve ser computado na sua jornada de trabalho? Art. 4º - (...) Por não se considerar tempo à disposição do empregador, não será computado como período extraordinário o que exceder a jornada normal, ainda que ultrapasse o limite de cinco minutos previsto no § 1o do art. 58 desta Consolidação, quando o empregado, por escolha própria, buscar proteção pessoal, em caso de insegurança nas vias públicas ou más condições climáticas, bem como adentrar ou permanecer nas dependências da empresa para exercer atividades particulares, entre outras: I - práticas religiosas; II - descanso; III - lazer; IV - estudo; V - alimentação; VI - atividades de relacionamento social; VII - higiene pessoal; VIII - troca de roupa ou uniforme, quando não houver obrigatoriedade de realizara troca na empresa. Art. 62 da CLT, e incisos. Art. 62 - Não são abrangidos pelo regime previsto neste capítulo: I - os empregados que exercem atividade externa incompatível com a fixação de horário de trabalho, devendo tal condição ser anotada na Carteira de Trabalho e Previdência Social e no registro de empregados; II - os gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de gestão, aos quais se equiparam, para efeito do disposto neste artigo, os diretores e chefes de departamento ou filial. III - os empregados em regime de teletrabalho. Intrajornada – dentro da jornada. Intervalo para descanso e alimentação Até 4h – sem intervalo Acima de 4h e até 6h – 15 minutos Acima de 6h – mínimo 1h e máximo 2h ( Art. 611-A da CLT – reduzido para 30 min, através de acordo/convenção coletivo) Art. 71 - Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 (duas) horas. § 1º - Não excedendo de 6 (seis) horas o trabalho, será, entretanto, obrigatório um intervalo de 15 (quinze) minutos quando a duração ultrapassar 4 (quatro) horas. (...) § 4º A não concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento, de natureza indenizatória, apenas do período suprimido, com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho Interjornada – entre duas jornadas Ex:09h00 às 20h00 ----------11h de descanso ------ iniciar outra jornada às 07h00 Art. 66 - Entre 2 (duas) jornadas de trabalho haverá um período mínimo de 11 (onze) horas consecutivas para descanso. Havendo trabalho além da jornada, deve este ser pago como o adicional mínimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor da hora normal do trabalho. Máximo de horas extras permitidas = 2 horas extras diárias. Casos: 1) Acordo de prorrogação de horas 2) Compensação de horas 3) Serviços Inadiáveis 4) Força Maior O inciso XVI do art. 7º da CF/1988 -> Remuneração da hora extra: XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal; (Vide Del 5.452, art. 59, § 1º) A compensação de jornada está prevista no inciso XIII do art. 7º da CF/1988: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; -> Acordo de prorrogação de horas = ajuste firmado entre as partes (empregado e empregador) para que a jornada possa ser prorrogada além do limite legal, mediante pagamento do adicional previsto. É feito mediante acordo escrito, individual ou coletivo, em número não excedente de duas horas, com o pagamento da remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em 50% a do normal. Art. 59, CLT Art. 59. A duração diária do trabalho poderá ser acrescida de horas extras, em número não excedente de duas, por acordo individual, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho. § 1o A remuneração da hora extra será, pelo menos, 50% (cinquenta por cento) superior à da hora normal. § 2o Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se, por força de acordo ou convenção coletiva de trabalho, o excesso de horas em um dia for compensado pela correspondente diminuição em outro dia, de maneira que não exceda, no período máximo de um ano, à soma das jornadas semanais de trabalho previstas, nem seja ultrapassado o limite máximo de dez horas diárias. § 3o Na hipótese de rescisão do contrato de trabalho sem que tenha havido a compensação integral da jornada extraordinária, na forma dos §§ 2o e 5o deste artigo, o trabalhador terá direito ao pagamento das horas extras não compensadas, calculadas sobre o valor da remuneração na data da rescisão. § 4o (Revogado). § 5o O banco de horas de que trata o § 2o deste artigo poderá ser pactuado por acordo individual escrito, desde que a compensação ocorra no período máximo de seis meses. § 6o É lícito o regime de compensação de jornada estabelecido por acordo individual, tácito ou escrito, para a compensação no mesmo mês.” Art. 7º (...) XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; Acordo Individual – 6 meses Acordo Coletivo/convenção coletiva – 1 ano Acordo tácito – 1 mês Serviços inadiáveis = Serviços que devem ser terminados durante a mesma jornada de trabalho. Art. 61 e § 1o. CLT. -Ato unilateral do empregador. -Remuneração = mínimo 50%. -Limite da jornada = 12 horas diárias. -Vedado o trabalho do menor Força maior Hora extra trabalhada em caso de acontecimento inevitável, imprevisível, onde o empregador não deu causa. Ex: Inundação, incêndio. Art. 61, § 2º, CLT. -Devido o adicional de hora extra. -Trabalho do menor – somente se o serviço for imprescindível Resultantes de causas acidentais ou força maior. Art. 61, § 3º, CLT. -Limitação: 2h por dia em 45 dias por ano. -Vedado o trabalho do menor. -Incide o adicional de hora extra. Valor da hora normal Remuneração Jornada de trabalho Determinado empregado foi contratado para laborar em jornada de 44h semanais, entretanto, laborava das 07h00 às 20h00, com 1h de intervalo intrajornada, de segunda a sábado. Quantas horas extras e qual o vaor destas, tendo em vista que recebia R$ 1.540,00? Remuneração: R$ 1.540,00 Jornada: 07h00 às 20h00, com 1h de intervalo intrajornada / segunda a sábado Jornada diária: 13h – 1h = 12h Jornada semanal: 12 x 6 = 72h Jornada semanal legal= 44h Jornada semanal extra = 72 – 44= 28h Jornada extra mensal = 28 x 4 (número de semanas no mês) = 112 h mensais extras. Valor da hora extra = Remuneração : número de horas mensais = valor da hora normal. Número de horas mensais: 36h semanais -> 180 h mensais 40h semanais -> 200 h mensais 44h semanais -> 220 h mensais 1.540 : 220 = R$ 7,00 Hora normal -> R$ 7,00 Hora extra -> R$ 7,00 + adicional de hora extra – 50% = 7,00 + 3,50 = R$ 10,50 112h extras x R$ 10,50 = R$ 1.176,00 Reflexo da hora extra no DSR 30 dias – 26 dias + 4 DSR´s 1.176 : 26 x 4 = R$ 180,92 Art. 58-A. Considera-se trabalho em regime de tempo parcial aquele cuja duração não exceda a trinta horas semanais, sem a possibilidade de horas suplementares semanais, ou, ainda, aquele cuja duração não exceda a vinte e seis horas semanais, com a possibilidade de acréscimo de até seis horas suplementares semanais. § 1o O salário a ser pago aos empregados sob o regime de tempo parcial será proporcional à sua jornada, em relação aos empregados que cumprem, nas mesmas funções, tempo integral. § 2o Para os atuais empregados, a adoção do regime de tempo parcial será feita mediante opção manifestada perante a empresa, na forma prevista em instrumento decorrente de negociação coletiva. OU Hora extra a 50% Regime de tempo parcial de trabalho até 30 h semanais, sem hora extra Regime de tempo parcial de trabalho até 26 h semanais, com até 6h extras DESCANSO SEMANAL REMUNERADO 24H Salário – 30 dias -> R$ 2.500,00 – 26 dias trabalhados e 4 DSR´s O empregado teve no referido mês 2 faltas injustificadas na mesma semana. 2 faltas + 1 DSR = 3 dias 2.500 : 30 = 83,33 x 27 dias = R$ 2.250,00 30 dias – 3 dias = 27 dias