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QUESTOES COMENTADAS - CP Iuris - Leis Penais Especiais I

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QUESTÕES – LEIS PENAIS ESPECIAIS I 
 
1- Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA. 
I – Considera-se organização criminosa a associação de quatro ou mais pessoas estruturalmente 
ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de 
obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações 
penais cujas penas máximas sejam superiores a quatro anos, ou que sejam de caráter 
transnacional. 
II – Considera-se grupo criminoso organizado o grupo estruturado de três ou mais pessoas, 
existente há algum tempo e atuando concertadamente com o propósito de cometer uma ou 
mais infrações graves ou enunciadas na Convenção de Palermo, com a intenção de obter, direta 
ou indiretamente, um benefício econômico ou outro benefício material. 
III – Considera-se associação criminosa a associação de três ou mais pessoas, para o fim 
específico de cometer crimes. 
a) Todas estão corretas. 
b) Apenas I e II estão corretas. 
c) Apenas I e III estão corretas. 
d) Apenas II e III estão corretas. 
e) Todas estão incorretas 
 
Gabarito: A 
I - CORRETA - Art. 1º, Lei 12.850/13. Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a 
investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o 
procedimento criminal a ser aplicado. 
§ 1º. Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas 
estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com 
objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de 
infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter 
transnacional. 
II – CORRETA - Artigo 2, Convenção de Palermo (Decreto 5.015/04) Terminologia 
 
 
Para efeitos da presente Convenção, entende-se por: 
a) "Grupo criminoso organizado" - grupo estruturado de três ou mais pessoas, existente há algum 
tempo e atuando concertadamente com o propósito de cometer uma ou mais infrações graves ou 
enunciadas na presente Convenção, com a intenção de obter, direta ou indiretamente, um 
benefício econômico ou outro benefício material; 
III – CORRETA - Associação Criminosa 
Art. 288, CP. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. 
Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a associação é armada ou se houver a 
participação de criança ou adolescente. 
 
2- A respeito do conceito legal de associação criminosa NÃO é CORRETO o que se afirma em: 
a) Trata de uma união de pessoas com um objetivo ilícito, de modo que a utilização do termo 
associação serve aos fins de deixar claro que o conceito somente é aplicável quando houver algum 
grau de permanência ou estabilidade, de modo a distinguir a organização e a associação do mero 
concurso de agentes. 
b) A própria ideia de organização traduz a presença de uma coletividade de agentes, de modo que 
não se concebe uma organização criminosa unipessoal, cuidando-se de tipo penal de concurso 
necessário. 
c) O conceito legal considera organização criminosa aquela que, ao lado dos demais elementos, 
seja caracterizada pela divisão formal de tarefas, não se reconhecendo a organização criminosa, 
quando seus membros não tenham funções formalmente definidas. 
d) A Lei aponta como objetivo da organização obter, direta ou indiretamente, vantagem de 
qualquer natureza, de modo que o móvel da associação criminosa, à luz do direito brasileiro, não 
será necessariamente econômico. 
 
Gabarito: C 
a) O texto legal menciona a associação de quatro ou mais pessoas estruturalmente ordenada. O 
vocábulo associação designa uma união de pessoas (CC, art. 53) em torno de um objetivo comum, 
sendo que as associações constituídas para fins lícitos, que não tenham caráter paramilitar, gozam 
de expressa proteção constitucional (CF, art. 5º, XVII a XXI). 
Aqui se trata de uma união de pessoas com um objetivo ilícito, de modo que a utilização do termo 
associação serve aos fins de deixar claro que o conceito somente é aplicável quando houver algum 
grau de permanência ou estabilidade, de modo a distinguir a organização e a associação do mero 
concurso de agentes, ainda que a lei brasileira, ao contrário da Convenção de Palermo, não exija 
que a organização seja existente há algum tempo. 
b) A própria ideia de organização traduz a presença de uma coletividade de agentes, de modo que 
não se concebe uma organização criminosa unipessoal, cuidando-se de tipo penal de concurso 
necessário. Bem por isso, a LOC exige um mínimo de quatro pessoas para o reconhecimento da 
organização criminosa, enquanto o tipo da associação criminosa, na nova redação dada ao art. 
288 do CP, estará configurado com a participação de três agentes. 
 
c) O conceito legal considera organização criminosa aquela que, ao lado dos demais elementos, 
seja caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente. Embora a formulação seja 
distinta, a exigência não contraria a Convenção de Palermo, que reconhece a organização 
criminosa, ainda que seus membros não tenham funções formalmente definidas. 
Não se exige, porém, que a divisão de tarefas seja formal, ou seja, que haja um organograma ou 
designações específicas para os membros. 
d) A Lei aponta como objetivo da organização obter, direta ou indiretamente, vantagem de 
qualquer natureza, de modo que o móvel da associação criminosa, à luz do direito brasileiro, não 
será necessariamente econômico. 
A LOC aponta como objetivo da organização obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer 
natureza, de modo que o móvel da associação criminosa, à luz do direito brasileiro, não será 
necessariamente econômico. 
Esse ponto é merecedor de crítica, pois o reconhecimento do fim lucrativo é traço característico 
das organizações criminosas. 
A referência a vantagem de qualquer natureza, não apenas econômica, dificulta a distinção entre 
organizações criminosas e grupos terroristas, o que é agravado pela expressa extensão da 
aplicação da lei às organizações terroristas internacionais (art. 1º, § 2º, II)(...) 
GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Legislação penal especial / Victor Eduardo Rios Gonçalves, José 
Paulo Baltazar Junior; coordenador Pedro Lenza. – 2. ed. – São Paulo : Saraiva, 2016, p. 843/845. 
Destacamos. 
 
3- Assinale a alternativa CORRETA. 
a) O juiz poderá, de ofício ou a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em 
até dois terços a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que 
tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal. 
b) Em qualquer fase da persecução penal, serão permitidos, sem prejuízo de outros já previstos 
em lei o acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a dados cadastrais constantes de 
bancos de dados públicos ou privados e a informações eleitorais ou comerciais como meio de 
obtenção da prova. 
c) Considerando a relevância da colaboração prestada, o Ministério Público, a qualquer tempo, e o 
delegado de polícia, nos autos do inquérito policial, com a manifestação do Ministério Público, 
poderão requerer ou representar ao juiz pela concessão de perdão judicial ao colaborador, desde 
que esse benefício tenha sido previsto na proposta inicial. 
d) O prazo para oferecimento de denúncia ou o processo, relativos ao colaborador, poderá ser 
suspenso por até doze meses, prorrogáveis por igual período, até que sejam cumpridas as 
medidas de colaboração, suspendendo-se o respectivo prazo prescricional. 
 
Gabarito: B 
a) Art. 4º, Lei 12.850/13. O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, 
reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritivade 
direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o 
processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados: 
 
I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações 
penais por eles praticadas; 
II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa; 
III - a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa; 
IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela 
organização criminosa; 
V - a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada. 
b) Art. 3º, Lei 12.850/13. Em qualquer fase da persecução penal, serão permitidos, sem prejuízo 
de outros já previstos em lei, os seguintes meios de obtenção da prova: 
I - colaboração premiada; 
II - captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos; 
III - ação controlada; 
IV - acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a dados cadastrais constantes de 
bancos de dados públicos ou privados e a informações eleitorais ou comerciais; 
V - interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas, nos termos da legislação específica; 
VI - afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos termos da legislação específica; 
VII - infiltração, por policiais, em atividade de investigação, na forma do art. 11; 
VIII - cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais, estaduais e municipais na busca de 
provas e informações de interesse da investigação ou da instrução criminal. 
c) Art. 4º, § 2º, Lei 12.850/13. Considerando a relevância da colaboração prestada, o Ministério 
Público, a qualquer tempo, e o delegado de polícia, nos autos do inquérito policial, com a 
manifestação do Ministério Público, poderão requerer ou representar ao juiz pela concessão de 
perdão judicial ao colaborador, ainda que esse benefício não tenha sido previsto na proposta 
inicial, plicando-se, no que couber, o art. 28 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 
(Código de Processo Penal). 
d) Art. 4º § 3º, Lei 12.850/13. O prazo para oferecimento de denúncia ou o processo, relativos ao 
colaborador, poderá ser suspenso por até 6 (seis) meses, prorrogáveis por igual período, até que 
sejam cumpridas as medidas de colaboração, suspendendo-se o respectivo prazo prescricional. 
 
4- Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA. 
I - A Lei de Organização Criminosa, ao regulamentar o acordo de colaboração premiada (arts. 4º, 
§§ 6º a 15, e 7º), empresta ao instituto da colaboração premiada, de forma clara, o caráter de 
conformidade no processo penal ou justiça negociada. 
II - O instituto da colaboração premiada é indispensável no âmbito da criminalidade organizada, 
mas o instituto não vem na mesma linha da confissão, do arrependimento eficaz e da reparação 
do dano. 
III - Embora útil, ou até mesmo indispensável, a colaboração não deve ser banalizada, em razão 
dos riscos de acusações indevidas, bem como da exposição dos colaboradores e seus familiares. 
a) Todas estão corretas. 
b) Apenas I e II estão corretas. 
 
c) Apenas I e III estão corretas. 
d) Apenas II e III estão corretas. 
e) Todas estão incorretas 
 
Gabarito: C 
I - CORRETA - A LOC, ao regulamentar o acordo de colaboração premiada (arts. 4º, §§ 6º a 15, e 
7º), empresta ao instituto da colaboração premiada, de forma clara, o caráter de conformidade no 
processo penal ou justiça negociada23, sempre que o acordo envolver a colaboração, e a 
superação da visão do instituto como uma mera causa de diminuição de pena, a ser reconhecida 
pelo juiz, por ocasião da sentença, tenha ou não havido um acordo formal entre acusação e defesa. 
II – INCORRETA - O instituto da colaboração premiada sofre críticas de uma pretensa imoralidade 
ou atentado à eticidade do Estado por estimular a delação. 
Barona Vilar opõe aos mecanismos de conformidade no processo penal, entre os quais pode ser 
incluída a colaboração premiada, as seguintes críticas: a) viola o princípio de obrigatoriedade da 
ação penal; b) atenta contra princípios do processo penal, tais como oralidade, imediação, 
publicidade e do juiz natural, presunção de inocência, direito à defesa no processo regular, busca 
da verdade material e coação sobre o imputado. Critica-se, ainda, o fato de que o colaborador 
poderia ser mais propenso a mentir a fim de alcançar os benefícios decorrentes da colaboração, ou 
mesmo de mentir por vingança. 
Em minha posição, a colaboração premiada é indispensável no âmbito da criminalidade 
organizada, e os ganhos que podem daí advir superam, largamente, os inconvenientes apontados 
pela doutrina. O instituto vem, na verdade, na mesma linha da confissão, do arrependimento 
eficaz e da reparação do dano, nada havendo aí de imoral (TRF2, HC 20030201015554-2, Maria 
Helena Cisne, 1ª T., 06/10/2004), residindo a sua racionalidade no fato de que o agente deixa de 
cometer crimes e passa a colaborar com o Estado para minorar seus efeitos, evitar sua 
perpetuação e facilitar a persecução. 
III – CORRETA - Embora útil, ou até mesmo indispensável, a colaboração não deve ser banalizada, 
em razão dos riscos de acusações indevidas, bem como da exposição dos colaboradores e seus 
familiares (STJ, HC 97.509, Arnaldo Lima, 5ª T., u., 15/06/2010). Bem por isso, os agentes públicos 
envolvidos no procedimento devem tomar redobrados cuidados na avaliação da veracidade das 
declarações do colaborador, que pode estar motivado por vingança ou pelo desejo de se livrar da 
própria culpa, sem esquecer o risco de que a investigação seja dirigida no sentido desejado pela 
organização criminosa, valendo-se de supostos colaboradores pilotados, que façam chegar 
informações à Polícia como meio de se livrar de rivais ou comparsas indesejáveis. 
GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Legislação penal especial / Victor Eduardo Rios Gonçalves, José 
Paulo Baltazar Junior; coordenador Pedro Lenza. – 2. ed. – São Paulo : Saraiva, 2016, p. 859/860. 
 
5- Assinale a alternativa INCORRETA, nos termos da Lei 12.850/13. 
a) O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos legais, ou 
adequá-la ao caso concreto. 
b) As partes podem retratar-se da proposta, caso em que as provas autoincriminatórias 
produzidas pelo colaborador não poderão ser utilizadas exclusivamente em seu desfavor. 
 
c) Sempre que possível, o registro dos atos de colaboração será feito pelos meios ou recursos de 
gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinados a 
obter maior fidelidade das informações. 
d) Depois de homologado o acordo, o colaborador poderá, sempre acompanhado pelo seu 
defensor, ser ouvido pelo membro do Ministério Público ou pelo delegado de polícia responsável 
pelas investigações. 
e) O juiz participará das negociações realizadas entre as partes para a formalização do acordo de 
colaboração, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o investigado e o defensor, com a 
manifestação do Ministério Público, ou, conforme o caso, entre o Ministério Público e o 
investigado ou acusado e seu defensor. 
 
Gabarito: E 
a) Art. 4º, § 8º, Lei 12.850/13. O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender 
aos requisitos legais, ou adequá-la ao caso concreto. 
b) Art. 4º, § 10, Lei 12.850/13. As partes podem retratar-se da proposta, caso em que as provas 
autoincriminatórias produzidas pelo colaborador não poderão ser utilizadas exclusivamente em 
seu desfavor. 
c) Art. 4º, § 13, Lei 12.850/13. Sempre que possível, o registro dos atos de colaboração será feito 
pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive 
audiovisual, destinados a obter maior fidelidade das informações. 
d) Art. 4º, § 9º, Lei 12.850/13. Depois de homologado o acordo, o colaborador poderá, sempre 
acompanhado pelo seu defensor,ser ouvido pelo membro do Ministério Público ou pelo delegado 
de polícia responsável pelas investigações. 
e) Art. 4º § 6º, Lei 12.850/13. O juiz não participará das negociações realizadas entre as partes 
para a formalização do acordo de colaboração, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o 
investigado e o defensor, com a manifestação do Ministério Público, ou, conforme o caso, entre o 
Ministério Público e o investigado ou acusado e seu defensor. 
 
6- Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA. 
I – Não se deve reconhecer a consunção entre corrupção passiva e lavagem quando a propina é 
recebida no exterior por meio de transação envolvendo offshore na qual resta evidente a 
intenção de ocultar os valores 
II – A simulação de consórcio por meio de venda premiada, operada sem autorização do Banco 
Central do Brasil, configura crime contra o sistema financeiro, tipificado pelo art. 16 da Lei nº 
7.492/86, o que atrai a competência da Justiça Federal. 
III – Pratica lavagem de dinheiro o sujeito que recebe propina por meio de depósitos bancários 
fracionados, em valores que não atingem os limites estabelecidos pelas autoridades monetárias 
à comunicação compulsória dessas operações. 
a) Todas estão corretas. 
b) Apenas I e II estão corretas. 
c) Apenas I e III estão corretas. 
d) Apenas II e III estão corretas. 
 
e) Todas estão incorretas 
 
Gabarito: A 
I – CORRETA - Eduardo Cunha foi condenado pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de 
dinheiro e evasão de divisas, por ter solicitado e recebido dinheiro de uma empresa privada para 
interferir em um contrato com a Petrobrás. A propina teria sido acertada entre o indivíduo 
chamado “IC”, proprietário da empresa beneficiada, e “JL”, ex-Diretor Internacional da Petrobrás. 
O pagamento foi realizado mediante transferências para contas secretas no exterior. O STF 
entendeu que não se podia reconhecer a consunção entre a corrupção passiva e a lavagem, 
considerando que não houve simples pagamento da propina para interposta pessoa, mas sim 
pagamento mediante utilização de contas secretas no exterior em nome de uma offshore, de um 
lado, e de um trust, de outro, e da realização de transação por meio da qual a propina foi 
depositada e ocultada em local seguro. Logo, ficou demonstrada da autonomia entre os delitos. 
STF. 2ª Turma. HC 165036/PR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 9/4/2019 (Info 937). 
II – CORRETA - A simulação de consórcio por meio de venda premiada, operada sem autorização 
do Banco Central do Brasil, configura crime contra o sistema financeiro, tipificado pelo art. 16 da 
Lei nº 7.492/86, o que atrai a competência da Justiça Federal. STJ. 3ª Seção. CC 160077-PA, Rel. 
Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 10/10/2018 (Info 637). 
III – CORRETA - Pratica lavagem de dinheiro o sujeito que recebe propina por meio de depósitos 
bancários fracionados, em valores que não atingem os limites estabelecidos pelas autoridades 
monetárias à comunicação compulsória dessas operações. Ex: suponhamos que, na época, a 
autoridade bancária dizia que todo depósito acima de R$ 20 mil deveria ser comunicado ao COAF; 
diante disso, um Deputado recebia depósitos periódicos de R$ 19 mil para burlar essa regra. Para 
o STF, isso configura o crime de lavagem. Trata-se de uma forma de ocultação da origem e da 
localização da vantagem pecuniária recebida pela prática do crime antecedente. STF. 2ª Turma. AP 
996/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 29/5/2018 (Info 904). 
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: 
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia>. 
 
7- Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA. 
I – O mero recebimento de valores em dinheiro não tipifica o delito de lavagem, seja quando 
recebido pelo próprio agente público, seja quando recebido por interposta pessoa. 
II – Na primeira fase da dosimetria em caso de condenação por lavagem de dinheiro, o órgão 
julgador não poderá aumentar a pena-base do Deputado Federal que exerce mandato há muitos 
anos, sob o argumento de que sua culpabilidade é mais intensa. 
III – Se a lavagem de dinheiro envolveu valores vultosos, a pena-base poderá ser aumentada 
tendo em vista que, neste caso, considera-se que o delito violou o bem jurídico tutelado de 
forma muito mais intensa do que o usual. 
a) Todas estão corretas. 
b) Apenas I e II estão corretas. 
c) Apenas I e III estão corretas. 
d) Apenas II e III estão corretas. 
 
e) Todas estão incorretas 
 
Gabarito: C 
I – CORRETA - O mero recebimento de valores em dinheiro não tipifica o delito de lavagem, seja 
quando recebido pelo próprio agente público, seja quando recebido por interposta pessoa. STF. 2ª 
Turma. AP 996/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 29/5/2018 (Info 904). 
II – INCORRETA - Na primeira fase da dosimetria em caso de condenação por lavagem de dinheiro, 
o órgão julgador poderá aumentar a pena-base do Deputado Federal que exerce mandato há 
muitos anos, sob o argumento de que sua culpabilidade é mais intensa. A transgressão da lei por 
parte de quem usualmente é depositário da confiança popular para o exercício do poder enseja 
juízo de reprovação muito mais intenso do que seria cabível em se tratando de um cidadão 
comum. STF. 1ª Turma. AP 863/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 23/5/2017 (Info 866). 
III – CORRETA - Se a lavagem de dinheiro envolveu valores vultosos, a pena-base poderá ser 
aumentada (“consequências do crime”) tendo em vista que, neste caso, considera-se que o delito 
violou o bem jurídico tutelado de forma muito mais intensa do que o usual. STF. 1ª Turma. AP 
863/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 23/5/2017 (Info 866). 
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: 
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia>. 
 
8- Assinale a alternativa INCORRETA com relação ao crime de lavagem de dinheiro. 
a) A pena-base pode ser aumentada, no que tange às “circunstâncias do crime”, se a lavagem de 
dinheiro ocorreu num contexto de múltiplas transações financeiras e de múltipla 
transnacionalidade, o que interfere na ordem jurídica de mais de um Estado soberano. 
b) O delito de lavagem de bens, direitos ou valores, previsto no art. 1º da Lei nº 9.613/98, quando 
praticado na modalidade de ocultação, tem natureza de crime continuado. 
c) É possível a interposição de apelação contra decisão que tenha determinado medida 
assecuratória prevista no art. 4º, caput, da Lei nº 9.613/98, 
d) Não há continuidade delitiva entre os crimes do art. 6º da Lei nº 7.492/86 (Lei dos Crimes 
contra o Sistema Financeiro Nacional) e os crimes do art. 1º da Lei nº 9.613/98 (Lei dos Crimes de 
"Lavagem" de Dinheiro). 
 
Gabarito: B 
a) A pena-base pode ser aumentada, no que tange às “circunstâncias do crime”, se a lavagem de 
dinheiro ocorreu num contexto de múltiplas transações financeiras e de múltipla 
transnacionalidade, o que interfere na ordem jurídica de mais de um Estado soberano. STF. 1ª 
Turma. AP 863/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 23/5/2017 (Info 866). 
b) O delito de lavagem de bens, direitos ou valores (“lavagem de dinheiro”), previsto no art. 1º da 
Lei nº 9.613/98, quando praticado na modalidade de ocultação, tem natureza de crime 
permanente. A característica básica dos delitos permanentes está na circunstância de que a 
execução desses crimes não se dá em um momento definido e específico, mas em um alongar 
temporal. Quem oculta e mantém oculto algo, prolonga a ação até que o fato se torne 
conhecido. Assim, o prazo prescricional somente tem início quando as autoridades tomam 
 
conhecimento da conduta do agente. STF. 1ª Turma. AP 863/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado 
em 23/5/2017 (Info 866). 
c) É possível a interposição de apelação, com fundamento no art. 593, II, do CPP, contra decisão 
que tenha determinado medida assecuratória prevista no art. 4º, caput, da Lei nº 9.613/98 (Lei de 
lavagem de Dinheiro), a despeitoda possibilidade de postulação direta ao juiz constritor 
objetivando a liberação total ou parcial dos bens, direitos ou valores constritos (art. 4º, §§ 2º e 3º, 
da mesma Lei). O indivíduo que sofreu os efeitos da medida assecuratória prevista no art. 4º da Lei 
nº 9.613/98 tem a possibilidade de postular diretamente ao juiz a liberação total ou parcial dos 
bens, direitos ou valores constritos. No entanto, isso não proíbe que ele decida não ingressar com 
esse pedido perante o juízo de 1º instância e queira, desde logo, interpor apelação contra a 
decisão proferida, na forma do art. 593, II, do CPP. STJ. 5ª Turma. REsp 1585781-RS, Rel. Min. Felix 
Fischer, julgado em 28/6/2016 (Info 587). 
d) Não há continuidade delitiva entre os crimes do art. 6º da Lei nº 7.492/86 (Lei dos Crimes 
contra o Sistema Financeiro Nacional) e os crimes do art. 1º da Lei nº 9.613/98 (Lei dos Crimes de 
"Lavagem" de Dinheiro). Não incide a regra do crime continuado na hipótese, pois os crimes 
descritos nos arts. 6º da Lei 7.492/86 e 1º da Lei 9.613/98 não são da mesma espécie. STJ. 6ª 
Turma. REsp 1405989/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. p/ Acórdão Min. Nefi Cordeiro, 
julgado em 18/08/2015 (Info 569). 
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: 
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia>. 
 
9 - Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA. 
I – A incriminação da lavagem de dinheiro, veiculada pela Lei n. 9.613/98, é resultado de 
compromisso assumido pelo Brasil no plano internacional, ao firmar a Convenção de Viena, a 
Convenção de Palermo e a Convenção de Mérida. 
II – A Lavagem de Dinheiro pode ser conceituada como atividade de desvinculação ou 
afastamento do dinheiro da sua origem ilícita para que possa ser aproveitado. 
III – O processo da lavagem ocorre em três fases, de acordo com o modelo do GAFI, quais sejam, 
colocação (placement), dissimulação (layering) e integração (integration ou recycling), sendo 
que para a consumação do delito, se exige a ocorrência dessas três fases. 
a) Todas estão corretas. 
b) Apenas I e II estão corretas. 
c) Apenas I e III estão corretas. 
d) Apenas II e III estão corretas. 
e) Todas estão incorretas 
 
Gabarito: B 
 I – CORRETA 
II – CORRETA 
III – INCORRETA 
 
A incriminação da lavagem de dinheiro, veiculada pela Lei n. 9.613/98, é resultado de 
compromisso assumido pelo Brasil no plano internacional, ao firmar a Convenção de Viena, a 
Convenção de Palermo (art. 6º) e a Convenção de Mérida (art. 14). 
A Lavagem de Dinheiro (LD) pode ser conceituada como atividade de desvinculação ou 
afastamento do dinheiro da sua origem ilícita para que possa ser aproveitado. 
A criação desse tipo penal parte da ideia de que o agente que busca proveito econômico na prática 
criminosa precisa disfarçar a origem dos valores, ou seja, desvincular o dinheiro da sua 
procedência delituosa e conferir-lhe uma aparência lícita a fim de poder aproveitar os ganhos 
ilícitos, considerado que o móvel de tais crimes é justamente a acumulação material. 
Para fins didáticos, apenas, é costume demonstrar o processo da lavagem em três fases, de acordo 
com o modelo do GAFI, a saber: 
Colocação (placement) - Separação física do dinheiro dos autores do crime. É antecedida pela 
captação e concentração do dinheiro.(...) 
Dissimulação (layering) - Nessa fase, multiplicam-se as transações anteriores, por meio de muitas 
empresas e contas, de modo que se perca a trilha do dinheiro (paper trail), constituindo-se na 
lavagem propriamente dita, que tem por objetivo fazer com que não se possa identificar a origem 
ilícita dos valores ou bens. (...) 
Integração (integration ou recycling) - O dinheiro é empregado em negócios lícitos ou na compra 
de bens, dificultando ainda mais a investigação, já que o criminoso assume ares de respeitável 
investidor, atuando conforme as regras do sistema. (...) 
De ver que, para a consumação do delito, não se exige a ocorrência dessas três fases. 
Gonçalves, Victor Eduardo Rios. Legislação penal especial / Victor Eduardo Rios Gonçalves, José 
Paulo Baltazar Junior; coordenador Pedro Lenza. – 2. ed. – São Paulo : Saraiva, 2016, p. 801/802. 
Destacamos. 
 
10- Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa CORRETA. 
I – Trata-se de questão unânime que o bem jurídico tutelado pelo crime de Lavagem de Dinheiro 
é a ordem econômica ou socioeconômica afetada, porque, as mais das vezes, a lavagem se dá 
mediante utilização do sistema financeiro, bem como porque a lavagem constitui um obstáculo 
para a atração de capital estrangeiro lícito, além de comprometer a confiança, que é essencial 
ao funcionamento do sistema financeiro. 
II– No crime de lavagem de dinheiro, não impedimento à aplicação da lei brasileira o fato de que 
a infração penal antecedente tenha sido praticada no exterior, como no caso do ingresso não 
declarado de valores que haviam sido objeto de evasão de divisas no país de origem. 
III – A lavagem de dinheiro é crime comum, que, no Brasil, pode ser cometido até mesmo pelo 
sujeito ativo da infração penal antecedente), ao contrário do que se dá com a receptação (CP, 
art. 180) e com o favorecimento real (CP, art. 349), que não podem ter como autor a mesma 
pessoa que praticou a infração penal antecedente. 
a) Todas estão corretas. 
b) Apenas I e II estão corretas. 
c) Apenas I e III estão corretas. 
d) Apenas II e III estão corretas. 
 
e) Todas estão incorretas 
 
Gabarito: D 
I – INCORRETA - A determinação do bem jurídico ofendido não é tranquila na doutrina, sendo três 
as principais correntes: 
a) o mesmo bem jurídico da infração penal antecedente, que é novamente ou mais intensamente 
lesado com a prática da lavagem; 
b) a administração da justiça, na ideia de que o cometimento desses crimes torna difícil a 
recuperação do produto do crime e que isso dificultaria a ação da Justiça, sendo este o bem 
jurídico principal, ao lado da ordem econômica e do sistema financeiro; 
c) a ordem econômica ou socioeconômica afetada, porque, as mais das vezes, a lavagem se dá 
mediante utilização do sistema financeiro, bem como porque a lavagem constitui um obstáculo 
para a atração de capital estrangeiro lícito, além de comprometer a confiança2, que é essencial ao 
funcionamento do sistema financeiro. 
Mais acertado, em nosso modo de ver, é considerar o crime como pluriofensivo (TRF4, AC 
19997103001155-3, Germano, 1ª T., u., 18/12/2000), atingindo a ordem econômica, a 
administração da justiça e o bem jurídico protegido pela infração penal antecedente. 
II - CORRETA - Não impede a aplicação da lei brasileira o fato de que a infração penal antecedente 
tenha sido praticada no exterior (LLD, art. 2º, II), como no caso do ingresso não declarado de 
valores que haviam sido objeto de evasão de divisas no país de origem (TRF3, CJ 201003000356740, 
1ª S., m., 05/05/2011). 
Aplica-se ao crime em comento o art. 7º, I, “b” e II, “a”, do CP, de modo que, atendidas as 
condições do § 2º, o delito é punível ainda que praticado no exterior, por conta do princípio da 
justiça universal ou cosmopolita (TRF3, HC 20060300111807-9, Johonsom, 1ª T., u., 04/09/2007). 
III – CORRETA - É crime comum, que, no Brasil, pode ser cometido até mesmo pelo sujeito ativo da 
infração penal antecedente (STJ, AP 458, Dipp, CE, m., 16/09/2009), ao contrário do que se dá com 
a receptação (CP, art. 180) e com o favorecimento real (CP, art. 349), que não podem ter como 
autor a mesma pessoa que praticou a infração penal antecedente. 
A participação no delito antecedente não é condição para que possa o agente ser sujeito ativo da 
LD (STF, HC 84.869-9, Pertence, 1ª T., u., 21/06/2005; STJ, ROMS 16.813, Dipp, 5ª T., u., 
23/06/2004; STJ, AP 458, Dipp, CE, m., 16/09/2009; TRF1, HC 20030100042543-8, Carlos Olavo, 4ª 
T., u., 18/02/2004; TRF2, HC 200802010179611, Abel Gomes, 1ª TE, u., 10/06/2009). 
Gonçalves, Victor Eduardo Rios. Legislação penal especial / Victor EduardoRios Gonçalves, José 
Paulo Baltazar Junior; coordenador Pedro Lenza. – 2. ed. – São Paulo : Saraiva, 2016, p. 802/803.

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